INGEPRO – Inovação, Gestão e Produção
Julho de 2010, vol. 02, no. 06
ISSN 1984-6193
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Teorização Acerca dos Efeitos Contemporâneos da Globalização e
suas Conseqüências na Perspectiva Tecnológica do Trabalho.
Flávio Régio Brambilla (ULBRA) <[email protected]>
Alice de Vargas (ULBRA) <[email protected]>
Diego da Silva Machado (ULBRA) <[email protected]>
Maíra Cristina Machado Morais (ULBRA) <[email protected]>
Tiago José Cardoso Machado (ULBRA) <[email protected]>
Resumo: O presente artigo visa dimensionar o conceito de globalização, não apenas no que
tange o seu significado, mas transparecer sua evolução histórica. Tem-se também, como
objetivo, abordar seus efeitos nas principais estruturas, que moldam a sociedade
contemporânea, discorrendo sobre algumas conseqüências, nos diversos aspectos da
sociedade mundial.
Palavras-chave: Globalização; Cultura; Internet; Nova Economia; Sociedade.
Theorizing Effects of Globalization Contemporary and its
Consequences in Perspective Technological Work.
Abstract: The present paper aims to show the dimensions of the globalization concept, not
just in what it plays your meaning, but to reveal your historical evolution. It is also had, as
objective, to approach the effects in the main structures, that guides the contemporary society,
bringing at the transcription some consequences, in the several aspects of the world’s society.
Key-Words: Globalization; Culture; Internet; New Economy; Society.
1. Introdução
A globalização é uma realidade presente, que se manifesta nos planos econômico,
político, social e cultural. Para Guimarães e Johnson (2007, p.6) globalização é “o processo de
crescente interligação e interdependência entre as economias nacionais. Tem aspectos
econômicos, sociais e culturais”. A globalização tem como ponto forte o fator cultural. Seja
na troca de conhecimentos, o que pode agregar maior valorização humana, ou no intercâmbio
comercial, onde aspectos culturais são transacionados entre países. O distanciamento cada vez
mais evidente entre os que têm e os que não têm, separa a sociedade mundial, transportando
os excluídos para uma subcultura, o que configura uma lacuna ainda presente apesar dos
benefícios da integração. Ademais, a globalização inclui a conectividade não apenas dos
aspectos positivos, mas também dos problemas. A cidadania está perdendo sua regionalidade,
abrindo espaços para alterações culturais (positivas e negativas), que em certos casos não
deveriam ultrapassar características locais. Este aspecto da globalização que envolve o fator
cultural está diretamente ligado com a área da educação, e procura-se explorar o seu poder de
transformação. A Educação a Distância, por exemplo, é um redutor das fronteiras físicas, mas
a metodologia empregada é fundamental na determinação de uma qualidade mínima aceitável.
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Existem ainda, outros elementos da questão tecnológica em ação. Nos primórdios da
sociedade o desafio das primeiras civilizações era como medir e mensurar o espaço territorial,
a partir de medidas antropomórficas e unificação de medidas o homem constituiu os Estados e
estabeleceu regramentos para o convívio em sociedade. Séculos depois, o homem ainda se
depara novamente com a questão espacial, mas de uma forma impossível de medir e
controlar, o espaço cibernético (Internet). As fronteiras da Internet representam exatamente
até o momento da sua expansão o seu limite, e este em constante crescimento. Os domínios
virtuais aglomeram-se configurando volume, mas nem sempre qualidade de conteúdos.
Paradoxalmente, a rede virtual que conecta pessoas é ao mesmo tempo uma fonte válida para
pesquisas e conhecimento e também uma grande lata de lixo virtual de diversas naturezas.
Como todos os recursos disponíveis, podem representar tanto o bem quanto a negatividade.
Em outro foco, de cunho tangível, a partir de uma aceleração do intercâmbio de
mercadorias, capitais, informações e idéias entre vários países, ocasionando uma redução das
fronteiras geográficas, ocorrem fusões empresariais e outros movimentos de integração. As
constelações (redes) entre empresas permitem atores locais representando atuações globais
integradas, a distribuição de produtos e ainda a prestação dos mais variados serviços. Diante
desse cenário, como ficam as empresas? Como se comportam e que conseqüências sofrerão as
pessoas? Podemos observar, também, a ocorrência de um novo capitalismo, trazendo através
da globalização conseqüências diversas para toda a economia mundial. Nada é isolado, e
todos os fenômenos nacionais impactam nas demais economias, com intensidades variadas e
proporcionais ao tamanho e representatividade da economia em mutação. A batalha entre os
agentes da globalização e o Estado, mostrando desta forma alguns fatos que influenciaram de
forma direta o desenvolvimento da economia de alguns países, a internacionalização da
valorização do capital e as contradições desse modo de produção, distribuição e consumo são
implicações não mais apenas da relação entre firmas, mas dos seus canais produtivos e de
distribuição na totalidade. Um exemplo recente é a crise Norte Americana. Outra variável
atingida pela globalização, e com muitos problemas, é a saúde, que é um dos pontos mais
discutidos no mundo. As barreiras e patentes farmacêuticas resistem ao preceito globalizado,
e a vida continua como uma variável abaixo do sistema econômico como prioridade global.
