Questionário - Proficiência Clínica
Área: Bioquímica
Rodada: Jul/2014
Tema
ASPECTOS TÉCNICOS, METODOLÓGICOS E INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES PARA
DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO DO DIABETES MELLITUS
Elaborador
Nairo M. Sumita. Professor Assistente Doutor da Disciplina de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP). Diretor do Serviço de Bioquímica Clínica da Divisão de Laboratório
Central do Hospital das Clínicas da FMUSP. Assessor Médico em Bioquímica Clínica do Fleury Medicina e
Saúde. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML)
Texto Introdutório
O diabetes mellitus é uma doença crônica representada por um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos
que apresentam em comum a hiperglicemia. A hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na
secreção de insulina ou em ambos. A doença induz alterações micro e macrovasculares resultando na
disfunção de vários órgãos e sistemas, como olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. As
complicações crônicas incluem a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia periférica, além das doenças
aterotrombóticas.
Em relação à classificação do diabetes mellitus:
Questão 1
Questão 2
•
Diabetes mellitus tipo 1: Resulta da destruição das células beta pancreáticas, tendo como complicação
aguda a cetoacidose diabética. Corresponde de 5 a 10% dos casos de diabetes.
•
Diabetes mellitus tipo 2: Decorre de graus variáveis de deficiência relativa da secreção e resistência
insulínica. A maioria dos portadores apresentam sobrepeso ou obesidade. É responsável por cerca de
90% de todos os casos de diabetes.
•
Diabetes gestacional: Decorre da alteração no metabolismo dos carboidratos diagnosticada na gestação,
podendo ou não persistir após o parto.
•
Outros tipos específicos de diabetes mellitus como por exemplos: defeitos genéticos funcionais da célula
beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, diabetes
induzido por fármacos e agentes químicos, infecções e síndromes genéticas relacionadas ao diabetes.
Assinale a alternativa correta em relação aos exames atualmente utilizados para o diagnóstico do diabetes
mellitus, segundo a Associação Americana de Diabetes (ADA):
1.
Glicemia de jejum, hemoglobina glicada e frutosamina;
2.
Glicemia de jejum, hemoglobina glicada e teste oral de tolerância a glicose;
3.
Glicemia pós-prandial, hemoglobina glicada e insulinemia;
4.
Glicemia pós-prandial, teste oral de tolerância a glicose e microalbuminúria.
Assinale a alternativa que descreve corretamente um dos critérios diagnósticos para o diabetes mellitus
adotados pela Associação Americana de Diabetes:
1.
Questão 3
Glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL, após jejum de 8 horas e confirmado numa segunda
dosagem;
2.
Resultado de hemoglobina glicada maior que 15,0%;
3.
Glicemia maior ou igual a 125 mg/dL, 30 minutos após sobrecarga com 200 gramas de glicose oral;
4.
Paciente com os sintomas clássicos de hipoglicemia ou crise hipoglicêmica, com uma glicemia colhida
ao acaso maior ou igual a 400 mg/dL.
Assinale a alternativa correta em relação à dosagem de glicose para o diagnóstico do diabetes mellitus:
1.
O uso dos glicosímetros (teste laboratorial remoto para dosagem de glicose) é indicado para o
diagnóstico rápido do diabetes mellitus em pacientes assintomáticos;
2.
A dosagem da glicose utilizando plasma coletado em tubo com fluoreto de sódio não é mais indicada
para o diagnóstico do diabetes mellitus;
3.
A coleta de sangue para dosagem de glicose visando o diagnóstico de diabetes mellitus deve ser
realizada após jejum de 8 horas;
4.
A dosagem da glicose pós-prandial pode ser utilizada como uma alternativa para o diagnóstico do
diabetes mellitus quando o paciente não cumprir o jejum preconizado de 12 horas.
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Questão 4
Questão 5
Questão 6
Questão 7
Questão 8
Assinale a alternativa correta em relação aos fatores pré-analíticos para dosagem de glicose:
1.
A glicemia se eleva no tubo após a coleta. Esta elevação se deve ao processo de neoglicogênese
induzida pelos neutrófilos;
2.
Para reduzir o consumo de glicose, principalmente pelos linfócitos, o inibidor adequado a ser utilizado é
o citrato de sódio;
3.
A dosagem de glicose pode ser realizada em plasma ou no soro, desde que seja acrescido o
anticoagulante EDTA para inibição da glicogenólise;
4.
A queda da glicose após a coleta de sangue pode ser minimizada utilizando-se tubo contendo fluoreto de
sódio que é um inibidor da glicólise.
