Enxergar as diferenças Um exercício do olhar Resumo Como filmes de animação em longa-metragem podem influenciar o que pensamos sobre assuntos como deficiência e inclusão social? Preconceito “Opinião adotada sem exame, somente imposta pelo meio, pela educação. Julgamento favorável ou desfavorável relativo à alguém ou algo, formado de antemão, a partir de certas circunstâncias, fatos, aparências.” (Grande Dicionário Larousse Cultural) Preconceito a gente aprende... Algumas cenas destacadas... As cenas de Branca de Neve Cena 1 - Dunga enfrenta o monstro Cena 2 - Branca de Neve desperta Cena 3 - Branca de Neve conhece os anões Cena 4 - A descrição do príncipe Cena 5 - A fila dos anões para o beijo Dunga enfrenta o monstro Dunga, que está sempre ao final da fila, é escolhido pelos outros para ir até o quarto à procura dos malfeitores. Ao espiar o quarto à procura do inimigo, os anões assustam-se com os movimentos da princesa, que desperta, e correm para a floresta, deixando Dunga mais uma vez para trás. Ao tentar alcançar seus amigos,ele é confundido com o invasor e leva uma sova dos companheiros, e então fica claro que o tal anãozinho é mudo. Atitudes recorrentes: - Na presença de uma deficiência, inferimos outras. - Diante de alguém com deficiência, procuramos um intérprete. Mitos: - Surdos não são necessariamente mudos, pessoas com deficiência física não possuem necessariamente comprometimento cognitivo. Branca de Neve desperta Branca de Neve desperta e os anões se escondem. Ao vê-los, a jovem espanta-se por não serem crianças, e, surpresa por falarem, os chama de “homenzinhos”. Atitude recorrente: - As reações diante da deficiência tendem a ser uma mistura de preocupação solidária, envolvimento piedoso e culpa social. Mito: - A deficiência sempre coloca o indivíduo em situação de desvantagem, impotência ou fragilidade. Branca de Neve conhece os anões Antes de apresentar-se, Branca de Neve tenta adivinhar os nomes de cada um dos anões, que respondem às tentativas dela, exceto Dunga, que recebe ajuda de um dos companheiros. Segundo ele, Dunga não sabe falar, nunca aprendeu. Atitude recorrente: - Diante do comentário do companheiro, Dunga é alvo de rotulagem verbal. A descrição do príncipe Branca de Neve começa a contar sua própria história, falando do Príncipe que conhecera e com quem estivera por alguns momentos, dizendo estar certa de tratar-se de seu Príncipe encantado, seu eterno amor. Os anões perguntam pela aparência do jovem: “Ele era forte e bonito? Era grande e alto?” Atitude recorrente: - Espera-se que o indivíduo estigmatizado saiba “qual é o seu lugar”. Mito: - Pessoas com deficiência só se relacionam com pessoas com deficiência. A fila dos anões para o beijo Antes de sair para o trabalho, os anões, em fila, despedem-se da princesa e aconselham-na a ter cuidado com a Madrasta, capaz de muitas maldades. Branca de Neve despede-se de cada um, que, ao tirar o gorro oferecem a testa para um beijo da jovem. Dunga oferece a boca e entra na fila seguidas vezes. Atitude recorrente: - Infantilizamos a pessoa com deficiência, oferecendolhe tratamento dispensado a crianças. Mito: - A deficiência sempre coloca o indivíduo em situação de desvantagem, impotência ou fragilidade. As cenas de Procurando Nemo Cena 1 - Nemo sofre um acidente Cena 2 - Nemo encontra os outros filhotes Cena 3 - Marlín conversa com o professor Cena 4 - Nemo encontra-se em apuros Cena 5 - Dory explica sua condição Nemo sofre um acidente Marlín é despertado por Nemo, ansioso por seu primeiro dia de aula. Excitado, nadando freneticamente de um lado para outro, Nemo fica preso a um coral. Enquanto tenta desvencilhar o filho, o pai dispara: " Nemo, não se mexe, não se mexe. Nunca vai sair daí sem ajuda." Atitude recorrente: "Muito do que é feito pelo indivíduo desviante é percebido como uma manifestação do desvio. Quando um indivíduo cego, surdo, aleijado ou mentalmente retardado se envolve em dificuldades ou sofre um acidente, o problema é prontamente atribuído ao defeito. As mesmas experiências, se vivenciadas por pessoas normais, são vistas seja como provocadas pela situação, seja como acontecimentos da vida normal, que não exigem explicação." (TELFORD, 1988:23) Nemo encontra os outros filhotes Assim que se aproximam de Nemo, os outros filhotes, junto a seus pais, notam a nadadeira menor de Nemo, e são repreendidos pelos pais quando falam com Nemo sobre o assunto. Marlín apressa-se em dizer que ele nasceu assim, e que se trata de sua nadadeira da sorte. Atitude recorrente: - As características da deficiência são atribuídas a fatores religiosos e acabam por representar uma “sorte, uma benção”. Mito: - As pessoas não estão preparadas para lidar com o desconhecido, incapazes de se adaptar a novas realidades. Marlín conversa com o professor O professor, uma grande raia, aproxima-se do grupo e pede a Nemo que se apresente. Marlín alerta o professor para a nadadeira diferente do filho, sob os protestos do peixinho, sugerindo que ele seja recompensado pelo esforço de nadar com períodos de descanso. Atitude recorrente: - Superproteção e amparo excessivo. Mito: - A deficiência sempre coloca o indivíduo em situação de desvantagem, impotência ou fragilidade. Nemo encontra-se em apuros Nemo desespera-se, chama pelo pai, e fica preso ao tubo de aspiração do aquário. Os outros peixes tentam ajudá-lo, mas são impedidos por um soturno peixe, que se recusa a prestar socorro, alegando que o peixinho é capaz de safar-se sem a ajuda dos demais. Gil, o sombrio peixe, dá instruções a Nemo para que possa soltar-se. Nemo diz ser impossível conseguir e atribui a dificuldade à sua nadadeira menor. Gil mostra sua própria nadadeira mutilada e diz não tratar-se de um problema, estimulando-o a tentar. Atitude recorrente: - Rotulagem verbal: Nemo responde ao rótulo atribuído pelo pai, abrindo mão de suas possibilidades de acerto. Mito: - A impossibilidade de encontrar alternativas para atividades corriqueiras. Dory explica sua condição Após sentir-se perseguida por Marlín, Dory explica ao confuso peixe-palhaço que sofre de perda de memória recente. Atitude recorrente: - Diante da deficiência, nunca perguntamos o que não sabemos. Raramente a pessoa com deficiência esclarece sobre sua condição. Mito: - A pessoa com deficiência não gosta de falar sobre sua limitação, o que lhe causaria constrangimentos. Para entrar em contato: [email protected] Acesse: www.eadstrong.com/ocw/inclusao Indicações Bibliográficas AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Psicologia do excepcional. São Paulo: EPU, 1986. 76 p. Vol. 8 (Temas básicos de psicologia). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução de Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1988. 158 p. TATAR, Maria. Contos de fadas: edição comentada e ilustrada. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. 385 p. TELFORD, Charles W. e SAWREY, James M. O indivíduo excepcional. Tradução de Vera Ribeiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1988. 658 p. VASH, Carolyn L. Enfrentando a deficiência: a manifestação, a psicologia, a reabilitação. Tradução de Geraldo José de Paiva et al. São Paulo: Pioneira e Editora da Universidade de São Paulo, 1988. 283 p. (Coleção Novos Umbrais).