1 SCHEILA DA ROSA ROCHA MODELAGEM MATEMÁTICA Criciúma, 2004 2 SCHEILA DA ROSA ROCHA MODELAGEM MATEMÁTICA Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Matemática. Orientador: Profª. MSc Ledina Lentz Pereira Criciúma, 2004 3 Dedico este trabalho a toda minha família, aos amigos e professores que estiveram comigo nesta constante caminhada ao conhecimento. 4 Agradeço a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade dos estudos e da convivência com pessoas que me proporcionaram aprender mais. 5 RESUMO Este trabalho é relato de uma pesquisa bibliográfica avaliativa numa abordagem ontogênica, cujo objetivo foi fazer um estudo da Modelagem Matemática como metodologia no processo de ensino-aprendizagem. E, além disso, desenvolveu-se também uma experiência em sala de aula, que possibilitou um diagnóstico do desempenho dos alunos da 3ª série do Ensino Médio em resolver sistemas lineares aplicados a situações reais, analisando quais as contribuições da modelagem, quando se trabalha a solução de problemas do cotidiano. Pôde-se constatar, tanto na pesquisa quanto na modelagem aplicada, que o papel do aluno como indivíduo ativo no processo de produção do conhecimento, é que faz a diferença na proposta da modelagem se comparada a outras propostas. Também, a importância da mediação do professor em todo o processo, bem como no seu total domínio do conteúdo matemático trabalhado. Palavras-chave: Modelagem Matemática, processo ensino-aprendizagem, metodologia de ensino e resolução de problemas. 6 SUMÁRIO RESUMO V 1 INTRODUÇÃO 07 2 MODELAGEM MATEMÁTICA 09 2.1 Conceituação de Modelagem Matemática 09 2. 2 As correntes em Modelagem Matemática 11 2.3 Modelagem Matemática como Metodologia de Ensino-Modelação 12 2.4 Modelagem e currículo 20 2.5 Papel dos Modelos 26 2.6 Modelagem na Formação de Professores 26 3 METODOLOGIA 33 4 APLICAÇÃO DA MODELAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46 ANEXOS 49 7 1 INTRODUÇÃO Um dos desafios constantes aos profissionais do ensino tem sido a melhoria da qualidade do ensino da Matemática. Ao longo dos anos pensa-se numa escola onde todos tenham igual oportunidade de aprendizado, e que o acesso ao conhecimento não represente o poder apenas de alguns privilegiados. A Matemática, na maioria das vezes, continua sendo apresentada em sala de aula como pronta e acabada. Embora, seja fruto da atividade do indivíduo frente ao conhecimento científico e a sua interação em seu meio social. Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos professores de Matemática está em relacionar os conteúdos trabalhados em sala de aula com o dia-a-dia do aluno, ou seja, dar significado e agregar valores àquilo que está sendo ministrado. Os exemplos mencionados para explicação de determinada situação nada mais são que, modelos que emergem da necessidade de demonstrar a aplicabilidade da Matemática. Ou seja, modelos matemáticos são formas de estudar e formalizar fenômenos do dia-a-dia, tornando o aluno mais consciente da utilidade da matemática para resolver e analisar problemas do cotidiano. A necessidade do conhecimento de uma metodologia que aproxime o conhecimento científico ao cotidiano foi o que se objetivou no capítulo 2 deste trabalho, uma pesquisa bibliográfica que aborda o tema Modelagem Matemática. Tal tema é considerado por pesquisadores da área como uma metodologia que possibilita um ambiente de ensino-aprendizagem. Ou seja, apresenta-se uma possibilidade de ensino, 8 na qual o educando estabelece relações, justifica, analisa, discute e cria a partir das atividades vivenciadas. Com o objetivo de avaliar a pesquisa bibliográfica deste trabalho, relata-se também, no quarto capítulo, o resultado de uma experiência desenvolvida, com uso da modelagem/modelação matemática como metodologia, na terceira série do ensino médio. Finaliza-se o relato da pesquisa com as considerações finais apresentadas no capítulo 5. 9 2 MODELAGEM MATEMÁTICA 2.1 Conceituação de Modelagem Matemática O homem sempre desejou entender a origem de sua existência. No início dos tempos procurou segurança contra os predadores e fenômenos da natureza, buscou alimentação e organizou-se em grupos sociais. Logo, então surgiram observações da sua ação sobre o meio. Na medida que as necessidades humanas foram aumentando e mudando, os questionamentos, a busca da origem das coisas ao seu redor e a de sua própria existência, proporcionaram um constante aperfeiçoamento da compreensão de mundo. Quando impossibilitado de lidar diretamente com a complexibilidade das coisas do mundo, o homem desenvolveu a capacidade de criar metáforas para representação e solução de sua relação com a realidade. O processo de estruturação da realidade ao seu redor é um fenômeno de modelagem. Quando se trabalha uma situação com o uso de exemplos, gráficos ou tabelas, está se interpretando o fato real através de modelos. Além de representar a realidade, o modelo simula a mesma, guardando suas proporções. Trabalhando com o concreto real, a mente do homem trabalha com estruturas de substituição que visam proporcionar um melhor raciocínio, tais estruturas nada mais são que modelos. A modelagem matemática é um método da matemática 10 aplicada, usada em problemas de cunho econômico, biológico, geográfico e outros ramos. Tem como objetivo reduzir um fenômeno a termos da situação real para termos matemáticos. A matemática como atividade humana tem seu desenvolvimento nos problemas da vida real da sociedade. Sem dúvida a Matemática possui problemas próprios, que não têm ligação imediata com outros problemas da vida social. Mas não há dúvida também de que os seus fundamentos mergulham tanto como os de outro ramo qualquer da Ciência, na vida real; uns e outros entroncam na mesma madre.(CARAÇA, 1951) Tratando-se do emprego de modelos no ensino de matemática, segundo Fiorentini (1995) “O movimento de Modelagem Matemática internacional e nacional tomou contorno nos últimos trinta anos, contando com a contribuição decisiva de matemáticos aplicados que migraram para a área da Educação Matemática”. A modelagem é vista como um processo de sentido global que tem início numa situação real problematizada, onde se procura a solução por meio de um modelo que traduzirá em linguagem matemática as relações naturais do problema de origem, buscando a verificação e validação ou não do modelo com os dados reais. (MENDONÇA apud MUNARI, 2002, p. 6) Conforme Bassanezi (1990) “No Brasil, Modelagem está ligada à noção de trabalho projeto. [...] os alunos em grupo, [...] devem eleger temas de interesse para serem investigados por meio da matemática contando com o acompanhamento do professor”. E uma visão atual da modelagem matemática como alternativa de ensino, é apresentada por Meyer apud Munari (2002, p. 6): “[...] o trabalho educacional com modelagem matemática leva a uma prática atual , contextual [..] de um saber que nos 11 leva a conclusões que se expressam de modo objetivo, crítico, confiável e extremamente útil”. 