FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 02 Calor de Reação 1. Introdução A variação de entalpia é definida como o calor fornecido ou retirado do sistema numa transformação que ocorre a pressão constante. Ou seja, quando um sistema está sob pressão constante, a variação de entalpia é igual à energia transferida na forma de calor. Assim, podemos escrever que: (a pressão constante, sem trabalho extra) No caso de uma transformação finita: Por exemplo, se fornecemos à água contida num béquer aberto, através de um aquecedor elétrico, 36 kJ de energia, a entalpia da água aumenta em 36 kJ, e escrevemos ∆H = +36 kJ. A importância desta equação é que, como usualmente as reações químicas ocorrem em pressão constante, em reatores abertos para a atmosfera, o calor que elas fornecem ou utilizam pode ser igualado à variação da entalpia do sistema. Reações Endotérmicas e Exotérmicas Quando transferimos energia, na forma de calor, a um sistema em pressão constante, a entalpia do sistema aumenta nessa mesma proporção (∆H > 0), e dizemos que a transformação é endotérmica (o sistema absorveu calor). Quando a energia deixa um sistema em pressão constante, na forma de calor, a entalpia do sistema diminui na mesma proporção (∆H < 0) e dizemos que a transformação foi exotérmica (o sistema liberou calor). Por exemplo, a formação de iodeto de zinco a partir de seus elementos é uma reação exotérmica que libera 208 kJ de calor para o ambiente por mol de ZnI2 formado: Zn(s) + I2(s) → ZnI2(s) ∆H = -208 kJ / mol Dizemos então que a entalpia da mistura de reação diminuiu em 208 kJ para cada mol de ZnI2 formado. Já a dissolução do nitrato de amônio em água é um processo endotérmico, ou seja, o sistema absorve calor e a entalpia total aumenta. Ou seja: NH4NO3(s) → NH4+(aq) + NO3-(aq) ∆H = +25,4 kJ / mol Neste caso, dizemos que a entalpia da mistura aumentou em 25,4 kJ por mol de nitrato de amônio dissolvido. Capacidade Calorífica A variação da temperatura de um sistema devido à transferência de calor varia para cada substância. Desta maneira, só é possível medir a energia transferida para um sistema na forma de calor se soubermos a capacidade calorífica (C) do sistema, que é definida como a razão entre o calor fornecido e o aumento de temperatura que ele provoca: FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 02 A capacidade calorífica é uma propriedade extensiva: quanto maior for a amostra, mais calor é necessário para aumentar sua temperatura e, portanto, maior a sua capacidade calorífica. É comum, portanto, registrar a capacidade calorífica específica ou calor específico (c), que é a capacidade calorífica dividida pela massa da amostra . A variação de entalpia pode ser medida por calorimetria, acompanhando a variação da temperatura de uma transformação física ou química que ocorra a pressão constante. Neste caso, utiliza-se um calorímetro isobárico, formado por um vaso, termicamente isolado, aberto para a atmosfera. O calor liberado por uma reação que ocorre dentro do vaso é monitorado pela medição da variação de temperatura que ocorre no interior do vaso. Para utilizar o calorímetro, em primeiro lugar é necessário calcular sua capacidade calorífica, processo chamado de calibração do calorímetro. Este procedimento é realizado medindo a variação de temperatura num processo onde a quantidade de calor transferida é conhecida, utilizando-se a equação: Em seguida, utiliza-se o valor calculado Ccal para relacionar a variação de temperatura no calorímetro com a quantidade de calor transferida após a transformação de interesse. Neste experimento, uma garrafa térmica será adaptada para utilização como um calorímetro adiabático para medir o calor desprendido ou absorvido durante as reações. Admitiremos que o calor de reação será usado para modificar a temperatura da solução aquosa e do calorímetro. Para tanto, é necessário conhecermos o calor específico da água (cágua = 1,0 cal/g.