ÍNDICE
• Introdução;
IV -O diabo e a abóra;
• História do Concelho;
V - O burro;
• Dados históricos:
VI - A morte do burro;
a) Alcaides do Castelo;
VII - O lobo arrependido;
b) Governadores;
c) Brasões;
d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese
de Miranda do Douro;
4) Quadra/Orações;
• Cantiga;
• Tradições:
1) Usos e costumes;
e) Forais
2) Instrumentos musicais;
• O “Mirandês” como 2ª língua:
3) Folclore;
a) Etnografia;
4) Artesanato;
a) Mirandês:
5) Gastronomia;
1) Mês/dia;
2) Números;
3) Contos:
I - Comer sem pagar;
II - O galo e a raposa;
III - O mocho e a galinha;
6) Raças tradicionais;
• Fotografias :
a)Antigas da cidade;
a)Casas típicas
a)“Rio Douro”
• Fim da Apresentação.
Introdução
“Miranda do Douro” – A minha cidade que gostaria de lhes
apresentar.
As armas concedidas a Miranda por D. João III, em 10 de Julho de 1545,
quando eleva a cidade, a vila de D. Dinis, eram um castelo tendo ao centro a
lua em quarto crescente e com as pontas viradas para baixo. Queria isto dizer
que Miranda era praça de armas, significando o crescente o desejo de a ver
engrandecida cada vez mais, já que a sua Igreja de Santa Maria fora elevada a
Sé por bula de 22 de Maio daquele ano.
De ouro, com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, rematado
por um crescente invertido, também de vermelho. Coroa moral de prata, de
cinco torres. Liste branco com os dizeres "CIDADE DE MIRANDA DO
DOURO".
O ouro indicado para o campo é o metal mais rico em heráldica e significa fidelidade, constância e poder. O
castelo e crescente são de vermelho por ser o esmalte que significa vitória, ardis e guerra. E o castelo aberto
e iluminado de prata porque é o metal que significa humildade e riqueza.
Mensagem de Boas Vindas – da Câmara Municipal
Miranda do Douro, Cidade da província de Trás-os-Montes,
sede de concelho e do distrito de Bragança.
Está situada na parte mais meridional da província, sobre a
margem direita do rio Douro, que a separa da província de Leão,
Espanha, em terreno montanhoso e acantilado.
Diz o padre António Carvalho da Costa, Coreografia
Portuguesa, com outros escritores Portugueses que Miranda foi
uma cidade importantíssima no tempo dos romanos, que lhe deram
o nome de Conticum, depois de Paramica, e por fim de Seponcia
História do Concelho
Miranda do Douro, Cidade da província de Trás-os-Montes, sede de
concelho e do distrito de Bragança. Está situada na parte mais meridional da
província, sobre a margem direita do rio Douro, que a separa da província de
Leão, Espanha, em terreno montanhoso e acantilado.
Diz o padre António Carvalho da Costa, Coreografia Portuguesa, com
outros escritores Portugueses que Miranda foi uma. Cidade importantíssima
no tempo dos romanos, que lhe deram o nome de Conticum, depois de
Paramica, e por fim de Seponcia. Conquistada pelos Árabes em 716, estes
deram-lhe o nome de Mir-Andul, que depois se corrompeu no actual de
Miranda.
Com as guerras entre os Lusitanos e os Árabes foi esta cidade tomada e
destruída, de forma que no tempo do conde D. Henrique, estava em completo
estado de ruína e quase deserta. Foi nesta miserável situação que D. Afonso
Henriques a encontrou, o qual vendo a importância militar e estratégica deste
ponto, não só como por ser fronteiro aos turbulentos Leoneses, com quem
teve várias encarniçadas lutas, tratou de a tomar uma praça de guerra,
construindo-lhe um forte Castelo e uma pequena cerca de muralhas, em 1136;
nesse mesmo ano, a 9 de Novembro, lhe deu foral com muitos privilégios,
sendo um dos principais o de ser couto do reino ou de homiziados, para atrair
mais facilmente povoadores.
Este foral e seus privilégios foram depois confirmados em Coimbra, por D. Afonso, no ano de 1217. Convidados pelos amplos
privilégios e isentos do seu foral, a população foi crescendo tanto em torno do castelo, que o mesmo D. Afonso Henriques, ou seu filho D.
Sancho I, mandou construir uma outra cerca de muralhas, defendidas por algumas torres e torreões.
Quando El Rei D. Dinis subiu ao trono em 1279, as fortificações de Miranda estavam bastante deterioradas, quer pela sua má
construção, quer pelas continuas guerras com os Leoneses, e o soberano mandou reedificar a povoação dando-lhe novo foral, em
Santarém, a 18 de Dezembro de 1286, e a categoria de Vila, aumentando os privilégios antigos.
Este foral e seus privilégios foram depois confirmados em Coimbra, por D. Afonso, no ano de 1217. Convidados pelos amplos
privilégios e isentos do seu foral, a população foi crescendo tanto em torno do castelo, que o mesmo D. Afonso Henriques, ou seu filho D.
Sancho I, mandou construir uma outra cerca de muralhas, defendidas por algumas torres e torreões.
Quando El Rei D. Dinis subiu ao trono em 1279, as fortificações de Miranda estavam bastante deterioradas, quer pela sua má
construção, quer pelas continuas guerras com os Leoneses, e o soberano mandou reedificar a povoação dando-lhe novo foral, em
Santarém, a 18 de Dezembro de 1286, e a categoria de Vila, aumentando os privilégios antigos.
Um dos privilégios deste foral era o de Miranda nunca sair da coroa. O castelo estava tão
desmantelado que foi preciso reconstruí-lo desde os fundamentos. As muralhas também foram
ampliadas.
O castelo tinha uma porta e um postigo, e as muralhas três portas. D. Fernando I fez cunhar
moeda em Miranda, usando a letra M como distintivo, posta em cima do escudo das quinas.
Mais tarde, El-Rei D. Manuel deu-lhe foral novo em Santarém, no 1º de Junho de 1510.
Cessaram as guerras com os castelhanos e leoneses, e a paz trouxe consigo o desenvolvimento
da indústria, comércio e apicultura, nas povoações de uma e outra fronteira.
Os Espanhóis, tornando-se nossos amigos, concorreram muito para a prosperidade de
Miranda, que era o centro das suas transacções com Portugal, e Miranda tornou-se florescente.
No princípio do século XVI, o Arcebispo de Braga tinha um território vastíssimo, pois abrangia a
maior parte da província do Minho e toda a de Trás-os-Montes, o que causava vários
transtornos, prejuízos e delongas, nos negócios.
Sendo D. João III aclamado em 1521, por morte de seu pai El-Rei D.Manuel, e sendo-lhe apresentados todos os inconvenientes da grande
extensão do arcebispado de Braga, resolveu criar um bispado em Trás-os-Montes, e impetrou do pontífice Paulo III a bula para a criação da nova
diocese, que lhe foi concedida pela bula de 22 de Maio de 1545, sendo o seu primeiro bispo D. Toribio Lopes, que era esmoler da rainha D.
Catarina. Nesse mesmo ano D. João III honrou a vila com a categoria de cidade, dando-lhe novos privilégios e foros, entre os quais se contava a
prerrogativa de enviar procuradores às cortes, destinando-se-lhe para assento o 4º banco.
Supõe-se que o brasão da cidade foi concedido pelo dito soberano, consistindo num escudo coroado, tendo ao centro um castelo com três
torres e sobre a torre do meio a lua em quarto crescente, com as pontas para baixo. A fortaleza, dizem, que comemora a fundação da cidade,
que teve princípio no seu castelo; e a lua em crescente querem que signifique a esperança, ou o prognóstico, do engrandecimento sucessivo da
povoação.
Miranda ficou sendo a capital da província de Trás-os-Montes, sede de bispado, residência do bispo, cónegos e mais autoridades
eclesiásticas, bem como das militares e civis. Tem muitos e grandiosos edifícios públicos e particulares. Foram alcaides mores do castelo até
1759 os marqueses de Távora, que nesse ano sofreram o suplício, sendo-lhe confiscados todos os seus bens
Na porfiosa luta da Restauração da nossa independência no século XVII, durante 27 anos muito padeceu a
cidade de Miranda. Foi esse o primeiro, mas terrível golpe na sua prosperidade. Estando situada na raia de
Espanha, por vezes os castelhanos ali entraram e fizeram grandes saques.
