USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA
PARTICIPAÇÃO DE USUÁRIO NA FORMAÇÃO E NO
DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES
Adriana Aparecida Puerta 1, Roniberto Morato do Amaral2 , Luciana de
Souza Gracioso2
1
Mestranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade, UFSCar, São Carlos, SP / Assistente de Serviços
de Documentação, Informação e Pesquisa, UNESP, Araraquara, SP.
2
Professor Dr. do Departamento de Ciência da Informação, UFSCar, São Carlos, SP.
Resumo
No espaço das Bibliotecas, muitos serviços têm sido reconfigurados com o uso das
Tecnologias da informação e comunicação (TIC) e com a incorporação dos recursos da
plataformas virtuais e das redes sociais – Web 2.0. No contexto do Desenvolvimento de
coleções (DC), processos e produtos podem ser potencializados na medida em que tais
recursos são incorporados e permitem a participação mais efetiva do usuário na política de
DC. Neste estudo, a partir de referencial teórico, são apresentadas algumas dessas práticas
e são indicados procedimentos para incorporação de TIC nos serviços Bibliotecas,
pontualmente voltada à constituição de coleções físicas e virtuais.
Palavras-Chave: Desenvolvimento de coleções; Tecnologias da informação e comunicação;
Web 2.0; Biblioteca; Redes sociais.
Abstract
Within the Libraries, many services have been reconfigured with the use of Information and
Communication Technologies (ICT) and incorporating the resources of virtual platforms and
social networking - Web 2.0. In the context of Collection Development (DC), processes and
products can be leveraged to the extent that such features are incorporated and allow more
effective user participation in the politics of DC. In this study, from theoretical, presents some
of these practices and procedures are given to the incorporation of ICT services in libraries,
occasionally focused on the provision of physical and virtual collections.
Keywords: Collection development, information technology and communication, Web 2.0,
Library, Social networks.
1 Introdução
A biblioteca universitária é formada por pessoas, serviços, tecnologias da
informação e comunicação, ambiente de produção de cultura, consolidando-se como
um organismo social, vivo e atuante. Necessita evoluir e acompanhar as
transformações de sua comunidade, para isto, é fundamental o processo de
formação e desenvolvimento de coleções (DC) apoiado nas tecnologias da
informação e comunicação (TIC). Hoje, através do compartilhamento dos recursos
informacionais, o limite para o uso das coleções passou a ser o próprio limite do
conhecimento recuperável. As TIC permitem a construção de espaços para
colaboração, interação e participação comunitária, essencial para o DC, dentre
outros serviços. O objetivo deste trabalho é apresentar potenciais aplicações e
exemplos de uso das TIC no processo de DC, além de discutir teoricamente as
implicações relacionadas aos usos desses recursos, visando contribuir para o
desenvolvimento de acervos e ambientes informacionais integrados à comunidade
de usuários.
2 Processo de desenvolvimento de coleções
Para Vergueiro (1989), é importante apresentar aos bibliotecários o conceito
de DC como um processo de identificação dos pontos fortes e fracos de uma
coleção de materiais de informação, em termos de necessidades dos usuários e
recursos da comunidade. Sendo que, o processo DC constitui-se das seguintes
etapas: estudo das comunidades, avaliação da coleção, desenvolvimento de
políticas, desbastamento, seleção e aquisição de materiais. É, acima de tudo, um
trabalho de planejamento que exige comprometimento com metodologias, sendo o
processo ininterrupto, sem que se possa indicar um começo ou um fim.
2.1 Fatores que influenciam o desenvolvimento de coleções
O processo de desenvolvimento de coleções é afetado por muitos fatores,
como por exemplo, barreiras psicológicas em relação a algumas fases do processo,
falta de domínio sobre o processo, falta de conhecimento técnico, a influência das
indústrias produtoras de materiais para as bibliotecas – indústria livreira, fonográfica.
