ÍNDICE • Introdução; IV -O diabo e a abóra; • História do Concelho; V - O burro; • Dados históricos: VI - A morte do burro; a) Alcaides do Castelo; VII - O lobo arrependido; b) Governadores; c) Brasões; d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese de Miranda do Douro; 4) Quadra/Orações; • Cantiga; • Tradições: 1) Usos e costumes; e) Forais 2) Instrumentos musicais; • O “Mirandês” como 2ª língua: 3) Folclore; a) Etnografia; 4) Artesanato; a) Mirandês: 5) Gastronomia; 1) Mês/dia; 2) Números; 3) Contos: I - Comer sem pagar; II - O galo e a raposa; III - O mocho e a galinha; 6) Raças tradicionais; • Fotografias : a)Antigas da cidade; a)Casas típicas a)“Rio Douro” • Fim da Apresentação. Introdução “Miranda do Douro” – A minha cidade que gostaria de lhes apresentar. As armas concedidas a Miranda por D. João III, em 10 de Julho de 1545, quando eleva a cidade, a vila de D. Dinis, eram um castelo tendo ao centro a lua em quarto crescente e com as pontas viradas para baixo. Queria isto dizer que Miranda era praça de armas, significando o crescente o desejo de a ver engrandecida cada vez mais, já que a sua Igreja de Santa Maria fora elevada a Sé por bula de 22 de Maio daquele ano. De ouro, com um castelo de vermelho, aberto e iluminado de prata, rematado por um crescente invertido, também de vermelho. Coroa moral de prata, de cinco torres. Liste branco com os dizeres "CIDADE DE MIRANDA DO DOURO". O ouro indicado para o campo é o metal mais rico em heráldica e significa fidelidade, constância e poder. O castelo e crescente são de vermelho por ser o esmalte que significa vitória, ardis e guerra. E o castelo aberto e iluminado de prata porque é o metal que significa humildade e riqueza. Mensagem de Boas Vindas – da Câmara Municipal Miranda do Douro, Cidade da província de Trás-os-Montes, sede de concelho e do distrito de Bragança. Está situada na parte mais meridional da província, sobre a margem direita do rio Douro, que a separa da província de Leão, Espanha, em terreno montanhoso e acantilado. Diz o padre António Carvalho da Costa, Coreografia Portuguesa, com outros escritores Portugueses que Miranda foi uma cidade importantíssima no tempo dos romanos, que lhe deram o nome de Conticum, depois de Paramica, e por fim de Seponcia História do Concelho Miranda do Douro, Cidade da província de Trás-os-Montes, sede de concelho e do distrito de Bragança. Está situada na parte mais meridional da província, sobre a margem direita do rio Douro, que a separa da província de Leão, Espanha, em terreno montanhoso e acantilado. Diz o padre António Carvalho da Costa, Coreografia Portuguesa, com outros escritores Portugueses que Miranda foi uma. Cidade importantíssima no tempo dos romanos, que lhe deram o nome de Conticum, depois de Paramica, e por fim de Seponcia. Conquistada pelos Árabes em 716, estes deram-lhe o nome de Mir-Andul, que depois se corrompeu no actual de Miranda. Com as guerras entre os Lusitanos e os Árabes foi esta cidade tomada e destruída, de forma que no tempo do conde D. Henrique, estava em completo estado de ruína e quase deserta. Foi nesta miserável situação que D. Afonso Henriques a encontrou, o qual vendo a importância militar e estratégica deste ponto, não só como por ser fronteiro aos turbulentos Leoneses, com quem teve várias encarniçadas lutas, tratou de a tomar uma praça de guerra, construindo-lhe um forte Castelo e uma pequena cerca de muralhas, em 1136; nesse mesmo ano, a 9 de Novembro, lhe deu foral com muitos privilégios, sendo um dos principais o de ser couto do reino ou de homiziados, para atrair mais facilmente povoadores. Este foral e seus privilégios foram depois confirmados em Coimbra, por D. Afonso, no ano de 1217. Convidados pelos amplos privilégios e isentos do seu foral, a população foi crescendo tanto em torno do castelo, que o mesmo D. Afonso Henriques, ou seu filho D. Sancho I, mandou construir uma outra cerca de muralhas, defendidas por algumas torres e torreões. Quando El Rei D. Dinis subiu ao trono em 1279, as fortificações de Miranda estavam bastante deterioradas, quer pela sua má construção, quer pelas continuas guerras com os Leoneses, e o soberano mandou reedificar a povoação dando-lhe novo foral, em Santarém, a 18 de Dezembro de 1286, e a categoria de Vila, aumentando os privilégios antigos. Este foral e seus privilégios foram depois confirmados em Coimbra, por D. Afonso, no ano de 1217. Convidados pelos amplos privilégios e isentos do seu foral, a população foi crescendo tanto em torno do castelo, que o mesmo D. Afonso Henriques, ou seu filho D. Sancho I, mandou construir uma outra cerca de muralhas, defendidas por algumas torres e torreões. Quando El Rei D. Dinis subiu ao trono em 1279, as fortificações de Miranda estavam bastante deterioradas, quer pela sua má construção, quer pelas continuas guerras com os Leoneses, e o soberano mandou reedificar a povoação dando-lhe novo foral, em Santarém, a 18 de Dezembro de 1286, e a categoria de Vila, aumentando os privilégios antigos. Um dos privilégios deste foral era o de Miranda nunca sair da coroa. O castelo estava tão desmantelado que foi preciso reconstruí-lo desde os fundamentos. As muralhas também foram ampliadas. O castelo tinha uma porta e um postigo, e as muralhas três portas. D. Fernando I fez cunhar moeda em Miranda, usando a letra M como distintivo, posta em cima do escudo das quinas. Mais tarde, El-Rei D. Manuel deu-lhe foral novo em Santarém, no 1º de Junho de 1510. Cessaram as guerras com os castelhanos e leoneses, e a paz trouxe consigo o desenvolvimento da indústria, comércio e apicultura, nas povoações de uma e outra fronteira. Os Espanhóis, tornando-se nossos amigos, concorreram muito para a prosperidade de Miranda, que era o centro das suas transacções com Portugal, e Miranda tornou-se florescente. No princípio do século XVI, o Arcebispo de Braga tinha um território vastíssimo, pois abrangia a maior parte da província do Minho e toda a de Trás-os-Montes, o que causava vários transtornos, prejuízos e delongas, nos negócios. Sendo D. João III aclamado em 1521, por morte de seu pai El-Rei D.Manuel, e sendo-lhe apresentados todos os inconvenientes da grande extensão do arcebispado de Braga, resolveu criar um bispado em Trás-os-Montes, e impetrou do pontífice Paulo III a bula para a criação da nova diocese, que lhe foi concedida pela bula de 22 de Maio de 1545, sendo o seu primeiro bispo D. Toribio Lopes, que era esmoler da rainha D. Catarina. Nesse mesmo ano D. João III honrou a vila com a categoria de cidade, dando-lhe novos privilégios e foros, entre os quais se contava a prerrogativa de enviar procuradores às cortes, destinando-se-lhe para assento o 4º banco. Supõe-se que o brasão da cidade foi concedido pelo dito soberano, consistindo num escudo coroado, tendo ao centro um castelo com três torres e sobre a torre do meio a lua em quarto crescente, com as pontas para baixo. A fortaleza, dizem, que comemora a fundação