2.2 As correntes em Modelagem Segundo Barbosa (2000, p. 2): “a corrente pragmática argumenta que o currículo deve ser organizado em torno das aplicações.” Os itens matemáticos trabalhados na escola devem ser aqueles úteis à realidade. A ênfase é colocada no processo de resolução de problemas aplicados, sendo que, o estudo volta-se aos aspectos externos da matemática. A corrente científica, busca estabelecer relações com outras áreas. Vê a modelagem como uma forma de introduzir novos conceitos e considera a Matemática uma ciência em forma de guia indispensável para ensino da mesma como disciplina do currículo. Destaca-se uma terceira corrente, a sócio-crítica. Nela os alunos analisam, examinam e fazem questionamentos, ou seja, verificam se os resultados realmente são válidos. Todas as questões formuladas são de dimensão do conhecimento reflexivo. Nesta visão, não é apropriada a separação entre aquilo que é útil ou não a realidade, o que parece não ter aplicação atualmente, mas pode gerar novas idéias futuramente. 12 2.3 Modelagem Matemática como Metodologia de Ensino - Modelação Há algum tempo o questionamento de como ensinar matemática de maneira agradável para professores e alunos vem sendo tema de preocupação, estudo e discussão de vários profissionais. Pensa-se que Matemática agradável é a pura e aplicável, ou seja, a que funciona dentro do currículo programado, mas associada à vida real. O equilíbrio entre o formalismo e aplicabilidade fica mais difícil de acontecer, pelos diversos fatores que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Entre eles a formação dos professores, que implica nas estratégias usadas para se obter um ensino de qualidade com uma matemática agradável. Atualmente verifica-se a necessidade de ir além das simples resoluções das questões matemáticas, promovendo atividades que propiciam o aprendizado da teoria trabalhada. A metodologia de modelagem Matemática tem como um dos seus principais objetivos despertar no aluno o interesse pelos conhecimentos que ele ainda não conhece, o estimulando a investigar situações de outras áreas por meio da Matemática. Situações-problema são trabalhadas por meio de pesquisa, para que o aluno possa desenvolver sua criatividade. Conforme Barbosa (2000, p. 3): “Modelagem [...] trata-se de uma oportunidade para os alunos indagarem situações por meio da Matemática sem procedimentos fixados previamente e com possibilidades de encaminhamento.” Segundo Biembengut (2000): “O método que busca desenvolver um conteúdo do currículo, a partir de um modelo matemático, chama-se modelação matemática.” Como objetivo busca-se a aplicabilidade da matemática e a verificação, 13 por parte dos educandos, da sua importância para a formação de cidadãos mais hábeis e criativos. O ensino voltado para resolver problemas de interesse da comunidade, incentiva os alunos a participarem da atividade. O que não tem ocorrido na proposta da prática tradicional, principalmente em nosso país, onde a ênfase maior é dada ao produto e não ao processo, o que implica na má qualidade do ensino. O fato é que as escolas, em particular as universidades, possuem um ensino que ainda funciona no sistema de autotransmissão, no qual as pessoas passam em exames e ensinam outras a passar em exames, mas ninguém sabe muita coisa. (BASSANEZI, 2002, p. 176) Para desenvolver o conteúdo através da modelação é necessário que o professor conheça a realidade dos alunos e perceba o conhecimento matemático que eles desenvolveram até então. Partindo deste, utiliza-se de um tema que será transformado em modelo. O ambiente de aprendizagem que o professor organiza pode apenas colocar o convite. A participação do aluno ocorre à medida que seus interesses estejam de acordo com esse convite. Na modelagem do ponto de vista sócio-crítico, a indagação ultrapassa a formulação ou compreensão de um problema. A indagação se faz pela investigação, e são tidas como indissociáveis, conforme Barbosa (2000, p. 4) “Se o aluno não avança no conhecimento das informações sobre a situação em estudo, não pode indagá-la; e vice-versa”. A produção do conhecimento matemático, tem ocorrido de forma desvinculada ao contexto sócio-político-cultural, ou seja, não há preocupação em tornálo útil. Essa produção, muitas vezes, apresenta-se como produção simplesmente da mente humana. Essa falta deve-se à despreocupação dos matemáticos em saber como 14 essa construção do conhecimento realmente acontece. Conforme Bassanezi (2002, p. 171): “Não seria justamente da falta de aprofundamento nos padrões cognitivos/epistemológicos, da parte dos matemáticos e educadores matemáticos, que decorrem muitos dos problemas em educação matemática?”. Matemáticos, conscientes da dificuldade de compreensão do conhecimento científico por parte dos leigos, priorizam como interesse o rigor e o formalismo das estruturas matemáticas. O conhecimento científico da Matemática acaba sendo construído então, por pessoas que não têm o hábito de questionar, de perguntar a si próprio para que serve esse ou aquele conhecimento. Tais profissionais se consideram auto-suficientes a ponto de diagnosticarem que a Matemática aplicada é apenas uma produção inferior da Matemática pura. Percebe-se que a matemática pura, constrói objetos de estudos próprios, criados apenas na mente humana, construídos de modo conceitual. A mesma Matemática pura, segue a tendência formalista, onde o conhecimento não é significativo fora do âmbito ao qual foi criado. Por outro lado, há profissionais que acreditam descobrir o conhecimento existente, e aproveitam-no para fins benéficos a várias áreas. A utilização de modelos matemáticos em outras áreas do conhecimento, fez com que a matemática fosse penetrando em campos da economia, química, biologia, física e outras. A modelagem Matemática, como metodologia, tem suas origens no método utilizado pelos profissionais da Matemática aplicada, e pode assumir diferentes perspectivas. Entre elas, a de desenvolver nos estudantes a participação assídua no processo e contribuir para construção de seu conhecimento científico. 15 É esperado que durante o processo, ocorra o entendimento dos conceitos e técnicas do conhecimento discutido. Desse modo, o objeto de estudo contribui como suporte e motivador da aprendizagem. Sendo que uma das inúmeras justificativas para se utilizar modelagem matemática como estratégia de ensino-aprendizagem é a relação que esta faz da matemática com a realidade. Desenvolve-se o conhecimento reflexivo e o engrandecimento humano em aspectos também extramatemáticos. Neste sentido encontra-se literaturas que servem de forte argumento para esta expectativa: [...] o ponto de vista que me parece de fundamental importância e que representa o verdadeiro espírito da Matemática é a capacidade de modelar situações reais, codificá-las adequadamente, de maneira a permitir a utilização das técnicas e resultados conhecidos em um outro contexto, novo. Isto é, a transferência de aprendizado resultante de uma certa situação para a situação nova é um ponto crucial do que se poderia chamar aprendizado da Matemática, e talvez o objetivo maior do seu ensino. (D’AMBRÓSIO, 1986, p. 44) Entende-se que a modelagem viabiliza a interação da Matemática escolar com aquela extracurricular. Para que o aluno saia da posição passiva, onde apenas recebe informações, e se torne um sujeito ativo e participante, é necessário que ele se envolva no desenvolvimento de todo o processo de modelagem, não apenas das etapas em que as ênfases são os aspectos puramente matemáticos. (NISS, 1992) Neste sentido, é essencial que o professor