Tendo em vista os fatos que ilustram a globalização e a torna uma realidade percebida
por todos, bem como os conceitos que permitem compreender o significado das múltiplas
transformações que a mesma provoca, é preciso entender alguns de seus marcos. Tem-se a
seguir, para fins de caracterização do fenômeno global, algumas noções da sua evolução.
2. Evolução Histórica e as Conseqüências Culturais do Fenômeno da Globalização
Pode-se começar a discussão deste tópico por eventos remotos da movimentação
humana ao redor do planeta. Porém, pela idéia histórica contemporânea de uma primeira
globalização, um ponto a ser relevado são os romanos na expansão de seu império, que
articulavam um sistema legal, difundiam o uso da moeda e protegiam o comércio. A segunda
onda de globalização pode ser transcrita pelas descobertas marítimas nos séculos XIV e XV.
Uma terceira globalização, no século XIX, marcada pelo liberalismo e pela ascensão da
democracia política. E finalmente, a quarta e atual fase da globalização, a partir do fim da
Segunda Guerra Mundial. Esta fase representa uma interconexão elevada entre as economias,
sendo que as forças monetárias implicam alternâncias no poder global. A revolução das
informações instantâneas surge e rompe com as limitações comunicativas, o que representa
uma força de aceleração entre as absorções e fusões culturais entre nações, surgindo pelo
menos um segmento de pessoas que podem ser classificadas como cidadãos do mundo,
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representantes de uma maior capacidade adaptativa e de trânsito entre diferentes costumes e
regiões, conhecimentos científicos e crenças, assumindo menor limitação cognitiva e regional.
Existem preceitos comuns entre povos antes completamente isolados e distintos.
Com a crise do sistema comunista, os mercados se abriram, e começaram a surgir
organizações internacionais mais efetivas e atuantes. Nestes termos, emerge a expansão de
empresas multinacionais e a interligação dos mercados financeiros. Pode-se afirmar que a
globalização é um fenômeno capitalista. Este por sua vez, é acelerado pela constante e intensa
inovação dos elementos tecnológicos. A idéia de fechamento das economias se mostrou
utópica, desmoronando com os sistemas fechados, representado pela isolada e precária
ditadura cubana. Uma idéia central da globalização é formar uma aldeia global, permitindo o
acesso sem barreiras nos mais variados mercados, embora este aspecto venha se mostrando
complexo e difícil. Existem diversas características envolvendo a globalização, como a
homogeneização dos centros urbanos, a reorganização geopolítica do mundo em blocos
comerciais e não mais ideológicos além de maiores dependências nos sistemas financeiros.
Porém, a mais marcante das alterações é o impacto cultural. É notável e marcante a presença
de marcas mundiais nos contextos nacionais, e até nos mais remotos e inacessíveis lugares,
afetando diretamente todas as áreas da sociedade, ampliando os sentidos compartilhados.
Como manter, ou até mesmo resgatar os valores culturais locais? (BAUMAN, 1999).
Não há respostas óbvias para esse assunto, e é preciso compreender os mecanismos de
transformação da nova Era. A mobilidade marcada pela necessidade de acesso, no sentido
mais amplo da palavra, como o ingresso para o avanço e a realização pessoal, produz o que se
chama de indústria cultural. Para estar atualizado com as inovações, as empresas se
desprendem das estruturas físicas e partem para um mundo virtual. Não tendo mais um local
especifico de atuação, as empresas perdem o contato com a cultura social de determinadas
regiões, o que resulta nas perdas de algumas tradições regionais. Mas a questão que deve ser
feita é: Como harmonizar as culturais locais com a nova cultura global? Como na argüição
anterior, não existem respostas óbvias. Mas sabe-se que é possível a conciliação cultural.