da cidade, que teve princípio no seu castelo; e a lua em crescente querem que signifique a esperança, ou o prognóstico, do engrandecimento sucessivo da povoação. Miranda ficou sendo a capital da província de Trás-os-Montes, sede de bispado, residência do bispo, cónegos e mais autoridades eclesiásticas, bem como das militares e civis. Tem muitos e grandiosos edifícios públicos e particulares. Foram alcaides mores do castelo até 1759 os marqueses de Távora, que nesse ano sofreram o suplício, sendo-lhe confiscados todos os seus bens Na porfiosa luta da Restauração da nossa independência no século XVII, durante 27 anos muito padeceu a cidade de Miranda. Foi esse o primeiro, mas terrível golpe na sua prosperidade. Estando situada na raia de Espanha, por vezes os castelhanos ali entraram e fizeram grandes saques. O seu comércio estava paralisado, a sua indústria nula, e os lavradores só se empenhavam em defender a cidade do furor dos inimigos. Em 1644 D. João IV mandou reedificar as antigas muralhas; o castelo apropriou-se ao uso da artilharia, para o que se demoliram as quatro torres que existiam nos quatro ângulos do castelo, até ficarem na altura dos lanços do muro que as unia. Na guerra da sucessão de Espanha, travada entre esta nação e a França, por uma parte; a Inglaterra, Portugal, Holanda e Alemanha, da outra, foi a cidade de Miranda tomada por traição no dia 8 de Julho de 1710, sendo o sargento-mór Pimentel, governador da praça, quem a entregou ao general, marquês de Bay, por 600 dobrões, ficando a guarnição prisioneira. Em 1711, porém, foi esta afronta vingada por D. João Manuel, conde D'Atalaia, que depois de um curto mas rigoroso cerco, tomadas as obras de defesas exteriores, e aberta uma brecha na muralha, fez render a praça por capitulação em 15 de Abril, ficando a guarnição castelhana prisioneira. Em 1762 rebentou a guerra entre a Espanha e a Inglaterra, por causa do Pacto da Família. Portugal não cedeu às intimações de Castela e de França, e tomou o partido da Grã-Bretanha, pelo que a Espanha nos declarou guerra em 15 de Junho. O general Castelhano marquês de Sarria invadiu com um poderoso exército a província de Trás-os-Montes, devastando-a, saqueando-a, e tornando-se senhor de quase toda, e marchando sobre o Porto. Enquanto a cidade esteve no domínio castelhano sofreu infinitas vexações. O Duque de Lafões foi nomeado general em chefe; o marechal-general conde de Lippe chefe do estado maior, e os castelhanos foram derrotados em várias batalhas, até que em 10 de Fevereiro de 1763 se assinou a paz entre Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Miranda ia caindo em grande decadência, e tudo concorria para a reduzir a uma povoação insignificante. Na grande luta que o país sustentou no princípio do século XIX contra o poder de Espanha da França, que pretendiam avassalar e dividi-lo pelo célebre Tratado de Fontainebleau de 27 de Outubro de 1807, Miranda e toda a província de Trás-os-Montes foram vítimas de invasões avassaladoras dos Castelhanos e dos Francesas, e também glorioso teatro de heróico esforço, que secundando o grito da independência levantado em outras terras do reino, que tanto contribuiu para libertar o país dos seus opressores. Miranda não só perdeu a sede do bispado, como a comarca, pois o julgado de Miranda pertenceu muitos anos à comarca de Mogadouro, e só em 1855 é que tornou a ser cabeça de comarca. A antiga correição de Miranda compreendia duas cidades Miranda e Bragança, seis vilas e três concelhos. No dia 8 de maio de 1762 foi esta cidade vítima de uma horrorosa catástrofe, uma explosão de 1.500 Arrobas de pólvora que derrubou o castelo e muitas casas, ficando sepultadas nas ruínas perto de 400 pessoas. Ignora-se se a explosão foi acidental ou de propósito, mas é tradição em Miranda que o governador do castelo, comprado pelos Espanhóis, lançara fogo ao paiol da pólvora, e que depois da explosão fora visto fora das muralhas, em direcção do campo inimigo. A única igreja paroquial da cidade, é o templo de N. Sra. da Assunção, ou de Santa Maria Maior, que fica situado na parte meridional da cidade, em sítio sobranceiro ao rio Douro. É um templo de três naves, fundado por D. João III para servir de catedral, e que durante quase dois séculos gozou dessa honra. Lançou-se-lhe a primeira pedra em 24 de Maio de 1552. Na frente tem um espaçoso adro, que acompanha também pelo lado Oriental. A arquitectura, ainda que pesada, é majestosa interiormente, e em cada lado do frontispício tem uma torre maciça de cantaria, assim como é todo o edifício. No interior é de uma grande elegância e riqueza. É admirável o labirinto das arcarias e pilares que lhe sustentam a abóbada, e os seus doze altares com primorosas obras de talha, adornados de belos quadros a óleo em tela e em madeira. O altar-mor é ainda digno de menção, porque contém 56 imagens a pinturas de santos, parte das quais são de grande mérito artístico. As cadeiras dos cónegos, apesar de já muito danifìcadas, são também de notável magnificência. Em Fevereiro de 1875 foi aberta à exploração a estação telegráfica de Miranda do Douro. Além da igreja paroquial, os seus principais edifícios são: A Misericórdia, o hospital e o seminário, construído pouco antes da extinção do bispado de Miranda. Dentro e fora da cidade há capelas. A cidade não tem fontes dentro dos seus muros, mas tem poços. Em 1644 construiu-se uma fonte junto da cidade. O clima é de tal forma áspero, que é tradicional dizer-se: Em Miranda há nove meses de Inverno e três de inferno. Os de Inferno são os de Verão, em que o calor se torna verdadeiramente insuportável. No inverno são frequentes grandes nevadas. Os terrenos são férteis. O principal comércio do concelho é gado vacum, que constitui a famosa raça mirandesa, gado lanígero, cereais, vinho, e cortiça, minério, mármores e alabastros. Também constitui grande indústria em Miranda do Douro o curtimento de couros, e tecidos de saragoças e buréis. Deste pano grosseiro se fazem em Trás-osMontes uns célebres capotes, chamados Honras de Miranda. É uma espécie de gabão, adornado de muitos recortes, tiras e bordados, e notavelmente extravagante. Os costumes e usos dos mirandeses são muito característicos. O seu alimento normal é a carne de porco, o pão de centeio, leite, vinho, ovos, legumes e batatas. Para o aperfeiçoamento muscular da mulher concorre muito o dedicarem-se aos serviços agrícolas, especialmente à arada. A Mulher mirandesa é activa, humilde, boa serva e inteligente. Mal conhece outras distracções que não seja o trabalho campestre, do tear de linho e de burel. Em dias de festa vai às cerimónias da igreja, vai ver as danças dos pauliteiros e bailar as abas verde, dança Espanhola em forma de sá rouge, terminando numa costelada recíproca. A pé ou a cavalo numa burrinha para qualquer sítio que vá, não deixa sempre de fiar linho ou lã. Usa vestuário despretensioso, e para os trabalhos rurais traz polainas de burel. A saia