ROSEMARIE BRÖKER BONE RATINGS SOBERANOS E CORPORATIVOS: O ROMPIMENTO DO TETO SOBERANO PELA PETROBRAS E REPSOL-YPF Tese apresentada ao Corpo da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências Econômicas. Orientador:Prof. Dr. Francisco Eduardo Pires de Souza Rio de Janeiro – RJ Instituto de Economia – UFRJ Julho/2004 Para Helena, minha filha. Agradecimentos ¾ Instituto de Economia/UFRJ ¾ Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS ¾ Agência Nacional do Petróleo – PRH-21/ANP - através do Programa de Formação de Recursos Humanos da ANP para o Setor de Petróleo e Gás Natural ¾ Petrobras – em especial a Ouvidoria e ao Diretor Financeiro José Gabrielli ¾ Moody’s Investors Service – em especial ao Sr. Paulo Silva ¾ Standard & Poor’s – em especial a Sra. Celina Moraes ¾ Banco Central do Brasil – em especial as Sras. Maria Juliana Fabris, Vera Maria Schneider e ao Sr. Marcus Vinícios Mendes ¾ PPE/Coppe/UFRJ ¾ Engenharia da Produção/Coppe/UFRJ ¾ Prof. Francisco Eduardo Pires de Souza (orientador), Edmar Fagundes de Almeida (IE/UFRJ), Virgílio Martins Ferreira Filho (PEP/Coppe), Luiz Fernando Legey (PPE/Coppe) e Antonio Licha (IE/UFRJ) ¾ Prof. Ph.D Ernani Ott (Unisinos) ¾ Funcionários Beth, Ronei, Sônia (IE) e Sandra (PPE) ¾ Daniel Santos (Universidade de Chicago) pela bibliografia do Ederigton de 1985 ¾ Rosângela Cavaleri e Gisele Spricigo pela colaboração nas pesquisas ¾ Maria Juliana Fabris – pela amizade e ajuda ¾ Eduardo Pontual Ribeiro – por tudo e por me apresentar o método Ordered Logit Resumo O primeiro objetivo desta tese é estudar o conteúdo informacional dos ratings soberanos e corporativos para os casos do Brasil e Argentina e Petrobras e Repsol-YPF, respectivamente, para o período 1994-2002. As empresas são escolhidas por pertencerem a um pequeno grupo que possui rating superior ao do país domicílio, ou seja, são empresas que romperam o teto soberano. O segundo objetivo desta tese é entender as razões que levaram as empresas ao rompimento o teto soberano de seus respectivos países. Um rating é uma avaliação feita por agências de classificação sobre a capacidade e determinação de uma empresa ou governo em honrar os seus compromissos de dívida. Vários especialistas e pesquisadores têm criticado as agências alegando que os ratings não são informativos, pois apenas refletem o risco de mercado. Para testar a hipótese de conteúdo informacional dos ratings, atua-se de duas formas. Primeiro, identificando se é possível prever o rating a partir de um pequeno conjunto de fundamentos (macroeconômicos no caso de ratings soberanos e econômico-financeiros no caso de corporativos). Segundo, verificando se as mudanças de ratings geram retornos inesperados nos spreads e nas ações, no caso dos soberanos e corporativos, respectivamente. Os resultados mostram que é possível prever os ratings de modo satisfatório e que, nas poucas vezes em que os ratings geram retornos anormais, os downgrades têm mais efeito que os upgrades, como apontado na literatura. Desta forma, pode-se afirmar que os ratings possuem pouco conteúdo informacional além dos já disponíveis no mercado. De posse destes resultados, em relação ao segundo objetivo, pode-se dizer que o rompimento do teto por parte da Petrobras já era previsto pelos indicadores da empresa e pelo mercado, enquanto que o rompimento do teto soberano pela Repsol-YPF não teve justificativa na performance dos seus indicadores, caracterizando-se pela forte subjetividade. Abstract The first goal of this thesis is to study the informational content of sovereign and corporate rating for the cases of Brazil and Argentina and Petrobras and Repsol-YPF, respectively, for the period 1994-2002. The companies were chosen as they are one of the few that have a corporate rating above the sovereign of their host countries, i.e. they have pierced the sovereign ceiling. The second goal is to understand the rationale for piercing the sovereign ceiling. A rating is an opinion issued by a rating agency on the willingness and capacity of a sovereign or corporation to honor its debt issues. Many researches have criticizes the agencies as they are just following market risk, being devoid of informational content above the market. To test this hypothesis we use two methods. First, we model the sovereign (corporate) rating using a small group of macroeconomic (business) fundamentals. Second, using event study, look at whether rating changes generate excess sovereign bonds spreads (corporate stock returns). The results suggest that it is possible to predict ratings fairly well and that, in the few cases that rating changes generate abnormal returns, downgrades are more important than downgrades. Thus, one may argue that rating have little informational content beyond that publicly available to the market. Regarding the second objective, the results indicate that the Petrobras sovereign ceiling breakout was expect given the company performance. On the other hand, the Repsol-YPF piercing did not have any backing from company operational or financial indicators, being highly subjective. 