Gases OSG 1077/06 1. Fases de agregação 4. Pressão O grau de organização das moléculas que formam a matéria varia desde muito organizado (fase sólida), passando por um grau de organização intermediário (fase líquida) até um alto grau de desorganização (fase gasosa). O estado mais simples da matéria é um gás, uma forma da matéria que enche qualquer recipiente que a contenha. Estudaremos primeiro os gases puros e a seguir veremos que as mesmas idéias e equações se aplicam a misturas de gases. 4.1 Experiência de Torricelli 1.1 Gases (perfeito) Devemos imaginar um gás como um conjunto de moléculas (ou átomos) em movimento permanente e aleatório, com velocidades que aumentam quando a temperatura se eleva. Por isso define-se para as partículas de um gás uma velocidade média e uma energia cinética média (Ec). Essa energia cinética média é diretamente proporcional à temperatura absoluta do gás: Assim como a água ou qualquer outro fluido na superfície da Terra, o ar sofre a ação do campo gravitacional e exerce pressão sobre os corpos junto à superfície terrestre. É a pressão atmosférica. A medida da pressão atmosférica foi realizada pela primeira vez em 1643 pelo físico italiano Evangelista Torricelli. Para isso, Torricelli encheu com mercúrio um tubo de vidro de pouco mais de 1m de comprimento. Tampou a extremidade aberta e a emborcou numa cuba também com mercúrio. Destampando o tubo, verificou que o mercúrio havia descido até atingir o equilíbrio na altura h = 76cm. Veja a figura a seguir. Ec = K (K é uma constante de proporcionalidade) T 2. Propriedades gasosas 2.1 Compressibilidade A compressibilidade garante que o volume ocupado por certa quantidade de gás possa diminuir se ela for submetida à ação de forças externas. Em pressões elevadas, quando as moléculas estão muito próximas umas das outras, as forças repulsivas dominam e o gás é menos compressível que um gás perfeito, em virtude da ação que tende a afastar as moléculas. 2.2 Fator de compressibilidade (Z) O fator de compressibilidade (Z) de um gás é a razão entre o volume molar do gás (Vm) e o volume molar de um gás perfeito (Vmo) nas mesmas pressão e temperatura: Z= Vm Vmo 2.3 Elasticidade A elasticidade garante que se o gás for comprimido pela ação de forças externas ele retornará ao volume inicial assim que essa força deixar de agir. Ari – Duque de Caxias Da 5ª Série ao Pré-Vestibular Av. Duque de Caxias, 519 - Centro - Fone: (85) 3255.2900 (Praça do Carmo) Torricelli concluiu corretamente que essa coluna de mercúrio era equilibrada pela pressão atmosférica que atuava na superfície livre da cuba, ao nível do mar, onde realizou o experimento. Esse conjunto experimental ___ chamado barômetro ___ tornou-se instrumento de medida da pressão atmosférica. Durante muito tempo a medida da pressão atmosférica e, por extensão, da pressão de gases em recipientes fechados, foi feita com unidades práticas, algumas ainda em uso. Uma delas é o torr, igual a 1mmHg, outra é a atmosfera, cujo símbolo é atm. O valor de 1atm é 760,0 torr, por definição. Essas unidades tendem a ser substituídas pela unidade de pressão do SI, pascal (Pa), definida a partir da razão N/m2. Como não há relação direta entre as definições do pascal e das unidades práticas, torr e atmosfera, originadas da medida da pressão atmosférica com o barômetro de mercúrio, a relação entre elas só pode ser obtida pelo cálculo do valor da pressão atmosférica. Para isso, consideramos pontos do mercúrio no mesmo nível: o ponto 1 na superfície da cuba e o ponto 2 no interior do tubo. Ari – Washington Soares Sede Hildete de Sá Cavalcante (da Educação Infantil ao Pré-Vestibular) Av. Washington Soares, 3737 - Edson Queiroz - Fone: (85) 3477.2000 Clubinho do Ari - Av. Edílson Brasil Soares, 525 - Fone:(85) 