MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO Rio de Janeiro 2013 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientadores: Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães – D.Sc. Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro – D.Sc. Prof. Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc. Rio de Janeiro 2013 1 c 2013 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es). 629.04 S237e Santos, Graziella Pereira Pires dos Um Estudo Sobre a Utilização da Escória de Ferroníquel em Pavimentação Rodoviária / Graziella Pereira Pires dos Santos; orientado por Antonio Carlos Rodrigues Guimarães, Luíz Antonio Vieira Carneiro e Julio Cesar Soares de Oliveira. – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2013. 124 p.: il. Dissertação (mestrado). – Instituto Militar de Engenharia. – Rio de Janeiro, 2013. 1. Engenharia de Transportes – teses, dissertações. I. Guimarães, Antonio Carlos Rodrigues. II. Carneiro, Luiz Antonio Vieira. III. Oliveira, Julio Soares. IV. Título. V. Instituto Militar de Engenharia. CDD 629.04 2 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA GRAZIELLA PEREIRA PIRES DOS SANTOS UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL EM PAVIMENTO RODOVIÁRIO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientadores: Prof. Antonio Carlos Rodrigues Guimarães - D.Sc. Prof. Luiz Antonio Vieira Carneiro - D.Sc. Prof. Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc Aprovada em 02 de Agosto de 2013 pela seguinte Banca Examinadora: Major Antonio Carlos Rodrigues Guimarães - D.Sc. do IME– Presidente Tenente Coronel Luiz Antonio Vieira Carneiro – D.Sc. do IME Major Ben-Hur de Albuquerque e Silva – D.Sc. do IME Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques – D.Sc. da UFJF Prof.ª Leni Figueiredo Mathias Leite – D.Sc. da PETROBRAS Tenente Coronel Julio Cesar Soares de Oliveira – M.Sc. do IME Rio de Janeiro 2013 3 Dedico este trabalho a Deus, sem quem nada posso fazer, e à minha amada família que proporcionou minha formação moral e acadêmica. 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por sempre me iluminar, proteger e me guiar na sabedoria, dar coragem, força, disposição para concluir este trabalho. A minha mãe, por apoio e compreensão ser minha inspiração para ter garra e lutar pelos meus objetivos. As minhas irmãs, Ana Carolina e Gabriella, sempre pela amizade e carinho. Aos meus cunhados Warley e Alexandre pelo apoio. A minha linda sobrinha Manuela, que trouxe muita felicidade com a sua chegada no ano passado. Aos meus tios, Rosário e Marcos, pelo apoio e amizade. A minha amiga irmã Bárbara sempre pela amizade, apoio, conselhos e sempre presente. A minha amiga Ana Carolina a qual pude contar com seu apoio, conselhos, amizade e carinho durante todos os dias desde que ingressei no mestrado e se tornou da minha família. A minha amiga Adriana, pelo coração nobre sempre com disposição em ajudar, pelo apoio e amizade. Às minhas amigas Clau e Kíssyla que conheci no mestrado, pelo apoio, carinho e amizade. Ao Major Guimarães, pelo apoio, amizade, o qual se empenhou como orientador e se tornou parte da minha família nesta fase. Ao Tenente Coronel Carneiro, pelo apoio, capacidade, amizade e que foi de grande suporte para esta pesquisa. Ao Tenente Coronel Julio, pelo apoio, incentivo, amizade, força, conversas de motivação, o qual se tornou muito querido. Ao amigo Capitão Henry Córdova pelo apoio acadêmico, carinho e amizade. Aos meus amigos da turma de mestrado 2011, alegres, companheiros e prestativos. Aos meus orientadores, pela orientação e constante incentivo, por todas as ideias e apoios, pelo companheirismo e amizade, pelas sugestões, esclarecimentos e comentários sempre pertinentes e fundamentais para o andamento, disponibilidade, atenção e paciência para a conclusão desta dissertação. A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Laura Motta e funcionários do laboratório, pelo apoio e parceria e ter permitido que parte desta pesquisa fosse realizada no laboratório da COPPE/UFRJ. 5 As empresas Anglo American e SENAI/GO, pelo apoio e patrocínio à pesquisa deste trabalho e bolsa de pesquisa, pelos esclarecimentos e informações que muito contribuíram para a realização deste. Aos técnicos de laboratório Claudeny, Jorge, Batista e Joel pela compreensão, ajuda e boa vontade que foi de importância fundamental para que o estudo deste trabalho pudesse ser realizado. A minha professora da graduação, Marluce, a qual foi a maior incentivadora para que eu pudesse cursar o mestrado. A CAPES, pelo apoio financeiro fundamental para a realização desta pesquisa. Ao Instituto Militar de Engenharia, pela oportunidade estudar em uma instituição de excelência, com professores altamente gabaritados capazes de formar e preparar alunos com potencial de competir no mercado de trabalho. Aos membros da banca pela gentileza em aceitar o convite para examinar este trabalho. 6 “Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos sempre ser humildes, recatados e despidos de orgulho.” Dalai Lama. 7 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................... 10 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................................... 16 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20 1.1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 20 1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 21 1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 21 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 21 1.3 Justificativa e Relevância ............................................................................................. 22 1.4 Estrutura ....................................................................................................................... 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 23 2.1 Pavimento ..................................................................................................................... 23 2.2 Escórias ........................................................................................................................ 25 2.2.1 Escória de Aciaria ........................................................................................................ 27 2.2.2 Escória de Ferroníquel ................................................................................................. 38 2.3 Caracterização do Agregado ........................................................................................ 46 2.3.1 Por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ....................................................... 46 2.3.2 Por Difração de Raio-X ................................................................................................ 48 2.3.3 Por Microscopia Óptica ................................................................................................ 49 2.3.4 Por AIMS (Aggregate Imaging System)....................................................................... 50 3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 53 3.1 Materiais ....................................................................................................................... 53 3.1.1 Escória de Ferroníquel ................................................................................................. 53 3.1.2 Agregados Pétreos ........................................................................................................ 59 8 3.1.3 Ligantes Asfálticos ....................................................................................................... 59 3.2 Programa Experimental ................................................................................................ 60 3.2.1 Esquema dos Ensaios ................................................................................................... 61 3.2.2 Descrição da Metodologia para Ensaios de Caracterização da Escória e Solos. ......... 63 3.2.3 Quantitativos dos Ensaios Realizados .......................................................................... 67 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 70 4.1 Características Químicas da Escória de Ferroníquel .................................................... 70 4.1.1 Por Microscopia Eletrônica de Varredura .................................................................... 70 4.1.2 Análise por Difração de Raio-X ................................................................................... 76 4.1.3 Por Microscopia Óptica ................................................................................................ 79 4.1.4 Por AIMS 4.2 ................................................................................................................ 80 Características Físicas dos Materiais Utilizados .......................................................... 88 4.2.1 Dos Agregados ............................................................................................................. 88 4.2.2 Dos Ligantes ................................................................................................................ 93 4.3 Misturas Asfálticas com Escória de Ferroníquel.......................................................... 93 4.3.1 Traço 1 – Areia Asfalto Usinado a Quente (A.A.U.Q.) ............................................... 93 4.3.2 Traço 2 – Areia Asfalto Usinado a Quente (A.A.U.Q.) ............................................... 97 4.3.3 Traço 3 – Concreto Asfáltico Usinado a Quente (C.A.U.Q.) ....................................... 99 4.3.4 Resultados da Avaliação Mecânica - Traços 1, 2 e 3 ................................................. 101 4.3.5 Granulometria............................................................................................................. 105 4.4 Ensaios Solo e Escória Ferroníquel ............................................................................ 109 4.4.1 Ensaio de Expansão .................................................................................................... 109 4.4.2 Módulo de Resiliência ................................................................................................ 110 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................. 112 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 116 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 2.1 Estrutura de um pavimento. ................................................................................... 23 FIG. 2.2 Tecnologia da produção do aço. ............................................................................ 25 FIG. 2.3 Oxigênio insuflado no conversor da aciaria. ......................................................... 27 FIG. 2.4 Expansão causada pela escória de aciaria utilizada no pavimento. ....................... 32 FIG. 2.5 Defeitos em pavimentos causados pela expansibilidade das escórias de aciaria. .. 32 FIG. 2.6 Módulos de resiliência da EGC e de materiais granulares convencionais. ........... 35 FIG. 2.7 Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas M1, M2 e M3. ............ 36 FIG. 2.8 Corpos de prova submetidos à temperatura entre 600°C a 1000°C....................... 39 FIG. 2.9 Rotas de processamento para obtenção do níquel. ................................................ 41 FIG. 2.10 Mina de extração do minério de ferroníquel. ......................................................... 42 FIG. 2.11 Processo de produção do ferroníquel das Plantas de Barro Alto e Codemin. ....... 43 FIG. 2.12 Depósito de laterítas de níquel mundial. ................................................................ 44 FIG. 2.13 Micrografias das partículas da escória de níquel de redução feitas por MEV. Esquerda: Vista com aumento de 20X. Direita: Vista com aumento de 100X. .... 47 FIG. 2.14 Ilustração do efeito de erosão e dilatação na amostra. ........................................... 51 FIG. 2.15 Sistema de imagem do agregado (AIMS). ............................................................. 52 FIG. 3.1 Amostra da escória de ferroníquel de Barro Alto estudada com forma similar à areia. ...................................................................................................................... 54 FIG. 3.2 Depósito da escória de ferroníquel na Planta de Barro Alto / GO. ........................ 54 FIG. 3.3 Comparativo da geração da escória de ferroníquel com a quantidade vendida. .... 55 FIG. 3.4 Processo de produção do ferroníquel realizado na Planta de Barro Alto. ............. 56 FIG. 3.5 Croqui de localização da produção da escória de ferroníquel de Refino e Redução nas unidades de Barro Alto e Codemin. ................................................................ 56 FIG. 3.6 Croqui da vista de cima da pilha (1A). Corte das pilhas dos resíduos (1B). ......... 58 FIG. 3.7 (a) (b) Mistura do CAP com a escória de ferroníquel. (c) Compactação do cp no soquete Marshall. (d) Cp compactado. .................................................................. 61 FIG. 3.8 Escória de ferroníquel pulverizada submetida ao ensaio de Difração Raio-X. ..... 64 FIG. 3.9 Disposição do agregado na bandeja para o ensaio no equipamento AIMS do CENPES / Petrobras. ............................................................................................. 65 10 FIG. 3.10 (a) Solo utilizado por CÓRDOVA (2011). (b) Solo + escória de ferroníquel. (c) (d) Homogeneização da mistura solo + escória para realização do ensaio de expansão. ............................................................................................................... 66 FIG. 3.11 (a) Preparação da mistura solo (50%) e escória ferroníquel (50%). (b) Solo e escória ferroníquel. ................................................................................................ 67 FIG. 4.1 Micrografia (MEV) da fração fina da escória "em pó" - Amostra 1 ..................... 71 FIG. 4.2 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 ....................................... 71 FIG. 4.3 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 .................. 72 FIG. 4.4 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 ............................................. 73 FIG. 4.5 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 ............................................. 73 FIG. 4.6 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 ....................................... 74 FIG. 4.7 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 .................. 74 FIG. 4.8 Micrografia (MEV) do grão "esférico" da escória - Amostra 3............................. 75 FIG. 4.9 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 3 ....................................... 75 FIG. 4.10 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel – Amostra 3 ................. 76 FIG. 4.11 Difratograma da amostra de escória de ferroníquel. .............................................. 77 FIG. 4.12 Agregado granular de Faialita. ............................................................................... 79 FIG. 4.13 Amostras de escória de ferroníquel submetidas ao ensaio de Microscopia Óptica com aumento de 40 vezes. ..................................................................................... 80 FIG. 4.14 Distribuição cumulativa de partículas de agregados miúdos da escória de ferroníquel quanto ao índice de forma. ................................................................. 82 FIG. 4.15 Angularidade para agregado graúdo e miúdo de escória ferroníquel. ................... 83 FIG. 4.16 Distribuição acumulativa de partículas do agregado miúdos quanto à esfericidade. .................................................................................................................................................. 85 FIG. 4.17 Textura para agregados graúdos. ........................................................................... 86 FIG. 4.18 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87 FIG. 4.19 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87 FIG. 4.20 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. .......................... 87 FIG. 4.21 Execução do ensaio de granulometria com a escória de ferroníquel. .................... 88 FIG. 4.22 Distribuição granulométrica da escória de ferroníquel. ......................................... 89 FIG. 4.23 Avaliação dos ligantes. (a) Ligante sendo ensaiado. (b) CAP 30/45 (c) CAP 50/70 e asfalto modificado por TLA. (d) CAP 50/70 + Dope. ........................................ 90 11 FIG. 4.24 Compactação da Marshall da mistura tipo A.A.U.Q. (a) agregado escória de ferroníquel sendo retirado da estufa. (b) Temperatura da escória de ferroníquel sendo verificada para ser misturada ao ligante. (c) e (d) CAP 50 / 70 sendo misturado à escória de ferroníquel (e) compactação do corpo-de-prova. (f) corposde-prova Marshall com variados teores de ligante. ............................................... 95 FIG. 4.25 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de A.A.U.Q. – Traço 1 ............................................................................................... 96 FIG. 4.26 Ensaio de estabilidade Marshall com corpo-de-prova da mistura do tipo A.A.U.Q. .................................................................................................................................................. 97 FIG. 4.27 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de A.A.U.Q. – Traço 2. .............................................................................................. 98 FIG. 4.28 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa C de C.A.U.Q. – Traço 3 ............................................................................................. 100 FIG. 4.29 Passos para condicionamento do corpo-de-prova no ensaio de perda por umidade induzida. (a) aplicação da pressão para saturação dos vazios com água. ............ 102 FIG. 4.30 Valores de Módulo Resiliente dos Traços 1, 2 e 3 das misturas asfálticas com escória de ferroníquel. ......................................................................................... 103 FIG. 4.31 Agregados de Calcário nas frações: Brita 1, Brita 0 e Pó Pedrisco. .................... 105 FIG. 4.32 Curva da mistura de agregados do Traço 4 na faixa C de C.A.U.Q. ................... 106 FIG. 4.33 Variação do Módulo Resiliente com a Tensão Desvio. ....................................... 110 12 LISTA DE TABELAS TAB. 2.1 Características das espécies químicas isoladas antes e após hidratação. .............. 30 TAB. 3.1 Caracterização da escória bruta ferroníquel de redução, lixiviação e solubilização. .................................................................................................................................................. 57 TAB. 3.2 Análise de espectograma para a escória ferroníquel de redução. .......................... 57 TAB. 3.3 Relação dos ensaios realizados nos agregados e respectivas normas adotadas. ... 62 TAB. 3.4 Ensaios realizados com os ligantes e misturas asfálticas e respectivas normas adotadas. ................................................................................................................ 62 TAB. 3.5 Ensaios realizados com a mistura solo e escória. .................................................. 62 TAB. 3.6 Quantitativos dos ensaios realizados com os agregados e respectivos locais de ensaio. .................................................................................................................... 68 TAB. 3.7 Quantitativos dos ensaios realizados com os ligantes e respectivos locais de ensaio. ............................................................................................................................... 68 TAB. 3.8 Quantitativos dos ensaios realizados com as misturas asfálticas e respectivos locais de ensaio. ............................................................................................................... 68 TAB. 3.9 Quantitativos dos ensaios realizados com mistura solo e escória ferroníquel e respectivos locais de ensaio. .................................................................................. 68 TAB. 3.10 Quantitativos dos ensaios realizados com agregados do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio. .................................................................................. 69 TAB. 3.11 Quantitativos dos ensaios realizados com o CAP 50/70 do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio................................................................................... 69 TAB. 3.12 Quantitativos dos ensaios realizados com corpos-de-prova do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio. ............................................................................... 69 TAB. 4.1 Características da Faialita...................................................................................... 78 TAB. 4.2 Valores relativos da escala de Mohs. .................................................................... 78 TAB. 4.3 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto ao índice de forma. .......... 82 TAB. 4.4 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à angularidade. ................ 84 TAB. 4.5 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à esfericidade. .................. 85 TAB. 4.6 Parâmetros estatísticos dos agregados graúdos quanto a textura. ......................... 86 TAB. 4.7 Ensaio de granulometria da escória de ferroníquel. .............................................. 88 TAB. 4.8 Relação das densidades da amostra de escória ferroníquel. .................................. 