adquira e desenvolva habilidades para contornar o fato de ter que cumprir o programa, e ainda a falta de interesse dos alunos em desenvolver as atividades propostas. O professor deve saber qual o momento oportuno para fazer a sistematização dos conteúdos associados às situações problemas. Na modelação o professor pode escolher modelos que se adaptem ao currículo escolar proposto. A modelagem/modelação é uma forma de ensino prazerosa, que da significado ao conhecimento ao qual se trabalha. Eventualmente, apresentam- 16 se dificuldades de adequação ao currículo escolar, quando os temas são escolhidos pelos alunos. E isso exige um acompanhamento constante por parte dos professores. Bassanezi (2002) diz que “A participação dos alunos na escolha do tema, que pode ser orientada e não imposta, é muito importante, os faz sentir responsáveis pelo seu próprio aprendizado.” Processo de modelagem, segundo Biembengut (2000): Exposição do tema Seleção de questões Formulação de questão Conteúdo programático Resolução de uma questão Exemplos análogos Modelo Validação A modelagem, segundo Biembengut (2000): “Tem como objetivo criar condições para que os próprios alunos façam modelos matemáticos, aprimorando seus conhecimentos.” Espera-se com a modelagem um incentivo à pesquisa, em temas do próprio interesse do investigador, onde se possa aplicar o conteúdo matemático de forma criativa”. Em todo decorrer do processo destaca-se a extrema necessidade de que o professor esteja interado do assunto, para que então os objetivos esperados pela metodologia sejam realmente alcançados. 17 O ensino da matemática deve propiciar ao aluno principalmente: sólida formação no conteúdo científico; capacidade de solucionar problemas e realizar pesquisa; bem como o trabalho em grupo e com uso de novas tecnologias. Para tal, o professor pode adotar uma avaliação de verificação do grau de aprendizagem, sob aspectos de observação no decorrer do processo ou através de provas, exercícios ou trabalhos de exposição oral ou escrita. Na observação o aluno será avaliado quanto a sua forma de participação, assiduidade, realização de tarefas e disponibilidade e auxílio de trabalhos com outros alunos. O trabalho com a modelagem apresenta melhores resultados quando desenvolvido em pequenos grupos de três ou até quatro alunos. Nas provas e trabalhos devem ser observados: a consolidação e criticidade do conhecimento teórico; o raciocínio lógico; a qualidade dos questionamentos quando produzidos em grupos de trabalho; a interpretação de modelo; a validade das soluções fornecidas pelo modelo e a síntese qualitativa de compreensão real. Conforme Munari (2002, p. 13): “Essa maneira de avaliar permite levar em consideração vários aspectos: iniciativa, discernimento, participação, criatividade, capacidade de interação, persistência nos objetivos propostos [...]” Então, a avaliação da aprendizagem é feita sob os aspectos motivacionais e aspectos cognitivos. Motivacionais são os aspectos formados por: envolvimento nas atividades; elaboração de estratégias próprias e aprendizagem extraconteúdo. Aspectos cognitivos compreendem: compreensão conceitual; construção e manipulação de representações múltiplas; aplicação do conhecimento a situações novas e, retenção do conhecimento por longo tempo. 18 A ocorrência ou não destes aspectos leva o professor a concluir se houve ou não aprendizagem significativa. Uma avaliação que mostra pouca adequação das respostas dos alunos, propicia o re-direcionamento do processo na busca do objetivo proposto. Isso garante a flexibilidade para o alcance do objetivo por diversos procedimentos. É necessário fazer-se adaptações que permitam a utilização da modelagem Matemática como favorecimento de pesquisa e criação de modelos por parte dos alunos, sem perder de vista as regras educacionais. Pela literatura, por exemplo, podemos conhecer as opiniões de pesquisadores que consideram que por meio da modelagem e a da modelação, não se podem ensinar novos conceitos matemáticos, mas apenas melhorar a habilidade dos alunos em aplicar matemática; e posição de outros que defendem a modelagem como processo ideal para ensinar matemática.(BIEMBENGUT, 2002, p. 29) O professor audacioso que se dispõe a aprender constantemente, para mudar ou melhorar sua prática, é aquele que buscará empregar a modelagem no ensino-modelação. A experiência deve ser feita de forma gradual de acordo com o tempo, possibilitando sempre o planejar e o re-planejar, para obter-se um resultado satisfatório. Conforme Bassanezi (2002, p. 180) “[...] o desafio do professor, que toma o caminho da modelagem como método de ensino, é ajudar o aluno a compreender, construindo relações matemáticas significativas em cada etapa do processo”. Para o mesmo autor “O sistema educacional no Brasil tem passado por mudanças, o que se reflete também na educação. Os profissionais procuram um ensino mais dinâmico e abrangente.” Toda essa realidade exige da universidade o desenvolvimento de cursos que proporcionem trabalhos com projetos e ações pedagógicas, que inclua as aplicações matemáticas de modo significativo. Tais cursos 19 devem oferecer toda essa prática aos alunos não só por meio de projetos e atividades propostas, mas principalmente através da prática realizada pelos próprios professores atuantes nesses cursos universitários. Estudos no sentido de diagnosticar a aprendizagem e valorização da matemática ensinada, constataram que : Aprendemos Retemos 1% através do gosto 10% do que lemos 1,5% através do tato 20% do que escutamos 3,5% através do olfato 30% do que vemos 11% através da audição 50% do que vemos e escutamos 83% através da visão 70% do que ouvimos e logo discutimos 90% do que ouvimos e logo realizamos (BALZAN apud BASSANEZZI,2002, p. 179) O professor deve adotar meios que ofereçam um ambiente propício a aprendizagem significativa. Deve-se fazer uma análise conceitual, para se verificar quais os conceitos básicos e a partir deles organizar os materiais e as atividades. Para Ausubel et al. (1980): Uma educação que promove uma Aprendizagem Significativa deve considerar o processo de construção de significados como elemento central do processo de ensino e aprendizagem. Aliadas a esta condição devem ser consideradas três condições básicas para que o ensino conduza a uma Aprendizagem Significativa: a) O material organizado para o ensino deve ser potencialmente significativo; b)a estrutura cognitiva do aluno deve dispor de conhecimentos prévios que permitam o relacionamento do que o aluno já sabe com os conhecimentos novos; c) o aluno deve apresentar uma predisposição positiva para aprender de maneira significativa, ou seja, para relacionar o conhecimento que já tem com o que aprender. 20 É importante encontrar a melhor maneira de relacionar os aspectos importantes do conteúdo a ser trabalhado com as estruturas matemáticas já obtidas pelo aluno. Sendo assim, durante o trabalho alguns conceitos são conhecidos e outros estão sendo revisados. O produto da aprendizagem significativa é a aquisição de significados claros. O estudante deve distinguir os significados aceitos e os não aceitos em um certo contexto. A avaliação deve servir para o professor avaliar o material e os métodos adotados além de averiguar o nível de desenvolvimento que já se encontra. Desse modo, acredita-se que um estudante obtém um conhecimento sobre determinado assunto interagindo com outros alunos e com o professor. A ação e a troca de significados entre os indivíduos do processo ensino-aprendizagem proporciona a aprendizagem significativa. 