ASMA E TABAGISMO João Paulo Becker Lotufo Hospital Universitário da USP (AMBULATÓRIO ANTITABÁGICO DO HU USP) Sociedade Brasileira de Pediatria (DROGAS LÍCITAS) Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (DEPARTAMENTO DE TABAGISMO) Projeto Dr Bartô e os Doutores da Saude (PREVENÇÃO PARA ENSINO FUNDAMENTAL 1 E 2) Asma na Infância e no Adulto Doença multifatorial dependente da herança genética e da interação com alérgenos e poluentes ambientais Aumento da prevalência da asma - estilo de vida, exposições ambientais EPIDEMIOLOGIA • Tabagismo Ativo é 1ª causa isolada, evitável, de mortes precoces em todo o mundo. * • Álcool é a segunda • Tabagismo Passivo é a terceira causa de morte evitável no mundo • Fumaça do tabaco é o principal poluente em ambientes fechados Fonte: *OMS; ** INCA Rinite Alérgica e Asma têm Fatores Desencadeantes Comuns • Fatores ambientais • • • • Poeira doméstica Pólens Pelo e saliva de animais Insetos • Tabagismo direto ou indireto • Poluição atmosférica • Mofo • Exercício/Ar frio • Infecções respiratórias • Controle inadequado da inflamação Subjacente Adaptado de National Institutes of Health Global Initiative for Asthma: Global Strategy for Asthma Management and Prevention: A Pocket Guide for Physicians and Nurses. Publication No. 95-3659B. Bethesda, MD: National Institutes of Health, 1998; Workshop Expert Panel Management of Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) Pocket Guide. A Pocket Guide for Physicians and Nurses. 2001. As correntes do fumo Corrente terciária Corrente lateral ou secundária Corrente principal ou primária Os dois principais riscos do tabagismo passivo no adulto (excluindo a gravidez) Grupo europeu p/tornar os hospitais da Europa ambientes livres do tabaco 2001 Acidente coronário Risco aumenta 25% Câncer do pulmão Risco aumenta 26% Incômodo provocado pelo fumo: - 80 % para os não-fumadores, - 53% para os fumadores. Os quatro principais riscos do tabagismo passivo na criança Grupo europeu p/tornar os hospitais da Europa ambientes livres do tabaco 2001 Morte súbita do recém-nascido (Risco multiplicado por 2 a 5 x) Exacerbação de asma: Risco aumenta 14% se for o pai, 38%a mãe 48%os 2 a fumar. Otite recidivante: Risco aumenta 21% com o pai, 38% com a mãe 48% com os 2 a fumar. Bronquites: Risco aumenta 72% se for a mãe a fumar e 29% se for outro membro da família a fumar. Benefícios da proibição de fumar para os empregados Número de barmen com sintomas 40 • , Sintomas em 67 barmen antes e depois da proibição de fumar dispneia tosse matinal tosse diurna escarro irritação ocular irritação nasal irritação garganta 30 20 10 0 Antes da proibição Depois da proibição Eisner M et coll., JAMA 1998, 280, 1909-1914 Epitélio Nasal e Brônquico Normais Epitélio nasal Epitélio brônquico Epitélio com células caliciformes nas vias respiratórias superiores e inferiores Reimpresso sob autorização de Photo Researchers, New York, NY. A Maioria dos Pacientes com Asma tem Rinite Alérgica • 80% dos pacientes com asma têm RA Rinite alérgica isolada RA + Asma Asma isolada Adaptado de The Workshop Expert Panel. Management of Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) Pocket Guide. A Pocket Guide for Physicians and Nurses. 