VIII Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal II Congresso Internacional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal 30, 31 de outubro e 1o novembro de 2013 Florianópolis - Santa Catarina - Brasil DURAÇÃO DA ANALGESIA PERINEAL PELA CRIOTERAPIA APÓS O PARTO NORMAL EM MULTÍPARAS: ENSAIO CLÍNICO NÃO CONTROLADO* Caroline de Souza Bosco1 Sonia Maria Junqueira V. Oliveira2 Adriana Amorim Francisco3 Edilaine de Paula Batista Mendes4 Introdução: A dor perineal é uma morbidade frequente no pós-parto vaginal. A crioterapia, aplicação de frio para fins terapêuticos, é eficaz para o seu alívio, além de ser uma prática de baixo custo e de fácil preparo que pode ser utilizada no períneo durante a amamentação. No entanto, ainda não se conhece a duração do efeito analgésico da crioterapia quando aplicada na região perineal. Objetivo: Avaliar a duração do efeito da bolsa de gelo aplicada por vinte minutos em multíparas após o parto normal no alívio da dor perineal antes e duas horas depois da aplicação. Método: Trata-se de ensaio clínico não controlado realizado no Alojamento Conjunto do Amparo Maternal, na cidade de São Paulo com uma amostra de 50 puérperas. Os critérios de inclusão foram: idade ≥ 18 anos, ter um ou mais parto vaginal anterior, feto único, vivo e em apresentação cefálica, não ter recebido anti-inflamatório e analgésico nas últimas três horas, estar no período de 6 e 24h de pós-parto, referir dor perineal ≥ 3, sem intercorrências clínicas ou obstétricas e com recém-nascido em boas condições clínicas. Os critérios de exclusão foram: Síndrome de Raynaud e ter recebido anti-inflamatório até 2h, após a utilização da crioterapia. A intervenção consistiu de uma única aplicação da bolsa de gelo no períneo por 20 minutos. Foram controladas as temperaturas perineais, da bolsa de gelo, do ambiente e de axila. As participantes foram avaliadas em três momentos: 1) antes da crioterapia (T0); 2) imediatamente após a crioterapia (T20); 3) 120 minutos após o término da crioterapia (T120). Para avaliação da dor, foi utilizada a escala numérica de zero a dez, sendo zero ausência de dor e dez dor insuportável. A coleta de dados ocorreu entre dezembro/2012 e fevereiro/2013. Resultados: A idade média foi 27,1±5,4 anos; 50% tinham ensino médio; 40% eram pardas; 90% possuíam companheiro com co-habitação; 52% tinham trabalho remunerado e 62% tiveram o companheiro como acompanhante no parto. O trauma perineal ocorreu em 58,0% das participantes, desses, 44,0% foram laceração espontânea de primeiro grau e 14,0% laceração de segundo grau e episiotomia. Quanto às variáveis numéricas, as médias observadas foram: a queixa de dor perineal ocorreu com 11,6±0,2 horas de pós-parto, peso do RN de 3.305±454g, temperatura axilar de 36,3±0,6°C, temperatura ambiental de 25,8±1,6°C, temperatura inicial do períneo de 33,2±0,8°C. As médias de intensidade da dor perineal apresentaram diferenças significativas ao longo do tempo (teste de Friedman p<0,0005). Entre T0 e T20 houve redução da dor perineal estatisticamente significante (5,4±1,8 versus 1,0±1,7). Comparando a intensidade da dor perineal entre T20 e T120 constatou-se que não houve diferença significante (1,0±1,7 versus 1,6±2,4), que corresponde à manutenção do efeito analgésico. Foi avaliado, também, o tempo médio para o retorno da dor perineal após a crioterapia que foi de 94,6 minutos (CI 95%: 84,8; 104,5 minutos), estimado através da curva de sobrevida. Conclusão: A duração da analgesia perineal pela bolsa de gelo aplicada por 20 minutos em multíparas após o parto normal foi em média de 94,6 minutos. Descritores: Crioterapia. Períneo. Dor. Período pós-parto. Enfermagem Obstétrica. * Resultados preliminares do projeto de qualificação “Efeito da crioterapia no alívio da dor perineal em multíparas após o parto normal: ensaio clínico não controlado” do Programa de PósGraduação em Enfermagem (PPGE) da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP). 1 Enfermeira Neonatologista. Mestranda do PPGE-EEUSP. Bolsista CAPES. [email protected]; 2 Enfermeira Obstétrica. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno-infantil e Psiquiatria da EEUSP. [email protected]. 3 Enfermeira Obstétrica. Doutoranda do PPGE-EEUSP. Bosista CNPq. [email protected] 4 Enfermeira Obstétrica. [email protected]; Mestranda do PPGE-EEUSP. Bolsista FAPESP.