III Congresso Consad de Gestão Pública REESTRUTURAÇÃO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS E CONSTRUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO: MECANISMOS PARA EFETIVAÇÃO DO CONTROLE SOCIAL DO PROJETO DE COMBATE A POBREZA RURAL (PCPR) Genivaldo Alves Santos Magaly Nunes de Góis Terezinha Aparecida Fonseca Araújo Painel 18/071 Organizações sociais e OSCIPs: balanço e perspectivas REESTRUTURAÇÃO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS E CONSTRUÇÃO DO PLANO DE AÇÃO: MECANISMOS PARA EFETIVAÇÃO DO CONTROLE SOCIAL DO PROJETO DE COMBATE A POBREZA RURAL (PCPR) Genivaldo Alves Santos Magaly Nunes de Góis Terezinha Aparecida Fonseca Araújo RESUMO O Projeto de Combate à Pobreza Rural (PCPR) é uma ação do governo de Sergipe direcionada para o financiamento de subprojetos comunitários de interesse das comunidades localizadas nas áreas mais pobres, como meio de promoção do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida de suas populações. Sua gestão é compartilhada com a sociedade civil seguindo a lógica e estratégia de execução das políticas, programas e projetos sociais adotadas no Brasil a partir da década de 90 com a implantação do neoliberalismo e instituição do Estado mínimo que divide e transfere responsabilidades para o mercado, por meio da privatização do patrimônio público e da oferta de serviços públicos por empresas privadas e para a sociedade civil, quando esta sai da condição de coadjuvante da ação do Estado e assume o papel de protagonista das políticas sociais, tornando-se responsável pela identificação, execução, monitoramento, avaliação e controle social das políticas e conseqüentemente cooresponsável pela aplicação dos recursos públicos, acertos e erros presentes na caminhada e pela pouca presença do Estado na construção, implantação e operacionalização das políticas e garantia dos direitos sociais. O PCPR, como toda ação pública estatal ou não estatal, tem algumas condicionalidades para que as comunidades tenham acesso as ações e recursos – ter uma associação ou organização comunitária legalmente constituída, adimplente com a União, Estado e município e cadastrada em sua unidade técnica (UTE), a Empresa de Desenvolvimento Sustentável do Estado de Sergipe (PRONESE); ter um conselho de desenvolvimento municipal em funcionamento; ter um Plano de Ação (PA) e assumir parte do valor do projeto, a título de contrapartida. Nesta perspectiva, foram criados 71 conselhos, denominados Conselhos de Desenvolvimento Municipal (CONDEM), 68 entre 1996 e 1997 e 03 no início dos anos 2000. A estreita vinculação entre a existência dos conselhos e a do PCPR; a pouca maturidade de alguns conselhos; a dependência destes das prefeituras municipais, prevista nas leis de criação e em muitos regimentos internos; a cultura política conservadora e autoritária presente no estado de Sergipe e o pouco exercício de participação na gestão pública, tanto por parte do Estado como da sociedade civil, contribuíram para a baixa efetividade da ação dos conselhos, a pouca dinamicidade e funcionamento inconstante dos mesmos; a desestruturação e existência, somente do ponto de vista legal de muitos Conselhos, em especial nos anos 2006, 2007 e 2008, período de inexistência do PCPR, em função da não renovação do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, principal fonte de recurso do Projeto. A real perspectiva de renovação do acordo para a retomada do PCPR, em sua segunda fase, em 2009, levou a atual gestão da PRONESE, por meio da gerência do Projeto a desenvolver um processo de reestruturação dos conselhos com vistas a: reativar os trabalhos junto aos mesmos; diagnosticar a situação dos conselhos; discutir as possibilidades de unificação dos conselhos institucionais; estabelecer estratégias de articulação e parcerias e apresentar proposta de trabalho da PRONESE a ser adotada na implantação e operacionalização do PCPR II – 2a Fase. Na perspectiva de alcançar os objetivos propostos foi definida e construída coletivamente uma proposta metodológica composta de seguintes passos: levantamento dos conselheiros baseando-se nas leis de criação e emendas às mesmas e estatutos social; elaboração de convite; mobilização de todos os conselhos e conselheiros e realização de 08 encontros territoriais, no período de 03 a 13 de março de 2009, com participação de 70 dos 71 conselhos existentes e de 929 conselheiros. Os encontros foram desenvolvidos a partir da adoção de uma metodologia de natureza participativa, a fim de possibilitar que os conselheiros apresentassem suas percepções sobre o conselho com ênfase nos pontos: papel e atribuições; participação das mulheres, jovens, comunidades quilombolas, indígenas e pescadores ribeirinhos; oportunidade de renovação da composição; situação do mandato os conselheiros e equipe gestora; inclusão de novos membros; comunicação (formas e alcance); parcerias existentes e a serem construídas e alternativas para fortalecimento e consolidação dos conselhos. Esse processo possibilitou a construção de um diagnóstico dos conselhos e a indicação de passos essenciais ao fortalecimento e consolidação dos mesmos como espaços sociais de negociação e de construção de políticas públicas, assim como a democratização do PCPR, que passam por: a) uma ação de formação que os instrumentalizem para a prática cotidiana; b) revisão dos instrumentos de legalização e regulação do funcionamento dos mesmos; c) ampliação das representações; d) acesso a infra-estrutura física e equipamentos que permitam a operacionalização de suas ações; e) financiamentos de projetos comunitários frutos de um processo de discussão coletiva, adequados a realidade das comunidades e que possibilitem o desenvolvimento sustentável; f) estabelecimento de parcerias com organizações governamentais e não governamentais e g) construção de uma agenda de trabalho com vistas a realizar reuniões municipais para dar continuidade ao processo de discussão, aprofundar o diagnóstico e implantar as ações necessárias e apontadas pelos conselheiros para a reestruturação dos conselhos, além da elaboração do Plano de Ação dos municípios com indicações de projetos e ações prioritárias. Para a elaboração e implantação do PA, a PRONESE definiu uma proposta metodológica que exige o envolvimento da equipe técnica, associações e conselhos e contem os seguintes passos: 1) preenchimento, pelas associações de ficha de caracterização das comunidades; 2) identificação, pelos conselhos, das comunidades mais pobres (graduação das comunidades); 3) identificação, pelas comunidades, de suas demandas por ordem de necessidade (priorização das demandas); 4) elaboração do PA com base na graduação das comunidades e na ordem de prioridade das demandas apresentadas pelas comunidades e; 5) encaminhamento do PA, pelos conselhos. Esse processo resultou na reestruturação de 55 conselhos; unificação de 25; graduação de 50 e elaboração do PA de 47 municípios. Sistematizar o processo de reestruturação dos conselhos e de construção e implantação do PA com seus limites, possibilidades e desafios se constitui o objetivo do presente trabalho. Palavras-chave: Conselhos. Participação. Gestão compartilhada. Plano de ação. Demandas. Projetos. Políticas públicas. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 04 2 PCPR – BREVE DISCUSSÃO................................................................................ 06 3 GESTÃO DO PCPR – O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA............. 10 3.1O Conselho de Desenvolvimento Municipal (CONDEM)...................................... 13 4 REESTRUTURAÇÃO DOS CONSELHOS............................................................. 15 5 PLANO DE AÇÃO – PROPOSTA METODOLÓGICA DE CONSTRUÇÃO............ 27 5.1 Graduação de comunidades................................................................................ 27 5.2 Identificação das demandas................................................................................ 30 5.3 Elaboração do PA em si....................................................................................... 30 6 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 33 6.1 Possibilidades...................................................................................................... 33 6.2 Limites.................................................................................................................. 34 6.3 Desafios............................................................................................................... 