3278.4264 Ari – Aldeota Rua Monsenhor Catão, 1655 (Início das Aulas: 2007) CURSO QUANTA Os pontos 1 e 2 são pontos do mesmo líquido em repouso e estão à mesma altura, logo estão à mesma pressão. Como o mercúrio está em repouso, esses pontos estão à mesma pressão, logo: p1 = p2 c A mesma força aplicada ao prego em a produz na base efeito muito maior do que em b. Isso porque em b a força se distribui numa área muito maior. A pressão em 1 é a pressão atmosférica, portanto: p1 = p0 d Nesses casos, mais importante que a força exercida é a área em que essa força atua. Quanto menor a área, maior o efeito produzido pela força e vice-versa. A esse efeito denominamos pressão. Veja a figura a seguir: A pressão em 2 é a pressão devida à coluna de mercúrio pHg, acrescida da pressão da região do tubo acima da superfície livre do mercúrio. Nessa região, no entanto, a pressão é praticamente nula porque não existe ar dentro do tubo, apenas uma pequena quantidade de vapor de mercúrio que pode ser desprezada. Portanto: p2 = pHg e Substituindo d e e em c, temos: p0 = pHg f Mas, sendo dHg a densidade do mercúrio e hHg a altura da coluna de mercúrio, da expressão pl = dgh, temos: pHg = dHgghHg g A pressão da placa sobre o plano é a razão entre a intensidade da força normal FN e a área S da placa. De f e g, obtemos: p0 = dHgghHg Assim, sendo dHg = 13,6 . 103 kg/m3, num lugar onde g = 9,80 m/s2, a pressão atmosférica correspondente a uma coluna de mercúrio de altura hHg = 0,760m é p0 = 13,6 . 103 . 9,80 . 0,760 ⇒ p0 = 1,01 . 105 Pa. Suponha que FN seja o módulo de uma força normal que atua numa superfície de área S. A pressão p exercida por essa força é, por definição: F p= N S 4.2 Definição formal A unidade de pressão no SI é N/m2 e se denomina Pascal (pa), em homenagem a Blaise Pascal. Embora força seja grandeza vetorial, pressão é grandeza escalar. Quando se afia a lâmina de uma faca, o objetivo é diminuir a área de contato entre ela e o material a ser cortado. Assim, ela pode cortar mais facilmente sem que seja necessário aumentar a intensidade da força exercida sobre a faca. Da mesma forma, quanto mais fina a ponta de uma agulha, percevejo ou prego, mais fácil a sua penetração em superfícies rígidas. 5. Volume molar e CNTP 5.1 Volume molar Os elementos e as substâncias que se encontram na fase gasosa não possuem volume próprio. É uma característica 2 OSG 1077/06 CURSO QUANTA do gás ocupar todo o volume do recipiente que o contém, e esse volume depende diretamente das condições de pressão e temperatura em que o gás se encontra. O volume molar, a uma dada temperatura e pressão, é o volume ocupado por um mol de moléculas ou átomo (molécula monoatômica) do gás. Nessas novas condições de pressão e temperatura o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás é aproximadamente 22,71 L. O valor recomendado pela IUPAC para o volume molar nas CNTP é de 22,71 L/mol. 5.2 C.N.T.P. Note que o volume molar de um gás possui massa conhecida, isto é, a própria massa molar do elemento ou da substância em questão. Para cada par de valores de temperatura e pressão estabelecidos, existe um valor de volume molar. Convencionou-se estabelecer uma condição padrão de temperatura e pressão; a CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão). Até 1982, a pressão-padrão nas CNTP era de 1 atmosfera, 760 mmHg ou 101325 Pa e a temperatura-padrão nas CNTP era de 0oC ou 273,15 K (≅ 273 K). Constata-se experimentalmente que o volume ocupado por 1 mol de átomos de qualquer elemento na fase gasosa ou 1 mol de moléculas de qualquer substância na fase gasosa, medido nessas condições de temperatura e pressão, é, em média, 22,4138 litros ou aproximadamente 22,4 litros. A tabela a seguir traz alguns exemplos de dados experimentais. Gás