mirandesa é perfeitamente típica. Fazem-na de tecido de lã preta (enxerga), com uma infinidade de pregas dispostas uniformemente por tal feitio, que ao andar dão a impressão de um leque em contínuo abrir e fechar. Usa avental do mesmo tecido (mandil). O colete é em geral de cotim escuro, deixando ver, com certa arte, por entre o cordão que o aperta em forma de zigue-zague, uma faixa (cinta) que lhe cinge o tronco, e que é escarlate não sendo viúva, pois que nesse caso a faixa é roxa ou preta. A camisa é de linho com peitilho e colarinho exactamente como os dos homens; diferençam-se na medida em que estas tem pregas e punhos, e a delas tem manga lisa. Usa arrecadas não grandes, a que chamam africanas. Dados históricos: a) Alcaides do Castelo; b) Governadores; c) Brasões; d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese de Miranda do Douro; e) Forais. Dados históricos: a) Alcaides do Castelo de Miranda 1385 - Pedro Lourenço de Távora - Governou Miranda com o título de Alcaide Mor, foi armado cavaleiro em Aljubarrota por D. João I; fez-se frade por ter entregado por ludíbrio a praça de Miranda aos Espanhóis; 1466 - Álvaro Pires de Távora - Segundo Alcaide Mor; 1483 - Pedro Lourenço de Távora - Terceiro Alcaide de Miranda e primeiro Senhor de Mogadouro; 1500 - Álvaro Pires de Távora - Quarto Alcaide e segundo Senhor de Mogadouro; 1535 - Luís Álvares de Távora - Quinto Alcaide Mor e que em 1535 fez parte da expedição a Tunis; 1578 - Luís Álvares de Távora - Sexto Alcaide Mor que morreu em Alcácer Quibir em 1578; 1628 - Luís Álvares de Távora - Sétimo Alcaide; fez parte da expedição à Baía de todos os Santos em 1628; 1652 - António Luís de Távora - Oitavo Alcaide; faleceu nesta data; 1672 - Luís Álvares de Távora - Nono Alcaide, Governador da Província de Trás-os-Montes e que muito se notabilizou na guerra da Aclamação; 1721 - António Luís de Távora - Décimo Alcaide, Tenente General de Cavalaria em Trás-os-Montes; 1746 - António Sampaio Melo e Castro Morais Torres de Luizignan - Primeiro Conde de Sampaio, Alcaide Mor de Miranda, General de Cavalaria e Governador das Armas de Trás-os-Montes; 1813 - Manuel António de Sampaio Melo Morais Torres de Luizignan - Primeiro Marquês e Segundo Conde de Sampaio, Alcaide de Miranda e Inspector Geral de Cavalaria. Dados históricos: b) Governadores 1690 - João Ferreira Sarmento Pimentel - Fidalgo da casa real, capitão de volantes, governador do forte de S. João de Deus em Bragança e da Praça de Miranda do Douro por 1690; 1710 - Carlos Pimentel - Que vendeu a Praça de Miranda do Douro aos Castelhanos por 6.000 dobrões em 1710; 1737 - Diogo de Morais Pimentel; 1807 - Manuel Alves de Faria - Governador de Miranda e tenente coronel de infantaria de 1807 a 1815; 1818 - Pedro Guerra Rebelo - Governador interino de Miranda; 1834 - Canavarro - Governador da Praça de Miranda, absolutista, e que a entregou traiçoeiramente aos liberais em 1834. Dados históricos: c) Brasões Material: Granito Descrição: [de prata]; uma cruz alesada [de vermelho] Datação: Séc. XVIII Tipo de Escudo Coroa real com cartela de fantasia rodeada de uma corrente Material: Granito Descrição Escudo real; [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho] carregada de oito castelos [de oiro] Datação: Séc. XVII Tipo de Escudo: Manuelino. Coroa real aberta. Material: Granito Descrição Escudo real: [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho] carregado de sete torres [de oiro]. Datação: 1604 Tipo de Escudo: Peninsular. Coroa real aberta. c) Brasões cont. Material: Granito Descrição: Escudo real: [de prata]; cinco escudetes [de azul] postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [de prata]; [bordadura de vermelho] carregado de sete castelos [de oiro]. Datação: Séc. XVI. Tipo de Escudo: Manuelino. Coroa real aberta. Material: Granito Descrição: De … cinco chagas 2, 2, 1; sotopostas duas chaves passadas em aspa: os seus palhatões voltados para a ponta. Heráldica franciscana. Datação: Séc. XVIII Tipo de Escudo Fantasia. Material: Granito. Leitura epigráfica:ED. AR DE BUIÇA CAVALRº FIDALGº DO ABITO DE XRº E SEVS RDEIROS 1609 Descrição: Esquartelado: primeiro e quarto de ... uma árvore sobre a qual pousa uma águia cevada, boi passante: bordado carregada de oito aspas; no segundo e terceiro quartel ...; uma torre torreada. Timbre: Uma águia cevada. Paquife. de perfil padextra. Sotoposta ao escudo uma cruz de Cristo. Datação: 1606 Tipo de Escudo Peninsular c) Brasões cont Material: Granito. Leitura epigráfica: S. P DE MANVEL DE CARVALHO CONEGO D. RAL DESTA SEE DOS SUCESORES DE SEV MORGADIO MORREO A 5 DE MARÇO DE 1657 Descrição: Esquartelado: no primeiro; [de vermelho], com uma torre [de prata], aberta e iluminada [de negro], acompanhada de cinco flores-de-lis [de prata], três em chefe e uma em cada flanco; no segundo as armas da família Freire: [de verde], com banda [de vermelho], perfilada [de ouro], abocada por duas cabeças de serpe do mesmo; o terceiro e quarto quartel de dificil interpretação. Chapéu eclesiástico com cordões com seis borlas, correspondentes à dignidade episcopal. Datação: 1657 Tipo de Escudo: Peninsular Material: Granito. Leitura epigráfica: AQUI JAZ FRANCISCO DE VELAZQUEZ MESTRE QUE FOI DESTA SE 1576 Descrição: de ...; uma torre, aberta, iluminada e lavrada, na bordadura carregada de nove cruzes postas em aspa. Datação: 1576 Tipo de Escudo Peninsular. c) Brasões cont Material: Granito. Leitura epigráfica: ANNO DE 1799 SEPª PORPETª DOS FILHOS E HERDEIRºS DEIGNº THEDº ROIS DE S.TA MARTA SO ARES E DE SUA MULHER D. Mª BERNDA IZABEL DE MORAIS SARM.Tº COMO FILHA M. Tº DE Dº NA SVA CAZA E AQUELE IVIS DE FORA QU1E FOI NESTA CIDADE CORREF.OR E PROVEDOR NA COM.CA SVPIR ENTENDE.E G.AL ACTVAL DOS TA BACOS SABONS E ALFANDA.A DESTA PROV.A Descrição: Esquartelado: no primeiro: .... no segundo as armas da família Morais: partido: [de vermelho], com uma torre [de prata], aberta, iluminada e lavrada [de negro], coberta [de ouro], e rematada por uma bandeira [de prata], [assente sobre um rio de prata, aguado de azul]; no terceiro as armas da família Mota; [de verde], com cinco flores-de-lis [de ouro], postas sautor; no quarto quartel as armas da família Sarmento; [de vermelho] com treze besantes [de ouro] postos 3, 3, 3, 3 e 1. Timbre: leão aleopardado. Coronel de nobreza assente sobre o timbre. Datação: 1799 Tipo de Escudo: Fantasia Material: Granito Descrição: partido: o primeiro cortado: de uma águia, o segundo: três flores de lis; no segundo ..., um castelo acompanhado de dois leões. Timbre: águia do escudo. elmo de perfil para a dextra. Paquife, Correia e fivela. Datação: Séc. XVIII Tipo de Escudo Peninsular Dados históricos: d) Bispos da Diocese de Miranda D. Turíbio Lopes 1545 - 1554 D. André Furtado de Mendonça 1672 - 1676 D. Rodrigo de Carvalho 1555 - 1559 D. Frei José de Lencastre 1677 - 1681 D. Julião d' Alva 1560 - 1570 D. Frei Lourenço de Castro 1681 - 1684 D. António Pinheiro 1575 - 1579 