Polarização da Luz Fabio Iareke∗ Departamento de Fı́sica - Universidade Federal do Paraná – Centro Politécnico - Jd. das Américas, 81531-990 Curitiba PR - Brasil Neste trabalho é estudado o fenômeno da polarização da luz por absorção e reflexão em material dielétrico, onde, através da análise da intensidade da luz polarizada por absorção, a Lei de Malus foi verificada e, pela luz polarizada por reflexão, o ângulo de Brewster foi medido. Com ele foi possı́vel calcular o ı́ndice de refração do material. Constatou-se que a luz refletida no ângulo de Brewster era completamente polarizada, com direção de polarização vertical, perpendicular ao plano de incidência. Keywords: Polarização da Luz, Ângulo de Brewster, Lei de Malus I. INTRODUÇÃO Fenômeno da Polarização A luz pode ser tratada como uma onda eletromagnética transversal, conforme estabelecido em [1], tal que a luz natural consiste de um grande número de átomos emissores randomicamente orientados, no caso, com a direção do campo elétrico variando de forma rápida e randômica. Assim sendo, Randomicamente polarizada é uma expressão mais coerente para a luz natural. Com isso, temos que polarização da luz consiste em gerar, modificar e manipular a direção dos campos elétricos da luz de forma arbitrariamente ordenada. Por exemplo, na polarização por absorção, pode-se utilizar um material transparente tal que suas caracterı́sticas fı́sico-quı́micas são alteradas de modo que, somente os campos elétricos que estiverem paralelos com a direção de polarização do polarizador ou, componentes projetadas de acordo com o ângulo dos demais campos elétricos não paralelos, não sejam absorvidos pelo material e continuem a se propagar, conforme Figura 1. Lei de Malus Pela polarização por absorção, pode-se constatar que a intensidade da luz, ou irradiância, após o polarizador é menor que a incidente. Dessa forma, temos, em [1], que a irradiância I é a média temporal de energia por unidade de área por unidade de tempo ou: I = hSiT = cε0 2 E , 2 0 (1) onde hSiT é o valor da média temporal quando (T τ ) da magnitude do vetor de Poynting. Seja I(0) a irradiância incidente em um polarizador, dada por (1). Em [1] temos que, a irradiância I(θ) após este polarizador pode ser verificada pela Lei de Malus, dada por: I(θ) = I(0) cos2 θ. (2) Ou seja, a irradiância após o polarizador tende a ser menor que a incidente. Ângulo de Brewster Figura 1: Polarização Vertical Uma outra forma de polarização ocorre pela reflexão em um material dielétrico transparente. Quando um feixe de luz não polarizada incide neste material uma parte é refratada e outra refletida. Variando o ângulo de incidência o feixe refletido será parcialmente polarizado até que o ângulo do feixe refletido e o ângulo do feixe refratado formem 90o entre si. Neste caso a luz refletida será completamente polarizada e com direção de propagação perpendicular ao plano de incidência. Conforme demonstrado em [1], este ângulo é chamado de ângulo de Brewster e pode ser calculado por: tan θP = ∗ Electronic address: [email protected] nt . ni (3) Tal que esta equação é conhecida como Lei de Brewster. 2 II. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Iniciamos o experimento com a montagem do equipamento conforme a Figura 2 e medimos a intensidade da luz sem polarizadores. Adicionamos o polarizador A, conforme Figura 3 e medimos a intensidade da luz somente com este polarizador, ajustado com o ângulo de 0o com relação à direção vertical. Fixamos o polarizador B em 0o com relação à direção vertical e efetuamos as medidas para os ângulos do polarizador A descritos na Tabela II. Mantendo o polarizador A fixo em 0o e o polarizador B fixo em 90o , ambos com relação à direção vertical, incluı́mos o polarizador C entre aqueles dois, conforme Figura 5, efetuando as medidas da intensidade da luz para cada ângulo, do polarizador C com relação à direção vertical, descrito na Tabela III. Figura 2: Montagem: sem