Apesar de a globalização almejar a unificação do planeta, as grandes multinacionais,
de alguma forma excluem uma parcela da população mundial. Seja por questões financeiras
do consumo, ou simplesmente pela imposição de status, como é o caso da crise de identidade
do brasileiro, abrindo muitas vezes mão da cultura em busca de estética. A educação acaba
por ser menos valorizada que a aparência, e a cultura do saber trocada pelo parecer ser,
resultando em uma espécie de miopia cultural. Essa proliferação de multinacionais, e o livre
comércio atingindo quase todos os pontos do planeta, evidenciam cada vez mais as classes
sociais, bem como o saber separa cada dia mais o visual do cultural. O mundo acaba por se
dividir em uma minoria que é beneficiada pela globalização neoliberal e pela ciência do poder
do saber, e do outro lado à maioria fortemente prejudicada com a ampliação do livre mercado,
por não ser culturalmente preparada para resistir aos apelos comerciais e estéticos elevados.
Entende-se, no entanto, que é do indivíduo o dever do discernimento, e que a ele compete não
seguir tendências impostas ou padrões pseudo-sociais a serem atendidos. De certa maneira, a
elite cultural não é necessariamente mais associada ao topo da sociedade de consumo. Embora
o capital desempenhe papel importante, o intelecto não pode ser adquirido sem esforço.
Os efeitos dessa globalização de consumo na cultura de países pobres é muito
evidenciada pelos contrastes sociais. Há de se considerar, que muitas empresas de ponta,
acabam se caracterizando conforme a cultura local. Este fato é relevante, pois demonstra que
as culturas locais, ainda exercem influência, independente do quanto representa uma marca.
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Essa força local é vital para que não se perca a identidade original, que está fortemente
abalada pelo desenvolvimento de blocos econômicos e políticas regionais. A formação da
União Européia é um exemplo da mudança de cidadania em razão de uma regionalização,
podendo gerar alterações, que surgem no interior de um território nacional, igualmente como
pode refletir benefícios de equiparação da vida entre países, elevando países anteriormente
inferiores do ponto de vista financeiro e do investimento cultural. Estes problemas devem ter
limites, pois a partir da massificação dos blocos econômicos e políticos, pode surgir a
superioridade do mercado acima dos ideais sociais e nacionais. Isso acabaria por unificar
diferentes culturas a favor de determinados grupos, e o poder de Estado em mãos mercantis.
Toda essa problemática envolvendo a perda das características culturais e cidadãs, está
ligada a uma grande preocupação de muitos pensadores, relacionadas à educação. A busca
pelo conhecimento e instrução apurados, é um dos maiores mecanismos para compreender e ir
ao encontro de uma globalização mais efetiva. O motivo que muitas vezes isola e reprime um
povo, é a apatia pelas questões políticas e comerciais, que ditam as regras da globalização. O
mundo exige uma constante atualização de conhecimentos e posicionamento. Para ingressar
nessa multiplicidade de inovações e descobertas tecnológicas, torna-se inadmissível isolar-se
das informações e da busca por aperfeiçoamentos, sendo que "a sociedade pós-capitalista
exige aprendizado vitalício. Para isso, precisamos de disciplina. Mas o aprendizado vitalício
exige também que ele seja atraente, que traga em si uma satisfação” (DRUCKER, 1995).
Os mecanismos de informação existentes, como a Internet, devem servir de
complemento para a busca de conhecimento. O encantamento, principalmente dos jovens,
frente à facilidade de adquirirem tudo o que precisam teclando ‘enter’, transforma-se em um
paradoxo na captura de informações de qualidade e de fontes duvidosas. Deixar de lado o
convívio e o contato social aliena o homem no mundo virtual, transformando-o cada vez mais
em egoísta. Esse individualismo e isolamento social afastam o cidadão das suas culturas,
mesmo tendo em mãos acesso a qualquer outra realidade, permanecendo no mesmo lugar. O
conhecimento, tanto quanto uma alienação do mundo real, configura alguns fenômenos que
coexistem na esfera virtual proporcionada pela Internet e suas ferramentas de navegação.
Apesar das amplas fontes de dados e informações, é preciso saber identificar quais delas são
consistentes e detentoras de credibilidade, de autoria reconhecida, de fonte confiável e de
capacidade para tratar acerca de determinados aspectos da vida contemporânea.
É necessária a idéia de ‘Educação para Todos’ (JOHN, 2003). Assim, os indivíduos
podem afastar as tecnologias dos usos indevidos e inadequados. E isso é consenso entre todos
os países que criaram e se uniram junto da Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO). A criação de uma organização que ofereça incentivos para
que a educação seja prioritária em todo o mundo, é de grande valia. Porém, o ponto
fundamental, é que cada Estado tenha como princípio fundamental a educação de seu povo.