°C - ou seja, é preciso 1,0 caloria para fazer variar de 1,0 °C a temperatura de 1,0 g de água) e o calor específico do calorímetro, que será obtido através do processo de calibração. Matematicamente, podemos escrever: Lei de Hess A entalpia é uma função de estado; logo, o valor de ∆H é independente do caminho entre os estados inicial e final. Neste contexto, temos a Lei de Hess, que diz: “A entalpia total da reação é a soma das entalpias de reação das etapas em que a reação pode ser dividida.” A Lei de Hess aplica-se mesmo se as reações intermediárias, ou a reação total, não podem ser realizadas na prática. Conhecidas as equações balanceadas de cada etapa e sabendo que a soma dessas equações é igual à equação da reação de interesse, a entalpia de reação pode ser calculada a partir de qualquer sequência conveniente de reações. Nesta experiência, será medida e comparada a quantidade de calor envolvida em três reações. Reação 1 – Hidróxido de sódio sólido dissolvido em água e formando solução aquosa de íons: NaOH(s) Na+(aq) + OH -(aq) ∆H1 FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 02 Reação 2 - Hidróxido de sódio sólido reagindo com solução aquosa de ácido clorídrico, formando-se água e solução de cloreto de sódio: NaOH(s) + HCl(aq) H2O + Na+(aq) + Cl- ∆H2 Reação 3 – Solução aquosa de hidróxido de sódio reagindo com solução aquosa de ácido clorídrico, formando água e solução aquosa de cloreto de sódio: NaOH(aq) + HCl (aq) H2O + Na+(aq) + Cl-(aq) ∆H3 2. Objetivos Comprovar a Lei de Hess medindo o calor de reação de duas reações intermediárias e comparando com o calor de reação medido para a reação global. 3. Procedimento Experimental 3.1 - Materiais utilizados Calorímetro (garrafa térmica) Termômetro NaOH 0,5 mol/L NaOH sólido HCl 0,25 mol/L e 0,5 mol/L Água destilada Béquer Chapa de aquecimento 3.2 - Procedimento Calibração do calorímetro Em primeiro lugar, deve-se calibrar o calorímetro. Para isso, coloque 50 mL de água destilada dentro da garrafa térmica e meça a temperatura. Em seguida, coloque 50 mL de água destilada num béquer e aqueça até 40 °C. Adicionar, rapidamente, a água aquecida na garrafa térmica e agite. Anote a temperatura de equilíbrio para os cálculos posteriores. Determinação do calor de reação 1: Coloque no calorímetro cerca de 100 mL de água destilada e anote a temperatura. Pese cerca de 1,0 g de NaOH sólido, anote exatamente a massa medida. Coloque a massa de NaOH medida na água e agite o frasco até que o hidróxido de sódio se dissolva. Insira o termômetro no frasco e anote a temperatura. Determinação do calor de reação 2: Repita a etapa acima, mas substituindo a água por 100 mL de HCl 0,25 mol/L. FQE0001 Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química - DQM Físico-Química Experimental Exp. 02 Determinação do calor de reação 3: Coloque 50 mL de solução 0,5 mol/L de HCl no calorímetro e, num Becker, coloque 50 mL de solução 0,5 mol/L de NaOH. As duas soluções devem estar à temperatura ambiente ou ligeiramente abaixo. Verifique isto com o termômetro (lave-o antes de passá-lo de uma solução para outra). Anote as temperaturas. Adicione a solução de hidróxido de sódio à solução de ácido clorídrico. Misture rapidamente e anote a temperatura mais elevada que for atingida. 4. Discussão dos Resultados Utilize as tabelas abaixo para calcular os calores de reação (∆H1, ∆ H2, ∆H3), todos em cal/mol de NaOH, a partir dos resultados experimentais. Compare ∆H2 com ∆H1 + ∆H3 e explique. Tabela 1: Calibração do calorímetro. Massa de água quente /g Massa de água fria /g Temperatura inicial da água quente /°C Temperatura inicial da água fria /°C Temperatura final da mistura /°C Ccal /cal.K-1 Tabela 2: Medidas de calor de reação para as reações 1, 2 e 3. Reação 1 2 Massa de água* /g Quantidade de NaOH /mol Temperatura inicial Temperatura final Variação de temperatura Variação de entalpia /cal.mol-1 3 *Considerar a densidade da água como 1,0 g/mL 5. Questões 1. Defina capacidade calorífica, diferenciando as relações entre capacidade calorífica a pressão e a volume constante, energia interna e entalpia. 2. Explique a importância da Lei de Hess e das determinações de entalpias-padrões de formação. 6. Referências Bibliográficas 1. Atkins, P; de Paula, J.; Físico-Química. Vols. 1-2. Nona Edição. LTC:Rio de Janeiro. 2012. 2. Rangel, R. N. Práticas de Físico-Química. 3. ed. São Paulo:Edgard Blücher, 2006.