JURUTI SUSTENTÁVEL: UMA PROPOSTA DE MODELO PARA MINERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL FABIO ABDALA, Cientista Político, Doutor em Relações Internacionais Gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais, Alcoa/ Negócios de Mineração/ América Latina & Caribe, ([email protected]) RESUMO: O Juruti Sustentável propõe-se como modelo de implementação de uma agenda de sustentabilidade para o Município de Juruti, face à instalação pela Alcoa de uma Mina de Bauxita. O modelo baseia-se em um tripé de intervenção que promove parcerias institucionais objetivando benefícios mútuos para todas as partes interessadas: social, público e privado. Seus componentes são: 1) Conselho Juruti Sustentável: espaço permanente de diálogo e ação coletiva entre as partes, considerando agenda de longo prazo; 2) Indicadores de Sustentabilidade: instrumentaliza o monitoramento do desenvolvimento de Juruti e alimenta o Conselho com informações qualificadas; e 3) Fundo Juruti Sustentável: financia ações de desenvolvimento a partir dos Indicadores priorizados pelo Conselho, e mobiliza recursos para gerar patrimônio financeiro para as presentes e futuras gerações. Palavras-chave: Sustentabilidade; Governança; Indicadores; Fundo de Desenvolvimento. ABSTRACT: The Sustainable Juruti is a proposed model to promote an agenda of sustainability to Juruti City, due to the installation of an Alcoa Bauxite Mine. The model is based on a tripod approach with multi-institutional partnerships aiming at mutual benefits for all stakeholders: social, public and private. Components are: 1) Sustainable Juruti Council: permanent forum for dialogue and collective action among parties, considering long-term agenda, 2) Sustainability Indicators: monitoring the development of Juruti and feeds the Council with qualified information, and 3) Sustainable Juruti Fund: funding activities prioritized by the Council, and mobilizes resources to generate endowment fund for present and future generations. Keywords: Sustainability; Governance; Indicators; Funding INTRODUÇÃO O Juruti Sustentável propõe-se como modelo de implementação de uma agenda de sustentabilidade para o Município de Juruti, localizado no extremo Oeste do Estado do Pará, face à instalação pela Alcoa da Mina de Bauxita de Juruti, um empreendimento de mineração de grande porte na região (ALCOA, 2009). Tais empreendimentos na Amazônia são desafiados a superar os passivos sociais e ambientais históricos, onde o caso do colapso da Serra do Navio, após uma fase de 45 anos de boom econômico e de bem estar resultante da explotação de manganês no Amapá, tornou-se símbolo de insustentabilidade da mineração de grande porte (TOSTES, 2007). Figura 1 - Localização do Município de Juruti /Pará Sob o impacto dos novos paradigmas de desenvolvimento, a mineração é desafiada por dois pressupostos: 1) a licença social é um elemento-chave para sua sustentabilidade, e 2) os empreendimentos, no longo prazo, não se sustentariam como "ilha de prosperidade" convivendo em um ambiente de pobreza e precariedade institucional. É preciso, portanto, gerar múltiplos benefícios (ENRIQUEZ, 2007). O modelo Juruti Sustentável baseia-se em um tripé de intervenção que promove parcerias multiinstitucionais (poderes públicos, comunidades, organizações civis, empresas), cujos componentes e finalidades são: 1. Conselho Juruti Sustentável: espaço permanente de diálogo e ação coletiva entre sociedade, governo e empresas, que discute o futuro comum de interesse público, prioriza ações e formula uma agenda de longo prazo. 2. Indicadores de Sustentabilidade: instrumentaliza o monitoramento do desenvolvimento de Juruti e entorno e alimenta o Conselho com informações qualificadas para tomada de decisões 3. Fundo Juruti Sustentável: complementa os financiamentos locais às ações de desenvolvimento a partir dos Indicadores priorizados pelo Conselho, e mobiliza recursos para gerar patrimônio financeiro para as presentes e futuras gerações. Segundo seus idealizadores, este modelo foi pensado e desenhado a partir do desafio central que se apresenta em Juruti: “a inserção de um empreendimento de grande porte em uma região de alta biodiversidade, organização social e poder público despreparados para enfrentar um horizonte de grandes e rápidas mudanças, e a