O seu comércio estava paralisado, a sua indústria nula, e os lavradores só se empenhavam em defender a
cidade do furor dos inimigos. Em 1644 D. João IV mandou reedificar as antigas muralhas; o castelo apropriou-se
ao uso da artilharia, para o que se demoliram as quatro torres que existiam nos quatro ângulos do castelo, até
ficarem na altura dos lanços do muro que as unia. Na guerra da sucessão de Espanha, travada entre esta nação e
a França, por uma parte; a Inglaterra, Portugal, Holanda e Alemanha, da outra, foi a cidade de Miranda tomada por
traição no dia 8 de Julho de 1710, sendo o sargento-mór Pimentel, governador da praça, quem a entregou ao
general, marquês de Bay, por 600 dobrões, ficando a guarnição prisioneira.
Em 1711, porém, foi esta afronta vingada por D. João Manuel, conde D'Atalaia, que depois de um curto mas rigoroso cerco, tomadas as obras
de defesas exteriores, e aberta uma brecha na muralha, fez render a praça por capitulação em 15 de Abril, ficando a guarnição castelhana
prisioneira. Em 1762 rebentou a guerra entre a Espanha e a Inglaterra, por causa do Pacto da Família. Portugal não cedeu às intimações de
Castela e de França, e tomou o partido da Grã-Bretanha, pelo que a Espanha nos declarou guerra em 15 de Junho.
O general Castelhano marquês de Sarria invadiu com um poderoso exército a província de Trás-os-Montes, devastando-a, saqueando-a, e
tornando-se senhor de quase toda, e marchando sobre o Porto. Enquanto a cidade esteve no domínio castelhano sofreu infinitas vexações. O
Duque de Lafões foi nomeado general em chefe; o marechal-general conde de Lippe chefe do estado maior, e os castelhanos foram derrotados
em várias batalhas, até que em 10 de Fevereiro de 1763 se assinou a paz entre Portugal, Espanha, França e Inglaterra.
Miranda ia caindo em grande decadência, e tudo concorria para a reduzir a uma povoação insignificante. Na grande luta que o país sustentou
no princípio do século XIX contra o poder de Espanha da França, que pretendiam avassalar e dividi-lo pelo célebre Tratado de Fontainebleau de
27 de Outubro de 1807, Miranda e toda a província de Trás-os-Montes foram vítimas de invasões avassaladoras dos Castelhanos e dos
Francesas, e também glorioso teatro de heróico esforço, que secundando o grito da independência levantado em outras terras do reino, que tanto
contribuiu para libertar o país dos seus opressores.
Miranda não só perdeu a sede do bispado, como a comarca, pois o julgado de Miranda pertenceu muitos anos à comarca de Mogadouro, e só
em 1855 é que tornou a ser cabeça de comarca. A antiga correição de Miranda compreendia duas cidades Miranda e Bragança, seis vilas e três
concelhos.
No dia 8 de maio de 1762 foi esta cidade vítima de uma horrorosa catástrofe, uma explosão de 1.500 Arrobas de pólvora que derrubou o
castelo e muitas casas, ficando sepultadas nas ruínas perto de 400 pessoas.
Ignora-se se a explosão foi acidental ou de propósito, mas é tradição em Miranda que o governador do castelo, comprado pelos Espanhóis,
lançara fogo ao paiol da pólvora, e que depois da explosão fora visto fora das muralhas, em direcção do campo inimigo.
A única igreja paroquial da cidade, é o templo de N. Sra. da Assunção, ou de Santa Maria Maior, que fica situado na parte meridional da
cidade, em sítio sobranceiro ao rio Douro. É um templo de três naves, fundado por D. João III para servir de catedral, e que durante quase dois
séculos gozou dessa honra. Lançou-se-lhe a primeira pedra em 24 de Maio de 1552. Na frente tem um espaçoso adro, que acompanha também
pelo lado Oriental. A arquitectura, ainda que pesada, é majestosa interiormente, e em cada lado do frontispício tem uma torre maciça de cantaria,
assim como é todo o edifício. No interior é de uma grande elegância e riqueza.
É admirável o labirinto das arcarias e pilares que lhe sustentam a abóbada, e os seus doze altares com primorosas obras de talha, adornados
de belos quadros a óleo em tela e em madeira. O altar-mor é ainda digno de menção, porque contém 56 imagens a pinturas de santos, parte das
quais são de grande mérito artístico. As cadeiras dos cónegos, apesar de já muito danifìcadas, são também de notável magnificência.
Em Fevereiro de 1875 foi aberta à exploração a estação telegráfica de Miranda do Douro. Além da igreja paroquial, os seus principais edifícios
são: A Misericórdia, o hospital e o seminário, construído pouco antes da extinção do bispado de Miranda. Dentro e fora da cidade há capelas. A
cidade não tem fontes dentro dos seus muros, mas tem poços. Em 1644 construiu-se uma fonte junto da cidade.
O clima é de tal forma áspero, que é tradicional dizer-se: Em Miranda há nove meses de Inverno e três de
inferno. Os de Inferno são os de Verão, em que o calor se torna verdadeiramente insuportável. No inverno são
frequentes grandes nevadas. Os terrenos são férteis.
O principal comércio do concelho é gado vacum, que constitui a famosa raça mirandesa, gado lanígero,
cereais, vinho, e cortiça, minério, mármores e alabastros. Também constitui grande indústria em Miranda do
Douro o curtimento de couros, e tecidos de saragoças e buréis. Deste pano grosseiro se fazem em Trás-osMontes uns célebres capotes, chamados Honras de Miranda. É uma espécie de gabão, adornado de muitos
recortes, tiras e bordados, e notavelmente extravagante.
Os costumes e usos dos mirandeses são muito característicos. O seu alimento normal é a carne de porco, o pão de centeio, leite, vinho, ovos,
legumes e batatas. Para o aperfeiçoamento muscular da mulher concorre muito o dedicarem-se aos serviços agrícolas, especialmente à arada. A
Mulher mirandesa é activa, humilde, boa serva e inteligente. Mal conhece outras distracções que não seja o trabalho campestre, do tear de linho e
de burel. Em dias de festa vai às cerimónias da igreja, vai ver as danças dos pauliteiros e bailar as abas verde, dança Espanhola em forma de sá
rouge, terminando numa costelada recíproca. A pé ou a cavalo numa burrinha para qualquer sítio que vá, não deixa sempre de fiar linho ou lã.
Usa vestuário despretensioso, e para os trabalhos rurais traz polainas de burel. A saia mirandesa é perfeitamente típica. Fazem-na de tecido de
lã preta (enxerga), com uma infinidade de pregas dispostas uniformemente por tal feitio, que ao andar dão a impressão de um leque em contínuo
abrir e fechar. Usa avental do mesmo tecido (mandil). O colete é em geral de cotim escuro, deixando ver, com certa arte, por entre o cordão que o
aperta em forma de zigue-zague, uma faixa (cinta) que lhe cinge o tronco, e que é escarlate não sendo viúva, pois que nesse caso a faixa é roxa ou
preta. A camisa é de linho com peitilho e colarinho exactamente como os dos homens; diferençam-se na medida em que estas tem pregas e
punhos, e a delas tem manga lisa. Usa arrecadas não grandes, a que chamam africanas.
Dados históricos:
a) Alcaides do Castelo;
b) Governadores;
c) Brasões;
d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese de
Miranda do Douro;
e) Forais.
