HEMOSTASIA SÉRIE VERMELHA TRATAMENTO DE ANEMIA Bruna B. Medeiros HEMOSTASIA HEMOSTASIA • O que é? – É o mecanismo fisiológico de defesa destinado à interrupção de um sangramento HEMOSTASIA • Fases da hemostasia – Primária • Parada do sangramento através da formação de tampão • Responsáveis: plaquetas – Secundária • Estabilização do coágulo por rede de fibrina • Não deixar que volte sangramento • Responsáveis: fatores de coagulação – Terciária • Lise do coágulo pelo processo de fibrinólise • Responsáveis: fatores fibrinolíticos HEMOSTASIA • Primária – Avaliação • Tempo de sangramento e contagem de plaquetas – Antiagregantes plaquetários • AAS • AINE • Bloqueadores dos receptores de ADP – Ticlopidina (Ticlid), Clopidogrel (Plavix) • Antagonistas do GPII b/IIIa – Abciximab (Reopro), Tirofiban (Agrrastat), Eptifibatide (Intergrilin) HEMOSTASIA • Secundária – – – – Fatores de coagulação A maioria é sintetizada pelo fígado Síntese depende da vit K: II (protrombina), VII, IX, X 2 vias com a mesma função: convergir para via comum • Através da ativação do fator X – Avaliação • Via intrínseca: PTTa • Via extrínseca: TAP ou TP ou RNI HEMOSTASIA FATOR NOME ORIGEM I Fibrinogênio Fígado, SRE II Protrombina Fígado III Tromboplastina Plaquetas, tec. em geral IV Cálcio Tecidos em geral V Fator lábil ou pró-acelerina Fígado VI Pró-fator V Fígado VII Fator estável ou pró-acelerina Fígado VIII Fator anti-hemofílico A* Fígado (Fator VIII) IX Fator anti-hemofílico B ou de Christmas Fígado X Fator de Stuart Fígado XI Fator anti-hemofílico C Fígado XII Fator de Hagerman Fígado XIII Fator estabilizador da fibrina Fígado, megacariócitos Pré-calicreína Fígado Cininogênio de alto peso molecular (CAPM) Fígado FATOR NOME ORIGEM I Fibrinogênio Fígado, SRE II Protrombina Fígado III Tromboplastina Plaquetas, tec. em geral IV Cálcio Tecidos em geral V Fator lábil ou pró-acelerina Fígado VI Pró-fator V Fígado VII Fator estável ou pró-acelerina Fígado VIII Fator anti-hemofílico A* Fígado (Fator VIII) IX Fator anti-hemofílico B ou de Christmas Fígado X Fator de Stuart Fígado XI Fator anti-hemofílico C Fígado XII Fator de Hagerman Fígado XIII Fator estabilizador da fibrina Fígado, megacariócitos Pré-calicreína Fígado Cininogênio de alto peso molecular (CAPM) Fígado FATOR NOME ORIGEM I Fibrinogênio Fígado, SRE II Protrombina Fígado III Tromboplastina Plaquetas, tec. em geral IV Cálcio Tecidos em geral V Fator lábil ou pró-acelerina Fígado VI Pró-fator V Fígado VII Fator estável ou pró-acelerina Fígado VIII Fator anti-hemofílico A* Fígado (Fator VIII) IX Fator anti-hemofílico B ou de Christmas Fígado X Fator de Stuart Fígado XI Fator anti-hemofílico C Fígado XII Fator de Hagerman Fígado XIII Fator estabilizador da fibrina Fígado, megacariócitos Pré-calicreína Fígado Cininogênio de alto peso molecular (CAPM) Fígado FATOR NOME ORIGEM I Fibrinogênio Fígado, SRE II Protrombina Fígado III Tromboplastina Plaquetas, tec. em geral IV Cálcio Tecidos em geral V Fator lábil ou pró-acelerina Fígado VI Pró-fator V Fígado VII Fator estável ou pró-acelerina Fígado VIII Fator anti-hemofílico A* Fígado (Fator VIII) IX Fator anti-hemofílico B ou de Christmas Fígado X Fator de Stuart Fígado XI Fator anti-hemofílico C Fígado XII Fator de Hagerman Fígado XIII Fator estabilizador da fibrina Fígado, megacariócitos Pré-calicreína Fígado Cininogênio de alto peso molecular (CAPM) Fígado HEMOSTASIA • Secundária – Anticoagulantes orais • Warfarin (Marevan, Coumadin) – Age inibindo gama-carboxilase, enzima necessária para síntese dos fatores de coagulação vit. K dependentes – TAP aumenta antes do PTTa no uso de Warfarin • Fator VII – Menor meia