Centro Educacional Brasil Central Nível: Educação Básica Modalidade: Educação de Jovens e Adultos a Distância Etapa: Ensino Médio APOSTILA DE QUÍMICA Índice Módulo I -Matéria e Energia - Fenômenos Químicos e Físicos - Misturas homogêneas e heterogêneas -Ligações Químicas -Ligação Iônica - Ligação covalente simples - Ligação covalente dativa ou coordenada -Ligação Metálica Módulo II -Termoquímica - Medida do calor de Reação - Entalpia e Variação De Entalpia -Equações termoquímicas e gráficos de entalpia - Determinação Indireta do Calor de reação - Tipos de calores e Espontaneidade das reações -Reações Nucleares Módulo III - Hidrocarbonetos - Ácidos Carboxílicos Centro Educacional Brasil Central Modalidade: Educação de Jovens e Adultos- a Distância Etapa: Ensino Médio Disciplina: Química conseqüente evaporação. Em uma pressão maior, seria necessário muito mais energia (calor, luz solar) para causar essa separação. Não há qualquer alteração nas propriedades do elemento, e o processo é reversível. Veja o exemplo do ciclo da água MÓDULO I – 1° ANO MATÉRIA E ENERGIA Matéria Matéria é tudo o que tem massa e ocupa um lugar no espaço, ou seja, possui volume. Ex.: madeira, ferro, água, areia, ar, ouro e tudo o mais que imaginemos, dentro da definição acima. Obs.: a ausência total de matéria é o vácuo. Corpo Corpo é qualquer porção limitada de matéria. Ex.: tábua de madeira, barra de ferro, cubo de gelo, pedra. Objeto Objeto é um corpo fabricado ou elaborado para ter aplicações úteis ao homem. Ex.: mesa, lápis, estátua, cadeira, faca, martelo. FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS Fenômenos físicos Os fenômenos físicos são aqueles onde as propriedades da matéria não se alteram (ponto de fusão, ebulição, etc.), e onde não haja mudança na sua constituição atômica: derretimento do gelo, ebulição, dissolução de sal ou açúcar em água, são fenômenos físicos, pois mantém suas propriedades intactas, bem como a composição química. No caso da dissolução do sal (NaCl) em água, a molécula de sal é quebrada em Na+ e Cl-, quando a água evaporar, esses íons e ânions vão se juntar novamente e reconstituir o sal. A evaporação é um fenômeno físico, pois com a ação da luz solar, os átomos que constituem a água (H2O) vão ficar com um maior estado de agitação, causando a sua separação e a Fenômenos químicos Um fenômeno químico acontece quando há uma alteração na estrutura atômica dos elementos envolvidos (na maioria das vezes irreversível). Por exemplo, a combustão. Um comburente (pode ser gasolina, álcool, etc.) é combinado com oxigênio (O2) gasoso, liberando calor e produzindo um óxido. Os óxidos gerados mais comuns são o CO, CO2, H2O, etc. Alguns exemplos de fenômenos químicos: - Combustão (queima); - Ferrugem (o ferro reage aos poucos com o oxigênio, causando oxidação); - Fotossíntese (a planta captura CO2 da atmosfera e o transforma em seiva, liberando O2); - Digestão (ácidos (HCl, por exemplo) presentes no estômago destroem as moléculas de alimento); Evidências de uma reação química: - liberação de gás após a mistura dos reagentes; - formação de um sólido/líquido/gasoso após a mistura de reagentes (por exemplo, mistura-se dois reagentes líquidos e uma parte deles se transforma em sólido); - mudança de cor dos reagentes; - mudança de temperatura; Misturas homogêneas e heterogêneas Na química, a separação de misturas é muito importante, pois para obtermos resultados mais corretos em pesquisas e experiências, é necessário que as substâncias utilizadas sejam as mais puras possíveis. Para isso, utilizam-se vários métodos de separação, que vão desde a “catação” até a complicada “destilação fracionada”. Exemplos práticos onde a separação de misturas é aplicada: - Tratamento de esgotos / Tratamento de água O esgoto urbano contém muito lixo “grosso”, é necessário separar este lixo do resto da água (ainda suja, por componentes líquido,que serão extraídos depois). - Dessalinização da água do mar Em alguns lugares do planeta, a falta de água é tamanha, que é preciso pegar água do mar para utilizar domesticamente. Para isso, as usinas dessalinizadoras utilizam a osmose e membranas semi-permeáveis para purificar a água. - Destilação da cachaça - Separação de frutas podres das boas em cooperativas (catação) - Exame de sangue Separa-se o sangue puro do plasma (líquido que compõe parte do sangue, que ajuda no carregamento de substâncias pelo organismo), através de um processo de sedimentação “acelerada” (o sangue é posto em uma centrífuga, para que a parte pesada do composto se deposite no fundo do recipiente). Entre várias outras aplicações. Para facilitar o processo de separação de uma mistura, deve-se observar primeiro a própria mistura. Ela pode ser de dois tipos: homogênea e heterogênea. Homogênea significa que as misturas têm um aspecto comum, dando a impressão de que não é uma mistura. Heterogênea é o contrário: nota-se claramente que se trata de duas (ou mais) substâncias, exemplo: água misturada com areia. Nas misturas homogêneas, deve-se aplicar primeiro métodos que envolvam fenômenos físicos (evaporação, solidificação, etc.). Nas heterogêneas, devem-se separar as “fases” (os diferentes aspectos da mistura) utilizando métodos mecânicos (catação, levigação, etc.), e depois, os mesmos métodos utilizados em substâncias homogêneas (pois cada fase poderá ter mais de uma substância, passando a ser então, uma substância homogênea). Técnicas de separação homogênea: Cristalização: Separação de dois componentes de uma mistura homogênea sólido-líquido. A mistura fica submetida, em recipiente aberto, à ação do calor. Ocorre a evaporação do líquido e a cristalização do sólido. 1. Fusão Fracionada: Mistura homogênea sólido-sólido. À medida que a temperatura vai aumentando um componente se funde primeiro do que o outro permitindo a separação. 2. Destilação Simples: Mistura homogênea sólido-líquido, como por exemplo, água + sal de cozinha. A temperatura do sistema é elevada de maneira que o líquido sofre ebulição. O líquido é posteriormente condensado sendo posteriormente recuperado. 