Investir em educação, não significa estritamente a formação técnica, superior, e conseqüentes,
para o mercado de trabalho, mas também precisa, e pode-se dizer que mais prioritária, na
formação básica. Educação, mais que a didática, se trata de uma habilidade social.
As pessoas precisam aprender sempre e continuamente, para que assim possam se
moldar como cidadãos, e não apenas se adaptar às mudanças. O mais importante em qualquer
crescimento, bem planejado, são as bases, para enfrentar as mudanças globais com a ‘cultura’
necessária. Chegou-se ao ponto em que não se pode mais pensar em explorar mercados sem
pensar no bem-estar social e no desenvolvimento sustentável local. Valores estes, ao mundo
real, mas válidos dentro da atmosfera virtual dos meios de comunicação, como na Internet.
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3. A Internet como Espaço de Desenvolvimento Social
O desafio na gênese humana era de como medir o espaço social através das medidas
físicas ou antropológicas e como organizar as primeiras comunidades. A partir deste ponto,
surgiram novas necessidades ao Estado, como a legitimidade do espaço territorial, soberania
dos poderes e pela oficialização dos mapas geopolíticos. Concomitante das macro questões, a
fundação de Territórios/Departamentos e o surgimento da propriedade privada. Ou seja, o
início da civilização contemporânea. Ao observar o mapa do mundo, constata-se que a
sociedade evoluiu a partir do estabelecimento da propriedade privada e das suas deliberações:
estruturação de Estados e mapas com limites definidos. De forma irônica, pode-se dizer que a
sociedade civil começou com a simples idéia de ‘cercar o terreno’, onde todos ingenuamente
acreditavam que assim delimita-se o poder sobre o espaço territorial. Faz-se viável afirmar
que a humanidade globaliza-se a partir do conhecimento, da tecnologia. Transportando o tema
para a atualidade, além das questões territoriais, o mundo globalizado dispõe de um espaço
que não podemos medir nem ao menos mensurar, trata-se da rede mundial de computadores.
Um espaço vital diferenciado, onde não há cercados e muros, e tão pouco se pode garantir a
privacidade, qual não podemos tocar, denominado ciberespaço. O mundo virtual e intangível
não é delimitado, e suas fronteiras em expansão não permitem mensurações definitivas.
O planeta, como um todo, está estreitamente ligado, como nunca esteve, no campo da
comunicação, troca de idéias e da interatividade. O homem, de sua própria casa pode estar em
contato com pessoas em diversos países, sem sair do lugar. A tecnologia está presente no
cotidiano do homem e este é o novo desafio do Estado: Como controlar esta nova sociedade a
fim de garantir direitos aos cidadãos e exercer sua soberania? São publicados freqüentemente,
nos veículos de imprensa, crimes em âmbito virtual (Internet) dos mais variados: falsificação
de páginas bancárias, estelionatos, pedofilia, prostituição de menores, entre outros. É
conhecido o dever estatal da manutenção dos direitos sociais dos cidadãos, tais como a
segurança e o direito de propriedade, e eles estão assegurados nas constituições federais. Uma
questão emerge: É o espaço virtual inviolável como a propriedade privada deveria ser? Não.
Em outro aspecto, a Internet é importante à humanidade e presta serviços benéficos
como disseminação de conhecimento, propagação da educação, informação, comunicação e
interação entre pessoas. Parte-se do pressuposto que onde há interação entre pessoas existe
troca, reciprocidade e mutualidade nos contatos sociais. E ao contrário dos primórdios da
humanidade, esta nova idéia de comunidade proporciona para todos pensar coletivamente
uma nova sociedade, e influenciá-la em qualquer momento. Essa mistura de subjetividade,
tecnologia, interação entre as pessoas é denominada por autores de Inteligência Coletiva como
uma inteligência distribuída por toda a parte, valorizada e coordenada, mobilizada em tempo
real. Um campo sem territórios onde são desenvolvidas novas idéias, conceitos humanísticos,
troca de culturas e a máxima valorização da diversidade de qualidades humanas.