35 7 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 36 4 1 INTRODUÇÃO O Projeto de Combate à Pobreza Rural (PCPR) é uma ação do governo de Sergipe direcionada para o financiamento de subprojetos comunitários de interesse das comunidades localizadas nas áreas mais pobres, como meio de promoção do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida de suas populações. Sua gestão é compartilhada com a sociedade civil, representada pelas organizações e associações comunitárias e conselhos municipais, responsáveis pela identificação, execução, monitoramento, avaliação e controle social das ações implementadas pelo Projeto. Nesta perspectiva, foram criados 71 conselhos, denominados Conselhos de Desenvolvimento Municipal, 68 entre 1996 e 1997 e 03 no início dos anos 2000. A estreita vinculação entre a existência dos Conselhos e a do PCPR; a pouca maturidade de alguns conselhos; a dependência destes das prefeituras municipais, prevista nas leis de criação e em muitos regimentos internos; a cultura política conservadora e autoritária presente no estado de Sergipe e o pouco exercício de participação na gestão pública, tanto por parte do Estado como da sociedade civil, contribuem para a baixa efetividade da ação dos conselhos, a pouca dinamicidade e funcionamento inconstante dos mesmos; a desestruturação e existência, somente do ponto de vista legal de muitos Conselhos, em especial nos anos 2006, 2007 e 2008, período de inexistência do PCPR, em função da não renovação do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, principal fonte de recurso do Projeto. A real perspectiva de renovação do acordo para a retomada do PCPR, em sua segunda fase, em 2009, levou a atual gestão da PRONESE, por meio da gerência do Projeto a desenvolver um processo de reestruturação dos Conselhos com vistas a: reativar os trabalhos junto aos mesmos; diagnosticar a situação destes; discutir as possibilidades de unificação dos conselhos institucionais; estabelecer estratégias de articulação e parcerias, apresentar proposta de trabalho da PRONESE a ser adotada na implantação e operacionalização do PCPR II – 2ª Fase e elaborar o Plano de Ação dos municípios. 5 O presente artigo tem por finalidade sistematizar o processo de reestruturação dos conselhos e de construção e implantação do PA com seus limites, possib96ilidades e desafios e está estruturado em 4 (quatro) partes: uma breve discussão sobre o PCPR, razão inicial de criação dos conselhos; o papel da sociedade civil organizada na gestão do PCPR; a reestruturação dos conselhos e os procedimentos metodológicos para elaboração do Plano de Ação. 6 2 PCPR – BREVE DISCUSSÃO O PCPR II – 2a fase é uma ação do Estado de Sergipe, voltada para financiar projetos de investimentos comunitários de interesse das comunidades rurais mais pobres do Estado com o objetivo de apoiar o Governo do Estado no aumento das oportunidades sociais e econômicas, melhorando o acesso à infraestrutura básica, social e econômica e, conseqüentemente, contribuindo para o aumento do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios. Os recursos necessários para sua operacionalização são oriundos de Acordo de Empréstimo com o Banco Mundial (BIRD) da ordem de US$ 20,8 milhões (76,63%) e US$ 6,3 milhões (23,37%) do Governo do Estado em parceria com organizações e associações comunitárias a título de contrapartida, correspondendo a 10% do valor de cada subprojeto. O Projeto está presente em 71 dos 75 municípios sergipanos com exceção da capital do estado (Aracaju) e dos municípios de São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros, que compõem a região metropolitano de Aracaju. A área assistida pelo PCPR apresenta uma extensão territorial de 21.106 km², correspondendo a 96% da extensão do estado e uma população de 1.179.428 habitantes equivalente a 59% da população sergipana. Tem por usuário as comunidades rurais (povoados e aglomerados rurais), selecionadas pelos Conselhos de Desenvolvimento Municipal (CONDEM) que operam com os Subprojetos Comunitários na área de atuação do Projeto, e sedes municipais com população inferior a 7.500 habitantes, dentre estas atendendo prioritariamente subprojetos oriundos de comunidades quilombolas, povos indígenas, grupos mulheres e de jovens. As comunidades potencialmente beneficiárias devem estar organizadas em organizações e/ou associações comunitárias legalmente constituídas de acordo com os Art. No 53 a 611 do Código Civil vigente, (Lei no 10.406 de 1 Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I – a denominação, os fins e a sede da associação; II – os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III – os direitos e deveres dos associados; IV – as fontes de recursos para sua manutenção; 7 10.01.2002) cadastradas e qualificadas junto a PRONESE, em conformidade com a Instrução Normativa no 01 de 18 de setembro de 20092 para ter acesso aos investimentos do Projeto. Por princípio, a cada comunidade deve corresponder uma organização e/ou associação comunitária que represente o seus interesses ou, dependendo do seu tamanho ou de interesses específicos, pode haver mais de uma, desde que, cada uma represente um grupo específico e que não haja múltipla participação, ou seja, membros participando de mais de uma associação ao mesmo tempo. Em sua estratégia de implantação e operacionalização está previsto que: a) o Projeto concentrará 70% dos recursos totais para financiamento de subprojetos nos 41 municípios considerados mais pobres, ou seja, os de IDH ≤ 0, 622 e os 30% restantes nos 30 municípios menos pobre, com IDH ≥ 0, 623 (Anexo 1); b) os conselhos farão quando da implantação do PCPR a identificação das comunidades V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto; III – aprovar as contas; IV – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. o § 1 Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. o § 2 Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 2 Atualiza o sistema de cadastro de Associações Comunitárias e Organizações Comunitárias na PRONESE, e estabelece procedimentos para emissão do certificado pertinente. 8 mais pobres e menos pobres3 de seus municípios e no início de cada ano um levantamento de todas as comunidades rurais em suas respectivas áreas de jurisdição, listando-as em ordem decrescente de pobreza e/ou carência (comparação da situação da comunidade em relação às demais do município), concedendo prioridade máxima de atendimento às demandas e subprojetos apresentados pelas comunidades consideradas mais pobres. Os subprojetos financiados não devem ultrapassar o equivalente a US$ 50.000,00, a menos que, em casos específicos, haja manifestação prévia de concordância do Banco Mundial quanto aos méritos técnicos, econômicos, financeiros e sociais dos subprojetos cujos custos totais excedam este limite. A consulta prévia ao Banco nestes casos é condição para desembolso por parte do Banco Mundial. O PCPR, assim como toda ação pública, tem condicionalidades de acesso aos recursos e investimentos, tais como: a) ter um Conselho Municipal; b) ter organização e/ou associação Comunitária, legalmente constituída, cadastrada e adimplente junto à administração pública federal, estadual e municipal; c) garantir a contrapartida da comunidade no subprojeto; d) eleger um comitê de controle formado por usuários para cada subprojeto financiado; e) apresentar demanda e/ou subprojeto identificado como prioritário pelas comunidades e adequados à realidade local. O Projeto financia pequenos investimentos (subprojetos comunitários) direcionados a ações de infra-estrutura sócio-produtiva, geração de ocupação e renda e atividades sócio-culturais e ambientais. No que tange a infra-estrutura são financiados subprojetos de abastecimento de água, pequenas pontes de concreto, passagens molhadas, armazéns comunitários e eletrificação rural (quando direcionada para complementaridade de outros subprojetos, especialmente produtivos). Quanto aos subprojetos produtivos, são financiados ações para implementação, ampliação ou melhoria de atividades produtivas, tais como: produções agrícola, pecuária, agro-industrial, piscicultura, apicultura, pequenos negócios não agrícolas, incluindo introdução de tecnologia e sistemas de comercialização, assegurando-se a viabilidade técnica, econômica e financeira. Para os subprojetos sociais e culturais são financiados investimentos comunitários 3 Processo de graduação das comunidades. 9 diretamente relacionados com o bem-estar sócio-cultural, tais como: construção de sanitários domiciliares, ações de educação, saúde, pontos de cultura, salas de leitura, videoteca, instrumentos musicais, assim como equipamentos de apoio a atividades sociais e comunitárias e a atividades produtivas não orientadas para o mercado e/ou de subsistência, do maior número possível dos membros das comunidades. Frisa-se que subprojetos inovadores tais como os relacionados com capacitação/profissionalização em informática, são também elegíveis de financiamento No que diz respeito a subprojetos ambientais são financiados atividades destinadas à proteção, defesa e valorização do meio ambiente, tais como a recuperação de áreas degradadas e o controle/reversão de processos de contaminação e de degradação ambiental. Em todos os subprojetos devem ser asseguradas às salvaguardas ambientais e viabilidade técnica, econômica e social, a fim de garantir a sustentabilidade do investimento e o alcance dos objetivos do PCPR e dos propostos nos subprojetos. Para Jara (1997, p. 11), o subprojeto se constitui, em princípio, uma resposta específica e localizada do Estado, e ao mesmo tempo uma intenção manifesta da associação comunitária procurando resolver um problema comum prioritário. Trata-se, por conseguinte, de um esforço coletivo e participativo, jamais de uma empreitada individual em benefícios de poucos. A identificação, elaboração, execução e gestão do subprojeto são de responsabilidade das organizações e associações comunitárias e a gestão e o controle social do PCPR é uma atribuição compartilhada entre os conselhos e o Estado, representado pela PRONESE, unidade técnica do mesmo, seguindo a estratégia de descentralização das políticas públicas brasileira, pós Constituição de 1988. 