D. Frei António de Santa Maria 1685 - 1688 D. Jerónimo de Menezes 1581 - 1592 D. Manuel de Moura Manuel 1689 - 1699 D. Manuel de Seabra 1593 - 1595 D. João Franco de Oliveira 1701 - 1715 D. Diogo de Sousa 1599 - 1608 D. João de Sousa Carvalho 1716 - 1737 D. D. José de Melo 1609 - 1611 D. Diogo Mendes Morato 1739 - 1749 D. Jerónimo Teixeira Cabral 1611 - 1614 D. Frei João da Cruz 1750 - 1756 D. João da Gama 1615 - 1617 D. Frei Aleixo de Miranda Henriques - O de triste 1758 - 1770 memória D. Frei Francisco Pereira 1618 - 1621 D. Manuel de Vasconcelos Pereira 1771 - 1773 D. Frei João de Valadares 1621 - 1627 D. Miguel António Barreto de Menezes 1773 - 1780 D. Jorge de Melo 1628 - 1636 Dados históricos: e) Forais Se as tradições honram as localidades e dão direito ao respeito dos outros, elas não faltam a Miranda do douro. Tem história e pergaminhos, títulos de nobreza D. Afonso Henriques contou com ela na fundação da Nacionalidade, dando-lhe foral a 19 de Novembro de 1136, depois confirmado por D. Afonso II em 1217; vê-se desse foral a importância militar que lhe é atribuída, a missão de que é encarregada, derivada da sua posição fronteiriça e estratégica, sendo, por isso fortificada. Essa importância foi crescendo por necessidade de defesa e alargamento da monarquia incipiente, o que exigiu homens, povoadores, e para isso lhe outorgaram privilégios novos. D. Diniz, em 8 de Dezembro de 1286, deu-lhe novo foral, definiu-lhe o termo, isto é, as terras da sua jurisdição, confinando com o Douro, com terras de Alcanices (Leão), Bragança e Algoso; é o termo de Miranda, a terra Mirandesa e do seu dialecto. É de notar que este rei providenciou sobre as suas visitas a Miranda, onde esteve, alargou e reformou as fortificações, conservou-a para a coroa, pois se comprometeu a não dar a rico-homens ou prestameiros, como convinha a vila fortificada, chave da defesa e guarda avançada contra o reino de Leão. Efectivamente nas guerras de D. Fernando, fim da 1.ª Dinastia, e nas de D. João I, principio da segunda, Miranda e seu termo sofreram incursões, saques, danos e despovoamentos, que determinaram as instituições dos coutos de homiziados. No reinado de D. Manuel I alcançou Portugal o Zenith do poderio pela descoberta de novos mundos e fundação do Império da Índia. D. Manuel pôde juntar ao titulo de Rei de Portugal e dos Algarves os de além mar, pois o seu senhorio se espalhava pela África, pela Ásia, pela Índia. E enquanto se alargavam os domínios ultramarinos, procedia-se na metrópole à revisão administrativa, reformando-se e unificando-se os forais. Foi assim que a Miranda foi dado novo foral em 1 de Junho de 1510 para substituir o de D. Dinis. As conquistas ultramarinas deram sossego interno à península e, por isso, as fortalezas fronteiriças puseram as armas no descanso. e) Forais cont Ao período heróico e dos grandes feitos cantados nos «Lusíadas», sucede o período da piedade, o da salvação da alma, representado pela religiosidade de D. João III. Este rei preocupa-se com a salvação da sua alma, da dos súbditos e deixa arruinar o império fundado com tanto esforço e sangue! Mas Miranda engrandeceu-se com esse sentimentalismo, pelo que tem de agradecer a esse rei a sua grandeza. Foi D. João III que pediu a criação da diocese de Trás-os-Montes, com sede em Miranda, porque a de Braga era muito extensa, impossível de ser convenientemente visitada, e os povos sofriam espiritualmente. O Papa Paulo III atendeu e criou a diocese de Miranda pela Bula de 22 de Maio de 1545 e, pouco depois a carta régia de 10 de Julho do mesmo ano de 1545 eleva-a à categoria de Cidade com as honras, privilégios e liberdades das outras cidades do Reino. O 1.º Bispo foi D. Toríbio Lopes, confessor e do séquito da rainha D. Catarina, que entrou por Miranda, primeira terra portuguesa que pisou. Esta circunstância e a de ser uma praça forte, a beleza dos edifícios, a população numerosa, como diz a bula, os serviços prestados, como diz a carta régia, o ser realenga, alojar os reis, como D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João II, ainda príncipe, quando se dirigia a Toro, D. Catarina, como se disse, é que lhe deram preferência para sede de um novo bispado. Era a mais importante de Trás-os-Montes. Nela podia-se hospedar a corte. D. Pedro, o justiceiro, se é verdadeira a tradição, hospedara-se no Castelo, quando foi fazer justiça ao alcaide de Algoso. A construção da Catedral começou em tempo do 1.º bispo, que obteve dinheiro para isso e colocou-se a primeira pedra no dia da trindade de 1553 (?). O patriotismo dos mirandeses evidenciou-se nas ocasiões de perigo. Na guerra da Independência declarou-se logo por D. João I e foi tomada por traição; à morte do Cardial-Rei levantou grito por Prior do Crato, D. António, vindo a entregar-se a Filipe II, por corrupção exercida por este, como é da história; na guerra da Restauração (27 anos de guerra) o patriotismo mirandês, do cabido, do clero, só mereceu elogios, pois providenciou sobre defesa, dando dinheiro, armando e pagando tropas, requisitando artilharia para o Castelo, que a ela foi adaptado por ordem de D. João IV. Na guerra de sucessão de Espanha, em que nos meteram, os Espanhóis entraram na praça por traição, pois o governador, Carlos Pimentel, a vendeu por 6.000 dobrões em 1710 e foi libertada em 1711 pelos Portugueses. Morreu o filho do traidor e este andou pela Espanha escarnecido e abandonado É certo que se ama a traição e se aborrece o traidor! Era de Vimioso. Ainda bem que não era Mirandês! Na guerra dos sete anos, 1762, foi outra vez cercada pelos espanhóis. Durante o cerco e quando a artilharia do Castelo atirava aos sitiantes, deuse a explosão de 1.500 arrobas de pólvora, que abriu brecha, destruiu a Torre de Menagem, arruinou as outras obras, sepultou 400 pessoas, ouviuse a 3 léguas de distância, e abalou edifícios da Cidade. ÍNDICE • Introdução; IV -O diabo e a abóra; • História do Concelho; V - O burro; • Dados históricos: VI - A morte do burro; a) Alcaides do Castelo; VII - O lobo arrependido; b) Governadores; c) Brasões; d) Bispos que ainda fizeram parte da Diocese de Miranda do Douro; 4) Quadra/Orações; • Cantiga; • Tradições: 1) Usos e costumes; e) Forais 2) Instrumentos musicais; • O “Mirandês” como 2ª língua: 3) Folclore; a) Etnografia; 4) Artesanato; a) Mirandês: 5) Gastronomia; 1) Mês/dia; 2) Números; 3) Contos: I - Comer sem pagar; II - O galo e a raposa; III - O mocho e a galinha; 6) Raças tradicionais; • Fotografias : a)Antigas da cidade; a)Casas típicas a)“Rio Douro” • Fim da Apresentação. O “Mirandês” como 2ª língua oficial de Portugal a) Etnografia; b) O “Mirandês”. a) Etnografia Outra língua Em terra de boas e ricas tradições, num canto do Nordeste português, fala-se uma língua com um corpo gramatical perfeito (fonética, fonologia, morfologia e sintaxe próprias) que, sem ser portuguesa, vem do tempo da formação de Portugal M (século XII): é o Mirandês ou língua mirandesa De raiz latina (latim falado no Norte da Península Ibérica) e fazendo parte do grupo dos dialectos leoneses, manteve-se, até hoje, por ter vivido à margem desse grupo linguístico e do país a que pertence (acasos da História e entraves geográficos). Em finais do século XIX, descrevia-a José Leite de Vasconcelos como "a língua do campo, do trabalho, do lar, e do amor entre os mirandenses". Hoje, é usada no dia a dia por 15.000 pessoas das aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias do concelho de Vimioso, num espaço de 484 km2, estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos de Vimioso, Mogadouro, acedo de Cavaleiros e Bragança b) O Mirandês: 1 - Mês/dia; 2 - Números; 3 - Contos: I. Comer sem pagar; II. O galo e a raposa; III. O mocho e a águia; IV. O diabo e a abóbora; V. O burro; VI. A morte do burrinho; VII. O lobo arrependido. 