Dados históricos:
a) Alcaides do Castelo de Miranda
1385 - Pedro Lourenço de Távora - Governou Miranda com o título de Alcaide Mor, foi armado cavaleiro em Aljubarrota por D. João I; fez-se
frade por ter entregado por ludíbrio a praça de Miranda aos Espanhóis;
1466 - Álvaro Pires de Távora - Segundo Alcaide Mor;
1483 - Pedro Lourenço de Távora - Terceiro Alcaide de Miranda e primeiro Senhor de Mogadouro;
1500 - Álvaro Pires de Távora - Quarto Alcaide e segundo Senhor de Mogadouro;
1535 - Luís Álvares de Távora - Quinto Alcaide Mor e que em 1535 fez parte da expedição a Tunis;
1578 - Luís Álvares de Távora - Sexto Alcaide Mor que morreu em Alcácer Quibir em 1578;
1628 - Luís Álvares de Távora - Sétimo Alcaide; fez parte da expedição à Baía de todos os Santos em 1628;
1652 - António Luís de Távora - Oitavo Alcaide; faleceu nesta data;
1672 - Luís Álvares de Távora - Nono Alcaide, Governador da Província de Trás-os-Montes e que muito se notabilizou na guerra da
Aclamação;
1721 - António Luís de Távora - Décimo Alcaide, Tenente General de Cavalaria em Trás-os-Montes;
1746 - António Sampaio Melo e Castro Morais Torres de Luizignan - Primeiro Conde de Sampaio, Alcaide Mor de Miranda, General de
Cavalaria e Governador das Armas de Trás-os-Montes;
1813 - Manuel António de Sampaio Melo Morais Torres de Luizignan - Primeiro Marquês e Segundo Conde de Sampaio, Alcaide de Miranda e
Inspector Geral de Cavalaria.
Dados históricos:
b) Governadores
1690 - João Ferreira Sarmento Pimentel - Fidalgo da casa real, capitão de volantes, governador do
forte de S. João de Deus em Bragança e da Praça de Miranda do Douro por 1690;
1710 - Carlos Pimentel - Que vendeu a Praça de Miranda do Douro aos Castelhanos por 6.000
dobrões em 1710;
1737 - Diogo de Morais Pimentel;
1807 - Manuel Alves de Faria - Governador de Miranda e tenente coronel de infantaria de 1807 a
1815;
1818 - Pedro Guerra Rebelo - Governador interino de Miranda;
1834 - Canavarro - Governador da Praça de Miranda, absolutista, e que a entregou traiçoeiramente
aos liberais em 1834.
Dados históricos:
c) Brasões
Material:
Granito
Descrição:
[de prata]; uma cruz alesada [de vermelho]
Datação:
Séc. XVIII
Tipo de Escudo
Coroa real com cartela de fantasia rodeada de uma corrente
Material:
Granito
Descrição
Escudo real; [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete
carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho]
carregada de oito castelos [de oiro]
Datação:
Séc. XVII
Tipo de Escudo:
Manuelino. Coroa real aberta.
Material:
Granito
Descrição
Escudo real: [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete
carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho]
carregado de sete torres [de oiro].
Datação:
1604
Tipo de Escudo:
Peninsular. Coroa real aberta.
c) Brasões cont.
Material:
Granito
Descrição:
Escudo real: [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete
carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho]
carregado de sete castelos [de oiro].
Datação:
Séc. XVI.
Tipo de Escudo:
Manuelino. Coroa real aberta.
Material:
Granito
Descrição:
De … cinco chagas 2, 2, 1; sotopostas duas chaves passadas em aspa: os seus
palhatões voltados para a ponta. Heráldica franciscana.
Datação:
Séc. XVIII
Tipo de Escudo
Fantasia.
Material:
Granito. Leitura epigráfica:ED. AR DE BUIÇA
CAVALRº FIDALGº
DO ABITO DE XRº
E SEVS RDEIROS
1609
Descrição:
Esquartelado: primeiro e quarto de ... uma árvore sobre a qual pousa uma águia
cevada, boi passante: bordado carregada de oito aspas; no segundo e terceiro
quartel ...; uma torre torreada.
Timbre: Uma águia cevada. Paquife. de perfil padextra. Sotoposta ao escudo uma
cruz de Cristo.
Datação:
1606
Tipo de Escudo
Peninsular
c) Brasões cont
Material:
Granito. Leitura epigráfica: S. P
DE MANVEL
DE CARVALHO
CONEGO D. RAL
DESTA SEE DOS SUCESORES DE
SEV MORGADIO
MORREO A 5 DE MARÇO
DE 1657
Descrição:
Esquartelado: no primeiro; [de vermelho], com uma torre [de prata], aberta e iluminada
[de negro], acompanhada de cinco flores-de-lis [de prata], três em chefe e uma em
cada flanco; no segundo as armas da família Freire: [de verde], com banda [de
vermelho], perfilada [de ouro], abocada por duas cabeças de serpe do mesmo; o
terceiro e quarto quartel de dificil interpretação.
Chapéu eclesiástico com cordões com seis borlas, correspondentes à dignidade
episcopal.
Datação:
1657
Tipo de Escudo:
Peninsular
Material:
Granito.
Leitura epigráfica: AQUI JAZ
FRANCISCO DE
VELAZQUEZ
MESTRE QUE FOI
DESTA SE
1576
Descrição:
de ...; uma torre, aberta, iluminada e lavrada, na bordadura carregada de nove cruzes
postas em aspa.
Datação:
1576
Tipo de Escudo
Peninsular.
c) Brasões cont
Material:
Granito.
Leitura epigráfica: ANNO DE 1799
SEPª PORPETª
DOS FILHOS E HERDEIRºS DEIGNº
THEDº ROIS DE S.TA MARTA SO
ARES E DE SUA MULHER D. Mª BERNDA
IZABEL DE MORAIS SARM.Tº COMO FILHA M.
Tº DE Dº NA SVA CAZA
E AQUELE IVIS DE FORA QU1E
FOI NESTA CIDADE CORREF.OR
E PROVEDOR NA COM.CA SVPIR
ENTENDE.E G.AL ACTVAL DOS TA
BACOS SABONS E ALFANDA.A
DESTA PROV.A
Descrição:
Esquartelado: no primeiro: .... no segundo as armas da família Morais: partido: [de
vermelho], com uma torre [de prata], aberta, iluminada e lavrada [de negro], coberta [de
ouro], e rematada por uma bandeira [de prata], [assente sobre um rio de prata, aguado
de azul]; no terceiro as armas da família Mota; [de verde], com cinco flores-de-lis [de
ouro], postas sautor; no quarto quartel as armas da família Sarmento; [de vermelho] com
treze
besantes
[de
ouro]
postos
3,
3,
3,
3
e
1.
Timbre: leão aleopardado. Coronel de nobreza assente sobre o timbre.
Datação:
1799
Tipo de Escudo:
Fantasia
Material:
Granito
Descrição:
partido: o primeiro cortado: de uma águia, o segundo: três flores de lis; no segundo ...,
um castelo acompanhado de dois leões.
Timbre:
águia
do
escudo.
elmo
de
perfil
para
a
dextra.
Paquife, Correia e fivela.
Datação:
Séc. XVIII
Tipo de Escudo
Peninsular
Dados históricos:
d) Bispos da Diocese de Miranda
D. Turíbio Lopes
1545 - 1554
D. André Furtado de Mendonça
1672 - 1676
D. Rodrigo de Carvalho
1555 - 1559
D. Frei José de Lencastre
1677 - 1681
D. Julião d' Alva
1560 - 1570
D. Frei Lourenço de Castro
1681 - 1684
D. António Pinheiro
1575 - 1579
D. Frei António de Santa Maria
1685 - 1688
D. Jerónimo de Menezes
1581 - 1592
D. Manuel de Moura Manuel
1689 - 1699
D. Manuel de Seabra
1593 - 1595
D. João Franco de Oliveira
1701 - 1715
D. Diogo de Sousa
1599 - 1608
D. João de Sousa Carvalho
1716 - 1737
D. D. José de Melo
1609 - 1611
D. Diogo Mendes Morato
1739 - 1749
D. Jerónimo Teixeira Cabral
1611 - 1614
D. Frei João da Cruz
1750 - 1756
D. João da Gama
1615 - 1617
D. Frei Aleixo de Miranda Henriques - O de triste
1758 - 1770
memória
D. Frei Francisco Pereira
1618 - 1621
D. Manuel de Vasconcelos Pereira
1771 - 1773
D. Frei João de Valadares
1621 - 1627
D. Miguel António Barreto de Menezes
1773 - 1780
D. Jorge de Melo
1628 - 1636
Dados históricos:
e) Forais
Se as tradições honram as localidades e dão direito ao respeito dos outros, elas não faltam a Miranda do douro. Tem história e pergaminhos,
títulos de nobreza
D. Afonso Henriques contou com ela na fundação da Nacionalidade, dando-lhe foral a 19 de Novembro de 1136, depois confirmado por D.