10 3 GESTÃO DO PCPR – O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA A Constituição Federal de 1988 definiu instrumentos e mecanismos viabilizadores e ativadores da participação de representantes da sociedade civil nos processos decisórios de governo e no controle e gestão das políticas públicas de corte social. Em conseqüência, novas formas de expressão e relação, diferentes das tradicionais, baseadas na conciliação, na negociação pessoal, na troca de favores e na submissão, estão sendo construídas. A descentralização e municipalização, demarcadas na Constituição Federal vigente, exigem transferência e distribuição de poder, dividindo responsabilidades e competências, em detrimento de imposições autoritárias de qualquer partido ou classe social. “A descentralização visa promover condições de auto-dependência nos espaços locais, dando maior realismo à gestão dos governos locais, não apenas pela proximidade e conhecimento dos problemas, senão pela maior facilidade de diálogo entre os atores.” (JARA, 1995, p. 10). A estratégia de descentralização exige flexibilidade burocrática, transparência, sensibilidade social, envolvimento da sociedade civil na definição de prioridades, compromisso das comunidades e das organizações e associações comunitárias com a gestão dos programas e projetos e o estabelecimento de novas formas de relacionamento entre o Estado e sociedade civil. Assim, a descentralização do Estado e das políticas públicas viabilizará a construção de uma nova forma de governar, em que a articulação entre a sociedade civil e o Estado é fator preponderante. Não há sociedade civil sem Estado nem Estado sem sociedade civil. A presença efetiva de ambos é que garante a descentralização e constrói uma nova governabilidade. A construção de instâncias de decisão democrática passa, necessariamente, pela criação de espaços para o exercício da cidadania, ou seja, criação de “instâncias institucionalizadas de participação social para a expressão de interesses locais, visando reorientar as prioridades e estimular a micro-solidariedade dos atores em torno de problemas específicos”. (JARA, 1995, p. 11). Nesse sentido, a construção de uma nova governabilidade passa, em um primeiro momento, pela democratização do Estado e, em segundo, pela democratização de toda a sociedade. Exige a criação de espaços públicos que 11 reúnam representantes do governo e dos usuários das políticas públicas, onde o povo seja visto como cidadão de direitos e co-participe da administração da coisa pública. Espaços em que a cidadania possa ser exercida e respeitada. Nesse cenário, surgem os conselhos gestores municipais como órgãos de mediação entre a sociedade civil e o Estado. Segundo Raichelis (1998, p. 26-27), inerente a tal movimento, encontra-se o desafio de construir espaços de interlocução entre sujeitos sociais que imprimam níveis crescentes de publicização, no âmbito da sociedade civil e da sociedade política, no sentido da criação de uma nova ordem democrática valorizadora da universalização dos direitos de cidadania. Os conselhos gestores se configuram como um mecanismo, dentre outros, de participação da sociedade civil no campo de ação das políticas públicas de corte social, com a tarefa de colaborar na implementação e no controle social destas. São, portanto, espaços públicos que reúnem representantes do governo e da sociedade civil organizada que contribuem para o processo de descentralização do Estado. É importante ressaltar que a descentralização e a democratização das políticas públicas e do Estado são conquistas da sociedade civil, fruto da luta e das demandas populares pela redemocratização do Brasil, significando a repartição do poder entre o Estado e a sociedade civil, a constituição de uma nova cultura de negociação, de uma cidadania real, em que os direitos sociais mínimos sejam respeitados e os homens sejam considerados cidadãos de direito. Deverá caminhar na busca do empoderamento da sociedade, via capacitação político-organizacional que leva ao resgate/crescimento da auto-estima, a construção da identidade, e dos valores emancipatórios do ser humano – autonomia e liberdade – valores essenciais à construção não só do ser humano, mas também de uma gestão democrática e de uma nova esfera pública. Os conselhos gestores são, teoricamente, considerados mecanismos de expressão e de defesa dos reais interesses e necessidades da maioria da sociedade, ou seja, mecanismo de construção da cidadania ativa, onde o cidadão não é visto, tão somente, como portador de direitos e deveres, mas em especial como cidadão capaz de propor e de criar novos direitos. 12 O PCPR, como toda política, programa e projeto social, concebidos e implementados a partir da década de 80 do século XX, apresenta como idéia central a interação de forças sociais e das energias políticas, com o intuito de descentralizar e democratizar o processo de tomada de decisão sobre os recursos em nível comunitário, municipalizando suas ações. Para viabilizar essa descentralização e municipalização, foram criados e implementados conselhos municipais, acompanhando a estratégia de descentralização das políticas públicas de corte social prevista na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). O conselho gestor municipal é concebido como instância de decisão, articulação e mediação entre a PRONESE e a sociedade civil, “mecanismo apropriado para associar as políticas do Estado com os interesses da sociedade local, permitindo a escolha de alternativas adequadas à implementação sustentável de projetos” (JARA, 1997, p.13). O PCPR prevê que a graduação, seleção, priorização (elaboração do Plano de Ação – PA) e análise dos subprojetos e de investimentos comunitários são de responsabilidades dos conselhos municipais em conjunto com as organizações e/ou associações comunitárias, visto que, com a estratégia de descentralização do desenvolvimento comunitário, os conselhos e as organizações da sociedade civil assumem o papel de avalistas de subprojetos, mediadores e negociadores de interesses locais, executores de tarefas, construtores do consenso, exercitando a transparência e o controle social. A transferência de responsabilidades do Estado para a sociedade civil, via conselhos gestores municipal, “significa que a tomada de decisão sobre o financiamento dos chamados projetos comunitários e das propostas de desenvolvimento local passa para o interior dos conselhos, como mecanismo de participação e controle social.” (JARA, 1997, p. 13). A depender da concepção, da composição e da gestão, os conselhos gestores do PCPR contribuem ou contribuirão para a manutenção do status quo ou para “a reconstrução democrática da relação entre a sociedade local e o Estado, criando dispositivos e capacidades que permitam reduzir a desigualdade de distribuição dos recursos, acesso ao poder, de informação e de formação de atores sociais fracos.” (JARA,1997, p. 15). 13 3.1O Conselho de Desenvolvimento Municipal (CONDEM) Apesar da concepção e estratégia de descentralização, via conselhos, estão presentes nas políticas públicas, programas e projetos sociais atuais, estes conselhos apresentam características diferenciadas a depender da política e do programa/projeto que esteja gerindo e controlando. Nesse sentido, o conselho gestor do PCPR possui especificidades que lhe dão uma configuração singular. a) Finalidade – restrita à gestão e controle social dos programas e projetos sociais4 direcionados, prioritariamente, a área rural. b) Processo de criação/implantação – lei municipal ou estatuto social. Dos 71 (setenta e um) conselhos gestores do PCPR, somente dois foram criados por estatuto. Ressalta-se que, segundo o Manual de Operações do PCPR II (2001, p. 17), os conselhos municipais “podem ter origem em iniciativas de grupos organizados da sociedade civil ou por iniciativa do Poder Executivo, enviando projeto de lei a ser aprovado pelo Poder Legislativo Municipal”, e que os conselhos criados por lei são obrigados a recorrerem ao Executivo e Legislativo Municipal, quando de alteração em sua estrutura e funcionamento, tais como: inclusão e exclusão de entidade, tempo de mandato da equipe gestora e conselheiros, processo eleitoral. Um dado a ser considerado é que a predominância da lei, como instrumento de criação dos conselhos gestores, pode inviabilizar o envolvimento da sociedade e dos reais usuários no processo de construção dos mesmos e tornar essa decisão um processo unilateral. É público e notório que os gestores municipais, em sua maioria, não possuem uma cultura democrática e uma postura de negociação, conseqüentemente, há uma tendência de se criar conselhos pouco representativos, tendenciosos, excluindo, de sua composição, as entidades que não fazem parte de suas bases eleitorais ou, como se diz popularmente, “que não rezam na mesma cartilha”. Por isso, segundo Jara (1995, p.11), “é preciso ter cuidado, ética e visão estratégica na organização dos Conselhos Municipais”. 4 PCPR, Programa Nacional do Crédito Fundiário (PNCF), Programa de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF), PAIS. 14 c) Composição não paritária – 20% dos conselheiros são representantes do poder público e 80% da sociedade civil organizada. O poder público é representado pela prefeitura, câmara de vereadores, secretarias municipais (Agricultura, Assistência Social, Saúde, Obras dentre outras), empresa pública de assistência técnica e Unidade Técnica do PCPR. A sociedade civil é representada pelas associações comunitárias legalmente constituídas, Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), entidades religiosas, conselhos municipais (Assistência, Saúde, Educação, Tutelar, dentre outros), movimentos sociais, movimentos sindicais e Organizações Não Governamentais (ONGs) com representação no município. Registra-se que há uma participação majoritária de organizações, associações e movimentos rurais, tendo em vista o direcionamento da ação desse Conselho para a área rural. 