Autismo: Desafios no Processo de Inclusão Escolar Prof. Dr. J. R. Facion Instituto Nacional de Pós-Graduação e Eventos Acadêmicos-INAPEA www.inapea.com [email protected] O Mundo, o Ecossistema, a espécie Humana: Uma relação Devastadora? História da Evolução da Espécie Humana Contribuições para uma Sociedade Inclusiva Direitos Humanos Em 1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos decreta, indica e orienta a premissa de que todos os homens são iguais perante a lei. Em 1990: “Conferência Mundial sobre Educação para Todos” em Jomtiem, Tailândia. Em 1994: “Conferência Mundial sobre Educação Especial - acesso e qualidade”, em Salamanca, Espanha. Declaração de Salamanca, p.17-18 Todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalização. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e tem, portanto, necessidades educativas especiais em algum momento de sua escolarização. As escolas têm que encontrar a maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves Fazendo uma análise desta trajetória e sua importância para a sociedade, podemos observar que a mesma possibilitou inúmeras conquistas: 1) O reconhecimento dos Transtornos Mentais como categorias identificáveis e tratáveis; 2) O reconhecimento de que as pessoas com Transtorno Mental devem receber tratamento igualitário, humano e de acordo com suas necessidades e especificidades; 3) A democratização do acesso a serviços e garantias essenciais, como escola, lazer, atendimento médico, previdência, justiça e outros; 4) O reconhecimento pela sociedade de que as pessoas com deficiência e/ou transtornos mentais não constituem riscos, podendo conviver e desempenhar papeis sociais como os demais cidadãos. Mas o que é então Inclusão? “A inclusão pode ser definida como a forma que a sociedade lida com a diversidade, com o diferente, e como o diferente se adapta a sociedade. Isso requer que a sociedade reformule sua visão e o seu modo de pensar sobre a “pessoa com deficiência”, minimizando o estigma de que o deficiente é incapaz, é dependente, não se integra socialmente, enfim reconhecer o “diferente”, valorizando suas limitações e dentro dessas planejar ações baseadas num desempenho significativo a favor do seu progresso, tanto físico, social ou intelectual.” (Facion, 2005) “Sabemos que a escola para todos não é a escola de todos. As diferenças pessoais, sociais, econômicas e políticas nos mostram isso todos os dias. Assim, como também, colocar todos os alunos na escola não reduz desigualdades e nem é exemplo de cidadania, uma vez que cidadania refere-se a padrões morais e não educacionais. A escola não é o lugar mais propício para vivenciar igualdades, muito pelo contrário, a escola que temos hoje, tende a ressaltar diferenças, e é lá que as diferenças são mais ampliadas. A elaboração de um ensino que possibilite educar de forma inclusiva as diversidades, impõe a construção de um projeto que não se dará ao acaso nem de uma hora para outra e não é uma tarefa individual. Consiste, sim, num trabalho coletivo, que envolve discussões e embates entre as mais diferentes esferas (governo, sociedade, escola e indivíduo), onde possamos discutir que escola queremos construir e que indivíduos pretendemos formar .“ (Facion, 2005) O Papel do Professor nas Práticas Inclusivas “O aperfeiçoamento dos professores é de extrema importância para que se concretizem com sucesso as práticas inclusivas nas escolas, mas historicamente a maioria das Universidades não preparavam os professores, para lidar com a diversidade, com as particularidades de cada aluno, bem como as escolas não se reestruturavam para receber os alunos com necessidades educativas especiais. E para não ocorrer apenas o deslocamento dos alunos das escolas de educação especial para as escolas de educação regular faz-se necessário investir na capacitação dos professores para trabalhar com a inclusão favorecendo não somente o professor, mas favorecendo também o conjunto que abrange o aluno, a família e a escola.” (Facion, 2005) Norwick (1993) apresentou quatro dilemas referentes ao processo de inclusão: 1. O dilema do currículo comum: um aluno com graves problemas de aprendizagem deve aprender conteúdos iguais ou diferentes aos de seus colegas? 2. O dilema da identificação: a identificação dos alunos com necessidades especiais ajuda-os ou marca negativamente? 3. O dilema pai-profissional: no momento das decisões sobre a escolarização dos alunos, quem tem maior influência? 