Afonso II em 1217; vê-se desse foral a importância militar que lhe é atribuída, a missão de que é encarregada, derivada da sua posição fronteiriça
e estratégica, sendo, por isso fortificada. Essa importância foi crescendo por necessidade de defesa e alargamento da monarquia incipiente, o que
exigiu homens, povoadores, e para isso lhe outorgaram privilégios novos.
D. Diniz, em 8 de Dezembro de 1286, deu-lhe novo foral, definiu-lhe o termo, isto é, as terras da sua jurisdição, confinando com o Douro, com
terras de Alcanices (Leão), Bragança e Algoso; é o termo de Miranda, a terra Mirandesa e do seu dialecto.
É de notar que este rei providenciou sobre as suas visitas a Miranda, onde esteve, alargou e reformou as fortificações, conservou-a para a
coroa, pois se comprometeu a não dar a rico-homens ou prestameiros, como convinha a vila fortificada, chave da defesa e guarda avançada
contra o reino de Leão.
Efectivamente nas guerras de D. Fernando, fim da 1.ª Dinastia, e nas de D. João I, principio da segunda, Miranda e seu termo sofreram
incursões, saques, danos e despovoamentos, que determinaram as instituições dos coutos de homiziados.
No reinado de D. Manuel I alcançou Portugal o Zenith do poderio pela descoberta de novos mundos e fundação do Império da Índia. D. Manuel
pôde juntar ao titulo de Rei de Portugal e dos Algarves os de além mar, pois o seu senhorio se espalhava pela África, pela Ásia, pela Índia. E
enquanto se alargavam os domínios ultramarinos, procedia-se na metrópole à revisão administrativa, reformando-se e unificando-se os forais. Foi
assim que a Miranda foi dado novo foral em 1 de Junho de 1510 para substituir o de D. Dinis. As conquistas ultramarinas deram sossego interno à
península e, por isso, as fortalezas fronteiriças puseram as armas no descanso.
e) Forais cont
Ao período heróico e dos grandes feitos cantados nos «Lusíadas», sucede o período da piedade, o da salvação da alma, representado pela
religiosidade de D. João III. Este rei preocupa-se com a salvação da sua alma, da dos súbditos e deixa arruinar o império fundado com tanto esforço
e sangue!
Mas Miranda engrandeceu-se com esse sentimentalismo, pelo que tem de agradecer a esse rei a sua grandeza. Foi D. João III que pediu a
criação da diocese de Trás-os-Montes, com sede em Miranda, porque a de Braga era muito extensa, impossível de ser convenientemente visitada, e
os povos sofriam espiritualmente.
O Papa Paulo III atendeu e criou a diocese de Miranda pela Bula de 22 de Maio de 1545 e, pouco depois a carta régia de 10 de Julho do mesmo
ano de 1545 eleva-a à categoria de Cidade com as honras, privilégios e liberdades das outras cidades do Reino.
O 1.º Bispo foi D. Toríbio Lopes, confessor e do séquito da rainha D. Catarina, que entrou por Miranda, primeira terra portuguesa que pisou. Esta
circunstância e a de ser uma praça forte, a beleza dos edifícios, a população numerosa, como diz a bula, os serviços prestados, como diz a carta
régia, o ser realenga, alojar os reis, como D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João II, ainda príncipe, quando se dirigia a Toro, D. Catarina, como se
disse, é que lhe deram preferência para sede de um novo bispado. Era a mais importante de Trás-os-Montes. Nela podia-se hospedar a corte. D.
Pedro, o justiceiro, se é verdadeira a tradição, hospedara-se no Castelo, quando foi fazer justiça ao alcaide de Algoso.
A construção da Catedral começou em tempo do 1.º bispo, que obteve dinheiro para isso e colocou-se a primeira pedra no dia da trindade de
1553 (?).
O patriotismo dos mirandeses evidenciou-se nas ocasiões de perigo. Na guerra da Independência declarou-se logo por D. João I e foi tomada por
traição; à morte do Cardial-Rei levantou grito por Prior do Crato, D. António, vindo a entregar-se a Filipe II, por corrupção exercida por este, como é
da história; na guerra da Restauração (27 anos de guerra) o patriotismo mirandês, do cabido, do clero, só mereceu elogios, pois providenciou sobre
defesa, dando dinheiro, armando e pagando tropas, requisitando artilharia para o Castelo, que a ela foi adaptado por ordem de D. João IV.
Na guerra de sucessão de Espanha, em que nos meteram, os Espanhóis entraram na praça por traição, pois o governador, Carlos Pimentel, a
vendeu por 6.000 dobrões em 1710 e foi libertada em 1711 pelos Portugueses. Morreu o filho do traidor e este andou pela Espanha escarnecido e
abandonado
É certo que se ama a traição e se aborrece o traidor!
Era de Vimioso. Ainda bem que não era Mirandês!
Na guerra dos sete anos, 1762, foi outra vez cercada pelos espanhóis. Durante o cerco e quando a artilharia do Castelo atirava aos sitiantes, deuse a explosão de 1.500 arrobas de pólvora, que abriu brecha, destruiu a Torre de Menagem, arruinou as outras obras, sepultou 400 pessoas, ouviuse a 3 léguas de distância, e abalou edifícios da Cidade.
ÍNDICE
• Introdução;
IV -O diabo e a abóra;
• História do Concelho;
V - O burro;
• Dados históricos:
VI - A morte do burro;
a) Alcaides do Castelo;
VII - O lobo arrependido;
b) Governadores;
c) Brasões;
d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese
de Miranda do Douro;
4) Quadra/Orações;
• Cantiga;
• Tradições:
1) Usos e costumes;
e) Forais
2) Instrumentos musicais;
• O “Mirandês” como 2ª língua:
3) Folclore;
a) Etnografia;
4) Artesanato;
a) Mirandês:
5) Gastronomia;
1) Mês/dia;
2) Números;
3) Contos:
I - Comer sem pagar;
II - O galo e a raposa;
III - O mocho e a galinha;
6) Raças tradicionais;
• Fotografias :
a)Antigas da cidade;
a)Casas típicas
a)“Rio Douro”
• Fim da Apresentação.
O “Mirandês”
como 2ª língua oficial de Portugal
a) Etnografia;
b) O “Mirandês”.
a) Etnografia
Outra língua
Em terra de boas e ricas tradições, num canto do Nordeste português, fala-se uma língua com um corpo
gramatical perfeito (fonética, fonologia, morfologia e sintaxe próprias) que, sem ser portuguesa, vem do tempo da
formação de Portugal M (século XII): é o Mirandês ou língua mirandesa
De raiz latina (latim falado no Norte da Península Ibérica) e fazendo parte do grupo dos dialectos leoneses,
manteve-se, até hoje, por ter vivido à margem desse grupo linguístico e do país a que pertence (acasos da História
e entraves geográficos). Em finais do século XIX, descrevia-a José Leite de Vasconcelos como "a língua do campo,
do trabalho, do lar, e do amor entre os mirandenses".
