UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIOS Fundamentos do Agronegócio Aula 3:Visão Sistêmica do Agronegócio Prof. Ms. Marielen A. C. S. O mundo que conhecíamos não existe mais: mudança do eixo da economia mundial de EUA e Europa para Ásia e Emergentes “ Não podemos pensar que a economia será sempre estável e crescente” CATELLI, 2009 3 Visão Sistêmica Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter Sistemas Fala-se frequentemente de sistemas: sistema solar, sistema digestório, sistema nervoso, sistema financeiro, . sistema elétrico, sistema social, sistemas de produção etc. Ludwig von Bertalanffy – TGS Visão Sistêmica • Sistema é um conjunto de partes relacionadas entre si para atingir determinado objetivo. • Todo sistema existe para atingir um ou mais objetivos. As partes do sistema são os elementos ou órgãos componentes: são também chamadas sub-sistemas. Visão Sistêmica • As partes estão relacionadas entre si por meio de uma rede de comunicações que proporciona a sua integração na totalidade do sistema. • Falar em sistema é falar em totalidade, em globalismo, em síntese, graças a essa rede de comunicações. Visão sistêmica • Se a rede de comunicações funcionar mal, as relações entre as partes tornam-se precárias: as partes perdem o contato entre si e tendem a dispersar-se, provocando o desmanche, a desintegração e a desagregação do sistema. • E o que chamamos de efeito de entropia ou efeito entrópico. • A entropia significa a desagregação e a desintegração do sistema, devido à falta de amarração das partes que o compõem. Visão sistêmica • Se a rede de comunicações funcionar bem, as relações entre as partes tornam-se eficientes e estreitas: tudo o que ocorre em qualquer uma das partes é rapidamente transmitido às demais. • Assim, o funcionamento perfeito da rede de comunicações é que proporciona a amarração do sistema, ou seja, o comportamento integrado e global do sistema. É o que chamamos comportamento sistêmico. Visão sistêmica Como uma parte ajuda a outra, por meio dos relacionamentos, ocorre o efeito de sinergia ou efeito sinergético. A sinergia significa uma forma de combinação das partes que provoca e produz um resultado multiplicador e potencializador; Níveis de análise ➢ SISTEMA AGROINDUSTRIAL ➢ COMPLEXO AGROINDUSTRIAL ➢ CADEIA DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL ➢ AGRONEGÓCIO Esquema de Análise de Estudos Agroindustriais A G R O N E G Ó C I O Sistema Agroindustraiç Fonte: Batalha In: Arbage (2004) AGRONEGÓCIO É o conjunto de negócios relacionados à agropecuária dentro do ponto de vista econômico. RELEMBRANDO..... O agronegócio divide-se em três etapas fundamentais: “pré-porteira” “dentro da porteira” “pós-porteira” Estrutura do setor agroindustrial Produção e disponibilização de insumos para o Agro Prestação de serviços voltado para o Agro INSUMOS EFICÁCIA Máquinas Equipamentos Sementes Rações Medicamentos Instituições de P&D Embrapa MAPA, MDA e MCT Universidades Secretarias Estaduais Centros de pesquisa INSUMOS –antes da porteira 1. 2. Estrutura do setor agroindustrial PRODUÇÃO Atividades Agrícolas Atividades Pecuárias Atividades de transformação Serviços Atividades complementares produtor –dentro da porteira 1. Todas as atividades produtivas, com distintas formas de exploração Estrutura do setor agroindustrial SERVIÇOS COMERCIALIZAÇÃO Diversos níveis Atacadistas, varejistas Supermercados Consumidores finais Depois da porteira 1. Canais de comercialização 2. Logística Etapas que mais agrega valor no agronegócio são as atividades após a porteira: -pré-porteira (32%) -dentro da porteira (8%) -pós-porteira (60%) Cinco principais setores do agronegócio Antes da porteira Dentro da porteira Depois da porteira Fornecedores de insumos e bens de produção Produção agropecuária Processamento e transformação Distribuição e consumo Serviços de apoio Sementes Calcário Fertilizantes Rações Defensivos Prod. Veterinários Combustíveis Tratores Colheitadeiras Implementos Máquinas Motores Produção animal Lav. permanentes Lav. temporárias Horticultura Silvicultura Floricultura Extração vegetal Indústria rural