2.4 Modelagem e currículo Para que o conteúdo trabalhado esteja incluso no programa curricular previamente estabelecido, a escolha do tema deve partir do professor. Porém, se o mesmo, prefere que os alunos sejam participantes no processo, a escolha deve partir deles. O ambiente de aprendizagem de modelagem, baseado na indagação e investigação, se diferencia da forma tradicional de ensino, pois busca estabelecer relações com a realidade e com outras áreas do conhecimento. Do ponto de vista, curricular , percebe-se que a mudança levará algum tempo. 21 É um desafio compatibilizar os conteúdos do programa curricular para determinada série e o conteúdo possível, trabalhando com a modelagem matemática. Na modelagem não existe uma seqüência rígida, pois os conteúdos são determinados pelo problema do interesse do grupo. Mas com a realização de experiências o professor vai adequando situações para que esses conteúdos possam ser desenvolvidos. A forma de desenvolver o trabalho com a Modelagem envolve simultaneamente questões do tipo: desenvolver os conteúdos matemáticos simultaneamente com o processo de modelagem? Desenvolver, inicialmente, o processo e, posteriormente, o conteúdo matemático? A adoção de uma ou outra depende do nível e da série trabalhada. Seria desejável que o trabalho envolvesse, simultaneamente, o processo e os conteúdos matemáticos. Contudo, o professor saberá fazer a sua opção no âmbito do seu trabalho, em função da sua experiência e do seu discernimento. (MUNARI, 2002, p. 14) A modelagem Matemática permite que o conteúdo repita-se algumas vezes em momentos diferentes, o que proporciona a compreensão de idéias fundamentais e da importância da matemática no cotidiano e na vida de cada indivíduo. Segundo Barbosa (2004, p. 5): ”Pode-se falar de modelagem de três formas diferentes”. Na primeira, o professor descreve um problema, com as informações necessárias para a resolução do mesmo, cabendo ao aluno apenas o processo de resolução. Na segunda, o professor traz um problema de outra área, cabendo aos alunos investigar, obter informações necessárias à resolução. E na terceira, onde os alunos formulam e resolvem problemas, coletam e simplificam informações. Observando as três formas, verifica-se que professores e alunos podem se envolver de diferentes maneiras no método de modelagem no currículo e no processo de ensinoaprendizagem. Ora a presença da pessoa do professor é mais constante, ora ele compartilha do transcorrer do processo da mesma forma que os alunos. Seu papel é o de mediador da relação ensino-aprendizagem, isto é, tira dúvidas e insere novos pontos de vista em relação aos problemas. 22 No desenvolvimento do conteúdo o professor, segundo Biembengut (2000), segue as etapas de modelagem,: 1. Reconhecimento da situação-problema: Primeiramente é preciso compreender a situação-problema que se pretende estudar, organizando as informações conseguidas em ralação a situação. A forma como o professor trata o tema, influencia na motivação do aluno. Ele deve incentivar o aluno, para que este seja sempre atuante em todo o processo. A forma como o professor demonstra seu conhecimento e interesse sobre o tema em questão pode contribuir, significativamente, para a motivação dos alunos. Afinal só aprende quem quer. E a arte de ensinar depende da Conquista para o querer aprender.(BIEMBENGUT, 2000, p. 20) A pesquisa sobre o assunto é uma atividade sistemática que vai além da percepção imediata e pode contribuir muito para o tema sendo feita com auxílio tanto de materiais, quanto de pessoas da comunidade. Os próprios pais dos alunos podem prestar informações, tornando o momento extremamente positivo, porque os pais participam de forma efetiva nos assuntos da escola. A geração de conceitos e conclusões teóricas são indispensáveis para a aplicabilidade. Sem teoria a prática fica fragilizada. Tem-se que levantar hipóteses e analisá-las, definindo variáveis essenciais envolvidas , cujas relações conduzem ao problema matemático que se precisa resolver. 2. Resolução de problemas: nesta etapa o professor formula questionamentos para que os alunos proponham respostas, a partir destas atingem as metas esperadas. Segundo Biembengut (2000, p. 22): “A resolução da questão norteadora faz com que o aluno retorne ao problema e verifique novamente a matemática como ferramenta importante”. O termo formular traz consigo uma 23 carga matemática. As fórmulas ou equações do modelo, não existem prontas e acabadas, elas devem ser criadas ou identificadas. Para uma boa tradução das idéias são necessários intuição, experiência, criatividade e poder de síntese. 3. Modelo: para Biembengut (2000, p. 22): “a questão que permite a resolução do problema é considerada modelo matemático. A análise do mesmo por parte dos alunos em determinado momento denomina-se validação”. 4. Validação: A validação ou aceitação do modelo depende dos recursos disponíveis do sujeito que se dispõe a elaborar o modelo. Além disso, quando um modelo parece inadequado à determinada situação, procura-se outros caminhos para construir outro melhor, pois essa constante busca é a essência da modelagem matemática. Um modelo que pode ser considerado bom ou ruim, simples ou satisfatório, estético ou feio, útil ou inútil, mas seria difícil dizer se é verdadeiro ou falso [...] a utilidade de um modelo está precisamente em seu sucesso de imitar ou predizer o comportamento do Universo. (DAVIS & HERSH apud BASSANEZI, 2002, p. 174) A utilidade do modelo depende da necessidade humana. Para os profissionais da Matemática pura, o conceito matemático é considerado útil quando aproveitado para parte da pesquisa matemática. Percebe-se que grande parte do que se tem pesquisado e construído não é utilizado pela grande maioria dos próprios matemáticos. No fim da década de 40, Von Neumann estimou que um matemático hábil poderia saber, essencialmente, 10% estaria disponível [...] uma classificação mais detalhada mostraria que a literatura matemática esta subdividida em mais de 3000 categorias [...] Na maioria destas categorias, cria-se matemática nova a uma velocidade constantemente crescente, tanto em profundidade quanto em extensão. (DAVIS & HERSH apud BASSANEZI, 2002, p. 175) 24 Porém acredita-se que a Matemática pura é de alguma forma aplicável. Um bom pesquisador deve realmente ter um bom conhecimento matemático, organizandoos através de uma linguagem universal. A informática teve um papel muito importante na evolução e propagação da Matemática aplicada. Essa Matemática é interdisciplinar e torna aplicável alguma estrutura matemática. Logo, torna-se indispensável, a modelagem como instrumento da Matemática aplicada. Desse ponto de vista, a construção matemática busca sintetizar idéias obtidas através do ambiente empírico. Segundo Bassanezzi (2002, p. 177): “O caminho tomado pela [...] modelagem matemática, se aproxima da concepção platônica [...], pois é como se o modelo já estivesse lá em algum lugar da Matemática”. Para que os modelos sejam