O FANTÁSTICO NA ILHA DE SC Franklin Cascaes Contexto Histórico • 1961, pós-guerra. • Modernização. • BESC, UDESC, CELESC, no governo de Celso Ramos. • Antônio Carlos Konder (1975-1979) e Jorge Konder Bornhausen (1979-1982): construção e pavimentação de rodovias, chegada do progresso. • Modernização x tradição • Crescimento urbano ameaçava a cultura açoriana da ilha. • Preocupação com o registro da identidade açoriana. • Pesquisa nas comunidades pesqueiras. • No ano de 2011, a Grande Rio usou a obra de Franklin Cascaes para o criar o sambaenredo para o carnaval, que dizia "Meu Rio te abraça ... Floripa tão bela, a tua história virou carnaval. Essa ponte é a luz na passarela, é obra-prima... Esse cartão postal." • Franklin Cascaes - autor passou mais de trinta • anos estudando todas as manifestações culturais que se operam na Ilha de Santa Catarina. Da pesca da tainha à cerâmica, dos cantos aos engenhos de farinha e açúcar, aprofundou, sobretudo, o estudo que trata das lendas, através de um desenho fantástico, cujo sentido mítico dimensiona uma criatividade genuína e profunda. • Realismo fantástico • Sistemático, fez várias entrevistas e anotações no convívio com os pescadores. • Desenho fantástico. • Mito, mistério e revelação misturado a elementos da modernidade. ESQUEMA LITERÁRIO • Nome: O FANTÁSTICO NA ILHA DE SC – Vol I e • • • • • II Período: Literatura Catarinense Contemporânea Estilo: Contos – totalizando 24 Tema: Cultura Açoriana ( Franklin Cascaes e o Mundo Bruxólico) - folclore Divisão: 24 contos curtos Local: Florianópolis Franklin Cascaes • Franklin Joaquim Cascaes (São José, 16 de outubro de 1908 — Florianópolis, 15 de março de 1983) foi um pesquisador da cultura açoriana, folclorista, ceramista, gravurista e escritor brasileiro. Biografia de Franklin Cascaes • Nome: Franklin Cascaes • Esposa: Elizabeth Pavan Cascaes • Durante 30 anos trabalhou junto ao povo numa pesquisa dedicada a registrar as manifestações culturais que estavam desaparecendo na Ilha de SC. • Os registro estão no Museu de antropologia da UFSC. • Franklin Cascaes acrescentava elementos atuais • à lendas da Ilha de Santa Catarina em um texto que flui a linguagem descontraída na lendária visão de elementos ilhéus e gregos, misturando realidade tecnológica com sonhos do pescador. Este acervo de escritos não se limita às histórias. Há inúmeras outras informações relativas à saúde, aos hábitos alimentares, às atividades de subsistência, às brincadeiras, à religião, às crendices etc. • “Nessas narrativas, escritas entre 1946 e 1975, reproduz traços do inconsciente popular na área da fantasmagoria, relatando casos dramáticos de crenças.” • Baseia-se em falantes analfabetos do século XX. O MATERIAL RECOLHIDO • 3000 peças em cerâmica, madeira, cestaria e gesso. • 400 gravuras em nanquim. • 400 desenhos a lápis • Vasto conjunto de escritos que envolvem lendas, contos, crônicas, cartas,...relativos ao dia-a-dia do autor e das comunidades. • Seu objetivo era buscar a simplicidade no • • • instrumento de sua criação. Após recolher os dados, recriava suas histórias misturando o real e o fantástico. Desse material surgiu o livro: O Fantástico da Ilha de Santa Catarina, Vol I e II. Ele é conhecido como o “Bruxo maior da Ilha de SC” O forte de sua narrativa são as bruxas contadas através dos descendentes dos portugueses na Ilha de SC. Salão das bruxas - Coqueiros Presépio da Praça. XV Franklin Cascaes • Narrativas escritas entre 1946 e 1975 • Os contos mostram da pesca da tainha à cerâmica, dos cantos aos engenhos de farinha e açúcar, aprofundou, sobretudo, o estudo que trata das lendas, através de um desenho fantástico, cujo sentido mítico dimensiona uma criatividade genuína e profunda. • Acrescenta elementos atuais à lendas da Ilha de em um texto que flui a linguagem descontraída na lendária visão de elementos ilhéus e gregos, misturando realidade tecnológica com sonhos do pescador. CONTOS - AS CRENDICES QUE APARECEM: 1. 