Hidrogênio Hélio Nitrogênio Oxigênio Metano Massa molar 2 g/mol 4 g/mol 28 g/mol 32 g/mol 16 g/mol 6. Equação de Clapeyron O físico francês Benoit-Paul-Émile Clapeyron (17991864) estabeleceu uma equação que relaciona as 3 variáveis de estado de um gás ___ pressão, temperatura e volume — para uma quantidade de matéria igual a n: Pi . Vi P . Vf = f Ti Tf ou PV = (constante) T Isolando V e chamando a constante de R, teremos: V= R.T P Partindo da hipótese de Avogadro, podemos concluir que, nas mesmas condições de temperatura e pressão, o volume ocupado por n mols de um gás qualquer é igual a n vezes o volume ocupado por 1 mol desse gás. Assim: Volume molar nas CNTP 22,432 L 22,396 L 22,403 L 22,392 L 22,377 L 1 mol de gás ⇒ ocupa um volume V 2 mols de gás ⇒ ocupam um volume 2V 3 mols de gás ⇒ ocupam um volume 3V n mols de gás ⇒ ocupam nV A partir de 1982, a IUPAC alterou o valor da pressãopadrão (mantendo o da temperatura), estabelecendo que: Nas CNTP a pressão-padrão é de 100.000 Pa, o que equivale a 1 bar, e a temperatura-padrão é de 273,15 K (≅ 273 K). Logo: n.R .T ⇒ P ⇒ P . V = n . R . T (equação de Clapeyron) V= Temperatura Cte gases As razões que levaram a IUPAC a alterar o valor da pressão-padrão nas CNTP foram as seguintes: • A dificuldade de se estabelecer um valor exato para a pressão de uma atmosfera ___ normalmente definida como a pressão ao nível do mar ___ uma vez que o mar apresenta diferentes níveis no globo terrestre (na América Central, por exemplo, o mar tem um nível no oceano Pacífico e outro no oceano Atlântico); • A variação do valor da pressão atmosférica num dado local, com as condições meteorológicas existentes na região onde as experiências estão sendo realizadas; • O arredondamento do valor da pressão em pascal para um número inteiro que pode ser expresso por uma unidade: 100.000 Pa equivale a 1 . 105 pascal, gerando uma considerável simplificação dos cálculos; • A compatibilização das próprias convenções com as unidades do SI; • A pequena alteração que essa mudança causa nas tabelas de dados termodinâmicos. Quantidade de matéria Volume Pressão Esta equação de estado é aproximada para qualquer gás e fica cada vez mais exata à medida que a pressão do gás tende a zero. Um gás real, isto é, um gás que existe, tem comportamento ideal quanto mais baixa for a pressão e é exatamente descrito na equação de Clapeyron no limite quando p → 0. A constante dos gases R pode ser PV para um gás no limite da determinada avaliando-se R = nT pressão nula (para se ter a garantia de que o gás está se comportando idealmente). Porém um valor mais exato pode ser obtido medindo-se a velocidade do som num gás a pressão baixa e extrapolando os resultados a pressão nula. 3 OSG 1077/06 CURSO QUANTA permanecem assim por um intervalo de tempo suficiente para que as forças atuem. Se as forças são efetivas, as moléculas chegam mais perto umas das outras do que no caso de as forças não serem efetivas. A pressões baixas, as forças não são efetivas porque as moléculas estão muito afastadas. E a temperaturas elevadas, mesmo com altas pressões, as forças também não são efetivas porque as moléculas, movendo-se muito depressa, não permanecem um tempo suficiente próximas uma das outras. Para baixas temperaturas, à medida que a pressão é aumentada a partir de zero, as moléculas começam a ser comprimidas em volumes cada vez menores e as forças intermoleculares, tornando-se efetivas, agem de forma a tornar as moléculas mais próximas umas das outras. Assim, a densidade do gás cresce a uma taxa maior do que a taxa causada apenas pelo aumento da pressão. O produto da pressão pelo volume decresce porque o volume diminui mais rapidamente do que o aumento de pressão. Quando o volume próprio das moléculas começa a ficar importante frente ao volume disponível para o seu movimento, ocorre um efeito oposto. À medida que as moléculas são amontoadas em um volume cada vez menor, o seu volume próprio vai se tornando cada vez mais significativo em relação ao volume do recipiente e o espaço disponível para o seu movimento decresce. 