Hoje, é usada no dia a dia por 15.000 pessoas das aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias
do concelho de Vimioso, num espaço de 484 km2, estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos
de Vimioso, Mogadouro, acedo de Cavaleiros e Bragança
b) O Mirandês:
1 - Mês/dia;
2 - Números;
3 - Contos:
I. Comer sem pagar;
II. O galo e a raposa;
III. O mocho e a águia;
IV. O diabo e a abóbora;
V. O burro;
VI. A morte do burrinho;
VII. O lobo arrependido.
4- Quadra/Oração;
5 – Cantiga.
b) O “Mirandês”
1 - Mês/dia
Meses do Ano
Dias da Semana
Janeiro
Segunda
Febreiro
Terça
Márcio
Quarta
Abril
Quinta
Maio,
Sesta
Junho
Sábado
Julho
Deimingo / Demingo
Agosto
Setembre
Outubre
Nobembre
Dezembre
b) O “Mirandês”:
2 - Números
1 - Un, Una
11 – Onze
100 - Cien
2 - Dous, Dues
12 – Doze´
200 - Duziêntos
3 - Trés
13 – Treze
300 - Treziêntos800 - Uito ciêntos
4 - Quatro
5 - Cinco
14 – Catorze
15 – Quinze
400 - Quatro ciêntos
500 - Cinco ciêntos / Quenhiêntos
6 - Seis
16 – Dezasseis
8 - Uito
17 – Dezassiête
700 - Siête ciêntos
7 - Siête
18 – Dezuito
900 - Nuôbe ciêntos
9 - Nuôbe
19 – Dezanuôbe
1 000 – Mil
600 - Seis ciêntos
1 000 000 - Milhon
10 - Dieç
21 - Bint'i un, Bint'i u)a
20 - Binte
22 - Bint'i dous, Bint'i dues
30 - Trinta
23 - Bint'i trés
40 - Quarenta
24 - Bint'i quatro
50 - Cinquenta
25 - Bint'i cinco
60 - Sessenta
26 - Bint'i seis
70 - Setenta
27 - Bint'i siête
80 - Uitenta
28 - Bint' uito
90 - Nobenta
29 - Bint'i nuôbe
b) O “Mirandês”
3- Contos:
I.
Comer sem pagar;
II.
O galo e a raposa;
III. O mocho e a águia;
IV. O diabo e a abóbora;
V.
O burro;
VI. A morte do burrinho;
VII. O lobo arrependido.
Comer sien pagar
Era ua beç dous homes que benien por un
camino alantre. Yá habien andado un die anteiro sien
comer. Apuis de tanto andar, era pula tardesquita, ne
berano, i inda fazie muita calma. Chigórun a un lhugar
chenos de fame i de sede tamien, i antrórun nua
taberna eili a la antrada daquel lhugar. Nun traien
denheiro nien un nien outro, mas cumo tenien tanta
fame, mandórun benir ua posta i ponírun-se a comê-la
i mandórun benir para cada un sou quartilho de bino i
iban bubendo uas pingas.
Apuis que comírun i bubírun, yá quedórun bien
caliêntes, mas cumo nu tenien denheiro, nun sabien
cumo se habien de scapar sien pagar.
Era no berano. I bai un, fizo que le habie mordido ua
mosca no cachaço i botou-se a fugir pa la rue a toda la
priêssa i l outro tamien.
Apuis que se apanhórun na rue, botórun-se a fugir pul
camino alantre. Quando yá iban algo longe de la
taberna, la tabarneira saliu a la rue toda assustada,
porque bie que ls homes se habien scapado sien
pagar.
I anton ampeçou-le a bozear:
Eh!... Ah tius de la mosca!... Ah tius de la mosca!...
Moscai para cá!...I ls homes cada beç fugien mais...
— Ah tius de la mosca!... Ah tius de la mosca! Moscai
para cá!...
I ls homes arrespundírun-le:
— Si... mas se la mosca ben dalhá!...
Comer sem pagar
Era uma vez dois homens que vinham por um
caminho adiante. Já tinham andado o dia inteiro
sem comer. Depois de tanto andar, era pela tarde,
no verão, estava um dia calmo. Chegaram a um
lugar cheios de fome e também de sede, e
entraram numa taberna ali na entrada do lugar.
Não traziam dinheiro nem um nem o outro, mas
como tinham tanta fome, mandaram vir uma posta
(posta de carne Mirandesa) e puseram-se a comela e mandaram vir para cada um quartilho de vinho
e iam bebendo umas pingas.
Depois de comerem e beberem, já estavam bem
quentes, mas como não tinham dinheiro, não
sabiam como se haviam de escapar sem pagar.
Era no Verão. E vai um fez como se uma mosca
lhe tivesse mordido no pescoço e deitou-se a
correr para a rua com toda a pressa e o outro
também.
Depois de se apanharem na rua, puseram-se a
fugir pelo caminho. Quando já iam longe da
taberna, a taberneira saiu a rua toda assustada,
porque viu que os homens tinham escapado sem
pagar.
E então começou a gritar:
Eh!... Ah tios da mosca!... Ah tios da mosca!... fugi
da mosca para cá!... E os homens cada vez fugiam
mais...
Ah tios da mosca!... Ah tios da mosca!...
fugi da mosca para cá!...
E os homens responderam-lhe:
- Sim... mas a mosca vem daí!...
L galho i la raposa
Era ua beç un galho que quijo passar la nuite nun
galho dun sobreiro, a la borda de un camino, alhá pa
Funte-Lhadron.
Quando chigou la purmanhana, passou alhi ua raposa,
pul camino.
La raposa tenie fame i andaba a saber de l que habie
de cumer. Oubiu l galho a cantar no sobreiro i fui-se
alhá. Ampecórun anton a tocar a missa uas campanas,
aposta que an Funte-Lhadron, an Mora, ou an
Palaçuôlo.
Stando a tocar a missa, diç la raposa pa l galho:
— A cumpadre galho, anton que stais ende a fazer?
— Oh! pus stou eiqui a ber quien passa.
— Bós nun oubis: diç la raposa, stan a tocar a missa,
home, andai dende!... Abeixai dende i bamos a eilha!...
I arresponde l galho:
— Pus si, comadre raposa, asperai un pouquito, i
anquanto you abaixo, stan a chigar ls perricos de l cura,
que bénen yá eili, i apuis bamos todos!...
— Ah cumpadre galho! — arresponde la raposa, mui
assustada i ampeçando a correr — deixai-me que tengo
muita priêssa, bou-me you sola delantre, que yá stá l
cura a spêra, de balde, até lhougo!...
I la raposa scapou-se a fugir, que nien siête galgos la
agarrában.
O galo e a raposa
Era uma vez um galo que quis passar a noite num
galho dum sobreiro, a beira dum caminho, lá para
Fonte-Ladrão.
Quando chegou a manha, passou por ali uma raposa,
pelo caminho.
A raposa tinha fome e andava a saber o que havia
para comer. Ouviu o galo a cantar no sobreiro e foi
lá. Começaram a tocar os sinos para a missa, aposta
que em Fonte-Ladrão, em Mora, ou em Palaçoulo.
Estando a tocar para a missa, disse a raposa para o
galo:
— Ah compadre galo, então o que estais ai a fazer?
— Oh! pois estou aqui a ver quem passa.
— Vós não ouvis: disse a raposa, estão a tocar para a
missa, homem, andai dai!... Descei e vamos lá!...
E responde o galo:
— Pois sim, comadre raposa, esperai um pouco, e
enquanto eu desço, estão a chegar os cães do padre,
que vêm já ali, e depois vamos todos!...
— Ah compadre galo! — responde a raposa, muito
assustada e começando a correr — deixai-me que
tenho muita pressa, vou-me andando sozinha, que já
está o padre a espera, de balde, até logo!...
E a raposa escapou-se a fugir, que nem sete galgos a
agarravam.
L moucho i la águila
Era ua beç ua moucha que tenie uns mouchicos mui feios, mui feios, no
niu, nun buraco dua faia.
Tenien pêlo malo que parecien ratos, tenien ls uôlhos mui feios cumo ls
uôlhos de mocho, las alas sien prumas... éran todos çfarrapados.
Bai un die, biu benir ua águila pur aquel sítio i pousou eili nun picon, onde la
moucha tenie l niu.
I bai la moucha fui-se para an pie de la águila i diç-le assi:
— Ah águila, mira bou-te a pedir un fabor!
— Pus tu dirás! Arrespondiu la águila.
— Se un die achares no niu uns páixaricos pequeninos, mui lindos cun ls
biquitos mui bien feitos, i las prumas mui relhamposas, i ls uôlhicos mui listos,
i las cabecicas mui redondicas, nun ls comas, nó! Yê que son mius
filhos! Dixo la moucha.