90 13 TAB. 4.9 Ensaio de granulometria da brita 1. ....................................................................... 91 TAB. 4.10 Resultados de ensaio de caracterização da brita 1. ................................................ 91 TAB. 4.11 Ensaio de granulometria do pedrisco. ................................................................... 92 TAB. 4.12 Relação das densidades do pedrisco...................................................................... 93 TAB. 4.13 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 REDUC..... 93 TAB. 4.14 Composição do traço 1 de A.A.U.Q...................................................................... 95 TAB. 4.15 Volumetria do traço elaborado com teor de 6% de ligante – Traço 1. .................. 96 TAB. 4.16 Composição do traço 2 de A.A.U.Q...................................................................... 97 TAB. 4.17 Volumetria do traço elaborado com teor de 6,7% de ligante – Traço 2. ............... 99 TAB. 4.18 Composição do traço 3 de C.A.U.Q. ..................................................................... 99 TAB. 4.19 Volumetria do traço elaborado com teores de 5,3% - Traço 3. ........................... 101 TAB. 4.20 Resultados dos ensaios de dano por umidade induzida e não induzida com os traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel. .......................................................... 102 TAB. 4.21 Resultados dos ensaios de MR e RT nas misturas asfálticas dos traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel. ................................................................................. 103 TAB. 4.22 Granulometria dos agregados Traço 4. ............................................................... 106 TAB. 4.23 Traço 4 da Mistura Asfáltica. .............................................................................. 107 TAB. 4.24 Características físicas e mecânicas dos agregados do Traço 4............................ 107 TAB. 4.25 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 – Traço 4. 108 TAB. 4.26 Volumetria do Traço 4 elaborado com teor de 4,3%. ......................................... 108 TAB. 4.27 Dados do ensaio de Expansão com escória de ferroníquel 79% e solo 21%. ..... 109 TAB. 4.28 Dados de Expansão pelo ensaio de CBR. ........................................................... 110 14 LISTA DE EQUAÇÕES EQ.1 Esfericidade............................................................................................................83 EQ.2 Indice de Forma......................................................................................................83 EQ.3 Indice de Angularidade...........................................................................................85 EQ.4 Indice de Textura....................................................................................................87 15 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ABREVIATURAS AAUQ - Areia Asfalto Usinado a Quente ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AIMS - Aggregate Imaging System ASTM - American Society for Testing and Materials BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BTX - Benzeno, Tolueno, Xileno CAUQ - Concreto Asfáltico Usinado a Quente CAP - Cimento Asfáltico de Petróleo CENPES - Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello CRT - Concessionária Rio Teresópolis CBR - California Bearing Ratio COPPE - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia COSIPA - Companhia Siderúrgica Paulista CST - Companhia Siderúrgica de Tubarão DERSA - Desenvolvimento Rodoviário AS DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagens DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ECG - Elétrico Granulometricamente Corrigida EDS - Energy Dispersive Spectrometry EDX - Energy Dispersive X-ray EOHSI - Environmental e Occupational Health Sciences Institute ES - Espírito Santo EUA - Estados Unidos da América IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia IDEA - Innovations Deserving Exploratory Analysis Programs 16 IME - Instituto Militar de Engenharia ISC - Indice Suporte Califórnia JIS - Japonese Industrial Standards LD - Linz-Donawitz MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura MG - Minas Gerais MR - Módulo Resiliente NBR - Norma Brasileira NJDHSS - New Jersey Department of Helth and Senior Services PTM - Pennsylvania Testing Method REDUC - Refinaria Duque de Caxias RJ - Rio de Janeiro RKEF - Rotary Electric Furnac RT - Resistência à Tração SP - São Paulo TLA - Trinidad Lake Asphalt UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro USGS - United States Geological Survey i - Ponto na borda da Partícula rC - Raios Curtos rI - Raios Intermediários rL - Raios Longos Ɵ - Ângulo Direcional ∆ - Diferença R - Raio em Diferentes Direções N - Número Total de Pontos na Borda da Partícula n - Nível que a Imagem foi Decomposta N - Número de Coeficientes na Imagem detalhada de Textura i - Direções de Textura j - Indice do Coeficiente Wavelet SÍMBOLOS 17 RESUMO Este trabalho aborda a caracterização de misturas asfálticas e mistura solo com escória ferroníquel como agregado alternativo. A escória de ferroníquel, proveniente da Mineradora Anglo American/GO, foi caracterizada quimicamente através dos ensaios de Microscopia Eletrônica por Varredura (MEV) completada pela análise de Energia Dispersiva de Raio-X (EDS), Microscopia Óptica e Difração de Raio-X e também ensaios físicos utilizados na caracterização de agregados na pavimentação, incluindo o ensaio de AIMS (Aggregate Imaging System). Os ensaios ambientais de Lixiviação e Solubilização foram previamente realizados por uma empresa terceirizada, o qual concluiu tratar-se de um material inerte. Foram realizadas dosagens de misturas asfálticas tipo A.A.U.Q e C.A.U.Q com a utilização da escória de ferroníquel como agregado miúdo, além de brita 1, brita 0, pó pedrisco e cimento com o uso de CAP 50/70 modificado por agente melhorador de adesividade (DOPE). As misturas asfálticas foram dosadas utilizando a metodologia Marshall. Estas misturas foram caracterizadas mecanicamente através dos ensaios de resistência à tração estática por compressão diametral, dano por umidade induzida e módulo de resiliência por compressão diametral. Apresentam-se resultados de caracterização das camadas de um pavimento existente no qual foi realizado um trecho experimental com mistura asfáltica contendo escória de ferroníquel. Foram realizados ensaios para medida de expansão pelo método do CBR, ensaios de compactação Proctor e Granulometria. Mostra-se também valor de módulo Resiliente de uma mistura de solo laterítico e escória de ferroníquel para camada de base. Os resultados obtidos para a mistura asfáltica tipo A.A.U.Q com escória de ferroníquel não foram satisfatórios para este tipo de mistura, apresentando estabilidade nula e valores de módulo resiliente muito baixos. A mistura tipo C.A.U.Q obteve bons resultados de estabilidade, resistência à tração por compressão diametral e módulo resiliência, compatível com misturas similares disponibilizadas na literatura. A mistura solo e escória de ferroníquel gerou excelentes resultados, com expansão nula e valor de módulo resiliente até 600 MPa. Concluise que a escória de ferroníquel é de uso favorável em concretos asfálticos como substituto da areia, e que os demais requisitos ambientais são satisfatórios para o emprego em obras geotécnicas, sendo uma opção viável do ponto de vista econômico e ambiental. 18 ABSTRACT This work deals with the characterization of asphalt mixtures and mixing soil with iron nickel slag as an alternative aggregate. The iron nickel slag, from the mining company Anglo American/GO, was chemically characterized through tests of Electron Microscopy complemented by Energy Dispersive X-ray analysis, optical microscopy, X-ray Diffraction and also physical tests used to characterize aggregates in paving, including the AIMS test (Aggregate Imaging System). The environmental testing of leaching and solubilization were previously performed by an independent company, which concluded that it was an inert material. Hot mix design type A.A.U.Q. and C.A.U.Q. were performed using iron nickel slag fine aggregate, crushed stone 1, crushed stone 0, gravel and Portland cement with the use of CAP 50/70 modified by stripping ajust (DOPE). The asphalt mixtures were measured using the Marshall method. These mixtures were characterized mechanically through the trials of static tensile strength by diametral compression, moisture induced damage and resilient modulus for diametral compression. The results of characterization of the layers of an existing pavement, where there will be a test section with asphalt mixture containing iron nickel slag, are presented in this paper. Tests were performed to measure the expansion of the CBR method, Proctor compaction and grain size distribuition. The resilient modulus value of a mixture of laterite soil and iron nickel slag to the base layer is also presented. The results obtained for the sand asphalt type A.A.U.Q. with iron nickel slag were not satisfactory for this type of mixture and presented null stable and resilient modulus values that were too low. The mixture type hot mix asphalt C.A.U.Q obtained good results of Marshall stability, tensile strength by diametrical compression and resilient modulus, compatible with similar mixtures available in the literature. Mixing soil and iron nickel slag generated excellent results, with zero expansion and resilient modulus up to 600 MPa. We conclude that iron nickel slag usage is favorable in asphalt concretes as a substitute for sand and other environmental requirements, thereby being suitable for employment in geotechnical works as a viable economic and environmental option. 19 1 1.1 INTRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS A incessante preocupação com o meio ambiente impulsiona o homem a experimentar novos materiais, muitos destes produzidos a partir de materiais reutilizáveis ou por meio de técnicas que gerem menos poluentes. Com o crescente desenvolvimento industrial que abrange boa parte do mundo, em especial os países emergentes, é cada vez mais frequente a geração de resíduos sólidos que constituem um passivo ambiental que deve ser mitigado de forma a se garantir o desenvolvimento sustentável mundial. Por outro lado tem sido observado que muito destes resíduos podem ser utilizados como agregados em obras de pavimentação asfáltica, desde que seja garantido que não haja uma transferência do problema ambiental da área industrial para a área de infraestrutura, além de que, obviamente os novos materiais empregados apresentem características físicas e mecânicas similares as dos agregados convencionais. Nos últimos anos, a atividade de recuperação de subprodutos se tornou indispensável em face da necessidade da proteção ambiental. As indústrias siderúrgicas e metalúrgicas, em especial, produzem grande quantidade de resíduos, em função dos processos de produção do ferro, aço e outras ligas. Estabelecer alternativas para o aproveitamento destes resíduos é um dos grandes desafios da sociedade moderna. A aproximação entre a universidade e a indústria adquire importância fundamental para a viabilização de inovações tecnológicas. O objeto de estudo desta pesquisa é a aplicação da escória de ferroníquel oriunda do processo de redução de uma Planta Metalúrgica de uma empresa de mineração localizada no estado de Goiás. Trata-se de um agregado composto de diversos elementos químicos, constituindo-se em um resíduo comum no segmento de fabricação do ferroníquel. Segundo a empresa, somente no ano de 2010 foram geradas mais de 370 mil toneladas de escória de ferroníquel e este número tende a crescer devido ao aumento da produção do ferroníquel para os próximos anos, segundo a empresa. Neste contexto, pretende-se a sistematização de estudos direcionados para o reaproveitamento de um resíduo metalúrgico da produção do ferroníquel, a escória de ferroníquel. Vislumbra-se a possibilidade da aplicação destes materiais na área de 20 pavimentação. No estudo deste material, busca-se encontrar alternativas viáveis e econômicas capazes de diminuir a disposição física deste agregado proveniente do processo produtivo do ferroníquel da Mineradora Anglo American, aplicando-o como um agregado alternativo na pavimentação rodoviária. A escória de ferroníquel é um material ainda pouco estudado de acordo com as poucas bibliografias pesquisadas, podendo ser encontrada em alguns estudos sobre sua aplicação em concreto e material cerâmico. Sendo assim, este agregado se torna um grande desafio para esta pesquisa por ainda não haver estudos do seu emprego em pavimentação rodoviária. Sua aplicação como agregado alternativo em pavimentação rodoviária consumirá grande parte deste resíduo, tornando-a um produto reutilizável diminuindo os impactos ambientais negativos e dando um destino apropriado a este material. 1.2 OBJETIVO 1.2.1 OBJETIVO GERAL Esta dissertação tem como objetivo encontrar soluções adequadas para a aplicação da escória de ferroníquel como agregado alternativo em pavimentação rodoviária de baixo custo com vários traços de misturas asfálticas e como emprego para base e sub-base. 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Realizar a caracterização física, química e mineralógica da escória de ferroníquel através de ensaios laboratoriais por Difração de Raio-X, Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectrômetro de Energia Dispersiva (EDS) e AIMS; Realizar a dosagem Marshall de misturas asfálticas com a escória de ferroníquel, com diferentes traços; Realizar ensaios de compactação e módulo resiliente para estudos preliminares em aplicação como base e sub-base; Avaliar o comportamento mecânico dos traços elaborados. 21 1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA A justificativa para a realização desta dissertação é a necessidade de mitigação do problema ambiental da geração da escória de ferroníquel na indústria. Assim, analisar a possibilidade da aplicação da escória de ferroníquel em pavimento rodoviário de baixo custo – tal como areia asfalto usinado a quente e concreto asfáltico usinado a quente. Encontrar uma solução adequada para o uso como um material reutilizável em pavimentação rodoviária, tornando este resíduo uma das ferramentas essenciais capaz de reduzir o impacto ambiental negativo, transformando o resíduo siderúrgico em produto reutilizável. O emprego da escória de ferroníquel em pavimentação rodoviária se torna promissor para pavimentos de baixo custo, pois viabiliza economicamente a pavimentação e possibilita a conservação dos agregados minerais de alta qualidade para outras finalidades, além de se tornar uma solução para locais em que não se dispõe de pedreiras ou cascalheiras como fonte de agregados para pavimentação. 1.4 ESTRUTURA A presente dissertação está estruturada da seguinte forma: Capítulo 1 – Introdução: Neste capítulo são apresentadas as considerações iniciais sobre o tema proposto, o objetivo, a justificativa e a relevância, e a composição da dissertação. Capítulo 2 – Fundamentação teórica em materiais para pavimentação: Neste capítulo são apresentadas algumas definições e considerações pertinentes ao que se referem a materiais alternativos como alguns tipos de escórias em pavimentação. Capítulo 3 – Materiais e Métodos: Neste capítulo são apresentadas a concepção inicial dos ensaios realizados na caracterização química e física da escória de ferroníquel, a confecção dos traços de misturas asfálticas e a compactação feitas em laboratório. Capítulo 4 – Resultados e discussões: Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios e discutido o emprego da escória de ferroníquel na pavimentação rodoviária. Capítulo 5 – Conclusões: Neste último capítulo são apresentadas as conclusões e algumas sugestões para a elaboração de trabalhos futuros. 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Será apresentado neste capítulo o embasamento teórico referente aos agregados artificiais de escórias como materiais em pavimentação. Destacam-se as propriedades químicas, físicas, análise mecanística e metodologias para determinação da expansão da escória e o uso em pavimentação. Para dar início à este capítulo, é feita uma rápida abordagem sobre conceito de pavimento. 2.1 PAVIMENTO De acordo com a norma NBR7207/82, pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas, construída após a terraplanagem, e destinada, econômica e simultâneamente em seu conjunto com finalidades (Figura 2.1): - Estrutural: resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; - Funcional: resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento; - Segurança: melhorar as condições de rolamento quando ao conforto e segurança. FIG. 2.1 Estrutura de um pavimento. Fonte: VIEIRA (2011) Conforme a Figura 2.1, a estrutura de um pavimento é dividida, geralmente, em quatro camadas: revestimento, base, sub-base e reforço do subleito. A camada tanto quanto possível 23 impermeável, destinada a melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança, e resistir aos esforços horizontais é o revestimento. Abaixo do revestimento, encontra-se a base, uma camada destinada a resistir e distribuir os esforços verticais devido ao tráfego. A sub-base é a camada corretiva do subleito ou complementar à base. Por fim, a camada de reforço do subleito, que somente será utilizada de acordo com a necessidade do dimensionamento do projeto, cuja a finalidade é melhorar a capacidade de suporte de carga do subleito. O pavimento é sensível às propriedades dos materiais utilizados como base e sub-base, sendo a qualidade do projeto de superestrutura uma função direta da maneira como os materiais são avaliados. Uma caracterização precisa dos materiais utilizados leva a uma estrutura capaz de suportar as cargas de projeto especialmente se, durante a fase de projeto, simulações mecânicas dos esforços aos quais a estrutura será submetida são realizadas (KUMAR et al., 2006, apud SOUSA et al., 2009). O principal objetivo das camadas de pavimento é oferecer proteção ao subleito. Os primeiros projetos de pavimento eram totalmente empíricos, baseados em observações isoladas e locais. Os primeiros métodos empíricos para pavimentos flexíveis foram propostos por HOGENTOGLER & TERZAGHI, em 1929. Ainda neste ano, o Departamento de Estradas da Califórnia, iniciavam-se pesquisas para relacionar a espessura das camadas do pavimento ao ensaio de CBR. Este estudo foi ampliado durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-se bastante popular no pós-guerra (HUANG, 2004). O dimensionamento de pavimentos deixou de ser realizado unicamente por métodos empíricos a partir de 1970, quando surgiram as primeiras análises do comportamento estrutural dos pavimentos baseadas no cálculo de tensões e deformações por meio da utilização de programas computacionais que facilitaram a análise mecanística dos sistemas em camadas. O professor Murilo Lopes de Souza introduziu no Brasil, em 1966, o método para o dimensionamento de pavimentos baseado no ensaio California Bearing Ratio (CBR). O CBR é um ensaio de capacidade de carga estático que compara os valores obtidos para os materiais em uso com um material padrão (brita graduada oriunda da Califórnia). Por intermédio destes estudos obteve-se um dimensionamento mais racional a partir do entendimento do pavimento como uma estrutura e um sistema de camadas (MEDINA, 1997; SOARES, 2000; MOTTA, 2002 apud CASTELO BRANCO, 2004). O primeiro passo para a utilização de novos materiais na engenharia rodoviária deve ser sua correta caracterização, pois o conhecimento das suas peculiaridades é a chave para a 24 solução de eventuais problemas que venham a existir a partir da utilização destes novos materiais. Estudos relacionados ao emprego de agregados alternativos em obras civis vem de maneira favorável a contribuir com atual cenário da construção civil no Brasil e no mundo, encontrando soluções para materiais que antes não explorados e descartados estão sendo reutilizados com foco e interesse na contribuição e cuidado com o meio ambiente possibilitando a diminuição de passivos ambientais que se tornou um dos maiores apelos da sociedade moderna para a proteção do meio ambiente. 