SENADO FEDERAL GABINETE DA SENADORA GLEISI HOFFMANN RELATÓRIO Nº , DE 2015 Da COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, sobre a Mensagem nº 37, de 2015 (Mensagem nº 186, de 28/05/2015, na origem), que submete à apreciação do Senado Federal o nome do Senhor CARLOS ANTONIO DA ROCHA PARANHOS, Ministro de Primeira Classe do Quadro Especial da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de Embaixador do Brasil no Reino da Dinamarca e, cumulativamente, na República da Lituânia. RELATORA: Senadora GLEISI HOFFMANN Esta Casa do Congresso Nacional é chamada a se manifestar sobre a indicação que a Senhora Presidenta da República faz do Senhor CARLOS ANTONIO DA ROCHA PARANHOS, Ministro de Primeira Classe do Quadro Especial da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, para exercer o cargo de Embaixador do Brasil no Reino da Dinamarca e, cumulativamente, na República da Lituânia. A Constituição Federal atribui competência privativa ao Senado Federal para apreciar previamente, e deliberar por voto secreto, a escolha dos Chefes de Missão Diplomática de caráter permanente – artigo 52, inciso IV. O Ministério das Relações Exteriores, atendendo a preceito regimental, elaborou curriculum vitae do indicado, do qual extraímos para este Relatório as informações que se seguem. Nascido no Rio de Janeiro-RJ, filho de Antonio Carlos Azevedo da Rocha Paranhos e de Maria Thereza Calazans da Rocha Paranhos, concluiu 1 SENADO FEDERAL GABINETE DA SENADORA GLEISI HOFFMANN o Curso de Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco em 1971. No ano seguinte, graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também no Instituto Rio Branco, concluiu o Curso de Altos Estudos em 1988. Nomeado Terceiro Secretário, em 1973, o diplomata em apreço foi promovido a Segundo Secretário, em 1976; a Primeiro Secretário, em 1979; a Conselheiro, em 1985; a Ministro de Segunda Classe, em 1992; e a Ministro de Primeira Classe, em 1999. Todas as promoções por merecimento. Em 2014, passou a integrar o Quadro Especial. Dentre os cargos exercidos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores cumpre destacar os seguintes: Chefe-substituto da Divisão de Política Comercial (1983-1985); Chefe da Divisão da Europa II (1986-1993); Secretário Executivo da Coordenação do Comércio com os Países Socialistas da Europa Oriental (COLESTE) (1986); Chefe-substituto do Departamento da Europa (1990-1993); Presidente do Grupo Latino-Americano da FAO (1993); Subsecretário-Geral do Serviço Exterior (2002-2003); Subsecretário-Geral de Política I, de 2013 até o presente momento. No Exterior, serviu na Embaixada em Roma como MinistroConselheiro e Representante Alterno do Brasil junto à FAO (1993); serviu também na Delegação Permanente em Genebra, desempenhando as funções de Embaixador e Representante Alterno do Brasil; foi Embaixador em Moscou, e cumulativamente, em Belarus, Geórgia e Uzbequistão, de 2008 a 2013. Chefiou a Delegação Brasileira à 10ª Reunião dos Estados-Partes da Convenção contra a Tortura (2005); foi Chefe Alterno da Delegação à 94ª e à 95ª Conferências Internacionais do Trabalho (2006); foi membro do Conselho de Administração do Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR), em 2007, entre outras missões que desempenhou no Exterior. Foi, ainda, agraciado com diversas condecorações nacionais e estrangeiras. Consta do processado, além do curriculum vitae relatado, documento informativo, anexado pelo Ministério das Relações Exteriores, contendo dados referentes às relações bilaterais do Brasil com o Reino da Dinamarca e com a República da Lituânia. 2 SENADO FEDERAL GABINETE DA SENADORA GLEISI HOFFMANN A Dinamarca e o Brasil mantêm relações bilaterais tradicionalmente cordiais, visto que ambos os países compartilham os mesmos valores no plano internacional como os ideais de coexistência e cooperação internacional e a solução pacífica das controvérsias. A Dinamarca tem apoiado candidaturas brasileiras em vários organismos internacionais, inclusive apoiando a aspiração brasileira a ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Copatrocinou, ademais, projeto de resolução apresentado pelo G-4 na 59ª Assembleia Geral da ONU sobre reforma de seu Conselho de Segurança. Com vistas ao aprofundamento da cooperação entre os dois países nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, a Primeira ministra Helle Thorning-Schmidt manteve encontro com a Presidenta Dilma Rousseff, à margem da Conferência Rio+20, em junho de 2012. Na ocasião, a Primeiraministra ressaltou o interesse dinamarquês no envolvimento do Brasil no “Global Green Growth Forum – 3GF”, voltado para parcerias no âmbito da “economia verde”. A Dinamarca e o Brasil celebraram vários acordos de cooperação científica e tecnológica, com destaque para a área de Ciência de Alimentos, na qual