eficientes, segundo Hein (2001, p. 30-31), são necessários: a) Foco holístico: ao procurar-se a solução de um problema, é significativa a preocupação com o relacionar e a habilidade em lidar com os impactos da solução sobre outras realidades. Conforme D’Ambrosio (1997) “Não é possível explicar, conhecer, entender, manejar, lidar com a realidade fora do contexto holístico. Tem-se não mais que visões parciais e incompletas da realidade”. Se a solução criar outros problemas, que anulem a contribuição, o foco holístico é indispensável. b) Tratamento eclético: os métodos a serem utilizados devem se apresentar da forma mais livre possível. Estudo e questionamento não devem ser considerados bases individualmente únicas, para a modelagem, mas sim complementares. A construção de modelos é um processo que articula a dedução e a indução na prática. É inegavelmente uma atividade subjetiva, que muitas vezes exige esforço absolutamente técnico. Nos casos da vida real, os fatores predominantes serão conhecimentos e 25 habilidades largamente conhecidos, cuja aprendizagem estão ao alcance do modelador. c) Tradução adequada: Uma boa tradução contextual pode ser expressa através de um correto isomorfismo entre fenômeno e modelo.O processo de tradução contextual deve identificar os elementos fundamentais que posteriormente serão manipulados pelos métodos de solução. (HEIN, 2001, p. 31) A tradução contextual é necessária num bom modelo. Na medida que a tradução produz uma representação pelos métodos existentes a utilização do modelo é definida. A compreensão do modelo não define a simplicidade da solução, muitas vezes modelos de fácil compreensão exigem muito estudo para sua solução. Modelos simples são abordados sem base científica, ou seja, apenas na experiência. Ao passo que, modelos complexos exigem um profundo embasamento científico. Um modelo simples possui uma área de abrangência simples e definida. Sua influência é homogênea e possui um número reduzido de variáveis, o que não acontece com modelos mais complexos. Coube a engenharia de sistemas uma significativa parcela de contribuição no processo de estruturar e sistematizar os esforços de modelagem.Dentro de uma abordagem sistêmica, uma atividade complexa precisa de realização em várias etapas, modelar é representar a realidade ou sistemas originais através de sistemas de substituição, denominados modelos. (HEIN 2001, p. 32) Um modelo é similar a realidade, o suficiente para que as conclusões obtidas através da análise, possam ser entendidas para a realidade. Logo, para a formalização do sistema são indispensáveis desenhos ou símbolos, funções de desempenho em que possíveis entradas nos sistemas são associadas às próprias saídas geradas pelo mesmo. 26 Modelos podem ser concretos, quando são físicos ou geométricos, e abstratos, quando são matemáticos, lógicos e esquemáticos. 2.5 Papel dos Modelos É indispensável perceber a importância do uso de ferramentas quantitativas dentro dos sistemas produtivos da atualidade. Fica clara a posição da modelagem matemática como estratégia para a resolução de problemas não só em sala de aula, mas para o bem-estar humano. O mundo globalizado está sofrendo mutação no sentido de expandir a consciência. O comportamento humano, as pressões sociais, a ecologia e outras causas, acabaram transformando em bastante complexo o ambiente em que vivemos. Segundo Hein (200, p. 35): “Os modelos quantitativos não são capazes de, sozinhos, fazerem uma organização satisfatória da tarefa do bem-estar, nem definem uma estratégia para o futuro.”Porém, permitem que o tomador de decisões seja capaz de examinar inúmeros cenários e possa tirar proveito daquilo de que dispõe. Os modelos não podem tomar decisões, mas as tornam mais claras de serem tomadas. 2.6 Modelagem na formação de professores Os princípios das reformas educacionais dão cada vez mais, prioridade ao desenvolvimento de atitudes intelectuais, na medida em que o mundo social quer cada 27 vez mais pessoas pensantes e com capacidade de resolver as coisas de forma autônoma. As propostas de junção das aulas de matemática à modelagem matemática, contribuem ao desejo dos parâmetros curriculares. Nos quais no ensino da matemática, se deve dar mais ênfase as atividades de reflexão em oposição aos exercícios. Essa marca está citada em um dos fundamentos organizadores do processo ensinoaprendizagem da matemática. A situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e não a definição. No processo de ensino e aprendizagem, conceitos, idéias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-los. (BRASIL,1999) A modelagem matemática como metodologia de ensino depende muito da formação do professor. Devendo ser uma formação que não se limita apenas a reproduzir conceitos e conteúdos matemáticos, mas que também tenha sido estimulado o senso crítico e participativo. Pois, a organização das atividades de modelagem depende muito das possibilidades do contexto escolar e do nível de flexibilidade do professor perante o método. A utilização da modelagem em sala de aula como prática pedagógica, depende do compromisso do professor, exige um controle de processos que vão além de aspectos técnicos. É adequado que o professor compreenda a matemática num âmbito social e que ele tenha experimentado este processo em seus programas de formação. Os fundamentos da matemática, direcionam e influenciam os métodos de ensino da disciplina. A dualidade da matemática vista como pura e da matemática 28 simplesmente aplicada divide a disciplina quanto aos seus reais objetivos. Essa dualidade também é vista nos projetos acadêmicos na formação de professores. A aplicação da matemática tem sido muito pesquisada atualmente. Logo, as universidades têm criado cursos de matemática aplicada, que enfatizam a criação de modelos. Por outro lado, os cursos de licenciatura em matemática continuam formando professores no ensino formalista clássico. Realmente, os profissionais da educação, só saberão reconhecer a utilidade da matemática se reconhecer nessa, a capacidade de raciocinar com precisão. De modo paralelo aos cursos de matemática aplicada, as disciplinas oferecidas nos cursos de Licenciatura em Matemática, cujo objetivo é formar docentes para o ensino fundamental e médio continuam formando no estilo clássico formalista. (Bassanezi, 2002, p. 179) A própria formação do professor não relaciona o que se ensina com o que acontece no mundo real. É difícil esperar que professores desenvolvam atividades de modelagem com seus alunos, baseados apenas em seus conhecimentos matemáticos, é preciso que eles mesmos desenvolvam atividades em programas de formação. Ou, ainda, é necessário acreditar na formação do professor, aluno do curso superior, trabalhada na aplicabilidade da matemática como meio para a interdisciplinaridade. Compreender o pensamento complexo exige uma nova aprendizagem, pois fomos formados num sistema de ensino que privilegia a separação, a redução, a compartimentação, o próprio corporativismo dos saberes, que fraciona e aliena o nosso modo de pensar. Em conseqüência impõe-se uma reforma do pensamento.