PMEs estrangeiras no Brasil: Um estudo sobre os motivos para internacionalizar, formas de entrada e os desafios Elena Novas Gabriele Tischler Karine Jodar Renata Spers James Wright Objetivos e Metodologia Objetivo do Trabalho Identificar fatores de sucesso de PMEs estrangeiras ao entrar no Brasil com base em Motivos Formas e processo de entrada Desafios Relevância PMEs ocupam uma posição de suma importância na economia (66% dos empregos na União Européia) Enfrentam maiores dificuldades no processo de internacionalização O Brasil é um dos grandes mercados emergentes e atrativos do mundo, com desafios específicos Metodologia Pesquisa qualitativa com 14 PMEs francesas, alemãs e argentinas em diferentes fases da entrada ao mercado brasileiro (entrevistas com donos e executivos) As 14 PMEs da Amostra PMEs com menos de 500 funcionários Unidade entre capital e gestão País Combinação entre definição quantitativa e qualitativa Id. Funcionários Tipo de Presença Setor / Produtos AL 1 22 Exportação Equipamentos para cargas pesadas AL 2 65 Exportação Máquinas para manuseio de tubos AL 3 490 Filial Própria Comercial Agulhas para costura AL 4 131 Filial Própria Produção Equipamentos de soldadura FR 1 30 Filial própria comercial Transporte de dados informáticos FR 2 60 Filial própria serviços Serviços de consultoria FR 3 20 Filial própria serviços Serviços de consultoria FR 4 250 Exportação Instrumentos cirúrgicos AR 1 120 Exportação Doce de leite AR 2 117 Filial própria Produção Produtos de renda AR 3 5 Exportação Mel AR 4 80 Exportação Produtos odontológicos AR 5 95 Exportação Embalagens e etiquetas AR 6 10 Joint Venture Comercial Fibra ótica e tecnologia fotônica Todos atuam em nicho de mercado bem específico, onde elas ocupam um market share significativo Os Motivos da Internacionalização Deresky (2004), Hitt et al. (2002), Gelmetti (2006) Motivos Pro-Ativos Novas oportunidades de crescimento / expansão de mercado Maiores retornos / mercados com maior lucro Realização de economias de escala Acesso a recursos ou fatores de produção a baixo custo Melhoria de imagem Incentivos de governos de países em procura de investimentos estrangeiros Venda de produtos fora da temporada Maior ciclo de vida para produtos maduros Atendimento de mercados muito específicos (nichos) Motivos Reativos Globalização dos concorrentes Produção no mercado estrangeiro para contornar barreiras comerciais Busca de lugares com menores restrições e regulamentações Acompanhamento das atividades globais dos clientes B2B Resultados da Pesquisa: Motivos Razões pró-ativas ou reativas? As razoes pró-ativas: 71% continuar crescendo em novos mercados Por causa de mercado doméstico saturado (nichos pequenos) Para ganhar economias de escala As razões reativas: Internacionalização dos concorrentes Acompanhar um cliente chave que está se internacionalizando Empresas argentinas vs. empresas européias: Todas as PMEs alemãs e 2 francesas atuam em mercado já globalizado e já tem ampla experiência internacional: motivos e expectativas claramente definidos Para a maioria das argentinas o Brasil é alvo em fase inicial da internacionalização (proximidade geográfica, Mercosul): expectativas menos concretas Apesar da predominância de motivos pro-ativos, a decisão concreta de entrada se dá de maneira reativa, por oportunidade ou coincidência, e não por uma escolha estratégica As Formas e o Processo de Entrada 2 Modelos opostos tratados na Literatura (com variações) 1 Teoria das Etapas (Stage Model): Johanson & Vahlne 1977; Gankema 2000 etc. A internacionalização ocorre em estágios progressivos em duas dimensões: risco e distância (geográfica e cultural) crescente, em função de experiência crescente Mercádo distante / diferente Mercádo próximo Mercádo doméstico Exportação Subsidiária Comercial Produção no exterior Variação: cada etapa constitui uma inovação para a empresa (Bilkey e Tesar, 1977) Possíveis usos de parceiros nas diversas etapas (Joint Ventures etc.) 2 Conceito de “Born Global”: Wright 2003 etc. Empresas que adotam foco global desde o início Principalmente devido à atuação dentro de um nicho com potencial muito limitado se o escopo fosse só o mercado doméstico Resultados da Pesquisa: Forma de Entrada Fase II Fase I Estágio 3 Instalações de