3. Destilação Fracionada: Separação de misturas homogêneas de dois ou mais líquidos. Aquece-se o sistema. O primeiro líquido a ser destilado é o que possuir menor ponto de ebulição. Após isso a temperatura volta a elevar-se alcançando o ponto de ebulição do próximo líquido. Ocorrendo uma condensação dos líquidos evaporados. Exemplo: Água de Álcool. Técnicas de separação heterogênea: 1. Catação: Utilizada para separar os componentes de uma mistura de dois ou mais sólidos, manualmente ou usando uma pinça. Exemplo: Separar a pedra do feijão. 2. Peneiração: Separação de componentes de uma mistura constituída de dois ou mais sólidos com certa diferença de tamanho dos mesmos. Exemplo: Separar areia de cascalho. 3. Ventilação: Utilizada na separação de um sólido do outro tendo-se um deles muito mais leve do que seu concorrente. Exemplo: Separação de cascas de arroz em máquinas de beneficiamento. 4. Levigação: Separação de sólidos de densidades diferentes através de uma corrente de água. Exemplo: Separação de ouro em garimpos. 5. Separação magnética: Quando uma das substâncias que se deseja separar é atraída por um imã. Exemplo: Separar alumínio do ferro. 6. Flotação: Utiliza-se um líquido de densidade intermediária para separar sólidos de densidades diferentes. Exemplo: Areia de serragem. 7. Dissolução Fracionada: Quando certo líquido tem a propriedade de dissolução de determinado sólido. Em seguida é utilizada a filtração ou destilação. Exemplo: sal de cozinha da areia. 8. Filtração Simples: Separar um sólido de um líquido, por meio de uma superfície porosa. Também serve para separar sólido de um gás. 9. Decantação: Quando se tem líquidos de diferentes densidades ou sólido de um líquido. Sólido/líquido: deixa-se repousar para que o sólido acame e com cuidado transfere-se o líquido para outro recipiente. Método bem primitivo, mas que funciona muito bem dependo da precisão requerida. Líquido/ líquido: O líquido mais denso concentra-se no fundo e é retirado também com cuidado. 10. Centrifugação: Através de um movimento de rotação tem-se a deposição das partículas sólidas no fundo do recipiente podendo, assim, serem separadas do líquido. Podendo também ser utilizados com líquidos de densidades diferentes. 11. Câmara de Poeira: Processo utilizado industrialmente para separar gases de sólidos. A mistura é forçada a passar por um tubo com barreira físicas aonde os sólidos vão sendo depositados. LIGAÇÕES QUÍMICAS É impossível se pensar em átomos como os constituintes básicos da matéria sem se pensar em ligações químicas. Afinal, como podemos explicar que porções tão limitadas de matéria, quanto os átomos, possam formar os corpos com que nos deparamos no mundo macroscópico do dia-a-dia. Também é impossível se falar em ligações químicas sem falarmos em elétrons. Afinal, se átomos vão se unir uns aos outros para originar corpos maiores, nada mais sensato do que pensar que estes átomos entrarão em contato entre si. Quando dois átomos entram em contato, os fazem a través das fronteiras das suas eletrosferas, ou seja, de suas últimas camadas. Isso faz pensar que a última camada de um átomo é a que determina as condições de formação das ligações químicas. Em 1868, Kekulé e Couper, propuseram a utilização do termo valência para explicar o poder de combinação de um átomo com outros. A valência de um dado elemento é que determina as fórmulas possíveis ou não de compostos formados por ele. A primeira situação seria entender por que dois ou mais átomos se ligam, formando uma substância simples ou composta. Como, na natureza, os únicos átomos que podem ser encontrados no estado isolado (moléculas monoatômicas) são os gases nobres, logo se pensou que os demais átomos se ligariam entre si tentando alcançar a configuração eletrônica do gás nobre mais próximo deles na tabela periódica. Todos os gases nobres, com exceção do He, possuem 8 elétrons.Esta maneira de pensar a ligação entre os átomos passou a ser conhecida por Teoria do octeto, e foi proposta por Kossel e Lewis no início do século XX. Baseado nessa idéia, a valência de um átomo passou a ser vista como a quantidade de elétrons que um átomo deveria receber, perder ou compartilhar para tornar sua última camada (camada de valência) igual a do gás nobre de número atômico mais próximo. As ligações químicas podem ser classificadas em três categorias: - Iônica - Covalente normal e dativa - Metálica Ligação Iônica Como o próprio nome já diz, a ligação iônica ocorre com a formação de íons. A atração entre os átomos que formam o composto é de origem eletrostática. Sempre um dos átomos perde elétrons, enquanto o outro recebe. O átomo mais eletronegativo arranca os elétrons do de menor eletronegatividade. Ocorre entre metais e não metais e entre metais e hidrogênio. - átomo com facilidade para liberar os elétrons da última camada: metal. - átomo com facilidade de adicionar elétrons à sua última camada: não metal. A ligação iônica ocorre entre metais e não metais e entre metais e hidrogênio. Num composto iônico, a quantidade de cargas negativas e positivas é igual. A ligação entre o sódio (11Na) e o cloro (17Cl) é um exemplo característico de ligação iônica. Observe a distribuição dos elétrons em camadas para os dois elementos: Na 2 - 8 - 1 Cl 2 - 8 - 7 Para o cloro interessa adicionar um elétron à sua última camada, completando a quantidade de oito elétrons nela. Ao sódio interessa perder o elétron de sua camada M, assim a anterior passará a ser a última, já possuindo a quantidade necessária de elétrons. Na representação da ligação, utilizamos somente os elétrons da última camada de cada átomo. A seta indica quem cede e quem recebe o elétron. Cada elétron cedido deve ser simbolizado por uma seta. Esta representação é conhecida por fórmula eletrônica ou de Lewis. O sódio possuía inicialmente 11 prótons e 11 elétrons. Após a ligação, a quantidade de prótons não se altera e a de elétrons passa a ser 10. O cloro que inicialmente possuía 17 prótons e 17 elétrons tem sua quantidade de elétrons aumentada de uma unidade após a ligação. Com isso o sódio se torna um íon de carga 1+ e o cloro 1-. A força que mantém os dois átomos unidos é de