4- Quadra/Oração; 5 – Cantiga. b) O “Mirandês” 1 - Mês/dia Meses do Ano Dias da Semana Janeiro Segunda Febreiro Terça Márcio Quarta Abril Quinta Maio, Sesta Junho Sábado Julho Deimingo / Demingo Agosto Setembre Outubre Nobembre Dezembre b) O “Mirandês”: 2 - Números 1 - Un, Una 11 – Onze 100 - Cien 2 - Dous, Dues 12 – Doze´ 200 - Duziêntos 3 - Trés 13 – Treze 300 - Treziêntos800 - Uito ciêntos 4 - Quatro 5 - Cinco 14 – Catorze 15 – Quinze 400 - Quatro ciêntos 500 - Cinco ciêntos / Quenhiêntos 6 - Seis 16 – Dezasseis 8 - Uito 17 – Dezassiête 700 - Siête ciêntos 7 - Siête 18 – Dezuito 900 - Nuôbe ciêntos 9 - Nuôbe 19 – Dezanuôbe 1 000 – Mil 600 - Seis ciêntos 1 000 000 - Milhon 10 - Dieç 21 - Bint'i un, Bint'i u)a 20 - Binte 22 - Bint'i dous, Bint'i dues 30 - Trinta 23 - Bint'i trés 40 - Quarenta 24 - Bint'i quatro 50 - Cinquenta 25 - Bint'i cinco 60 - Sessenta 26 - Bint'i seis 70 - Setenta 27 - Bint'i siête 80 - Uitenta 28 - Bint' uito 90 - Nobenta 29 - Bint'i nuôbe b) O “Mirandês” 3- Contos: I. Comer sem pagar; II. O galo e a raposa; III. O mocho e a águia; IV. O diabo e a abóbora; V. O burro; VI. A morte do burrinho; VII. O lobo arrependido. Comer sien pagar Era ua beç dous homes que benien por un camino alantre. Yá habien andado un die anteiro sien comer. Apuis de tanto andar, era pula tardesquita, ne berano, i inda fazie muita calma. Chigórun a un lhugar chenos de fame i de sede tamien, i antrórun nua taberna eili a la antrada daquel lhugar. Nun traien denheiro nien un nien outro, mas cumo tenien tanta fame, mandórun benir ua posta i ponírun-se a comê-la i mandórun benir para cada un sou quartilho de bino i iban bubendo uas pingas. Apuis que comírun i bubírun, yá quedórun bien caliêntes, mas cumo nu tenien denheiro, nun sabien cumo se habien de scapar sien pagar. Era no berano. I bai un, fizo que le habie mordido ua mosca no cachaço i botou-se a fugir pa la rue a toda la priêssa i l outro tamien. Apuis que se apanhórun na rue, botórun-se a fugir pul camino alantre. Quando yá iban algo longe de la taberna, la tabarneira saliu a la rue toda assustada, porque bie que ls homes se habien scapado sien pagar. I anton ampeçou-le a bozear: Eh!... Ah tius de la mosca!... Ah tius de la mosca!... Moscai para cá!...I ls homes cada beç fugien mais... — Ah tius de la mosca!... Ah tius de la mosca! Moscai para cá!... I ls homes arrespundírun-le: — Si... mas se la mosca ben dalhá!... Comer sem pagar Era uma vez dois homens que vinham por um caminho adiante. Já tinham andado o dia inteiro sem comer. Depois de tanto andar, era pela tarde, no verão, estava um dia calmo. Chegaram a um lugar cheios de fome e também de sede, e entraram numa taberna ali na entrada do lugar. Não traziam dinheiro nem um nem o outro, mas como tinham tanta fome, mandaram vir uma posta (posta de carne Mirandesa) e puseram-se a comela e mandaram vir para cada um quartilho de vinho e iam bebendo umas pingas. Depois de comerem e beberem, já estavam bem quentes, mas como não tinham dinheiro, não sabiam como se haviam de escapar sem pagar. Era no Verão. E vai um fez como se uma mosca lhe tivesse mordido no pescoço e deitou-se a correr para a rua com toda a pressa e o outro também. Depois de se apanharem na rua, puseram-se a fugir pelo caminho. Quando já iam longe da taberna, a taberneira saiu a rua toda assustada, porque viu que os homens tinham escapado sem pagar. E então começou a gritar: Eh!... Ah tios da mosca!... Ah tios da mosca!... fugi da mosca para cá!... E os homens cada vez fugiam mais... Ah tios da mosca!... Ah tios da mosca!... fugi da mosca para cá!... E os homens responderam-lhe: - Sim... mas a mosca vem daí!... L galho i la raposa Era ua beç un galho que quijo passar la nuite nun galho dun sobreiro, a la borda de un camino, alhá pa Funte-Lhadron. Quando chigou la purmanhana, passou alhi ua raposa, pul camino. La raposa tenie fame i andaba a saber de l que habie de cumer. Oubiu l galho a cantar no sobreiro i fui-se alhá. Ampecórun anton a tocar a missa uas campanas, aposta que an Funte-Lhadron, an Mora, ou an Palaçuôlo. Stando a tocar a missa, diç la raposa pa l galho: — A cumpadre galho, anton que stais ende a fazer? — Oh! pus stou eiqui a ber quien passa. — Bós nun oubis: diç la raposa, stan a tocar a missa, home, andai dende!... Abeixai dende i bamos a eilha!... I arresponde l galho: — Pus si, comadre raposa, asperai un pouquito, i anquanto you abaixo, stan a chigar ls perricos de l cura, que bénen yá eili, i apuis bamos todos!... — Ah cumpadre galho! — arresponde la raposa, mui assustada i ampeçando a correr — deixai-me que tengo muita priêssa, bou-me you sola delantre, que yá stá l cura a spêra, de balde, até lhougo!... I la raposa scapou-se a fugir, que nien siête galgos la agarrában. O galo e a raposa Era uma vez um galo que quis passar a noite num galho dum sobreiro, a beira dum caminho, lá para Fonte-Ladrão. Quando chegou a manha, passou por ali uma raposa, pelo caminho. A raposa tinha fome e andava a saber o que havia para comer. Ouviu o galo a cantar no sobreiro e foi lá. Começaram a tocar os sinos para a missa, aposta que em Fonte-Ladrão, em Mora, ou em Palaçoulo. Estando a tocar para a missa, disse a raposa para o galo: — Ah compadre galo, então o que estais ai a fazer? — Oh! pois estou aqui a ver quem passa. — Vós não ouvis: disse a raposa, estão a tocar para a missa, homem, andai dai!... Descei e vamos lá!... E responde o galo: — Pois sim, comadre raposa, esperai um pouco, e enquanto eu desço, estão a chegar os cães do padre, que vêm já ali, e depois vamos todos!... — Ah compadre galo! — responde a raposa, muito assustada e começando a correr — deixai-me que tenho muita pressa, vou-me andando sozinha, que já está o padre a espera, de balde, até logo!... E a raposa escapou-se a fugir, que nem sete galgos a agarravam. L moucho i la águila Era ua beç ua moucha que tenie uns mouchicos mui feios, mui feios, no niu, nun buraco dua faia. Tenien pêlo malo que parecien ratos, tenien ls uôlhos mui feios cumo ls uôlhos de mocho, las alas sien prumas... éran todos çfarrapados. Bai un die, biu benir ua águila