7. A constante R1 unidades Chamamos R de constante universal dos gases. Seu valor depende da pressão (P), do volume (V), da quantidade de matéria (n) e da temperatura (T). Lembrando que a temperatura usada é na escala Kelvin (K); a quantidade de matéria é sempre dada em mols; a pressão vem geralmente expressa em atmosferas (atm), milímetros de mercúrio (mmHg), Torricelli (torr) ou pascal (Pa); já o volume pode ser expresso em litros (L) ou metros cúbicos (m3), dentre outros. Como achamos o valor de R? Se pegarmos um número qualquer de moléculas n é representado pelo número de moles do gás. Sabe-se, por experiências, que 1 mol de qualquer gás contém: n0 = 6,02 . 1023 moléculas do gás Esse valor é chamado de número de Avogadro. A unidade mol serve para representar o número de moléculas de um gás, de forma simples, em vez de se usar números enormes como o número de Avogadro. A constante R pode ser obtida experimentalmente. Por exemplo: um mol de qualquer gás, a uma temperatura de 0oC, ou seja, a 273 Kelvin, a uma pressão de 1atm, ocupará o volume de 22,4 litros. Essa condição do gás é chamada de CNTP, isto é, condições normais de temperatura e pressão, que é uma convenção e já foi estudada por você anteriormente. Com essas informações, podemos calcular a constante R: PV R= nT 1atm . 22,4l R= 1mol . 273K R = 0,082 8.1 Equação de Van der Waals Vimos que em um gás ideal: PiVi = nRT (Eq . 1) e neste caso não é considerada a interação entre as moléculas. Para um gás real já devemos levar em consideração a força de interação das moléculas e o volume da própria molécula, então para chegarmos na equação de Van der Waals devemos fazer um estudo do volume e da pressão. 8.2 Estudo do volume Em um gás ideal não existem forças de repulsão entre as moléculas. Assim, as moléculas não têm volume próprio. Em outras palavras, cada molécula do gás ideal tem à sua disposição todo o volume do recipiente. Para levar em conta as forças de repulsão entre as moléculas, ou seja, seu volume próprio, devemos levar em conta que o volume Vi (aquele disponível para o movimento das moléculas) é igual ao volume V do recipiente menos um termo nb, associado ao volume excluído, e correspondente ao volume próprio das moléculas do gás. Aqui, n é o número de mols e b, o covolume, ou seja, o volume excluído por mol de moléculas. Assim: Vi = V — nb (Eq . 2) atm . l mol .K Valores numéricos de R Valor Numérico Unidades 8,31447 JK—1 mol—1 8,20574 x 10—2 L atm K—1 mol—1 —2 8,31447 x 10 L bar K—1 mol—1 8,31447 Pa m3 K—1 mol—1 62,364 L torr K—1 mol—1 62,3 mmHg L K—1 mol—1 1,98721 Cal K—1 mol—1 8.3 Estudo da pressão: Se perguntarmos a você qual dos gases (real ou ideal) exerce maior pressão sobre as paredes de um recipiente a volume constante? Se você sabe a resposta, ótimo! Está indo muito bem, mas se você não sabe, deixa que a gente responde. É para isso que a equipe do Quanta está aqui. É o seguinte: a resposta é o gás ideal, porque não existe forças intermoleculares que freiam as moléculas, logo, terá maior pressão sobre as paredes no recipiente. F Então: Pi > PR, P = , onde Pi é a pressão do A gás idealizado e PR pressão do gás real, isto implica que, Pi = PR + p (Eq. 3), este p é um fator de correção que refere-se à força de interação. 