2001; Bousquet J and the ARIA Workshop Group J Allergy Clin Immunol 2001;108(5):S147-S334; Sibbald B, Rink E Thorax 1991;46:895-901; Leynaert B et al Am J Respir Crit Care Med 2000;162:1391-1396. TP e Asma na Infância Primeiras evidências Colley – 1974 • • Incidência de bronquite e pneumonia Pais não tabagistas - 7,8% 1 tabagista - 11,4% 2 tabagistas - 17.6% Aumento significante da: • • prevalência e da gravidade da asma frequência das crisesexacerbações • numero de visitas a serviços de emergência • risco de intubação Cook - 1998 Risco para D. Respiratória <2 a – OR = 1,57 (pais) OR= 1,72 (mãe) Risco para Asma <6 anos - OR=1,31 >6 anos – OR=1,13 (calibre da via aérea) Efeitos da restrição do tabagismo domiciliar DOSAGEM DE COTININA URINÁRIA EM CRIANÇAS DE 0 A 5 ANOS Lotufo e cols. Pediatria (São Paulo) 2005;27(1):19-24 AVALIAÇÃO DA COTININA URINÁRIA COMO EXAME DIAGNÓSTICO DE TABAGISMO ATIVO E PASSIVO Lotufo e cols - doutorado 2013 cotinina urinária (ng/ml) creatinina (ng/ml) cot/creat (ng/ml) fumantes ativos fumantes passivos 990,85 1,2295 815,63 52,85 1,03 51,31 não fumantes 1,17 1,21 0,96 n=14 (12 = 0) Estudantes – São Paulo - 2005 CIGARRO de acordo com ano escolar 50% 49% 50 49 33% 33 32 27 % 27 22 23 22 20 19 18 10 6 ª s é rie 7 ª s é rie 8 ª s é rie 15 7 5 ª s é rie 9 8 F e m in in o F e m in in o M a s c u lin o M a s c u lin o P riv a d a P ú b lic a P riv a d a P ú b lic a Unifesp – Incor/ Dr. José Augusto Taddei/ Dr. Moacir Nobei - 2005 Período de exposição -janelas de vulnerabilidade • Pré-natal • Pós-natal Exposição pré-natal Young S. N Engl J Med 1991;324 Joad JP. Toxicol Appl Pharmacol 1999;155 • Modelos Animais • Hipoplasia pulmonar • Diminuição da síntese de elastina • Alvéolos – maiores e em menor quantidade • Algumas evidências de hiperresponsividade • Especialmente em filhos de atópicos • Estudos experimentais Principais Estágios no desenvolvimento pulmonar em humanos R.Kajekar, Pharm& Therap114(2007) 129-145 Bronquíolo final de macaco Rhesus • Menor e mais estreito Fanucchi et al, 2006 Inflamação das Vias Aéreas na Asma Normal Asmático P Jeffery, in: Asthma, Academic Press 1998 Exposição pré-natal Henderson – Eur Respir J 2001 Lannero – Respir Res - 2006 Estudos Epidemiológicos Reino Unido – 10.683 lactentes Chiado < 6m – OR=1,3 Suécia – 4.089 Chiado < 2 anos – OR= 2,2 • COORTE 60.000 CRIANÇAS - AOS 7 ANOS Exposição pré-natal – efeito dose-dependente <10 cigarros/dia – OR: 1,25 >10 cigarros/dia – OR: 1,36 Exposição pré-natal Gilliland – Am J Resp Crit Care Med – 2001 Svanes – Thorax - 2004 • Califórnia – 5.762 escolares e adolescentes 9- 11 anos – OR= 1,8 – diagnóstico asma OR= 3,1 – chiado persistente • Svanes Maior incidência de sintomas respiratórios em adultos – 20 a 44 anos Exposição pós-natal • Associação mais forte com chiado • Associação é dose-dependente • Mais evidente com o fumo materno • Mais evidente nos primeiros anos de vida Tabagismo passivo e função pulmonar Milner – Early Human Devel - 2007 • Efeito no desenvolvimento das vias aéreas Mais evidentes em pequenas vias aéreas • TP associado a tendência maior a chiado, resposta a infecções virais e freqüência de hospitalizações • Alguma evidência de maior susceptibilidade em meninas • Não há evidências de alterações do volume pulmonar Interação gene-ambiente • 3054 escolares-Alemanha • Deficiência GST M1 exposta a TPassivo Ambiental Asma atual – OR= 5.5 (1.6-18.6) Chiado atual – OR= 4.7 (1.8-12.6) • Deficiência de GSTM1 e GSTT1 podem aumentar os efeitos adversos da ETS e EIT Comparação dos Riscos para Gestantes que Fumam em Relação com as Não Fumantes Aborto espontâneo - 1,7 vezes maior Bebê prematuro - 1,4 vezes maior Baixo peso ao nascer - 2 vezes maior Morte perinatal - 1,3 vezes maior Current Tobacco Use Among Middle and High School Students René A. Arrazola, MPH, Shanta R. Dube, PhD and Martha Engstrom, MS Office on Smoking and