atração elétrica, ou seja, uma ligação muito forte. Como foram utilizados um átomo de cada tipo, a fórmula do composto será NaCl. De maneira análoga podemos observar a ligação entre o flúor (9F) e o alumínio (13Al). O alumínio perde os três elétrons de sua última camada, pois a penúltima já possui os oito elétrons necessários. Como o átomo de flúor possui 7 elétrons em sua última camada, precisa de apenas mais um elétron. São necessários três átomos de flúor para acomodar os três elétrons cedidos pelo alumínio. De maneira análoga ao exemplo anterior, ocorre a formação de íons positivo e negativo devido a quebra do equilíbrio entre as quantidades de prótons e elétrons nos átomos. O alumínio passa a ser um íon de carga 3+ e o fluor 1-. A fórmula do composto será AlF3. Ligação covalente simples É o tipo de ligação que ocorre quando os dois átomos precisam adicionar elétrons em suas últimas camadas. Somente o compartilhamento é que pode assegurar que estes átomos atinjam a quantidade de elétrons necessária em suas últimas camadas. Cada um dos átomos envolvidos entra com um elétron para a formação de um par compartilhado, que a partir da formação passará a pertencer a ambos os átomos. Ocorre entre não metais e não metais, não metais e hidrogênio e entre hidrogênio e hidrogênio. O hidrogênio possui somente uma camada contendo um único elétron, compartilhando 1 elétron, atinge a quantidade necessária para a camada K, que é de dois elétrons. Os elétrons compartilhados passam a ser contados para as eletrosferas dos dois átomos participantes da ligação. O átomo de carbono compartilha 4 elétrons e cada átomo de carbono 2, garantindo assim que ambos atinjam os oito elétrons nas últimas camadas. Como a ligação é entre átomos diferentes e com diferentes eletronegatividades, a ligação é dita polar, pois o átomo de oxigênio atrai para si mais fortemente os elétrons compartilhados. Na molécula de nitrogênio ocorrem três ligações covalentes entre os dois átomos. N2-5 Estas três ligações garantem que os dois átomos de nitrogênio atinjam a quantidade de oito elétrons nas suas últimas camadas. A ligação covalente entre dois átomos iguais é dita apolar, pois nela os elétrons são compartilhados de maneira igual, nenhum dos átomos tem mais força que o outro para atrair o elétron para si. A molécula de CO2 é formada por dois átomos de oxigênio e um de carbono unidos através de ligações covalentes. 6C 2 - 4 8O 2 - 6 Além da fórmula eletrônica, os compostos covalentes podem ser representados pela fórmula estrutural, onde cada par compartilhado é representado por um traço. Ex.: H - H, O = C = O. Uma ligação covalente unindo dois átomos é dita simples. O conjunto de duas ligações unindo dois átomos é dito dupla ligação. O conjunto de rês ligações unindo dois átomos é dito tripla ligação. Ligação covalente dativa ou coordenada A existência de algumas moléculas não pode ser explicada simplesmente através da ligação covalente simples. Para estes casos foi formulada a teoria da ligação covalente coordenada. Neste tipo de ligação, um dos átomos que já estiver com última camada completa entra com os dois elétrons do par compartilhado. Este par de elétrons apresenta as mesmas características do da ligação covalente simples, a única diferença é a origem dos elétrons, que é somente um dos átomos participantes da ligação. Os elétrons do par passam a pertencer a ambos os átomos participantes. A ligação covalente coordenada é representada por uma seta que se origina no átomo doador e termina no átomo receptor. Dadas as distribuições eletrônicas em camadas para os átomos de 16S e 8O. S2-8-6O2–6 Compartilhando dois elétrons através de ligações covalentes simples, ambos os átomos atingem os oito elétrons na última camada. No entanto, esta molécula ainda pode incorporar ainda um ou dois átomos de oxigênio. Tal fato só pode ser explicado se o enxofre utilizar um ou dois pares de elétrons não envolvidos em ligações para formar um ou dois pares dativos com o oxigênio. Outra molécula que não pode ser explicada somente com a ligação covalente simples é a de CO2. O interessante desta molécula é que a ligação covalente dativa ocorre do átomo mais eletronegativo (O) para o menos eletronegativo (C). Ligação metálica É o tipo de ligação que ocorre entre os átomos de metais. Os átomos dos elementos metálicos apresentam forte tendência a doarem seus elétrons de última camada. Quando muitos destes átomos estão juntos num cristal metálico, estes perdem seus elétrons da última camada. Forma-se então uma rede ordenada de íons positivos mergulhada num mar de elétrons em movimento aleatório. Se aplicarmos um campo elétrico a um metal, orientamos o movimento dos elétrons numa direção preferencial, ou seja, geramos uma corrente elétrica. Exemplos • decomposição da água em seus elementos: Centro Educacional Brasil Central Modalidade: Educação de Jovens e Adultosa Distância Etapa: Ensino Médio Disciplina: Química MÓDULO II – 2° ANO TERMOQUÍMICA A energia liberada nas reações químicas está presente em várias atividades da nossa vida diária. Por exemplo, á o calor liberado na queima do gás butano que cozinha os nossos alimentos, é o calor liberado na combustão do álcool ou da gasolina que movimenta nossos veículos e á através das reações químicas dos alimentos no nosso organismo que obtemos a energia necessária para manutenção da vida. A maioria das reações químicas ocorre produzindo variações de energia, que freqüentemente se manifestam na forma de variações de calor. A termoquímica ocupa-se do estudo quantitativo das variações térmicas que acompanham as reações químicas. Essas reações são de dois tipos: Reações exotérmicas: as que liberam calor para o meio ambiente. Exemplos • combustão (queima) do gás butano, C4H10 H20(l) + calor => H2(g) + 1/2 O2(g) • fotossíntese: 6 CO2(g) + 6 H20(l) + calor => C6H12O6(aq) + 6 O2(g) Na equação química, a energia absorvida á representada junto aos reagentes, significando que foi fornecida pelo ambiente aos reagentes. MEDIDA DO CALOR DE REAÇÃO O calor liberado ou absorvido por um sistema que sofre uma reação química á determinado em