8. Gases reais Esperamos que até aqui você tenha entendido a idéia de gás idealizado, agora contemplaremos um tópico que está no programa da Universidade Federal do Ceará, mas pouquíssimos livros do Ensino Médio abordam o tema “gases reais”, nesse intuito gostaríamos de contribuir um pouco com esse assunto. Os gases reais têm comportamento que se desvia do ideal, porque consideramos o volume próprio das moléculas, não desprezando o volume disponível para o seu movimento e também, as forças coesivas entre as moléculas dos gases reais. As forças intermoleculares são efetivas quando as moléculas estão relativamente próximas umas das outras e 4 OSG 1077/06 CURSO QUANTA Com isso, verificamos que este fator é proporcional: • ao número de moléculas, quanto maior o número de moléculas mais moléculas chocaram contra a parede do recipiente: p’ α n Observe o exemplo: • e a força exercida pelo gás nas paredes do recipiente: p’αF, mas F é proporcional ao número de moléculas do gás, F α n, quanto maior o número de moléculas maior será a força, então: p’ α F . n ⇒ p’ α n2 Devemos observar que o número de moléculas é 1 inversamente proporcional ao volume, n α , quanto maior o V número de moléculas haverá uma diminuição do volume, 1 então podemos dizer que n2 α 2 , assim: V 1 p’ α 2 V Agora, para transformar uma proporcionalidade em uma igualdade devemos colocar uma constante. a Logo: p’ = n2 2 , onde a é um fator intrínseco de V cada gás. Pressão parcial do gás A ⇒ pA = nA . RT V Pressão parcial do gás B ⇒ pB = nB . RT V Pressão parcial do gás C ⇒ pC = nC . RT V Dalton também observou que a pressão total é igual a soma das pressões parciais de cada gás na mistura. Essa relação é conhecida como lei de Dalton das pressões parciais e pode ser generalizada como: Substituindo p’ na eq. 3 temos: a Pi = PR + n2 (Eq. 4) V P = pA + pB + pC + ... E finalmente substituindo a eq. 2 e a eq. 4 na eq. 1, chegamos: a (P + n2 ) (V — nb) = nRT V Onde: Equação de Van der Waals P = pressão total pA, pB e pC = pressões parciais dos gases A, B e C, respectivamente. 9. Misturas gasosas Com certeza, a mistura de gases mais importante para nós é o ar atmosférico, uma mistura de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono, vapor de água e pequenas frações de outros gases. Toda mistura de gases é sempre um sistema homogêneo, e comporta-se, fisicamente, quando não há reação química entre os gases participantes, como se fosse um único gás. A pressão total de uma mistura é a soma das pressões parciais de todos os gases componentes da mistura. De acordo com a equação de Clapeyron, sabemos nRT que a pressão de cada gás na mistura é P = . V 9.1 Pressão parcial Portanto: nART ⇒ pA . V = nART V nRT ∗ para a mistura: P = ⇒ P . V = nRT V John Dalton, ao estudar a composição do ar, observou que, quando numa mistura gasosa os gases que a constituem não reagem quimicamente, a pressão exercida por cada gás na mistura é a mesma que ele teria se estivesse sozinho no reservatório. Dalton chamou a pressão de cada gás individual da mistura de pressão parcial. ∗ para o gás A: pA = Fazendo a razão entre a pressão parcial do gás A e a pressão total da mistura, temos: p A V nART pA nA = ou seja = pV nRT p n Pressão parcial de um gás numa mistura é a pressão que teria esse gás se estivesse sozinho ocupando o mesmo volume da mistura, na mesma temperatura que a mistura. 5 OSG 1077/06 CURSO QUANTA De acordo com Dalton, as pressões parciais de cada nA é chamada de fração em moles do gás n A, simbolizada por xA. pA n = A = xA ⇒ pA = xA . P p n A fração gás são: pA = A fração molar pode ser aplicada para qualquer gás componente da mistura. nART V nBRT V pB = E a pressão total: pC = nCRT V P = pA + pB + pC Portanto, podemos escrever que: 9.2 Volume Parcial P= Volume parcial é o volume que um gás ocuparia se sobre ele estivesse sendo exercida a pressão total da mistura gasosa à mesma temperatura. Então, podemos escrever que: Volume parcial do gás A ⇒ VA = nA . RT P Volume parcial do gás B ⇒ VB = nB . RT P Volume parcial do gás C ⇒ VC = nC . RT P P = (nA + nB + nC) 9.4 Difusão e efusão gasosa • Definições • Densidade absoluta ou massa específica x densidade relativa Antes de falarmos sobre efusão e difusão dos gases é interessante conhecermos a massa específica e a densidade relativa. Chamamos de densidade absoluta ou massa específica de um gás, a razão entre a massa e o volume do gás, em determinada pressão e temperatura. Esta é chamada Lei de Amagat. Usando o mesmo raciocínio que foi usado para a pressão, a razão entre o volume parcial do gás A e o volume da mistura será: ⇒ ∗ Equação que relaciona as pressões dos gases na mistura final. Lei de Dalton (Vários gases são tratados como se fossem um único gás). V = VA + VB + VC + ... VA n = A V n RT V PV = (nA + nB + nC) RT Do mesmo jeito que para a pressão, o volume de uma mistura gasosa é igual à soma dos volumes parciais de cada gás. Generalizando, temos: PVA n RT ⇒ = A PV nRT nART n RT nCRT + B V V V ρ= VA = V . xA m V Trabalhando a equação de Clapeyron, temos: m PV = nRT como n = M m RT PV = M 9.3 Equações para misturas gasosas I. Sempre que não houver reação química, a quantidade total de mols da mistura será a soma das quantidades de mols dos gases participantes. nA + nB + nC = n Rearranjando: PM = De acordo com a equação de Clapeyron: PV = nRT (como n = nA + nB + nC) PV = (nA + nB + nC) RT PV = nAR + nBR + nCR como PAVA = nAR . TA T m . RT V Substituindo: PM = ρ . RT ⇒ ρ = PM RT A densidade relativa de um gás em relação a outro, é a razão entre as densidades absolutas dos dois gases, medidas nas mesmas condições de pressão e temperatura. Portanto, a densidade relativa do gás A em relação ao gás B, será: ρ dA,B = A . ρB P V PV P V PV = A A + B B + C C TA TB TC T Equação que relaciona as pressões dos gases antes da mistura com a pressão final. 6 OSG 1077/06 CURSO QUANTA De acordo com a equação anterior encontrada para a massa específica, podemos deduzir que: P . MA dA,B = RT P . MB RT dA,B = EXERCÍCIOS 1. MA MB a) a pressão total do sistema. b) a pressão parcial de cada um dos gases na mistura. • Difusão e efusão gasosa A difusão de um gás é a capacidade que um gás tem de misturar-se, espalhar-se espontaneamente através de outro gás. Ela é conseqüência do movimento desordenado das moléculas, que buscam sempre ocupar todo o espaço disponível. Como exemplo podemos citar o aroma de um perfume que se espalha quando abrimos um frasco, ou o cheiro de um bolo que se mistura pelo ar quando está no forno. A efusão é um fenômeno onde um gás, sob pressão, passa de um compartimento para outro, através de uma abertura muito pequena. Thomas Graham descobriu que as velocidades de efusão de dois gases eram inversamente proporcionais às raízes quadradas das respectivas massas molares, medidas nas mesmas condições de temperatura e pressão. I. Para gases à mesma temperatura e moléculas diferentes. 2. Na câmara de explosão de um motor, uma mistura gasosa de octano e ar, na proporção respectivamente de 4 volumes para 276 volumes, é submetida a uma pressão de 28atm, antes de reagir sob ação da faísca. Calcule a pressão parcial de oxigênio nessa mistura. Considere que o ar atmosférico contém 20% em mols de oxigênio. 3. 0,32g de um gás recolhidos em um tubo sobre água a 27oC ocupam um volume de 259cm3. Calcule a massa molecular do gás. Dados: Pressão de vapor de água a 27oC a 28 mmHg; Pressão externa igual a 748 mmHg. 4. Dois recipientes separados, iguais, contendo moléculas de hélio e outro dióxido de enxofre, nas mesmas condições de pressão e temperatura, possuem orifícios por onde os gases escapam. Se a velocidade de efusão do hélio é de 6,103 km/h, então a velocidade de efusão: Dados: (P. A He = 4; S = 32; O = 16) a) do dióxido de enxofre é quatro vezes maior que a do Hélio. b) do Hélio é oito vezes maior que a do dióxido de enxofre. c) dos dois gases é igual. d) do dióxido de enxofre é de 1,5 . 