Exercı́cios de Cálculo Numérico - Erros 1. Considere um computador de 14 bits com expoente máximo e = (15) e a representação em aritmética flutuante na base 2. (a) Determine o menor número positivo representável nesta máquina, na base 10. (b) Determine o maior número positivo representável nesta máquina, na base 10. (c) Represente o número x = (12, 37) nesta máquina e calcule o erro da representação na base 10. (d) Determine o menor valor de tal que 12, 37 + > 12, 37. 2. Numa calculadora aproxima-se o valor de ex , para todo x ∈ [−1, 1], pelo valor do polinômio de Taylor de grau 3, obtido através da expansão de ex em série de Taylor em torno do ponto x0 = 0. (a) Qual a aproximação de e0.5 fornecida pela calculadora? (b) Utilizando a expressão do erro cometido ao se aproximar a função ex pela sua expansão em série de Taylor, forneça um limitante superior para o erro cometido no item (a). 3. Usando a série de Taylor, determine o valor aproximado e o limitante superior do erro, utilizando 4 dı́gitos significativos, para o cálculo de sen(47◦ ), em torno do ponto x0 = (45◦ ), com polinômios de grau (a) η = 2 (b) η = 3 (c) Usando o polinômio de grau η = 2 e o erro associado, calcule sabendo que o valor ”exato” é I = 0.318001639 Z 47◦ sen(x) dx, 0 4. Considere a integral abaixo: In = Z 1 xn ex−1 dx 0 Fazendo uso da integral por partes obtém-se a recorrência: In = 1 − nIn−1 ; n = 2, 3, ... (1) (a) Calcule o valor de I100 , usando (1), para n = 2, 3, ..., 100 , sabendo que I1 = 1/e. (1 − In ) , para n = 200, 199, ..., 101 , (b) Calcule o valor de I100 , usando In−1 = n utilizando a aproximação I200 ≈ 1/201. (c) Sabendo-se que 0 ≤ In ≤ 1/(n+1), compare os dois resultados e verifique em qual deles o erro é maior. Qual é a melhor maneira de calcular? Justifique a resposta. 5. Considere a série Harmônica dada por S = ∞ X 1 . Mostra-se que n S > 1 + 21 + 12 + · · · e portanto é divergente. No entanto, se calcularmos S, 1 usando o algoritmo: S1 = 1 e Sk+1 = Sk + k+1 , k ≥ 1, obtemos um resultado finito. Explique o que ocorre. n=1 6. Verifica-se que a série de Taylor da função ex em torno de x0 = 0 é: ex = ∞ X xi i=0 x2 x3 xn + + ... + + ... 2! 3! n! (2) n X xi podem ser usadas para calcular aproximações i! de dois modos: As somas parciais Sn = para o valor de e−5 i! =1+x+ i=0 (a) Tomando x = −5 em (2); (b) Tomando x = 5 em (2) e lembrando que e−5 = 1/e5 ; (c) Compare estes dois procedimentos com n = 100. Compare também seus resultados com o valor de e−5 da calculadora. Gabarito – Erros Exercício 1: (a) Como o expoente máximo é (15)10, então o número de bits para o expoente é 5 (lembrando que o número de bits do expoente – aberviado por n.e. – é encontrado através da relação emáx = 2n.e. – 1 – 1). Assim, montamos a seguinte tabela que relaciona os 5 bits com os expoentes: Bits 00000 00001 00010 ... 01101 01110 01111 10000 10001 10010 ... 