pur aquel sítio i pousou eili nun picon, onde la moucha tenie l niu. I bai la moucha fui-se para an pie de la águila i diç-le assi: — Ah águila, mira bou-te a pedir un fabor! — Pus tu dirás! Arrespondiu la águila. — Se un die achares no niu uns páixaricos pequeninos, mui lindos cun ls biquitos mui bien feitos, i las prumas mui relhamposas, i ls uôlhicos mui listos, i las cabecicas mui redondicas, nun ls comas, nó! Yê que son mius filhos! Dixo la moucha. Pus stá bien, arresponde la águila. Soutordie, staba la águila no mesmo picon i sentiu piar uns páixaricos eili naqueilha fraga, nun buraco. La águila achigou-se al buraco onde piában ls páixaros i bei anton cinco páixarotes mui feios, mal feitos, cula la cabeça quadrada, ls uôlhos arregalados, las alas znudas i cun pêlo de rato no lhombo. I diç assi: Ui!... que páixarotes tan feios eiqui stan, bou a comê-los! I papou-los todos. De cada bicada, papaba sou. Nun instante ls papou! Deili a un rato, ben-te la moucha cun un lhagartico no bico de çubiaco pal dar a comer als sous mouchicos. Bai-se al niu a saber de ls filhos i... achou l sítio... Yá alhá nun stában. Atirou cun l çubiaco la fraga abaixo i bai-se a a tener cun la águila chorando: - Ah comadre papona, anton dixe-bos que se algua beç achássedes un niu cun uns páixaricos mui lindos, culs biquitos mui bien feitos, las prumas mui relhamposas, ls uôlhicos mui listos i las cabecicas mui redondicas, que nunca ls comírades, i agora bou a ber i comistes-me-los!... Éran mius filhos!... - Nó, moucha, isso nun yê assi cumo tu dizes!... Arrespondiu la águila. You achei un niu cun uns páixarotes mui feios, mui feios: tenien la cabeça quadrada, ls uôlhos arregalados, i las alas znudas, ls bicos tuôrtos i ls lhombos cubiertos cun pêlo de rato, i esses si ls comi. Se éran esses ls tous filhos, houbiras-me lhougo dito la berdade!... O mocho e a águia Era uma vez um fêmea de mocho que tinha os filhos muitos feios, muito feios, no ninho, num buraco de uma faia. Tinham pelo feio até pareciam ratos, tinham uns olhos muito feios como os olhos de mocho, as asas sem penas... estavam todos esfarrapados. Certo dia, viu vir uma águia para aquele sitio e pousou ali num picão, onde a fêmea de mocho tinha o ninho. Então a fêmea do mocho foi para junto da águia e disse-lhe assim: - Ah águia, olha vou-te pedir um favor! - Diz lá! Respondeu a águia. Se um dia encontrares um ninho uns passarinhos pequeninos, muito lindos com os biquinhos muito bem feitos, e as penas muito brilhantes, e os olhinhos muito abertos, e com cabecinhas muito redondinhas, não os comas, não! É que são meus filhos! Disse a fêmea do mocho. Pois está bem respondeu a Águia. Certo dia, estava a águia no mesmo picão e sentiu piar uns passarinhos ali naquela fraga, num buraco. A águia aproximou-se do buraco onde piavam os pássaros e vé então cinco passarinhos muito feios, mal feitos, com a cabeça quadrada, os olhos arregalados, as asas nuas e com pelo de rato no lombo. E disse assim: Ui!... que passarinhos tão feios que aqui estão, vou come-los! E comeu-os todos. A cada bicada comia seu. Num instante os comeu! Dali a um bocadinho, vem a fêmea do mocho com um pequeno lagarto no bico para dar de comer aos seus filhotes. Vai ao ninho procurar os seus filhos e ... encontrou o sitio... já lá não estavam. Atirou com o alimento que transportava no bico fraga abaixo e vai chorando ter com a águia: - Ah comadre comilona, então eu disse-vos que se alguma vez encontrasses um ninho com uns passarinhos muito lindos, com os biquinhos muito bem feitos, as penas muito brilhantes, os olhinhos muito arregalados e as cabecinhas muito redondinhas, que nunca os comerias, e agora vou ver e comeste-mos!... Eram meus filhos!... - Não, fêmea de mocho, isso não é assim como tu dizes!... Respondeu a águia. Eu achei um ninho com uns pássaros muito feios, muito feios: tinham a cabeça quadrada, os olhos arregalados, as asas nuas, os bicos tortos e os lombos com pelo de rato, e esses sim que os comi. Se eram esses os teus filhos, deverias ter-me dito logo a verdade!... L diabro i la bóbeda Ua beç l diabro, bestido de probe, fui-se a pedir smola an casa dun rico. Batiu a la puôrta i ben la criada i dixo-le al probe que antrasse. Era no berano i fazie muita calor. Preguntou-le al probe se querie caldo i el dixo que si. Trouxo-le anton ua palanganada de caldo de bóbeda, mas staba mui caliênte i l diabro a la pormeira colharada que metiu na boca, scaldouse i dou un berro. Biêno anton la criada abaixo i preguntou-le quei tenie. I l diabro arrespundiu: - Oh minha senhora, o caldo sta mui caliênte. - Oh! isso não é do caldo é da bóbeda! O caldo de abóbora queima sempre, arrespondiu la criada. - Anton dá-me uma para o inverno, que eu tenho pouca roupa, e é para me aquecer!... arrespondiu l diabro. Bai anton la criada dá-le ua bóbeda al probe... Alhá se bai l diabro todo cuntento, cun sue bóbeda pal eimbiêrno. Guardou-la mui guardada, antre uas silbas, porque l diabro ni ten casa. Quando biêno anton l eimbiêrno, ampeça-te un die a fazer friu i a gilar cun toda la fuôrça, i apuis atrás de la gilada biêno ua nebada mui grande, mui grande — de siête quartas. Lhembrou-se l diabro anton de la bóbeda que tenie guardada antre las silbas, alhá nas Peinhas-Negras i fui-se alhá cheno de friu a meter ls pies na bóbeda. Cunsante metiu ls pies na bóbeda, pa ls calcer, dou un berro i diç assi: Ora esta! Cuidaba you que era tan spiêrto i deixei-me anganhar dua bóbeda!... I acabou-se. O diabo e a abóbora Uma vez o diabo, vestido de pobre, foi pedir esmola a casa de um rico. Bateu a porta e veio a criada que disse ao pobre que entrasse. Era no verão e fazia muito calor. Perguntou ao pobre se queria sopa e ele disse que sim. Trouxe-lhe então uma malga de sopa de abóbora, mas estava muito quente e o diabo na primeira colherada que meteu na boca, queimou-se e deu um grito. Veio então a criada ao andar de baixo e perguntou-lhe o que tinha. E o diabo respondeu: - Oh minha senhora, a sopa está muito quente. - Oh! Isso não é o da sopa é da abóbora! A sopa de abóbora queima sempre respondeu a ciada. - Então dá-me uma para o inverno, que eu tenho pouca roupa, e é para me aquecer!... respondeu o diabo. Vai então a criada e dá uma abóbora ao pobre... E lá se vai o diabo todo contente, com a abóbora para o Inverno. Guardou-a muito bem guardada, entre umas silvas, porque o diabo não tem casa. Quando veio o Inverno, começou a fazer frio e a gear com toda a força, e depois da geada veio uma nevada muito grande, mesmo muito grande. Lembrou-se o diabo então da abóbora que tinha guardado atrás das silvas, lá nas Penhas-Negras e foi-se lá cheio de frio para meter os pés na abóbora. Consoante meteu os pés na abóbora, para os aquecer, deu um grito e disse assim: Ora esta! Pensava eu que era tão esperto e deixei-me enganar por uma abóbora!... E acabou-se. L Burro O Burro Era ua beç Nosso-Senhor que habie criado l mundo i todos ls animales: las cabras, las