2. 3. 4. 5. As Bruxas boas e as más. O sétimo filho de sete filhos – lobisomen A sétima filha de sete filhas – bruxa ( a mais velha batiza a mais nova e se chamará Benta) Sexta-feira – Reunião bruxólica – untam-se com um ungüento (unto virgem sem sal) – menstruação, esperma, ervas e parte de crianças que morrem sem ser batizadas – “Por cima dos silvados e pro baixo dos telhados, já vamos por mil diabos”. Estado Fadórico – transformação na 6ª feira dás 18h às 24h – podem se transformar em tudo e viajar a ìndia para pegar especiarias. 6. 7. 8. 9. A benzedura contra bruxedo: “Treze raio tem o sóli, treze raio tem a lua, Sarta diabo pro inferno que está alma não é tua. Tosca, marosca, rabo de rosca, vassoura na tua mão e relho na tua bunda e aguilhão nos teus pé. Por riba do silvado e por debaixo dos telhado, São Pedro, São Paulo e São Fontista, por riba da casa de São João Batista. Bruxa, tatara-bruxa, tu não me entra nesta casa por todos os santos dos santos .Amém . Se descobrir quem é bruxa , ela perde o poder: dar-se-á uma surra e passa-se sal grosso. Embruxar é chupar o sangue da criança enquando dorme , até que ela comece a ficar doentinha, levando o bebe a morte. Benzer: contra olho-gordo, cobreiro, zipra ( erisipela) O MITO • Dessa forma o Mito de Franklin Cascaes é recriar a cultura oral dos descendente de Açorianos sobre as bruxas, suas origens e o extermínio da maldição. Sete filhas seguidas = a mais moça bruxa = As bruxas espirituais e as etéreas são aquelas que querem virar bruxa depois de uma certa idade. 10. Descobrir quem é bruxa: São estranhas, caladas, usam calça, raramente saia, tem bigode. Não vão à missa. Os Contos são: 1. 2. 3. 4. 5. Eleição Bruxólica Congresso Bruxólico Balanço Bruxólico Mulheres bruxas atacam cavalos Baile de bruxas dentro de uma tarrafa de pescaria 6. Estado Fadórico das mulheres bruxas • 07. Vassoura bruxólica • 08. orquestra selenita Bruxólica • 09. Bruxas roubam lancha baleeira de um pescador • 10. Lamparina e catuto em metamorfose • 11. Bruxas atacam pescador • 12. Bruxas roubam meio alqueire feito armadilha para apanhá-la. • 13. Bruxas Gêmeas • 14. Armadilha feita com pilão de chumbar café para apanhar bruxas. • 15. Balé de mulheres bruxas • 16. Bruxa metamorfoseou o sapato do Sabiano • 17. Bruxas metamorfoseadas em bois • 18. Armadilhas para apanhar bruxas. Pais em • • • • • • vigília. 19. As bruxas e o noivo 20. A bruxa mãe 21. Reumatismo bruxólico 22. Três bruxas viraram galinhas brancas 23. Madame bruxólica e o saci-pererê 24. Velha bruxa-chefe. Traços fonéticos mági mas fágie faz sinhôri senhor pôs pois sês seis munto muito culidade qualidade quinem que nem fiia filha muiê mulher vregonha vergonha teje esteja tombém também rezão razão barboleta borboleta memo mesmo botaro botaram ansim assim Traços morfossintáticos • Uso da 2a pessoa do singular = TU • Marca de plural somente no primeiro componente do sintagma nominal. Ex.: poucos mês / as gente rica Referências históricas • Colonização açoriana: • “Colonizada a partir de 1748, por colonos açorianos que habitavam aquelas ilhotas que vivem bem lá em riba da careca do oceano, açoitados diariamente pelas ondas bravias encarneiradas do mar e palas bocas infernais de vulcões seculares que vomitam fogo e gemem furor incontido sobre as pobres populações. É um povo mesclado, inteligente, audacioso, de espírito arguto e, sobretudo, essencialmente religioso e arreigado em crendices mitológicas.” • (Eleição bruxólica) • Índios Observe que num dos diálogos de “Congresso Bruxólico”, há uma referência à presença anterior dos índios no território colonizado. O personagem Nicolau das Venturas aborda criticamente a exploração e a escravização dos “bugres”: - Os bugre trabahiavo na lavoura? - Trabahiavo, sim sinhôri, sô João, trabahiavo! Veja o sinhôri que eles prantavam mandioca, batata, mihio, cibola, fejão e muntas otras cosas. Fazio a cohieta e os home das otras bandas do mundo levavo tudo simbora