(Bassanezzi, 2002, p. 181) Devemos questionar e repensar os currículos das licenciaturas, a fim de melhorar a educação matemática. Trabalhar uma matemática, onde o professor se sinta mais realizado e valorizado, trabalhando uma disciplina que além de científica é 29 também aplicável. O que se tem visto é educação projetada mais na teoria que na prática. Conforme Bassanezi (2002, p. 179): “[...] o processo atual de formação do professor não leva o educando a estabelecer uma associação relevante entre o que se ensina e o mundo real.” Toda a comunidade educacional deveria se comprometer e discutir a matemática equilibrada entre pura e aplicada. Segundo Bassaenzi (2002, p. 180): “Há, hoje, no Brasil e no mundo muita discussão a respeito da formação de professores, com vários encaminhamentos no campo da investigação e da prática propriamente dita.” O professor de matemática, na maioria das vezes não é deficiente dos conteúdos aos quais precisa ensinar, geralmente ele aprendeu tudo de modo sistemático. Esse processo, ao qual foi imposto, para o seu aprendizado é o que o torna deficiente. Disciplinas tratadas de forma individuais, sem relação umas com as outras, se mostram prontas e acabadas. Desenvolvidas de forma simplesmente apresentada, sem história e sob o regime formalista. No curso de licenciatura a matemática é privada de criatividade e da própria originalidade de seus conteúdos. Os formandos se sentem incapazes de exercerem sua profissão de maneira qualitativa. Não se sentem preparados para a mudança na forma de se trabalhar a Matemática. Os programas não propiciam uma relação com outras áreas, com outras ciências. O mais importante acaba sendo a quantidade de conteúdo despejado sobre o educando, e não a qualidade desse conteúdo à qualidade do processo pelo qual o conteúdo foi trabalhado. Os profissionais formados nos dias de hoje, terão grandes dificuldades em encontrar meios de tornar suas aulas mais interessantes com alunos efetivamente 30 participantes. Segundo Munari (2002, p. 12): “Temos que dar início às ações para que os obstáculos sejam transpostos.” A investigação ainda acanhada no Brasil, tem impulsionado a formação de mestres e doutores na área de Educação Matemática. Isso poderá impulsionar mudanças no campo do ensino e da aprendizagem Matemática no país. Na Universidade Estadual de Campinas-IMECC/UNICAMP, foi implantada no curso de Licenciatura em Matemática, a disciplina Modelos Matemáticos. Essa disciplina tem o objetivo de procurar um equilíbrio harmonioso entre teoria e prática, proporcionando o conhecimento trabalhado, como ferramenta para outras áreas do conhecimento. A Modelagem Matemática como disciplina para a formação de professores enfatiza aplicações matemáticas, usando técnicas de modelagem como procedimento de desenvolver a criatividade do aluno. Procura expandir o espírito crítico para que o aluno possa entender e interpretar a matemática, e posteriormente usá-la na prática. A questão formação do professor é uma questão tão importante e desafiadora quanto à questão do processo ensino-aprendizagem da matemática. O sucesso do aluno pode ser associado ao desempenho de seus professores. [...] existe uma relação complexa entre o conhecimento do professor, sua prática e a aprendizagem dos alunos, que ainda não conseguimos desembaraçar.(D’Ambrósio, 2003) Vários conhecimentos são necessários ao professor, não só na área Matemática, mas nas mais diversas áreas. Ponte (2002) argumenta que “a formação dos professores vem pautada am algumas áreas fundamentais que nos cursos de formação constituem um aprendizado que se deve dar de forma conjunta.” Para Pavanello e Andrade (2002) “os cursos de formação devem habilitar os professores a 31 compreender o fenômeno educativo em sua multiplicidade bem como, assegurar-lhe o domínio dos conteúdos matemáticos.” O docente deve desenvolver características como respeito à reflexão, à pesquisa, à autonomia e ao desenvolvimento. Sendo assim, o desenvolvimento do professor não está em sua mente, mas em situações reais e têm características das atividades nas quais foi desenvolvido, levando em consideração suas idéias e ações. Num ambiente de Modelagem Matemática, o professor assume um papel diferenciado, incentivando o espírito crítico, a reflexão e a procura de informações que ajudem o educando a afirmar ou contrariar. Valoriza assim, todas as informações, desde as mais simples até as mais interessantes. Durante o desenvolver das atividades em grupos cabe ao professor estimular entre os alunos, discussões produtivas sobre o assunto. Pode ser útil ao professor proporcionar um momento de discussão durante a realização da tarefa com o objetivo de ajudar os alunos a ultrapassar certas dificuldades, de motivá-los em fases mais críticas do trabalho, ou mesmo de enriquecer a investigação sobre a atividade realizada. A discussão final sobre a atividade e conclusões dos alunos é também uma boa ocasião para promover a reflexão sobre o trabalho bem como sobre o papel da matemática na sociedade. (Almeida, 2004) O professor, é um ser humano comum, como qualquer outra pessoa. Faz parte da população e, como algumas pessoas que pertencem ou não ao meio educacional, alguns gostam de lidar com situações-problema, outros não. Logo, é muito importante dar-lhe oportunidade de presenciar experiências de formação em Modelagem Matemática. Certamente os efeitos virão, é necessário pensar-se na formação de professores competentes no ministrar da disciplina, bem como, capacitados e aperfeiçoados frente às novas tendências e práticas de ensino. É preciso pensar-se na 32 formação por meio do envolvimento com as novas tendências, possibilitando reflexão a partir da experiência. 33 3 METODOLOGIA Este trabalho, desenvolvido no segundo semestre de 2004, é relato de uma pesquisa bibliográfica, avaliativa numa abordagem ontogênica do desenvolvimento de uma experiência, para análise de uma possibilidade de metodologia de ensino de Matemática e do desempenho dos alunos na aprendizagem de Sistemas Lineares. A pesquisa teve como população alvo os alunos de uma terceira série do Ensino Médio, do Centro de Educação Profissional “Abílio Paulo” - CEDUP, do município de Cocal do Sul - SC. A pesquisa é bibliográfica, porque segundo Cervo (1996, p. 50), procura-se saber a respeito das atitudes e “preferências que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. [...] visa identificar falhas ou erros, descrever procedimentos, descobrir tendências, reconhecer interesses e outros comportamentos”. Considera-se também a pesquisa avaliativa, pois segundo Amaral, 2001 ”tem por objetivo fornecer argumentos de fato para um julgamento de valor” numa abordagem ontogênica, uma vez que segundo a mesma autora “é aquilo que chamamos de prática-reflexiva, que tanto quer legitimar e reforçar uma prática já desenvolvida, como atuar numa inovação ou criar nova prática”. A turma de alunos apresentava uma variação muito grande, no que se refere ao conhecimento científico, além disso, a maioria deles trabalhava no comércio local, fato que motivou a escolha dessa turma. 