15 4 REESTRUTURAÇÃO DOS CONSELHOS A estratégia de reestruturação dos conselhos foi iniciada com a realização de encontros com participação de conselheiros e organizações governamentais e não governamentais parceiras, com vista a retomar os trabalhos da PRONESE junto aos mesmos, consolidar os conselhos nos municípios, além de contribuir para o exercício do controle social, atribuição principal desses espaços sociais e para o acesso as ações do PCPR. a – Os encontros territoriais A estreita vinculação entre a existência dos Conselhos e o PCPR; a pouca maturidade de alguns conselhos; a dependência destes das prefeituras municipais, prevista nas leis de criação e em muitos regimentos internos; a cultura política conservadora e autoritária presente no estado de Sergipe e o pouco exercício de participação na gestão da coisa pública, tanto por parte do Estado como da sociedade civil, contribuíram para a baixa efetividade da ação dos conselhos, a pouca dinamicidade e funcionamento inconstante dos mesmos; a desestruturação e existência, somente do ponto de vista legal de muitos destes Conselhos, em especial nos anos 2006, 2007 e 2008, período de inexistência do PCPR, em função da não renovação do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, principal fonte de recurso do mesmo. A real perspectiva de renovação do acordo para a retomada do PCPR, em sua segunda fase, em 2009, levou a atual gestão da PRONESE, por meio da gerência do Projeto a desenvolver um processo de reestruturação dos Conselhos com vistas a: reativar os trabalhos junto aos mesmos; diagnosticar a situação destes; discutir as possibilidades de unificação dos conselhos institucionais5; estabelecer estratégias de articulação e parcerias e apresentar proposta de trabalho da PRONESE a ser adotada na implantação e operacionalização do PCPR II – 2ª Fase, visando o fortalecimento dos conselhos e a garantia do exercício de sua função principal: o controle social dos programas e projetos área de abrangência de sua atuação. 5 Conselhos que exercem o controle social de programas e projetos sociais, a exemplo dos Conselhos Gestores do PCPR, PRONAF, PNCF. 16 Para tanto foram organizados e realizados oito Encontros Territoriais6 com a participação de 70 dos 71 conselhos gestores do PCPR, no período de 3 a 13 de março de 2009, contando com a participação de 626 representantes da sociedade civil organizada e 130 representantes do poder público. Os encontros territoriais foram realizados a partir do processo de mobilização iniciado com fase preparatória na qual a UTE realizou o levantamento dos conselheiros baseando-se nas leis de criação e emendas às mesmas, estatuto social e a preparação do convite que foram entregues aos conselheiros dos 71 municípios, área de atuação do PCPR, no período de 18/02 a 04/03/09. Quando da realização dos encontros foi utilizada uma metodologia de natureza participativa, lançando mão de trabalho de grupo e plenária para apresentação dos resultados dos trabalhos e avaliação dos encontros com a finalidade de conhecer as percepções dos conselheiros sobre os conselhos; a realidade vivenciada pelos conselhos; os caminhos para fortalecimento e consolidação dos conselhos além de identificar as parcerias necessárias ao funcionamento dos conselhos e a garantia dom exercício do controle social. Para identificação dos participantes, construção do diagnóstico dos conselhos e alcance dos objetivos dos encontros foi realizado dois trabalhos em grupo. O primeiro denominado “Quem somos” e o “O que esperamos desta reunião?”, visou identificar os participantes e suas expectativas com relação ao encontro, obtendo-se os seguintes resultados: a maioria dos presentes pertencia a associações comunitárias (539) e demais segmentos da sociedade civil (87) – representante de igrejas, STTR e movimentos sociais; o poder público foi representado por 130 pessoas, totalizando assim 756 participantes. Quanto ao que esperavam dos encontros constatou-se que as expectativas expressas por cada município estavam vinculadas ao desenvolvimento de ações pela PRONESE na perspectiva de apoio ao desenvolvimento do município “que a PRONESE resolva sua situação com o Banco municipal para que nós possamos realizar as execuções dos nossos projetos e voltar a realizar cursos de capacitação para novos conselheiros para saber cada um sua responsabilidade e papel dentro do conselho”. (Conselho de Umbaúba – Território Sul Sergipano). Outra 6 O estado de Sergipe atualmente está dividido em 8 territórios conforme detalhamento a seguir: Alto Sertão; Sul Sergipano; Baixo São Francisco; Agreste Centra; Médio Sertão; Centro Sul; Leste Sergipano e Grande Aracaju. 17 expectativa é com relação à resolutividade do PCPR que está expressa no depoimento “sair daqui com respostas concretas da PRONESE, pois tem mais de 04 anos que estamos crucificados na base, todos os anos fazendo plano de ação e nada se concretiza”. (Conselho de Tobias Barreto – Território Centro Sul). Ressaltase que a reestruturação e fortalecimento dos conselhos e das organizações e associações comunitárias são também expectativas de todos os territórios. O segundo trabalho apontou a situação dos conselhos naquele momento, identificando o entendimento dos conselheiros sobre questões essenciais ao funcionamento, fortalecimento e consolidação dos mesmos. 1) Concepção e papel do conselho Há uma percepção clara da maioria dos conselheiros que os conselhos são instrumentos de controle e que devem ser geridos de forma democrática, fazendo valer as decisões tomadas em suas reuniões, conforme depoimento: “É um espaço discursivo, propositivo, deliberativo e fiscalizador, composto por representantes da sociedade civil e governamental.” – (Conselho de Poço Verde). Uma minoria considerou ainda o Conselho como entidade executiva, de acordo com a fala e um conselheiro de Divina Pastora: “É a reunião de diversas entidades em prol das dificuldades que existem no município para desenvolver projetos e acompanhar seus municípios”. 2) O conselho enquanto espaço de conhecimento do PCPR e de exercício da transparência Do total de 70 conselhos presentes, 63 afirmaram que o princípio da transparência foi adotado na gestão dos conselhos enquanto 08 expressaram que não houve transparência, a saber: Poço Redondo (Território Alto Sertão); Telha (Território Baixo São Francisco); Pirambu (Território Leste Sergipano); Campo do Brito e Carira (Território Agreste Sergipano); Indiaroba (Território Sul Sergipano); Maruim e Riachuelo (Território Grande Aracaju). 3) O conselho enquanto espaço social de negociação no município Os conselheiros de 64 municípios concebem o conselho como espaço para negociação, isto porque nas reuniões é garantido o direito de voz a todos e as decisões são tomadas de forma democrática, porém em 6 municípios (Cedro de São João, Telha, Feira Nova, Pirambu, Indiaroba e Laranjeiras) as decisões não ocorrem de forma democrática, há interferência política partidária, segundo depoimento dos participantes. 18 4) Participação das mulheres, jovens, comunidades quilombolas, povos indígenas e pescadores ribeirinhos no conselho Segundo os conselheiros há participação de mulheres e jovens, comunidades quilombolas, povos indígenas e pescadores ribeirinhos nos 70 conselhos através de suas entidades. Porém, a participação ainda é muito restrita, precisando ser incentivada. 5) Renovação da composição dos conselhos Os conselhos em sua maioria 88,28% garantiram a renovação dos membros em sua composição, o que corresponde a 57 municípios e 19,72% não oportunizaram a renovação dos mandatos, realidade vivenciada em 14 municípios dos territórios, conforme Quadro 1. TERRITÓRIOS Baixo São Francisco Médio Sertão Leste Sergipano Agreste Sergipano Grande Aracaju MUNICÍPIOS Japoatã, São Francisco e Telha Nossa Senhora das Dores Divina Pastora, Pirambu, Rosário do Catete e Santa Rosa de Lima Areia Branca, Carira, Frei Paulo e Aparecida Itaporanga e Riachuelo Quadro 1: Renovação da composição dos conselhos 6) Estratégia para consolidação dos conselhos As ações abaixo relacionadas expressam o que deve ser feito para consolidação dos Conselhos na visão dos conselheiros. Reativação dos conselhos. Atualização das Leis de criação dos conselhos. Capacitação dos conselheiros. Estruturação física e financeira (local e equipamentos). Parcerias e articulação com organizações governamentais e não governamentais. Regularização da situação cadastral das organizações e associações comunitárias junto a PRONESE. Fóruns permanentes de discussão. Reestruturação dos conselhos e das associações. Fazer pesquisa nas comunidades para identificar os subprojetos que a população anseia junto a PRONESE. 19 Priorizar as demandas, de acordo com as reais necessidades das comunidades e dos municípios. Integração com órgãos governamentais sem comprometer a independência do conselho. Elaborar e cumprir o calendário de reuniões ordinárias. Transparência nas ações do Conselho e da PRONESE. Financiamento dos subprojetos comunitários respeitando a ordem de prioridade aprovada pelo Conselho. 