Em âmbito educacional, a contribuição do ciberespaço à humanidade é o Ensino/
Educação à Distância (EAD), onde não se depende do fator local para o aprendizado. Além da
questão localidade e espaço, pode-se citar outras características que são a retro-comunicação,
o uso de mídias técnicas variadas, possibilidade da disseminação em massa e o isolamento
(como aspecto positivo) no aprendizado do aluno. A possibilidade da propagação do ensino
em massa é de grande valia para sociedade, pois o conhecimento não fica retido somente em
uma fonte e sim em múltiplas fontes e canais de distribuição dentro da grande rede (Internet).
Para o sucesso da Educação a Distância, se faz necessária plena interação homem-máquina.
Essa necessidade não está completamente saciada na sociedade, pois milhões de pessoas
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ainda não têm o acesso ao mundo virtual, apesar da sua popularidade e crescimento
exponencial.
Enfim, o ciberespaço é um território de diversificação e também de unificação. Um
espaço sem forma e ilimitado, objeto de estudo de antropólogos, sociólogos, filósofos e todos
os estudantes das ciências humanas que a consideram uma revolução na vida das pessoas. Ou
seja, um marco na sociedade pós-moderna. É evidente a importância dessa ferramenta de
comunicação: tanto em ambientes profissionais quanto em residências, no mundo todo. Os
Estados devem estar atentos e acompanhar mudanças tecnológicas e também regularizar e
normatizar regras de utilização desse território para que todas as pessoas possam desfrutar da
tecnologia sem o risco de serem lesadas quanto à honra e a moral, e que sejam garantidos os
direitos e deveres dos cidadãos. O trabalho, como a educação, sofre impacto da tecnologia
comunicativa e conectada, e estes efeitos são tratados a seguir.
4. Trabalho Flexível na Era da Informação
A abertura dos mercados foi motivada por vários atores econômicos e políticos em
cenário mundial, como governos, organismos multilaterais (ex. FMI e Banco Mundial), e
especialmente, pelas empresas multinacionais. São essas empresas, muitas delas de grande
porte, as principais promotoras e beneficiárias da globalização comercial.
Assim, estas empresas sem fronteiras podem fazer investimentos em lugares onde os
custos são mais baixos, produzirem peças num determinado país para serem transformadas
em outras nações e comercializadas em diversos outros locais no planeta. Se os lucros são
geralmente remetidos ao país de origem, essas empresas trazem muitas vezes consigo novas
tecnologias e empregos para os países onde se instalam. Em alguns casos, as empresas
multinacionais apenas compram empresas nacionais, ampliando as importações e cobrando
preço baixo dos seus fornecedores locais, além de aproveitar dos níveis salariais baixos e das
condições de trabalho precárias dos países subdesenvolvidos. Para atrair essas empresas,
países chegam a oferecer vantagens fiscais (redução de impostos), tendo em vista que estes
Estados consigam reativar a economia dos seus territórios. Por um lado trazem exploração,
mas por outro, a saciedade da miséria. Em análise geral, multinacionais geram prosperidade.
As empresas multinacionais dominam a produção de vários setores, desde os mais
sofisticados como automóveis, eletroeletrônicos, computadores, telefones celulares; até os
tradicionais, como alimentos, calçados esportivos e sociais, e produtos de higiene e limpeza,
passando pelos setores de serviços, incluindo o segmento dos varejos de múltiplos tipos.
Segundo a Conferência do Comércio e Desenvolvimento para as Nações Unidas (UNCTAD),
uma empresa multinacional é aquela que possui ao menos uma filial fora do seu país de
origem. Seriam ao todo 63 mil empresas existentes no mundo, contando com quase 700 mil
filiais. Sendo assim, as grandes empresas, chamadas multinacionais, não pertencem mais a
nenhum país, mas a toda ‘Humanidade’. A idéia de nascimento global é hoje uma realidade
para muitas empresas, e em muitos destes casos, são empresas Web, com operações pela
Internet, que atendem aos mais variados povos e as mais variadas necessidades sociais. São
intituladas estas organizações sem fronteiras, quais são concebidas diretamente atendendo aos
mercados globais, de empresas do tipo Born Global (BRAMBILLA, 2009).
Existem vários tipos de empresas multinacionais. As que se dirigem para países em
desenvolvimento, em busca de recursos naturais, minerais e energéticos; as multinacionais em
que o objetivo principal é fornecer produtos para o mercado interno dos países onde fabricam
mercadorias ou prestam serviços. Há também aquelas que distribuem suas filiais para alguns
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países que servem de montadoras para o restante do mundo, assumindo uma estratégia global.
Ainda, como já referido, aquelas natas sem fronteiras, pata atenderem diferentes mercados.