polarizadores. Figura 5: Montagem: polarizadores A, B e C. Para a verificação do ângulo de Brewster efetuamos uma nova montagem do equipamento conforme Figura 6, tal que o polarizador foi ajustado com sua direção de polarização paralela ao plano de incidência. Dessa forma, quando o feixe de luz refletido na lente cilı́ndrica, incidente no polarizador não mais foi propagado, devido a este feixe estar completamente polarizado na direção perpendicular ao plano de incidência, medimos o ângulo de incidência na lente. Este é o ângulo de Brewster. Figura 3: Montagem: polarizador A. Após estas medidas preliminares, incluı́mos o polarizador B, conforme Figura 4 e, mantendo o polarizador A fixo em 0o com relação à direção vertical, efetuamos as medidas da irradiância para cada ângulo do polarizador B descrito na Tabela I. Figura 6: Montagem: ângulo de Brewster. III. RESULTADOS E DISCUSSÃO • Intensidade da Luz: – sem Polarizadores: 167, 4 lx Figura 4: Montagem: polarizadores A e B. – com o Polarizador A: 83, 3 lx • Ângulo de Brewster: θp = 58o ± 1o 3 Tabela I: Dados para o sistema de dois polarizadores com o polarizador A fixo em 0o . Polarizador Intensidade Polarizador Intensidade da Luz da Luz B Transmitida (lx) Transmitida (lx) 64, 7 100o 30, 7 64, 3 110o 33, 1 61, 9 120o 37, 1 o 57, 5 130 42, 5 52, 3 140o 48, 5 46, 2 150o 54, 9 40, 4 160o 59, 6 35, 7 170o 63, 7 o 31, 9 180 65, 3 30, 1 - B 0o 10o 20o 30o 40o 50o 60o 70o 80o 90o Tabela III: Dados para o sistema de três polarizadores com os polarizadores externos A e B fixos em 0o e 90o respectivamente. Polarizador Intensidade Polarizador Intensidade da Luz da Luz C Transmitida (lx) Transmitida (lx) 27, 3 100o 28, 2 28, 6 110o 30, 6 o 30, 7 120 32, 8 33, 4 130o 33, 8 34, 1 135o 33, 9 34, 1 140o 33, 5 33, 8 150o 31, 5 o 32, 2 160 29, 4 30, 1 170o 27, 3 27, 9 180o 27, 3 27, 4 - C 0o 10o 20o 30o 40o 45o 50o 60o 70o 80o 90o dados pontos conectados curva teorica dados pontos conectados 1 1.3 intensidade relativa intensidade relativa 1.3 0.7 0.4 0.1 0 30 60 90 angulo (o) 120 150 1 0.7 0.4 180 0.1 0 Figura 7: Intensidades relativas em função do ângulo entre os polarizadores A e B, com curva teórica 30 60 90 angulo (o) 120 150 180 Figura 8: Intensidades relativas em função do ângulo entre o polarizador C e os polarizadores A, B fixos em 0o e 90o Nota-se que que a curva dos dados na Figura 7 segue o perfil da curva teórica desta mesma figura. O deslocamento do ponto de mı́nimo em 90o , em comparação ao teórico, é devido à luz residual ambiente e ao fato que os polarizadores não são ideais, ou seja, não absorvem completamente os campos elétricos perpendiculares à direção de polarização. Os valores da Tabela III relativos aos ângulos de 45o e 135o foram medidos para verificar a situação de maior transmissão do sistema de 3 polarizadores. dados AB AB dados ABC ABC 80 Tabela II: Dados para o sistema de dois polarizadores com o polarizador B fixo em 0o . Polarizador A 0o 30o 60o 90o Intensidade Polarizador Intensidade da Luz da Luz A Transmitida (lx) Transmitida (lx) 64, 7 120o 39, 1 54, 2 150o 57, 5 37, 1 180o 63, 7 30, 2 - intensidade (lx) 65 50 35 20 5 0 30 60 90 angulo (o) 120 150 180 Figura 9: Intensidades em função do ângulo, polarizadores AB e ABC 4 O ı́ndice de refração da lente cilı́ndrica utilizada para medir o ângulo de Brewster, pode ser determinado utilizando (3) onde ni = 1, 0 e θP = 58o (ângulo medido) em: nt = ni tan θP , (4) nt = 1, 6. (5) lus, tal que a intensidade transmitida é proprocionalmente menor que a incidente, para polarização por absorção e pela reflexão em material dielétrico com a Lei de Brewster onde, no ângulo de Brewster, a luz é completamente polarizada. A partir deste ângulo o coeficiente de difração do material pode ser calculado. ou seja, IV. CONCLUSÕES Concluı́mos que o fenômeno da polarização da luz pode ser verificado experimentalmente, seguindo a Lei de Ma- V. REFERÊNCIAS [1] Hecht, Eugene - Optics, 4th ed, Pearson, 2002