vida, 1º a ser depletado após início do Warfarin – Justifica alargamento precoce do TAP HEMOSTASIA • Secundária – Anticoagulantes • Heparina não fracionada – Aumenta atividade da ATIII – Aumenta PTTa • Heparina de baixo peso molecular – Enoxaparina (Clexane), Dalteparina (Fragmin) – Inibe fator Xa – Não aumenta PTTa HEMOSTASIA • Terciária – Ação dos fatores fibrinolíticos • Trombina da via comum→ se liga ao fibrinogênio e ao fator de ativação do plasminogênio tPA • tPA transforma fibrinogênio que estiver ligado à rede de fibrina em plasmina→ quebra a rede de fibrina • Destruição da rede de fibrina pela plasmina, faz aparecer seus “restos” no sangue: PDF’s • PDF mais conhecido: D dímero HEMOSTASIA • Terciária – Fármacos trombolíticos • rtPA ou alteplase – Age apenas no plasminogênio ligado à rede de fibrina • Estreptoquinase – Não é fibrinolítico-específico – Pode causar hipofibrinogenemia: ↑ risco de sangramento SÉRIE VERMELHA SÉRIE VERMELHA HOMEM MULHER HEMATIMETRIA 4 A 6 milhões HEMOGLOBINA 13,5 – 17 12 – 15 HEMATÓCRITO 39- 50% 36 – 44% VCM 80 A 100 fL HCM 28 A 32 pg CHCM 32 A 35 g/dl RDW 10 A 14% SÉRIE VERMELHA Hipocromia: hemácia pouco corada, isto é ↓ da quantidade de hemoglobina Normocromia: coloração normal Microcitose: diminuição no tamanho (volume) da hemácia Macrocitose: aumento no tamanho (volume) da hemácia Anisocitose: variação no tamanho das hemácias Poiquilocitose ( pecilocitose): variação na forma das hemácias Policromatofilia: indica hemácias imaturas, traduzindo na maior parte das vezes uma boa resposta da medula óssea Eritroblastos: hemácias nucleadas as quais aparecem no sangue periférico e indicam uma regeneração da medula óssea e também uma proliferação da medula óssea. SÉRIE VERMELHA • Contagem de reticulócitos – Células imediatamente precursoras das hemácias – 0,5 a 2% ou núm. absoluto: 40.000 a 100.000 – Correção do número de reticulócitos (IRC) Ht/40 x % reticulócitos Ou Hb/15 x % reticulócitos SÉRIE VERMELHA • Correção de reticulócitos Ex: Um paciente com hemácias de 2.0 milhões, Ht= 25% e reticulócitos =5%, poderia ser classificado como anemia hiperproliferativa Mas... 5% de 2.0 milhões é igual 100.000= número absoluto de reticulócitos normais Ht/40 x % reticulócitos Hb/15 x % reticulócitos SÉRIE VERMELHA ANEMIA HIPOPROLIFETARIVA ANEMIA HIPERPROLIFERATIVA ANEMIAS CARENCIAS • ANEMIAS HEMOLÍTICAS CONGÊNITAS DESORDES DA MEDULA ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA, ANEMIA FALCIFORME, TALASSEMIA MINOR MIELOSSUPRESSÃO • ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS BAIXOS NÍVEIS DE HORMÔNIO ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA/ ANEMIA INFLAMATÓRIA ANEMIA HEMOLITICA AUTO-IMUNE, PTT-SHU, MALÁRIA, HIPOTIREOIDISMO • SANGRAMENTO AGUDO EVIDENTE OU INDUZIDO ANEMIA ANEMIA OMS define anemia como: – Hb < 12 g/dl para mulheres – Hb < 13 g/dl para homens – Gestantes < 11 g/dl ANEMIA ANEMIAS MICROCÍTICAS HIPOCRÔMICAS ANEMIAS NORMOCÍTICAS NORMOCRÔMICAS Microcítica: VCM <80 fl Hipocrômica: HCM <28 pg ou CHCM <32 g/dl Causas: anemia ferropriva talassemia anemia sideroblástica forma hereditária anemia de doença crônica (VCM não é < 75 fL) anemia do hipotireoidismo Normocítica: VCM 80 a 100 fl Normocrômica: 28 a 32 g/dl Causas: anemia ferropriva fase inicial anemia de doença crônica anemia de IRC anemia de hepatopatia crônica anemia de endorcrinopatias- hipotireidismo anemia aplásica mielodisplasias ocupação medular- mielofibrose, leucemias, metástase anemia por sangramento agudo anemia multicarencial ANEMIA ANEMIAS MACROCÍTICAS Macrocitose: VCM>100 fl Causas: anemia megaloblástica (são os maiores valores de VCM) síndromes