2014
FIBROMA LINGUAL - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Cada vez mais, os dentistas deparam-se com uma rede imensa de problemas que afetam a cavidade oral, e todo
o aparelho estomatognático, provocadas pelo stress. De facto, o stress tem implicações no organismo que são
normalmente sintomáticas e que podem surgir em momentos de maior tensão, ou posteriormente aos mesmos.
A paciente em causa, surge com uma lesão na porção mais anterior e mediana da face dorsal da língua que,
após avaliação clínica e histórica, procedeu-se à sua exérese e posterior análise em laboratório, sob suspeita
de fibroma reacional após traumatismo persistente. Este traumatismo tinha por base um componente
de grande tensão psicológica. O tratamento envolve eliminar o hábito traumático persistente, sessões de
psicoterapia e, caso necessário, medicação psíquica.
os dias que correm, com a excessiva atividade profissional e todas as implicações que daí advêm, os pacientes
têm referido sinais e sintomas que devem preocupar os profissionais de saúde. A grande maioria dos pacientes apresenta sintomatologia depressiva e níveis de stress excessivos,
que provocam um leque de patologias orais aparentemente
sem etiologia estabelecida (1, 2).
Dra. Sara Castro
Mestre em Medicina Dentária pela
Faculdade de Medicina Dentária da
Universidade do Porto (FMDUP) em
2012. Prática diária em consultório desde
2012. Colaboradora Externa dos Serviços
de Genética Médica I, Genética Médica
II e Genética Orofacial da FMDUP desde
2012. Integra o projeto PROQUIF entre a
FMDUP e o Centro Hospital de V.N.Gaia-Espinho, desde 2012. Membro do
Conselho dos Jovens Médicos Dentistas
da Ordem dos Médicos Dentistas no atual triénio 2013-2015. Aluna do V Curso
Intensivo de Periodontologia do Centro
de Estudos do Amial.
Dr. Carlos Pintado
Licenciado em Medicina Dentária pela
FMDUP em 2010. Prática em consultório
de 2010 a 2013. Colaborador Externo
dos Serviços de Genética Médica I,
Genética Médica II e Genética Orofacial
da FMDUP, desde 2010. Aluno do VI
Mestrado de Cirurgia Oral da FMDUP.
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Figura 1: Lesão lingual.
Figura 2: Biópsia excisional da lesão.
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Os fibromas epiteliais da língua são tumores benignos indolores, sendo que a grande maioria são conhecidos pelos profissionais de saúde como tumores reacionais a um estímulo
traumático. Os tique que se criam com o stress, não são exceção à regra e criam pressões constantes em certas áreas,
resultando num aumento do número de células, e, portanto,
um tumor benigno (3, 4, 5, 6).
A papilomatose, a par dos fibromas, é igualmente tumor benigno que se caracteriza por um grande crescimento das papilas línguas. Apesar do nome sugestivo, não estão diretamente
relacionados com a infeção pelo vírus do papiloma humano
(HPV) e, portanto, não são alvo de grande preocupação para
o médico dentista, quando se prevê a etiologia (7).
¡OBJETIVODESTETRABALHOAPRESENTARUMCASOCLÓNICODEUMA
paciente portadora de um fibroma na porção mais anterior e
mediana da face dorsal da língua e referir quais os procedimentos a ter em consultório, perante um paciente com esta
patologia associada a stress.
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INTRODUÇÃO:
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Increasingly, dentists are faced with a lot of problems that affect the oral cavity, and the entire stomatognathic system, caused by stress.
Indeed, stress has implications in the organism that are usually symptomatic and also may occur in moments of huge stress, or after that.
This patient arise with a tongue lesion and after clinical and history review, the lesion was removed and subsequent it was analysed in
the laboratory, on suspicion of reaction fibroma after persistent injury. This trauma was based on a component of huge psychological
stress. Treatment involves eliminating the traumatic persistent habit, psychotherapy and, if it is necessary, psychic medication.
Figura 3: Língua após exérece da lesão.
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Figura 7: Follow up um mês.
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Figura 5: Três pontos simples de sutura.
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Figura 4: Lesão para analisar.
Figura 8 :Follow up três meses.
DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO:
Paciente do sexo feminino, recorreu à consulta de Medicina
Dentária por aparecimento de um “papo na ponta da língua
que não dói”. Após exame clínico meticuloso, observou-se
um tumor de 0.9 x 0.7 x 0.4 cm, aparentemente benigno
pelo contorno e margens perfeitas, cor igual ao restante
epitélio lingual, duro e séssil (Figura 1). A paciente referiu
que desde há 4 meses até então, tinha vindo a adotar um
tique nervoso de interposição da língua nos dentes superiores e inferiores. Sugeriu-se que o trauma repetitivo fosse a
causa etiológica da lesão.
Fez-se biopsia excisional da lesão com 1 ou 2 mm de tecido
circundante normal para análise em laboratório (8), indicando
como sugestão um fibroma, dado o exame clínico e história
do paciente (Figuras 2, 3, 4 e 5).
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO:
As biopsias excisionais são, normalmente, a melhor solução
quando há fortes suspeitas de tumores benignos de dimen-
Figura 6: Relatório laboratorial.
sões reduzidas (8). Após a sua exérese com limites alargados de modo a envolver tecido normal para comparação,
cada lado deve ser corretamente identificado, medido e a
peça colocada, o mais rapidamente possível, numa solução
com formol para preservar a dimensões e o aspeto iniciais.
Depois, logo que possível, levar ao laboratório de análise
patológica.
Após resultado da análise, confirmou-se o diagnóstico (Figura 6) e propôs-se consultas de psicoterapia e outras atividades com o intuito de evitar uma grande acumulação de
stress e, consequentemente, lesões orais e sistémicas de carácter nervoso.
.UMFOLLOWUPMÐSAPØSAEXÏRESEDALESÎOALÓNGUAAPArentava uma boa cicatrização, com o tecido epitelial totalmente normal e sem reaparecimento da lesão (Figura 7). O
mesmo se verificou 3 meses depois (Figura 8).
Atualmente vivem-se momentos de grande tensão psicológica, quer a nível socioeconómico, quer a nível profissional,
pelo que os médicos dentistas devem analisar com cuidado
a situação psicológica de cada paciente e atentos na histó-
ria clínica detalhada. Patologias sem causa aparente ou paTOLOGIASCUJOSTRATAMENTOSFALHAMPORVEZESSÎOFACILMENTE
melhoradas ou, até, tratadas com uma atividade relaxante e/
ou assistência psicológica que pode incluir terapia medicamentosa, ou não.
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