No período recente, junto com a expansão das multinacionais, ocorreu uma crescente
concentração de capital. Grandes empresas passaram a se fundir, criando verdadeiras
potências produtivas globais, como é o caso da belgobrasileira AMBEV. Elas têm preferido,
em vez de fazer novos investimentos, comprar empresas já existentes ou então negociar a
distribuição do mercado com suas concorrentes. São vários os motivos por trás dessa onda de
fusões e aquisições. Em primeiro lugar, a aquisição de uma grande empresa pode ser a porta
de entrada para uma empresa multinacional em um país, reduzindo os custos de marketing, de
inovação, pesquisa e lançamento de novos produtos; além de obter mais rapidamente uma
fatia de mercado do seu concorrente. Há também vantagens de financiamento. Empresas que
se tornam maiores apenas para impedir que sejam compradas por suas rivais, dando início a
uma verdadeira corrida ao gigantismo, fazem parte deste contexto estratégico de porte.
Se essas fusões e aquisições podem, de um lado, estimular o investimento em novas
tecnologias, reduzindo custos, e tornado as empresas mais eficientes, elas também trazem
riscos significativos. Como principal risco, o controle do mercado global por algumas poucas
empresas que, em vez de concorrerem entre si, decidem por cartéis, elevando os níveis de
preços e por conseqüência, de lucros (abusivos). A eliminação da concorrência é prejudicial
aos consumidores e fornecedores no mundo todo. Essas empresas acabam incontroláveis
quando não existe uma estrutura institucional que regule o alcance de seu poder global.
Outra conseqüência, sobre o ponto de vista específico da classe dos trabalhadores, é a
necessidade de adaptação ao aumento da desigualdade entre países ricos e pobres e o
crescimento da pobreza tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, que tem relação
direta com essa abertura dos mercados e com o crescimento desordenado da esfera financeira.
Esta realidade causa expansão do desemprego e do emprego informal na grande maioria dos
países, ainda que em ritmos e com significados diferentes. Nos países subdesenvolvidos é
comum encontrar uma parte significativa da população vivendo de biscates ou de empregos
de ocasião, como camelôs, perueiros, vendedores de pequenos serviços, catadores de lixo, os
profissionais do ‘faz-tudo’, que se acumulam nas grandes metrópoles. Isso mostra que a
globalização não significa sempre integração, e muitas vezes quer dizer exclusão. Mas nem
sempre a exclusão é provida pelas instituições, mas se trata de problemáticas políticas ou
mesmo decorrem da falta de preparo individual para encarar a nova realidade, e a necessidade
de constante aperfeiçoamento e dedicação ao estudo e ao trabalho intelectualizado.
As tendências de aumento do desemprego e expansão da informalidade se devem à
aplicação conjunta de medidas de abertura de mercado, privatização, inovação tecnológica
acelerada com redução da capacidade produtiva, além das mudanças na legislação trabalhista,
que passaram a permitir empregos temporários e por tempo parcial – a grande maioria dos
quais precários, por pagar baixos salários. Em economias industrializadas do mundo
emergente, ou subdesenvolvido como África do Sul, Brasil, Coréia do Sul e México, mais da
metade da mão-de-obra está inserida no mercado informal de trabalho. Nestes cenários, uma
inadequada relação entre Estado e empresas é evidenciada, além da qualificação limitada.
Na China, em algumas cidades, trabalhadores saem de casa carregando placas com os
dizeres ‘procuro trabalho’, além de alicates e rolos de pintura, na espera de serem recrutados
para algum trabalho de ocasião. Pode-se também cogitar que a expansão da informalidade
esteja relacionada a uma mudança no processo de trabalho, com as novas tecnologias e a
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preocupação constante com a eficiência, uma parte crescente dos trabalhadores trabalha em
casa, possui contratos individuais ou está empregado em pequenas empresas. No Brasil os
telejornais evidenciam uma realidade preocupante: a falta de profissionais qualificados, como
em setores de informática, e a excedente força de trabalho não qualificado ou não instruído.
Teriam os mercados de trabalho nacionais sido substituídos por um grande mercado de
trabalho global? Isso acontece apenas em alguns casos, como no segmento de executivos
altamente qualificados, quais são disputados pelas grandes multinacionais. Nestes casos,
existe mercado global com salários nivelados e exigências profissionais semelhantes. A
maioria dos trabalhadores segue, entretanto, presa às condições locais e nacionais do mercado
de trabalho, havendo diferenças salariais relevantes entre as diversas economias. Da mesma
forma, a gestão pública exerce impacto direto nestas diferenças salariais e de apoio local.