O DC também é afetado pelo uso das TIC, que proporcionam a formação de
coleções com uma ampla diversidade de tipologia, promove a automatização de
várias etapas do processo e facilita a interação entre bibliotecários e usuários.
2.2 Política para o desenvolvimento de coleções
O DC como atividade de planejamento, deve ter um plano detalhado
estabelecido, a fim de garantir um mínimo de continuidade ao processo e correção
de rota, quando necessários. É o que se costuma chamar de estabelecimento de
uma política para o DC, um documento onde se detalhará quem será atendido pela
coleção, quais os parâmetros gerais da mesma e com que critérios esta se
desenvolverá. O ideal é que tal documento surja como resultado de negociação
entre o bibliotecário responsável pelo DC e aqueles a quem a mesma se destina.
Para elaborar o documento é necessário que se tenha em mãos uma grande
variedade de dados (VERGUEIRO, 1987): Estado atual da coleção, seus pontos
fortes e fracos (Diagnóstico); Áreas de maior interesse; Identificar a comunidade a
ser servida; Conhecimento dos objetivos da universidade em que a Biblioteca está
inserida; Outros recursos disponíveis, tanto localmente como através de Empréstimo
entre Bibliotecas (EEB). Quanto aos outros recursos disponíveis, tanto localmente
como através de EEB, é importante ressaltar que nenhuma biblioteca pode dar-se ao
luxo de bastar-se a si mesma, tendo necessariamente que levar em consideração os
recursos disponíveis em instituições congêneres de fácil acesso, buscando, na
medida do possível, compartilhar as suas posses com as outras, ao mesmo tempo
em que faz uso das alheias.
As TIC tornaram os procedimentos de diagnóstico e avaliação automatizados,
podendo, por exemplo, ser utilizadas as informações registradas, através dos
catálogos informatizados das bibliotecas, para a construção de um diagnóstico que
represente a realidade do estado atual da coleção. Estes procedimentos com o
apoio das tecnologias da informação poderão ser aplicados rotineiramente
(AMARAL; ZAFFALON, 2009). Os recursos da web 2.0, ou Web pragmática como
sinalizou Gracioso (2007) que dizem respeito as redes sociais da Internet,
potencializam a construção de um perfil personalizado para a comunidade atendida
pela biblioteca universitária e a inserção de novos materiais informacionais ao
acervo digital da biblioteca (MANESS, 2007). Abordagens teóricas que exploram o
ambiente interativo e a participação do usuário na construção de conteúdos 2.0,
foram feitas por Gomez e Gracioso em 2006). Apesar de programas efetivos de
colaboração entre bibliotecas serem cada vez mais utilizados, autores como
Vergueiro (1995) e Amaral (2006), apontam a falta de infra-estrutura como um
problema para o aperfeiçoamento do serviço. As TIC proporcionam aos bibliotecários
desenvolver soluções computacionais para este problema. Enfim, as TIC
potencializam a integração da comunidade no processo de DC e ao longo deste
trabalho, se pretende apresentar alguns caminhos possíveis. Amaral et al (2006)
apresentou uma solução computacional para a gestão do EEB na Biblioteca
Comunitária da UFSCar. Tal ferramenta permitiu a gestão do serviço, a interação
com o usuário (usuários da biblioteca e bibliotecas parceiras) e ainda a criação de
indicadores sobre o serviço, além da geração de listas com as referencias para a
seleção de materiais.
O documento da política de desenvolvimento de coleções precisa ser
disseminado aos usuários e funcionários da biblioteca. Trata-se de deixar claro a
filosofia que norteará o trabalho do bibliotecário no que diz respeito à coleção, tornar
público o relacionamento entre o DC e os objetivos da instituição a que esta coleção
deve servir. As tecnologias da informação facilitam o acesso a este documento,
através da sua disponibilização no site da instituição. O documento da política de DC
deve ser flexível para admitir correções e modificações. E estas virão quando o
bibliotecário procurar acompanhar a comunidade a que esta servindo a qual, tende a
modificar-se. Este acompanhamento é o que se costuma chamar de estudo de
comunidade.