prôs povo cumê. Inté pexe escalado com sáli preso, eles fazio pros home de fora. - Sô Nicolau, eu osvi falá que os bugre ero uns bicho brabo, matavo os vivente que cahio no ôhio deles e cumio a carne muqueada com cinza. - No mô fraco pensá, sô João, a móde que não era tanto ansim não, proque uns fazendero de São Paulo vinho aqui, agarravo eles tudo pra móde trabahiá nas fazendas deles quinem iscravo. Os coitado dos padre é quem pricuravo livrá eles da iscravidão, mas num consiguio. Munto ente do povo das ihia dos Açôri vim pra cá morá, munta água suja já tinha corrido pela aqui onde nóis temo. • Urbanização, Industrialização e Política As narrativas de “O Fantástico na Ilha de Santa Catarina” apresentam um tom nostálgico, denunciando as mudanças na paisagem. [...] abandonaram-nos lá na única praia da Lagoa da Conceição, hoje sepultada com barro, asfalto e lajotas [...] (Bruxas metamorfoseadas em bois) Como já foi mencionado, a política a serviço das elites urbanas é referida criticamente nos textos de Cascaes. Nota-se o uso da expressão irônica “Madame Política”. Nesse sentido, destaca-se o conto “Eleição Bruxólica”, em que o personagem Serafim não se deixa enganar pelas promessas mirabolantes de uns “home rico da cidade que viéro a pricura de enleitôri”. Veja que o personagem Vicente, ao contrário, estava ingenuamente deslumbrado: Eu nunca vi uns home tão bão quinem aqueles. [...] Eles primitero inté fazê casa de tijolo prá um pudê de gente daqui,só proque acharo essas casa de parede de estuque munto fraca; primitero pra Ináça uma vaca que dá leite, croste, coalhada, nata, mantega pura e quejo. Dissero que sai tudo prontinho de dentro do ubre da vaca, sem a gente precisá se incomodá. [...] • Referências à cultura açoriana - Boi-de-Mamão (referido em “Vassoura Bruxólica”) - Festa do Divino Espírito Santo (referida em “Bruxas Metamorfoseadas em Bois”) - Pão-por-Deus (referido em “As Bruxas e o Noivo”) Lá vai o meu coração Nas asas de um tico-tico Pra pedir o Pão-por-Deus À Maria Quebra Pinico (As Bruxas e o Noivo) • Bruxas x Curandeiros No conto “Congresso Bruxólico”, o personagem Nicolau, perguntado sobre a diferença entre bruxas e feiticeiras, diz que as primeiras têm sina maligna e as últimas procuram fazer o bem com remédios e benzeduras, assim como os curandeiros, verdadeiros “dotôri”. Veja a importância dos curandeiros para a população que vivia em comunidades privadas de serviços básicos de saúde: Nesses tempos longínquos, na “Vila Capitáli” nem havia doutores de dar remédios. [...] Ora, em situações de desespero, com relação a doenças que corroíam o organismo até dá-lo à morte, o jeito mesmo era recorrer a Deus e aos santos e, consequentemente aos benzedores e curandeiristas que existiam e ainda existem entre as populações [...] (Bruxa metamorfoseou o sapato do Sabiano) 01. Eleição Bruxólica - 1955 • “A imortal madame Tradição é, no meu entender, um monumento de belezas que o homem errante, habitante do globo terráqueo, guarda carinhosamente nos baús do seu pensamento e, na maioria das vezes, oferece por via oral aos descendentes, imortalizando-a.” • A Ilha de SC – colonizada a partir do ano 1748 – em riba da careca do oceano. • Até 1894 – Nossa Senhora do Desterro – depois Florianópólis. • Faixa Continental – Santa Catarina de Alexandria. • Personagens: Serafim Calimera, Vicente Loreano • • e Antônio Diulindo. A história fala sobre a eleição “ Tresantonte vinheram uns homi percurando um tal de ileitores pra cambra dos deputados da capitali...” Fala-se das promessas absurdas dos políticos. Tudo prometem, mas nada cumprem. • Diulindo quer convencer tanto Vicente como • Serafim para votarem nesses homens. Para isso relembra a Barca de Noé - assim explica os bichos estranhos. Dessa forma Serafim explica para Vicente sobre a eleição das bruxas = A bruxa-chefe e velha leva um novelo de lã e lá de cima solta os fios “quem pega que eu largo” – Quem pegar mais metros de linha é a nova bruxa-chefe. 