11101 11110 11111 Expoente -14 (forma desnormalizada) -14 -13 ... -2 -1 0 +1 +2 +3 ... +14 +15 ∞, NaN ou Indeterminação O menor número positivo representável nesta máquina na forma normalizada deve ter o menor expoente (00001) , zeros na mantissa, além do bit 0 para o sinal do número, que é positivo. Então, temos: 0{ 00001 123 00000000 14243 s.n. expoente mantissa 1,00000000 x 2-14 ≈ 6,1035 x 10-5 O menor número mesmo está na forma desnormalizada e deve ter como menor expoente 00000. Assim, temos: 0{ 00000 123 00000001 14243 s.n. expoente mantissa 0,00000001 x 2-14 ≈ 0,0238 x 10-5 (b) O maior número positivo representável nesta máquina deve ter o maior expoente (11110), 1’s na mantissa, além do bit 0 para o sinal positivo do número. Então, temos: 0{ 11110 1424 3 123 11111111 s.n. expoente mantissa 1,11111111 x 215 = (20 + 2-1 + 2-2 + ... + 2-8) x 215 = 27 + 28 + 29 + ... + 215 = 216 – 27 = 65536 – 128 = 65408 (c) 12,37 = 12 + 0,37 Parte inteira: 12 | 2 0 6 |2 0 3 |2 1 1 |2 1 0 Parte fracionária: 0,37 x 2 = 0,74 0,74 x 2 = 1,48 0,48 x 2 = 0,96 0,96 x 2 = 1,92 0,92 x 2 = 1,84 0,84 x 2 = 1,68 0,68 x 2 = 1,36 ... Em representação binária: 12,37 = 1100,0101111... Mas, nesta máquina, que possui apenas 8 dígitos para a mantissa, temos: 1,10001011 x 23 = 12,34375 8 bits p/ mantissa 0{ 10010 123 10001011 1424 3 s.n. expoente mantissa Erro da representação: ε = 12,37 – 12,34375 = 0,02625 (d) 12,37 = 1,10001011 ε = 0,00000001 12,37 + ε = 1,10001100 x 23 x 23 x 23 = 1,00000000 x 2-8 x 23 = 0,03125 Limite da mantissa Exercício 2: Polinômio de Taylor de Grau 3 x ∈[-1,1] x0 = 0 f(x) = e x (a) P3 (x) = f(x 0 ) + f ′(x 0 )(x − x 0 ) + f ′′(x 0 )(x − x 0 ) 2 f ′′′(x 0 )(x − x 0 ) 3 + 2 3! quando x = 0.5 : P3 (0.5) = e 0 + e 0 ⋅ 0.5 + e 0 ⋅ (0.5 ) 2 e 0 ⋅ (0.5) 3 + 2 6 = 1 + 0.5 + 0.125 + (0.5) 3 6 ≈ 1.64583333 3 (b) Limitante superior para o erro: f iv (x) E 3 (x) ≤ máx x − x0 4 4! Lembrando que 0 < ε < 0.5 f iv (0) = 1 f iv (0.5) = e 0.5 ≈ 1.64872127 1 > 1 (logo, esse vai ser o valor usado para o limitante) E 3 (0.5) ≤ e 0.5 ⋅ (0.5) 4 ≈ 4.29 × 10 −3 24 Exercício 3: (a) P2 (x) = f(x 0 ) + f ′(x 0 )(x − x 0 ) + x = 47 o = f ′′(x 0 )(x − x 0 ) 2 2 47 π rad 180 x 0 = 45 o = π rad 4 f(x) = sen(x) f ′(x) = cos(x) f ′′(x) = - sen(x) 2 2 π 2 π + x − − x − 2 2 4 4 4 P2 (x) = 2 47π P2 ≈ 0.73135867 180 (b) fazer com η = 3 (c) Usando polinômio de Grau 2 : 47π 180 ∫ 0 2 2 2 π 2 π P2 (x) = + x − − x − dx 2 2 4 4 4 47π 47π 47π 2 180 3 180 2 2 180 2 π π = x + − x − x − 4 4 4 12 2 x =0 x =0 x =0 ≈ 0.30528362 6 Erro associado : 47π E= 180 ∫ sen(x) − P (x) ≈ 0.01271801 3 2 0 Exercício 4: (a) I1 = 1 e I2 =1- 2 1 = 1 − 2! e e 3⋅2 3! 3! 2 1 1 I 3 = 1 - 31 - = 1 − 3 + =1− + = 1 − 3! − e 2! e e 2! e 3⋅2 4 ⋅3⋅2 4! 4! 4! 1 1 1 I 4 = 1 − 41 − 3 + =1− + − = 1 − 4! − + = 1− 4 + 4 ⋅3 − e e 3! 2! e 3! 2! e 4 ⋅3⋅2 5⋅4 ⋅3⋅2 5! 5! 5! 5! 1 1 1 1 I 5 = 1 − 51 − 4 + 4 ⋅ 3 − =1− + − + = 1 − 5! − + − = 1−5 + 5⋅4 − 5⋅4 ⋅3 + e e 4! 3! 2! e 4! 3! 2! e ... Assim, deduzimos que a fórmula para I n é : 1 1 1 1 I n = 1 − n! − + − + ... − ( −1) n −1 (n − 1)! (n − 2)! (n − 3)! (n − 4)! 1 e Então, 1 1 1 1 1 I 100 = 1 - 100! − + − ... − + 99! 