A imigração acaba sendo uma saída para muitos trabalhadores desesperados dos países
subdesenvolvidos. Não é maior o efeito migratório em virtude de barreiras a que estão
sujeitos os indivíduos na busca por melhores condições de vida. Com a ampliação das
informações e o desenvolvimento dos transportes, surgem os que enfrentam obstáculos para
se deslocar de um país para outro e vencer os rígidos serviços de imigração. Os riscos são
elevados.
Entretanto, se não existe um mercado de trabalho global, seria ingênuo negar os
impactos da globalização sobre o trabalho. Isso porque as empresas multinacionais passam a
subcontratar serviços de trabalhadores na periferia do mundo, com salários e benefícios
menores. Nos setores de Software e Turismo, algumas etapas são repassadas por empresas
multinacionais diretamente para trabalhadores indianos, israelenses ou irlandeses vivendo a
milhares de quilômetros de distância. Ainda que não haja um mercado de trabalho global, as
empresas usam com freqüência a ameaça de que podem mudar as suas fábricas para países
mais pobres, no caso de os sindicatos locais não se conformarem com níveis salariais ditados.
5. Conseqüências na Economia Mundial do Futuro
Pode-se definir a economia atual como um processo ainda em curso de integração das
economias e mercados. No entanto, compreende mais que o fluxo monetário e de mercadoria,
mas a interdependência de países e pessoas, além da definição de padrões. Ocorre no plano
global, nos espaços social e cultural. É a ‘terceira revolução indistrual’, ou tecnológica. A
globalização da tecnologia define uma nova Era da história humana. Caracteriza-se pela
ocorrência simultânea de três processos: crescimento dos fluxos internacionais de bens,
serviços e capitais, acirramento da concorrência internacional e, a crescente integração entre
as economias domésticas. A globalização faz dos cenários mais complexos, e que mudem
com maior velocidade. O resultado é que países passivos no sistema econômico internacional
sofrem de vulnerabilidade externa. Outro marco desta mutação mundial é fruto direto da
evolução das tecnologias de dados e de comunicação, onde a informação é o bem maior.
Existem fatores relevantes nesta perspectiva. Um é que a nova economia é capitalista e
só a partir da compreensão da economia de mercado, pode ser entendida. O outro é que o novo
capitalismo não é o dos manuais clássicos e não se enquadra nas ideologias conservadoras que
pretendem sua compreensão. Nesse momento, todo o planeta é capitalista ou depende de sua
ligação às redes capitalistas globais. Ocorrendo desta forma um novo tipo de capitalismo,
tecnológico, organizacional e institucionalmente distinto do capitalismo clássico e do
capitalismo tradicional. A economia global é uma realidade, diferenciada da economia mundial
que se consolidou a partir do processo de acumulação de capital dos tempos ancestrais. A
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diferença básica é a capacidade que possui a economia global de funcionar de forma unitária e
em tempo real, em escala internacional. A força integradora da economia global é sustentada
pelos avanços propiciados pelas tecnologias de informação e de comunicação.
Pode-se nomear essa nova economia de informacional, global e em rede. A revolução
da Tecnologia de Informação (TI) gerou um novo sistema econômico. Trata-se da Economia
Informacional, onde produtividade e competitividade de unidades ou agentes, dependem de
sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente à informação baseada em
conhecimentos. Tem-se as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim
como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação,
tecnologia e mercados), organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de
conexões entre agentes econômicos. Na economia de Rede, a produtividade é gerada, e a
concorrência feita de modo global por interações entre empresas. Surge espaço de cooperação
e competição paralelas, onde empresas competidoras se unem diante de outras concorrentes.
Aos agentes da globalização interessa a eliminação das fronteiras nacionais, mais
precisamente a remoção de qualquer entrave à livre circulação do capital. Ao Estado interessa
defender a nacionalidade, cujo sentimento não desaparece facilmente junto à população. Por
isso, embora enfraquecidos diante do poder do capital privado, os Estados resistem à idéia de
perda do poder político sobre o território. Os resultados desse jogo de interesses, face à
acirrada competição internacional, é a formação de blocos, cada qual reunindo um conjunto
de países. Em geral são países vizinhos, ou ao menos próximos territorialmente. Esses blocos
ou alianças representam uma forma conciliatória de atender aos interesses comuns.
Analisando de outro ângulo, a grande característica da economia mundial não é apenas
seu caráter capitalista, o que não é novidade, mas a intensidade das contradições que esses
modos de produção, distribuição e consumo emergem, ao dirigir o processo de globalização.