aparelhos chamados calorímetros. Estes variam em detalhes e são adaptados para cada tipo de reação que se quer medir o calor. Basicamente, no entanto, um calorímetro é constituído de um recipiente com paredes adiabáticas, contendo uma massa conhecida de parede água, onde se introduz um sistema em reação. O recipiente é provido de um agitador e de um termômetro que mede a variação de temperatura ocorrida durante a reação. A determinação do calor liberado ou absorvido numa reação química á efetuada através da expressão: C4H10(g) + 13/2 O2(g) => 4 CO2(g) + 5H20(g) + calor • combustão do etanol, C2H60: C2H60(l) + 3O2(g) => 2 CO2(g) + 3 H2O(g) + calor Na equação química, o calor é representado junto aos produtos para significar que foi produzido, isto á, liberado para o ambiente durante a reação. Reações endotérmicas: as que para ocorrerem retiram calor do meio ambiente. onde: • Q é a quantidade de calor liberada ou absorvida pela reação. Esta grandeza pode ser expressa em calorias (cal) ou em Joules (J). O Sistema Internacional de Medidas (SI) recomenda a utilização do Joule, no entanto, a caloria ainda é muito utilizada. Uma caloria (1 cal) é a quantidade de calor necessária para fazer com que 1,0 g de água tenha sua temperatura aumentada de 1,0ºC. Cada caloria corresponde a 4,18 J; • m é a massa, em gramas, de água presente no calorímetro; • • c é o calor especifico do liquido presente no calorímetro. Para a água seu valor é 1 cal/g . ºC; ∆t é a variação de temperatura sofrida pela massa de água devido a ocorrência da reação. É medida em graus Celsius. A rigor, deve-se considerar a capacidade térmica do calorímetro que inclui, além da capacidade térmica da água, as capacidades térmicas dos materiais presentes no calorímetro (agitador, câmara de reação, fios, termômetro etc.). O calor de reação pode ser medido a volume constante, num calorímetro hermeticamente fechado, ou à pressão constante, num calorímetro aberto. Experimentalmente, verifica-se que existe uma pequena diferença entre esses dois tipos de medidas calorimétricas. Essa diferença ocorre porque, quando uma reação ocorre à pressão constante, pode haver variação de volume e, portanto, envolvimento de energia na expansão ou contração do sistema. A variação de energia determinada a volume constante é chamada de variação de energia interna, representada por? E, e a variação de energia determinada à pressão constante é chamada de variação de entalpia, representada por? H. Como a maioria das reações químicas são realizadas em recipientes abertos, à pressão atmosférica local, estudaremos mais detalhadamente a variação de entalpia das reações. ENTALPIA E VARIAÇÃO DE ENTALPIA O calor, como sabemos, é uma forma de energia e, segundo a Lei da Conservação da Energia, ela não pode ser criada e nem destruída, pode apenas ser transformada de uma forma para outra. Em vista disso, somos levados a concluir que a energia: • liberada por uma reação química não foi criada, ela já existia antes, armazenada nos reagentes, sob uma outra forma; • absorvida por uma reação química não se perdeu, ela permanece no sistema, armazenada nos produtos, sob uma outra forma. Cada substância, portanto, armazena um certo conteúdo de calor, que será alterado quando a substância sofrer uma transformação. A liberação de calor pela reação exotérmica significa que o conteúdo total de calor dos produtos á menor que o dos reagentes. Inversamente, a absorção de calor por uma reação endotérmica significa que o conteúdo total de calor armazenado nos produtos é maior que o dos reagentes. A energia armazenada nas substâncias (reagentes ou produtos) dá-se o nome de conteúdo de calor ou entalpia. Esta é usualmente representada pela letra H. Numa reação, a diferença entre as entalpias dos produtos e dos reagentes corresponde à variação de entalpia, ∆H. onde: • Hp = entalpia dos produtos; • Hr = entalpia dos reagentes. Numa reação exotérmica temos que Hp < Hr e, portanto, ∆H < O (negativo). Numa reação endotérmica temos que Hp > Hr e, portanto, ∆H > O (positivo). Equações termoquímicas e gráficos de entalpia As reações, como sabemos, são representadas através de equações químicas. No caso da representação de uma reação que ocorre com variação de calor, é importante representar, além da quantidade de calor envolvida, as condições experimentais em que a determinação dessa quantidade de calor foi efetuada. Isso porque o valor do calor de reação é afetado por fatores como a temperatura e a pressão em que se processa a reação, o estado físico e as variedades alotrópicas das substâncias participantes dessa reação. A equação que traz todas essas informações chama-se equação termoquímica. Exemplos de equações termoquímicas: H2(g) + Cl2(g) => 2 HCl(g) + 184,9 kJ (25ºC, 1 atm) Segundo a equação, 1 mol de hidrogênio gasoso reage com 1 mol de cloro gasoso formando 2 mols de cloreto de hidrogénio gasoso, liberando 184,9 kJ de calor. Tal reação foi realizada à temperatura de 25ºC e à pressão de 1 atm. Podemos também escrever essa equação termoquímica utilizando a notação ?H. Neste caso temos: H2(g) + Cl2(g) => 2 HCl(g), ∆H = -184,9 kJ (25ºC, 1 atm) O valor numérico de ∆H é precedido do sinal negativo pois a reação é exotérmica. Graficamente, a variação de entalpia que acompanha a reação é representada por: DETERMINAÇAO INDIRETA DO CALOR DE REAÇAO Vimos anteriormente que a variação de entalpia de uma reação á determinada experimentalmente no calorímetro. Existem, no entanto, maneiras indiretas de determinação da variação de entalpia de uma reação. A seguir, discutiremos as mais importantes. Determinação através da definição de ∆H Já vimos que a variação de entalpia AH de uma reação á a diferença entre as entalpias dos produtos e reagentes de uma reação. ∆H = Hp - Hr • H2(g) + I2(g) + 51,8 kJ => 2 HI 1 atm) (g) (25ºC, Segundo a equação, quando, a 25ºC e 1 atm, 1 mol de hidrogênio gasoso reage com 1 mol de iodo gasoso, formando 2 mols de iodeto de hidrogênio gasoso, são absorvidos 51,8 kJ de calor. A equação também pode ser escrita utilizando a notação AH: H2(g) + I2(g) => 2 HI (g) AH = + 51,8 kJ (25ºC, 1 atm) O valor