Health, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, CDC. • Diminuir o acesso à exposição ao tabaco • Diminuir a publicidade do tabaco • Diminuir as promoções e exposição ao fumo • Aumento do preço Hospital Admissions for Childhood Asthma After Smoke-Free Legislation in England Pediatrics; originally published online January 21, 2013; 217.381 internações por asma 63,4% meninos 86,5% em centros urbanos Antes da legislação : Internação por asma crescia 2,2%/ano Depois da legislação: • 6802 internações a menos em 3 anos após a implementação da lei • -8,9% de internações • Redução em diferentes idades , sexos, situação socio econômica, situação urbana ou rural Mean daily childhood asthma admissions during each monthof the study period Brasil está entre países líderes em número de ex-fumantes Lancet 2012 JÁ FUMARAM DIARIAMENTE NO PASSADO Reino Unido homens 57,1% mulheres 51,4% Estados Unidos 48,7% 50,5% Brasil 46,4% 47,7% Uruguai 42,8% 41% 12% 16% China e India •O Brasil também tem a menor taxa de homens fumantes •em relação ao total da população. Nº de pacientes que parou de fumar 2009 a 2011 (n=703) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 94% 97%100% 93% 92%100% 79% 85% 75% 53% 65% 79% 39% 37% 79% 40% 61% 63% 30% 47% 20% 21% 15% 92 pacientes 2 contatos Parou 21% 115 pacientes 3 contatos não parou 21% 85 pacientes 4 contatos vareniclina - 84 TRN - 174 sem med - 38 vareniclina - 19 TRN - 52 s/ Med - 14 vareniclina - 12 TRN - 39 s/ Med - 24 vareniclina - 8 115 pacientes 1 contato 35% 0% vareniclina - 12 0% 8% TRN - 39 3% 7% s/ Med - 41 6% TRN - 39 0% s/ Med - 68 10% 25% 296 pacientes 5 ou mais contatos METODOLOGIA Foto: Amputado PHONE-BASED IB by MULTIPROFESSIONALS: PERSPECTIVES for TREATMENT of DRUG ABUSE and DEPENDENCE Maristela Ferigolo Results Enrolled and Randomized n=413 BMI n=177 Control group n=236 6 month follow-up: 78 participants (44%) 6-month follow-up: 85 participants (36%) Tobacco abstinence rates: Tobacco abstinence rates: 32% 6% PROJETO INTERVENÇÃO MÍNIMA NO OS DO HU USP 2012 Como Lidar com o adolescente? TABACO 1 EM 3 FICAM DEPENDENTES ÁLCOOL – 1 EM 7 COCAÍNA – 1 EM 9 MACONHA – 1 EM 9 2,8 X • TABACO 5X MACONHA USO DE MACONHA EXPOSIÇÃO OPORTUNA 5X USO DE COCAÍNA 20 X USO EXPORÁDICO DE COCAÍNA FUMO X DROGAS ILÍCITAS 40% 33% 30% 20% 0% 10% 0% fumante(35%) LACO não fumante Fonte : IBOPE / PARCERIA CONTRA DROGAS - 1999 CONHECIMENTO DE TABAGISMO ENTRE PEDIATRAS e PNEUMOPEDIATRAS Lotufo, JPB Congresso Brasileiro de Pneumologia Pediátrica SP (P) n= 90 2007 (PP) n= 38 2008 Não sabiam a miligramagem da reposição de nicotina 100 % 95,5% Não sabiam o percentual de fumantes 95,5 % Desconheciam a escala de Fargstron Não sabiam que a bupropiona é dada por via oral (P)n=63 2009 (PP)n=84 2009 (NM)n=19 2009 95,2% 90,5% 100% 82% 87,3% 83,3% 89,5% 94,5 % 82,4% 93,7% 72,6% 89,5% 58,8 % 60% 66,7 42,9 63,2% HU USP E NA SALA DE ESPERA DA RADIOTERAPIA ... Desenho na sala de espera de Asma controlada e não controlada! PORTANTO • Falar de asma sem falar de higiene ambiental, não existe ! • Falar de higiene ambiental sem citar tabagismo, não cabe mais! • Falar de tabagismo sem orientar como fazer para parar de fumar, não pode! • Prevenção não é só vacina – programas dentro do consultório e fora dele. • Ficar só atendendo ficha e reclamando da vida, não pode! Precisamos de ações políticas sobre o problema das drogas lícitas! Quem Faz a prevenção do Tabaco... ...deve fazer a prevenção do Álcool ! Fumar não é uma questão de hábito, é uma questão de óbito. Obrigado [email protected] www.tabagismo.hu.usp.br www.drbarto.com.br