2.3 Estudo de comunidades
Para os bibliotecários responsáveis pelo DC - em todos os tipos de
bibliotecas, conhecer a comunidade é uma necessidade prática. Eles aplicam esses
conhecimentos para fazer suposições, em seu trabalho diário, sobre a utilidade
projetada dos materiais de informação. Para cada tipo de biblioteca a comunidade
irá variar. Para a biblioteca pública ela é formada por todas as pessoas que residem
na jurisdição política servida por ela; para a biblioteca escolar, são todos os alunos
matriculados na instituição e, também, os professores a atendê-los; para a biblioteca
universitária, são os corpos docente e discente e, eventualmente, também os
funcionários; para a biblioteca especializada, é a companhia, a instituição comercial,
a fundação ou empresa que a criou. A comunidade não é somente o usuário real,
aquele que vai com grande freqüência à biblioteca (VERGUEIRO, 1995;
FIGUEIREDO,
1985),
com
a
internet
a
biblioteca
poderá
aumentar
exponencialmente o volume de usuários, dada a facilidade de disponibilização de
conteúdos digitais, como por exemplo, biblioteca digital de teses e dissertações
(IBICT), repositórios institucionais (UNB) entre outras aplicações. Sayão (2008)
sugere aos bibliotecários que a criação de bibliotecas digitais deve ser alicerçada na
utilização de software livre, padrões de metadados e protocolos que garantam o seu
acesso livre e a sua interoperabilidade com outros sistemas.
Boa parte do levantamento de dados sobre a comunidade podem ser coletas
em fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação
Getulio Vargas (FGV), Federações da Indústria e do Comércio, as secretárias do
estado, os ministérios, associações, etc., estes órgãos publicam na internet alguns
indicadores, úteis aos profissionais para a delimitação das características da
comunidade a ser servida pela biblioteca, apenas os dados impossíveis de serem
obtidos de fontes preexistentes é que deverão ser objeto de levantamento pessoal,
através da pesquisa de campo (fontes formais e informais). Para fazer um
diagnóstico preciso da comunidade o bibliotecário precisará de dados relativos às
características:
Históricas;
Demográficas;
Geográficas;
Educativas;
Socioeconômicas; Transporte; Culturais e Informacionais; Políticas e Legislação.
Outra forma interessante de obter informações, sem custo, principalmente para as
bibliotecas universitárias, a respeito da sua comunidade e focando individualmente
seus usuários é a consulta a Plataforma Lattes, utilizada para recuperar currículos
de pesquisadores entre outros profissionais. As necessidades uma vez definidas
através das análises dos dados coletados, irão guiar não apenas as etapas do DC,
mas também todo o planejamento do serviço bibliotecário.
A seleção dos materiais como uma atividade técnica e intelectual visa deixar
claros os critérios que nortearão a opção por determinados materiais em prejuízo de
outros. Os critérios de seleção funcionam como qualificadores, ao atendê-los o
material esta apto a integrar o acervo. Alguns critérios estão relacionados ao
assunto, usuário, documento e preço (VERGUEIRO, 1995). As TIC visam maximizar
o acesso e uso da informação, a demanda pela seleção dos materiais eletrônicos
esta em continua ascensão, pela sua versatilidade, custo, interação entre outros
benefícios frente ao formato tradicional em papel. Devem-se preservar os mesmos
padrões de qualidade utilizados no acervo tradicional e adicionar outros como, por
exemplo, conteúdo, acesso, suporte e custo. Dada a facilidade de produção e
divulgação de conteúdos no ambiente web, através de ferramentas como Blog e
Wikis, o bibliotecário deverá desenvolver critérios que garantam ao usuário a
confiabilidade deste tipo de material, uma vez que eles não são regidos pelas formas
convencionais de controle de publicações, tais como avaliação por pares, editores
entre outras.