numérico de AH é positivo, pois a reação é endotérmica. Graficamente a variação de entalpia dessa reação pode ser representada por: Portanto, se conhecêssemos as entalpias absolutas das substâncias, poderíamos calcular, facilmente, a variação de entalpia associada a qualquer reação. Como isto á impossível, pois apenas a diferença das entalpias dos produtos e reagentes pode ser medida, os químicos resolveram atribuir, arbitrariamente, a um grupo de substâncias um determinado valor de entalpia e, a partir disso, construir uma escala relativa de entalpias das demais substâncias. Assim, atribuiu-se às variedades alotrópicas mais estáveis das substâncias simples, a 25ºC e 1 atm, entalpias iguais a zero. Essas condições experimentais são chamadas de condições padrão ou estado padrão, e a entalpia, determinada nessas condições, á a entalpia padrão. A entalpia padrão á representada por H0. Por exemplo, têm entalpias padrão zero as substâncias: 02 gasoso, H2 gasoso, I2 sólido, C grafite, S8 rômbico etc., e têm entalpias padrão diferentes de zero as substâncias: 02 liquido, 03 gasoso, H2 liquido, I2 gasoso, C diamante, S8 monoclínico etc. A entalpia padrão de uma substância qualquer pode ser calculada tomando-se como referência a variação de entalpia da reação de formação, também chamada de entalpia de formação, dessa substância a partir de seus elementos, no estado padrão. Calor de formação ou entalpia de formação é o nome dado à variação de entalpia associada à formação de um mol de uma substância a partir de seus elementos constituintes, na forma de substâncias simples mais estável e no estado padrão. A entalpia de formação é representada por ∆H0f. Exemplo C2H2 (g) C6H6 (l) + 53,5 + 12,3 Conhecendo-se as entalpias padrão das substâncias, a variação de entalpia de uma reação pode ser determinada com facilidade. Lei de Hess Em 1849, o químico Germain Henri Hess, efetuando inúmeras medidas dos calores de reação, verificou que: O calor liberado ou absorvido numa reação química depende apenas dos estados intermediários pelos quais a reação passa. Esta é a lei da atividade dos calores de reação ou lei de Hess. De acordo com essa lei é possível calcular a variação de entalpia de uma reação através da soma algébrica de equações químicas que possuam conhecidos. Por exemplo, a partir das equações: Acompanhe a seguir a determinação da entalpia padrão do dióxido de carbono gasoso: Reação de formação do C02(g): é possível determinar a variação de entalpia da reação de formação do metano, CH4, reação essa que não permite medidas calorimétricas precisas de seu calor de reação por ser lenta e apresentar reações secundárias. A soma algébrica das reações dadas deve, portanto, resultar na reação de formação do metano, cujo queremos determinar: A tabela a seguir traz as entalpias padrão de algumas substâncias. Entalpia padrão (∆H 0f) em kcal/mol H20 (l) - 68,3 HCl (g) - 22,0 HBr (g) - 8,6 Hl (g) + 6,2 CO (g) - 26,4 CO2 (g) - 94,1 NH3 (g) - 11,0 SO2 (g) - 70,9 CH4 (g) - 17,9 C2H4 (g) + 11,0 C2H6 (g) - 20,5 No entanto, para obtermos essa equação devemos efetuar as seguintes operações: • multiplicar a reação II por 2, para que o número de mols de H2(g) seja igual a 2, consequentemente o também será multiplicado por 2; • inverter a reação III, para que CH4(g) passe para o segundo membro da equação. Em vista disso, o também terá seu sinal invertido, isto é, se a reação é exotérmica, invertendo-se o seu sentido, passará a ser endotérmica e vice-versa; • somar algebricamente as equações e os ∆H; Assim temos: Energia de ligação É a energia fornecida para romper 1 mol de ligações entre dois átomos e um sistema gasoso, a 25ºC e 1 atm. A energia de ligação pode ser determinada experimentalmente. Na tabela tabela abaixo estão relacionadas as energias de algumas ligações. Ligação H-H Cl - Cl H - Cl O=O Br - Br H - Br C-C C-H C - Cl Energia de ligação kcal/mol de ligações 104,2 57,8 103,0 118,3 46,1 87,5 83,1 99,5 78,5 Observe que os valores tabelados são todos positivos, isto porque o rompimento de ligações é um processo que consome energia, ou seja, é um processo endodérmico. A formação de ligações, ao contrário, é um processo que libera energia, processo exotérmico. Para se determinar o ∆H de uma reação a partir dos valores devemos considerar: • que todas as ligações dos reagentes são rompidas e determinar a quantidade de energia consumida nesse processo; • que as ligações existentes nos produtos foram todas formadas a partir de átomos isolados e determinar a quantidade de energia liberada nesse processo. O ∆H será correspondente à soma algébrica das energias envolvidas nos dois processos, o de ruptura e o de formação de ligações. É importante salientar que este método fornece valores aproximados de ∆H. Ele é muito útil na previsão da ordem de grandeza da variação de entalpia de uma reação. TIPOS DE CALORES E ESPONTANEIDADE DAS REAÇÕES A variação da entalpia recebe uma denominação particular da natureza da reação: Calor de combustão ou entalpia de combustão: É ∆H associado à reação de combustão, no estado padrão, de um mol de uma substância. Calor de dissolução ou entalpia de dissolução: É o ∆H associado a 1 mol de uma substância em água suficiente para preparar um solução diluída. Calor de neutralização ou entalpia de neutralização: É o da reação de neutralização de 1 equivalente- grama de um ácido por 1 equivalente de uma base, ambos na forma de soluções aquosas diluídas. Espontaneidade das reações Muito dos processos que ocorrem à sua volta são espontâneos, isto é, uma vez iniciados prosseguem sem a necessidade de ajuda externa. A dissolução do sal em água, a queima de carvão são exemplos de processos espontâneos. Os processos espontâneos são aqueles que apenas são possíveis através do fornecimento contínuo de energia do meio ambiente. O cozimento de alimentos, a obtenção de metais, são exemplos de processos não espontâneos. A constatação de que a maioria dos processos espontâneos ocorrem com liberação de energia, levou à idéia de que apenas processos exotérmicos, que ocorriam com diminuição de energia do sistema, eram espontâneos. De