canhonas, las bacas, ls cabalhos, ls cochinos, ls perros, ls gatos, ls liones, ls tigres, ls alifantes, ls ratos, las lhiêbres, ls coneilhos, buno, todos, todos... Bai adespuis de ls haber criado, fizo-les passar todos por an pie del i iba-le ponendo a cada un sou nome: — Tu sós baca, tu sós bui, tu sós oubeilha, tu sós carneiro, tu sós cordeirico — dixo pa l rapazico de la oubeilha — tu sós lion, tu sós cabalho, tu sós jumento, dixo pa l burro, i tu sós gato, i tu coneilho, i tu cabra, i tu chibo, i fui assi ponendo a todos l sou nome, até que se acabórun. Bai anton l jumento çqueciu-se-le l sou nome. Inda ls outros animales nun habien acabado de recebir ls sous nomes i yá l jumento staba a apertar culs outros para que le deixássen achegar-se a Nosso-Senhor para saber cumo se chamaba. Quando anton se achega a Nosso-Senhor, cun cara de asno a perguntá-le: — Oh meu divino Mestre, eu cumo me chamo que já se me esqueceu? Bai Nosso-Senhor anton puxou-le pulas oureilhas, até que se quedou cun las oureilhas grandes i dixo-le assi: — Tu és burro!... que já não te lembras do teu nome. I apuis l burro quedou-se a chamar burro i siêmpre cun las oureilhas grandes. Era uma vez Nosso-Senhor, que criou o mundo e todos os animais: as cabras, as ovelhas, as vacas, os cavalos, os porcos, os cães , os gatos, os leões, os tigres, os elefantes, os ratos, as lebres, os coelhos, bom, todos, todos... Depois de os ter criado, mandou-os passar a todos junto dele e fala-lhe pondo a cada um o seu nome: — Tu és vaca, tu és boi, tu és ovelha, tu és carneiro, tu és cordeiro — disse para o filho da ovelha — tu és leão, tu és cabalo, tu és jumento, disse para o burro, e tu és gato, e tu coelho, e tu cabra, i tu cabrito , e foi assim pondo a todos o seu nome, até que se acabaram. Vai então o jumento esqueceu-se do seu nome. Ainda os outros animais não tinham acabado de receber os seus nomes e já o jumento estava a apertar com os outros para que o deixassem aproximar-se de NossoSenhor para saber como se chamava. Quando então se aproxima a Nosso-Senhor, com cara de asno e pergunta-lhe: — Oh meu divino Mestre, eu como me chamo que já me esqueci? Vai então que Nosso-Senhor puxou-lhe pelas orelhas, até que ficou com as orelhas grandes e disse-lhe assim: — Tu és burro!... que já não te lembras do teu nome. E depois o burro ficou-se a chamar burro e sempre com as orelhas grandes. La muorte de l burrico Nua tarde soalheira de Outunho, l tiu Barnabé caminaba atrás de sue buiada quando s’ancuntrou cun tiu Antonho Zé, un home de ls más probes de l llhugar i saluda-lo. - Dius mos dé buonas tardes! - Buonas tardes mos dé Dius, respundiu l tiu Antonho Zé, mi zacaçuado de la bida. - Anton que cara ye essa, passa-se algua cousa?, preguntou l tiu Barnabé, cun ar todo cusquebelheiro. - A bós nin bos passa pula eideia, l que ye la bida dun probe home! - Oh home, dezi alhá l que bos atrometa?... - Quiero cumprar un burrico, mas adespuis nun bou a tener que le dar a quemer! - Pus cumprai-lo i apuis ansinais-lo a nun quemer. S’aguantar nuobe dies sin quemer, yá nun se muorre. L tiu Antonho Zé assi fizo, cumprou l burrico i todos ls dies l’iba a besitar i parecie-le star bien listo. L quinto die, antrou na loija i ancuntrou l burrico muorto. Mui zanimado, fui-se lhougo a tener cul tiu Barnabé i dixo-le: - Stais a ber la mie pouca suorte, ua çgrácia nunca ben sola!... L burrico yá se me morriu! - Nun zanimeis, teneis que tocar la bida pa la frente i se lo soubirdes aporbeitar bien, nun perdeis todo. - Cumo assi? - Pus, oubi bien l que bus bou a dezir: - De la cabeça fazei ua adega; - De las oureilhas uas suolas; - De ls narizes uns furmarizes; - De ls dientes uns pientes; - De las costielhas un biendo; - De l spinaço un serrote; - De las patas uas baquetas; - De l culo un subiote; - De la piel un cobertor; - De l rabo un batedor. A morte do burrinho Numa tarde soalheira de Outono, o tio Barnabé caminhava atrás da seu gado quando se encontrou com o tio António Zé, um homem dos mais pobres do lugar e saúda-o. - Deus nos dê boas tardes! - Boas tardes nos dê Deus, respondeu o tio António Zé, aborrecido com a vida. - Então que cara é essa, passa-se alguma coisa?, Perguntou o tio Barnabé, com um ar todo coscuvilheiro. - A vós nem vos passa pela ideia, o que é a vida dum pobre homem! - Oh homem, dizei lá o que vos atormenta?... - Quero comprar um Burrinho, mas depois não vou ter que lhe dar de comer! - Pois comprai-o e depois ensinai-o a não comer. Se aguentar nove dias sem comer, já não morre. O tio António Zé assim fez, comprou o burrinho e todos os dias o ia visitar e parecia-lhe que estava bem listo. No quinto dia, entrou na loja e encontrou o burrinho morto. Muito desanimado, foi-se logo a ter com o tio Barnabé e disse-lhe: - Estais a ver a minha pouca sorte, uma desgraça nunca vem só!... O burrinho já se me morreu! - Não desanimeis, tendes de tocar a vida para a frente e se o souberdes aproveitar bem, não perdeis tudo. - Como assim? - Pois, ouvi bem o que vos vou dizer: - Da cabeça fazeis uma adega; - Das orelhas umas solas; - Dos narizes uns xxx: - Dos dentes uns pentes; - Das costelas uma forquilha; - Do espinhaço um serrote; - Das patas umas baquetas; - Do cu um assobio; - Da pele um cobertor; - Do rabo um batedor. b) O “Mirandês” 4) Quadra/Orações: Quadra Orações Quadra Se soubisse l Padre Nuosso Cumo sei cantar cantigas, Andaba siempre rezando Pu l'alma de las raparigas. Quien quejir ir pa l cielo Nun diga que nun ten tiempo, Puode andar ne l sou serbício I cun Dius ne l pensamiento. Se soubesse o Pai Nosso Como sei cantar cantigas, Andava sempre rezando Pela alma das raparigas. Quem quiser ir para o céu Nunca diga que não tem tempo, Pode andar no seu serviço I com Deus no pensamento. You pedi la muorte a Dius, El dixo que nun me la daba: Que le pedisse la salbaçon, Que la muorte cierta staba. Eu pedí a morte a Deus, Ele disse-me que não ma dava: Que lhe pedisse a salvação, Que a muorte certa estava. Mie Mai de l cielo balei-me, Que la de la tierra nun puode: La de l cielo inda stá biba La de la tierra lhougo muorre. Minha Mãe do céu valei-me, Que a da terra não pode: A do céu ainda está viva A da terra logo morre. Cuquelhadica amarradeira, Nun te amarres ne l adiles: Que ls pastores son mi malos, Puodan-te partir ls quadriles. Orações Padre Nosso Padre nôsso Que stais ne ciélo, Santeficado Sëia l bôsso nome. Benga a nós outros El bôsso reino, Seia feita la bôssa buntade, Assi na riêrra, Cumo ne cíelo. El pã nôsso De cada díê Daimos-lo hoije; Perdonai-mos Las nôssas díbedas, Assi cumo nós perdonamos A los nôssos debedores (ou a qui mos te öufendido) I nũ mos deixeis caér Na tentaçöũ, Mas lhibraimos del mal. Amém, Jasus. Abe Maríe Salbe Rainha Abe Naríê, chena de grácia, El Senhor stá cu Bós, Bendita sodes bós, Antre todas las mulhíêres, I bendito l fruto Del bôsso bientre, Jasus! Santa Naríê, Mái de Díus, Rogai pur nós, Pecadores, Agora, I na hora d' la nôssa