2.2 ESCÓRIAS Segundo o Instituto Aço Brasil (2010), na tecnologia da produção do aço (Figura 2.2) é gerado uma série de materiais produzidos além do aço. A Norma ISO 14040 descreve estes materiais como co-produtos, sendo um ou mais produtos oriundos do mesmo processo ou sistema produtivo. FIG. 2.2 Tecnologia da produção do aço. Fonte: Instituto Aço Brasil (2010) O Brasil, oitavo maior produtor de aço bruto do mundo, possui um parque siderúrgico composto por 28 usinas em 10 estados que tiveram um faturamento, em 2009, de mais de 76,9 25 bilhões de reais e que geraram aproximadamente 22 milhões de toneladas de resíduos sólidos (Instituto Aço Brasil, 2010). Ainda segundo o Instituto Aço Brasil (2010), somente o processo siderúrgico gera em média 600 kg de resíduos e co-produtos por tonelada de aço produzido (já foi superior a 700 kg). Os principais resíduos são os: pós, lamas e escórias brutas e os co-produtos da indústria do aço são o: benzeno, alcatrão, BTX (benzeno, tolueno e xileno), escórias de alto forno e aciarias. As escórias de aciaria e de alto-forno são classificadas quanto à sua natureza como agregado artificial, que são resíduos de processos industriais. São um dos tipos de agregados artificiais mais utilizados em pavimentação. Elas podem apresentar problemas de expansibilidade e heterogeneidade, requerendo tratamento para utilização, porém podem apresentar alta resistência ao atrito (BERNUCCI et al., 2007). Entende-se a relevância da aplicação destes materiais como agregado alternativo em pavimentação frente à necessidade de se contribuir para a sustentabilidade do planeta através de ações adequadas de reaproveitamento. Além disso, segundo o Instituto Aço Brasil (2010), o uso dos agregados siderúrgicos traz uma série de vantagens em relação aos agregados naturais – como brita, pó de pedra, cascalho, calcário, piçarra, saibro e areia. Reduz o consumo de recursos naturais não renováveis, já que substitui materiais provenientes de implosão de jazidas e da mineração de rochas, areia e outros materiais primários. Permite a reciclagem de um resíduo industrial, formando um produto para fins nobres, como obras de infraestrutura, reduzindo a necessidade de aterros de resíduos industriais, uma vez que a disposição do que era antes um resíduo é substituída pela reciclagem e aplicação de um produto. Reduz a emissão de CO2 para a atmosfera, substituindo o clínquer na composição do cimento (na indústria cimenteira, a transformação de calcário em clínquer é a etapa de maior contribuição para a emissão de gases do efeito estufa). A utilização de escória em pavimentação, que se tem registro, começou no final da década de 70 nos Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Canadá. No Brasil, o uso de escória de aciaria e de alto-forno em pavimentação não é recente havendo trechos executados há mais de 20 anos. (CAVALCANTE et al., 2003; ROHDE, 2002; ALVARENGA, 2001; LIMA et al., 2000). Na década de 1980, já existiam no país pesquisas sobre o uso de escórias granuladas de alto-forno como agregados para pavimentação, conforme CAMPOS (1987) apud BALBO 26 (2007), sendo em alguns casos estes agregados utilizados como materiais granulares em base, sub-base e como agregados em revestimento asfáltico. O uso destes agregados em pavimentação asfáltica já apresenta diversos estudos. No entanto, enfatiza-se que devem ser adotadas medidas de controle em relação à expansibilidade do material e suas características físicas, químicas e mecânicas para a aplicação na pavimentação rodoviária. A seguir, serão descritas diversas características da escória de aciaria como um dos resíduos da produção do aço mais amplamente estudados por diversos autores no Brasil e no mundo, cujas características serão comparadas com as das escórias de ferroníquel, materiais ainda pouquíssimo estudados que foram utilizados nesta pesquisa. 2.2.1 ESCÓRIA DE ACIARIA É um subproduto ou co-produto da produção do aço, constituída de diversos elementos químicos que não interessam estar presentes na produção do aço. Ela é um composto formado na produção do ferro e do aço, a partir de adições de cal virgem, de uma fonte de MgO e CaF2 (Fluorita), cuja finalidade é absorver os óxidos resultantes da reação do oxigênio insuflado no processo com as impurezas (P, S, Mn, C, etc.). A escória de aciaria é rica em CaO, MgO e SiO2, tornando-se um material com características expansivas (Harsco Minerals, 2010). A Figura 2.3 ilustra o oxigênio sendo insuflado no conversor onde ocorrem as ligações químicas. FIG. 2.3 Oxigênio insuflado no conversor da aciaria. Fonte: Harsco Minerals (2010) No Brasil a escória de aciaria se destaca como material granular em camadas de pavimentos rodoviários, segundo diversos estudos (PACHECO & MARANGON (1997); 27 MACHADO (2000); ALVARENGA (2001); ROHDE (2002); CASTELO BRANCO (2004); POLISSENI (2005); RAPOSO (2005); GONTIJO (2006), FREITAS (2007), TAVARES (2010) entre outros. Países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Coréia do Sul já utilizam a escória de aciaria em sub-bases, bases e pavimentação asfáltica como alternativa a agregados naturais como brita e areia de rio (POLISSENI, 2005). Ele cita também alguns registros de sucesso em obras de engenharia rodoviária utilizando a escória de aciaria: Aeroporto da Usiminas – MG: Pátio de pouso e decolagem (2,0 km) (ALBERNAS et al., 2000); Acesso a Ipaba – MG: (5,0 km) (ALBERNAS et al., 2000); Construção do Porto Seco em Juiz de Fora – MG (PACHECO e MARANGON, 1997); Construção do contorno rodoviário da cidade de Volta Redonda – RJ (FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE JUIZ DE FORA, 2002); Acesso ao Porto de Praia Mole – Vitória – ES (ROSSI, 2003); Aterro sobre solo mole, sub-base e capas asfálticas na BR 303 – Vitória – ES (SILVA, 2003); Experiência com agregado siderúrgico na cidade de Praia Grande – SP (FILHO, 2003); Pavimento de alto desempenho estrutural executados com escória de aciaria DER-MG / USIMINAS (NASCIMENTO e ALBERNAZ, 2003) Avenidas internas da Companhia Siderúrgica de Tubarão – Vitória – ES (LANA, 2003c); Qualidade e economia no pavimento de ruas do município de Serra – ES (DADALTO, 2003); Pavimentação Urbana em Mogi das Cruzes – SP, Volta Redonda e Três Rio – RJ (COSIPA, 2003); Revestimento do pátio de “containers” da COSIPA – SP (COSIPA, 2003); Pavimentação da terceira zona residencial de Praia Grande – SP (COSIPA, 2003); Regularização de solo e aplicação do pavimento econômico do condomínio Guaratuba – SP (COSIPA, 2003); 28 Pavimentação de estradas vicinais e vias públicas DERSA / DNER – SP (aproximadamente 300 km) (COSIPA, 2002); Pavimentação da Via Dutra (trecho de Resende – RJ) (COSIPA, 2003). Tanto nas usinas integradas, que usam o conversor a oxigênio, como nas usinas semi integradas, que usam forno de arco elétrico, são gerados de 70 kg a 170 kg de escória de aciaria por tonelada de aço produzido. (SETEPLA, 1999 apud Instituto do Aço, 2010). A grande variação presente na composição química e mineralógica da escória de aciaria é atribuída aos seguintes fatores: a qualidade da matéria-prima, o processo de produção empregado para a obtenção do aço, a forma de resfriamento e o manejo de sua estocagem nos bota-foras (COOMARASAMY & WALSAK, 1995 apud CASTELO BRANCO, 2004; MACHADO, 2000). O tipo de resfriamento desse rejeito afeta também sua granulometria, porque é neste momento que ocorre a maior parte das reações químicas (LIMA et al., 2000). As escórias resfriadas ao ar ou vapor, possuem natureza expansiva e tornam-se leves, ao contrário das escórias resfriadas bruscamente com o jato d’água, se tornam vítreas, com granulometria semelhante à areia de rio, estrutura porosa e textura áspera (GEYER, 2001). A escória de aciaria LD, cuja sigla refere-se à produção do aço ser no conversor de oxigênio do tipo LD (Linz-Donawitz), possui características expansivas devido, principalmente, à hidratação da cal livre (CaO) e do periclásio (MgO) MACHADO (2000), CASTELO BRANCO (2004), RAPOSO (2005). Na Tabela 2.1, são apresentadas as variações volumétricas em função das transformações ocorridas nas principais espécies químicas presentes na escória de aciaria (MARCACCINI, 2009). 29 TAB. 2.1 Características das espécies químicas isoladas antes e após hidratação. No Fórmula Nome Densidade (g/cm3) M.Mol (g/mol) Vol. Molar (cm3/mol) Variação de Volume em (%)* 1 MgO Periclásio 3,58 40,31 11,26 Em relação ao MgO 2 Mg(OH)2 Brucita 2,36 58,33 24,72 119,5 3 CaO Cal 3,38 56,08 16,59 Em relação ao CaO 4 Ca(OH)2 Portlandita 2,24 74,09 33,08 99,4 5 CaCO3 Calcita Aragonita 2,93 2,71 100,09 100,09 34,16 36,93 105,9 122,6 Dolomita 2,87 184,41 64,25 287,3 7 CaCO3 MgCO3 Fe0 Ferro (Metálico) 7,86 55,85 7,11 Em relação ao Fe0 8 FeO Wustita 5,7 71,85 12,61 77,4 9 Fe2O3 Hematita 5,24 159,69 30,48 328,7 10 Fe(OH)2 Hidróxido 3,4 89,86 26,43 271,7 11 FeO(OH) Goetita 4,28 88,85 20,76 192 6 *Valores calculados a partir do volume e da densidade absoluta das espécies químicas isoladas. Fonte: WEAST et al., (1971) apud MARCACCINI (2009) MARCACCINI (2009) observou que nas transformações por hidratação das espécies números 2, 4, 10 e 11 da Tabela 2.1 e carbonatação da espécie número 5 da Tabela 2.1, ou por oxidação das espécies números 8 e 9 da Tabela 2.1, ocorreu um significativo aumento de volume em relação às dimensões originais do cristal. Este fenômeno conduz à expansão destrutiva na escória de aciaria. As escórias de aciaria já tiveram seu emprego bastante limitado como material alternativo de construção civil devido a sua expansibilidade ou instabilidade volumétrica, que são causadas pela hidratação do CaO e MgO presentes em sua composição química. FILEV (2013), por exemplo, citou que no Japão desde 1979 a escória já era utilizada em concreto asfáltico, porém criou-se uma norma que prevê a produção de escórias para pavimentação através de diferentes formas de estabilização e com diferentes granulometrias, para empregos em camadas de pavimentos, misturas asfálticas, entre outros. Esta norma prevê que se a expansibilidade da escória for inferior a 2,5%, não existe perda na resistência do pavimento. No Brasil, o DNIT (antigo DNER) também desenvolveu normas para utilização da escória em pavimento rodoviário. A norma DNER-EM 260/94, que descreve como a escória de alto-forno deve ser empregada nas camadas do pavimento, assim como a norma DNER- 30 PRO 262/94, que fixa as condições para aplicação da escória de aciaria em pavimento rodoviário. A expansibilidade é uma característica inconveniente desse material, o que recomenda-se sua imersão em água por longos períodos a fim de torná-lo estável. Para a escória ser utilizada como agregrado na construção civil é necessário seu tratamento em relação à expansão (RODRIGUES, 2007 apud TAVARES et al., 2010) e também a britagem em tamanhos adequados (TAVARES et al., 2010). POLISSENI (2005) citou alguns casos de insucessos no Brasil devido à expansibilidade volumétrica da escória de aciaria elétrica ou LD: A BR 262 / MG, em Minas Gerais: o trecho com escória LD apresentou problemas de expansão (GUMIERI, 2002 apud POLISSENI, 2005). Acesso Norte, na cidade de Juiz de Fora – MG: o trecho com escória de aciaria elétrica apresentou problemas de expansão no pavimento asfáltico (POLISSENI & PACHECO, 2002 apud POLISSENI, 2005). EMERY (1978); RUBIO & CARRETEIRO (1999) citaram que o óxido de cálcio livre e o óxido de magnésio livre, nas escórias de aciaria, hidratam-se mais rapidamente e mais lentamente, respectivamente, sendo responsáveis pela instabilidade volumétrica da escória. O óxido de cálcio livre hidrata em poucas semanas e a hidratação de óxido de magnésio livre pode levar anos. O óxido de magnésio, por suas reações serem mais lentas, é o responsável pela expansão a longo prazo (MASUERO et al., 2000). Os efeitos provocados durante a expansão da escória geram tensões internas que podem provocar trincas e fracionamento do material quando empregada como agregado alternativo no pavimento conforme pode ser visto na Figura 2.4. 31 FIG. 2.4 Expansão causada pela escória de aciaria utilizada no pavimento. Fonte: RAPOSO (2005) Outros defeitos em pavimentos, causados pela expansão da escória de aciaria, foram citados por GONTIJO (2006) apud FREITAS (2007). A Figura 2.5 ilustra os defeitos causados pelo potencial expansivo da escória de aciaria. a) Trinca radial ou “vulcãozinho” b) Fissurações Longitudinais c) Solevações transversais ou “quebra-molas” d) Deslocamento rotacional da sarjeta FIG. 2.5 Defeitos em pavimentos causados pela expansibilidade das escórias de aciaria. Fonte: GONTIJO (2006) apud FREITAS (2007) 32 Assim também, MONTGOMERY & WANG (1991) relataram a instabilidade volumétrica que ocorre na escória de aciaria não está associada somente à quantidade de óxido de cálcio livre, mas também é função da forma em que se encontra e da dimensão do grão. Normalmente, a maior parte das escórias de aciaria apresenta um teor total acima de 3% óxido de magnésio, ocasionado principalmente pela dissolução incompleta da dolomita durante o processo de refino do aço e resultando na formação do periclásio, que é a espécie química contribuinte no processo de expansão. Uma das possíveis alternativas para minimizar o problema de expansão do MgO, é a redução da dimensão dos grãos para se obter o menor tamanho possível, o que facilitaria a dissolução e a reação completa desse óxido. (MONTGOMERY & WANG, 1991; MACHADO, 2000; PENA, 2004; RAPOSO, 2005 apud SILVA, 2010). Hoje muitas empresas associadas aos produtores de aço tem desenvolvido técnicas para acelerar a inertização da expansão, pelo menos de forma parcial, permintindo seu uso mais seguro em camadas superficiais de pavimento (TAVARES et al., 2010). Segundo o DNER-EM 262 / 94 a escória para uso em pavimentação deve obedecer aos seguintes limites: • Máximo de 3,0% de expansão; • Isentas de impurezas orgânicas, contaminação com escórias de alto forno, solos e outros materiais; • Granulometria: 40,0% até 12,7 mm e 60,0% entre 12,7 e 50,8 mm de abertura nominal e atender à granulometria de projeto; • Absorção de água: 1,0% a 2,0% em peso; • Massa específica: 3,0 a 3,5 g/cm3; • Massa unitária: 1,5 a 1,7 g/cm3; • Desgaste por abrasão Los Angeles: no máximo igual a 25,0% para sub-base, base e revestimento; • Durabilidade ao sulfato de sódio: 0,0% a 5,0%, em 5 ciclos. Outros países já especificaram o uso da escória para construção rodoviária. A França, por exemplo, especificou o que chamam de grave-laitier que consiste na mistura desse rejeito com agregados comuns ou com cal hidratada (Ca(OH)2), que também é chamada de hidróxido de cálcio, para ser utilizada em construções de base ou sub-base de pavimentos. Cerca de 33 65,0% das rodovias francesas utilizam este material (SHERWOOD, 1995 apud ROHDE, 2002). Para se avaliar o problema da expansão, têm sido desenvolvidos e adotados métodos experimentais de determinação da expansão das escórias de aciaria. Esses métodos são classificados de acordo com a aplicação da escória de aciaria, sendo usado um corpo-de-prova com cimento quando adicionada ao concreto e um corpo-de-prova compactado quando utilizada em estradas (MACHADO, 2000). No entanto, de acordo com EMERY (1978) muitos desses métodos têm se mostrado demorados, custosos e de difícil execução. CASTELO BRANCO (2004) encontrou valores elevados de expansão da escória de aciaria estudada para misturas asfálticas. A autora sugeriu uma readequação do processo de armazenagem da escória de aciaria através do controle de idade das pilhas de escória juntamente com o tratamento de uma cura para facilitar a comercialização da escória para fins rodoviários. RAPOSO (2005) também sugeriu um controle dos lotes de escória de aciaria para que possam ser corretamente avaliados segundo os critérios de expansão. Segundo a empresa ArcelorMittal Tubarão, que buscou parceria com a KAEME Consultoria, a escória de aciaria LD pode sofrer mecanismos que propiciam maior rapidez na sua estabilização, de modo que os óxidos livres sejam em parte inertizados, reduzindo assim, a capacidade da escória expandir. Esse processo consiste em "estimular" a reação dos óxidos livres a partir de reação dos mesmos com o ar e a água, através de um processo de umidificação e aeração da escória durante certo período de tempo. Isto ocorre com a passagem de máquinas revolvendo o material, ao passo que na maioria das vezes, ocorre simultaneamente aspersão de água sobre o mesmo. Os teores de CaO e MgO e os respectivos produtos da hidratação são os maiores responsáveis pela estabilização das escórias. Tais teores são variáveis em função da capacidade de ação da umidade sobre as pilhas de estocagem da escória e o tempo de exposição destas. Estudos comprovaram que numa pilha de estoque de escória, os teores de cal livre variam em função da profundidade. Uma vez que as camadas superficiais formam uma capa protetora à infiltração da umidade, não há condições favoráveis para a hidratação dos óxidos situados nas camadas mais profundas, permanecendo em estados livres (MOREIRA, 2006). No Brasil, já existem muitos estudos com escória de aciaria em substituição aos agregados convencionais na pavimentação. 34 ALVARENGA (2001) analisou e comparou as propriedades resilientes e custos de pavimentos flexíveis utilizando escória de aciaria como base. Utilizou o método de dimensionamento mecanístico baseado no módulo resiliente e concluiu que a escória de aciaria estudada mostrou-se adequada para o uso como camada de base. O módulo de resiliência da escória de aciaria foi comparado com o de uma brita de pedreira e concluiu-se que os módulos foram muito parecidos. Concluiu-se também, que o módulo de resiliência da escória de aciaria era pouco sensível à variação de umidade. Para a região investigada e empreendimentos realizados até 120 km de distância do centro gerador de escória de aciaria, este material, além de atender às prescrições de ordem técnica, mostrou-se economicamente vantajoso. ROHDE et al., (2003) investigaram as características resilientes do agregado escória de aciaria de forno elétrico granulometricamente corrigida (EGC). Na Figura 2.6 são apresentados os resultados de módulo de resiliência deste material comparados aos módulos resiliência de uma brita de basalto (MARMIT, 2002), uma brita de granito (CERATTI, 2000) e de um saibro (LAPAV, 2001 apud ROHDE 2002). Observa-se nessa figura que a escória granulometricamente corrigida (EGC) apresentou módulo de resiliência superior ao de outros materiais granulares, e explicou que tal diferença pode ser função da forma e da superfície rugosa do material, que garantiriam um maior intertravamento entre as partículas de escória de aciaria em relação aos materiais convencionais. FIG. 2.6 Módulos de resiliência da EGC e de materiais granulares convencionais. Fonte: ROHDE et al., (2003) CASTELO BRANCO (2004) realizou ensaios de módulo resiliência em três traços diferentes de misturas asfálticas do tipo C.A.U.Q. A Figura 2.7 ilustra o valor de módulo 35 resiliente para as misturas M1, M2 e M3 com 40%, 60% e 80% de escória e 6%, 7% e 6,8% de teor de ligante, respectivamente. FIG. 2.7 Valores de Módulo de Resiliência (MR) para as misturas M1, M2 e M3. Fonte: CASTELO BRANCO (2004) Concluiu-se que, em relação aos resultados dos ensaios de MR da mistura comparativa, os maiores valores encontrados foram para: M1 e M3, enquanto os menores valores foram para a mistura M2. Estes resultados já eram de certa forma esperados, devido à maior quantidade de ligante na mistura M2. ALVARENGA (2001) citou algumas obras brasileiras onde foi utilizada a escória de aciaria na pavimentação entre elas: BR-393 (Volta Redonda-Três Rios), RJ-157 (Barra Mansa-Divisa RJ/SP), RJ-141 (BR-393-Vargem Alegre), BR-116 (Volta Redonda - Divisa RJ/SP), 13 km da rodovia que liga Volta Redonda e o distrito Nossa Senhora do Amparo (Barra Mansa), várias ruas dos municípios de Volta Redonda, Resende, Barra do Piraí, Itaguaí, Barra Mansa e Magé (RJ) e no município de Mogi das Cruzes (SP), vias no interior da CST e revestimentos primários na região Sul Fluminense. O uso de escória em pavimentação é uma aplicação de reciclagem de resíduos primordial para a preservação do meio ambiente reduzindo custo e consumo de energia. FREITAS (2007) avaliou o emprego de escória de aciaria na produção de misturas asfálticas de módulo elevado. Adotou uma única curva granulométrica e variou o uso de ligantes do tipo CAP 30/45, Resíduo de Vácuo e CAP 30/45 com SASOBIT. Concluiu que a escória de aciaria se mostrou adequada ao uso como agregado em misturas asfálticas de módulo elevado, sendo os melhores resultados obtidos com uso do ligante com SASOBIT. A 36 mistura também apresentou maior desempenho mecânico em comparação ao da mistura com agregado convencional, embora com teor ligeiramente maior de ligante. WESSELING (2005) analisou, por meio de um estudo experimental, o comportamento mecânico de misturas em concreto asfáltico utilizando a escória de aciaria e resíduo areia de fundição. No seu estudo ficou evidente que incorporação da escória de aciaria à mistura em concreto asfáltico apresentou desempenho superior ao da mistura com agregados convencionais nas propriedades mecânicas e de durabilidade. A mistura com o uso da adição da areia de fundição em combinação com a escória de aciaria não apresentou desempenho satisfatório, devido ao seu maior consumo de ligante e desempenho mecânico inferior. PARENTE et al., (2003) estudaram o comportamento mecânico (ensaios triaxiais cíclicos e ISC) de duas misturas solo e escória, com teores de escória variando entre 50% e 70% para utilização na pavimentação em camadas de bases e sub-bases, visto que as misturas soloescória apresentaram valores superiores de CBR e modulo de resiliência (MR) em relação aos das misturas comparativas convencionais de solo-brita. As escórias foram submetidas a um processo de cura por um período de três meses para que seu potencial expansivo fosse reduzido aos limites aceitáveis. RAPOSO (2005) estudou experimentalmente a compactação e expansão de uma escória de aciaria do tipo LD utilizando amostras tratadas e amostras não tratadas, com o objetivo de utilizá-la em camadas de base e sub-base de pavimentos rodoviários. Foram realizados ensaios laboratoriais de caracterização (física, química e ambiental), compactação (Proctor normal e Proctor modificado), expansão pelos métodos PTM-130/78, JIS A 5015/92 e ASTM D 4792/00, além de ensaios complementares como ISC e o ensaio de permeabilidade à carga variável. Os resultados obtidos dos ensaios de compactação demonstraram que a escória estudada apresenta comportamento típico de materiais granulares e umidade ótima de compactação indefinida. E quanto à expansão, a escória de aciaria LD do estudo, deve sofrer algum tipo de tratamento com o objetivo de reduzir os níveis de expansão, sendo somente a amostra tratada atendido ao limite de 3% de expansão conforme as normas de utilização da escória de aciaria DNIT-PRO 263/94 e DNIT-EM 262/94. 