DISCURSO PRONUNCIADO POR SUA EXCELÊNCIA JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA, POR OCASIÃO DA TOMADA DE POSSE DO PRESIDENTE E DO VICEPRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPREMO Luanda, 10 de Outubro de 2014 SENHOR VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS, SENHOR PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, SENHORES MAGISTRADOS JUDICIAIS, SENHORES MINISTROS, MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES, Acabo de conferir posse nos cargos de Presidente e de Vice-Presidente do Tribunal Supremo aos Senhores Doutores Manuel Miguel da Costa Aragão e Cristiano Molares de Abril e Silva, pessoas de reconhecidas capacidades e que reúnem os requisitos necessários para garantir o cumprimento cabal das suas novas funções. Na realidade, eles assumem as suas responsabilidades no início de uma nova era, cujo marco foi a entrada em vigor da Constituição da República em Fevereiro de 2010, que estabeleceu os princípios e valores para a reforma do Estado e do Poder Judicial, em particular. SENHORES PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPREMO O exercício do vosso mandato vai decorrer num período em que se torna imprescindível incrementar o processo de Reforma da Justiça e do Direito, tendo em conta o papel central do Direito e do Sistema Judicial no desenvolvimento económico, social, cultural e político da nossa sociedade. 1 Como sabem, os Órgãos da Justiça realizam melhor a sua missão quando estão mais próximos dos cidadãos, garantindo um acesso mais fácil aos seus serviços, a efectivação dos seus direitos e interesses legítimos e o princípio “Justiça para Todos. Neste sentido, importa dar-se um maior impulso à reforma da organização judiciária, mais precisamente do modelo de organização e funcionamento dos tribunais da jurisdição comum, em conformidade com as bases fundamentais definidas na Constituição da República. Neste contexto, com a criação dos Tribunais de Relação, o Tribunal Supremo passará a ter também mais responsabilidades e maior intervenção no domínio do Direito, criando certamente jurisprudência de maior nível. Não há dúvida que isto requer muito trabalho, mas temos em conta que o Tribunal Supremo é a instância superior da jurisdição comum e que os Senhores Magistrados recém nomeados revelarão o dinamismo e a capacidade de intervenção necessários em todas as áreas do Direito sob sua alçada, para se conseguir este objectivo. Por outro lado, é conveniente adoptar-se a divisão judicial do território, que permita maior facilidade e articulação do Sistema de Justiça com os outros organismos da Administração do Estado. Isso implica uma forte aposta na formação inicial e contínua dos operadores judiciais, com particular incidência dos Magistrados Judiciais, a fim de alcançarmos a eficiência e maior qualidade da Justiça. Uma eficaz gestão dos recursos humanos, e dos quadros em particular, em articulação com outros serviços auxiliares, pode por si só gerar maior produtividade e eficiência dos Tribunais. A materialização deste objectivo requer de facto profissionais adequadamente capacitados em matéria de gestão processual e de gestão de recursos humanos, materiais e financeiros. É um objectivo primordial porque os Tribunais e os Magistrados Judiciais desempenham um papel crucial na defesa do Direito e da Justiça, no cumprimento da Constituição e da Lei, na afirmação dos princípios básicos da convivência humana e social, bem como na regulação das relações dos cidadãos entre si e com o Estado, e em especial na garantia dos direitos fundamentais e humanos. Por outro lado, através de boas práticas e de comportamentos irrepreensíveis, reforça-se a confiança dos cidadãos nos Magistrados Judiciais e no Sistema de Justiça. Senhores Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Supremo, Na verdade, os Tribunais devem desempenhar um papel de primeiro plano no aprofundamento da inclusão social e na correcção das desigualdades, na qualidade da resposta do Estado aos conflitos estruturais, na promoção da paz social, na melhoria da capacidade e da transparência da Administração Pública e na segurança da actividade empresarial, que é essencial no desenvolvimento económico. 2 São grandes e múltiplas as tarefas que os esperam e que hão-de exigir a vossa dedicação e esforços. A reforma do Sistema Judicial, em especial dos Tribunais Judiciais, constitui um sub-programa essencial da Reforma do Estado e um Programa-chave da reforma do Direito e da Justiça. Reconhecemos, por outro lado, que o Tribunal Supremo, como última instância de recurso dos outros Tribunais, tem um volume grande de processos por resolver. O destino da nossa democracia depende do aprofundamento e da consolidação do Estado de Direito Democrático, que deve dispor de tribunais judiciais autónomos e independentes, capazes de funcionar com qualidade e eficiência. Não será fácil o vosso trabalho, mas podem contar com o apoio de todos os presentes. Desejo que cumpram com êxito a vossa nobre missão! A terminar, dirijo uma palavra de apreço ao Juiz Presidente Jubilado, Dr. Cristiano André, por ter desempenhado durante vários anos, com dedicação e sentido de responsabilidade, as suas nobres funções. Muito Obrigado! * 3