7) Situação dos mandatos dos conselheiros Dos 70 conselhos presentes aos encontros, 29 estavam com mandato em dia, destes 7 pertencem ao Território do Alto Sertão, correspondendo a 100% dos municípios deste território. 8) Unificação dos conselhos A unificação do Conselho, que significa a fusão de dois ou mais conselhos institucionais, e no caso em estudo a fusão do Conselho de Desenvolvimento Municipal (CONDEM) com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), resultando na criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Sustentável (CMDS), ocorreu, à época dos encontros, em 15 municípios, conforme está especificado no Quadro 2. TERRITÓRIO Alto Sertão Baixo São Francisco Médio Sertão Sergipano Agreste Sergipano Sul Sergipano MUNICÍPIO Gararu, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Porto da Folha, Monte Alegre Telha Aquidabã, Itabi e Feira Nova Campo do Brito, Pinhão, Macambira e Moita Bonita Salgado, Santa Luzia do Itanhi e Tomar do Geru Quadro 2: Unificação dos conselhos 9) Inclusão de novos membros no conselho A inclusão de novas organizações nos conselhos se dá por meio de solicitação à equipe gestora dos mesmos que submete à aprovação da assembléia, enviando posteriormente, solicitação ao gestor municipal de emenda à Lei que legisla sobre a composição destes. Nos conselhos dos municípios de Brejo Grande (Baixo São Francisco) e de Itabaianinha (Sul Sergipano) a alteração ocorre no Estatuto, pois, os mesmos são regidos por este instrumento. 20 10) Formas de comunicação adotadas pelo conselho Os conselhos se comunicam através de editais de convocação, ofícios, telefone, anúncios em rádio, carro de som. 11) Parceria entre os conselhos e organizações governamentais e não governamentais Os Conselhos identificaram diversas instituições públicas das três esferas do Estado, privadas, organizações não governamentais (ONG) que já são parceiros e que poderão estabelecer novas parcerias. Na esfera governamental identificaram: Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério Público, Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), Universidade Federal de Sergipe (UFS), agentes financeiros públicos (BN BNDS, BB, CEF), Desenvolvimento Rural Sustentável do Banco do Brasil (DRS), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), PETROBRÁS, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMPRABA), Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), PRONESE COHIDRO, Empresa Estadual de Desenvolvimento Agropecuário (EMDAGRO), Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), Prefeituras, Assembléia Legislativa, Secretarias estaduais e municipais de Agricultura, Turismo, Saúde, Educação, Assistência Social, Planejamento, DESO, Banco do Estado de Sergipe (BANESE), Departamento Estadual de Estrada e Rodagem (DER), Câmara de Vereadores e o Instituto de Tecnologia e Pesquisa de Sergipe (ITPS). Quanto as instituições privadas apontaram: SEBRAE, SENAI, SENAC, SESI, Universidade Tiradentes (UNIT), VALE e ENERGISA. No que diz respeito a ONG e movimentos sociais indicaram: Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Sergipe (FETASE), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), CARITAS, Articulação do Semi-Árido (ASA), Colegiado Territorial, Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), sociedade civil, SASAC, Movimento dos Sem Terra (MST), igreja católica, instituições religiosas, Fundação Banco do Brasil (FBB), Sociedade Semear, Instituto Xingó e Movimento dos Pequenos Agricultores ( MPA). 21 Apontaram também as formas e alternativas de integração e articulação que poderão ser estabelecidas para o fortalecimento, deste espaço social de negociação e consolidação do desenvolvimento territorial, que passam por: assessoria técnica e agropecuária; conserto e reforma das estradas; financiamento de subprojetos; apoio logístico, material impresso; articulação, organização e mobilização dos trabalhadores rurais; elaboração e execução de subprojetos de convivência com o Semi-Árido; elaboração e aprovação de leis que defendam os interesses coletivos; fiscalização dos subprojetos; apoio administrativo e estrutura; marketing; compra antecipada da produção e distribuição de alimentos; aprovação das leis; gestão e financiamentos de subprojetos e recursos financeiros; perfuração de poços; financiamentos de subprojetos sociais, ambientais, esporte, lazer e cultura; pesquisas e repasse de tecnologia; saneamento básico; análise de solo e água; financiamento da agricultura familiar; capitação de recursos a serem adquiridos e cooperação mútua; doações de cadeira, muletas, cestas básicas, outros programa assistenciais; apoio técnico, preservação ambiental; apoio nas ações de educação e saúde; legislação; solução para abastecimento de água; apoio financeiro e técnico; capacitação e mobilização dos trabalhadores rurais e assessoria jurídica; crédito rural mais acessível; recursos humanos, transporte e alimentação; repasse de recursos e convênio; orientação na elaboração de subprojetos; qualificação em empreendedorismo e apoio psicológico Após a apresentação e discussão dos resultados dos trabalhos em grupo, construí-se em plenária e coletivamente uma agenda de trabalho com previsão de realização de reuniões nos 71 municípios, área de abrangência do PCPR, no período compreendido entre 19/03 a 6/05/09, com a finalidade de dar continuidade ao processo de reestruturação dos conselhos que passa pela regularização dos mandatos, revisão das leis municipais que regulam o funcionamento dos mesmos, processo de unificação, graduação de comunidades e elaboração do PA, questões trabalhadas a seguir. b – Os mandatos dos conselhos A realização das reuniões municipais, conforme previsto na agenda de trabalho possibilitou uma discussão sobre a necessidade e importância de regularização e atualização dos mandatos dos conselhos (conselheiros e equipe gestora), para que os mesmos exerçam seu papel de controle social sobre a ação do Estado e tenham acesso as ações das políticas, programas e projetos sociais, em especial as do PCPR, PRONAF e PNCF, processo que resultou na ampliação do 22 número de conselhos regularizados, passando de 29 para 55 conselhos com mandatos em dia, conforme Mapa 1 – Mandato dos conselhos. 23 c – Revisão das leis Apesar do planejamento construído nos encontros territoriais prevê a revisão das leis de 71 conselhos a fim de adequá-las a atual realidade dos municípios e as exigências dos programas e projetos, aliado a possibilidade de garantir uma maior representatividade da sociedade civil nos conselhos, democratizando esse espaço social de negociação, esse processo ficou restrito aos conselhos que optaram pela unificação, em decorrência de: resistência a mudança e a democratização do conselho; descrédito, por parte dos conselheiros, em relação à ação do Estado; pouco envolvimento do poder público municipal (executivo e legislativo) no processo de reestruturação; disputa de poder no âmbito interno e externo ao conselho; baixo nível de participação dos conselheiros; existência, apenas do ponto de vista legal, de muitas associações comunitárias, organizações majoritária na composição dos conselhos e número significativo de organizações e associações comunitárias com inadimplência junto ao Estado, questão que inviabiliza o acesso aos recursos públicos e desestimula a participação destas. d – Processo de unificação Com o processo de descentralização das políticas públicas, os Conselhos de Direitos representam um avanço marcante no processo de articulação e negociação de interesses coletivos dos diversos atores sociais envolvidos. Trata-se de uma mudança na forma de administrar e de gerir o recurso público no âmbito federal, estadual e municipal. Nesta perspectiva, a política de descentralização e municipalização procura criar espaços sociais de negociação e participação, estimulando a distribuição do poder entre a Sociedade civil e o Estado. Esse processo, quando democrático, debilita o autoritarismo, favorecendo a transparência através da iniciativa e participação popular, o que permite a criação de um novo direito, a reorganização dos serviços públicos, tornando-os mais próximos dos usuários. Neste contexto se inserem os Conselhos de Políticas Públicas das esferas Federal, Estadual e Municipal (Educação, Saúde, Assistência Social dentre outros), os chamados conselhos constitucionais, que devem cumprir o papel do chamado controle social, com experiências que devemos estimular, pois são conquistas da sociedade. 