fato, isto é verdade para muitas reações; existem, no entanto, processos espontâneos que absorvem calor. Portanto, além do fator energia, existe um outro que influencia a espontaneidade de um processo. Este fator chama-se entropia, e é representado pela letra S. A entropia está associada à ordem ou à desordem de um sistema. Quanto mais desorganizado o sistema, maior será sua entropia. Exemplos de processos que ocorrem com aumento de entropia: • a evaporação de um líquido: no estado gasoso as moléculas movimentam-se com mais liberdade do que no estado líquido, estão, portanto, mais desorganizadas; • a dissolução de qualquer substância em um liquido tambem produz um sistema em que a desorganização á maior. Da mesma forma que para a entalpia, para a determinação da entropia das substâncias foi necessário estabelecer, arbitrariamente, a entropia de algumas substâncias e, a partir disso, construir uma escala relativa de entropias. Estabeleceu-se que uma substância, na forma de um cristal perfeito, a zero Kelvin, tem entropia zero. A tabela a seguir relaciona as entropias padrão (sº) de algumas substâncias. Ca (g) Ag (g) CaO (g) Br2 (l) Hg (l) He (gás) N2 (gás) Metano, CH4 (gás) Entropia padrão (cal/mol . K) a 25ºC 9,95 10,20 9,5 36,4 18,17 30,13 45,7 44,5 A espontaneidade de uni processo é determinada pelos fatores entalpia e entropia. São espontâneos os processos que ocorrem com diminuição de entalpia e aumento de entro. pia. Não são espontâneos os processos que ocorrem com aumento de entaipia e diminuição de entropia. Quando um processo ocorre com aumento ou diminuição simultânea de eutalpia e entropia, para se prever a espontaneidade ou não da reação é necessário lançar mão de uma grandeza que relaciona a entropia e a entalpia. Esta grandeza é a energia livre de Gibbs (G) e é dada pela equação: • ∆G é a variação de energia livre do sistema, dada em kcal/mol; • ∆H é a variação de entalpia, dada em kcallmol; • T é a temperatura absoluta (K); • ∆S é a variação dc entropia, dada em cal/K. mol A energia livre de Gibbs mede a capacidade que um sistema possui de realizar trabalho. São espontâneos os processos onde a capacidade de realizar trabalho do sistema diminui, ou seja, ∆G < 0. Processos não espontâneos são aqueles onde a capacidade do sistema realizar trabalho aumenta, ou seja, ∆G > 0. REAÇÕES NUCLEARES Quando dois núcleos se movem um em direção ao outro e, apesar da repulsão coulombiana, se aproximam o suficiente para que haja interação entre as partículas de um com as partículas do outro pela força nuclear, pode ocorrer uma redistribuição de núcleons e diz-se que aconteceu uma reação nuclear. Usualmente, as reações nucleares são produzidas bombardeando-se um núcleo alvo com um projétil que pode ser algum tipo de partícula ou núcleo pequeno, de modo que a repulsão coulombiana não se torne um obstáculo muito grande. As reações que envolvem energias não muito grandes ocorrem em duas fases. Na primeira fase, o núcleo alvo e o projétil se agrupam, formando o que se chama de núcleo composto num estado altamente excitado. Na segunda fase, o núcleo composto decai por qualquer processo que não viole os princípios de conservação. Por exemplo, uma partícula a com uma energia cinética de cerca de 7 MeV colide com um núcleo de nitrogênio 14. O resultado é um núcleo composto que consiste de todos os núcleons da partícula a e do nitrogênio 14 num estado altamente excitado. Esse núcleo composto, sendo constituído de 9 prótons, é um núcleo de fluor. Como esse núcleo composto está num estado altamente excitado, pode-se esperar que ele emita uma partícula (ou um fóton) no processo de passagem a um estado menos excitado ou ao estado fundamental do núcleo filho. Se o núcleo filho é o oxigênio 17, a reação é a seguinte: 4He2 + 14N7 ---> [ 18F9 ] ---> 17O8 + 1H1 O núcleo composto persiste como entidade única por um intervalo de tempo muito pequeno (menos de 10-19 s), decaindo para um estado mais estável com a emissão de um próton (1H1). Como as energias de ligação da partícula a, do núcleo 14N7 e do núcleo 17O8 são: Ea = [ 2 ( 1,0078 ) + 2 ( 1,0087 ) - 4,0026 ] ( 931,4815 MeV ) = 28,3170 MeV 28 MeV EN = [ 7 ( 1,0078 ) + 7 ( 1,0087 ) - 14,0031 ] ( 931,4815 MeV ) = 104,6985 MeV 105 MeV EO = [ 8 ( 1,0078 ) + 9 ( 1,0087 ) - 16,9991 ] ( 931,4815 MeV ) = 131,8978 MeV 132 MeV e como a partícula a incide com uma energia cinética de cerca de 7 MeV, o próton emitido tem uma energia cinética de cerca de ( - 28 105 + 7 + 132 ) MeV = 6 MeV. Um núcleo composto pode decair por qualquer processo que não viole os princípios de conservação. Por exemplo: 27Al13 + p ---> [ 28Si14 ] ---> 24Mg12 + a 27Si14 + n 28Si14 + g 24Na11 + 3p + n Ainda como exemplo, considere as seguintes reações: 4He2 + 24Mg12 ---> [ 28Si14 ] ---> 27Al13 + 1H1 4He2 + 9Be4 ---> [ 13C6 ] ---> 12C6 + n Essas reações são interessantes porque produzem prótons e nêutrons com grandes energias cinéticas. Por outro lado, as partículas a de fontes radioativas naturais são efetivas para produzir transformações nucleares apenas em núcleos com números atômicos menores que Z = 19 (correspondente ao potássio) devido à intensidade da repulsão coulombiana entre essas partículas a e os núcleos atômicos alvo. Nêutrons, ao contrário, podem penetrar, em princípio, qualquer núcleo, já que não são repelidos pelos prótons. Por exemplo, um nêutron pode ser absorvido por um núcleo de prata 107 para formar um núcleo de prata 108: 107Ag47 + n ---> [ 108Ag47 ] ---> 108Cd48 + e- + n* O núcleo de prata 108 não ocorre na natureza, ou seja, é um isótopo artificial da prata. Esse núcleo é radioativo e dacai emitindo um elétron e um antineutrino e produzindo um núcleo de cádmio 108. A maioria dos núcleos artificiais são instáveis e radioativos. Mais exemplos (agora omitindo a representação do núcleo composto): 10B5 + a ---> 13N7 + n 13N7 ---> 13C6 + e+ + n 27Al13 + n ---> 24Na11 + 4He2 24Na11 ---> 24Mg 12 + e- + n* Os núcleos radioativos artificiais são produzidos por reações nucleares. Os elementos transurânicos, em particular, são normalmente produzidos pela captura de nêutrons seguida de decaimento b-. Por