Ao mesmo tempo em que as fronteiras virtuais e de comunicação foram derrubadas, aquelas
geográficas e físicas permanecem em caráter fechado, protecionista e em alguns casos
resultante em conflitos. As negociações de uma ampliação global de caráter geográfico e
político continuam na pauta da cartilha de negociação das diferentes nações.
6. Considerações Finais
Nesse contexto da evolução da globalização, marcado por passagens históricas e
significados, o que se tem claro é o desenvolvimento lento da política internacional. Sempre
haverá os que são defensores e os que são contra o sistema. A idéia de poder se transportar
para qualquer lugar, em tempo real, e absorver qualquer fonte de conhecimento, são de grande
valor na formação do conhecimento e de uma cultura global. A grande questão são os
conflitos gerados pela mundialização do capital. A cidadania que perde progressivamente seu
espaço local, e transforma a cultura de um povo, pode e deve ser repensada. A herança
cultural que expressa o contexto social de um determinado local, é um ponto forte da
educação, que ensina a diversidade, e deve ser um fator respeitado. Contudo, se há um desejo
universal pela educação, e que esta estimule a consciência cidadã, torna-se necessária uma
movimentação ativa de toda sociedade por mudanças de caráter primário.
Analisando o grande símbolo da unificação mundial, a Internet, pode-se ver uma
tecnologia que pode ser utilizada para o bem da sociedade na área da pesquisa, da educação e
da disseminação em massa do conhecimento. Para tanto, o Estado deve ter preocupação com
o território cibernético a fim de garantir os direitos individuais dos cidadãos, sendo necessário
para isso, o investimento em recursos para o acompanhamento e monitoramento das novas
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tecnologias e também das interações sociais contidas na Internet. A legalização e fiscalização
do ambiente virtual é uma tarefa internacional, tendo em vista a redução e a tentativa de
eliminação dos crimes e usos indevidos desta ferramenta que pode ser uma das maiores arenas
para o desenvolvimento e comunicação entre e dentro do contexto dos povos.
Com toda essa tecnologia as empresas crescem cada vez mais e isso é incontrolável.
As pessoas precisam atualizar-se e buscar qualificação para não serem ultrapassadas pela
transformação global. Contudo destaca-se que para progredir, é necessário visualizar o papel
das empresas e das nações no mundo atual, pois o conhecimento claro da realidade garantirá a
sobrevivência das empresas e dos empregados com essa onda de globalização. Ajustes nos
modelos produtivos devem ser concebidos, e o trabalho bruto orientado para equipamentos,
qualificando os homens para o trabalho intelectual, ao invés de explorar a incapacidade. Temse que ampliar o alcance da instrução, o que pode ser feito, ao menos parcialmente, mediante
o emprego das tecnologias educacionais, representadas, sobretudo pela Internet na EAD.
O que está em pauta na globalização é saber se é possível construir um novo modo de
interação a partir dos sistemas de dominação de nações sobre outras. Para esta nova economia
mundial, que surgiu e está evoluindo em um grau de rapidez cada vez maior, isto se tornou
uma exigência, mas não está claro que será permitido construí-la desta forma. A igualdade, ou
equidade entre nações, aponta os melhores rumos para a continuação das fusões sociais e
culturais, até mesmo sendo esta uma das alternativas para uma possibilidade de paz real.
Sobre outro foco desse processo de transformação, ve-se que o descontrole social e
humano é o qual acaba refletindo um dos problemas mais graves da globalização. As pessoas
acabam esquecendo de cuidar dos aspectos de saúde, em detrimento de uma produtividade
exagerada, devido à ganância de ser o melhor, o maior, o mais rico e poderoso de todos.
Existe uma ausência de tempo para aproveitar tudo o que é conquistado até aquele momento,
visto que o trabalho dos nossos tempos consome os necessários espaços de lazer.
A questão social coloca-se basicamente a partir da produção e distribuição de riquezas.
Entretanto, os países do bloco não desenvolvido enfrentam um desafio adicional. Devem
promover mudanças e administrar os impactos da globalização, com ética e responsabilidade.
O comprometimento interno é mais importante que a culpa depositada em outros países.
Grande parte dos problemas dos subdesenvolvidos se origina de causas internas, as quais
devem ser ajustadas. A constante procura por culpados deve ser substituída pelo trabalho, a
fonte de todas as conquistas dos povos, além do uso sábio dos conhecimentos gerados.
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Teorização Acerca dos Efeitos