môrte, Amém, Jasus! Salbe Raínha, Maí de mezricórdia, Bida deçura i sprança nôssa, Díus Bos salbe! Pur Bós chamamos, los desgradados, filhos d' Eba. Pur Bós suspiramos, Gemendo i churanda, Neste bal de lhágrimas, Pur isso, Senhora, Adboada nôssa, Bolbei, para nós êsses bôssos ôlhos Mezricordiosos! Despuis deste desterro, Mostrai-mos a Jasus, fruto bendito del Bôsso bíetre. Ah! Climente! Ah! Piadosa! Ah! doce, siêmpre Birge Maríê!... Rogai pur nós Santa Mái de Díus! - Para que séiamos dignos d' alcançar las purmiêssasa de Cristo; Amen, Jesus!... b) O “Mirandês” 5 - Cantiga La cantiga del Galandum Mirandum se fui a la guerra Mirandum se fui a la guerra Mirandum, Mirandum, Mirandela Não sei quando benerá. Las nobidades que traio Las nobidades que traio Mirandum, Mirandum, Mirandela Bos ão-de fazer chorar. Se benerá por la Pascoa Se benerá por la Pascoa Mirandum, Mirandum, Mirandela Se por la Trenidade. Tirai las colares de gala Tirai las colares de gala Mirandum, Mirandum, Mirandela Ponei bestidos de lhuito. La Trenidade se passa La Trenidade se passa Mirandum, Mirandum, Mirandela Mirandum num bene iá. Que Mirandum iá ié muorto Que Mirandum iá ié muorto Mirandum, Mirandum, Mirandela you bien lo bi anterrar Chubira-se a ua torre Chubira-se a ua torre Mirandum, Mirandum, Mirandela Para ber se lo abistaba. Antre quatro ouficiales Antre quatro ouficiales Mirandum, Mirandum, Mirandela Que lo iban a lhebar. Bira benir um page Bira benir um page Mirandum, Mirandum, Mirandela Que nobidades trairá? Tradições: 1) Usos e costumes; 2) Instrumentos musicais; 3) Folclore; 4) Artesanato; 5) Gastronomia; 6) Raças tradicionais. Tradições: 1- Usos e Costumes Festa dos Rapazes em Constatim – Dezembro Enquadra-se nos ritos de passagem das festas Solestícias de Inverno com destaque para: O Carocho em Constatim; A Velha em Vila Chá da Braciosa. Fogueira Comunitária No dia 24 de Dezembro a mocidade (rapazes solteiros) fazem a recolha de lenha para a fogueira da missa do galo da cidade de Miranda. Serões de Inverno Cantares dos Reis – Os casamentos de Carnaval, em quase todas as Aldeias do Concelho. Enterro do Morto – Oferta e Cantares dos Ramos, representação do Teatro Popular – Colóquios Tradições: 2- Instrumentos Musicais Gaita de foles (Gaita de fuôlhes) Instrumento tradicional de riquíssimas tradições, que emerge da mais ancestral tradição musical mirandesa. Trata-se de um instrumento de sopro típico desta região que tem um fole feito, tradicionalmente, de pele de cab Castanholas de Miranda do Douro Tradições: Pauliteiros 3- Folclore As famosas danças dos Pauliteiros de Miranda são uma vaga reminiscência das danças pírricas dos guerreiros da Grécia antiga. Imprevista, variada e colorida, a coreografia exige grande destreza dos dançarinos. É, na verdade, uma dança essencialmente guerreira e a sua origem não é certamente nova. Ela é tão velha como o Homem na Península Ibérica. Em mangas de camisa oito homens rudes trazem flores nos chapéus de largas abas, nas costas e nos ombros, encanastrados, fitas de várias cores berrantes. Cada uma representa uma flor: a vermelha, uma rosa, a azul, uma violeta, a branca, uma açucena e a amarela representa o rei. Em cada mão um pau grosso como cabo de martelo, curto como batuta. Avançam, como se caminhassem em campo vasto, à frente de um exército e a dança rompe num arranco de corações em fogo Danças mistas regionais Tradições: 4 – Artesanato: Trabalhos em madeira, verga e ferro forjado Os trabalhos são feitos por artesãos, fazendo-se miniaturas de arados, rocas, carros de bois e outros objectos tradicionais da zona Cutelarias “Facas de Palaçoulo” - facas maravilhosas, em vários formatos para uso culinário. Para além de que um Transmontano típico traz sempre este acessório como se mais uma peça de roupa se tratasse. Colchas e tapetes em lã e linho Através dos tempos as mulheres aprenderam a transformar a lã dos rebanhos em cobertores, meias, capuchas e tapetes. As suas mãos experientes, teciam, bordavam e moldavam cestos e chapéus de palha e vime. Aos homens estiveram sempre reservadas as tarefas mais duras, as matérias mais rudes. A latoaria, a olaria, a tanoaria, a correaria, a tamancaria ocupavam as horas e os dias do homem do Douro ao mesmo tempo pastor e agricultor. Nas aldeias e vilas, as casas, as pontes, as calçadas são feitas de granito e xisto moldado por gerações de habitantes que perpetuaram na história os seus saberes e artes Capas de Honra Feita de burel, ricamente bordada, com capuz e uma espécie de pala nas costas, claramente inspirada na liturgia capa de asperges gótica, e que é envergada por homens importantes Tradições: 5 – Gastronomia: A gastronomia caracteriza-se, quer pela elevada qualidade dos produtos que utiliza, quer pela relativa simplicidade dos processos de elaboração Posta Mirandesa Nas feiras de onde é originária, era apenas assada na brasa, temperada com sal e comida com pão típico da região. Hoje em dia esse belíssimo naco de vitela assada, que pode ser encontrada nos principais restaurantes da região. É um enorme, tenro e delicioso naco de carne, servido com batata a murro numa simbiose perfeita . Folar de Carne É da abundância de fumeiro que resulta por ocasião das festas Pascais o “Folar” – pão de ovos recheado de enchidos. Bola Doce Mirandesa Outros Enchidos regionais (fumeiro), encontrando-se o presunto, as alheiras (também designadas de tabadeias), o salpicão e o butelo, entre os mais afamados representantes. Menos conhecida, são as cascas ou casullas, prato elaborado à base de vagens secas de feijão sujeitas a cozedura prolongada, que constituem um excelente acompanhamento de Inverno, principalmente para os butelos. Caça e Pesca Perdiz; Coelho; Lebre; Javali; Rola. Lagostim de água doce; Carpa; Barbo. Tradições: 6 – Raças tradicionais: Raça Mirandesa A raça bovina mirandesa é a mais notável de Portugal pelas suas aptidões de trabalho, de engorda e de reprodução, e ainda por ser a que apresenta exemplares mais finos, elegantes e bem proporcionados em todos os seus membros. O boi mirandês de raça fina deve ter segundo se diz na região: três pequenos - cabeça, testa e agulha; três grandes - meleneira, pelindrengues e estriga de rabo; três curtos - focinho, pescoço e perna; três largos - tromba, nuca e «nalgas»; e três direitos - espinhaço, cana do nariz e perna. Burro mirandês O burro mirandês é uma raça com características singulares que se encontra em vias de extinção, restam apenas cerca de mil exemplares. Isto levou a que a União Europeia (UE) a considere “raça protegida”. Actualmente está a ser utilizado na terapia de crianças com problemas especiais. A experiência desenvolvida numa aldeia de Miranda do Douro começa a dar frutos, principalmente no que toca à relação dos mais novos com o exterior. Fotografias: a) Antigas da cidade; b) Casas típicas; c) “Rio Douro”. Fotografias: a) Antigas da Cidade; Fotografias: b) Casas Típicas; Fotografias: c) “Rio Douro”. Fim da apresentação