mielodisplásicas anemia aplásica etilismo drogas: AZT, metrotexate anemia da hepatopatia crônica anemia do hipotireoidismo anemia hemolítica- exceto talassemias* anemia da hemorragia aguda* *cursam com reticulocitose, e os reticulócitos são hemácias de tamanho maior, justificando serem eventualmente macrocíticas EXAME 1 Eritrócitos 2,1 milh/mm³ Hb 7,8 g/dl Ht 23,9 % VCM 95,0 fL HCM 30,8 pg CHCM 32,1 g/dl RDW 18,5% EXAME 1 Eritrócitos 2,1 milh/mm³ Hb 7,8 g/dl Ht 23,9 % VCM 95,0 fL HCM 30,8 pg CHCM 32,1 g/dl RDW 18,5% Ferritina 14 Sat. Transferrina 13% TBIC 400 Reticulócitos 4% ANEMIA FERROPRIVA • Anemia ferropriva – – – – 1º há depleção de todos estoques de ferro do corpo Há diminuição do ferro medular e ferritina sérica Começa a haver restrição da síntese de hemoglobina Detecta-se anemia normocítica normocrômica ANEMIA FERROPRIVA • Anemia ferropriva – Fase mais avançada • • • • • • • • Anemia microcítica e hipocrômica Ferro sérico < 30 µg/dl Ferritina sérica < 15 ng/dl TIBC > 360 µg/dl Saturação da transferrina < 15% RDW elevado ~ 16% Hemoglobina mais baixa: 8 a 10 mg/dl Anisopoiquilocitose 60-150 mcg/dl 20-200 ng/dl 250-360 mcg/dl 30-40% ANEMIA FERROPRIVA • Tratamento – Via oral • 60 mg de Fe elementar= 300 mg de sulfato ferroso • 3 a 4 vezes ao dia • Melhor administrado com estômago vazio 1 a 2 horas antes das refeições e com suco de laranja ou vit C – Avaliar resposta • Contagem de reticulócitos • Manter por 3 a 6 meses após normalizar Ht • Controle com ferritina sérica com valores > 100 ng/dl ANEMIA FERROPRIVA • Tratamento parenteral – Quando? Má absorção, intolerância ao preparo oral, a. ferropriva refratária ao tto oral, necessidade de reposição imediata de estoques de ferro – 50 mg Fe/mililitro Déficit de ferro na hemoglobina- dose do Fe parenteral + 1000 no homem (15- Hb) x peso x 2,3 + 600 na mulher Pode ser administrado em dose única em SF ou Glicosado 5% EXAME 2 Eritrócitos 3,3 milh/mm³ Hb 9,1 g/dl Ht 29,2% VCM 94,5 fL CHCM 29,2g/dl RDW 15,1% Equinócitos ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA • Exemplos – Infecções subagudas ou crônicas Abscesso pulmonar, empiema, tuberculose, PNM bact prolongada, EI, osteomielite, DIP, HIV... – Doenças inflamatórias não infecciosas Artrite reumatóide, LES, vasculites, DII, sarcoidose, trauma severo – Neoplasias malignas Carcinomas, neoplasias hematológicas – Idiopática ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA • Apresentação mais comum é normo-normo – Pode ser normocítica-hipocrômica, micro-hipo • Laboratório – – – – Ferro sérico baixo <50 µg/dl Ferritina sérica normal ou elevada entre 50-500 ng/dl TIBC normal ou baixo <300 µg/dl Sat. transferrina levemente baixa 10-20% ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA • Anemia da insuficiência renal – Geralmente com taxa de filtração glomerular<30-40ml/min – Principal causa: deficiência na produção de eritropoietina • Laboratório – Ht pode chegar a 15-30% – Reticulócitos normal – Equinócitos ou hemácias crenadas ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA • Anemia da insuficiência renal – Tratamento • Eritropoietina recombinante SC ou IV – 50 a 150 U/kg 3 vezes na semana – Objeivo: Ht > 33 a 36% • Ferro Esquema de reposição Esquema de manutenção Ferro IV 1000 mg divididos em 10 aplicações em sessões consecutivas de HD Ferro IV 25-100 mg 1 x/semana Transferrina<20% ou ferritina <200 ng/dl Interromper apenas se sat de transferrina >50% ou ferritina>500 ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Um dos tipos de anemia macrocítica • Causas mais comuns – deficiência de vit. B12 e/ou ácido fólico – Drogas como metotrexato, anticonvulsivantes