02. Congresso Bruxólico - 1964 • Personagens: Malaquias do Faial, Nicolau da Venturas, Januária do Zeca, Sulpiço, Cornelo, Herme, João, entre outros. • Capeta ( Anjo Luciféli – Demônio) e as bruxas-chefes. • Os manezinhos conversam sobre as bruxas – tipo – vieram da Ilha Tercera. • Conversam sobre as crenças ou não das • histórias sobrenaturais que os descendentes do Açores contavam. Assunto: tipos de bruxas... João lembra da história do avô e seu pai que quando saíram para pescar e depois resolvera descansar . Quando arrumavam a vela viram bruxas chegando na pedra da feiticeira – Presenciaram um Congresso bruxólico. • Januária: Primo Nicolau, tu acardita mesmo de • • • vredade nas estórias de bruxas? Nicolau: Al sim, se acardito. Nas Ila dos Açori foram muito infestada por muié bruxa, elas roubava embarcação pra viajar a ìndia em 4 horas, chupava sangue de agula e praticava o mali. Malaquias: É vredade dona Janaina, eu já vi quando criança na Ila Tercera Nicolau: A bisa dizia que ela fazia voto de obidiência ao Ex-anjo Luciféli como as frera com Deus. As bruxaschefe são terrives e são chefe de um bando, são marvadas. • Malaquias: As que não são espiritualis são formadas pela veia bruxa-chefe numa reunião. Os lugari preferido é nas encreucilhadas, casa maliassombradas, grutas, rancho de canoa. • Januária: Cruz credo, osvi dize que o papel que a bruxa-chefe recebe do demonho é um novelo. • “As bruxas são muié marvada e malinas, só fazi o mal, as feiticeiras só procura faze o bem – são benzedeiras, arreceita remédios e cura feitiço das bruxas e tamém prepara os breve pra pendura nos pescoço que protege os pescadores.” 03. Balanço Bruxólico - 1950 • Personagens: Manuel Pereira, a esposa, Compadre Zeferino e Benzedeira Marcolina • Vão plantar mandioca. • Um balanço de cipó usado pelas bruxas à noite. • As pessoas começaram a ficar com medo • Zeferino: então é aqui o lugar das danadas é: • Manuel: é sim Zeferino , ela ficava bem ali. • Zeferino: To sabendo que a vizinhança não fala • • em outra coisa. Manuel: Eu sube que inté taparam os buracos das fechaduras e acenderam velas bentas de sexta-feira santa. E colocaram alecrim nos vaso, na porta da casa pra espanta as bruxas. Zeferino: e proque não corta o cipó e acaba com isso logo. • Manuel: tu és loco, não quero mexer com isso do alto não. • ( Zeferino num sopetão corta o cipó) • Zeferino: Essa desgraçadas aqui não brincam magi. • Manuel: O que tu fizeste meu cumpadre.(saem correndo). • “vingança bruxólica cipoadamente balançada. Eu não • garanto a cura não mo fio, mági não custa nada exprimentá não é vredade.” “Com essa folha de pessegueiro e de mostarda eu te benzo.Treze raio tem o sóli, treze raio tem a Lua, sarta diabo pro inferno que esta alma não é tua. Tasca marosca, rabo de rosca, vassoura na tua mão e reio na tua bunda e aguião nos teus pé. Por riba do silvado e por baixo do teiado? São Pedro, São Paulo e So Fontista por riba da casa. São João Batista. Bruxa e tatarabruxa, tu não me entres nesta casa, nem nesta comarcas toda, por todos os santos dos santos. Amém. Agora é só espera ele acorda e reza.” 06. Estado Fadórico das mulheres bruxas • Elizeu tem o filho embruxado e recorre ao curandeiro benzedor Quintino Pagajá. Diante de um pai desprevenido, que não tinha como pagar no ato da consulta além da metade do valor estipulado, Pagajá fez apenas a metade do ritual da benzedura e a criança acabou morrendo por embruxamento. À noite, na frente da casa, as bruxas apareceram e Elizeu reconheceu uma delas como uma moça a quem havia desgraçado no passado. O pai pagou com a morte do próprio filho. 