falta de recursos financeiros para atender as demandas da população. Nesse cenário, tal inserção traz repercussões potencialmente expressivas e de longo prazo sobre uma ampla gama de atores, com enormes diferenças sociais, econômicas, políticas e históricas, bem como sobre o meio ambiente” (MONZONI, 2008: 8). Ao lado dos impactos socioambientais e econômicos do empreendimento mineral, a promoção do Juruti Sustentável seria uma estratégia de geração de benefícios mútuos para todas as partes interessadas: social, público e privado. Haveria benefícios para as empresas na medida em que se reduzem as tensões com a comunidades, os governos (local e regional) e outras partes interessadas, contribuindo fortemente para a licença de operação. Igualmente haveria benefícios para a imagem e reputação da empresa, do nível local ao global, identificando-a como líder de um modelo inovador que busca a sustentabilidade. Haveria benefícios sociais para a presente geração na medida em que participa das decisões estratégicas sobre a alocação dos investimentos socioambientais das empresas, conectando-os com os do poder público, que por sua vez se beneficiaria dos investimentos em desenvolvimento institucional e dos instrumentos de planejamento e participação social, providos pelo Conselho e Indicadores. Haveria benefícios ambientais derivados dos investimentos em conservação e uso sustentável dos recursos naturais, por meio do Fundo. Haveria benefícios para gerações futuras na medida em que parte da renda mineral seria destinada a um fundo patrimonial, gerando um legado financeiro (poupança) para além daquilo que é investido no curto prazo. Nota metodológica: o presente trabalho resulta, sobretudo, da observação participante deste autor; olhar sobre qual se buscou mediar com a breve análise bibliográfica. Portanto, há o risco do pouco distanciamento do autor frente ao objeto de análise, ao contrário do que se esperaria do procedimento técnico mais acurado. Por outro lado, conta com a vantagem do pesquisador participante, engajado no experimento de inovação por sustentabilidade na mineração. Destacase também que este trabalho é de inteira responsabilidade do autor e não representa posicionamento da empresa Alcoa. PREMISSAS E TRIPÉ DE INTERVENÇÃO No modelo Juruti Sustentável, três premissas norteiam a construção da agenda de desenvolvimento local (MONZONI, 2008): 1. A concepção de espaços de articulação social, possibilitando a participação ampla e democrática da sociedade na construção da agenda, rumo a um futuro comum. 2. A abordagem de território, que considera o município hospedeiro como um pólo gerador de desenvolvimento nessa região. 3. O diálogo com a realidade, que molda a agenda frente às demandas locais, que customiza a agenda frente às políticas públicas regionais e que contextualiza a agenda dentro de iniciativas globais e empresariais voltadas à sustentabilidade. O modelo baseia-se em um tripé de intervenção: Quadro 1 – Tripé do Modelo Juruti Sustentável GOVERNANÇA E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO A governança do modelo se assenta na parceria entre organizações da sociedade civil, comunidades, governamentais e empresas, cujo Conselho Juruti Sustentável (CONJUS) é o espaço institucional privilegiado. Criado em 2008, trata-se de um espaço permanente de diálogo e ação coletiva entre parceiros orientados para o desenvolvimento sustentável de Juruti. O Colegiado diretor do CONJUS é formado por quinze membros, quais sejam: Social 1. Colônia Pescadores Z42 2. Pastoral da Criança 3. Conselho Tutelar 4. Sindicato dos Trabalhadores Rurais 5. Associação de Mulheres 6. Associação Comercial e Empresarial 7. Sindicato dos Produtores Rurais 8. Associação dos Deficientes de Juruti 9. Sind. Trabalhadores na Indústria da Construção Governo 10.Prefeitura 11.Câmara Municipal 12.Emater Empresas 13.Alcoa 14.GRSA 15.Hotel Garcia Quadro 2 – Colegiado Diretor do Conselho Juruti Sustentável O Conselho é caracterizado pelo pluralismo e diversidade de participantes. Está organizado em oito Câmaras Temáticas para discutir temas-chave do município: Segurança, Questão Fundiária, Produção, Direitos, entre outros. Atualmente o CONJUS está em processo de elaboração da Agenda 21 de Juruti a partir dos resultados do diagnóstico gerado nos primeiros resultados