37 2.2.2 ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL A escória de ferroníquel é gerada no processo de fusão do minério de níquel em forno elétrico trifásico, onde elementos não metálicos, tais como SiO2, MgO e Fe2O3, são granulados na presença de água (Barro Alto Presentation, 2012). A etapa de fusão do minério laterítico em ferroníquel calcinado e reduzido representa a operação mais importante de tratamento pirometalúrgico de óxidos minerais de níquel. É calcinado e fundido em forno elétrico a arco gerando grandes quantidades de escória. Sua composição corresponde ao ponto de fusão que constitui um dos fatores mais importantes que afeta o modo de operação do forno elétrico (RODRÍGUEZ & VILLAMIL, 2007). A escória de ferroníquel, diferentemente das escórias de aciaria e alto-forno, ainda é pouco estudada em termos de aplicação na engenharia civil, sendo que alguns estudos existentes encontrados abordam sua aplicação como agregado alternativo em misturas de concreto de cimento e como matéria prima para pigmento cerâmico. FRANCKLIN JUNIOR & ALMEIDA (2010) verificaram as propriedades do concreto de cimento produzidos com agregados de escória de ferroníquel. Executaram um traço de concreto referência com agregados convencionais e cinco traços de concreto substituindo o agregado convencional miúdo pela escória de níquel nos teores de 100%, 90% 80%, 70% e 60% respectivamente. A escória de ferroníquel estudada foi provenientes da Comercial Lilian Ltda (Mineração Morro Azul), município de Pratápolis no Sudoeste do Estado de Minas Gerais. Um material originado da extração de rochas ultramáficas mineralizadas com sulfetos, composta principalmente por Ferro (Fe), Silicato (SiO2), Magnésio (MgO) e outros elementos químicos. Concluíram que o traço de concreto com a escória corrigida com o uso de 60% apresentou excelente trabalhabilidade, devido principalmente à forma esférica das partículas da escória, e resistência à compressão compatível ao do concreto utilizado sem escória (traço referência). LIMA & ZAMPIERON (2009) investigaram a escória de níquel como pigmento a ser incorporado na indústria cerâmica. Realizaram ensaios com o uso de um espectômetro de raio-X afim de verificar sua composição química e confeccionaram 10 corpos de prova em forma de pastilhas com a escória moída em uma prensa hidráulica com pares de temperatura 600C, 700C, 800C, 900C e 1000C, conforme Figura 2.8. 38 FIG. 2.8 Corpos de prova submetidos à temperatura entre 600°C a 1000°C. Fonte: LIMA & ZAMPIERON (2009) Na temperatura de 600°C foi evidenciada a fase olivina de composição (Mg.Fe0.SiO4). A fase olivina em temperatura acima de 700°C desaparece, mostrando então que é possível utilizá-la em pigmento cerâmico até a temperatura de 600°C. Já a fase de magnetita e hematita de composição (Fe3O4; Fe2O3) está presente em todas as temperaturas trabalhadas. Tal estabilidade permite afirmar que é possível ter um pigmento estável em temperaturas elevadas. A caracterização da composição química e mineralógica da escória, quando utilizada como um agregado, exerce grande influência nas tomadas de decisão para o uso ou não deste resíduo. Por exemplo, NÓBREGA et al., (2005) citaram alguns casos de contaminação por elementos pesados contidos em tipos de escória distintos. Em um caso em Santo Amaro da Purificação/BA, uma empresa fechou em 1993 por problemas de ordem econômica, ocupacional e ambiental. Um outro caso, também citado por NÓBREGA et al., (2005) foi em Nova Jersey/EUA 1992 a 1993, o Departamento de Serviços de Saúde de Nova Jersey (NJDHSS) e Instituto de Ciência de Saúde Ocupacional e Ambiental (EOHSI) conduziram um estudo de avaliação à exposição de escória de cromo. A pesquisa foi realizada em pessoas da Cidade de Hudson e de um grupo formado para comparação de outras cidades. O nível de detecção foi através de amostras de urinas, de 1712 pessoas pesquisadas da Cidade de Hudson, sendo que 9,2% apresentaram nível de cromo na urina acima de 0,5 µg/litro. Por outro lado, outro aspecto que deve ser analisado nas escórias além da contaminação, é a presença de elementos químicos que possam causar a expansibilidade do agregado. A escória de ferroníquel, por exemplo, possui em sua composição química uma quantidade considerável de óxido de magnésio (MgO) e apenas traços de óxido de cálcio (CaO). No 39 entanto, EMERY (1978), RUBIO & CARRETERO (1991), citaram que a presença do óxido de magnésio na escória pode levar anos para se hidratar, quando comparado ao óxido de cálcio livre, que hidrata-se mais rapidamente causando a instabilidade volumétrica da escória. SILVA et al., (2003) apud CASTELO BRANCO (2004) concluíram que após 15 anos de estudo, a cinética da reação de hidratação do MgO é muito lenta. O grau de instabilidade destes compostos depende do tamanho dos cristais. Os cristais pequenos hidratam-se rapidamente, enquanto cristais grandes são formados por um processo de resfriamento lento. Se resfriada bruscamente, de forma que não haja tempo hábil para que o arranjo cristalino ocorra, produz-se um material predominantemente vítreo. A escória vítrea apresenta nível de energia mais elevado do que o da cristalina, porque retém a energia de cristalização de aproximadamente 200 kJ/kg, sendo portanto termodinamicamente menos estável que as cristalinas (JOHN, 1995 apud JOHN, 2000). No caso da escória de ferroníquel estudada nesta pesquisa, sofre o mesmo processo de resfriamento, porém, possui uma estrutura cristalina confirmada pelo ensaio de difração de raio-X que confirmou a presença do mineral Faialita. O resultado se encontra no capítulo 4 deste trabalho. Existe algumas tecnologias básicas para produção de escórias vítreas. Uma delas, praticamente normal nas grandes siderúrgicas brasileiras, é conhecida como granulação. A granulação da escória de alto-forno foi originalmente introduzida por volta de 1853 por Lange, na Alemanha, e visava facilitar a sua remoção das siderúrgicas (JOHN, 2000). Este processo é similar ao da escória de ferroníquel estudada nesta pesquisa. A escória, ainda no estado líquido, é granulada com a presença de água que sofre o resfriamento brusco formando os grãos da escória com granulometria muito pequena similar à da areia, alguns com formas irregulares e outros com formatos esféricos. RICHTER (2009) relatou duas rotas no processo de recuperação do níquel e ferroníquel no minério (ver Figura 2.9). O processo Caron, também conhecido como lixiviação amoniacal, recupera essencialmente o níquel, o cobre e o cobalto contidos no minério, na forma de carbonato granular ou sínter de óxido, para posterior refino. A lixiviação ácida realiza o mesmo processo, mas o reagente principal é o ácido sulfúrico. Todas essas rotas hidrometalúrgicas buscam a obtenção do níquel metálico. A rota RKEF (calcinador rotativoforno elétrico) recupera o ferro e o níquel contidos, além de parte do cobalto, em uma liga metálica, camada de ferroníquel. 40 FIG. 2.9 Rotas de processamento para obtenção do níquel. Fonte: RICHTER (2009) GOMES (2010) descreveu que o processo Caron é extremamente dependente de combustíveis fósseis e apresenta baixo rendimento (próximo de 70% de extração Ni), associado principalmente à baixa eficiência da etapa de redução que antecede a lixiviação. Já no processo Pirometalúrgico, mesmo processo adotado para a escória de ferroníquel utilizada nesta pesquisa, após lavrado, o minério é enviado para secadores, que removem sua umidade. A seguir, é encaminhado a um forno, onde o concentrado de ferroníquel é formado, com produção de escória. O concentrado tem teor de 23% de níquel e é utilizado como insumo na indústria de aço inoxidável (FERREIRA et al., 2008). O processo para a produção do ferroníquel se inicia na extração do minério na mina (Figura 2.10). 41 FIG. 2.10 Mina de extração do minério de ferroníquel. Fonte: Barro Alto Presentation (2012) O solo da região do município de Niquelândia / GO, é um solo laterítico e possui alto teor de óxido de ferro, por isso no processo de produção da empresa Mineradora produz-se a liga Ferroníquel. É importante ressaltar, segundo ROSEMBERG (1968), é válido como quase regra geral, que os minérios oxidados, por exemplo, os utilizados pela empresa Mineradora desta pesquisa, são utilizados para produzir o ferroníquel e os sulfetados, para fabricar níquel metálico. Normalmente os minerais de níquel encontram-se associados a minerais silicatados secundários, e o níquel costuma substituir o magnésio em alguns minerais primários (olivina, hiperstênio, hornblenda e biotita). Não é possível encontrar níquel nativo puro na natureza. Uma quantidade considerável deste minério é empregada anualmente neste processo pirometalúrgico, o qual compreende as etapas de Preparação do Minério (Britagem, Homogeneização e Secagem), Calcinação, Redução e Refino. Na Redução obtém-se o ferroníquel que, posteriormente, é enviado ao Refino para retirada de impurezas, como o enxofre e o fósforo. Após esta etapa, a liga está adequada para a comercialização. O ferroníquel é utilizado, principalmente, na indústria de aço-inox. Tanto na Redução, quanto no Refino são geradas escórias de processo (ver Figura 2.11), sendo que objeto deste estudo é a escória do processo da Redução (Barro Alto Presentation, 2012). 42 FIG. 2.11 Processo de produção do ferroníquel das Plantas de Barro Alto e Codemin. Fonte: Barro Alto Presentation (2012) O ferroníquel é um metal ferromagnético, com elevada dureza, e um branco brilhante o qual é facilmente convertido numa variedade de produtos. O seu uso mais comum é como um componente de várias ligas, de aços inoxidáveis que são as mais comuns (Minera Loma de Níquel, 2012). FERREIRA et al., (2008) citaram que a maior parte do níquel produzido é consumida na fabricação de ligas ferrosas e não ferrosas. As características físico-químicas do níquel permitem que ele ceda características muito importantes para ligas em variadas aplicações. Dentre as várias características possíveis do níquel, destacam-se as seguintes: resistência a quente, devido ao seu alto ponto de fusão; resistência à corrosão, devido a sua alta dureza e tenacidade; reduzida variação dimensional, dada por seu elevado módulo de elasticidade de 204 GPa; e elevada resistência elétrica (eletronegatividade baixa), que garante um grande aquecimento durante a condução elétrica (LUZ et al., 2010). Os depósitos de níquel podem ser de origem magmática ou residual. As jazidas magmáticas são também chamadas de sulfetadas e as jazidas residuais são constituídas por material extremamente alterado pelas interpéries. As jazidas residuais possuem como fonte as rochas ultrabásicas, são chamadas de lateríticas, normalmente são encontradas na região dos 43 trópicos, e representam 80% das reservas e 45% da produção mundial (MANO, 2002 apud RICHTER, 2009). Segundo a PT International Nickel Indonesia Tbk (2005) os tipos de depósito de níquel e suas respectivas características são: • • Depósitos de níquel sulfetado – Níquel como níquel sulfetado: pentlandita, milerita; – Minérios de níquel processados através de moagem e fusão; Depósitos de níquel laterítico (ver Figura 2.12). – Depósitos de óxido de Ni: Ni como hidróxido na zona ferruginosa; – Depósitos de silicato de argila: Ni como silicato de argila; – Depósitos de silicato hidratado: Ni como silicato hidratado no saprólito; – Minérios de níquel processados através de pirometalurgia (fusão) ou hidrometalurgia (lixiviação); – 90% do níquel são processados por métodos pirometalúrgicos. FIG. 2.12 Depósito de laterítas de níquel mundial. Fonte: PT International Nickel Indonesia Tbk (2005). 44 A ocorrência do minério laterítico se dá numa região mais superficial, mais especificamente a saprolítica. Seus depósitos são situados principalmente no Brasil, Cuba, Austrália, Indonésia, Nova Caledônia e Filipinas, possuem teores médios de níquel em torno de 1,95% e teores de óxido de ferro acima de 24%, além da presença de cobalto e magnésio (BNDES, 2000). O níquel é um metal muito usado sob a forma pura para fazer a proteção de peças metálicas, pois oferece grande resistência à oxidação. Suas principais aplicações são em ligas ferrosas e não-ferrosas para consumo no setor industrial, em material militar, em moedas, em transporte/aeronaves, em aplicações voltadas para a construção civil e em diversos tipos de aços especiais, altamente resistentes à oxidação, como os aços inoxidáveis, bem como em ligas para o fabricação de imãs (metal Alnico), em ligas elétricas, magnéticas e de expansão, ligas de alta permeabilidade, ligas de cobre-níquel, tipo níquel-45, e em outras ligas nãoferrosas. A niquelagem de peças é feita por galvanoplastia, usando banhos de sais de níquel (LUZ et al., 2010). O Brasil é o sétimo maior produtor de níquel com aproximadamente 85.000 toneladas em 2008. A Rússia é a maior produtora com 19% do volume total, seguida pelo Canadá com 15%, Austrália com 11% e Indonésia com 9% (USGS/DNPM apud IBRAM, 2013). Os jazimentos de níquel descobertos no Brasil são representados por minérios silicatados, que provêm da alteração de rochas muito básicas como peridotitos (é uma rocha ígnea de grão grosseiro, composta basicamente, sobretudo por olivina, com ou sem outros minerais máficos, com pouco ou nenhum feldspato, pertence ao tipo de rocha basáltica – Dicionário de Mineralogia e Gemologia). O intemperismo mobiliza o níquel sob a forma de silicato hidratado, e o concentra em fissuras da rocha em processo de alteração, trazendo-o para a superfície. Nas jazidas deste tipo encontra-se na parte superior uma camada de laterita niquelífera e mais abaixo, geralmente, há uma zona enriquecida à custa da rocha subjacente que vai depois empobrecendo à medida que o níquel se desloca para superfície. Nas jazidas são encontradas calcedônias que indicam ações hidrotermais provavelmente relacionadas aos pegmatitos (rocha ígnea de granulação extremamente grosseira que ocorre em geral, nas margens de grandes corpos de rocha intrusiva, sua composição é variável geralmente granítica - Dicionário de Mineralogia e Gemologia). O processo de alteração dos peridotitos pode ser atribuído a ações hidrotermais além do intemperismo (BNDES, 2000). Os minérios sulfetados possuem em sua composição, além do níquel, sulfetos de cobre, cobalto e ferro, assim como alguns metais valiosos (platina, prata e ouro) e enxôfre, utilizado 45 para a produção de ácido sulfúrico. Originados em camadas subterrâneas abaixo da região saprolítica, os depósitos de minério sulfetado correspondem atualmente a cerca de 20% das reservas de níquel do ocidente, sendo principalmente encontrados na Austrália, seguidos por Canadá, China, África do Sul e Zimbábue. Cerca de 55% da produção total de níquel são oriundas dos minérios sulfetados. Recentemente foi descoberto um importante novo depósito de minério sulfetado em Voisey Bay, no estado de Labrador, Canadá (BNDES, 2000). 2.3 CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO O primeiro passo para a utilização de novos materiais na engenharia rodoviária deve ser a correta caracterização dos mesmos, porque o conhecimento das suas peculiaridades é a chave para a solução de eventuais problemas que venham a existir a partir da utilização destes novos materiais. Por este motivo, os trabalhos envolvendo agregados alternativos e convencionais no IME também envolvem a Seção de Engenharia de Materiais. A seguir são apresentados alguns ensaios para a caracterização de agregados utilizados neste trabalho. 2.3.1 POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) É uma ferramenta de investigação mais recente e extremamente útil para caracterização de materiais. A superfície de uma amostra a ser examinada é rastreada com um feixe de elétrons, e o feixe de elétrons refletido é coletado e então mostrado em uma tela, semelhante à tela de uma TV. A imagem gerada na tela, representa as características da superfície da amostra (CALLISTER JR, 2002). O EDS (energy dispersive x-ray detector, EDX ou EDS) é um acessório essencial no estudo de caracterização microscópica de materiais. Quando o feixe de elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de níveis energéticos. Ao retornarem para sua posição inicial, liberam a energia adquirida a qual é emitida em comprimento de onda no espectro de raio-X. Um detector instalado na câmara de vácuo do Microscópio Eletrônico por Varredura (MEV) mede a energia associada a esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem energias distintas, é possível, no ponto de incidência do feixe, determinar quais os elementos 46 químicos estão presentes naquele local e assim identificar em instantes que mineral está sendo observado (DEGEO, 2013). O uso em conjunto do EDS com o MEV é de grande importância na caracterização petrográfica e estudo petrológico nas geociências. Enquanto o MEV proporciona nítidas imagens, o EDS permite sua imediata identificação. MOURA (2000) utilizou o ensaio de MEV na amostra escória de cobre e verificou que a escória de cobre possui forma esférica com superfície lisa e sem poros. YORIO (2008), através de MEV, observou as partículas da escória de níquel de redução e constatou que ela é composta em geral por partículas esféricas e algumas partículas irregulares com superfície lisa e rugosa como ilustra a Figura 2.13. FIG. 2.13 Micrografias das partículas da escória de níquel de redução feitas por MEV. Esquerda: Vista com aumento de 20X. Direita: Vista com aumento de 100X. Fonte: YORIO (2008) SILVA (2010), através do MEV, observou a heterogeneidade da forma e dimensão dos grãos que compõe a escória de aciaria, com predomínio de grãos na forma lamelar, placóides e formações em filamentos. Concluiu que a composição de ferro presente em todos os pontos analisados contribui para a elevada densidade do material. DUARTE et al., (2003) utilizaram as imagens eletrônicas de MEV, associadas a dados químicos semi-quantitativos de EDS, em estudos gemológicos e obtiveram com as imagens eletrônicas de varredura uma observação detalhada da morfologia das inclusões. As análises de EDS fornecem uma estimativa composicional, conferindo uma precisão que não era possível através de outras técnicas tradicionais. Esses autores citaram a facilidade na seleção e preparação das amostras, uma vez que é possível utilizar desde fragmentos de amostras brutas não polidas até lâminas delgadas, 47 inclusive amostras lapidadas se for necessário. Como é um método não destrutivo, as amostras podem ser arquivadas para estudos posteriores ou direcionadas para outras análises complementares. A facilidade de preparação das amostras para análise e a rapidez na aquisição de dados conferem ainda um baixo custo a este método de análise. 2.3.2 POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X Os Raios-X são muito importantes no desenvolvimento de novos materiais. Eles são uma forma de radiação eletromagnética que possuem elevadas energias e curtos comprimentos de onda. É uma técnica usual de difração que emprega uma amostra pulverizada, que consiste em muitas partículas finas e aleatoriamente orientadas, expostas a uma radiação X monocromática (CALLISTER JR, 2002). DA SILVA (2011) explicou como é feito o estudo dos materiais por difração de Raio-X. Em qualquer estudo sobre as propriedades de um determinado material, quase sempre, o primeiro passo, e talvez o mais importante, é a determinação de suas estruturas cristalinas, já que diversas propriedades estão intimamente ligadas à maneira como os átomos estão dispostos pelo material. Para ALBERS et al., (2002), dentre as várias técnicas de caracterização de materiais, a técnica de difração de raio-X é a mais indicada na determinação das fases cristalinas presentes em materiais cerâmicos. Isto é possível porque na maior parte dos sólidos (cristais), os átomos se ordenam em planos cristalinos separados entre si por distâncias da mesma ordem de grandeza dos comprimentos de onda dos raio-X. Ao incidir um feixe de raio-X em um cristal, o mesmo interage com os átomos presentes, originando o fenômeno de difração. ALBERS et al., (2002) concluíram que o procedimento para identificação de argilominerais por difração de raio-X permite a identificação rápida e confiável dos argilominerais comumente presentes em materiais argilosos no país. SANTOS et al., (2012) caracterizaram materiais pedregulhosos utilizados em pavimentação com a ajuda do ensaio de difração de raio-X para verificação da composição mineralógica. Concluíram que a composição mineralógica, obtida por meio de ensaios de difração de raio-X das lateritas estudadas, indicou uma predominância de hematita e goethita, confirmando o elevado caráter ferruginoso destes materiais. O tipo de mineral composto no agregado pode influenciar na resistência do material. 48 NÓBREGA (2007) também utilizou o ensaio de difração de raio-X para identificar a composição mineralógica da escória de manganês e de acordo com a análise química da amostra apresentada conseguiu concluir que possivelmente a amostra está livre da desintegração causada pelos óxidos de cálcio e magnésio. MASUERO et al., (2000) utilizaram o ensaio de difração de raio-X como técnica de análise para determinação do estado físico das escórias (cristalino ou amorfo) e a identificação e determinação das quantidades relativas das fases presentes. Foram identificados os seguintes compostos: Periclase (MgO), Wustita (FeO), Larnita, Wollastonita (CaSiO3), Óxido de Cálcio (CaO), Larnita (Ca2SiO4) e Clinocloro (Mg,Al,Fe)4 O10(OH)8. A investigação da composição química de materiais através de raio-X tem sido muito utilizada por pesquisadores em diversas áreas. GARCIA et al., (2011), por exemplo, compararam qualitativamente a composição química do cimento de Portland e o cimento MTA-Angelus® (Mineral Trióxido Agregado) pela análise da difração de raio-X para conhecer seu nível toxicológico, bastante utilizado em perfurações radiculares e obturações retrógradas, devido a suas excelentes propriedades de selamento e biocompatibilidade, uma vez que a produção industrial do cimento de Portland parece não ter condições salubres suficientes para a aplicabilidade clínica do material. Na comparação entre os dois tipos de cimentos, concluíram que qualitativamente o cimento de Portland e o MTA são muito semelhantes entre si quanto aos seus elementos químicos. 