34 O tema da pesquisa foi Modelagem Matemática e o desempenho dos alunos da 3ª série na resolução de sistemas lineares, cujo problema era “Que possibilidades a Modelagem Matemática promove no processo de ensino – aprendizagem da Matemática?” E também, “É possível promover mudanças no ensino da Matemática, especificamente Sistemas Lineares, analisando e avaliando o desempenho dos alunos na resolução de sistemas lineares utilizando a Modelagem Matemática como metodologia?” Para avaliar a prática proposta, uma atividade de modelagem foi desenvolvida em sala de aula. Os resultados das atividades foram lidos e discutidos entre professor e alunos, com o objetivo de diagnosticar a construção do conhecimento e incentivando, desta forma, a participação de todos. O objetivo geral da pesquisa foi o de pesquisar na literatura todo o material necessário para um melhor conhecimento do tema Modelagem Matemática, como metodologia de ensino e trabalhá-lo como forma de modelação, verificando, assim, sua aplicabilidade no ensino- aprendizagem. Os objetivos específicos foram: oportunizar aos estudantes do CEDUP, uma nova modalidade de ensino-aprendizagem; elaborar um instrumento de avaliação da pesquisa; questionar se a modelagem matemática pode contribuir para a construção do conhecimento, visando pessoas com senso crítico, para formação de uma sociedade comprometida com a instrução de todos. No próximo capítulo desenvolvida em sala de aula. apresenta-se o relato/análise da experiência 35 4 APLICAÇÃO DE MODELAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA Sistemas Lineares Reconhecimento da Situação-Problema: Samuel, um adolescente da cidade de Cocal do Sul- SC, com idade entre quinze e dezesseis anos, é filho do dono de uma feira. Um lugar simples, mas atrativo e bem freqüentado. Certo dia Samuel observou que seu pai vendia algumas frutas diferentes na mesma embalagem: na primeira, que custa onze reais são colocadas dez pêras, cinco maçãs e quatro mangas. Na segunda embalagem, que custa dez reais, são colocadas oito pêras, seis maçãs e quatro mangas. Há ainda, uma terceira embalagem, que custa nove reais, com seis pêras e doze maçãs. Então Samuel pensou “se uma pessoa quisesse apenas, uma unidade de cada fruta, que valor deveria pagar pela mesma?” Formulação do Problema: Qual o preço unitário de cada fruta? Resolução do Problema: Observa-se a relação entre o número de frutas e o valor total de cada embalagem: na primeira, que custa onze reais são colocadas dez pêras, cinco maçãs e quatro mangas: 10p + 5m + 4n = 11; na segunda embalagem são colocadas oito pêras, 36 seis maçãs e quatro mangas, esta custa dez reais: 8p + 6m + 4n = 10 e a terceira embalagem com seis pêras e doze maçãs, que custa nove reais 6p + 12 m = 9. As três equações formam um sistema de equações, com o qual pode-se rever o estudo e alguns métodos de resolução de um sistema com três incógnitas. No terceiro ano do ensino médio, foi usado o conteúdo de determinantes, para a resolução do sistema. Para tal representa-se matricialmente sistema: 10p +5m+ 4n =11 8p +6m+4n =10 10 5 4 p 11 8 6 4 ⋅ m = 10 6p +12m = 9 6 12 0 n 9 Logo se encontra o determinante da matriz dos coeficientes: 10 5 4 10 5 8 6 4 8 6 = 0 +120+ 384− 0 − 480−144 = 120 6 12 0 6 12 Substituindo a coluna dos coeficientes de p, pela matriz coluna dos resultados, e encontrando o determinante da nova matriz. Temos um novo determinante, chamado determinante de p. Determinante de p = det p 11 5 4 11 5 10 6 4 10 6 = 0 +180+ 480− 0 − 528− 216 = 84 9 12 0 9 12 Divide-se o determinante de p pelo determinante e então temos o valor de p: p= det p 84 = = 0,70 det 120 37 Obtemos o chamado determinante de m, encontrando a princípio, o determinante da matriz que se tem quando substituímos a coluna dos coeficientes de m, pela matriz coluna dos resultados. 10 11 4 10 11 8 10 4 8 10 = 0 + 264+ 288− 0 − 360− 240= 48 6 9 0 6 9 m= det m 48 = = 0,40 det 120 Para saber o valor de n, pode-se agir da mesma maneira ou substitui-se o valor de p nas outras equações: 10p+ 5m+ 4n =11 10⋅ 0,70+ 5 ⋅ 0,40+ 4n = 11 7,00+ 2,00+ 4n = 11 4n = 2 n = 0,50 Então n= 0,50, esse modo já pode ser aplicado, também na resolução de m. Interpretação da Solução: Sendo p o valor da pêra, m o valor da maçã e n o valor da manga, pode-se concluir que a pêra custa 0,70 centavos, a maçã custa 0,40 centavos e a manga custa 0,50 centavos. Comentários Sobre a Aplicação: O problema descrito foi aplicado, como introdução do conteúdo de sistemas lineares, no primeiro semestre de 2004, no terceiro ano do Ensino Médio, do Colégio CEDUP de Cocal do Sul. Para avaliar o processo proposto, um questionário foi aplicado procurando identificar os pontos fracos e as potencialidades da modelagem realizada. 38 1. Como você avalia este método de trabalho do conteúdo matemático? 60% dos alunos avaliaram o método como muito bom, 32% bom e 8% como regular. 2. Você, dessa maneira, sente-se mais estimulado a realizar as atividades propostas? Cem por cento dos alunos se sentem mais estimulados a aprenderem através desse método. 3. Comparando o método utilizado com o método tradicional, como você avalia seu aprendizado? 95% acreditam que melhorou seu nível de aprendizado e apenas 5% consideram que não sofreu mudança alguma. Percebeu-se, através do questionário e do debate desenvolvido depois da aplicação/avaliação da atividade, que comparado aos métodos tradicionais, com os quais foram trabalhados os sistemas lineares na sétima série, este método de trabalho proposto estimula a aprendizagem. A motivação para a aprendizagem varia de aluno para aluno, nem todos reagem da mesma forma, frente a mesma atividade apresentada. Porém, nesta proposta, os estudantes em geral se mostram estimulados com a atividade e o desenrolar do processo. Muitos alunos acreditam que isso aconteça pela relação entre a disciplina e o cotidiano. Pôde-se ainda perceber que alguns alunos procuram resolver o problema criando seus próprios modelos, o que vem a demonstrar a validação do modelo trabalhado. 39 Alguns grupos de alunos resolveram o problema usando apenas as substituições. Sendo o sistema: 10p + 5m + 4n = 11 8 p + 6m + 4n = 10 6 p +12m = 9 pode-se verificar através da terceira equação, que p= 9 −12m 6 , substituindo este na primeira e na segunda equação temos: 10 ⋅ 9 − 12m 9 − 12m + 5m + 4n = 11 8⋅ + 6m + 4n = 10 6 6 e trabalhando com as duas equações temos um novo sistema, só que agora, apenas com duas incógnitas, que pode ser resolvido através do método da adição: 10 ⋅ 8⋅ 9 − 12m + 5m + 4n = 11 6 9 − 12m + 6m + 4n = 10 6 90 − 120m + 30m + 24n = 66 72 − 96m + 36m + 24n = 60 90 − 66 = 90m − 24n 72 − 60 = 60m − 24n 24 = 90m − 24n 12 = 60m − 24n(−1) 24 = 90m − 24n − 12 = −60m + 24n 12 = 30m 12 30 m = 0,40 m= 40 Encontramos o valor de n, substituindo m, em qualquer uma das equações que formam o sistema de duas incógnitas: 24 = 90m − 24n 24n = 90⋅ 0,40 − 24 24n = 36 − 24 12 n= 24 n = 0,50 O valor de p é encontrado usando a primeira equação de substituição: 9 −12m 6 9 −12⋅ 0,40 p= 6 9 − 4,80 p= 6 4,20 p= 6 p = 0,70 p= A relação entre o conteúdo trabalhado e o cotidiano, leva o aluno a repensar seus papéis, enquanto ser atuante e responsável pela própria aprendizagem e enquanto cidadão. No decorrer dos trabalhos, em algumas situações, os meios adotados pelo grupo, não tinham sucesso e precisavam ser repensados, o que caracteriza a validação do modelo. Nessa situação recorriam a orientação da professora, que enquanto mediadora, auxiliava a repensar meios mais adequados, meios mais apropriados àquelas situações. 