dos Indicadores de Sustentabilidade (CONJUS, 2010). Os Indicadores de Sustentabilidade são resultado do sistema de monitoramento das dinâmicas de desenvolvimento de Juruti e entorno. Este sistema é realizado em parceria da Alcoa, com a Prefeitura e organizações civis locais, com apoio técnico da FGV, por meio do qual são registrados como era o município antes da chegada da Mina de Juruti bem como as recentes transformações, compondo uma espécie de “termômetro”, uma ferramenta para gestão do município. Para a FGV, por meio deste instrumento “é possível conhecer parte da história passada e presente do município. E principalmente, discutir o seu futuro. Os indicadores têm sido discutidos nos conselhos, nas escolas, nas comunidades, nas instituições, pelos governos e empresas, e se espera contribuir no planejamento das ações e dos investimentos públicos e privados no município” (FGV,2009: 7). O objetivo final é ajudar a população a ter conhecimento das transformações pelas quais ela vem passando, definir coletivamente os rumos desejados e avaliar os caminhos percorridos: reforçando as boas ações em curso ou, se necessário, corrigindo os rumos do seu desenvolvimento. Os primeiros resultados já estão publicados em livro de forma que os indicadores possam ser entendidos de forma didática. O sistema de informações também está 100% disponível para consulta na internet. Os Indicadores de Sustentabilidade permitem ao CONJUS orientar as linhas de ação do Fundo Juruti Sustentável (FUNJUS), que também constitui parceria entre a Prefeitura, organizações civis locais, a Alcoa (primeiro patrocinador) e o Banco do Pará, com apoio técnico do FUNBIO. O FUNJUS é ferramenta de financiamento de longo prazo orientado para o desenvolvimento sustentável do território incentivando a criação de valor em quatro capitais da sustentabilidade: humano, social, ambiental e produzido (econômico). Trata-se de um agente promotor e catalisador, uma alavanca para o desenvolvimento local. Complementa e não substitui o poder público como financiador de políticas públicas. Diante das recentes transformações do município, considera impactos, desequilíbrios e perspectivas de estabilidade de Juruti (FUNBIO, 2010). Em fase piloto de implementação, no final de 2009, foi lançado o primeiro edital do FUNJUS por meio do qual está financiando 21 projetos comunitários, mobilizando R$ 550 mil, de um montante global atual de R$ 2 milhões. RESULTADOS Até 2006, o munícipio contava com uma população de 25 mil habitantes, 60% em área rural (IBGE, 2007), com baixo Índice Desenvolvimento Humano, o 10º. pior IDH do Pará (PNUD,2000), ou seja, convivendo com baixa renda, e sem acesso a serviços sociais básicos (saúde e educação). Somava-se a isso a vulnerabilidade do ambiente amazônico, tanto pela fragilidade dos ecossistemas florestais, quanto pela ausencia dos poderes públicos. Com a implatação da Mina de Juruti as fragilidades sociais e institucionais se explicitaram de forma contundente. A empresa, por sua vez, não estava devidamente preparada para lidar com conflitos sociais e ambientais que eclodiam sob a liderança de comunidades e orgãos públicos, inclusive colocando em risco a licença para se instalar e operar. Em 2006 e 2007 o MPE já promovia ação civil pública contra o empreendimento. No mesmo período as relações com a Prefeitura Municipal se deterioravam, e as comunidades realizaram diversos protestos contra o empreendimento, inclusive passeatas promovidas pelo Movimento 100% Juruti com o jargão "Fora Alcoa". A economia crescia junto com os problemas ambientais e urbanos decorrentes da Mina, e os críticos questionavam: o que fazer com a renda mineral produzida pela instalação da Mina? Como esta renda seria investida em setores estratégicos do desenvolvimento local e como beneficiaria as comunidades? Vão explorar a bauxita, deixar um buraco e ir embora? Qual seria a sustentabilidade de Juruti com a Mina, isto é, qual legado seria deixado para as futuras gerações? Perguntas com respostas precárias ou incompletas. Notava-se a falta de um espaço de diálogo entre as partes interessadas no desenvolvimento local, assim como percebia-se a ausência de "massa crítica" para dar rumo ao que aflorava. Com a implantação do tripé de sustentabilidade as partes interessadas investiram no dialogo