produção no exterior AR2 Instalações de produção no exterior em formato de parceria / joint venture AL4 Estágio 2 Estabelecimento de subsidiárias próprias de vendas no exterior AR2 Estabelecimento de subsidiária comercial em formato de parceria / joint venture AR5 AR6 FR1 Estágio 1 Exportação AR1 AR3 AR4 FR2 FR3 FR4 Estágio 0 Forte no mercado doméstico AR1 AR2 AR3 AR4 AR5 AR6 FR2 FR3 AR6 FR1 FR1 FR2 FR3 FR4 AL1 AL2 AL3 AL1 AL2 AL3 AL4 AL4 AR1 AR3 AR4 AR5 FR4 AL3 AL1 AL2 Os Desafios da Internacionalização Desafios Internos Específicamente para PMEs: Falta de experiência em atividades internacionais Falta de visão, estratégia e planejamento claro Conhecimento limitado sobre particularidades do mercado estrangeiro Recursos humanos não suficientes ou sem as competências específicas Alto custo / escasas fontes de financiamento Capacidade de produção não alinhada com o mercado estrangeiro Desafios Externos Nos Paises de Origem Dificuldade de acesso a informações relevantes Legislação, regulamentação e instituições Falta de mecanismos de suporte No Brasil Legislação, regulamentação e instituições Ambiente macroeconômico Diferenças culturais Dificuldade da encontrar os parceiros certos Relacionamento Resultados da Pesquisa: Desafios Desafios Internos ou Externos? Os desafios externos no Brasil são mais importantes... Funcionamento das instituições no Brasil como burocracia, alfândega... Legislação e regulamentação brasileira, com tarifas altas, regras complexas etc. Ambiente macroeconômico brasileiro com as flutuações de câmbio, instabilidade econômica, menor poder de compra do mercado brasileiro para os produtos europeus (mas não para os argentinos), falta de financiamento. No caso das empresas argentinas: desafios externos parecidos no mercado doméstico Dificuldade da encontrar os parceiros certos: desafio chave para a maioria das empresas alemãs e argentinas / ponto parecido para francesas: importância do relacionamento ... mas também há desafios internos Conhecimento limitado sobre particularidades do mercado brasileiro Recursos humanos não suficientes ou sem competências específicas Foco, dedicação e paciência como fatores críticos de sucesso Importância da presença do dono / executivo capacitado e comprometido com processo Resultados da Pesquisa: Desafios Polarização Europa vs. Argentina França / Alemanha Satisfeitas com condições no mercado doméstico e apoio por instituições do país de origem (acesso a informação, Câmaras de Comércio etc.) Diferenças culturais irrelevantes (empresas alemãs) ou moderadas (empresas francesas) Avaliam positivamente seus negócios no Brasil Argentina Grandes desafios externos também no mercado doméstico Enxergam diferenças culturais significativas Maior incidência de experiências médias ou ruins em relação aos seus negócios no Brasil Possíveis Explicações Atuação em mercados B2B (empresas européias) vs. B2C (empresas argentinas) Empresas européias atuam em mercados com pouca/nenhuma concorrência local Stage Model: Empresas argentinas ainda pouco experientes no processo de internacionalização; entram no mercado brasileira por oportunidade / proximidade em vez de planejamento estratégico Conclusões Muitos dos fatores destacados na literatura foram confirmados: Existência de motivos pró-ativos e reativos para entrada no mercado Seqüência das formas de entrada: da exportação até a produção local Exportação como forma predominante para PMEs Importância do parceiro em todas as estratégias cooperativas de entrada no mercado Os desafios internos característicos para PMEs Obstáculos típicos atribuídos ao ambiente externo brasileiro Conclusões específicas com relação aos países de origem: 1. As condições no país de origem marcam fortemente a motivação e a maneira de enfrentar os desafios (semelhança entre as empresas européias vs as argentinas) 2. Em contrapartida, estas “condições país” não parecem influenciar a forma de entrada: Para a maioria das empresas dos 3 países, parece-se confirmar o modelo de estágios (risco de menor a maior nas etapas do processo) 3. Quanto mais clara a estratégia da empresa e o planejamento do processo, melhor a avaliação do sucesso da operação – independentemente do país de origem. Obrigada! Apresentação disponível em www.fia.com.br/profuturo