Avaliação Laboratorial e Diagnóstico da Resistência Insulínica GELONEZE B, TAMBASCIA MA. Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006 Métodos de Avaliação • Podem ser divididos em: Diretos Analisam os efeitos de uma quantidade estabelecida de insulina injetada em um certo indivíduo Indiretos Avaliam a ação insulínica pelo efeito da insulina endógena Métodos Diretos • Teste de Tolerância à Insulina • Teste de Supressão de Insulina • Técnica do clamp Teste de Tolerância à Insulina (KITT) • Injeção em bolo de 0,1 U/kg de insulina regular • Avaliação da velocidade de queda da glicemia ao longo de 15 minutos após a injeção de insulina (%/minuto) INSULINA -15 -5 0 3 6 9 12 15 minutos • KITT = Constante de desaparecimento da glicose plasmática KITT = 0,693 ÷ t½ • Quanto mais rápida e intensa for a queda da glicose, maior a sensibilidade à insulina • Considerando-se que a dose injetada de insulina é suprafisiológica, deve ocorrer uma supressão da produção hepática de glicose • Altas correlações entre o KITT e clamps euglicêmicos e hiperglicêmicos Teste de Supressão de Insulina • Objetivo: observar o consumo de glicose injetada a partir de um nível fixo de hiperinsulinemia • Técnica de infusão quádrupla • Epinefrina: suprimir secreção endógena de insulina • Propranolol: bloqueia ação adrenérgica da epinefrina sobre o fígado, neutralizando a produção endógena de glicose • Insulina • Glicose • Após 120 minutos da infusão quádrupla, a glicose é dosada a cada 5 ou 10 minutos: identificar o nível estável de glicose (steadystate plasma glucose - SSPG) • Quanto maior o SSPG, maior a resistência à insulina • Forma modificada: utilização da somatostatina no lugar da epinefrina (evita sobrecarga adrenérgica) Técnica do clamp • Permite avaliar a sensibilidade tecidual à insulina, tanto no músculo quanto no fígado, bem como a resposta da célula beta em glicemia e insulinemia constantes • As duas variáveis – glicose e insulina – são manipulada independentemente • Infusão de insulina (40 mU/m² por minuto) + infusão IV de glicose 20% • Monitorização da glicemia em intervalos de 5 minutos e utiliza-se um algoritmo para o controle da velocidade de infusão e manutenção de uma glicemia constante • Após período mínimo de 2 horas, a quantidade de glicose exógena necessária para manter a normoglicemia (80-90 mg/dl), corresponde à medida da sensibilidade à insulina Métodos Indiretos • Insulinemia de jejum • HOMA – Homeostasis Model Assessment • Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTGO) • Teste de tolerância Endovenoso à Glicose com amostras freqüentes (Frequent Sample IV Glucose Tolerance Test – FSIVGTT) • QUICKI – Quantitative Insulin Sensitivity Check Index Insulinemia de Jejum • Indivíduos resistentes à insulina: concentrações plasmáticas de jejum elevadas • Vantagens • Método simples • Fácil utilização em grandes populações • Correlação com a intensidade da RI determinada pelo método “padrão-ouro” • Desvantagens • Correlações fracas com a ação insulínica in vivo • Reação cruzada com a pró-insulina, dependendo do ensaio utilizado • Momento da dosagem (jejum) • Quando reduzida em diabéticos pode indicar falência na função da célula beta pancreática HOMA • Modelo matemático • Prediz a sensibilidade à insulina através da medida da glicemia e insulina de jejum • Índices obtidos: • Homa-IR: sensibilidade à insulina (G x I ÷ 22,5) • Homa-beta: capacidade secretória da célula beta [20 x I ÷ (G - 3,5)] • Correlação positiva e altamente significativa com a RI avaliada pelo clamp (r = 0,88; p < 0,0001) • Questionamentos: • Parâmetros exclusivos do jejum: captação de glicose principalmente pelos tecidos independentes da insulina • Proporcionalidade entre a insulinemia e o grau de RI • Valor de corte para diagnóstico de RI: 2,71 (BRAMS) Teste de Tolerância Oral à Glicose • Ingestão oral de 75 g de glicose em 5 minutos, com determinações da glicose e da insulina a cada 15 ou 30 min durante 2 ou 3 horas • Calcula-se a razão glicemia/insulinemia para cada ponto da curva e para toda a curva – quanto menor o incremento da glicose por unidade de insulina, mais sensível será o indivíduo • Problemas: • Pouco reprodutível, com variações chegando a 25-30% • Variação na absorção de glicose pelo TGI entre indivíduos • A sobrecarga de glicose pode induzir a supressão hepática da produção de glicose e a sua metabolização • Variação constante da insulina e glicose durante o teste por efeito dos hormônios do eixo entero-insular, pelo consumo de glicose insulino-dependente e pela variação na produção de insulina por uma glicose variável. Teste de Tolerância à Glicose IV • Modelo matemático desenvolvido para estimar a sensibilidade à insulina a partir da injeção endovenosa de glicose • Infusão rápida (1 min) de glicose 50% (0,3 g/kg), seguida por coletas múltiplas de sangue, durante 3 horas, para avaliação dos níveis de glicemia e insulinemia • A partir desses 2 parâmetros são obtidos 2 índices: • SG – corresponde à capacidade da própria glicose acelerar seu metabolismo, independente do aumento da insulina plasmática acima do basal • SI (Sensibilidade à Insulina) = aumento na fração de desaparecimento da glicose por unidade de elevação da insulina plasmática • Problema: necessidade de secreção endógena de insulina; diabéticos com baixa reserva insulínica não poderiam ser avaliados QUICKI • Tal como o HOMA, baseia-se na homeostasia (relação entre insulina e glicemia no jejum) • Método deduzido a partir de dados obtidos com clamp e teste de tolerância à insulina QUICKI = 1 ÷ (Log insulinemia + Log glicemia) •Em nosso meio, o QUICKI apresenta boas correlações com m arcadores da síndrome metabólica •Consegue discriminar satisfatoriamente diferentes estados de RI, como graus de obesidade e tolerância à glicose