Alimentos Têxteis Vestuário Calçados Madeira Bebidas Álcool Papel e papelão Fumo Óleos essenciais Restaurantes Hotéis Bares Padarias Feiras Supermercados Comércio Exportação Agronômicos Veterinários Pesquisa Bancário Marketing Vendas Transporte Armazenage m Portos Bolsas Seguros Fonte: Zylbersztajn & Farina (1997) Configuração do Agronegócio AMBIENTE INSTITUCIONAL CULTURA, TRADIÇÕES, EDUCAÇÃO, COSTUMES INSUMOS T1 AGROPECUÁRIA T2 INDÚSTRIA T3 DISTRIBUIÇÃO ATACADO DISTRIBUIÇÃO VAREJO T4 T5 AMBIENTE ORGANIZACIONAL INFORMAÇÃO, ASSOCIAÇÕES, P&D, FINANÇAS, FIRMAS T=Transações Típicas entre os elos do sistema Fonte: Zylbersztajn & Farina (1997) Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter Importância do Agronegócio O agronegócio desempenha papel estratégico Alimentação (farta e barata); Matéria-prima de produtos essenciais (vestimentas, móveis, madeira para construção, papel, papelão, estofamentos, cordas, tapetes, cosméticos, medicamentos). Energia (Biocombustíveis, energia elétrica, calor). Gera riqueza para o crescimento do conjunto da economia; Evita a evasão de divisas com importações e instabilidades sociais decorrentes do desabastecimento. Sistema Agroindustrial (SAI) Conjunto de atividades e agentes que concorrem para a produção de produtos com origem no setor primário e se estende desde a produção de insumos para as fazendas até chegada ao consumo final. Seis atores principais: 1)Agricultura, pesca e pecuária; 2) Industrias agroalimentares; 3) Setor de distribuição agrícola e Agroalimentar 4) Comércio Internacional 5) Consumidor 6) Indústria e serviços de apoio SAI SISTEMA AGROINDUSTRIAL ➢Empresas de 1ª transformação: ➢ Responsáveis pelo primeiro processo de transformação da matériaprima agropecuária. Trituração e moagem (vegetal); fracionamento (animal). ➢Empresas de 2ª e 3ª transformação: ➢ As 2ª abastecem-se de produtos oriundos da 1ª transformação. As de 3ª transformação são as responsáveis pela geração de produtos mais elaborados (pratos prontos congelados, refrigerantes, doces, etc.). ➢Deve ficar claro que nem todos os produtos passam, necessariamente, pelos três subsegmentos industriais. Complexo Agroindustrial (CAI) Conjunto de agentes vinculados direta ou indiretamente a uma determinada matéria prima agrícola Ex: Complexo Soja; Complexo trigo; Complexo carne; Cadeia de produção Uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico; Um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes; Um conjunto de ações econômicas que presidem a valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações. (Batalha & Silva, 2007) Cadeia de Produção Macrosegmentos Comercialização: Empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e comércio dos produtos finais (supermercados, mercearias, restaurantes, etc.). Podem ser incluídas empresas de logística e distribuição. Industrialização: Firmas responsáveis pela transformação das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor. O consumidor pode ser uma unidade familiar ou outra agroindústria. Produção de matérias-primas: Firmas que fornecem as matérias- primas iniciais para que outras empresas avancem no processamento do produto final (agricultura, pecuária, pesca, extrativismo, piscicultura, etc.). CADEIA DE PRODUÇÃO ➢Cabe destacar que, ao contrário do CAI, uma CPA é definida a partir da identificação de determinado produto final. essa identificação, cabe ir encadeando, de jusante a montante, as várias operações técnicas, comerciais e logísticas, necessárias a sua produção. ➢Após ➢Ex. CPA da manteiga, margarina e requeijão (próxima figura). Cadeias • Cadeia de produção • Mais associada a uma matéria-prima base • Próxima a idéia de complexo agroindustrial Cadeia agroalimentar (filliere) Origem nos estudos da economia Industrial. Foco dos estudos partindo do consumidor final. Corte horizontal no âmbito do agronegócios a partir de um produto final perfeitamente identificado pelo consumidor. Análise de Cadeias O que é uma “CADEIA”? É um conjunto de “elos” onde cada um depende dos demais. Na cadeia de produção da carne e do couro, o bovino é ó elo central da cadeia. Fonte: Embrapa Gado de Corte, Campo Grande-MS Cadeia do Boi Gordo Açougue Distribuição Supermercado Reposição Frigorífico Merc. Interno Produtor Trading/negócios Insumos Merc. Externo Fonte: Braghetta (2007) CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA Insumos a produção Produção de bovinos Processamento Distribuição A cadeia de produção da carne tem cinco etapas... Consumo CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA Insumos a produção A primeira etapa é a que trata dos insumos.... Produção de bovinos Processamento Distribuição Insumo é o produto ou serviço necessário nas Fazendas de produção de bovinos. Consumo Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA A segunda etapa é a da criação dos bovinos Insumos a produção Produção de bovinos Processamento A criação de bovinos é feita nas Fazendas. Distribuição Ela também é feita em etapas ou fases. Consumo CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA A terceira etapa é o processamento no frigorífico Insumos a produção Produção de bovinos Processamento Distribuição O processamento é a etapa onde o boi gordo é transformado em carne e outros produtos. Consumo CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA Insumos a produção Produção de bovinos Processamento A quarta etapa é a distribuição da carne Distribuição Consumo CADEIA DE PRODUÇÃO DA CARNE BOVINA Insumos a produção Produção de bovinos Processamento Distribuição CONSUMO ! Açougues e supermercados EI! Espere aí! e o nosso couro? CADEIA DE PRODUÇÃO DO COURO Couro salgado Depilação e limpeza Wet blue preparação Couro acabado tingido Passou por um processo inicial de curtimento para depois receber o acabamento com outras cores e texturas O couro é outro produto de muita importância e utilidade que os bovinos fornecem. Artigos de couro Cadeia produtiva da carne bovina INSUMOS i EXIGÊNCIAS BENS CAPITAL CRIADOR i TERMINADOR i INDÚSTRIA i MERCADO Microambiente Dispon RH Bancos Taxas locais ... Macroambiente CLT Linhas crédito Impostos ... i CONSUMIDOR FINAL INTERNO OU EXTERNO Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter Visão sistêmica: análise da cadeia (filière) Comercialização, logística e armazenamento Embalagem, desossa e processamento industrial Abate, produção e extensão rural Estrutura da Cadeia produtiva Fonte: Antônio Márcio Buainain e Mário Otávio Batalha, MAPA, 2007 Cadeia Produtiva de Suínos Cadeia Produtiva do Arroz Produtor Secador Corretor (seco/verde) Cooperativa Indústria Arroz verde Atacadista Arroz seco Arroz seco/verde Arroz beneficiado Varejo LES 452 - ECONOMIA E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO Subsistema de apoio: Os agentes fornecedores de insumos básicos e os agentes transportadores. Subsistema de produção (produção agropecuária): da matéria-prima Empresas rurais que geram, criam e engordam os animais para o atendimento das necessidades das indústrias de primeira transformação; podem estar integradas em um único empreendimento ou dissociadas em empreendimentos diversos. Subsistema de industrialização: Indústrias de primeira transformação: abatem os animais e obtêm as peças de carne, conforme as condições de utilização necessárias para os demais agentes da cadeia; e Indústrias de segunda transformação: incorporam a carne em seus produtos ou agregam valor a ela. Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter Subsistema de comercialização: Atacadistas ou exportadores: efetuam o papel de agentes de estocagem e/ou de entrega, simplificando o processo de comercialização; Varejistas: efetuam a venda direta da carne bovina ao consumidor final, tais como supermercados e açougues; e Empresas de alimentação coletiva/mercado institucional ou aquelas que utilizam a carne como produto facilitador, como restaurantes, hotéis, hospitais, escolas, presídios e empresas de fast food. Subsistema de consumo: Consumidores finais, responsáveis pela aquisição, pelo preparo e pela utilização do produto final. Determinam as características desejadas no produto, influenciando os sistemas de produção de todos os agentes da cadeia produtiva. Prof. Dr. Jairo Alfredo Genz Bolter