atuam em conjunto a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e a Agência Dinamarquesa de Ciência, Tecnologia e Inovação. No âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras a Dinamarca recebe sobretudo bolsistas de doutorado, tendo sido concedidas, até o momento, 182 bolsas para estudantes e pesquisadores brasileiros em universidades dinamarquesas. No tocante aos aspectos econômico-comerciais da relação bilateral, verifica-se claro interesse por parte dos setores empresariais dinamarqueses na exportação de seus produtos para a classe média brasileira. Aquele país vem dando prioridade ao relacionamento com os países do BRICS como forma de abrir novos mercados e equilibrar as contas do país que sofrem o impacto da crise da zona do euro. Entre 2005 e 2014, o intercâmbio comercial brasileiro com a Dinamarca cresceu 248%, porém o saldo tem sido desfavorável ao nosso País, com déficit brasileiro em 2014 da ordem de R$ 321,1 milhões. Em 2014, 77% das exportações brasileiras para a Dinamarca foram compostas de produtos manufaturados, seguidos dos básicos, com 22% e dos semimanufaturados, com 1%. Produtos farmacêuticos e resíduos das 3 SENADO FEDERAL GABINETE DA SENADORA GLEISI HOFFMANN indústrias alimentares são os principais grupos de produtos exportados. Por sua vez, o Brasil importa da Dinamarca basicamente produtos manufaturados (99% da pauta importadora) destacando-se insulina, inseticidas, óleo diesel, medicamentos e catalisadores. É interessante assinalar que o principal produto do comércio bilateral Brasil-Dinamarca é a insulina, o que se deve ao comércio intrafirma da multinacional dinamarquesa Novo Nordisk, com fábrica em Minas Gerais. Em 2014, as exportações brasileiras para a Dinamarca cresceram 9,43% em relação a 2013, e as importações brasileiras originárias da Dinamarca decresceram 7,25% em relação a 2013. No que diz respeito aos investimentos, cabe assinalar que em 2013 o estoque de investimento direto da Dinamarca no Brasil somou US$ 995 milhões, sendo as principais investidoras no País as seguintes: MollerMaersk (logística); Exact Invest e Brazilian Development (investimentos imobiliários; Novo Nordisk; Novozymes; e Leo Pharma (medicamentos); GN Netcom (telecomunicações); Tagit Brasil (consultoria); e Vestas (equipamentos para geração de energia eólica). Na Dinamarca a brasileira Metalfrio Solutions, empresa do setor de refrigeração comercial, mantém escritório de vendas e centro de distribuição desde 2006. Sobre o momento atual de negociações entre Mercosul e União Europeia, seguindo a sua forte tradição de apoio à liberação dos mercados, a Dinamarca, em sua condição de membro da Comunidade Europeia, atribui importância política à negociação de acordos bilaterais ou regionais entre a União Europeia e outros países ou blocos, a exemplo das negociações Mercosul-União Europeia. Acredita, no que tange a produtos agrícolas, que uma melhor oferta europeia estaria na dependência de melhor oferta do Mercosul em outras áreas, notadamente produtos industriais. A comunidade brasileira residente atualmente na Dinamarca está estimada em cerca de 3 mil cidadãos brasileiros. A República da Lituânia teve sua independência reconhecida pelo Brasil em 1921. Até 1961, o Rio de Janeiro abrigou uma das poucas Embaixadas lituanas no exterior. No presente, o Consulado-Geral da Lituânia em São Paulo, em funcionamento desde 2012, acumula as funções de representação, na medida em que a Embaixada em Buenos Aires, cumulativa com o Brasil, encerrou suas atividades em 31/12/2012. 4 SENADO FEDERAL GABINETE DA SENADORA GLEISI HOFFMANN O comércio bilateral Brasil/Lituânia apresenta números oscilantes, e demonstra inexistir um padrão estável de trocas comerciais entre os dois países. Após haver atingido, em 2009, alta histórica de US$ 180 milhões, o fluxo comercial entre os dois países passou por forte retração de mais de 50% em 2011, ascendendo em 2012 e 2013 para US$ 150 milhões. Em 2014 houve nova queda, alcançando o intercâmbio total pouco menos de US$ 77 milhões, em razão do decréscimo das exportações brasileiras, que caíram de US$ 115 milhões no ano anterior para US$ 43 milhões em 2014. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a Lituânia em 2014 foram fumo, carnes e café. A maior parte das exportações lituanas para o nosso País compõem-se de ferro ou aço, e os demais produtos não alcançam, cada um, 2,5%, em sua maioria manufaturas ou semimanufaturas. O Brasil mantém um Consulado honorário em Vílnius. A comunidade brasileira no país é composta de cerca de dez pessoas, em sua maioria dedicada ao futebol. Diante do exposto, julgamos que os integrantes desta Comissão possuem os elementos suficientes para deliberar sobre a indicação presidencial, nada mais podendo ser aduzido no âmbito deste Relatório. Sala da Comissão, , Presidente , Relator 5