e na geração de consensos, passaram a organizar as idéias na forma de planos de ação orientados para a sustentabilidade econômica, social e ambiental, assim como criaram meios para implementar as ações. Por meio do Conselho Juruti Sustentável foi possível iniciar a parceria social-público-privada como um espaço de cooperação e de busca de soluções conjuntas. Em 2008 elegeu-se a colegiado-diretor entre a Prefeitura, a Alcoa e o Movimento 100% Juruti. O nível de conflito entre a Mina de Juruti, as comunidades e o governo local foi reduzido, e além disso se estabeleceu um lugar para solucionar controvérisas, dar transparência aos interesses e gerar acordos entre as partes. Os Indicadores (mais 80 itens, nas áreas humanas, sociais, ambiental e econômica) permitiram às partes um diálogo mais qualificado, buscando equilibrar os interesses sociais e institucionais com as informações técnicas. Para chegar a estes resultados foram realizadas oficinas técnicas, reuniões comunitárias, consulta na internet e audiência pública, que mobilizaram mais 600 participantes de 115 comunidades e 71 instituições, com 90 contribuições pela web. Neste processo os fatores mais destacados pelos participantes estão expressos na figura ao lado. Diante de tais resultados, as partes passaram a formular um plano de sustentabilidade local baseado na Agenda 21, com responsabilidades comuns, mas diferenciadas: as empresas contribuem, mas não substituem o papel do governo e da sociedade. ÁGUA AGRICULTURA CREDITO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA SAÚDE EDUCAÇÃO SEGURANÇA TRANSPORTE COMUNICAÇÃO ENERGIA ELÉTRICA LIXO O Fundo que se inicia busca demonstrar a viabilidade de novas formas de produzir (pescados, hortaliças, serviços), de conservar a natureza (acordos de pesca e manejo de lagos) e desenvolver a sociedade (educação ambiental, assistencia integral para jovens em situaçào de risco). Hoje já são implementados 21 projetos nas áreas urbana e rural, que mobilizam cerca de R$ 550 mil, conforme quadro abaixo: Quadro 3 - Projetos Financiados pelo FUNJUS – 1º.Edital 2009/2010 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Projetos Tipo 1 – Associações Comunitárias sem CNPJ – Até R$ 10mil Projeto Objetivos Cheiro Verde Melhorar estrutura das hortas dos produtores Reformar e ampliar o aviário para criação de Apoio aos Avicultores galinha caipira Construção de casa de farinha com estrutura Estruturação e Adequação de Casa de para produção de derivados de mandioca de CTPJ Farinha qualidade melhorada Fortalecer a atividade produtiva através da Ass. Produtores implantação de horta comunitária e Araçá Preto Apoio aos Produtores de Hortaliças Orgânica regularização da associação Criação de tambaqui em tanques-rede (200 kg APROSEIS Criação de Tambaqui em Tanques-rede de pescado) Ass. Produtores Implantação da criação de abelhas nativas da São Braz Criação de Abelhas Nativas Amazônia Ass. Produtores Geração de renda para a produção Familiar Gerar renda com a produção familiar rural de São Pedro Rural através da criação de galinha poedeira. através da criação de galinha poedeira caipira Ass. Comunidade de Geração de renda através do artesanato e o São Benedito Amarrando Sonhos extrativismo para a sustentabilidade familiar "100% Adelinos Criação de Tambaqui em Criação de tambaqui em tanques-rede (200 kg ASPROFAGU Tanques-Rede de pescado) Ass. Produtores Nova Galiléia e 100% CURUPIRA - Criação de Tambaqui em Criação de tambaqui em tanques-rede (200 kg Nova Esperança Tanques-Rede de pescado) Ass. Produtores Santa Terezinha Consolidação e Fortalecimento de Consolidação e fortalecimento da APROFASP, e Lago Preto Associações na Região do Planalto APROSEIS e ASPRUFARSHI Ass. Produtores Consolidação e Fortalecimento de Consolidação e fortalecimento das associações Grupo Unidos Associações na Região do Lago Juruti Velho CTPJ, ASPROFAGU, ASPEFANGE Ass. Produtores Estruturação de Hortas Familiares das do Santo Hilário Comunidades da Região do Santo Hilário Melhorar a estrutura das hortas dos produtores Proponente APROFASP Ass. Produtores de São José Projetos Tipo 2 – Associações Comunitárias e Civis com CNPJ – Até R$ 50mil Projeto Objetivos Acordo de Pesca Lago Desenvolver e implementar Planos Comunitários de Manejo de MOPEBAM Grande e Curuai pesca Puxirum dos Curumins - I Ass. PróEncontro do Clubinho da Tartarugas Tartaruga Realizar o 1º encontro do Clubinho da Tartaruga Capacitar os sócios para execução do Projeto por meio de cursos que contribuirão para o desenvolvimento de habilidade e competências dos envolvidos, afim de garantir o sucesso do negócio APRAPAEB Projeto Juruti Pescados de criação de peixe e comercialização Pesca Milagrosa - Criação de Tambaqui em APRAPAEVID Tanques-Rede Criação de tambaquis em tanques-rede ACEJ Programa 5S - Juruti Criar a cultura da Qualidade Total através da implantação do Proponente 14. 