2.3.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA O objetivo da microscopia é a obtenção de imagens ampliadas de um objeto, que nos permitam distinguir detalhes não revelados a olho nu . A avaliação microscópica deverá indicar características como granulação, textura, estrutura e também as microfissuras, presença de vazios ou poros (BERNUCCI et al., 2007). CALLISTER JR. (2002) abordou os preparos que se devem ter com as amostras para avaliação de microscopia óptica. Um deles é a preparação da amostra por ataque químico, onde a microestrutura é revelada mediante aplicação de um tratamento de superfície que usa um reagente químico apropriado, muitas vezes utilizado para investigações do tipo metalográficas. COLPAERT (2008) detalhou a preparação da amostra para este tipo de 49 ensaio. E explicou que o microscópio óptico é utilizado para estudar a microestrutura do material; e os sistemas óticos e de iluminação são seus elementos básicos. Ainda, COLPAERT (2008) discutiu as principais técnicas de observação da microestrutura de amostras. Uma delas é a avaliação ao microscópio sem ataque a qual foi utilizada nesta pesquisa. Esta técnica tem a função de avaliar características estruturais que são visíveis nesta condição, tais como inclusões não metálicas, grafita, trincas, porosidade, entre outros. Este tipo de observação sem ataque químico na amostra para avaliação é muito mais claro e objetivo e a ausência das informações produzidas pelo ataque evita confusão de análise. 2.3.4 POR AIMS (AGGREGATE IMAGING SYSTEM) É um sistema para avaliação da angularidade do agregado pouco utilizado no Brasil. É de conhecimento que apenas o Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) possui este equipamento. Recentemente, BESSA (2012) avaliou o potencial do uso do Processamento Digital de Imagens na análise das propriedades de forma, angularidade e textura dos agregados provenientes de fontes distintas e na análise da estrutura interna de misturas asfálticas compostas por esses agregados. Em uma de suas conclusões, observou que a utilização do AIMS na caracterização de agregados é importante para se obter uma análise mais completa e detalhada dos parâmetros de forma, de angularidade e de textura, uma vez que é possível obter não só uma média de valores, mas também distribuições de propriedades. O IDEA (2003) descreveu o conceito do sistema AIMS, que tem o objetivo de analisar a forma, angularidade, textura dos agregados. Agregados com tamanhos de 37,5 mm a 150 mm também podem ser analisados usando este sistema. Comentou também que esta metodologia oferece várias vantagens sobre os métodos atuais utilizados na prática. Ele baseia-se na distribuição de características da forma de uma amostra global, em vez de valores médios destas características. A forma de agregado graúdo é determinada com base na análise tridimensional de partículas, o que permite distinguir entre plana, partículas alongadas, ou plana e alongada. BATHINA (2005) citou que o Aggregate Imaging System (AIMS) é um dos métodos de teste que se mostrou ser bem sucedido em medir com precisão as características de agregação. É um método de teste capaz de medir as características físicas de agregados grosseiros e finos. 50 Este método de teste sofisticado foi concebido para ser suficientemente versátil e medir a distribuição de forma, angularidade e textura de vários tamanhos de agregados. A qualidade é avaliada pela medida da repetibilidade, reprodutibilidade e sensibilidade das medições de AIMS. AIMS é considerado um grande avanço tecnológico sobre os métodos correntes utilizados na prática para a medição de forma agregada. São duas as áreas principais na engenharia de pavimentos que o AIMS pode beneficiar. A primeira está incorporada às propriedades de forma agregada para o procedimento de projeto de misturas asfálticas a quente. As propriedades agregadas controlam sua interação com o ligante asfáltico e consequentemente, influenciam o projeto da volumétrica da mistura. A segunda área é o controle de qualidade / garantia dos agregados. O sistema oferece um método automatizado de fazer cumprir as especificações e assegurando propriedades consistentes. Por conseguinte, pode contribuir para a criação de maior qualidade e de maior duração dos pavimentos, com economia de grande parte devido à redução de requisitos para manutenção de pavimento e restauração (MASAD, 2005). MASAD & BUTTON (2000) investigaram dois métodos independentes que integram vários aspectos de análise de imagens, apresentando as técnicas da quantificação da angularidade e a textura dos finos. A primeira técnica baseia-se na alteração da forma do agregado como é submetido a uma série de erosão-dilatação morfológica nas operações (Figura 2.14). A segunda técnica utiliza a mudança de um objeto com a sua forma. Com estas análises, concluíram que os dois métodos são capazes de capturar a forma agregada em duas escalas diferentes. As técnicas de imagem oferecem uma abordagem unificada para descrever a angularidade e textura do agregado. FIG. 2.14 Ilustração do efeito de erosão e dilatação na amostra. Fonte: MASAD & BUTTON (2000) 51 BATHINA (2005) avaliou a qualidade do sistema de imagem (AIMS) por meio da análise da repetividade, reprodutibilidade e sensibilidade, e comparou com os resultados de outros métodos de teste disponíveis. Demonstrou que este método é capaz de quantificar as diferenças entre os agregados e pode ser usado para capturar a influência da mudança na fonte de agregação ou de técnicas de produção em características de agregação. AL-ROUSAN (2004) concluiu que o AIMS é o sistema mais completo capaz de medir as características da forma de agregados, tanto grosso e fino. A avaliação baseou-se na repetição da medição de precisão, na aplicabilidade dos vários tipos de agregados, na prontidão para a implementação, em facilidade de utilização. A Figura 2.15 mostra os equipamentos que compõem o sistema AIMS. FIG. 2.15 Sistema de imagem do agregado (AIMS). Fonte: AL-ROUSAN (2004) 52 3 MATERIAIS E MÉTODOS No presente capítulo são apresentados os materiais utilizados e descrita a metodologia utilizados neste trabalho que enfoca a utilização da escória de ferroníquel como um agregado em pavimentação. É apresentada ainda uma descrição dos ensaios de caracterização a que estes materiais foram submetidos. 3.1 MATERIAIS 3.1.1 ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL Através do projeto de pesquisa IME / SENAI intitulado “Estudos para utilização de escória de ferroníquel das plantas de Barro alto e codemin na área de construção civil”, 4 Bags, contendo cerca de 400 kg, foram enviados da unidade de Barro Alto para o Laboratório do IME. Esta amostra de escória ferroníquel foi a utilizada no presente trabalho. Deve-se ressaltar que o estudo da escória de ferroníquel como emprego em pavimentação já possui publicações da autora em SANTOS et al., (2012a); SANTOS et al., (2012b) e SANTOS et al., (2013) todas pertinentes ao referido projeto. As escórias de ferroníquel da redução possuem características peculiares em relação a outras obtidas em processos de ferroníquel espalhados pelo mundo, sobretudo pelas características do minério. A escória de ferroníquel da redução possui altos teores de sílica e magnésio, podendo ser considerada um material membro do grupo das olivinas que são constituídos por silicatos de magnésio e ferro. A olivina geralmente se apresenta com cor verde oliva, daí o seu nome. A Figura 3.1 ilustra a amostra de escória ferroníquel estudada neste trabalho com sua tonalidade verde caracterizada pela sua composição química. 53 FIG. 3.1 Amostra da escória de ferroníquel de Barro Alto estudada com forma similar à areia. Em Barro Alto a escória não é separada em estoques por lote de produção, existindo uma pilha única, conforme ilustra Figura 3.2, que concentra toda a escória gerada no seu processo produtivo. Caso essa escória fosse expansiva, essa situação não seria boa para a cura da mesma, pois para que ocorra a hidratação de todo o material estocado, o ideal é ter formações de pilhas baixas e separadas em lotes conforme a data de sua geração. FIG. 3.2 Depósito da escória de ferroníquel na Planta de Barro Alto / GO. 54 Segundo a empresa, as operações de redução e refino são responsáveis pela quase totalidade da produção de ferroníquel no país, aproximadamente 97,9% da produção nacional. A empresa configura como uma das maiores produtoras mundiais do metal. A mineradora ainda ressalta que quando a Planta estiver em regime normal de operação serão geradas anualmente 1.800.000 t de escória da redução que, originalmente, serão depositadas em barragens de rejeitos devidamente preparadas para estocar tal material. Tratase de um volume grande que envolve dispêndios como custo de transporte, impermeabilização do terreno onde será destinada, entre outros. A Figura 3.3 ilustra a quantidade de escória gerada no processo de produção do ferroníquel e a de quantidade de escória que é comercializada para empresas fabricantes de cimento. Observa-se que o consumo ainda é um pouco limitado pela empresa devido à especificação do cimento possuir limitação do teor de magnésio em sua composição. FIG. 3.3 Comparativo da geração da escória de ferroníquel com a quantidade vendida. O ferroníquel é utilizado, principalmente, na indústria de aço-inox. Tanto na redução, quanto no refino são geradas escórias de processo (ver Figura 3.4), sendo que o objeto deste estudo é a escória do processo da redução, conforme já comentado. 55 FIG. 3.4 Processo de produção do ferroníquel realizado na Planta de Barro Alto. A Figura 3.5 mostra as quantidades de escória da redução produzidas e o custo de manuseio deste material para as duas unidades. Parte da escória da redução produzida na Codemin é comercializada para empresas cimenteiras, todavia, esta quantidade é de apenas 12,4%. FIG. 3.5 Croqui de localização da produção da escória de ferroníquel de Refino e Redução nas unidades de Barro Alto e Codemin. 56 Em relação à escória do Refino, são produzidas 7.200 t por ano na Codemin e serão produzidas 21.600 t por ano em Barro Alto. A investigação da caracterização química da escória de ferroníquel estudada neste trabalho foi feita por BRANDT (1997), que realizou os ensaios de lixiviação e espectograma qualitativo da escória. A partir destes esaios foi possível apresentar na Tabela 3.1 os dados de caracterização química da amostra bruta com os respectivos teores encontrados, nos ensaios de lixiviação e solubilização. TAB. 3.1 Caracterização da escória bruta ferroníquel de redução, lixiviação e solubilização. Amostra Bruta Parâmetros Teores (% e ppm) Silício 43,60% Magnésio 0,36% Alumínio 3,90% Ferro 14,90% Dureza Total 1,49% em CaCO3 Dureza de Mg 1,49% Cromo 1,30% Níquel 0,14% Titânio 0,15% Manganês 0,34% Nióbio < 5,00 ppm Cobre 106,00 ppm Vanádio 184,00 ppm Zircônio 27,00 ppm Cobalto 66,00 ppm Lixiviação Teores (mg/l) 2,80 4,60 < 0,05 0,95 Solubilização Teores (mg/l) 8,10 4,58 < 0,05 0,19 26,41 26,41 18,92 < 0,05 < 0,02 < 0,01 < 0,11 < 0,10 < 0, 02 < 0,01 < 0,01 < 0,10 18,86 < 0,05 < 0,02 < 0,01 < 0,05 < 0,10 < 0,02 < 0,01 < 0,01 < 0,10 Fonte: Relatório de Ensaio cedido pela empresa Anglo American. A Tabela 3.2 apresenta os valores de caracterização qualitativa da massa bruta de escória de ferroníquel de redução, onde indica a maior e menor concentração dos constituintes químicos presentes na amostra analisada e alguns traços da composição química mínima encontrada. TAB. 3.2 Análise de espectograma para a escória ferroníquel de redução. Escória Ferroníquel de Redução Maiores constituintes concentração: >5% Menores constituintes concentração: < 5% e > 0,1% Silício, Magnésio, Ferro Alumínio, Cromo, Cálcio Níquel, Titânio, Manganês, Nióbio, Cobre, Vanádio, Zircônio, Cobalto Traços: Concentração: < 0,1% Fonte: Relatório de Ensaio enviado pela empresa Anglo American. 57 Segundo a norma ABNT NBR 10004 (2004), os resíduos podem ser classificados em três classes: Resíduos classe I – perigosos; Resíduos classe II – não inertes; e Resíduos classe III – inertes. Dentro deste contexto, a análise da escória de ferroníquel indicam em sua composição teores relevantes de metais tóxicos/perigosos, como o níquel, cromo, cobre e vanádio, cuja classificação deste resíduo é do tipo classe II – inertes, pois nenhum dos constituintes apresenta concentração acima dos valores estabelecidos na ABNT NBR 10004 (2004) (Listagens 7 e 8). Pode-se considerar que os metais encontram-se na forma não passível de lixiviação e solubilização (BRANDT, 1997). Para os ensaios realizados no IME a coleta da escória de ferroníquel de redução seguiu o seguinte procedimento de amostragem na planta de Barro Alto. Como a disposição das escórias são feitas em pilhas, as amostras foram retiradas em 03 (três pontos) (topo, meio e base), iniciando-se as coletas a partir do topo, conforme apresentado na Figura 3.6. Esta amostragem foi efetuada em 05 (cinco) pontos distintos de cada depósito, representados nesta figura pelas letras A, B, C, D e E. (1A) (1B) FIG. 3.6 Croqui da vista de cima da pilha (1A). Corte das pilhas dos resíduos (1B). Em seguida a escória de ferroníquel de redução foi levada ao Laboratório de Ligantes e Misturas Betuminosas do Instituto Militar de Engenharia (IME) no Rio de Janeiro, para a realização dos ensaios de caracterização tradicional de agregados e execução das demais atividades pertinentes ao projeto. 58 3.1.2 AGREGADOS PÉTREOS Os agregados pétreos utilizados neste estudo para compor a produção de misturas dos traços 1, 2 e 3 são provenientes da usina de asfalto da CRT (Concessionária Rio Teresópolis S/A) que, desde 22 de março de 1996, administra os 142,5 quilômetros da Rio-TeresópolisAlém Paraíba (BR-116/RJ), no Estado do Rio de Janeiro. O trecho sob a concessão da CRT abrange a região onde estão os municípios de Duque de Caxias (a partir do entroncamento com a BR-040/RJ), Magé, Guapimirim, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto e Sapucaia, indo até a divisa com Minas Gerais, próximo à cidade de Além Paraíba. Logicamente não se pretende utilizar estes agregados na prática regional de Goiás, entretanto, não houve definição a respeito do material a ser efetivamente empregado na prática. Optou-se então por se utilizar um agregado disponível no laboratório do IME. Considerando a possibilidade de execução de um trecho experimental em Niquelândia / GO, também foram utilizados agregados locais da Empresa ONA para a execução do traço 4 de mistura asfáltica. 3.1.3 LIGANTES ASFÁLTICOS Para o desenvolvimento do estudo com ligantes asfálticos, utilizaram-se o CAP 30/45 e o CAP 50/70 provenientes da REDUC (Refinaria de Duque de Caxias), que é hoje a mais completa e complexa refinaria do sistema Petrobras, tendo sido inaugurada em 1961, com apenas seis unidades, além da casa de força. Localiza-se na Rodovia Washington Luís, km 113,7, no distrito de Campos Elísios, município de Duque de Caxias. O complexo industrial da refinaria é distribuído numa área de aproximadamente 13 km² e é responsável por cerca de 4,8 bilhões de reais por ano em impostos pagos ao governo. Um total de 52 produtos são comercializados por esta refinaria, dentre estes óleos básicos para lubrificantes, diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene de aviação, parafinas, óleo combustível e aguarrás. Para efeito de tentativa, também foi utilizado o asfalto modificado por TLA (Trinidad Lake Asphalt), somente utilizado no ensaio de adesividade com a escória de ferroníquel, cujo resultado se encontra no Capítulo 4. O asfalto modificado por TLA é proveniente da empresa Betunel e é resultado da modificação do ligante asfáltico nacional com asfalto natural oriundo da jazida (lago) da ilha 59 de Trinidad. Esse novo produto tem características peculiares e, quando utilizado em misturas asfálticas, as torna resistentes à deformação permanente, fadiga e ações de combustíveis. O TLA é um modificador de asfaltos amplamente utilizado nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Foi bastante empregado na China durante a construção da infraestrutura dos Jogos Olímpicos de Pequim. 3.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL Os ensaios que compuseram o programa experimental deste trabalho foram: 1ª fase: Realização dos ensaios para caracterização da escória de ferroníquel, através de análise do MEV e EDS, raio-X, microscopia óptica, granulométrica, densidade real e aparente, absorção, adesividade, (AIMS) e equivalente de areia. Os ensaios de Abrasão Los Angeles e Impacto Tréton não foram necessários serem realizados devido à granulometria diminuída da escória (agregado miúdo). 2ª fase: Realização da dosagem Marshall de misturas tipo areia asfalto usinada a quente (A.A.U.Q.) e concreto asfáltico usinado a quente (C.A.U.Q.). - A.A.U.Q. (Traço 1): com o uso de 100% de escória de ferroníquel como agregado (faixa A); - A.A.U.Q. (Traço 2): com o uso de 60% de escória de ferroníquel, 37% areia e 3% cimento (faixa A); - C.A.U.Q. (Traço 3): com o uso de 60% de escória de ferroníquel, 30% brita 1, 7% pedrisco, 3% cimento (faixa C). - C.A.U.Q. (Traço 4) – Trecho Experimental: com uso de 40% de escória de ferroníquel, 22% brita 1, 15% brita 0, 20% Pó Pedrisco e 3% Cimento. 3ª fase: Moldagem de corpos-de-prova de misturas asfálticas com o uso do ligante asfáltico no teor de projeto, para a caracterização mecânica das misturas asfálticas confeccionadas com escória de ferroníquel, através de ensaios de Resistência à Tração por Compressão Diametral e Módulo de Resiliência. 4ª fase: Estudo comparativo dos resultados dos parâmetros volumétricos (dosagem Marshall) e mecânicos das misturas confeccionadas. A Figura 3.7 ilustra os processos realizados para alguns passos da dosagem Marshall. 60 FIG. 3.7 (a) (b) Mistura do CAP com a escória de ferroníquel. (c) Compactação do cp no soquete Marshall. (d) Cp compactado. 3.2.1 ESQUEMA DOS ENSAIOS As Tabelas 3.3 a 3.5 apresentam os ensaios que foram realizados nos agregados (Escória de Ferroníquel, Brita 1, Pedrisco), os ligantes asfálticos CAP 50/70, CAP 30/45 e asfalto modificado por TLA e nas misturas confeccionadas em laboratório pelo método Marshall. Para os agregados foram realizados os ensaios constantes na Tabela 3.3, enquanto para os ligantes e as misturas asfálticas, na Tabela 3.4. Para as misturas solo e escória a Tabela 3.5 reúne os ensaios realizados. 61 TAB. 3.3 Relação dos ensaios realizados nos agregados e respectivas normas adotadas. Físicos Escória de Ferroníquel Químicos Brita 1 Físicos Pedrisco Físicos Granulometria Densidade Real Absorção e Massa Específica Adesividade AIMS MEV e EDS Difração Raio-X Microscopia Óptica Granulometria Densidade Real Densidade Aparente Absorção e Massa Específica Adesividade Abrasão Los Angeles Durabilidade Impacto Tréton Granulometria Densidade Real DNER-ME 083/98 DNER-ME 084/95 DNER-ME 195/97 DNER-ME 079/94 FHWA/TX-05/5-1707-01-1 DNER-ME 083/98 DNER-ME 084/95 DNER-ME 117/94 DNER-ME 081/98 DNER-ME 079/94 DNER-ME 035/98 DNER-ME 089/94 DNER-ME 399/99 DNER-ME 083/98 DNER-ME 084/95 TAB. 3.4 Ensaios realizados com os ligantes e misturas asfálticas e respectivas normas adotadas. CAP 30/45 CAP 50/70 Asfalto Modificado por TLA Misturas Asfálticas: AAUQ e CAUQ Penetração Ductilidade Viscosidade brookfield Ponto de Fulgor Ponto de Amolecimento RTFOT Dosagem Marshall RT MR Dano por Umidade Induzida DNER-ME 003/99 DNER-ME 163/94 NBR 9277/08 NBR 11341 NBR 6560 ASTM D2872 DNER-ME 043/95 DNER-ME 138/94 DNIT-ME 135/2010 AASHTO T 283 TAB. 3.5 Ensaios realizados com a mistura solo e escória. Mistura Solo e Escória de Ferroníquel Ensaio de Expansão por CBR MR Compactação Proctor DNER-049/94 DNIT-ME 134/2010 NBR 7182/1986 Onde: RT é a Resistência à Tração Estática e MR é o Módulo de Resiliência, sendo ambos por compressão diametral. 62 3.2.2 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PARA ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA ESCÓRIA E SOLOS 3.2.2.1 POR MEV (MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA) E EDS As amostras de escória de ferroníquel, coletadas para a realização deste ensaio, obedeceram aos seguintes critérios de amostragem: - Amostragem Aleatória Simples: este tipo de amostragem representa todos os elementos da população. Consiste em coletar as amostras de escória de ferroníquel após o processo de quarteamento e pulverização. Em seguida, 5 gramas das amostras selecionadas, foram inseridas no equipamento para realização do ensaio. - Amostragem por Conveniência: este tipo de amostragem não é representativo da população. Como os grãos da escória de ferroníquel variam muito pela cor e superfície, optou-se por este tipo de amostragem, pois através deste ensaio seria possível identificar se a composição química dos diferentes grãos da escória de ferroníquel variava. Definido este procedimento, um total de três grãos da amostra de escória de ferroníquel, uma de cada cor, foram separadas e submetidas ao ensaio. Após inserir as amostras no equipamento, foram geradas imagens da amostra e respectivos gráficos com a composição química de cada amostra (ver imagens no Capítulo 4, item 4.1.1 deste trabalho). 