103 km/h. e) do hélio é dezesseis vezes menor que a do dióxido de enxofre. 5. Um balão meteorológico de cor escura, no instante de seu lançamento, contém 100 mols de gás hélio (He). Após ascender a uma altitude de 15km, a pressão do gás se reduziu a 100mmHg e a temperatura, devido à irradiação solar, aumentou para 77oC. Calcule nestas condições: a) O volume do balão meteorológico. b) A densidade do He em seu interior. Dados: R = 62 mmHg . L . mol—1 K—1 Massa molar do He = 4g/mol EcA = EcB m A . VA2 m V2 = B B 2 2 VA2 m V = B ⇒ A = 2 VB m VB A mB ⇒ mA VA = VB mB mA Lembrando que: ρA M = A , então: ρB MB II. VA = VB PB PA Para gases à temperaturas diferentes e moléculas iguais, EcA ≠ EcB Ec A T = A EcB TB mVA2 T = A TB mVB2 VA2 T = A ⇒ TB VB2 VA = VB Em um reservatório foram misturados 12,8g de oxigênio, 8g de hélio e 14g de nitrogênio. Sabendo que a capacidade deste reservatório é de 5,8 L e sua temperatura é mantida a 27oC. Calcule: Dados: Massas atômicas: He = 4; N = 14; O = 16; R = 0,082 L . atm . mol—1 . K—1 TA TB 7 OSG 1077/06 CURSO QUANTA 2. RESOLUÇÃO 1. a) P = 12,3atm b) PO2 = 1,72atm; PHe = 8,48atm; PN2 = 2,1atm 2. P = 5,52atm 3. M = 32g/mol Use: (a) a lei do gás ideal e (b) a equação de Van der Waals, para calcular a pressão em atmosferas exercida por 10,0g de metano, CH4, colocado em um recipiente de 1,00 L a 25oC. Dados: R = 0,0821 atm . L . mol—1K—1. a = 2,25 L2 . atm . mol—2 (constante de Van der Waals) b = 0,0428 L . mol—1 (constante de Van der Waals) 4. D RESOLUÇÃO 5. a) V = 22.700 L b) C = 0,018 g . L—1 Exercício Básico 1. EXERCÍCIO BÁSICO 1. (UFC-2004) “Ar em tubulação faz conta de água disparar.” I. ( V ) No gás real existem interações entre as moléculas do gás, que o tornam mais denso que o gás ideal. II. ( F ) Os gases possuem densidades pequenas. III. ( V ) Em dias frios, a temperatura menor ocasiona uma redução no volume ocupado pelos gases. Assim, o item D é correto. (Folha de S. Paulo, 27/08/2001) Exercícios Propostos 1. n = 1 mol do gás A V = 1,1 L T = 27 + 273 = 300 K Esse fenômeno ocorre porque o ar ocupa rapidamente os espaços vazios nas tubulações de água. Quando o fornecimento é regularizado, a água empurra a solução gasosa acumulada nas tubulações fazendo o hidrômetro girar rapidamente. Sabendo que há uma pressão moderada na tubulação, analise as afirmativas I, II e III, e assinale a alternativa correta. I. O ar é constituído de uma solução gasosa real, cujos componentes nas CNTP experimentam interações de atração que o tornam mais denso, se comparado a uma mistura ideal de mesma composição. II. O ar ocupa rapidamente os espaços vazios nas tubulações devido à sua elevada densidade, uma vez que trata-se de uma mistura heterogênea. III. Deve-se esperar uma redução na velocidade de rotação do hidrômetro em dias frios. Considerando-se o gás ideal: P.V=n.R.T P . 1,1 = 1 . 0,082 . 300 P= 24,6 ≅ 11 , 22,364 atm Considerando-se o gás real: F P + a . n I . (V — nb) = n . R . T GH V JK F P + 121 (1) I . (1,1 — 1 . 0,1) = 1 . 0,082 . 300 GH , . (11 , ) JK FG P + 121 , I J . (1,1 — 0,1) = 24,6 H 121 , K 2 a) b) c) d) e) Somente I e II são verdadeiras. Somente II é verdadeira. Somente III é verdadeira. Somente I e III são verdadeiras. Somente II e III são verdadeiras. 2 2 2 (P + 1) . 