41 Verificou-se, por meio da observação direta da participação da maioria dos alunos nas atividades, que a modelagem matemática motiva e facilita a aprendizagem. Desta forma, a Modelagem Matemática, enquanto metodologia de ensino, é opção facilitadora, pois promove um ambiente de ensino-aprendizagem onde se pode trabalhar mais conceitos matemáticos, facilitando também as inter-relações pessoais (aluno x aluno, aluno x professor, professor x aluno). Segue, ANEXO !, outros exemplos de modelagem matemática. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS A modelagem permite a participação do professor e dos alunos, no mundo real. Por meio da análise, do entendimento e da explicação, acontece à tomada de decisões, que influenciam nas mudanças. O aluno compreende com mais facilidade os argumentos e fórmulas matemáticas, entende os resultados de forma mais significativa, passando assim a internalizar a Matemática e a valorizá-la. Com este trabalho verificou-se que a Modelagem Matemática como metodologia no processo de ensino-aprendizagem é um dos meios de se obter uma Matemática mais agradável do que a tradicional e, que apresenta possibilidades de um processo mais produtivo, qualitativo e motivador. É enriquecedora a oportunidade de envolver alunos, pais, professores e comunidade em geral, nas atividades que produzem e proporcionam o conhecimento matemático. A relação mais estreita entre professores e alunos é uma das vantagens, quando se cria um ambiente de Modelagem Matemática. O ato de refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem da Matemática, por meio da modelagem, é uma das alternativas a quem deseja procurar sempre, meios para o aperfeiçoamento de uma prática de qualidade. 43 A cada atividade de modelagem surgem novas reflexões sobre os significados trabalhados, novos desafios. Desta forma, utilizar Modelagem Matemática no ensino desenvolve o espírito de pesquisa, que embora largamente dito como necessário pouco é realmente trabalhado no ambiente escolar. Pode-se verificar, tanto na pesquisa quanto na modelagem aplicada, que o papel do aluno como indivíduo ativo no processo de produção do conhecimento, é que faz a diferença na proposta da modelagem se comparada a outras propostas. É preciso que o aluno pense e estruture seu conhecimento, equilibrando fatores científicos e empíricos. E o professor deve buscar, aprofundar seu conhecimento e fundamentar sua prática sem temer as dificuldades do processo. A modelagem pode contribuir para a mudança de comportamento, pois, as situações-problema estimulam o processo de ensino-aprendizagem. O aluno e as pessoas da comunidade que não fazem parte do ambiente escolar, sentem-se inclusos no contexto da escola. A contextualização em todo o processo é fator determinante na construção do conhecimento matemático do ser pensante. O que propicia a construção de um senso crítico, liberto de pressões da sociedade alienada e conformada, com capacidade de propor mudanças voltadas para o desenvolvimento individual e coletivo. Assim, coloca-se o conhecimento trabalhado na escola e, principalmente o conhecimento matemático, a serviço da transformação da realidade. As estruturas dos cursos regulares dificultam no desenvolvimento de um trabalho pedagógico voltado às aplicações. A falta de preparo dos professores para o trabalho com Modelagem Matemática e a pressão existente, em se cumprir o conteúdo do currículo programado em determinado tempo, anuncia a angústia da maioria dos 44 profissionais de sala de aula. Mas o profissional em sala, deve procurar sempre estar presente junto aos seus alunos, questionando e tentando fazer com que eles mesmos produzam seus conceitos e os associem aos conceitos historicamente já produzidos pela humanidade. Para formar cidadãos mais conscientes e atuantes na sociedade também é necessário trabalhar sempre atrelado à realidade. É difícil conscientizar os alunos de que é necessário pesquisar e pensar sobre isso, a maioria já acostumada assim, quando não prefere tudo pronto e acabado, apresenta muita resistência às mudanças. Os alunos que se apropriam da modelagem, realmente sentem-se felizes em poderem trabalhar com um conteúdo que eles mesmos pesquisam, entendem ou desenvolvem. A busca de uma oportunização, de uma educação de fato significativa, está muito relacionada com a disposição do professor para o aprimoramento da sua prática. Ao ministrar a Matemática aplicada a fatos reais, o professor contribui para o surgimento, no processo de ensino – aprendizagem, de críticas e questionamentos. Ambos fortalecem-se quando o aluno passa a elaborar seu modelo matemático por meio de alternativas de sua criação. Esse momento proporciona a aprendizagem do aluno e do professor. Este último, amplia seu conhecimento e incorpora novas atitudes. É uma metodologia que tende a recomeçar em cada turma com a certeza de se obter acréscimo de informações. Então, se deve repensar a prática pedagógica utilizada por muitos professores, principalmente professores da área de Matemática. A substituição do método tradicional, a troca do método convencional, sem relação com o cotidiano dos alunos, pela inclusão de problemas contextualizados, propicia um melhor aprendizado. 45 A proposta de trabalho admite avanços e retrocessos, onde se reavalia constantemente os meios sem perder de vista os fins. Presume-se que é buscando sempre melhorar o conhecimento que se terá um dia uma sociedade mais igualitária e justa. Recomenda-se para trabalhos futuros, pesquisas que visam o desenvolvimento, em sala de aula, de outros temas matemáticos, utilizando a Modelagem Matemática como prática pedagógica. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Maria Teresa.2001. Metodologia da Pesquisa. In Formação em Educação da Distância – UniRede: módulo 5: Metodologia da Pesquisa e Didática do Ensino superior. Ed. Lindasay Azambuja da Silva. Curitiba : UFPR. ANPED/SUL, 2004. Paraná. Formação de professores e modelagem matemática. Paraná: Puc, 2004. ANPED/SUL, 2004. Paraná. 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Cada lata deve conter meio quilo da mistura e o custo total dos ingredientes de cada lata deve ser de R$ 5,75. Além disso, a quantidade de castanha de caju em cada lata deve ser igual a um terço da soma das outras duas. Qual as quantidades, em gramas, de cada ingrediente por lata? c) Um clube promoveu um show de música popular brasileira ao qual compareceram 200 pessoas, entre sócios e não-sócios. No total, o valor arrecadado foi de R$ 1400,00 e todas as pessoas pagaram ingresso. Sabendo que o preço do ingresso foi de R$ 10,00 e cada 50 sócio pagou metade desse valor, o número de sócios presentes ao show foi de quanto? d) Um pai realizou duas festas de aniversário para seus dois filhos e, entre salgadinhos e refrigerantes, gastou R$ 250,00 em uma festa e R$ 150,00 em outra. A festa que teve menor custo foi realizada com 50% dos salgadinhos e 75% dos refrigerantes da outra. Sabendo que o preço unitário do salgadinho e do refrigerante foi o mesmo, para ambas as festas, qual foi o total gasto com refrigerantes nas duas festas? e) Em uma festa junina, uma barraca de tiro ao alvo oferece R$ 15,00 ao participante cada vez que acertar o alvo. Entretanto, se errar, o participante paga R$ 10,00. Um indivíduo deu 30 tiros e recebeu R$ 175,00. Nessas condições, qual o número de vezes que ele errou o alvo?