Em relação ao teste oral de tolerância à glicose qual a dose recomendada de glicose a ser oferecida ao
indivíduo adulto, não gestante, para fins de diagnóstico do diabetes mellitus?
1.
30 gramas;
2.
75 gramas;
3.
150 gramas;
4.
1,75 gramas.
Assinale a alternativa correta em relação ao teste oral de tolerância à glicose para o diagnóstico do diabetes
mellitus:
1.
O teste oral de tolerância à glicose no adulto pode ser realizado utilizando de 50 a 150 gramas,
considerando-se o sexo, o peso e a estatura do indivíduo;
2.
A coleta concomitante de sangue para a dosagem da insulina é também recomendada no teste de
tolerância à glicose para avaliar o grau de absorção da glicose a nível intestinal;
3.
Segundo critério da Associação Americana de Diabetes considera-se como diabético o paciente que
apresentar glicemia igual ou superior a 200 mg/dL aos 120 minutos após sobrecarga com 75 gramas de
glicose oral, para o adulto não gestante;
4.
O teste oral de tolerância à glicose não é indicada para o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 1. Já no
diabetes mellitus tipo 2 o diagnóstico visa a detecção de anticorpos contra a insulina circulantes no
plasma.
Assinale a alternativa incorreta em relação ao preparo do paciente e cuidados para realização do teste oral
de tolerância à glicose:
1.
Ingerir pelo menos 150 gramas de carboidratos por dia, durante os três dias que antecedem a prova;
2.
Exercer atividades físicas habituais e manter o regime alimentar usual, exceto pela adição de
carboidratos e não fazer uso de medicamentos que, sabidamente, interferem no metabolismo dos
carboidratos;
3.
Durante o teste se manter em repouso e não fumar;
4.
Após a primeira coleta de sangue a alimentação do paciente pode ser liberada, desde que se proíba a
ingestão de açúcar.
Assinale a alternativa correta em relação ao teste oral de tolerância à glicose para o diagnóstico do diabetes
gestacional:
1.
Nas gestantes a dose de glicose preconizada para realização do teste é de 150 gramas com cinco
coletas sequenciais de sangue: Jejum, 1 hora, 2 horas, 3 horas e 4 horas;
2.
Um dos testes recomendados pela Associação Americana de Diabetes preconiza uma sobrecarga de 75
gramas de glicose oral e a medida da glicose em jejum, 1 hora, 2 horas e 4 horas após a sobrecarga;
3.
Recomenda-se que o teste oral de tolerância à glicose na gestante seja realizado entre a 24ª e 28ª
semana de gestação;
4.
A coleta concomitante de sangue para dosagem do peptídeo C durante o teste oral de tolerância à
glicose eleva sobremaneira a sensibilidade do teste no diagnóstico do diabetes gestacional.
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Questão 9
Questão 10
Questão 11
Questão 12
Questão 13
Assinale a alternativa correta em relação a definição da hemoglobina glicada (A1C):
1.
A hemoglobina glicada corresponde a um conjunto de substâncias formadas com base em reações entre
a hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares. O processo de glicação envolve uma ligação não enzimática
e permanente com açúcares redutores como, por exemplo, a glicose;
2.
A hemoglobina glicada deve ser utilizada somente para o acompanhamento do diabetes pois não
existem evidências na literatura que validem o seu uso para fins diagnósticos;
3.
A hemoglobina glicada e a frutosamina são exames análogos sendo ambos de grande utilidade no
diagnóstico do diabetes mellitus;
4.
A hemoglobina glicada permite estimar a glicemia média futura dos próximos 6 meses, em relação ao
momento da coleta de sangue.
Assinale a alternativa correta em relação à hemoglobina glicada no diagnóstico e acompanhamento do
diabetes mellitus:
1.
No acompanhamento de um paciente com diabetes mellitus um resultado de hemoglobina glicada acima
de 10,0% indica baixo risco para o desenvolvimento das complicações crônicas do diabetes;
2.
Um resultado de hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5% obtido por um método certificado pelo
National Glycohemoglobin Standardization Program –NGSP e confirmado numa segunda dosagem é um
dos critérios diagnósticos de diabetes mellitus segundo a Associação Americana de Diabetes;
3.
Não é possível correlacionar os níveis de hemoglobina glicada com a glicose média do paciente, pois a
formação da hemoglobina glicada baseia-se na ligação da cetona a glicose;
4.
A meta a ser atingida pelo paciente diabético em relação ao nível de hemoglobina glicada é inferior a
3,0%, o qual corresponde ao valor inferior da referência para todos os métodos que dosam hemoglobina
glicada.
Assinale a alternativa incorreta em relação aos interferentes analíticos na dosagem da hemoglobina glicada:
1.