3.2.2.2 POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X Para este ensaio, a amostra selecionada foi a mesma do tipo e mesma quantidade (5g) utilizada para o ensaio de MEV em amostragem aleatória simples, pulverizada, onde a amostra é representativa da população. Em seguida, a amostra foi colocada em uma lâmina petrográfica (ver Figura 3.8) e inserida no equipamento de raio-X. Na sequência, foi gerado o gráfico com a composição mineralógica da amostra. 63 FIG. 3.8 Escória de ferroníquel pulverizada submetida ao ensaio de Difração Raio-X. 3.2.2.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA As amostras selecionadas para este ensaio foram quarteadas e colocadas em um recipiente de vidro e submetidas à análise da lente com o aumento de 40 vezes. A quantidade utilizada foi de 50g. As imagens capturadas neste ensaio se encontram no capítulo 4 item 4.1.3. 3.2.2.4 POR AIMS As amostras de escória ferroníquel foram encaminhados ao CENPES (Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello), que é um dos Centros de Pesquisa da Petrobras. O ensaio fez parte do trabalho de GONDIM (2012) / aluno de Iniciação à Pesquisa do Instituto Militar de Engenharia. Neste ensaio, a escória de ferroníquel passou por uma caracterização de sua forma, angularidade, esfericidade e textura através do AIMS. As amostras foram separadas em faixas granulométricas através do ensaio de granulometria e levadas à estufa por 24h para realização do ensaio. No ensaio de peneiramento foram separadas pelo menos 100 unidades do agregado de escória ferroníquel retidas nas peneiras #4 (4,75 mm), para o ensaio no AIMS com agregados miúdos (GONDIM, 2012). O ensaio consiste na disposição das unidades do agregado na bandeja de análise interior do equipamento. As unidades da amostra do agregado de escória foram dispostas de maneira que não ficassem muito próximas, a fim de que o equipamento de microscopia realizasse a 64 leitura da imagem. A Figura 3.9 ilustra a disposição das amostras de escória ferroníquel na bandeja para a realização do ensaio no equipamento AIMS. FIG. 3.9 Disposição do agregado na bandeja para o ensaio no equipamento AIMS do CENPES / Petrobras. Fonte: GONDIM (2012) 3.2.2.5 MEDIDA DE EXPANSÃO NO ENSAIO DE CBR Foram separadas três amostras de solo-escória, nas seguintes condições: - 4750g de escória ferroníquel (79%) - 1250g de solo laterítico (21%) O solo laterítico utilizado foi oriundo do Acre, cuja caracterização geotécnica foi realizada por CÓRDOVA (2011). Sua escolha se deve ao fato de ser muito pouco expansivo (expansão ≤ 0,5%) e a quantidade de 21% de solo, somente foi utilizada para dar coesão à mistura solo e escória para que o corpo-de-prova não se desintegrasse. Os materiais foram peneirados na peneira de abertura 4,8 mm, secos ao ar e, posteriormente homogeneizados com 200 ml de água até que se atingisse a umidade ótima, definida pela experiência do operador. Na sequência, a mistura foi compactada com energia Proctor Normal, sendo utilizados cilindros e compactador deste ensaio, e então, logo levada para um tanque onde permaneceu imersa em água por 4 dias. A expansão foi medida a cada 24 horas. A Figura 3.10 ilustra os materiais que foram preparados para a execução do ensaio. 65 FIG. 3.10 (a) Solo utilizado por CÓRDOVA (2011). (b) Solo + escória de ferroníquel. (c) (d) Homogeneização da mistura solo + escória para realização do ensaio de expansão. É importante ressaltar que não foi possível a compactação do corpo-de-prova contendo somente escória de ferroníquel, devido à falta de coesão. Por este motivo foi necessária a mistura com solo. 3.2.2.6 MÓDULO RESILIENTE PARA MISTURA SOLO E ESCÓRIA Ao longo do período de realização desta pesquisa foram surgindo outras opções para a utilização da escória de ferroníquel como material de pavimentação. Uma das mais promissoras foi a estabilização granulométrica de bases. Dentro desta ideia, foram moldados dois corpos-de-prova para realização do ensaio de módulo resiliente com mistura solo e escória ferroníquel, porém, um dos corpos-de-prova ao ser manuseado para a realização do ensaio se quebrou. Na realização deste ensaio foi separada uma amostra de solo da jazida AES-06 localizada em Carajás/MA, cujos resultados de classificação geotécnica são apresentados por DELGADO (2012). Para o ensaio foi moldado um corpo-de-prova com dimensão 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura, contendo 50% de escória de ferroníquel e 50% de solo. O 66 corpo-de-prova foi submetido ao ensaio no equipamento triaxial dinâmico no Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. A Figura 3.11 ilustra a preparação da mistura solo e escória de ferroníquel antes de ser submetido ao ensaio de MR. FIG. 3.11 (a) Preparação da mistura solo (50%) e escória ferroníquel (50%). (b) Solo e escória ferroníquel. Os ensaios de módulo resiliente das misturas asfálticas, resistência à tração por compressão diametral e ensaio de dano por umidade, foram realizados conforme as normas para cada ensaio e o quantitativo dos corpos-de-prova utilizados e local de realização dos ensaios estão descritos no próximo item. 3.2.3 QUANTITATIVOS DOS ENSAIOS REALIZADOS A Tabela 3.6 a Tabela 3.12 apresentam os tipos, número de ensaios que foram realizados com os materiais utilizados e as misturas confeccionadas, bem como o local de realização desses ensaios. 67 TAB. 3.6 Quantitativos dos ensaios realizados com os agregados e respectivos locais de ensaio. Descrição Granulometria Abrasão Los Angeles Absorção Densidade Real – Miúdo Densidade Real – Graúdo MEV Difração Raio-X Microscopia Óptica Adesividade Escória 6 2 2 3 1 1 4 Brita 1 2 1 2 2 1 Pedrisco 2 2 2 - Total 10 1 3 4 2 3 1 1 5 Local de Realização do Ensaio Lab. Ligantes – IME Lab. Concreto – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ciência Materiais – IME Lab. Ciência Materiais – IME Lab. Ciência Materiais – IME Lab. Ligantes – IME TAB. 3.7 Quantitativos dos ensaios realizados com os ligantes e respectivos locais de ensaio. Descrição CAP 30/45* CAP 50/70 Penetração 1 1 Viscosidade Brookfield 1 1 Ponto de Amolecimento 1 1 Ponto de Fulgor 1 1 Ductilidade 1 1 RTFOT 1 1 *Somente foram utilizados no ensaio de adesividade. TLA* 1 1 1 1 1 1 Total 3 1 3 3 3 3 Local de Realização do Ensaio Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME TAB. 3.8 Quantitativos dos ensaios realizados com as misturas asfálticas e respectivos locais de ensaio. Descrição Marshall Teor de Projeto Estabilidade Marshall Dano por Umidade Induzida RT Comp. Diametral MR Cp’s reservas Traço 1 9 30 2 6 4 4 2 Traço 2 9 30 2 6 4 4 2 Traço 3 9 30 2 6 4 4 2 Total 27 90 6 18 12 12 6 Local de Realização do Ensaio Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Asfalto – COPPE Lab. Asfalto – COPPE Lab. Ligantes – IME TAB. 3.9 Quantitativos dos ensaios realizados com mistura solo e escória ferroníquel e respectivos locais de ensaio. Descrição Expansão no ensaio de CBR MR Solo e Escória 3 1 68 Local de Realização do Ensaio Lab. Solos – IME Lab. Geotecnia – COPPE TAB. 3.10 Quantitativos dos ensaios realizados com agregados do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio. Descrição Granulometria Abrasão Los Angeles Absorção Densidade Real – Miúdo Densidade Real – Graúdo Adesividade Escória 3 2 1 Brita 1 2 1 2 2 1 Brita 0 2 1 1 Pó Pedrisco 2 1 - Local de Realização do Ensaio Lab. Ligantes – IME Lab. Solos – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME TAB. 3.11 Quantitativos dos ensaios realizados com o CAP 50/70 do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio. Penetração Viscosidade Brookfield Ponto de Amolecimento Ponto de Fulgor RTFOT Dutilidade RTFOT Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME 2 2 2 2 2 2 2 TAB. 3.12 Quantitativos dos ensaios realizados com corpos-de-prova do Trecho Experimental e respectivos locais de ensaio. Descrição Marshall Teor de Projeto Estabilidade Marshall RT Comp. Diametral 4,5% 3 1 2 5,5% 3 1 2 6,5% 3 1 2 69 TP = 4,55% 3 1 2 Local de Realização do Ensaio Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME Lab. Ligantes – IME 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A seguir serão apresentados resultados dos ensaios conduzidos com os materiais coletados. Primeiramente são apresentados os resultados de caracterização da escória de ferroníquel englobando os ensaios de MEV (Microscópio Eletrônico por Varredura) com EDS (Eletron Diffraction Spectroscopy), difração de Raio-X, Microscopia Óptica. Através destes ensaios foi possível determinar a composição química e formato dos grãos, composição mineralógica da amostra e analisar a porosidade da superfície dos grãos. Comenta-se a influência destas características quanto ao emprego da escória de ferroníquel de redução como um material em substituição ao agregado miúdo em pavimentação. Na sequência, serão apresentados os ensaios tradicionais físicos e mecanísticos realizados com a escória de ferroníquel de redução em misturas asfálticas e mistura com solo. 4.1 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL A caracterização de um agregado é relevante principalmente quando trata-se de um material alternativo. Sua composição química vai determinar o comportamento e reação deste material em contato com outro agregado e com agentes agressivos externos presentes no meio ambiente. Em especial, a água em alguns casos, ocorrem reações químicas que provocam a degradação mais rápida seja de um concreto, pavimentos ou qualquer outra estrutura de obra civil. 4.1.1 POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA A seguir são mostrados a caracterização química da escória de ferroníquel de redução por espectograma realizados no Laboratório de Ciência dos Materiais do IME, sendo os detalhes da preparação das amostras utilizadas neste ensaio, descritos no Capítulo 3. A Figura 4.1 ilustra a imagem capturada pelo MEV da fração fina da escória “em pó” (Amostra 1) com o aumento de 180 vezes, de forma que é possível observar a 70 hetereogeniedade dos finos da amostra pelo diferente contraste na coloração das partículas, observação que pode ser confirmada pela análise de sua composição química realizada neste mesmo ensaio. Grau de magnificação 180 vezes FIG. 4.1 Micrografia (MEV) da fração fina da escória "em pó" - Amostra 1 A Figura 4.2 ilustra o espectro de EDS da amostra 1 de escória ferroníquel de redução. FIG. 4.2 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 O espectro do EDS revela os dados qualitativos da composição química da escória de ferroníquel encontrada na amostra 1. 71 A presença de O (Oxigênio) puro não se confirma no relatório quantitativo (ver Figura 4.3), pois o mesmo é encontrado em forma de óxido reagindo juntamente com o Mg, Si, Fe, formando o MgO, SiO e FeO, sendo a amostra 1 composta basicamente por esses elementos. Os demais elementos químicos MnO, CaO e Al2O3 aparecem na forma de traços, ou seja, em pequenas quantidades. A baixa proporção do óxido de cálcio (CaO) da amostra, ao contrário do observado nas escórias de aciaria, pode ser o fator responsável pela baixa expansão deste tipo de escória. Nas escórias de aciaria, é a transformação do óxido de cálcio em hidróxido, a partir da disponibilidade do oxigênio na água, ou no ar, que é a responsável pela expansão do material. FIG. 4.3 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 1 A Figura 4.4 ilustra a imagem capturada pelo MEV de um grão da escória de ferroníquel da Amostra 2, com o aumento de 50 vezes o seu tamanho original. Pode ser observado o formato do grão desta amostra. 72 Grau de magnificação 50 vezes FIG. 4.4 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 Em uma imagem mais ampliada, a Figura 4.5 com o aumento de 220 vezes da amostra 2, é possível observar com melhor nitidez a interação que estava ocorrendo entre os óxidos na amostra no momento em que esta sofreu o processo de solidificação. Grau de Magnificação 220 vezes FIG. 4.5 Micrografia (MEV) do grão da escória - Amostra 2 A Figura 4.6 ilustra o espectro de EDS contendo os dados qualitativos da composição química da escória de ferroníquel da amostra 2. 73 FIG. 4.6 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 Assim como a amostra 1, sendo sua composição basicamente formada por SiO2, MgO e FeO (ver Figura 4.7). Os outros elementos como Al2O3 e CrO são encontrados na forma de traços. FIG. 4.7 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel - Amostra 2 E por fim, na amostra 3 última amostra selecionada para este ensaio, foi perceptível a olho nu, a visualização de uma superfície mais lisa e a forma esférica, conforme pode ser observada na imagem capturada pelo MEV da Figura 4.8 com o aumento de 50 vezes. Esta verificação também foi constatada pelo ensaio de microscopia óptica e no ensaio do AIMS. 74 MOURA (2000) e YORIO (2008) fizeram a mesma observação com a escória de cobre através do ensaio MEV. Grau de magnificação 50 vezes FIG. 4.8 Micrografia (MEV) do grão "esférico" da escória - Amostra 3 O espectro de EDS na Figura 4.9, ilustra-se os dados qualitativos dos elementos presentes na amostra 3. FIG. 4.9 Espectro de EDS da escória de ferroníquel - Amostra 3 75 A Figura 4.10 ilustra o relatório quantitativo gerado pelo EDS, evidenciando mais uma vez, a composição química da escória de ferroníquel de redução era composta por SiO2, MgO, Al2O3, (FeO na forma de traço). Os demais elementos são encontrados na forma de traços NaO, CaO, Cr2O3 e NiO. FIG. 4.10 Relatório quantitativo do EDS da escória de ferroníquel – Amostra 3 Uma justificativa para a ausência do níquel ou sua fração mínima encontrada nas amostras de escória de ferroníquel, é a eficiência do processo produtivo da empresa que tem como objetivo extrair o máximo do níquel que se obtém do minério e eliminar na escória somente constituintes que não interessam ao processo de produção da liga ferroníquel. 4.1.2 ANÁLISE POR DIFRAÇÃO DE RAIO-X O difratograma de raio-X obtido para a amostra de escória de ferroníquel revela uma grande incidência de picos, indicando que a estrutura da escória é predominantemente cristalina. O difratograma mostra a presença do mineral Laihunita [Fe2+Fe3+2(SiO4)2]. A Figura 4.11 apresenta os registros difratométricos obtidos para a escória de ferroníquel. 76 FIG. 4.11 Difratograma da amostra de escória de ferroníquel. BRANCO (2008) define a Laihunita como silicato de ferro – Fe3(SiO4)2, que ocorre em cristais monoclínicos, tubulares ou prismáticos, 0,3 mm a 0,6 mm. É preto, opaco, com risco marrom-claro, branco metálico a submetálico, fraca a moderadamente magnético. Tem clivagens (100) a (010) perfeitas e (001) boa. Descoberto em depósitos de ferro metamórficos em Lai-He (daí seu nome), na China. De acordo com KITAMURA et al., (1984), Laihunita é um mineral tipo olivina distorcida. Os autores estudaram a Laihunita através de difração de Raio-X, microanálise de sonda-eletron e microscopia eletrônica analítica. Concluíram que a Laihunita é na verdade a mistura de Laihunita e Magnetita, que são obtidas pela oxidação da Faialita. A Faialita é um mineral do Grupo das Olivinas e foi nomeado por Gmelin em 1840 por causa do tipo da localidade, Ilha do Faial (Ilha do Faial), Açores Distrito (Açores), Portugal. É muito raro na natureza, mas comum na área da metalurgia em escórias de ferro (MINDAT, 2013). Na Tabela 4.1 são mostradas algumas características da Faialita. 77 TAB. 4.1 Características da Faialita. Propriedade Física da Faialita Vítreo, Gorduroso Amarelo Esverdeado, Amarelo ou Cor: Marrom Listra: Incolor Dureza (Mohs): 7 Cristalografia da Faialita Sistema de Cristal: Ortorrômbica Propriedades Químicas de Faialita 2+ Fórmula: Fe SiO 2 4 Elementos Essenciais: Fe, O, Si Impurezas Comuns: Mn Brilho Fonte: (MINDAT, 2013) Segundo LIMA (2004) a dureza de um mineral é definida como sendo a resistência que ele apresenta ao ser riscado. Quanto mais forte for a ligação entre os átomos, mais duros são os minerais, mesmo tendo a composição química idêntica. O mineralogista alemão Frederich Mohs selecionou 10 minerais comuns para serem o padrão de referência numa escala de dureza relativa. Como padrão de referência, a Tabela 4.2 descreve os valores relativos da escala Mohs para alguns minerais. TAB. 4.2 Valores relativos da escala de Mohs. Minerais Talco Gipso Calcita Fluorita Apatita Ortoclásio Quartzo Topázio Corindon Diamante Mohs 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Fonte: (LIMA, 2004) Conforme pode ser observado na TAB. 4.2, a dureza do mineral Faialita, é comparada à dureza de um mineral Quartzo muito encontrado na fração da areia. A Figura 4.12 ilustra o mineral Faialita. 78 FIG. 4.12 Agregado granular de Faialita. Fonte: (FOTOMINER, 2013) A identificação de um material do grupo das olivinas é especialmente importante porque a olivina é um dos primeiros minerais a se alterar frente ao intemperismo, segundo a escala de Gold Wish, GUIMARÃES (2013). 4.1.3 POR MICROSCOPIA ÓPTICA A Figura 4.13 ilustra a amostra de escória de ferroníquel submetida ao ensaio de microscopia óptica para análise da sua superfície e estrutura. É perceptível que o grão da escória de ferroníquel possui alguns grãos com a superfície lisa, algumas rugosas. Não foram observados poros nem fissuras e a forma dos grãos variando entre esférica e irregular. A superfície lisa explica o resultado do ensaio de adesividade não satisfatório utilizando somente o CAP 50 / 70 sem a adição de agente melhorador de adesividade (Dope), isso faz com que a interação entre o ligante e agregado não ocorra causando o escorrimento do ligante no agregado e a desagregação na mistura asfáltica. MARQUES (2001) denominou este tipo de agregado como hidrofílicos, pois possui uma maior afinidade com a água que com o cimento asfáltico. Por outro lado, obteve-se um resultado satisfatório no ensaio de adesividade, utilizando o CAP 50/70 modificado por agente melhorador de adesividade (Dope), cujo resultado será apresentado ainda neste capítulo a partir da Tabela 4.8. 79 FIG. 4.13 Amostras de escória de ferroníquel submetidas ao ensaio de Microscopia Óptica com aumento de 40 vezes. Outra análise que pode ser feita neste ensaio é que não foi possível encontrar a presença de poros nos agregados da amostra, fato que implica que a mistura asfáltica não absorverá ligante, além da cobertura superficial que deve ter o agregado em uma mistura. Observa-se na Figura 4.13 a semelhança da cor e o brilho vítreo também presentes no mineral Faialita mostrado na Figura 4.12. 4.1.4 POR AIMS Os resultados relativos à forma e à angularidade para os agregados miúdos, à angularidade, à esfericidade e à textura para os agregados graúdos, estão representados nas Figuras 4.14 a 4.17 e nas Tabelas 4.3 a 4.6, respectivamente. 80 4.1.4.1 FORMA As análises de forma dos agregados são realizadas em 3D com medidas de raios curtos (rC), intermediários (rI) e longos (rL). A partir de projeções da partícula obtidas através de imagens capturadas pela câmera e o microscópio, dois dos raios das particulas podem ser obtidos. A terceira dimensão é obtida utilizando-se a função auto foco do equipamento. A distância entre a mesa e a câmera é determinada e tomada como referência, na sequência o microscópio movimenta-se e foca na superfície da partícula. A diferença entre as duas distâncias é tomada como a terceira dimensão da particula. Esta análise permite diferenciar entre partículas alongadas ou lamelares e partículas alongadas e lamelares. Dois parâmetros são calculados: esfericidade (Equação 1) e índice de forma (Equação 2). Valores de esfericidade iguais a um (1.0) indicam que a partícula possui todas as dimensões iguais (esfera perfeita). Valores de índice de forma igual a 0 (zero) também representam um círculo perfeito. (CASTELO BRANCO et al., 2006). Esfericidade = (EQ.1) Indice de Forma = (EQ.2) Onde: Ɵ = ângulo direcional; ∆Ɵ = é a diferença de incremento do ângulo; R = raio em diferentes direções. Com relação ao índice de forma os agregados são classificados em: (i) (ii) (iii) (iv) circular (< 6.5) semi-circular (entre 6.5 e 8.0) semi-alongado (entre 8.0 e 10.5) alongado (> 10.5) 81 FIG. 4.14 Distribuição cumulativa de partículas de agregados miúdos da escória de ferroníquel quanto ao índice de forma. TAB. 4.3 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto ao índice de forma. Agregado 1,18 mm (#16) Escória 0,60 mm (#30) Escória 0,30 mm (#50) Escória Dimensão 1,18 0,6 0,3 Média 8,11 9,04 9,87 Desvio padrão 2,10 2,81 3,25 Quanto à forma, os agregados miúdos possuem classificação semi-alongadas com índice de forma entre 8,0 e 10,5. 4.1.4.2 ANGULARIDADE Angularidade pode ser definida como uma medida do quão pontiagudas são as “quinas” das partículas. A angularidade é obtida através do método do gradiente. Este método baseia-se no fato de que a velocidade em que a direção do vetor gradiente é mudada depende da angularidade das partículas. Em partículas pontiagudas, o vetor muda rapidamente de direção, em partículas arredondadas esta mudança se dar de forma mais lenta. Partículas angulares apresentaram altos valores de índice de angularidade. O índice de angularidade é obtido através da Equação 3 (CHANDAN et al., 2004 apud CASTELO BRANCO et al., 2006). 82 (EQ.3) Onde: i = é um ponto na borda da partícula; N = é o número total de pontos na borda da partícula; Ɵ = é o ângulo de orientação para os pontos de borda. Quanto à angularidade os agregados são classificados com relação ao índice de angularidade em: (i) (ii) (iii) (iv) angular (> 5.400) sub-angular (entre 4.000 e 5.400) sub-arredondado (entre 2.100 e 4.000) arredondado (< 2.100) A distribuição dos agregados miúdos quanto à angularidade e seus respectivos parâmetros estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos na Figura 4.15 e Tabela 4.4. FIG. 4.15 Angularidade para agregado graúdo e miúdo de escória ferroníquel. 