Pus stá bien, arresponde la águila.
Soutordie, staba la águila no mesmo picon i sentiu piar uns páixaricos eili
naqueilha fraga, nun buraco.
La águila achigou-se al buraco onde piában ls páixaros i bei anton cinco
páixarotes mui feios, mal feitos, cula la cabeça quadrada, ls uôlhos
arregalados, las alas znudas i cun pêlo de rato no lhombo. I diç assi:
Ui!... que páixarotes tan feios eiqui stan, bou a comê-los!
I papou-los todos. De cada bicada, papaba sou. Nun instante ls papou!
Deili a un rato, ben-te la moucha cun un lhagartico no bico de çubiaco pal dar
a comer als sous mouchicos. Bai-se al niu a saber de ls filhos i... achou l
sítio... Yá alhá nun stában.
Atirou cun l çubiaco la fraga abaixo i bai-se a a tener cun la águila chorando:
- Ah comadre papona, anton dixe-bos que se algua beç achássedes un niu
cun uns páixaricos mui lindos, culs biquitos mui bien feitos, las prumas mui
relhamposas, ls uôlhicos mui listos i las cabecicas mui redondicas, que nunca
ls comírades, i agora bou a ber i comistes-me-los!... Éran mius filhos!...
- Nó, moucha, isso nun yê assi cumo tu dizes!... Arrespondiu la águila. You
achei un niu cun uns páixarotes mui feios, mui feios: tenien la cabeça
quadrada, ls uôlhos arregalados, i las alas znudas, ls bicos tuôrtos i ls
lhombos cubiertos cun pêlo de rato, i esses si ls comi.
Se éran esses ls tous filhos, houbiras-me lhougo dito la berdade!...
O mocho e a águia
Era uma vez um fêmea de mocho que tinha os filhos muitos feios,
muito feios, no ninho, num buraco de uma faia.
Tinham pelo feio até pareciam ratos, tinham uns olhos muito feios como os
olhos de mocho, as asas sem penas... estavam todos esfarrapados.
Certo dia, viu vir uma águia para aquele sitio e pousou ali num picão, onde
a fêmea de mocho tinha o ninho.
Então a fêmea do mocho foi para junto da águia e disse-lhe assim:
- Ah águia, olha vou-te pedir um favor!
- Diz lá! Respondeu a águia.
Se um dia encontrares um ninho uns passarinhos pequeninos, muito lindos
com os biquinhos muito bem feitos, e as penas muito brilhantes, e os
olhinhos muito abertos, e com cabecinhas muito redondinhas, não os
comas, não! É que são meus filhos! Disse a fêmea do mocho.
Pois está bem respondeu a Águia.
Certo dia, estava a águia no mesmo picão e sentiu piar uns passarinhos ali
naquela fraga, num buraco.
A águia aproximou-se do buraco onde piavam os pássaros e vé então
cinco passarinhos muito feios, mal feitos, com a cabeça quadrada, os olhos
arregalados, as asas nuas e com pelo de rato no lombo. E disse assim:
Ui!... que passarinhos tão feios que aqui estão, vou come-los!
E comeu-os todos. A cada bicada comia seu. Num instante os comeu!
Dali a um bocadinho, vem a fêmea do mocho com um pequeno lagarto no
bico para dar de comer aos seus filhotes. Vai ao ninho procurar os seus
filhos e ... encontrou o sitio... já lá não estavam.
Atirou com o alimento que transportava no bico fraga abaixo e vai chorando
ter com a águia:
- Ah comadre comilona, então eu disse-vos que se alguma vez
encontrasses um ninho com uns passarinhos muito lindos, com os
biquinhos muito bem feitos, as penas muito brilhantes, os olhinhos muito
arregalados e as cabecinhas muito redondinhas, que nunca os comerias, e
agora vou ver e comeste-mos!... Eram meus filhos!...
- Não, fêmea de mocho, isso não é assim como tu dizes!... Respondeu a
águia. Eu achei um ninho com uns pássaros muito feios, muito feios:
tinham a cabeça quadrada, os olhos arregalados, as asas nuas, os bicos
tortos e os lombos com pelo de rato, e esses sim que os comi.
Se eram esses os teus filhos, deverias ter-me dito logo a verdade!...
L diabro i la bóbeda
Ua beç l diabro, bestido de probe, fui-se a pedir smola an casa
dun rico. Batiu a la puôrta i ben la criada i dixo-le al probe que
antrasse. Era no berano i fazie muita calor.
Preguntou-le al probe se querie caldo i el dixo que si.
Trouxo-le anton ua palanganada de caldo de bóbeda, mas staba mui
caliênte i l diabro a la pormeira colharada que metiu na boca, scaldouse i dou un berro.
Biêno anton la criada abaixo i preguntou-le quei tenie. I l diabro
arrespundiu:
- Oh minha senhora, o caldo sta mui caliênte.
- Oh! isso não é do caldo é da bóbeda! O caldo de abóbora queima
sempre, arrespondiu la criada.
- Anton dá-me uma para o inverno, que eu tenho pouca roupa, e é
para me aquecer!... arrespondiu l diabro.
Bai anton la criada dá-le ua bóbeda al probe...
Alhá se bai l diabro todo cuntento, cun sue bóbeda pal eimbiêrno.
Guardou-la mui guardada, antre uas silbas, porque l diabro ni ten
casa.
Quando biêno anton l eimbiêrno, ampeça-te un die a fazer friu i a gilar
cun toda la fuôrça, i apuis atrás de la gilada biêno ua nebada mui
grande, mui grande — de siête quartas.
Lhembrou-se l diabro anton de la bóbeda que tenie guardada antre las
silbas, alhá nas Peinhas-Negras i fui-se alhá cheno de friu a meter ls
pies na bóbeda.
Cunsante metiu ls pies na bóbeda, pa ls calcer, dou un berro i diç assi:
Ora esta! Cuidaba you que era tan spiêrto i deixei-me anganhar dua
bóbeda!...
I acabou-se.
O diabo e a abóbora
Uma vez o diabo, vestido de pobre, foi pedir esmola a casa de
um rico. Bateu a porta e veio a criada que disse ao pobre que
entrasse. Era no verão e fazia muito calor.
Perguntou ao pobre se queria sopa e ele disse que sim.
Trouxe-lhe então uma malga de sopa de abóbora, mas estava
muito quente e o diabo na primeira colherada que meteu na boca,
queimou-se e deu um grito.
Veio então a criada ao andar de baixo e perguntou-lhe o que
tinha. E o diabo respondeu:
- Oh minha senhora, a sopa está muito quente.
- Oh! Isso não é o da sopa é da abóbora! A sopa de abóbora
queima sempre respondeu a ciada.
- Então dá-me uma para o inverno, que eu tenho pouca roupa, e é
para me aquecer!... respondeu o diabo.
Vai então a criada e dá uma abóbora ao pobre...
E lá se vai o diabo todo contente, com a abóbora para o Inverno.
Guardou-a muito bem guardada, entre umas silvas, porque o diabo
não tem casa.
Quando veio o Inverno, começou a fazer frio e a gear com toda a
força, e depois da geada veio uma nevada muito grande, mesmo
muito grande.
Lembrou-se o diabo então da abóbora que tinha guardado atrás das
silvas, lá nas Penhas-Negras e foi-se lá cheio de frio para meter os
pés na abóbora.
Consoante meteu os pés na abóbora, para os aquecer, deu um
grito e disse assim:
Ora esta! Pensava eu que era tão esperto e deixei-me enganar por
uma abóbora!...
E acabou-se.
L Burro
O Burro
Era ua beç Nosso-Senhor que habie criado l mundo i
todos ls animales: las cabras, las canhonas, las bacas, ls
cabalhos, ls cochinos, ls perros, ls gatos, ls liones, ls
tigres, ls alifantes, ls ratos, las lhiêbres, ls coneilhos,
buno, todos, todos...
Bai adespuis de ls haber criado, fizo-les passar todos por
an pie del i iba-le ponendo a cada un sou nome:
— Tu sós baca, tu sós bui, tu sós oubeilha, tu sós
carneiro, tu sós cordeirico — dixo pa l rapazico de la
oubeilha — tu sós lion, tu sós cabalho, tu sós jumento,
dixo pa l burro, i tu sós gato, i tu coneilho, i tu cabra, i tu
chibo, i fui assi ponendo a todos l sou nome, até que se
acabórun.