98! 97! 2! e 1 1 1 1 1 1 1 = 1 - 100! + + ... + + − + + ... + << 0 97! 3! e 98! 96! 2! 199! 4444244443 144424443 ≈ 0.718281803 (na calculadora) ≈ 0.54308063 4(na calculadora) (b) I 200 ≈ 1 201 I 199 = 1 − I 200 1 − (1/201) (200/201) 1 = = = 200 200 200 201 I 198 = 1 201 I 100 = 1 ≈ 0.004975 201 (c) 1 1 , portanto o erro é maior em (a). A melhor maneira de calcular, então, é usar ≤ 201 101 (1 − I n ) 1 , porque em todas as iterações o resultado sempre converge para . = n 201 como em (b), 0 ≤ I n -1 Exercício 5: Fonte: Howard Anton – “Cálculo, um novo horizonte” – Vol.2 – 6a Edição – Ed. Bookman – pág. 60. Uma das mais importantes de todas as séries divergentes é a série harmônica ∞ 1 1 1 1 1 ∑ k = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + ... k =1 A série harmônica surge em conexão com os sons harmônicos produzidos pela vibração de uma corda musical. Não é evidente que esta série diverge. Entretanto, a divergência se tornará aparente quando exarminarmos as somas parciais em detalhe. Como os termos da série são todos positivos, a soma parcial S1 = 1; S2 = 1 + 1 ; 2 S3 = 1 + 1 1 + ; 2 3 S4 = 1 + 1 1 1 + + ; 2 3 4 ... forma uma seqüência estritamente crescente S1 < S 2 < S 3 < ... < S n < ... Podemos provar a divergência demonstrando que não há nenhuma constante M (cota superior para a seqüência) que seja maior ou igual que suas somas parciais (veja o teorema no final do exercício). Para este fim, consideraremos algumas somas parciais selecionadas, isto é, S 2, S 4 , S 8 , S16 , S 32 ,... Note que os índices são potências sucessivas de 2, de modo que essas são as somas parciais da forma S 2n . Essas somas parciais satisfazem as desigualdades: S2 = 1 + 1 1 1 2 > + = 2 2 2 2 S4 = S2 + 1 1 1 3 1 1 + > S2 + + = S2 + > 3 4 4 4 2 2 S8 = S 4 + 1 1 1 1 1 4 1 1 1 1 + + + > S4 + + + + = S4 + > 5 6 7 8 2 2 8 8 8 8 S16 = S 8 + 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 1 + + + + + + + > S8 + + + + + + + + = S8 + > 9 10 11 12 13 14 15 16 2 2 16 16 16 16 16 16 16 16 . . . S 2n > n +1 2 Se M é uma constante qualquer, podemos achar o inteiro positivo n tal que (n+1)/2 > M. No entanto, para este n S 2n > n +1 >M 2 de modo que nenhuma constante M é maior ou igual que cada soma parcial da série harmônica. Isso prova a divergência. Teorema: Se uma seqüência {Sn} for crescente a partir de um certo termo, então existem duas possibilidades: (a) Existe uma constante M, chamada de cota superior para a seqüência, tal que se Sn ≤ M para todo n a partir de um certo termo, e, neste caso, a seqüência converge a um limite L satisfazendo L ≤ M. (b) Não existe cota superior, e neste caso, lim S n = +∞ n →∞ Exercício 6: n = 100 Procedimento (a): x = - 5 100 e −5 ≈ ∑ (− 5)i = 1 + ( −5) + i! i =0 ( −5) 2 ( −5) 3 ( −5) 100 + + ... + ≈ −146,4465 = −146446,5 × 10 −3 2! 3! 100! Procedimento (b): x = 5 e −5 = 1 e 5 ≈ 1 100 5 i ∑ i! i =0 = 1 2 3 100 5 5 5 1+ 5 + + + ... + 2! 3! 100! 14444 4244444 3 ≈ 148,4123 O procedimento (b) é o melhor! ≈ 1 = 6.73798600 3 × 10 −3 148,4123