Condições clínicas que cursam com estados hemorrágicos e anemia hemolítica podem resultar em
valores inapropriadamente diminuídos de hemoglobina glicada por encurtarem a meia-vida das
hemácias;
2.
As anemias por carência de ferro, vitamina B12 ou folato podem resultar em valores inapropriadamente
elevados da hemoglobina glicada;.
3.
A presença de variantes genéticas da hemoglobina pode interferir na dosagem da hemoglobina glicada;
4.
Todas as metodologias disponíveis no mercado para dosagem de hemoglobina glicada são isentas de
quaisquer tipos de interferência analítica.
Assinale a alternativa incorreta quanto às vantagens da hemoglobina glicada em relação a glicose de jejum
para o diagnóstico do diabetes mellitus:
1.
A hemoglobina glicada permite avaliar o risco de desenvolvimento das complicações crônicas no
diabetes;
2.
A hemoglobina glicada apresenta menor variabilidade biológica quando comparada a glicose;
3.
A grande desvantagem da hemoglobina glicada é a elevada variabilidade biológica, fato não observado
na dosagem de glicose, cuja concentração se mantém inalterado durante as 24 horas do dia em
qualquer indivíduo;
4.
Diferentemente da glicose, a dosagem da hemoglobina glicada pode ser realizada fora do estado de
jejum.
Assinale a alternativa correta em relação a frutosamina:
1.
A frutosamina resulta da glicação da albumina e outras proteínas, sendo que o teste reflete o controle
glicêmico de curto prazo;
2.
A frutosamina, tem meia-vida acima de 120 dias, permitindo a avaliação do controle glicêmico a longo
prazo;
3.
A utilidade clínica do teste de frutosamina não está bem estabelecida, sendo o teste recomendado para
avaliação da hipoglicemia de difícil controle em diabéticos;
4.
Situações em que a concentração plasmática de albumina está muito baixa, como por exemplo na
síndrome nefrótica, observa-se elevação significativa da frutosamina.
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Questão 14
Questão 15
Referências
Bibliográficas:
A nefropatia é uma complicação que se desenvolve numa grande parcela dos indivíduos diabéticos. Na fase
inicial da lesão renal um exame indicado para avaliação da função renal é a microalbuminúria. Assinale a
alternativa correta em relação ao exame de microalbuminúria:
1.
A microalbuminúria se caracteriza pela excreção urinária de imunoglobulinas e beta-globulinas;
2.
Microalbuminúria se caracteriza pela excreção urinária de albumina entre 20 e 200 microgramas/minuto
ou de 30 a 300 mg em 24 horas;
3.
A microalbuminúria é facilmente detectável pelas tiras de urina (química seca) utilizada na análise
bioquímica do exame de urina;
4.
Microalbuminúria e proteinúria de 24 horas são exames análogos e ambas permitem a avaliação da
função tubular.
Assinale a alternativa correta em relação à glicosúria:
1.
No paciente diabético a glicose sempre estará presente na urina quando a glicemia estiver abaixo de 70
mg/dL;
2.
A perda da glicose na urina somente é observada em pacientes diabéticos e aqueles que desenvolvem
hipoglicemia;
3.
Presença de vitamina C na urina pode interferir na avaliação da glicosúria ao utilizar tiras reagentes
(química seca);
4.
A presença da glicosúria deve ser considerada como diagnóstico do diabetes, mesmo que os exames de
glicose, hemoglobina glicada e teste oral de tolerância à glicose resultem valores normais.
•
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Standards of medical care in diabetes - 2014. Diabetes Care
2014;
37
(Suppl
1):
S14-S80.
Disponível
em:
http://care.diabetesjournals.org/content/37/Supplement_1/S14.full.pdf+html
•
ANDRIOLO, A.; VIEIRA, J.G.H. Diagnóstico e acompanhamento do diabetes mellitus. In: ANDRIOLO, A.
Guias de medicina ambulatorial e hospitalar - UNIFESP/Escola Paulista de Medicina – Medicina
Laboratorial. 2ª. ed. São Paulo:Manole, 2008. Cap.5; p.37-42.
•
SUMITA, N.M.; ANDRIOLO, A. Importância da determinação da hemoglobina glicada no monitoramento
do paciente portador de diabetes mellitus. J Bras Patol Med Lab 2006; 42, editorial. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442006000300002&lng=en&nrm=iso
•
SUMITA, N.M., ANDRIOLO, A. Importância da hemoglobina glicada no controle do diabetes mellitus e na
avaliação de risco das complicações crônicas. J Bras Patol Med Lab 2008; 44:169-174. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442008000300003&lng=en&nrm=iso
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