1 = 24,6 P = 24,6 — 1 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. P = 23,6 atm (IME-2001) A equação do gás ideal só pode ser aplicada para gases reais em determinadas condições especiais de temperatura e pressão. Na maioria dos casos práticos é necessário empregar uma outra equação, como a de Van der Waals. Considere um mol do gás hipotético A contido num recipiente hermético de 1,1 litros a 27oC. Com auxílio da equação de Van der Waals, determine o erro cometido no cálculo da pressão total do recipiente quando se considera o gás A como ideal. Dados: Constante universal dos gases: R = 0,082 atm . L . mol—1K—1. Constantes da equação de Van der Waals: a = 1,21 atm . L2 . mol—2 e b = 0,10 L . mol—1 Cálculo do erro: 23,6 atm → 1,236 atm → P= 2. 8 100% P% 123,6 = 5,24% 23,6 m = 10,0g de CH4 V = 1,00 L T = 25 + 273 = 298 K OSG 1077/06 CURSO QUANTA A massa molar do CH4 é 16,0, e n, o número de mols de metano, é: 10,0 g = 0,625 mol. n= 16,0 g mol−1 a) Assumindo que o gás é ideal, obtemos para P: P.V=n.R.T P . 1 = 0,625 . 0,082 . 298 2. Considere dois recipientes A e B, de capacidade de 2 L. Um deles contém O2 (M = 32u) e o outro O3 (M = 48u). Sabendo que o recipiente A contém 0,64g de gás à uma pressão de 24942 Pa e à temperatura de 177oC é possível determinar o gás contido em cada recipiente? Dado: R = 8,314 Pa . m3 . mol—1 . K1 3. Um balão meteorológico de cor escura, no instante de seu lançamento contém 100 mols de He. Após ascender a uma altitude de 15km, a pressão do gás se reduziu para 16268 Pa e a temperatura, devido à irradiação solar, aumentou para 77oC. Calcule o volume do balão nessas condições. Dado: R = 8,314 Pa . m3 . mol—1 . K—1 P ≅ 15,27atm b) Usando a equação de Van der Waals: F P + a . n I . (V — b . n) = n . R . T GH V JK F P + 2,25 . (0,625) I . (1 — 0,0428 . 0,625) = GH (100 , ) JK 2 2 RESOLUÇÃO 2 2 = 0,625 . 0,082 . 298 (P + 0,8789) . (0,97325) = 15,2725 15,2725 (P + 0,8789) = 0,97325 (P + 0,8789) = 15,6922 P = 15,6922 — 0,8789 Exercícios Básicos 1. T = 47 + 273 ⇒ T = 320 K 320 mL = 0,320 L 1000 L ⇒ V = 0,320 . 1 ⇒ V = 3,2 . 10—4 L 1000 0,320 L 1 m3 V P ≅ 14,8133atm PV = nRT GASES EXERCÍCIOS BÁSICOS 1. 2. Calcule a quantidade de matéria (número de mols) de gás metano que exerce a pressão de 332560 Pa à temperatura de 47oC, ocupando um volume de 320 mL. Dado: R = 8,314 Pa . m3 . mol—1 . K—1 PV RT n= 332560 . 3,2 . 10 −4 8,314 . 320 n = 0,04 mol Os automóveis modernos são equipados com bolsas de ar (airbags) que inflam diante de uma colisão para proteger os ocupantes de acidentes sérios. Muitas dessas bolsas de ar são infladas com N2 (um gás inerte) que é produzido por uma reação rapidíssima entre o nitreto de sódio e o óxido férrico. Essa reação é iniciada por uma faísca elétrica. Calcule a massa, em gramas, de nitreto de sódio (massa molecular = 65u) que reagindo com óxido de ferro suficiente pode fornecer 74,5 L de N2 (massa molecular = 28u) na bolsa de ar, a 25oC e 747,6mmHg, sabendo que cada 2 mol de nitreto de sódio produz 1 mol de N2. Dado: R = 62,3mmHg . L . mol—1 . K—1 2. T = 25 + 273 ⇒ PV = nRT ⇒ n = PV = T = 298 K m M M .P . V 28 . 747,6 . 74,5 m .R . T ⇒m= ⇒m= R .T 62,3 . 298 M ⇒ m = 84g de N2 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. n= Explique por que, na prática, a eletrólise da água só fornece 2 volumes de H2 para 1 volume de O2 em condições controladas. 2 mols de nitreto de sódio 1 mol de N2 Logo: 2 . 65g nitreto de sódio x 1 . 28g de N2 84g de N2 x = 390g de nitreto de sódio 9 OSG 1077/06 CURSO QUANTA ANOTAÇÕES EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Por causa da diferença em número de mol de cada elemento na água (H2O): 2V de H2 H2O 1V de O2 2. Cálculo da massa molar do gás no recipiente A: T = 177 + 273 ⇒ T = 450 K 1000 L = 1m3, logo: 20 L = 0,002 m3 PV = nRT ⇒ PV = ⇒M= m .R . T 0,64 . 8,314 . 450 = P.V 24.942 . 0,002 M = 48 (O3) 3. mRT ⇒ M logo recipiente B = O2 (resp.) T = 77 + 273 ⇒ T = 350 K PV = nRT ⇒ V = nRT ⇒ P V= 100 . 8,314 . 350 ⇒ 16.268 V= 100 . 8314 . 10 −3 . 350 16.268 V = 17,9 m3 Say130306/ REV.: Prof. Cícero Vital 10 OSG 1077/06