Principal causa de deficiência de B12 no nosso meio? Anemia perniciosa Principal fator associado à deficiência de folato? Alcoolismo ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Laboratório – – – – – – – VCM pode atingir valores até 140 fL Anisocitose com aumento do RDW Sangue periférico: hipersegmentação dos neutrófilos Macroovalócitos LDH aumentado BI aumentada Reticulócitos normal ou baixo ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Laboratório – Vit B12 VR: 200-900 pg/ml • Se >300 pg/dl torna improvável o diagnóstico • Dosagem <200 pg;dl praticamente confirma diagnóstico – Folato VR: 2,5 a 20 ng/ml • Folato < 2 torna provável o diagnóstico • Folato >4 praticamente exclui diagnóstico Ácido metilmalônico está elevado na deficiência de cobalamina Homocisteína está elevada na deficiência de cobalamina e folato ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Tratameto – Deficiência de cobalamina • Problema na má absorção • Administrar via parenteral – 1000 unidades por dia por 7 dias IM – 1000 unidades 1 a 2 x/semana por 4 semanas – Se a. perniciosa ou causa irreversível: dose mensal • Via oral – 2 mg/dia de cobalamina ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Tratameto – Deficiência de folato • 1 a 5 mg/dia VO • Se problema na absorção: até 15 mg/d • Complicações do tratamento – Hipocalemia • Pelo consumo de K pelas céls. em multiplicação exagerada – Falsa melhora na reposição de ác. fólico • No pcte com def de vit. B12 o quadro neurológico não melhora ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Profilaxia – Vegetarianos • Reposição de cobalamina em dose baixa 5-10 g/d – RN e lactentes filhos de mães deficientes em cobalamina – Disabsorção crônica de vit. B12 • Gastrectomizados, a. perniciosa, acloridria, insuf. pancreática • Dose 2000 g/dia ANEMIA APLÁSICA • Principais causas de pancitopenia • Associado à biópsia de MO acelular ou hipocelular • Menos de 30% do espaço celular ocupado por células hematopoiéticas – Restante da medula contém apenas céls. adiposas ANEMIA APLÁSICA • Causas – 50% das a. aplásicas adquiridas não tem causa conhecida – Fator agressor: Radiação ionizante, benzeno ou outros produtos químicos, drogas como cloranfenicol, fenilbutazona, ag. quimioterápicos, infecções virais como hepatite, mononucleose infecciosa, HIV, reação transfusional ANEMIA APLÁSICA • Laboratório – – – – – – – Pancitopenia é a regra Pode ser normocítica ou macrocítica Macrocitose é comum com valores < 115 fL Ht < 25% Plaquetas <50.000 Leucócitos de 150 a 1.500/mm³ Queda de neutrófilos • Neutropenia < 1.000/ mm³ • Neutropenia grave < 500/mm³ ANEMIA APLÁSICA • Tratamento – Sem tto 25% evoluem com forma agressiva e fulminante • Sobrevida de 4 meses – Outros casos evoluem progressivamente para o óbito • Sobrevida média de 30% em 5 anos – 10% apresentam evolução favorável – Com terapia sobrevida de 90% em 5 anos • Pacientes jovens candidatos ao alotransplante de MO ANEMIA APLÁSICA • Tratamento – Suporte • Transfusão de plaquetas quando < 10.000/mm³ – Definitivo • Transplante de MO alogênico – Esse paciente é candidato? – >40 anos, transplante de MO não está indicado – Sem doadores totalmente compatíveis, com terapia imunossupressora ineficaz: TMO com doador parcialmente compatível ANEMIA APLÁSICA • Tratamento – Definitivo • Terapia imunossupressora – – – – – – – Não candidatos ao alotransplante Globulina antitimócito+ ciclosporina 60 a 80% de boa resposta Destes, 1/3 normalizadas contagens hematológicas E nesse grupo, a sobrevida é de 90% em 5 anos Outros 2/3 mantêm citopenias sem necessidade de transf. E nesse grupo, a sobrevida é de 50%