No estabelecimento de critérios para a seleção deve-se levar em
consideração a comunidade a que esta servindo, os recursos disponíveis para
aquisição e as próprias características do assunto ou material objeto da atividade de
seleção. A prática do trabalho de seleção ocorre basicamente em duas etapas: 1º
uma lista de itens de interesse da coleção é elaborada a partir tanto de indicações
feitas pelos usuários, como da identificação de materiais, efetuada pelos próprios
bibliotecários, através dos chamados instrumentos auxiliares à seleção, ou seja,
listas de material corrente, catálogos de editores, anúncios, bibliografias e registros
domiciliares de empréstimo – reserva – multas. Toda etapa pode ser apoiada pelas
tecnologias da informação, facilitando a coleta de indicações dos usuários e
agilizando o acesso aos instrumentos auxiliares, através da consulta da construção
de interfaces e sistemas amigáveis que permitam a interação e a coleta de
sugestões dos usuários e de consultas aos catálogos de outras bibliotecas, livrarias
disponibilizados na internet. A 2º etapa do trabalho ocorre após a confecção da lista,
quando alguém – o bibliotecário ou a comissão de seleção – avalia cada um dos
materiais em relação aos recursos disponíveis e às prioridades anteriormente
definidas.
A decisão sobre a seleção não precisa ficar depositada somente no
bibliotecário, ela deve ser compartilhada com comissões ou por toda a comunidade a
ser atendida pela coleção, isso poderá trazer inúmeras vantagens, entre as quais
pode funcionar como um canal divisor de responsabilidades e garantir a aderência
necessária da coleção às necessidades da sua comunidade e levar a comunidade
de certa forma a participar mais ativamente da gestão da biblioteca. Existem várias
ferramentas web 2.0 que poderiam ser utilizadas como mecanismos de interação
entre bibliotecários e usuários, como por exemplo, redes sociais (Orkut, Second Life)
blogs, chats, wikis, fóruns entre outras. Um ambiente relevante para identificação
demandas para o DC é a LibraryThing, biblioteca interativa na Web, com mais de 1
milhão de usuários/participantes. Nesta plataforma, leitores/usuários indicam e
compartilham não só seus livros, como seus hábitos de leitura. Compartilham
observações, catalogações e indexações dos materiais hospedados na Library.
2.4 Aquisição como processo administrativo
O papel da aquisição no processo é localizar e assegurar a posse, para a
biblioteca, daqueles materiais que foram definidos, pela seleção, sendo de interesse.
O foco deixa de localizar-se na etapa em si e passa a localizar-se na maneira como
esta é realizada, de forma a possibilitar acesso mais rápido ao material e ao menor
custo possível, um meio para a concretização das decisões da seleção, visando a
maximização dos resultados. As atribuições básicas do trabalho de aquisição de
materiais para a biblioteca, ou seja, a tarefa de tornar realidade as decisões da
seleção constitui-se resumidamente das seguintes etapas: a) Obter informações
sobre os materiais desejados pela biblioteca: conferir os dados bibliográficos
imprescindíveis para uma aquisição bem sucedida; b) Efetuar o processo de compra
dos materiais – seleção de fornecedores – elencar os qualificadores dos
fornecedores – prazo-preço – qualidade; c) Manter e controlar os arquivos
necessários – pré-catalogação; e d) Administração dos recursos disponíveis.
As TIC poderão impactar positivamente também na aquisição, por exemplo,
na conferência de informações, poderão ser utilizadas ferramentas para o tratamento
das referencias, como por exemplo, o gestor de referências Zotero (2010), que
poderá facilitar o trabalho de bibliotecários e usuários quanto aos dados
bibliográficos. Também poderá eliminar alguns retrabalhos na inserção de dados nos
formulários de coleta por usuários e bibliotecários, além de iniciar uma pré-
catalogação do material. Outro beneficio é a interoperabiblidade promovida por ele,
entre o sistema de gestão do fornecedor e da biblioteca, por exemplo, a Amazon
possui seu catálogo disponível no formato RDF utilizado pelo Zotero.