outro lado, o que se chama de espalhamento é a reação nuclear em que projétil e partícula liberada são a mesma partícula. O espalhamento é elástico quando, durante o processo, não varia a energia cinética da partícula, e inelástico, caso contrário. Os fogos sagrados de Baku, capital do Azerbaijão, situada à beira do mar Cáspio, assombraram seus antigos habitantes, que ignoravam a origem do fenômeno. Modernamente sabe-se que se devem à constante combustão dos vapores de metano e outros hidrocarbonetos. Centro Educacional Brasil Central Modalidade: Educação de Jovens e Adultosa Distância Etapa: Ensino Médio Disciplina: Química MÓDULO III – 3° ANO HIDROCARBONETOS Hidrocarbonetos são compostos formados exclusivamente de carbono e hidrogênio, que também são chamados hidrocarburetos, carboidretos, carbetos, carburetos ou carbonetos de hidrogênio. Classificação e ocorrência Os hidrocarbonetos se classificam de acordo com a proporção dos átomos de carbono e hidrogênio presentes em sua composição química. Assim, denominam-se hidrocarbonetos saturados os compostos ricos em hidrogênio, enquanto os hidrocarbonetos ditos insaturados apresentam uma razão hidrogênio/carbono inferior e são encontrados principalmente no petróleo e em resinas vegetais. Os grupos de hidrocarbonetos constituem as chamadas séries homólogas, em que cada termo (composto orgânico) difere do anterior em um átomo de carbono e dois de hidrogênio. Os termos superiores da série homóloga saturada, de peso molecular mais alto, encontram-se em alguns tipos de petróleo e como elementos constituintes do pinho, da casca de algumas frutas e dos pigmentos das folhas e hortaliças. Os hidrocarbonetos etilênicos, primeiro subgrupo dos insaturados, estão presentes em muitas modalidades de petróleo em estado natural, enquanto os acetilênicos, que compõem o segundo subgrupo dos hidrocarbonetos insaturados, obtêm-se artificialmente pelo processo de craqueamento (ruptura) catalítico do petróleo. Os hidrocarbonetos aromáticos foram assim chamados por terem sido obtidos inicialmente a partir de produtos naturais como resinas ou bálsamos, e apresentarem odor característico. Com o tempo, outras fontes desses compostos foram descobertas. Até a segunda guerra mundial, por exemplo, sua fonte mais importante era o carvão. Com o crescimento da demanda, durante e após a guerra, outras fontes foram pesquisadas. Atualmente, grande parte dos compostos aromáticos, base de inúmeros processos industriais, se obtém a partir do petróleo. Estrutura e nomenclatura A estrutura das moléculas dos hidrocarbonetos baseia-se na tetravalência do carbono, isto é, em sua capacidade de ligar-se, quimicamente, a quatro outros átomos, inclusive de carbono, simultaneamente. Assim, as sucessões de átomos de carbono podem formar cadeias lineares, ramificadas em ziguezague, que lembram anéis e estruturas de três dimensões. Hidrocarbonetos saturados A fórmula empírica molecular dos hidrocarbonetos saturados, também chamados alcanos ou parafinas, é CnH2n+2, segundo a qual n átomos de carbono combinam-se com 2n + 2 átomos de hidrogênio para formarem uma molécula. Valores inteiros sucessivos de n dão origem aos termos distintos da série: metano (CH4), etano (C2H6), propano (C3H8), butano (C4H10) etc. A partir do quarto termo da série, o butano, os quatro carbonos podem formar uma cadeia linear ou uma estrutura ramificada. No primeiro caso, o composto se denomina nbutano. Na estrutura ramificada, um átomo de carbono se liga ao carbono central da cadeia linear formada pelos outros três, formando o iso-butano, ou pode dar origem a uma estrutura cíclica, própria do composto chamado ciclobutano, em que os átomos de carbono das extremidades estão ligados entre si. A existência de compostos com mesma fórmula molecular, mas com estruturas diferentes, é fenômeno comum nos hidrocarbonetos, designado como isomeria estrutural. As substâncias isômeras possuem propriedades físicas e químicas semelhantes, mas não idênticas, e formam, em certos casos, moléculas completamente diferentes. Os termos da série saturada são nomeados a partir do butano com o prefixo grego correspondente ao número de átomos de carbono constituintes da molécula: penta, hexa, hepta etc., acrescidos da terminação "ano". Nos cicloalcanos, hidrocarbonetos de cadeia saturada com estrutura em anel, a nomenclatura faz-se com a anteposição da palavra "ciclo" ao nome correspondente ao hidrocarboneto análogo na cadeia linear. Finalmente, os possíveis isômeros presentes na série saturada cíclica se distinguem por meio de números, associados à posição da ramificação no ciclo. Hidrocarbonetos insaturados O primeiro grupo de hidrocarbonetos insaturados, constituído pelos compostos etilênicos, também chamados alcenos, alquenos ou olefinas, tem como característica estrutural a presença de uma dupla ligação entre dois átomos de carbono. Sua fórmula molecular é CnH2n e os primeiros termos da série homóloga correspondente recebem o nome de etileno ou eteno (C2H4), propileno ou propeno (C3H6), butileno ou buteno (C4H8) etc. Os termos seguintes têm uma nomenclatura análoga à dos hidrocarbonetos saturados, acrescidos da terminação "eno". A posição da dupla ligação na molécula dos alcenos pode dar origem a diferentes isômeros. Para distingui-los, o número do primeiro carbono a conter essa ligação precede o nome do hidrocarboneto na nomenclatura desses compostos. Existem, ainda, hidrocarbonetos etilênicos com mais de uma dupla ligação -- denominados dienos, quando possuem duas ligações, e polienos, com três ou mais. O grupo mais importante dessa classe de hidrocarbonetos constitui-se de compostos com duplas ligações em posições alternadas, os dienos conjugados. A nomenclatura dos alcenos de estrutura anelar, ditos cicloalquenos, é formalmente análoga à dos cicloalcanos. Os alcinos ou alquinos (de fórmula molecular CnH2n-2), também conhecidos como hidrocarbonetos acetilênicos e componentes do segundo grupo dos compostos insaturados, apresentam ligação tripla em sua estrutura e sua nomenclatura é similar à dos alcenos, com a terminação "ino" que lhes é própria. Os