83 TAB. 4.4 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à angularidade. Agregado 4,75 mm (#4) Escória 1,18 mm (#16) Escória 0,60 mm (#30) Escória 0,30 mm (#50) Escória Dimensão 4,75 1,18 0,6 0,3 Média 3378,4 4111,4 3804,5 3743,9 Desvio padrão 808,5 1368,6 1162,2 1207,2 Os agregados de escória da faixa granulométrica de 4,75 mm possui classificação da angularidade sub-arrendondada (entre 2.100 e 4.000), enquanto os agregados de escória com faixas granulométricas de 1,18 mm, 0,60 mm e 0,30 mm possuem classificação de angularidade sub-angulares (entre 4.000 e 5.400). Vale ressaltar que se analisasse a angularidade dos agregados acima apenas pela média aritmética dos valores, encontraria-se uma classificação diferente para as escórias de faixa granulométrica de 0,6 mm e 0,30 mm. A análise para a classificação é feita pela distribuição granulométrica representada no gráfico. 4.1.4.3 ESFERICIDADE A equação para se calcular o índice de esferidade é mostrada na Equação 1. A distribuição dos agregados miúdos quanto à esfericidade e seus respectivos parâmetros estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos na Figura 4.16 e Tabela 4.5. Com relação à esfericidade os agregados são classificados em: (i) (ii) (iii) (iv) alta esfericidade (> 0,8) moderada esfericidade (entre 0,7 e 0,8) baixa esfericidade (entre 0,6 e 0,7) lamelar/alongado (< 0,6) 84 FIG. 4.16 Distribuição acumulativa de partículas do agregado miúdos quanto à esfericidade. TAB. 4.5 Parâmetros estatísticos dos agregados miúdos quanto à esfericidade. Agregado 4,75 mm (#4) Escória Dimensão 4,75 Média 0,51 Desvio padrão 0,11 Quanto à esfericidade, o agregado de escória é classificados como lamelares/alongadas (esfericidade < 0,6). 4.1.4.4 TEXTURA Textura é definida como variações locais de intensidade de nível de pixels para uma determinada imagem. As análises de textura são realizadas usando o método de Wavelets. O índice de textura para cada agregado é obtido para um determinado nível de decomposição. A média aritmética do quadrado dos coeficientes de Wavelet é calculada (Equação 4) (ALROUSAN et al., 2005 apud CASTELO BRANCO et al., 2006). Indice de Texturan = (EQ.4) 85 Onde: n = é o nível em que a imagem foi decomposta; N = é o número de coeficientes na imagem detalhada de textura; i = representa as três direções de textura; j = é o índice de coeficiente Wavelet. A distribuição de partículas dos miúdos quanto à textura e seus respectivos parâmetros estatísticos (média e desvio padrão) estão dispostos nas Figura 4.17 e Tabela 4.6. Por último, com relação à textura são classificados com relação ao índice de textura em: (i) (ii) (iii) (iv) (v) alta rugosidade (> 460) moderada rugosidade (entre 350 e 460) baixa rugosidade (entre 275 e 350) liso (entre 165 e 275) polido (< 165) FIG. 4.17 Textura para agregados graúdos. TAB. 4.6 Parâmetros estatísticos dos agregados graúdos quanto a textura. Agregado 4,75 mm (#4) Escória Dimensão 4,75 Média 238,6 Desvio padrão 91,6 Quanto à textura, o agregado de escória com faixa granulométrica de 4,75 mm foi classificado como agregado de textura lisa (entre 150 e 275). A seguir as Figuras 4.18 a 4.20 86 ilustram as imagens do agregado escória de ferroníquel capturadas pelo ensaio realizado no equipamento AIMS. FIG. 4.18 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. Angularidade da escória #50. FIG. 4.19 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. Angularidade da escória #30. FIG. 4.20 Imagem do agregado escória de ferroníquel gerada pelo AIMS. Angularidade da escória #16. 87 4.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS MATERIAIS UTILIZADOS Na sequência serão apresentados resultados de caracterização física dos materiais utilizados. 4.2.1 DOS AGREGADOS Nas Tabelas 4.7 a 4.8 são apresentadas as características da escória de ferroníquel de redução. A Figura 4.21 ilustra o ensaio de granulometria da escória sendo executado. TAB. 4.7 Ensaio de granulometria da escória de ferroníquel. Peneira # (pol.) 1 1/2" 3/8" n.º 4 n.º 10 n.º 40 n.º 80 n.º 200 (mm) 38 9,5 4,8 2 0,42 0,18 0,075 % Passante Escória Ferroníquel 100,00 100,00 100,00 80,00 8,00 3,00 1,00 FIG. 4.21 Execução do ensaio de granulometria com a escória de ferroníquel. Observa-se que a escória de ferroníquel teve 80% do material passante na peneira n°10. Após o peneiramento do material na peneira n°40, 72% foram retidos, indicando segundo a distribuição granulométrica (ver Figura 4.22) ser um agregado do tipo areia média à grossa, com pouca porcentagem de pedregulhos e material fino. 88 A dimensão do grão da escória de ferroníquel torna-se favorável com relação à expansibilidade. Segundo as recomendações propostas por (MONTGOMERY & WANG, 1991; MACHADO, 2000; PENA, 2004; RAPOSO, 2005 apud SILVA, 2010) uma das possíveis alternativas para minimizar o problema de expansão do MgO, é a redução da dimensão dos grãos para se obter o menor tamanho possível, o que facilitaria a dissolução e a reação completa desse óxido. FIG. 4.22 Distribuição granulométrica da escória de ferroníquel. Os valores de densidade da escória de ferroníquel mostrados na Tabela 4.8 são um pouco elevados quando comparados com os agregados convencionais geralmente utilizados. Este fato se deve principalmente pela presença do ferro que é encontrada em sua composição química, assim como BALBO (2007) e SILVA (2010) também atribuíram o elevado valor da densidade da escória devido à composição do ferro no agregado. Por outro lado, observa-se que a absorção do agregado foi baixa (igual a 0,1%), fator positivo que favorece a mistura asfáltica com praticamente nenhuma absorção de ligante, devido a ausência de poros na escória de ferroníquel como foi observado também pelo ensaio de microscopia óptica. 89 TAB. 4.8 Relação das densidades da amostra de escória ferroníquel. Material Densidade Real Densidade Aparente Absorção Escória 3,03 2,99 0,1% Adesividade CAP 30/45 CAP 50/70 com Dope 50/70 TLA Não Satisfatória Satisfatória O ensaio de avaliação da adesividade – DNER-ME 079/94 (ver Figura 4.23 e Tabela 4.8) dos ligantes CAP 30/45, 50/70, asfalto modificado por TLA na escória de ferroníquel resultou em não satisfatório. Este fato pode acontecer nos ensaios de adesividade com os próprios agregados convencionais, o que não restringe o uso desta escória. Por outro lado, o resultado satisfatório do ensaio de adesividade com o CAP 50/70 + Dope já era previsto, devido este aditivo ser um melhorador de adesividade em ligantes asfálticos. Em seu estudo, MARQUES (2001) relatou que mesmo apesar da ligação do cimento asfáltico não ser boa em relação a determinados tipos de agregados, esta ligação pode ser melhorada através da adição de determinadas substâncias tais como cal, pó calcário ou os agentes melhoradores de adesividade, também chamados “dopes”. FIG. 4.23 Avaliação dos ligantes. (a) Ligante sendo ensaiado. (b) CAP 30/45 (c) CAP 50/70 e asfalto modificado por TLA. (d) CAP 50/70 + Dope. 90 Quanto ao ensaio de Abrasão Los Angeles, a escória de ferroníquel não se enquadra nas especificações para a realização do ensaio visto que é um agregado miúdo. Além disso, MARQUES (2001) ressalta que este ensaio não é satisfatório para uso em escórias, cinzas vulcânicas ou outros agregados leves. A experiência mostra que muitos destes agregados produzem excelente desempenho mesmo com valor de abrasão Los Angeles alto. Conforme já mencionado, além da escória de ferroníquel de redução, também foram utilizados outros agregados na elaboração dos vários traços realizados neste trabalho. O pó / pedrisco e a brita 1 são comumente utilizados em misturas asfálticas e também foram utilizados nesta pesquisa para a elaboração das misturas asfálticas pesquisadas contendo a escória de ferroníquel. Nas Tabelas 4.9 a 4.12, são apresentados os resultados da caracterização física destes agregados são mostrados. TAB. 4.9 Ensaio de granulometria da brita 1. Peneira # (pol.) 3/4" 1/2" 3/8" n.º 4 n.º 10 n.º 40 % Passante Brita 1 100,00 50,00 19,00 3,00 2,00 1,00 (mm) 19 12,7 9,5 4,8 2 0,42 TAB. 4.10 Resultados de ensaio de caracterização da brita 1. Material Densidade Real Densidade Aparente Absorção Adesividade Abrasão Los Angeles Durabilidade Impacto Tréton Brita 1 / Gnaisse 2,73 2,67 1,5% Satisfatória 23,6 % 2,80% 17% Na Tabela 4.10 pode ser feita uma comparação entre a brita 1 e a escória de ferroníquel (ver Tabela 4.8). Observa-se um ponto positivo no ensaio de absorção da escória de ferroníquel que possui uma menor absorção quando comparada à da brita 1 – gnaisse (agregado convencional). A perda de massa do material pelo ensaio de Abrasão Los Angeles foi igual a 23,6%. Tal qual o resultado do ensaio de perda ao choque no aparelho Tréton igual a 17%, que foi menor que 60% conforme limite estabelecido pela norma DNER-ME 399/99. Para os agregados miúdos (dimensões maiores que 0,075 mm e menores que 2,0 mm) como é o caso do pedrisco, não foram realizados os ensaios de absorção e impacto Tréton. Os 91 resultados do ensaio de granulometria e densidade do pedrisco são mostrados nas Tabelas 4.11 e 4.12, respectivamente. TAB. 4.11 Ensaio de granulometria do pedrisco. Peneira # (pol.) n.º 4 n.º 10 n.º 40 n.º 80 n.º 200 % Passante Pedrisco 100 75 39 20 6 (mm) 4,8 2 0,42 0,18 0,075 92 TAB. 4.12 Relação das densidades do pedrisco. Material Densidade Real Densidade Aparente Absorção Adesividade Impacto Tréton Pedrisco 2,86 2,79 - Satisfatória - 4.2.2 DOS LIGANTES A caracterização do ligante asfáltico utilizado nos traços deste trabalho é apresentada a seguir, sendo possível concluir de acordo com a Tabela 4.13 que trata-se de um CAP 50/70, pois apresentou baixa suscetibilidade ao envelhecimento de curto prazo, comprovada pela baixa variação do seu ponto de amolecimento. TAB. 4.13 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 REDUC. Ensaio – CAP 50/70 Penetração (100g, 5s, 25ºC, 0,1mm) Ponto de Amolecimento, min. Viscosidade Brookfiel a 135ºC, SP 21, 20rpm, mín Viscosidade Brookfiel a 150ºC, SP 21, mín. Viscosidade Brookfiel a 177ºC, SP 21 Ponto de fulgor, mín. Dutilidade a 25ºC, mín Efeito do calor e do ar (RTFOT) a 163ºC, 85 min Aumento do ponto de amolecimento, máx. Penetração retida, mín. Densidade Relativa 4.3 Unidades 0,1mm ºC ºC Cm Limites 50 a 70 46 274 112 57 a 285 235 60 Resultados 57 51,4 375 183 68 315 >100 ºC % 8 60 57,9 61,5 1,02 Cp MISTURAS ASFÁLTICAS COM ESCÓRIA DE FERRONÍQUEL 4.3.1 TRAÇO 1 – AREIA ASFALTO USINADO A QUENTE (A.A.U.Q.) A escória de ferroníquel, de acordo com sua granulometria, se mostrou um material granular, predominando o tipo areia média a grossa, podendo destacar seu uso com maiores proporções em mistura do tipo areia asfalto. Segundo ALDIGUERI & BERNUCCI (2002), a mistura do tipo areia asfalto é frequentemente utilizada nas regiões norte e nordeste do Brasil e pode apresentar um desempenho similar ao das misturas do tipo concreto asfáltico, quando usada uma boa 93 graduação na mistura. Afirmaram que essa mistura é uma boa opção de revestimentos para pavimentos flexíveis. Em geral, as misturas do tipo areia asfalto a quente são consideradas inferiores em desempenho às misturas convencionais do tipo concreto asfáltico. Elas apresentam baixos valores de resistência à tração e baixa resistência à deformação permanente. Nos estudos de BISSADA (1987); LOMONACO & BERNUCCI (1999) apud ALDIGUERI & BERNUCCI (2002) foram feitas várias tentativas para melhorar o desempenho deste tipo de mistura, por meio da adição de enxofre ao ligante asfáltico, do uso da técnica do asfalto espuma, e uso de ligantes modificados por asfaltita. Neste trabalho, foram elaborados dois traços de mistura asfáltica tipo A.A.U.Q., utilizando o método Marshall e o ligante tipo CAP 50 / 70 REDUC, com densidade 1,01 e sendo obtido um teor ótimo de 6% - com 100% de escória e 6,7% - com 60% de escória, respectivamente. O resumo do traço é apresentado na Tabela 4.14. A Figura 4.24 ilustra a compactação dos corpos-de-prova realizados pelo método Marshall e os corpos-de-prova da mistura tipo A.A.U.Q. 94 FIG. 4.24 Compactação da Marshall da mistura tipo A.A.U.Q. (a) agregado escória de ferroníquel sendo retirado da estufa. (b) Temperatura da escória de ferroníquel sendo verificada para ser misturada ao ligante. (c) e (d) CAP 50 / 70 sendo misturado à escória de ferroníquel (e) compactação do corpo-de-prova. (f) corpos-de-prova Marshall com variados teores de ligante. TAB. 4.14 Composição do traço 1 de A.A.U.Q. Material Escória ferroníquel CAP (Teor Ótimo) Porcentagem (%) 100 6 Na tentativa do enquadramento do agregado escória de ferroníquel da redução na faixa A da norma areia asfalto do DNIT 032/2004 com utilização de 100% do agregado de escória na mistura, obteve-se a curva granulométrica mostrada na Figura 4.25. 95 FIG. 4.25 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de A.A.U.Q. – Traço 1 Mesmo não tendo sido obtida uma curva granulométrica satisfatória para o enquadramento na faixa A da norma do DNIT de areia asfalto, e por tratar de um agregado ainda pouco estudado em misturas asfálticas, optou-se pela confecção do traço com a utilização de 100% do agregado na expectativa de conhecer o comportamento deste material nos ensaios realizados com a mistura asfáltica, trata-se, portanto de um traço piloto. A volumetria obtida para esse traço é apresentada na Tabela 4.15, na qual pode ser observado que os valores de porcentagem de Volume de Vazios e Relação Betume Vazio apresentaram dentro dos limites da norma de A.A.U.Q. Porém, o valor de estabilidade foi igual a zero, o que está em desacordo com o valor mínimo recomendado por norma (30kN). Todavia, com esse resultado de estabilidade, não seria possível dar sequência ao traço, pois o ensaio de estabilidade Marshall é um critério relevante para a mistura e revela a capacidade de um corpo-de-prova suportar uma carga máxima antes da ruptura. TAB. 4.15 Volumetria do traço elaborado com teor de 6% de ligante – Traço 1. Item Densidade Aparente Volume de Vazios (%) Volume do Agregado Mineral – VAM (%) Relação Betume Vazio – RBV (%) Densidade Máxima Teórica (DMT) Estabilidade 96 Valores 2,28 6,61 19,3 67,25 2,42 0 Limites 3–8 65 – 82 30kN Para esse tipo de mistura (A.A.U.Q.) a temperatura de compactação Marshall do corpode-prova somente foi possível a 80 C, pois o corpo de prova não tinha coesão e se desmanchava. Provavelmente, a estabilidade igual a zero encontrada para essa mistura se deve à baixa temperatura de compactação dos corpos de prova. MOURA (2000) também verificou a possibilidade de aplicação da escória de cobre em misturas do tipo areia asfalto e conclui que, embora a escória apresentasse uma ótima adesividade, não foi possível realizar ensaios Marshall nas misturas, uma vez que os corposde-prova desagregaram a 60ºC. A Figura 4.26 ilustra um dos corpos-de-prova sendo submetido ao ensaio de estabilidade Marshall e o corpo-de-prova totalmente desintegrado após a execução do ensaio. FIG. 4.26 Ensaio de estabilidade Marshall com corpo-de-prova da mistura do tipo A.A.U.Q. 4.3.2 TRAÇO 2 – AREIA ASFALTO USINADO A QUENTE (A.A.U.Q.) Para o segundo traço da mistura tipo (A.A.U.Q.), foi elaborado um traço utilizando o método Marshall e o ligante tipo CAP 50/70 REDUC, com densidade 1,01 e teor ótimo de projeto com porcentagem de ligante igual a 6,7%. O resumo do traço é apresentado na Tabela 4.16. A areia utilizada neste traço é proveniente do Lote 6 – BR 101 / PE. TAB. 4.16 Composição do traço 2 de A.A.U.Q. Material Escória ferroníquel Areia Cimento CAP (Teor Ótimo) Porcentagem (%) 60 37 3 6,7 97 Na Figura 4.27 ilustra o enquadramento granulométrico do traço 2 elaborado da mistura asfáltica na faixa A da norma de areia asfalto do DNIT. Sendo possível observar o enquandramento da curva do agregado dentro dos limites inferior e superior estabelecidos pela norma de A.A.U.Q - DNIT 032/2004. FIG. 4.27 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa A de A.A.U.Q. – Traço 2. A volumetria obtida do traço 2 é apresentada na Tabela 4.17, na qual pode ser observado que assim como os valores de porcentagem de Volume de Vazios e Relação Betume Vazio do traço 1, o traço 2 também apresentou estes valores dentro dos limites da norma de A.A.U.Q. Observou-se que o valor de Volume de Vazios em comparação ao traço 1 diminuiu. Isto se deve à adição da areia e do cimento no traço 2 que integram a mistura como o fino que faltou na mistura asfáltica do traço 1. A areia e o cimento preencheram os vazios da mistura asfáltica, sem alterarem o valor dentro dos limites da norma. O valor de estabilidade para o traço 2 assim como o traço 1, foi igual a zero. Embora com adição de outros agregados no traço 2, não foi possível compactar os corpos-de-prova com temperatura acima de 80C. Assim, obteve-se o mesmo resultado nulo de estabilidade do traço 1. A máxima densidade teórica da mistura quanto à densidade aparente, para o corpo-deprova moldado no teor ótimo de ligante, apresentarm valores relativamente baixos, podendo ser considerado um resultado normal. 98 TAB. 4.17 Volumetria do traço elaborado com teor de 6,7% de ligante – Traço 2. Item Densidade Aparente Volume de Vazios (%) Volume do Agregado Mineral – VAM (%) Relação Betume Vazio – RBV (%) Máxima Densidade Teórica Estabilidade Valores 2,30 6,85 20,68 75,97 2,41 0 Limites 3–8 65 – 82 30kN No traço 2 diminuiu-se a quantidade de escória de ferroníquel na mistura de 100% para 60%, por conta do acréscimo de outros agregados (areia e cimento). Mesmo, com esta substituição, o traço 2 ainda não atendeu às expectativas de desempenho mecânico da mistura. Embora o ensaio de estabilidade Marshall possa ser considerado como ultrapassado, ainda integra as normas técnicas do DNIT, e por este motivo, deve ser considerado em estudos sobre misturas asfálticas. Entretanto a questão principal observada na mistura analisada foi o fato dos corpos-deprova praticamente terem se desintegrado durante o banho-maria de 60°C. Este fato é um forte indicativo de suscetibilidade à deformação permanente. 4.3.3 TRAÇO 3 – CONCRETO ASFÁLTICO USINADO A QUENTE (C.A.U.Q.) Antes de se optar pela mudança do tipo de mistura asfáltica, foi investigado na região onde será feito o emprego da escória de ferroníquel em pavimentação, a disponibilidade de pedreiras contendo agregados convencionais, para que o próximo traço elaborado pudesse ser viável economicamente e compatível com o objetivo do projeto. Assim, foi elaborado traço 3 de mistura asfáltica tipo concreto asfáltico, utilizando-se o método Marshall e o ligante tipo CAP 50/70 REDUC, com densidade 1,01 de modo a ser enquadrada na norma DNIT 031/2006 - ES. O resumo do traço é apresentado na Tabela 4.18. TAB. 4.18 Composição do traço 3 de C.A.U.Q. Material Escória ferroníquel Brita 1 Pedrisco Cimento CAP (teor ótimo) Porcentagem (%) 60 30 7 3 5,3 99 A seguir na Figura 4.28 é apresentado o enquadramento granulométrico do traço 3 elaborado da mistura asfáltica na faixa C da norma de C.A.U.Q. do DNIT 031/2004 - ES. Verifica-se um desenquadramento na peneira n°40, porém foram mantidas essa porcentagem sendo o melhor enquadramento obtido para esta mistura tipo C.A.U.Q. FIG. 4.28 Curva granulométrica do agregado de escória de ferroníquel na faixa C de C.A.U.Q. – Traço 3 A volumetria obtida para o traço 3 é apresentada na Tabela 4.19, na qual podem ser observados para os corpos-de-prova desta mistura, valores satisfatórios e compatíveis com aqueles obtidos utilizando agregado convencional. A temperatura de compactação desta mistura foi igual a 160°C, valor este permitido pela norma de C.A.U.Q. Os resultados de volumetria obtidos para este traço de C.A.U.Q. são favoráveis para este tipo de mistura, pois se encontram dentro dos parâmetros preconizados pela norma DNIT 031/2006. 100 TAB. 4.19 Volumetria do traço elaborado com teores de 5,3% - Traço 3. Item Teores de Ligantes Densidade Aparente Volume de Vazios (%) Volume do Agregado Mineral – VAM (%) Relação Betume Vazio – RBV (%) Máxima Densidade Teórica Estabilidade mínima (kgf) 75 golpes Resistência à tração por Compressão diametral estática MPa Valores 5,3% 2,41 4,37 16,89 74,15 2,52 999,80 Limites 3–5 75 – 82 500 1,44 0,65 A Relação Betume Vazio não atingiu o valor mínimo preconizado pela norma, porém o valor foi muito próximo ao permitido, então optou-se por manter a mistura, mesmo não obtendo o valor satisfatório neste item. No traço 4, específico para a execução do trecho experimental, a Relação Betume Vazio se enquandrou nos limites preconizados pela norma de C.A.U.Q. 4.3.4 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO MECÂNICA - TRAÇOS 1, 2 E 3 Pesquisou-se o dano por umidade induzida através do método especificado da norma AASTHO T-283 / 99, sendo moldados seis corpos-de-prova para cada um dos traços 1, 2 e 3 com volumes de vazios de 6,85%; 6,61% e 4,37%, respectivamente, dos quais três corpos-deprova de cada traço foram imersos em água e submetidos à pressão de sucção para retiradas dos vazios de ar, de modo a se garantir uma total saturação do corpo-de-prova conforme ilustra a Figura 4.29. 