Os procedimentos que envolvem a localização e o contato com fornecedores
também são influenciados pelas TIC, as distâncias são aproximadas com as
ferramentas da internet. O uso de planilhas eletrônicas poupa muito trabalho e
tempo na análise e tomada decisão sobre orçamentos. A tecnologia RSS FEEDS
pode ser usada na divulgação de noticias da biblioteca, como por exemplo, a
compra de novos materiais para os usuários.
Existem mais duas modalidades de aquisição de materiais, permuta e doação.
Os critérios para seleção de doação são rigorosamente os mesmos utilizados para a
seleção de materiais comprados. Na política para o DC estarão os critérios para o
recebimento de doações, a prática da biblioteca em relação à doação, ao
disponibilizá-la no site da instituição os usuários da biblioteca, interessados em doar
seu material, obterão conhecimento sobre as práticas da biblioteca em relação a
doação. A permuta consiste em acordo preestabelecido entre instituições, no
compromisso mútuo de fornecimento de publicações. È uma prática comum ente
bibliotecas universitárias e especializadas sendo necessário definir critérios de
acordo com a política de DC. No tratamento das doações poderão ser construídos
bancos de dados onde serão catalogados todas as doações, e quando
disponibilizados aos usuários, este decidirão a sua inserção ou não ao acervo,
sempre respeitando os critérios da política de seleção. Uma forma de valorizar a
participação da comunidade no DC.
Uma vez adquiridos os materiais são incorporados ao acervo e colocados à
disposição do usuário e, espera-se, utilizados até que as condições estipuladas para
a sua incorporação deixem de existir. A verificação da permanência ou não destas
condições se dará, entre outras, por intermédio da avaliação da coleção.
2.5 Desbastamento: a hora da decisão
As coleções precisam do desbastamento para que possam desenvolver-se
harmoniosamente, sem ter algumas de suas partes desenvolvidas de forma
aleatória, tornando-se estranhas ao conjunto. Isto vai significar muitas vezes, a
retirada total ou definitiva da coleção (o descarte); outras, o deslocamento para
locais de menor acesso, onde os materiais serão acomodados mais compactamente
a fim de que, embora conservados fisicamente, ocupem o menor espaço possível (o
remanejamento); em outras a retirada do material se dá pela necessidade de
recuperá-lo fisicamente, para melhor atendimento à demanda (a conservação).
As TIC providenciam algumas soluções para o desbastamento, como por
exemplo, a indicação no catalogo on line de que o material se encontra no armazém,
deixando claro ao usuário a possibilidade de acesso ao material. A definição de que
o mesmo já não atende as condições que justificam a sua aquisição, seja porque as
necessidades informacionais da comunidade se modificaram e que as que o item
buscava atender deixaram de existir, seja porque, as informações por ele veiculadas,
devido à rápida evolução do conhecimento humano, ficaram desatualizadas e
deixaram de apresentar contribuições à comunidade. Ao bibliotecário será
necessário definir mecanismos que lhe permitam detectar tais fatores e identificar
candidatos ao descarte. Fonseca propõem uma solução baseada em TIC com essa
finalidade, uma aplicação adicionada ao sistema de gestão de bibliotecas, que
permite ao usuário a atribuição de uma nota ao conteúdo do material consultado,
este mecanismo possibilitaria a rápida identificação dos candidatos ao armazém e
descarte.
O caso da conservação, a coleção também sofre os percalços do tempo, das
mudanças de temperatura ou de uma demanda mais acentuada. Em muitos casos
um material danificado, ao invés de ser descartado – más condições físicas nem
sempre são um critério muito aconselhável para o descarte -, deve ser restaurado
para poder continuar a prestar à comunidade o mesmo nível de serviço. Outra
solução fornecida pelas TIC é a digitalização do material, sempre respeitando as
questões relacionadas aos direitos autorais. O desbastamento da coleção acontece
sempre em função de um processo constante de avaliação da coleção.