Bai anton l jumento çqueciu-se-le l sou nome. Inda ls
outros animales nun habien acabado de recebir ls sous
nomes i yá l jumento staba a apertar culs outros para que
le deixássen achegar-se a Nosso-Senhor para saber
cumo se chamaba.
Quando anton se achega a Nosso-Senhor, cun cara de
asno a perguntá-le:
— Oh meu divino Mestre, eu cumo me chamo que já se
me esqueceu?
Bai Nosso-Senhor anton puxou-le pulas oureilhas, até que
se quedou cun las oureilhas grandes i dixo-le assi:
— Tu és burro!... que já não te lembras do teu nome.
I apuis l burro quedou-se a chamar burro i siêmpre cun las
oureilhas grandes.
Era uma vez Nosso-Senhor, que criou o mundo e
todos os animais: as cabras, as ovelhas, as vacas, os
cavalos, os porcos, os cães , os gatos, os leões, os
tigres, os elefantes, os ratos, as lebres, os coelhos,
bom, todos, todos...
Depois de os ter criado, mandou-os passar a todos
junto dele e fala-lhe pondo a cada um o seu nome:
— Tu és vaca, tu és boi, tu és ovelha, tu és carneiro, tu
és cordeiro — disse para o filho da ovelha — tu és leão,
tu és cabalo, tu és jumento, disse para o burro, e tu és
gato, e tu coelho, e tu cabra, i tu cabrito , e foi assim
pondo a todos o seu nome, até que se acabaram.
Vai então o jumento esqueceu-se do seu nome. Ainda
os outros animais não tinham acabado de receber os
seus nomes e já o jumento estava a apertar com os
outros para que o deixassem aproximar-se de NossoSenhor para saber como se chamava.
Quando então se aproxima a Nosso-Senhor, com cara
de asno e pergunta-lhe:
— Oh meu divino Mestre, eu como me chamo que já
me esqueci?
Vai então que Nosso-Senhor puxou-lhe pelas orelhas,
até que ficou com as orelhas grandes e disse-lhe
assim:
— Tu és burro!... que já não te lembras do teu nome.
E depois o burro ficou-se a chamar burro e sempre com
as orelhas grandes.
La muorte de l burrico
Nua tarde soalheira de Outunho, l tiu Barnabé caminaba atrás
de sue buiada quando s’ancuntrou cun tiu Antonho Zé, un home de ls
más probes de l llhugar i saluda-lo.
- Dius mos dé buonas tardes!
- Buonas tardes mos dé Dius, respundiu l tiu Antonho Zé, mi
zacaçuado de la bida.
- Anton que cara ye essa, passa-se algua cousa?, preguntou l tiu
Barnabé, cun ar todo cusquebelheiro.
- A bós nin bos passa pula eideia, l que ye la bida dun probe home!
- Oh home, dezi alhá l que bos atrometa?...
- Quiero cumprar un burrico, mas adespuis nun bou a tener que le
dar a quemer!
- Pus cumprai-lo i apuis ansinais-lo a nun quemer. S’aguantar nuobe
dies sin quemer, yá nun se muorre.
L tiu Antonho Zé assi fizo, cumprou l burrico i todos ls dies l’iba a
besitar i parecie-le star bien listo. L quinto die, antrou na loija i
ancuntrou l burrico muorto. Mui zanimado, fui-se lhougo a tener cul
tiu Barnabé i dixo-le:
- Stais a ber la mie pouca suorte, ua çgrácia nunca ben sola!... L
burrico yá se me morriu!
- Nun zanimeis, teneis que tocar la bida pa la frente i se lo soubirdes
aporbeitar bien, nun perdeis todo.
- Cumo assi?
- Pus, oubi bien l que bus bou a dezir:
- De la cabeça fazei ua adega;
- De las oureilhas uas suolas;
- De ls narizes uns furmarizes;
- De ls dientes uns pientes;
- De las costielhas un biendo;
- De l spinaço un serrote;
- De las patas uas baquetas;
- De l culo un subiote;
- De la piel un cobertor;
- De l rabo un batedor.
A morte do burrinho
Numa tarde soalheira de Outono, o tio Barnabé caminhava
atrás da seu gado quando se encontrou com o tio António Zé, um
homem dos mais pobres do lugar e saúda-o.
- Deus nos dê boas tardes!
- Boas tardes nos dê Deus, respondeu o tio António Zé, aborrecido
com a vida.
- Então que cara é essa, passa-se alguma coisa?, Perguntou o tio
Barnabé, com um ar todo coscuvilheiro.
- A vós nem vos passa pela ideia, o que é a vida dum pobre
homem!
- Oh homem, dizei lá o que vos atormenta?...
- Quero comprar um Burrinho, mas depois não vou ter que lhe dar
de comer!
- Pois comprai-o e depois ensinai-o a não comer. Se aguentar nove
dias sem comer, já não morre.
O tio António Zé assim fez, comprou o burrinho e todos os dias o ia
visitar e parecia-lhe que estava bem listo. No quinto dia, entrou na
loja e encontrou o burrinho morto. Muito desanimado, foi-se logo a
ter com o tio Barnabé e disse-lhe:
- Estais a ver a minha pouca sorte, uma desgraça nunca vem só!...
O burrinho já se me morreu!
- Não desanimeis, tendes de tocar a vida para a frente e se o
souberdes aproveitar bem, não perdeis tudo.
- Como assim?
- Pois, ouvi bem o que vos vou dizer:
- Da cabeça fazeis uma adega;
- Das orelhas umas solas;
- Dos narizes uns xxx:
- Dos dentes uns pentes;
- Das costelas uma forquilha;
- Do espinhaço um serrote;
- Das patas umas baquetas;
- Do cu um assobio;
- Da pele um cobertor;
- Do rabo um batedor.
b) O “Mirandês”
4) Quadra/Orações:
Quadra
Orações
Quadra
Se soubisse l Padre Nuosso
Cumo sei cantar cantigas,
Andaba siempre rezando
Pu l'alma de las raparigas.
Quien quejir ir pa l cielo
Nun diga que nun ten tiempo,
Puode andar ne l sou serbício
I cun Dius ne l pensamiento.
Se soubesse o Pai Nosso
Como sei cantar cantigas,
Andava sempre rezando
Pela alma das raparigas.
Quem quiser ir para o céu
Nunca diga que não tem tempo,
Pode andar no seu serviço
I com Deus no pensamento.
You pedi la muorte a Dius,
El dixo que nun me la daba:
Que le pedisse la salbaçon,
Que la muorte cierta staba.
Eu pedí a morte a Deus,
Ele disse-me que não ma dava:
Que lhe pedisse a salvação,
Que a muorte certa estava.
Mie Mai de l cielo balei-me,
Que la de la tierra nun puode:
La de l cielo inda stá biba
La de la tierra lhougo muorre.
Minha Mãe do céu valei-me,
Que a da terra não pode:
A do céu ainda está viva
A da terra logo morre.
Cuquelhadica amarradeira,
Nun te amarres ne l adiles:
Que ls pastores son mi malos,
Puodan-te partir ls quadriles.
Orações
Padre Nosso
Padre nôsso
Que stais ne ciélo,
Santeficado
Sëia l bôsso nome.
Benga a nós outros
El bôsso reino,
Seia feita la bôssa buntade,
Assi na riêrra,
Cumo ne cíelo.
El pã nôsso
De cada díê
Daimos-lo hoije;
Perdonai-mos
Las nôssas díbedas,
Assi cumo nós perdonamos
A los nôssos debedores (ou a qui mos te
öufendido)
I nũ mos deixeis caér
Na tentaçöũ,
Mas lhibraimos del mal.
Amém, Jasus.
Abe Maríe
Salbe Rainha
Abe Naríê,
chena de grácia,
El Senhor stá cu Bós,
Bendita sodes bós,
Antre todas las mulhíêres,
I bendito l fruto
Del bôsso bientre,
Jasus!