24 Existem ainda os Conselhos de Desenvolvimento (denominados de institucionais) que, na maioria das vezes, cumprem apenas o papel formal para receber recursos do Estado. Essa experiência ainda deixa muita a desejar, pois não cria mecanismos de debates estratégicos do desenvolvimento social sustentado. Não obstante, a importância da criação dos conselhos, como espaço de participação e inclusão da sociedade nas gestões das políticas públicas, o número excessivo destes, têm dificultado a participação da sociedade civil e do poder público, criando custos operacionais, financeiros e humanos para os envolvidos. Por outro lado, a sociedade está se mobilizando e se organizando para construção de uma nova relação com o Estado, ou seja, uma relação baseada na co-responsabilidade com o desenvolvimento. São experiências exitosas que privilegiam a cooperação, a participação política da sociedade e que democratiza as relações sociais. A unificação dos Conselhos Institucionais é uma alternativa de fortalecimento e consolidação desses espaços sociais de negociação e de superação dos limites que dificultam uma ação qualificada dos conselhos. A unificação objetiva a construção de um modelo organizacional de representação municipal local que facilite a tomada de decisão da sociedade civil e a governabilidade municipal, na perspectiva de fortalecer a democracia e promover o desenvolvimento local sustentável. Aliado a isso visa: criar um espaço único de discussão coletiva, ampliando a visão da sociedade civil sobre o conjunto das políticas públicas e dos programas e projetos e possibilitar a economia de recursos humanos, financeiros e materiais por parte dos envolvidos – sociedade civil e poder público e vem ocorrendo com base em uma proposta metodológicas que contempla seis passos. Reuniões municipais para retomada dos trabalhos do PCPR e reativação dos conselhos, momento de apresentação e discussão da proposta de unificação. Reuniões com os Conselhos de Desenvolvimento Municipal (CONDEM) e Municipal responsáveis de Desenvolvimento pelo controle Rural social do Sustentável PCPR e (CMDRS), PRONAF, respectivamente para discussão, análise e aprovação da Proposta Unificação, inclusive do Ante-Projeto de Lei de unificação, eleição de 25 comissão para adequação do ante-projeto de lei a realidade e interesse da sociedade e poder público local com assessoria da PRONESE. Reunião com os conselhos para apresentação, discussão e aprovação do ante-projeto de lei revisto e adequado a realidade do município pela comissão. Encaminhamento pelo Prefeito e/ou vereador do Ante-Projeto de Lei de Unificação para as Câmaras Municipais para análise e aprovação. Apresentação e discussão do Ante-Projeto de Lei de Unificação, por solicitação da Câmara, se for o caso. Reuniões municipais para efetivação da Unificação dos Conselhos, com posse dos novos conselheiros e eleição da equipe gestora – presidente, secretário e comitê de controle. Essa proposta foi trabalhada nos 71 municípios área de abrangência do PCPR, em dois momentos: nos encontros territoriais e em reuniões municipais, dando prioridade aos municípios que sinalizaram a unificação dos conselhos como uma alternativa de fortalecimento e consolidação dos mesmos, resultando na unificação de 25 conselhos dos 71 existentes, conforme Mapa 2 – Conselhos Unificados. 26 27 5 PLANO DE AÇÃO – PROPOSTA METODOLÓGICA DE CONSTRUÇÃO Para a construção do Plano de Ação (PA), os conselhos, assessorados pela PRONESE, adotam uma estratégia que se inicia com a graduação das comunidades, seguida da identificação de demandas prioritárias pelas comunidades, elaboração do PA pelo conselho e encaminhamento deste a PRONESE para conhecimento das demandas, definição de visita prévia7 e elaboração dos projetos, ou seja, transformação das demandas em subprojetos comunitários 5.1 Graduação de comunidades A graduação das comunidades é uma atribuição dos conselhos que farão no início de suas atividades, um levantamento de todas as comunidades rurais e urbanas com população igual ou inferior a 7.500 habitantes, em suas respectivas áreas de jurisdição, listando-as em ordem decrescente de pobreza e/ou carência (comparação da situação da comunidade em relação às demais do município), concedendo prioridade máxima de atendimento às demandas apresentadas pelas comunidades consideradas mais pobres. No contexto da graduação, as comunidades mais pobres, em sentido amplo, são as que não tenham alcançado um nível desejável de acumulação de ativos econômico-sociais (disponibilidade de energia, abastecimento de água, esgotamento sanitário, posto de saúde, estradas de acesso, saneamento geral e ambiental, escola e equipamentos comunitários de apoio às atividades sociais e produtivas com forte vinculação com produtos de subsistência), os quais resultem também em um menor nível de qualidade de vida, embora já tenham iniciado um processo de organização e participação para discutir e identificar os problemas da comunidade, na busca da solução para os mesmos. Para a identificação das comunidades mais pobres e menos pobres foi elaborado, discutido e distribuindo um formulário denominado Caracterização das Comunidades (Anexo 2), a ser preenchido pelas associações com participação da população. A graduação é realizada em uma reunião do conselho que com base nos 28 dados solicitados no formulário e nos Critérios para Pontuação da Graduação das Comunidades, (Anexo 3) que estabelece pontuação para que estes graduem as comunidades, considerando mais pobre as que obtenham pontuação maior e as menos pobre as de pontuação menor. O trabalho desenvolvido viabilizou a realização da graduação das comunidades em 50 dos 71 conselhos, como detalhado no Mapa 3 – Conselhos Graduados. 7 Visita as comunidades para análise da viabilidade das demanda contidas no PA serem transformadas em subprojeto 29 30 5.2 Identificação das demandas A identificação das ações que comporão o PA é de responsabilidade das organizações e associações comunitárias por meio de: realização de reuniões comunitárias para discutir e eleger as demandas mais urgentes, observando as condições da realidade local que podem ser traduzidas em subprojetos comunitários a serem financiados pelo PCPR e outros programas e projetos sociais; registro em ata; encaminhamento desta ao conselho e participação do representante da comunidade na reunião de elaboração do PA. 5.3 Elaboração do PA em si Na reunião para elaboração do PA o conselho deve listar as demandas apresentadas pelas localidades, considerando a ordem de graduação da comunidade e de prioridade indicadas nas atas encaminhadas pelas organizações e associações comunitárias, conforme exemplo abaixo. No 1 2 Comunidade por ordem de graduação Flor do Brejo Boa Hora Ordem de Prioridade Demanda Órgão Financiador 1ª Reflorestamento PRONESE Organizaçã o Responsáv el Ass... 2ª Água PRONESE ONG .... 3ª .... 1ª Recup. de estradas ..... Trator DER ... PRONESE Ass... 2ª Casas populares 3ª .... Apiário SEPLAN OU SEIDS Ass... PRONESE .... STTR (?) Cooperativa de ... O planejamento construído na reunião é registrado em ata que deve ser encaminhada a PRONESE, acompanhada da resolução de aprovação do PA, contendo todas as demandas por ordem de prioridade no que tange a necessidade e atendimento. Os conselhos são orientados a incluírem na resolução a ser encaminhada a PRONESE, apenas as demandas financiáveis pelo PCPR e as não 31 financiáveis sejam encaminhadas a outras organizações governamentais e não governamentais. O processo de elaboração do PA que tem por primeiro passo a graduação das comunidades, possibilitou que a elaboração do Plano de Ação em 47 municípios, de acordo como Mapa 4 – Plano de Ação 32 Encerrando o processo, os conselhos e as organizações e associações comunitárias são orientadas sobre a transformação das demandas em subprojetos. 33 6 CONSIDERAÇÕES O processo de reestruturação dos conselhos municipais e de construção do plano de ação é permeado por possibilidades, limites e desafios, em especial, quanto à efetivação do controle social sobre as ações e intervenções implementadas pelo Estado por meio do PCPR, PNCF e PRONAF. 6.1 Possibilidades Os Encontros Territoriais dos Conselhos possibilitaram um diagnóstico dos mesmos apontando medidas necessárias para a reestruturação destes, a exemplo de: a) desenvolvimento de uma ação de formação visando instrumentalizá-los para a prática cotidiana; ampliação das representações; b) revisão dos instrumentos legais de criação e funcionamento dos conselhos; c) garantia de infraestrutura física e de equipamentos que possibilitem a operacionalização de suas ações; d) financiamento de subprojetos comunitários precedidos de um processo de discussão coletiva que permita aos usuários compreender que na elaboração destes é essencial considerar os aspectos econômicos, ambientais, culturais e sócio-políticos e os subprojetos expressem a realidade vivenciada pelas comunidades de forma que possibilite o seu desenvolvimento sustentável; e) estabelecimento de parcerias com instituições governamentais e não governamentais, que podem ser estabelecidas quando da elaboração do plano de ação dos Conselhos. A reestruturação dos conselhos resultou na retomada dos trabalhos de 55 conselhos, unificação de 22; graduação de comunidades em 50 municípios e elaboração do PA em 46. O trabalho de graduação das comunidades permite que os conselhos, organizações e associações comunitárias e poder público conheçam com mais propriedade a realidade dos povoados e do próprio município. 34 A elaboração do PA com participação das organizações e associações comunitárias, por intermédio dos representantes, contribui para a identificação de demandas e subprojetos mais próximos do contexto das comunidades. Reativação e unificação dos conselhos deram maior visibilidade aos mesmos, aliado a possibilidade de articulação de ações, considerando os programas e projetos trabalhados no âmbito dos conselhos. 