4. O dilema da integração: uma criança com sérios problemas de aprendizagem aprende mais na classe especial com mais apoios? E agora? Como resolver estes dilemas? “Diante desses aspectos, percebe-se que nos encontramos diante de um perfeito quebra-cabeças e a peça principal é nosso “ querido” professor, que inserido no processo de inclusão, vê-se frente a todo tipo de demanda. É uma trajetória de ajustes e direcionamentos. O professor é desafiado continuamente a responder às novas e crescentes expectativas projetadas sobre ele. E com a implementação do modelo de inclusão, esse desafio tornou-se ainda maior.” (Facion, 2005) Pesquisa com experientes professores em processos de inclusão • Existe há cerca de duas décadas na Austrália, um movimento lento, mas, vigoroso que objetiva a inclusão de crianças com médios a severos graus de acometimento em salas de aulas, junto a turmas normais de alfabetização. • Basicamente o alvo desse processo seria o estabelecimento, junto à turma, de uma atmosfera onde todos pudessem interagir, adaptando não só a criança com dificuldades, mas ao mesmo tempo os outros alunos, para que desse encontro se estabeleça uma atmosfera integral e globalizada. Afim de por em prática essa estratégia foi criado um novo modelo operante, o qual suscitou muitas dúvidas, preocupações e questionamentos ao ser aplicado. • Pesquisas realizadas com os professores concluiram que: – 89% dos educadores consideraram a ausência de treinamento estressante; – 99% perceberam que tinham recebido treino inadequado; – 91% dos participantes da pesquisa salientaram que o treinamento dado foi impróprio levando-se em consideração a especificidade do problema do aluno; – 91% achou que nada adiantou – 92% tiveram o treinamento, mas mesmo assim não se sentiram capazes de encontrar as necessidades do aluno. • É interessante destacar que a maioria dos professores entrevistados apontou como maior gerador de stress o manejo dessa nova proposta de ensino, em detrimento ao fato de ter um aluno especial em sala. Tópicos considerados mais estressantes • Competência do profissional; • Comportamento da criança. • A maioria dos professores relatou que a inclusão não atrapalhava o seu trabalho, mas a falta de informações sobre a criança que viria a integrar este processo apresentou-se como um grande gerador de ansiedade. • Os professores se consideram pessoalmente responsáveis pela produção dos seus alunos e também por sustentar uma atmosfera de aprendizado para a turma. • As causas mais difundidas de stress foram aquelas que envolveram diretamente o contato com os estudantes. – O comportamento problemático e a falta de disciplina se destacaram em detrimento as dificuldades intelectuais das crianças, juntamente com a falta de material técnico ou um currículo adequado do professor. – Somente dois dos setenta e dois estudos vinculados à pesquisa, apontaram como sendo estressante ter um aluno especial em sala de aula. Seis Elementos para Inclusão Eficaz • 1. Desenvolver uma filosofia comum e um plano estratégico (baseado nos princípios democráticos e igualitários da inclusão, da inserção e da provisão de uma educação de qualidade para todos alunos; deve abranger três esferas: acadêmica / socio-emocional / cidadania). 2. Proporcionar uma liderança forte • O diretor deve reconhecer sua responsabilidade de definir os objetivos da escola e de garantir a tomada de decisões, o enfrentamento de desafios e o apoio às interações e aos processos que se compatibilizam com a filosofia da escola. 3. Promover culturas no âmbito da escola • Um objetivo fundamental é ajudar as novas gerações a compreender que elas são parte de uma comunidade acolhedora. 4. Desenvolver redes de apoio • Devido à variedade das necessidades dos alunos nas turmas e nas escolas regulares e à recente mudança de paradigma para a prestação de serviços de apoio, é importante desenvolver as redes de apoio necessárias tanto para os professores quanto para os alunos. 5. Comemorar os sucessos • É importante que os sistemas escolares cultivem a capacidade dos membros de seu pessoal de pensar criativamente, em vez de reativamente. Os pensadores criativos demonstram um enfoque positivo e reconhecem a importância de comemorar e confiar no sucesso. 6. Estar a par do processo • Pesquisas têm mostrado que as mudanças de atitude não têm de preceder as mudanças de comportamento. Por isso, não é eficiente esperar que as atitudes das pessoas sobre uma determinada inovação mudem antes que a mudança seja implementada. Na verdade, alguns estudos revelaram que a única maneira de mudar atitudes é orientando os indivíduos a mudarem seu comportamento segue-se então uma mudança de atitude. TRANSTORNO AUTISTA • O Transtorno Autista é compreendido dentro dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento que causam prejuízos severos e invasivos nas diversas áreas do desenvolvimento (habilidades de interação social recíproca, de comunicação ou presença de comportamentos e/ou interesses estereotipados). • Eles vêm, muitas vezes, acompanhados de um Retardo Neuropsicomotor, significando assim, uma segunda formulação de diagnóstico e uma possível maior associação com distúrbios de comportamentos mais graves e, por conseqüência, de maiores dificuldades de convívio do diaa-dia. • O autismo é visto como uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que meninas. É encontrada em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica ou social. www.inapea.com [email protected]