15. 16. 17. 18. Programa 5S (sensos da Utilização, Ordenação, Limpeza, Saúde e Higiene e Autodisciplina) em trinta empresas em Juruti 19. 20. 21. Ass. Comunitária Bairro Santa Rita Ass. Promocional Bom Samaritano Ass. Artesãos de Juruti Da rua à Cultura Construindo e Alimentando com Qualidade Tucumã Resgatar crianças e adolescentes do bairro de Santa Rita e demais bairros através da anuência do conselho tutelar, para integrarem o projeto da Rua a Cultura Proporcionar aos alunos da Escola Rosa de Saron, o atendimento com qualidade na distribuição de merenda, por meio da construção de um refeitório e cozinha Capacitar artesão e estruturar a montagem de um espaço para confecção de biojóia O modelo Juruti Sustentável é exigente em termos de: 1) qualificação de lideranças para o diálogo, utilizando tecnologias sociais adequadas, 2) equipe e recursos dedicados, e 3) operação do empreendimento mineral capaz de adaptação às demandas sociais e institucionais. Os benefícios podem ser internos e externos ao empreendimento. São exemplos internos: antecipação, gestão e (por conseqüência) redução de riscos sociais e institucionais decorrentes de conflitos gerados pelo empreendimento; fortalecimento da licença para operar; satisfação dos colaboradores em fazer parte de uma empresa reconhecida positivamente pela sociedade e seus pares no mercado; fortalecimento da marca e reputação da empresa no mercado. Exemplos externos: investimento social privado e responsabilidade corporativa alinhados com os objetivos de desenvolvimento local estabelecidos pela sociedade e governo locais, gerando convergências e ganhos de escala; espaço de diálogo direto de stakeholders com a empresa, transparente, sem clientelismo; criação de legado institucional e financeiro gerado pela renda mineral para além do fechamento da mina. Os impactos e benefícios deste tipo de abordagem corporativa, em parceria com comunidades e governos, podem ser observados no curto prazo, mas serão mais consistentes e duráveis no médio e longo prazos. Como resultados de curto prazo se pode destacar: redução de conflitos, aumento de confiança entre empresas, sociedade e governo, e mecanismo para solução de controvérsias; promoção de iniciativas conjuntas e mobilização de parcerias (públicas e privadas, locais, regionais e nacionais) em favor da sustentabilidade local; aumento da responsabilidade social corporativa e do investimento social privado; aumento da transparência pública sobre os investimentos privados, orçamento e uso de recursos públicos; encaminhamento das demandas sociais por serviços públicos aos órgãos de governo, permitindo direcionar investimento social privado de forma complementar e estratégica. No médio e longo prazos se destacam: governança participativa do território; aumento da qualidade de vida e dos níveis de desenvolvimento institucional e social; maior presença do Estado, com aumento do controle, fiscalização e serviços; retirada progressiva dos investimentos do empreendimento mineral no provimento de serviços públicos (típicos de Estado); inclusão social e econômica de comunidades; desenvolvimento de cadeias de valor locais (agroindustriais, florestal e de serviços), com maior autonomia local em relação à cadeia mineral; estabelecimento de unidades de conservação de proteção integral e uso sustentável; fundo patrimonial para investimentos no desenvolvimento local; fechamento de minas sem gerar colapso na sociedade local. BIBLIOGRAFIA Alcoa in: Mina de Bauxita de Juruti: Balanço de Ações e Resultados Socioambientais – Juruti/PA, setembro – 2009. Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional in: Agenda 21 Brasileira – Brasília, MMA -2002. 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