6.2 Limites Apesar do trabalho desenvolvido há, por parte dos conselheiros da do poder público como da sociedade civil, pouco compreensão sobre a importância dos conselhos na construção de políticas, programas e projetos sociais que vá ao encontro dos interesses, necessidades e sonhos das comunidades, assim como no processo de implementação, avaliação e controle social sobre as ações do Estado. A prática cotidiana dos conselhos ainda é permeada de disputas de interesses pessoais e de grupos em detrimento dos interesses coletivos. A criação dos conselhos por leis municipais dificulta a democratização dos mesmos, visto que a inclusão de entidades passa necessariamente por alteração na lei, ação de responsabilidade exclusiva dos poderes executivo e legislativo que de um modo geral não têm compromisso com os interesses da coletividade, além de retardar a reativação dos trabalhos dos conselhos e do PCPR nos municípios. A vinculação do funcionamento dos conselhos ao poder executivo, especificamente ao gabinete do prefeito, implica em dependência ao poder político local e perda de autonomia no que tange ao funcionamento e efetivo exercício da participação popular e do controle social. 35 6.3 Desafios Abertura dos conselhos a participação de todas as organizações movimentos sociais e sindicais, existentes nos municípios. Enfrentamento e superação do estágio atual de defesa de interesses pessoais e de grupos políticos e alcance da defesa dos interesses coletivos. Respeito às deliberações dos conselhos, pelo Estado, sociedade civil e conselheiros. Financiamento, pelo Estado, de subprojetos considerando a graduação de comunidade e a ordem de prioridade estabelecida no PA. Alcance da independência e liberdade, imprescindíveis ao exercício da gestão compartilhada e do controle social pelos conselhos. Dotação dos conselhos da infraestrutura necessária ao seu funcionamento com autonomia e independência do poder público. O trabalho desenvolvido junto aos conselhos, comunidades, organizações e associações comunitárias confirma que, apesar dos limites e dos desafios postos, é possível construir coletivamente políticas, programas e projetos sociais e que a implantação das ações e serviços sociais apontadas pelos usuários têm maior possibilidade de tender os objetivos, anseios e interesses da população. 36 7 REFERÊNCIAS BRASIL, Lei no Lei no 10.406 de 10.01.2002. Código Civil. Diário oficial da República Federal do Brasil, Brasília. 2002 GOIS, Magaly Nunes. Conselhos Gestores: Instrumento de construção da nova esfera pública? Um estudo com Conselhos de Desenvolvimento Municipal de Sergipe. 2004.133 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Núcleo de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal da Sergipe, São Cristovão. JARA, Carlos Júlio. O PCPR: finalidades e perspectivas. Recife: IICA/PRORURAL, 1997. ______. A municipalização do desenvolvimento: papel, possibilidades e limites dos Conselhos Municipais. Recife: IICA/PRORURAL, 1995. ______. Construindo o poder local. Recife: IICA/PRORURAL, 1997. RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e conselhos de assistência social – Caminhos da construção democrática. São Paulo: Cortez, 1998. ______. Desafios da gestão democrática das políticas sociais. In: Capacitação em Serviço Social e Política Social, módulo 03. Brasília: UNB/CEAD, 1999. p. 57-70. SERGIPE. Manual de Operação do Projeto de Combate à Pobreza Rural – PCPR II – 2a Fase. PRONESE, 2009. SERGIPE. Relatório dos Encontros Territoriais com os CONDEMs e/ou CMDS. PRONESE, 2009. 37 ___________________________________________________________________ AUTORIA Genivaldo Alves Santos – Mestre em Educação. Técnico da PRONESE e gerente do Projeto de Combate a Pobreza Rural (PCPR). Endereço eletrônico: [email protected] Magaly Nunes de Góis – Bacharel em Serviço Social, mestre em Educação, técnica da PRONESE, Diretoria de Operações. Endereço eletrônico: [email protected] Terezinha Aparecida Fonseca Araújo – Bacharel em Administração de Empresas, especialista em Educação Ambiental, técnica da PRONESE, Gerência do Projeto de Combate a Pobreza Rural (PCPR). Endereço eletrônico: [email protected] 38 ANEXOS ANEXO 1 ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO PCPR II – SE 2a FASE SEGUNDO FOCALIZAÇÃO N o Município IDH- M 2000 N o Município IDH- M 2000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 ÁREA I Amparo do São Francisco Aquidabã Arauá Brejo Grande Canhoba Canindé de São Francisco Capela Carira Cristinápolis Feira Nova Gararu Graccho Cardoso Ilha das Flores Indiaroba Itabaianinha Japoatã Lagarto Malhador Monte Alegre de Sergipe Muribeca 0, 601 0, 605 0, 621 0, 550 0, 596 0, 580 0, 615 0, 581 0, 577 0, 620 0, 572 0, 594 0,584 0, 606 0, 590 0, 604 0, 614 0, 618 0, 568 0, 597 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Neópolis Nossa Senhora Aparecida Nossa Senhora de Lourdes Pacatuba Pedra Mole Pedrinhas Pinhão Poço Redondo Poço Verde Porto da Folha Riachão do Dantas Salgado Santa Luzia do Itanhi Santana do São Francisco São Domingos São Miguel do Aleixo Simão Dias Telha Tobias Barreto Tomar do Geru Umbaúba 0, 622 0, 566 0, 583 0, 584 0, 620 0, 601 0, 600 0, 536 0, 597 0, 556 0, 556 0, 611 0, 545 0, 579 0, 594 0,608 0, 591 0, 601 0, 596 0, 563 0, 601 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 ÁREA II Areia Branca Boquim Campo do Brito Carmópolis Cedro de São João Cumbe Divina Pastora Estância Frei Paulo General Maynard Itabaiana Itabi Itaporanga d'Ajuda Japaratuba Laranjeiras 0, 644 0, 634 0, 661 0, 676 0, 684 0, 638 0, 655 0, 672 0, 646 0,671 0, 678 0, 623 0, 637 0, 652 0, 642 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Macambira Malhada dos Bois Maruim Moita Bonita Nossa Senhora da Glória Nossa Senhora das Dores Pirambu Própria Riachuelo Ribeirópolis Rosário do Catete Santa Rosa de Lima Santo Amaro das Brotas São Francisco Siriri 0, 649 0, 629 0, 662 0, 662 0, 631 0, 637 0, 652 0, 653 0, 671 0, 656 0,671 0, 628 0, 655 0, 629 0, 645 Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2003 (1) Focalização – definida em função do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH – Área I IDH ≤ 0, 622 e Área II = IDH ≥ 0, 623 39 ANEXO 2 CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE – Perfil da comunidade para subsidiar o processo de graduação nos Conselhos IDENTIFICAÇÃO Nome da Associação que apresentou os dados da comunidade: Nome da Comunidade: Município: Origem do nome da comunidade INFORMAÇÕES E DADOS SOBRE A COMUNIDADE Número de famílias existentes: Distância da comunidade à sede do município Km Infra-estrutura existente Recursos hídricos Sim/Não. Abastecimento domiciliar para maior parte das casas A maioria das casas se abastece de chafariz Desde quando? _______ Sim/Não Consumo Fonte e uso humano Consumo animal Rio/riacho/córrego Açude privado Açude público Poço profundo Cisternas Cacimba Outra Especificar Qualidade da água para consumo humano Boa Eletricidade Sim/Não Caso SIM Ano Toda população é atendida com energia elétrica? Vias de acesso Número de vias de acesso com tráfego durante todo o ano Irrigação Agroindústria Salobra Monofásica Ruim Trifásica Número de vias de acesso com tráfego durante somente parte do ano Habitações Número de casas habitadas Tipo mais comum de casas Escola Escola de ensino fundamental Sim/Não Escola ensino médio Transporte de estudantes para escolas fora da comunidade Saúde Posto de saúde funcionando na comunidade Alvenaria Taipa Sim/não Sim/Não Sim/Não Algum agente de saúde atendendo a comunidade Sim/Não Agente de saúde mora na comunidade Sim/Não 40 Saneamento Fossa séptica maioria casas Rede esgoto Sim/Não Sim/não Lazer e Atividades Culturais Existe campo de futebol na comunidade Sim/Não Existe quadra poliesportiva Sim/Não Existem grupos folclóricos, teatrais, musicais? ( ) Não ( ) Sim. Quais? Outros: especificar Quais as principais manifestações culturais e religiosas da comunidade? Outros investimentos A comunidade já foi beneficiada com projetos do PCPR Sim/Não Em caso SIM, qual ou quais? A comunidade já foi beneficiada com outros projetos além dos do PCPR Em caso SIM, qual ou quais? ( ) PRONAF ( ) CRÉDITO FUNDIÁRIO ( Sim/Não ) CASA NOVA VIDA NOVA ( ) OUTROS _____________ A Comunidade é beneficiada com Programas de Renda Mínima? ( ) Sim ( ) Não Quais? ( ) Fome Zero ( ) Bolsa Escola ( ) Bolsa Família ( ) Segurança Alimentar ( ) outros A comunidade já apresentou subprojetos na PRONESE que não foram financiados? Sim/Não _____________Quais? ( )______________________________________________________________ SOBRE O MEIO AMBIENTE Problemas ambientais existentes – poluição, contaminação, áreas degradadas, erosão, assoreamento, inundação, outras formas de risco ambiental. ( ) Não ( ) Sim Quais?______________________ Qual o destino dado ao lixo? ( ) Queimado ( ) jogado no quintal ( ) jogado no riacho ( ) coletado pela prefeitura ( ) outro. Especificar ___________________________________________ O que fazem com os resíduos das casas de farinha? Nos últimos anos, a quantidade de animais silvestres (caça, pássaros) na comunidade e arredores: ( ) diminuiu ( ) aumentou ( ) permaneceu a mesma Nos últimos dois anos, os problemas com desmatamento e queimadas na comunidade e arredores: ( ) diminuiu ( ) aumentou ( ) permaneceu a mesma SOBRE AS COMUNIDADES TRADICIONAIS Trata-se de uma comunidade tradicional? ( ) Não ( ) Sim. Qual?________________________ SOBRE AS ATIVIDADES ECONÔMICAS Quantos agricultores familiares possuem terra?