Santa Naríê,
Mái de Díus,
Rogai pur nós,
Pecadores,
Agora,
I na hora
d' la nôssa môrte,
Amém, Jasus!
Salbe Raínha,
Maí de mezricórdia,
Bida deçura i sprança nôssa,
Díus Bos salbe!
Pur Bós chamamos,
los desgradados,
filhos d' Eba.
Pur Bós suspiramos,
Gemendo i churanda,
Neste bal de lhágrimas,
Pur isso, Senhora,
Adboada nôssa,
Bolbei, para nós êsses bôssos
ôlhos
Mezricordiosos!
Despuis deste desterro,
Mostrai-mos a Jasus,
fruto bendito del Bôsso bíetre.
Ah! Climente!
Ah! Piadosa!
Ah! doce, siêmpre Birge
Maríê!...
Rogai pur nós Santa Mái de
Díus!
- Para que séiamos dignos d'
alcançar las purmiêssasa de
Cristo;
Amen, Jesus!...
b) O “Mirandês”
5 - Cantiga
La cantiga del Galandum
Mirandum se fui a la guerra
Mirandum se fui a la guerra
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Não sei quando benerá.
Las nobidades que traio
Las nobidades que traio
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Bos ão-de fazer chorar.
Se benerá por la Pascoa
Se benerá por la Pascoa
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Se por la Trenidade.
Tirai las colares de gala
Tirai las colares de gala
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Ponei bestidos de lhuito.
La Trenidade se passa
La Trenidade se passa
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Mirandum num bene iá.
Que Mirandum iá ié muorto
Que Mirandum iá ié muorto
Mirandum, Mirandum, Mirandela
you bien lo bi anterrar
Chubira-se a ua torre
Chubira-se a ua torre
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Para ber se lo abistaba.
Antre quatro ouficiales
Antre quatro ouficiales
Mirandum, Mirandum, Mirandela
Que lo iban a lhebar.
Bira benir um page
Bira benir um page
Mirandum,
Mirandum,
Mirandela
Que nobidades
trairá?
Tradições:
1) Usos e costumes;
2) Instrumentos musicais;
3) Folclore;
4) Artesanato;
5) Gastronomia;
6) Raças tradicionais.
Tradições:
1- Usos e Costumes
Festa dos Rapazes em Constatim – Dezembro
Enquadra-se nos ritos de passagem das festas Solestícias de Inverno com
destaque para: O Carocho em Constatim; A Velha em Vila Chá da Braciosa.
Fogueira Comunitária
No dia 24 de Dezembro a mocidade (rapazes solteiros) fazem a recolha de
lenha para a fogueira da missa do galo da cidade de Miranda.
Serões de Inverno
Cantares dos Reis – Os casamentos de Carnaval, em quase todas as Aldeias do Concelho.
Enterro do Morto – Oferta e Cantares dos Ramos, representação do Teatro Popular – Colóquios
Tradições:
2- Instrumentos Musicais
Gaita de foles (Gaita de fuôlhes)
Instrumento tradicional de riquíssimas tradições, que
emerge da mais ancestral tradição musical mirandesa.
Trata-se de um instrumento de sopro típico desta região
que tem um fole feito, tradicionalmente, de pele de cab
Castanholas de Miranda do Douro
Tradições:
Pauliteiros
3- Folclore
As famosas danças dos Pauliteiros de Miranda são uma vaga
reminiscência das danças pírricas dos guerreiros da Grécia antiga.
Imprevista, variada e colorida, a coreografia exige grande destreza
dos dançarinos. É, na verdade, uma dança essencialmente
guerreira e a sua origem não é certamente nova. Ela é tão velha
como o Homem na Península Ibérica. Em mangas de camisa oito
homens rudes trazem flores nos chapéus de largas abas, nas
costas e nos ombros, encanastrados, fitas de várias cores
berrantes. Cada uma representa uma flor: a vermelha, uma rosa, a
azul, uma violeta, a branca, uma açucena e a amarela representa
o rei. Em cada mão um pau grosso como cabo de martelo, curto
como batuta. Avançam, como se caminhassem em campo vasto, à
frente de um exército e a dança rompe num arranco de corações
em fogo
Danças mistas regionais
Tradições:
4 – Artesanato:
Trabalhos em madeira, verga e ferro forjado
Os trabalhos são feitos por artesãos, fazendo-se miniaturas de arados, rocas,
carros de bois e outros objectos tradicionais da zona
Cutelarias
“Facas de Palaçoulo” - facas maravilhosas, em vários formatos para uso culinário. Para além de que um Transmontano típico traz
sempre este acessório como se mais uma peça de roupa se tratasse.
Colchas e tapetes em lã e linho
Através dos tempos as mulheres aprenderam a transformar a lã dos rebanhos em
cobertores, meias, capuchas e tapetes. As suas mãos experientes, teciam, bordavam e
moldavam cestos e chapéus de palha e vime. Aos homens estiveram sempre reservadas
as tarefas mais duras, as matérias mais rudes. A latoaria, a olaria, a tanoaria, a correaria, a
tamancaria ocupavam as horas e os dias do homem do Douro ao mesmo tempo pastor e
agricultor. Nas aldeias e vilas, as casas, as pontes, as calçadas são feitas de granito e xisto
moldado por gerações de habitantes que perpetuaram na história os seus saberes e artes
Capas de Honra
Feita de burel, ricamente bordada, com capuz e uma espécie de pala nas costas, claramente inspirada na liturgia capa de asperges
gótica, e que é envergada por homens importantes
Tradições:
5 – Gastronomia:
A gastronomia caracteriza-se, quer pela elevada qualidade dos produtos que utiliza, quer pela relativa simplicidade dos processos de elaboração
Posta Mirandesa
Nas feiras de onde é originária, era apenas assada na brasa, temperada com sal e comida com pão típico
da região.
Hoje em dia esse belíssimo naco de vitela assada, que pode ser encontrada nos principais restaurantes
da região. É um enorme, tenro e delicioso naco de carne, servido com batata a murro numa simbiose
perfeita
.
Folar de Carne
É da abundância de fumeiro que resulta por ocasião das festas Pascais o “Folar” – pão de ovos recheado
de enchidos.
Bola Doce Mirandesa
Outros
Enchidos regionais (fumeiro), encontrando-se o presunto, as alheiras (também designadas de tabadeias), o
salpicão e o butelo, entre os mais afamados representantes.
Menos conhecida, são as cascas ou casullas, prato elaborado à base de vagens secas de feijão sujeitas a
cozedura prolongada, que constituem um excelente acompanhamento de Inverno, principalmente para os butelos.
Caça e Pesca
Perdiz; Coelho; Lebre; Javali; Rola.
Lagostim de água doce; Carpa; Barbo.
Tradições:
6 – Raças tradicionais:
Raça Mirandesa
A raça bovina mirandesa é a mais notável de Portugal pelas
suas aptidões de trabalho, de engorda e de reprodução, e
ainda por ser a que apresenta exemplares mais finos,
elegantes e bem proporcionados em todos os seus membros.
O boi mirandês de raça fina deve ter segundo se diz na
região:
três pequenos - cabeça, testa e agulha;
três grandes - meleneira, pelindrengues e estriga de rabo;
três curtos - focinho, pescoço e perna;
três largos - tromba, nuca e «nalgas»;
e três direitos - espinhaço, cana do nariz e perna.
Burro mirandês
O burro mirandês é uma raça com características singulares que
se encontra em vias de extinção, restam apenas cerca de mil
exemplares. Isto levou a que a União Europeia (UE) a considere
“raça protegida”.
Actualmente está a ser utilizado na terapia de crianças com
problemas especiais. A experiência desenvolvida numa aldeia
de Miranda do Douro começa a dar frutos, principalmente no
que toca à relação dos mais novos com o exterior.
Fotografias:
a) Antigas da cidade;
b) Casas típicas;
c)
“Rio Douro”.
Fotografias:
a) Antigas da Cidade;
Fotografias:
b) Casas Típicas;
Fotografias:
c) “Rio Douro”.
Fim da apresentação
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Miranda do Douro