cicloalquinos inferiores (de baixo peso molecular) são instáveis, sendo o ciclo-octino, com oito átomos de carbono, o menor alcino cíclico estável conhecido. Hidrocarbonetos aromáticos A estrutura do benzeno, base dos hidrocarbonetos aromáticos, foi descrita pela primeira vez por Friedrich August Kekulé, em 1865. Segundo ele, a molécula do benzeno tem o formato de um hexágono regular com os vértices ocupados por átomos de carbono ligados a um átomo de hidrogênio. Para satisfazer a tetravalência do carbono, o anel benzênico apresenta três duplas ligações alternadas e conjugadas entre si, o que lhe confere sua estabilidade característica. Os hidrocarbonetos da série homóloga benzênica subdividem-se em três grupos distintos. O primeiro constitui-se de compostos formados pela substituição de um ou mais átomos de hidrogênio do anel pelos radicais de hidrocarbonetos. Esses compostos têm seus nomes derivados do radical substituinte, terminado em "il", e seguidos da palavra "benzeno". Alguns, no entanto, apresentam denominações alternativas (ou vulgares), mais comumente empregadas. Assim, o metilbenzeno é conhecido como tolueno, o dimetilbenzeno como xileno etc. No segundo grupo, encontram-se os compostos formados pela união de anéis benzênicos por ligação simples entre os átomos de carbono, como a bifenila, ou com um ou mais átomos de carbono entre os anéis. Por último, o terceiro grupo de hidrocarbonetos aromáticos constitui-se de compostos formados por condensação de anéis benzênicos, de modo que dois ou mais átomos de carbono sejam comuns a mais de um anel, tais como o naftaleno, com dois anéis, e o antraceno, com três. Propriedades e aplicações Os hidrocarbonetos em geral são insolúveis em água, mas se solubilizam prontamente em substâncias orgânicas como o éter e a acetona. Os primeiros termos das séries homólogas são gasosos, enquanto os compostos de maior peso molecular são líquidos ou sólidos. Graças a sua capacidade de decomporse em dióxido de carbono e vapor d'água, em presença de oxigênio, com desprendimento de grande quantidade de energia, torna-se possível a utilização de vários hidrocarbonetos como combustíveis. Os hidrocarbonetos saturados, ou parafinas, caracterizam-se sobretudo por ser quimicamente inertes. Industrialmente, são empregados no processo de craqueamento (cracking) ou ruptura, a elevadas temperaturas, e produzem misturas de compostos de estruturas mais simples, saturados ou não. A hidrogenação catalítica dos alcenos é utilizada, em escala industrial, para a produção controlada de moléculas saturadas. Esses compostos são usados ainda como moderadores nucleares e como combustíveis (gás de cozinha, em automóveis etc.). Os hidrocarbonetos insaturados com duplas ligações têm a capacidade de realizar reações de adição com compostos halogenados e formam importantes derivados orgânicos. Além disso, com a adição de moléculas de alcenos, é possível efetuar a síntese dos polímeros, empregados industrialmente no fabrico de plásticos (polietileno, teflon, poliestireno etc) e de fibras sintéticas para tecidos (orlon, acrilan etc.). Além disso, faz parte da gasolina uma importante mistura de alquenos. Metade da produção de acetileno é utilizada, como oxiacetileno, na soldagem e corte de metais. Os hidrocarbonetos aromáticos, além de bons solventes, são empregados na produção de resinas, corantes, inseticidas, plastificantes e medicamentos. ÁCIDOS CARBOXÍLICOS São compostos que contêm o grupo funcional carboxilo (-COOH), assim chamado por ser formalmente a combinação de um grupo carbonilo e um grupo hidroxilo. Como resultado da combinação de ambos os grupos funcionais, o grupo hidroxilo experimenta um acentuado aumento de acidez. Os ácidos carboxílicos formam ligações de hidrogénio mais fortes que as dos álcoois uma vez que as suas ligações O-H estão mais polarizadas e o átomo de hidrogénio que serve de ponte podese unir a um oxigénio carbonílico, que está carregado muito mais negativamente que o oxigénio do outro grupo hidroxilo, como no caso dos álcoois. Por este motivo, os ácidos carboxílicos existem na forma de dímeros cíclicos no estado sólido e líquido: Os espectros IV dos ácidos carboxílicos alifáticos mostram uma intensa absorção do grupo carbonilo a 1700 cm-1 e uma ampla região de vibração de tensão da ligação O-H, que se estende entre 3600 e 2500 cm-1 devido às ligações por pontes de hidrogénio. Esta banda larga de absorção é característica dos ácidos carboxílicos. Nos espectros RMN dos ácidos carboxílicos destaca-se fortemente a posição do singlete do protão ácido que aparece a valores de d compreendidos entre 11 e 13, uma vez que a densidade electrónica do hidrogénio carboxílico é muito baixa. Para numerar de modo sistemático os ácidos carboxílicos, substitui-se a terminação do nome do hidrocarboneto que contém o grupo carboxilo pelo sufixo -oico. Assim, por exemplo, o composto CH3 - (CH2)5 COOH chamar-se-á ácido heptanóico. Ao numerar a cadeia de um ácido carboxílico devese considerar sempre número 1 o carbono carboxílico. Os compostos com menos de seis átomos de carbono recebem nomes vulgares muito usuais: fórmico, acético, propiónico, butírico e valeriânico. Também são muito empregados os nomes vulgares dos ácidos dicarboxílicos até sete átomos de carbono: oxálico, malónico, succínico, glutárico, adípico e pimélico. Os sais dos ácidos nomeiam-se variando a terminação -óico dos nomes dos ácidos pelo sufixo -ato seguindo-se o nome do catião. Assim, por exemplo, o composto CH3 COONa chamar-se-áacetato de sódio. Os pontos de fusão e de ebulição dos ácidos carboxílicos são mais elevados que os dos compostos de igual peso molecular, devido à forte associação intermolecular por ligações de hidrogénio. A solubilidade dos ácidos carboxílicos na água diminui com o comprimento da cadeia hidrocarbonada. Os sais sódicos dos ácidos carboxílicos simples são solúveis em água. Os ácidos carboxílicos obtêm-se por oxidação de aldeídos ou de álcoois primários. O mais importante dos ácidos carboxílicos é o ácido acético ou etanóico, que se emprega como solvente e para fabricar corantes e acetato de celulose.