__________. Quantos trabalham alugado? ________ Quais são as duas principais atividades econômicas (emprego, negócios) para a comunidade? Homens: Mulheres: Jovens: Idosos: 41 Identificação das Associações Comunitárias da Localidade: Número total de associações na comunidade? ____________________________ Nome da Associação Ano de Fundação No de Loca Associa Tem Projeto Quem estimulou a criação? ção Financiado Igreja STT Iniciativ Outro Sóci l de os Reun Particip Pelo PCPR? R a s ião a do Qual? Própria CONDE M? Nome Resp. pelo preenchimento: Local e Data: RG 42 ANEXO 3 CRITÉRIOS PARA PONTUAÇÃO DA GRADUAÇÃO DAS COMUNIDADES 1. ATIVIDADES PRODUTIVAS = 14 pontos percentuais 1.1 Prestação de serviços como diarista ou meeiro................................................. 4 1.2 Agricultura familiar (cultivo da terra e criação de animais)................................. 2 1.3 Agricultura familiar e prestação de serviços como diarista ou meeiro................ 3 1.4 Atividades não agrícolas (artesanato, pesca, entre outras)................................ 4 1.5 Comércio e serviços............................................................................................ 1 2. ÁGUA POTÁVEL = 13 pontos percentuais 2.1 A comunidade é atendida com rede de abastecimento d’água? 2.1.1 Na minoria das casas....................................................................................... 4 2.1.2 Na maioria das casas....................................................................................... 2 2.1.3 Em todas as casas........................................................................................... 1 2.2 Em caso negativo quanto à rede de abastecimento, como tem acesso à água? 2.2.1 Tem abastecimento próprio (chafariz, poço artesiano, cacimba, rio, riacho, açude, cisterna)......................................................................................................... 6 3. ENERGIA ELÉTRICA = 12 pontos percentuais 3.1 Não tem energia elétrica..................................................................................... 5 3.2 Tem na minoria das casas.................................................................................. 4 3.3 Tem na maioria das casas.................................................................................. 2 3.4 Tem em todas as casas...................................................................................... 1 4. EDUCAÇÃO = 11,5 pontos percentuais 4.1 Existe creche ou educação infantil? 4.1.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.1.2 Não................................................................................................................... 2 4.2 Existe escola da 1a à 4a série? 4.2.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.2.2 Não................................................................................................................... 2 4.3 Existe escola da 5a à 8a série? 4.3.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.3.2 Não................................................................................................................... 1,5 4.4 Existe escola de 2o grau? 4.4.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.4.2 Não................................................................................................................... 1 4.5 Existe escola para alfabetização de adultos? 4.5.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.5.2 Não................................................................................................................... 1 4.6 Existe transporte escolar? 4.6.1 Sim................................................................................................................... 0,5 4.6.2 Não................................................................................................................... 1 43 5. CONDIÇÕES DE MORADIA = 10,5 pontos percentuais 5.1 Na comunidade as casas existentes foram construídas utilizando qual material? 5.1.1 Maioria das casas são de taipa............................................................................. 2 5.1.2 Minoria das casas são de taipa............................................................................. 1 5.1.3 Todas as casas são de alvenaria de blocos (tijolos cerâmicos)............................ 0,5 5.2 Na comunidade existe sistema de esgoto sanitário? 5.2.1 Não existe sistema de esgoto sanitário................................................................. 2 5.2.2 Existe sistema de esgoto sanitário parcial............................................................. 1 5.2.3 Existe sistema de esgoto sanitário........................................................................ 0,5 5.3 Na comunidade existe sistema regular de coleta de lixo? 5.3.1 Não existe coleta de lixo........................................................................................ 2 5.3.2 Existe coleta de lixo parcial................................................................................... 1 5.3.3 Existe de lixo.......................................................................................................... 0,5 6. SAÚDE = 10 pontos percentuais 6.1 Existe posto de saúde funcionando? 6.1.1 Sim......................................................................................................................... 1 6.1.2 Não........................................................................................................................ 3 6.2 A comunidade é atendida por agente comunitário de saúde? 6.2.1 Sim......................................................................................................................... 1 6.2.2 Não........................................................................................................................ 2 6.3 Na comunidade existe o PSF – Programa de Saúde Familiar? 6.3.1 Sim......................................................................................................................... 1 6.3.2 Não........................................................................................................................ 2 7. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS = 9 pontos percentuais 7.1 Existe na comunidade além da Associação, ONG’s; grupos comunitários e cooperativas criadas? 7.1.1 Sim......................................................................................................................... 1 7.1.2 Não........................................................................................................................ 2 7.2 Nos últimos 03 anos a comunidade se organizou para resolver algum problema? 7.2.1 Sim......................................................................................................................... 1 7.2.2 Não........................................................................................................................ 2 7.3 A comunidade já se organizou para pleitear projetos comunitários a Instituições Públicas e/ou ONGs?1 7.3.1 Sim......................................................................................................................... 1 7.3.2 Não........................................................................................................................ 2 8. NÚMERO DE FAMÍLIAS EXISTENTES NA COMUNIDADE = 8 pontos 8.1 Menos de 50 famílias................................................................................................ 0,5 8.2 De 50 a 100 famílias................................................................................................. 1 8.3 De 100 a 150 famílias............................................................................................... 1,5 8.4 De 150 a 200 famílias............................................................................................... 2 8.5 Acima de 200 famílias.............................................................................................. 3 9. DISTÂNCIA DO POVOADO PARA A SEDE DO MUNICÍPIO = 7,5 pontos percentuais 9.1 Menos de 5 km......................................................................................................... 0,5 9.2 De 5 a 10 km....................................................................................................... 1 9.3 De 10 a 15 km..................................................................................................... 1,5 9.4 De 15 a 20 km..................................................................................................... 2 9.5 Acima de 20 km.................................................................................................. 2,5 44 10. ESTRADA DE ACESSO PARA A COMUNIDADE = 4,5 pontos percentuais 10.1 Estrada de barro............................................................................................... 1 10.2 Estrada de barro em estado precário (com buracos, valas etc.)...................... 2 10.3 Estrada pavimentada à paralelepípedo ou asfalto............................................ 0,5 10.4 Estrada pavimentada à paralelepípedo ou asfalto em estado precário (com buracos, valas etc.).......................................................................................... 1 CRITÉRIOS PARA O DESEMPATE: 1o Considerar como a mais carente a comunidade que tiver o maior número de famílias; 2o Se persistir o empate realizar uma nova graduação (regraduar) utilizando o primeiro item, ou seja, ÁGUA. Se continuar a acontecer o empate entre as comunidades deve ser utilizado também o segundo item (ENERGIA ELÉTRICA) e assim sucessivamente até ser efetivado o desempate.