101 FIG. 4.29 Passos para condicionamento do corpo-de-prova no ensaio de perda por umidade induzida. (a) aplicação da pressão para saturação dos vazios com água. (b) congelamento (-19°C). (c) e (d) ensaio de resistência à tração. Em seguida daí, os corpos-de-prova saturados foram levados para o freezer à temperatura de -19C, durante um período de doze horas, sendo posteriormente submetidos ao ensaio de resistência à tração estática, cujos resultados são apresentados na Tabela 4.20. TAB. 4.20 Resultados dos ensaios de dano por umidade induzida e não induzida com os traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel. Dano por Umidade Induzida e Não Induzida RTi (MPa) (não induzida) RTf (MPa) (induzida) RTf/RTi (*100) ≥ 70% Traço 1 A.A.U.Q. 0,23 Traço 2 A.A.U.Q. 0,28 Traço 3 C.A.U.Q. 0,88 0,21 91,3 0,21 75,0 0,73 82,9 Conforme pode ser observado na Tabela 4.20, todos os traços satisfizeram o critério da relação RTf/RTi ≥ 70%, em outras palavras, a ação da água não se mostrou danosa para os traços estudados. Pesquisou-se o desempenho mecânico da mistura asfáltica dos traços 1, 2 e 3, onde 3 102 (três) corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de resistência à tração estática e 3 (três) corpos-de-prova ao ensaio de módulo resiliente (MR) por compressão diametral, cujos resultados são apresentados na Tabela 4.21. TAB. 4.21 Resultados dos ensaios de MR e RT nas misturas asfálticas dos traços 1, 2 e 3 com escória de ferroníquel. Traços Traço 1 (A.A.U.Q.) MR (MPa) 1.033 RT (MPa) 0,23 MR/RT 4.491 Traço 2 (A.A.U.Q.) Traço 3 (C.A.U.Q.) 1.647 2.732 0,21 1,44 7.842 1.897 Os valores de módulo resiliente dos traços 1, 2 e 3 elaborados de misturas asfálticas, podem ser melhor visualizados na Figura 4.30. FIG. 4.30 Valores de Módulo Resiliente dos Traços 1, 2 e 3 das misturas asfálticas com escória de ferroníquel. A análise dos resultados indicou valor de módulo resiliente médio de 1.033 MPa e resistência à tração (RT) média de 0,23 MPa para o traço 1, enquanto para o traço 2 estes valores passaram para 1.647 MPa e 0,21 MPa para as misturas tipo A.A.U.Q. Tais valores de MR não são satisfatórios para o caso de misturas asfálticas tipo areia asfalto. Considera-se que estes resultados ainda se encontram muito abaixo do esperado, mesmo quando comparado com os de misturas do tipo pré-misturado a frio (menos resistentes), que costumam apresentar menores valores de módulo resiliente. Ainda, ALDIGUERI & BERNUCCI (2002) encontraram valores de módulo resiliente para o tipo de mistura A.A.U.Q. variando entre (2.400 a 3.000 MPa - CAP 30/45), (2.250 a 103 2.500 MPa - 50/60) e (2.050 a 2.200 MPa - CAP Modificado por Asfaltica). Porém, VALENÇA et al. (2011) estudaram-se as propriedades mecânicas de misturas asfálticas do tipo areia asfalto com areia residual (A.A.U.Q.), agregado miúdo de resíduo de construção e demolição (A.A.U.Q. - RCD), fibra de açaí (A.A.U.Q. - FIBRA e A.A.U.Q. RCD-FIBRA), e ligantes asfálticos modificados por polímeros EVA ou SBS (A.A.U.Q. EVA, A.A.U.Q. - SBS, A.A.U.Q. - RCD-EVA e A.A.U.Q. - RCD-SBS) encontraram valores de RT variando entre (0,57 MPa a 1,04 MPa), e valores de MR (368 MPa a 1.650 MPa), resultados estes, mais aproximados com os encontrados para os traços de A.A.U.Q. executados neste trabalho. Os valores de resistência à tração (RT) também são muito baixos, para os traços 1 e 2 quando comparados com os de outras misturas do tipo areia asfalto como os valores de RT igual a 1,39; 1,34 e 1,1 MPa, encontrados no estudo de ALDIGUERI & BERNUCCI (2002) com utilização do CAP 30/45, 50/60 e CAP Modificado por Asfaltita, respectivamente. Os valores de módulo resiliente e resistência à tração por compressão diametral para o traço 3, iguais a 2.732 MPa e 1,44 MPa respectivamente, foram baixos, porém compatíveis para mistura do tipo concreto asfáltico quando comparados com alguns resultados investigados em literatura para o mesmo tipo de mistura asfáltica na faixa C utilizando agregados convencionais. CASTELO BRANCO (2004) encontrou os valores de módulo resiliente para a mistura asfáltica tipo C.A.U.Q. para M1 contendo 40% de escória de aciaria com MR igual a 2.276 MPa, para a mistura M2 contendo 60% de escória com MR igual a 1.836 MPa e M3 contendo 80% de escória com MR igual a 2.188 MPa. SILVA (2010) encontrou valores de módulo resiliente para misturas tipo C.A.U.Q com 80% de escória de aciaria variando entre 4.002 MPa e 7.241 MPa e valores de resistência á tração variando entre 0,93 MPa e 1,54 MPa para variados teores de ligantes. FREITAS (2007) conseguiu obter melhores resultados de módulo resiliente igual a 9.173 MPa na mistura asfáltica tipo C.A.U.Q. com 97% de escória de aciaria utilizando o CAP 30/45 com Sasobit (melhorador da performance de asfalto e mais utilizado em misturas mornas). Portanto, conclui-se que a variação da forma, textura, angularidade do agregado, o teor e o tipo de ligante, irão influenciar diretamente no comportamento mecânico da mistura asfáltica. 104 Um quarto traço de mistura asfáltica foi realizado com amostras de materiais fornecidas pela Empresa ONA, agregados pétreos e ligante asfáltico tipo CAP 50 / 70, a qual executou em 30/06/13 a construção do trecho experimental com a escória de ferroníquel localizado no município de Niquelândia/GO. A princípio este seria o traço de mistura asfáltica empregado para a execução do trecho experimental, porém não foi possível seu emprego devido a mudança dos agregados que difere aos agregados utilizados no traço 4. Os materiais do traço 4 foram conduzidos ao Laboratório de Ligantes e Misturas Betuminosas do IME no Rio de Janeiro. Foram realizados ensaios de caracterização de agregados e ligante e dosagem pelo método Marshall, além da dosagem da mistura. Os agregados se tratam de calcários britados, sendo subdivididos nas seguintes frações: brita 1, brita 0 e pó pedrisco, conforme ilustrado na Figura 4.35. FIG. 4.311 Agregados de Calcário nas frações: Brita 1, Brita 0 e Pó Pedrisco. 4.3.5 GRANULOMETRIA Na Tabela 4.24 são mostrados os resultados dos ensaios de granulometria dos agregados utilizados no traço 4. 105 TAB. 4.22 Granulometria dos agregados Traço 4. Peneiras # 1 e ½” 1” ¾” ½” 3/8” N° 4 N° 10 N° 40 N° 80 N° 200 Brita 1 100,0 100,0 100,0 42,5 4,8 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Brita 0 100,0 100,0 100,0 98,9 82,8 13,1 4,5 2,7 2,4 1,5 Pó Pedrisco 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 95,5 61,9 33,3 27,7 15,3 Cimento 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 92,0 Escória 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 97,7 63,8 4,0 0,8 0,4 A granulometria do agregado escória de ferroníquel, utilizada no traço 4, difere da granulometria da escória ferroníquel utilizada nos traços 1, 2 e 3 deste trabalho. Isto se deve ao lote das amostras de escória ferroníquel enviadas anteriormente ser diferente do lote de amostras de escória ferroníquel enviadas para este ensaio. Essa diferença pode ter sido o motivo da diminuição do uso da escória no enquadramento granulométrico deste traço. A Figura 4.36 ilustra a curva da mistura prevista para a execução do traço 4, que se enquadra na Faixa C da norma DNIT 031/2006 – ES para misturas asfálticas tipo concreto asfáltico usinado a quente. Observa-se que a granulometria da mistura utilizada neste ensaio obedeceu aos limites inferiores e superiores da curva de granulometria preconizados pela norma citada. FIG. 4.32 Curva da mistura de agregados do Traço 4 na faixa C de C.A.U.Q. 106 Conforme o enquadramento dos agregados pelo método das tentativas na curva de granulometria exibida na Figura 4.33 acima, o traço 4 da mistura asfáltica com os agregados ficou definida conforme mostrado na Tabela 4.25. TAB. 4.23 Traço 4 da Mistura Asfáltica. Material Brita 1 Brita 0 Pó Pedrisco Cimento Escória Porcentagem % 22 15 20 3 40 Outras características, como densidades, absorção, adesividade e impacto tréton, dos agregados estudados para o traço 4 estão reunidas na Tabela 4.26. TAB. 4.24 Características físicas e mecânicas dos agregados do Traço 4. Material Brita 1 Brita 0 Pó Pedrisco Cimento Densidade Real 2,82 2,88 2,85 3,10 Densidade Aparente 2,79 2,75 - Absorção Adesividade 1,7 - Satisfatória Satisfatória - Impacto Tréton 30,61 - Abrasão Los Angeles 25,6% - A densidade dos agregados apresentados na Tabela 4.26 apresentou resultados semelhantes a outros agregados comumente utilizados. O resultado para o ensaio de absorção mostrou-se um pouco elevada, porém encontra-se dentro dos limites preconizados pela norma, tendo sido a absorção do agregado de calcário menor que 2%, conforme DNER-ME 195/97, e adesividade satisfatória. A perda de massa do material pelo ensaio de Abrasão Los Angeles foi igual a 25,6%. Tal qual o resultado do ensaio de perda ao choque no aparelho Tréton igual a 30,61%, que foi menor que 60% conforme limite estabelecido pela norma DNER-ME 399/99. Na Tabela 4.27 encontram-se os resultados da caracterização física do ligante asfáltico CAP 50 / 70 utilizados no traço 4. 107 TAB. 4.25 Ensaios de controle do Cimento Asfáltico de Petróleo – CAP 50/70 – Traço 4. Ensaio – CAP 50/70 Penetração (100g, 5s, 25ºC, 0,1mm) Ponto de Amolecimento, min. Viscosidade Brookfiel a 135ºC, SP 21, 20 rpm, mín Viscosidade Brookfiel a 150ºC, SP 21, mín. Viscosidade Brookfiel a 177ºC, SP 21 Ponto de fulgor, mín. Dutilidade a 25ºC, mín Efeito do calor e do ar (RTFOT) a 163ºC, 85 min Aumento do ponto de amolecimento, máx. Penetração retida, mín. Ductilidade a 25°C, mín. Densidade Relativa Unidades 0,1mm ºC ºC cm Limites 50 a 70 52 274 112 57 a 285 235 60 Resultados 50 58,6 375 183 68 348 >100 ºC % cm 8 55 20 65,5 55 >100 1,04 Cp Os resultados de caracterização do ligante foram satisfatórios e obedeceram aos limites estabelecidos pelas normas do IBP que estão apresentados na Tabela 3.4. A volumetria obtida para este traço é apresentada na Tabela 4.28, na qual pode ser observado que os valores obtidos foram satisfatórios, dentro dos limites da norma DNIT 031/2006 – ES, e compatíveis com aqueles obtidos utilizando agregado convencional. Observa-se que o teor de ligante 4,3% para o traço 4 diminuiu em relação ao traço 3 – 5,3%, cujo resultado encontra-se na Tabela 4.19. Este fato se deve principalmente à diminuição do percentual da escória de ferroníquel no traço elaborado para o traço 4, sendo este igual a 40%. O agregado miúdo, como a escória de ferroníquel, usado em maior proporção como foi no traço 3 com 60%, levou à necessidade de uma maior adição de ligante. Para os valores de estabilidade e resistência à tração, os resultados obtidos foram menores para o traço desta mistura asfáltica quando comparado com os do traço 3. Provavelmente esta diferença se deve ao fato dos agregados de ambos os traços serem distintos. TAB. 4.26 Volumetria do Traço 4 elaborado com teor de 4,3%. Item Teores de Ligantes Densidade Aparente Volume de Vazios (%) Volume do Agregado Mineral – VAM (%) Relação Betume Vazio – RBV (%) Máxima Densidade Teórica Estabilidade mínima (kgf) 75 golpes Resistência à tração por Compressão diametral estática Mpa 108 Valores 4,3% 2,52 3,5 15,5 77,0 2,51 850 Limites 3–5 75 – 82 500 0,75 0,65 4.4 ENSAIOS SOLO E ESCÓRIA FERRONÍQUEL Como o objetivo desta dissertação é utilizar a escória de ferroníquel nas camadas do pavimento, assim foram feitos também ensaios tecnológicos utilizando a escória de ferroníquel em misturas com solo. Os solos utilizados nestes ensaios estão descritos no capítulo de Metodologia. 4.4.1 ENSAIO DE EXPANSÃO Conforme pode ser visto na Tabela 3.1 item 3.1.1 do Relatório Lixiviação e Solubilização, a composição química da escória de ferroníquel possui baixíssimo teor de CaO. Sabe-se segundo alguns estudos MACHADO (2000), CASTELO BRANCO (2004), RAPOSO (2005), que a presença deste elemento químico em agregados como as escórias de aciaria, por exemplo, são os maiores responsáveis pela expansão do agregado quando hidratados com água, causando os defeitos e irregularidades no pavimento. O ensaio de expansão pelo método CBR auxiliou a avaliação do resultado de expansão da mistura solo com escória de ferroníquel. Na Tabela 4.22 é mostrado o resultado da avaliação desta expansão utilizando a mistura solo com escória de ferroníquel, cujo o solo é oriundo do Acre e foi utilizado por CÓRDOVA (2011). TAB. 4.27 Dados do ensaio de Expansão com escória de ferroníquel 79% e solo 21%. Tempo (horas) 24 h 48 h 72 h 96 h Expansão Total Leitura (mm) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 O resultado mostrou que durante os quatro dias de leitura o extensômetro não se moveu, fato que corrobora que a escória de ferroníquel não é um material expansivo. O ensaio feito pela GEOCONTRUYE Geología y Construcciones International, C.A., que realizou o mesmo ensaio com a escória de ferroníquel em mistura com solo da Venezuela chegou à mesma conclusão. No relatório da GEOCONTRUYE, o resultado do ensaio de CBR (ver Tabela 109 4.23) com a escória de ferroníquel apresentou expansão menor que 1%, resultado este dentro dos limites permitidos pela norma nacional. TAB. 4.28 Dados de Expansão pelo ensaio de CBR. 10 Golpes Tempo Leitura (mm) 0:00 h 8,25 96:00 h 9,00 Expansão Total 0,75 25 Golpes Tempo Leitura (mm) 0:00 h 12,25 96:00 h 12,50 Expansão Total 0,25 56 Golpes Tempo Leitura (mm) 0:00 h 4,50 96:00 h 5,25 Expansão Total 0,75 Fonte: Geología y Construcciones International, C.A. 4.4.2 MÓDULO DE RESILIÊNCIA Na Figura 4.31 é apresentado o gráfico de variação do módulo resiliente em função da tensão desvio, obtido para a amostra de solo – Carajás/MA – e escória ferroníquel no traço de 50% / 50%, com a utilização de corpos-de-prova de dimensões 10 x 20 cm. FIG. 4.33 Variação do Módulo Resiliente com a Tensão Desvio. Conforme pode ser observado na Figura 4.31 para este caso com o corpo-de-prova moldado com adição de 500 ml de água, a ordem de grandeza do valor médio do módulo resiliente variou entre 300 MPa a 600 MPa. Devido ao fato de ter sido feita uma mistura solo e escória de ferroníquel, na razão 1:1, não é possível distinguir, a priori, qual seria o melhor modelo de previsão do comportamento do módulo resiliente da mistura compactada se MR = F(σ3) ou MR = F(σd). Os ensaios 110 realizados indicaram um melhor enquadramento em função da tensão desvio, fato que indica em tese, uma preponderância da fração argilosa no comportamento da mistura. Este valor de módulo resiliente pode ser considerado elevado e compatível com aqueles obtidos para pedregulhosos lateríticos em pesquisas anteriores como a de VERTAMATTI (1988), SANTOS (1998), MOTTA (1991), SANTOS & GUIMARÃES (2011). A pesquisa pode evoluir neste sentido. 111 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Caracterização do Agregado Escória de Ferroníquel Foram realizados os ensaios para a caracterização do agregado escória de ferroníquel por Miscroscopia Eletrônica por Varredura (MEV), Difração de Raio-X, Microscopia Óptica e por AIMS (Aggregate Imaging System). Através destes ensaios foi possível uma análise criteriosa das amostras de escória de ferroníquel. Do ensaio realizado no MEV foi possível verificar a imagem do agregado escória de ferroníquel ampliado em 50, 180 e 220 vezes. Assim, verificou-se as interações dos elementos químicos presentes na escória de ferroníquel no momento em que sofreu o processo de solidificação interceptado pelo jato de água. Ainda verificou-se a composição química presente no agregado de escória de ferroníquel, sendo composta basicamente por: MgO, Fe2O3 e SiO. Estes elementos, que não apresentam nenhum risco ambiental quando exposto ao ambiente. Sabe que a reação por hidratação entre óxidos de cálcio e óxidos de magnésio é um dos principais fatores de expansão das escórias de siderurgias, fato que restringe sua utilização em pavimentos asfálticos. Os resultados de caracterização química da escória de ferroníquel mostraram uma pequena concentração de óxidos de cálcio, indicando que o material tem baixa suscetibilidade à expansão e, consequentemente, apontando ser um agregado de uso promissor em pavimentação. No ensaio de Difração de Raio-X foi encontrada a presença do mineral Laihunita, um Silicato de Ferro do grupo das olivinas. Conhecer a formação da estrutura do agregado auxilia na verificação da sua resistência ao intemperismo. De acordo com a série Bowen, tem-se que a olivina é um dos primeiros minerais a se formar quando há a solidificação do magma. Logo, pela série inversa de Gold Wish associada à velocidade de alteração frente ao intemperismo, os minerais do grupo olivina tendem a ser os primeiros a se alterarem. Esta pode ser uma preocupação a ser considerada nos estudos futuros com estes materiais. Na análise por Microscopia Óptica, investigou-se a superfície do agregado escória de ferroníquel com o aumento de 40 vezes. Constatou-se que o agregado possuía uma superfície lisa e não foram observados poros. Assim, concluiu-se que o ensaio de adesividade com resultado insatisfatório se deve à superfície lisa do agregado, que causou o escorrimento do 112 ligante, fazendo com que ele se desprendesse do agregado de escória. Por outro lado, o fato de não terem sido observados poros na escória é um fator positivo quando for empregada em mistura asfáltica, pois irá absorver menos ligante na mistura. No ensaio feito pelo AIMS, a escória de ferroníquel mostrou ter classificação quanto à forma sub-alongada; quanto à angularidade, classificação sub-arredondada para o agregado graúdo. E para o agregado miúdo, classificação sub-alongada; quanto à textura, classificação como liso. A escória de ferroníquel possui grãos em formas esféricas e irregulares, fato favorável ao intertravamento dos grãos na mistura asfáltica assim como foi concluído pelo ensaio de microscopia. Misturas Asfálticas A necessidade do uso de DOPE mostrou-se necessária diante dos resultados de adesividade com a escória de ferroníquel. Os traços 1 e 2 de misturas tipo areia asfalto usinado a quente contendo agregados de escória de ferroníquel não se mostraram satisfatórios do ponto de vista técnico, em especial relativo ao comportamento mecânico da mistura em laboratório, onde o resultado de estabilidade Marshall foi igual a 0 (zero) inviabilizando seu emprego em obras de pavimentação. Por outro lado, foi possível obter um traço de mistura tipo concreto asfáltico, com cerca de 60% de agregados de escória de ferroníquel, cujos resultados dos ensaios de avaliação do comportamento mecânico foram: Módulo Resiliente com média igual a 2.732 MPa; Resistência à Tração com média igual a 1,44 MPa; e Estabilidade Marshall igual a 999,8 kgf. Estes resultados são compatíveis com os limites preconizados pela norma DNER de misturas asfálticas do tipo C.A.U.Q. e com misturas similares compostas de agregados convencionais. Isto tudo corrobora para o bom comportamento mecânico deste material utilizado como materiais de pavimentação rodoviária para este tipo de mistura asfáltica. Quanto à caracterização dos agregados de calcário, utilizados no traço 4, os ensaios de absorção igual a 1,7%, menor que 2% conforme preconizado pela norma DNER-ME 195/97, abrasão Los Angeles igual a 25% menor que 40% e a perda ao choque pelo aparelho Tréton igual a 30,6%, valor menor que 60% conforme preconizado pela norma DNER-ME 399/99. Assim também, a caracterização do ligante CAP 50 / 70 se mostrou adequada ao uso obedecendo aos limites das normas de cada ensaio. 113 A mistura asfáltica do traço 4 apresentou valores satisfatórios dentro dos limites da norma de concreto asfáltico, utilizando 40% da escória de ferroniquel foi possível atender aos valores do ensaio de estabilidade igual a 850 kgf e resistência à tração igual a 0,75 MPa preconizados por suas respectivas normas. Mistura Solo e Escória de Ferroníquel A mistura solo e escória apresentou, pelo método CBR, expansibilidade igual a 0 (zero) e condição favorável, conforme limites preconizados em norma, ao uso da escória como emprego em camadas de base e sub-base em misturas com solos com baixa expansibilidade, conforme solo utilizado para esta pesquisa. Na avaliação do módulo resiliente da mistura solo e escória, o MR apresentou valores entre 300 MPa e 600 MPa. Estes valores podem ser considerados como elevados e compatíveis com valores obtidos para misturas similares, atestando o bom comportamento mecânico deste material. A pesquisa deve continuar conforme as recomendações descritas no próximo tópico. Recomendações para Futuras Pesquisas Avaliação da expansão da escória ferroníquel pelo método PTM 130/78, JIS A 5015/92 ou ASTM D 4792/00, com diferentes tempos de cura; Realização de ensaios mais modernos previstos na metodologia SuperPave para as misturas utilizadas neste estudo, cujo processo de dosagem é baseado no desempenho da mistura asfáltica, com especial preocupação com a deformação permanente; Utilizar o método Bailey para ajustar a granulometria dos agregados; Um trecho experimental foi executado em Niquelândia/GO – estacionamento da empresa AngloAmerican. Sugere-se um estudo do monitoramento do desempenho mecânico deste pavimento a partir dos seguintes critérios: Coleta de materiais do Trecho Experimental executado e caracterizar o ligante, os agregados e a mistura asfáltica; Avaliação estrutural do pavimento executado e monitoramento através dos ensaios de FlowNumber, Módulo Dinâmico, DCP; 114 Estudos de estabilização granulométrica de solos locais com escória de ferroníquel. 115 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials. T 283, Standard Method of Test for Resistance of Compacted Bituminous Mixtures to Moisture Induced Damage, 1999. ASTM - American Society for Testing and Materials. Standard Test Method for Effect of Heat and Air on a Moving Film of Asphalt (Rolling Thin-Film Oven Test) D2872, 1999. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (1988). NBR 7182 Solo – Ensaio de Compactação. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004). NBR 10004. 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