08. Orquestra Selenita Bruxólica • Personagens: Geraldo sem Medo e Cachorro Bochecha. • Local: Lagoa da Conceição – Ponta das Garças – costão ( praia da Joaquina) • Geraldo: Num te falei Bochecha... Eu me • • • • chama Geraldo-Sem-Medo, não tenho medo de nada .Magi e magi meu nome signifrica duro na lança e exprimentado combatente. Bochecha: (só late) Geraldo: Bochecha tu já mari mas lindo que esse. Bochecha: (Lati sempre respondendo) Geraldo: As ondas tão forte hoje, isso parece ressaca • Geraldo: Jamagi os oio humano viu coisa dessas • • • • Bochecha, tas vendo aquilo? Bochecha: Tô sim. São bruxas Geraldo. Geraldo: Tu fala? Ai meu Jesus Cristinho. To osvindo coisa. Bochecha: (lati e se esconde atrás de Geraldo) Geraldo: Essa música é maravilhosa Bochecha É um conjunto bruxólico orquestral diabólico. ( Geraldo fica totalmente embriagado e como sonâmbulo fica a dançar...) • Lúcifer: Pelas trevas siderais este ensaio está ótimo. A festa nas montanhas do Planeta Eros será um estrondo. Você vão recepcionar os astronantas como nunca fizeram ahahahahahaha) 10. Lamparina e catuto em metamorfose • Personagens: Custódio Damião Fernando Pé- • • de-Marreco, Venância da Crispina, Pedro Quintilino (benzedor) e as bruxas surfistas. A lamparina, o catuto e o leme da canoa eram bruxas metamorfoseadas. Fernando Pé-de-marreco falava das bruxas, desafiando elas. Ele teve dez filhos e todos morreram. • Começou um grande estrondo e foram acudir a canoa. • Viram a canoa toda atacada por bruxas metamorfoseadas. • Pedro Quintilino sugeriu pegarem a fralda da camisa e dar um nó e as vestirem de avesso e desenhou a crus de São Salomão ( com dois braços) , mas nada adiantou. • Um outro camarada lembrou de outra oração com mais sabedoria e ao lembrar, acabou o feitiço e diante deles apareceram as bruxas: Era a sogra, esposa e a outra Demetra ( tia-avó de Marreco). • “Custódio: Como ta Carmo né. Hoje o mar ta uma brisa. Um espelho. • Pedro: E então Fernando e como ta a vida com tua muiê. • Fernando : Vai bem né, nois num semu casado ainda no papel, mas vivemo bem . A Venância da Crispina é uma belezura de muié.” • “Maneco: É só pensar na oração que elas se • • • • • • • cagam todas Fernando: Elas estão ali, vamo lá Maneco: Olha só! ( Olham para Fernando) Fernando: Venância, tu? Custódio: E a sua sogra, a bruxa feia. Custódio: Agora perderam o poder. Fernando: Filha duma égua Venância: Quirido, eu num sabia, eu ti amo” 13. As Bruxas Gêmeas • Personagens: Rosalino Oliveira ( contador de • • histórias), mané Braseiro, Candinha Miringa Bruxa com pacto) , sinhá Timota ( do bem) Local: Pântano do Sul Rosalino conta que o pai dele conto que uma Casali ganho como presente de trabalhio sexual 8 filhas sem nenhum varão no meio, adispos da sexta filha nasceram duas gêmeas. O conto “Bruxas Gêmeas” trata da sétima filha que está destinada ao fado (destino) bruxólico, o que só pode ser evitado se a menina for batizada pela irmã mais velha recebendo o nome de Benta, mas com o agravante de ter sido o sétimo parto da mulher de Manoel Braseiro o nascimento de irmãs gêmeas. Sem saber qual das duas era a sétima, o pai pede ajuda à benzedeira Sinhá Candinha, que, enganada por Lúcifer, diagnostica por erro, a menina chamada Santa como a sétima, quando na verdade era a outra, a Benta, aquela fadada à bruxaria. Mais tarde a verdade é descoberta, quando Benta é desmascarada por uma curandeira após “embruxar” um bebê. • Mané Braseiro: Sinhá Candinha eu acardita em tu • entendi, sempre osvi que a sinhora fala com os seres espiritualis, o que a gente deve fazele com este presente do arto. o sétimo parco de minha muié, resulto nas gêmeas... Candinha: Hummmm, hummmm, (pega a cruz e entra em êxtase) Seu Mané, meu conselho diagonesticante médico-curandeiro é o seguinte. Para a menina que nasceu no sétimo lugar, o senhor deve chamar de Benta, e sua filha mais velha deve batizar ela e a de oitavo lugare deve batizar de Santa. Se o senhor tomar meu conselho não vai se arrepender e não vai havere perigo de virarem bruxas. • Mas quem conseguiu descobrir tudo foi a sinhá Timota, pois a benta estava embruxando o filho do Jorgino e da Gita e foi com a ajuda de uma médica-curandeira benzedeira que descobriram as trapaças do maligno, e insim descubrindo, ela perdeu o podere...