2.6 Avaliação de coleções: a busca do método.
A avaliação da coleção é a etapa do processo a diagnosticar se o DC está
ocorrendo da forma prevista ou não. “Em outras palavras a avaliação permitirá ao
bibliotecário verificar se as etapas anteriores do processo estão sendo realizadas de
forma coerente” (VERGUEIRO, 1989, p. 83). Posibilita ainda realizar as correções
necessárias para que esta coerência seja obtida o mais rápido possível. Segundo
Bessant (1994) não existe melhoria sem avaliação.
Conhecer e identificar os métodos e técnicas de pesquisa adequados ao seu
contexto é fundamental para que o bibliotecário realize tal procedimento com
sucesso. Lancaster (1996) apresenta e classifica em seu trabalho “Avaliação de
bibliotecas” vários métodos e técnicas para a avaliação:
- Quantitativas: utilizam-se dos dados estatísticos, podendo abranger o tamanho da
coleção, por exemplo, existem formulas para se calcular o tamanho ideal de um
acervo para uma biblioteca universitária, nº de empréstimos entre outros, sendo os
métodos mais utilizados, porém não podem ser relacionados com a qualidade do
acervo;
- Qualitativas, métodos que focam o conteúdo da coleção e sobre eles lançar um
julgamento de valor, diagnosticando a sua boa ou má qualidade. Entre eles estão os
chamados “impressionistas”, em que solicita a especialistas que se manifestem a
respeito da coleção da biblioteca, e os métodos de avaliação baseados na
checagem de listas, catálogos, bibliografias, etc. Atualmente com as novas
tecnologias de colaboração os primeiros ganham em muito na possibilidade de sua
aplicação sem muito esforço pelos bibliotecários, este estaria concentrado na
disponibilização de tecnologias, como por exemplo: catalogo on line entre outros. O
método constitui-se resumidamente em: 1) escolha da lista; 2) verificação dos itens,
citados na lista, possuídos pela biblioteca; 3) Relatório final. A qualidade do acervo
será tanto maior quanto maior for a parcela de títulos da lista que ele contém.
- Fatores de uso: Neste item são incluídos todos aqueles estudos que têm como
objetivo a avaliação da coleção através de seu uso pela comunidade. A partir de
registros de circulação (uso domiciliar, interno, entre bibliotecas, etc.), procura-se
avaliar a adequação do acervo à comunidade que deve servir.
O catálogo automatizado é uma fonte de informação riquíssima, analisando
suas informações com ferramentas de análise, como por exemplo, bibliometria
automatizadas (Windans, Vantagepoint) é possível criar indicadores sobre o uso da
coleção e construir um perfil de forma individualizada de cada usuário membro a
comunidade (AMARAL, 2006).
3 Materiais e Métodos
Através de levantamento bibliográfico são apresentados e discutidos
conceitos e potenciais aplicações das TIC no processo de DC. Ainda, enquanto
referencial teórico discute-se a reconfiguração do papel do usuário no processo de
DC. A partir de observações diretas as plataformas interativas, exemplos sobre suas
condições de aplicabilidade são sistematizados como sugestão de uso em
bibliotecas universitárias.
4 Resultados Parciais/Finais
O artigo apresentou análises sobre os conceitos e aplicações de ferramentas
web 2.0 que poderiam ser utilizadas como mecanismos de interação entre
bibliotecários e usuários no processo de DC e ferramentas para a análise
bibliométrica automatizada das informações armazenadas no sistema de gestão da
biblioteca. Ao final, apresentou-se a sistematização de discussão de exemplos de
aplicação desses recursos para DC em bibliotecas universitárias.
5 Considerações Parciais/Finais
O uso das TIC, principalmente dos recursos baseados na web 2.0, no apoio
ao processo de DC, constituem uma significativa e substantiva mudança na história
das bibliotecas. A coleção da biblioteca irá mudar, tornando-se mais interativa,
colaborativa e plenamente acessível. E o usuário adquire papel central nesta
reconfiguração.
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