ANALGESIA NO PACIENTE COM SÍNDROME CORONARIANA AGUDA COM SUPRADESNIVELAMENTO DO SEGMENTO ST Tomás Fraga Ferreira da SILVA1; Fernando J. CHAPPERMAN2, 1 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - ACADÊMICO BOLSISTA EM MEDICINA DO HOSPITAL MUNICIPAL MIGUEL COUTO 2 SMSDC / Hospital Municipal Miguel Couto INTRODUÇÃO A Síndrome Coronariana Aguda com Supradesnível do Segmento ST é uma das principais entidades nos serviços de emergência em todo o mundo, ocasionando importante morbimortalidade. A analgesia é ponto cardinal no tratamento, tanto por seus aspectos técnico-terapêuticos quanto humanitários. O uso de morfina endovenosa é a terapia consagradamente preconizada, tanto pelas diretrizes americanas quanto pelas europeias e brasileiras, porém, tendo em vista a fisiopatologia da dor anginosa, qualquer tática que reduza a relação entre consumo e oferta miocárdica de oxigênio terá efeito analgésico. Após atendimento clínico realizado no Hospital Municipal Miguel Couto, com diagnóstico de SCACSST e em que foram necessárias altas doses de morfina, uma pesquisa bibliográfica foi iniciada sobre o tema, a fim de avaliar as diferentes opções terapêuticas com efeito na dor anginosa da síndrome. OBJETIVO Analisar, através de revisão bibliográfica, a eficácia, as indicações e contraindicações da terapia analgésica na SCACSST. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão bibliográfica nos principais mecanismos de busca de referências bibliográficas médicas, em busca de artigos sobre o tema no Portal de Periódicos Capes, no PUBMED, MEDLINE, bem como análise das Diretrizes elaboradas pelas sociedades brasileira, americana e europeia de cardiologia sobre a analgesia na Síndrome Coronariana Aguda com Supradesnivelamento do Segmento ST. CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 43 anos, taxista, tabagista de alta carga, chega ao serviço de emergência do HMMC às 17h24min queixando-se de dor retroesternal de forte intensidade iniciada há 2 horas, com irradiação para ambos os ombros. O eletrocardiograma de 12 derivações finalizado às 17h30min revelou supradesnivelamento do segmento ST maior que 1mV em derivações DII, DIII, aVF e aVL, confirmando o diagnóstico de Síndrome Coronariana Aguda com Supradesnivelamento de ST em parede inferior e lateral alta. A abordagem seguiu as diretrizes estabelecidas internacionalmente, sendo a trombólise realizada com tenecteplase em 20 minutos, a qual demonstrou critérios de reperfusão nos eletrocardiogramas seriados. No entanto, o que surpreendeu a equipe foi a refratariedade da dor do paciente a despeito do uso de morfina conforme indicado na literatura. Em alternativa para pacientes alérgicos, a meperidina está disponível. Não é recomendável protelar a terapia analgésica para avaliação de critérios de reperfusão miocárdica. Anti-inflamatórios não esteroidais estão proscritos e devem ser descontinuados em naqueles em uso prévio, por sua maior relação com desfechos desfavoráveis, como morte e reinfarto precoce. Postula-se que a oxigenoterapia tenha pouco efeito na resolução do quadro álgico, apesar do teórico aumento de oferta de oxigênio ao miocárdio. Os nitratos diminuem o consumo metabólico pelo músculo cardíaco ao reduzirem a pré-carga e aumentam, até certo ponto, o fluxo coronariano. São classicamente reconhecidos como eficazes no controle da angina relacionada ao IAM., porém, não devem ser administrados em hipotensão grave, bradi ou taquicardia e suspeita de infarto de VD. Caso a hipotética administração de nitratos contraindique o uso de betabloqueadores, deve optar-se por esta última, já que seus efeitos sobre morbimortalidade e desfechos positivos estão mais bem descritos. Deve-se dar preferência aos betabloqueadores mais seletivos para os receptores β1, como o metoprolol, por reduzirem o trabalho e consumo cardíacos com um menor risco de efeito adversos ligados aos receptores β2. Prescritos assim que possível e por via oral, na ausência de contra-indicações, tem efeitos marcadamente positivos com diminuição das taxas de mortalidade e reinfarto. Os benefícios analgésicos da terapia endovenosa são menos bem estabelecidos. Novas evidênciasCIT indicam que uma terapia opióide isolada se mostra igualmente eficaz no alívio da dor ao uso conjunto de um betabloqueador oral (metoprolol) associado à morfina, porém, o uso intravenoso de metoprolol parece ser mais eficaz na analgesia quando associado a opioides ou nitratos. CONCLUSÃO Ao determinar a analgesia a ser prescrita para um paciente portador de SCACSST deve-se ter em mente que não somente os analgésicos diretos tem efeito sobre a intensidade e percepção da dor. Isso se deve à natureza isquêmica que dá origem ao estado álgico na síndrome, portanto, qualquer medida que vise aumentar a oferta ou diminuir o consumo de oxigênio pelo miocárdio afetado terá eficácia terapêutica no que diz respeito ao estado anginoso propriamente dito. Excetuando-se o reestabelecimento do fluxo coronariano ideal, seja esse pela fibrinólise ou angioplastia/revascularização, as principais medidas que mostram impacto nesse quesito se constituem no uso de nitratos, betabloqueadores e morfina, analgésico direto de escolha. DISCUSSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A analgesia na SCACSST pode ser atingida através de uma abordagem multifatorial. A morfina tem seu efeito garantido pelo aumento da capacitância venosa e efeito analgésico direto, somente sendo contraindicada em casos com risco aumentado de hipotensão ou choque cardiogênico, como no infarto de VD. A analgesia na SCACSST pode ser atingida através de uma abordagem multifatorial. A morfina tem seu efeito garantido pelo aumento da capacitância venosa e efeito analgésico direto, somente sendo contraindicada em casos com risco aumentado de hipotensão ou choque cardiogênico, como no infarto de VD. 2007 Focused Update of the ACC/AHA 2004 Guidelines for the Management of Patients With ST-Elevation Myocardial Infarction, disponível em http://circ.ahajournals.org/content/117/2/296.full.pdf ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation, disponível em: http://www.escardio.org/guidelines-surveys/escguidelines/GuidelinesDocuments/Guidelines_AMI_STEMI.pdf ZEDIGHA C, ALHOA A. Aspects on the intensity and the relief of pain in the prehospital phase of acute coronary syndrome: experiencesfrom a randomized clinical trial. Coronary Artery Disease 2010, 21:113–120. EVERTS B. Effects and pharmacokineticsof high dose metoprolol on chest pain in patients with suspected or definite acute myocardial infarction. European journal of clinical pharmacology [0031-6970] Everts, B yr:1997 vol:53 iss:1 pg:23 -31