5 Sumário Introdução ..........................................................................................................17 1.Definições sobre Ratings: Agências, Escalas, Fundamentos e Teto Soberano .25 1.1 AGÊNCIAS DE RATING ..................................................................................................................... 25 1.1.1 O Papel dos Ratings para o Mercado .....................................................................27 1.1.2 Críticas sobre o Papel dos Ratings .........................................................................28 1.2 RATINGS SOBERANOS E CORPORATIVOS ............................................................................................... 31 1.2.1 Escalas de Rating ...................................................................................................32 1.2.2 Outlook e Credit Watch..........................................................................................36 1.2.3 Default....................................................................................................................37 1.2.3.1 Default Seletivo...................................................................................................38 1.2.4 Rating Soberano.....................................................................................................39 1.2.5 Dívidas Soberanas em Moeda Doméstica e Estrangeira........................................41 1.3 INDICADORES DE RISCO ECONÔMICO E POLÍTICO ................................................................................. 42 1.3.1 Risco Político .........................................................................................................43 1.3.2 Risco Econômico ...................................................................................................43 1.3.2.1 Estrutura Econômica e Perspectivas de Crescimento Econômico ......................43 1.3.2.2 Flexibilidade Fiscal .............................................................................................44 1.3.2.3 Endividamento do Governo Soberano ................................................................45 1.3.2.4 Estabilidade Monetária .......................................................................................45 1.3.2.5 Liquidez Externa e Dívida Externa .....................................................................46 1.4 A IMPORTÂNCIA DO RATING SOBERANO PARA AS EMPRESAS CORPORATIVAS ...................................... 47 1.4.1 Risco–país ..............................................................................................................48 1.5 INDEPENDÊNCIA DO RATING CORPORATIVO .......................................................................................... 49 1.6 ULTRAPASSANDO O TETO SOBERANO EM MOEDA DOMÉSTICA E ESTRANGEIRA .................................. 50 1.7 RATING CORPORATIVO .......................................................................................................................... 53 1.7.1 Rating de Empresas Emitentes e de Emissões Corporativas – Notching up ou Down ...............................................................................................................................54 1.7.2 Avaliações de Empresas Privadas, Públicas e Garantidas pelo Governo ..............55 1.7.3 Especificidades dos Ratings Corporativos .............................................................57 1.7.4 Estrutura de Análise dos Ratings Corporativos .....................................................59 1.7.4.1 Especificidades da Avaliação de Empresas da Indústria do Petróleo .................59 1.7.4.2 Base da Pirâmide.................................................................................................60 1.7.4.3 Meio da Pirâmide ................................................................................................62 1.7.4.4 Topo da Pirâmide ................................................................................................64 1.7.4.4.1 Indicadores de Performance Financeira ...........................................................65 1.7.4.4.2 Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativos ...............................................................65 1.7.4.4.3 Sucesso Operacional e Eficiência dos Custos..................................................66 1.7.4.4.4 Estratégias da Empresa ....................................................................................67 1.7.4.4.5 Perfil Administrativo........................................................................................67 6 1.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 69 2 Metodologia para Análise dos Ratings Soberanos e Corporativos ...............71 2.1 RATINGS SOBERANOS ........................................................................................................................... 72 2.1.1 Fundamentos Macroeconômicos............................................................................81 2.1.2 Ratings Soberanos do Brasil ..................................................................................81 2.1.3 Ratings Soberanos da Argentina ............................................................................81 2.2 RATINGS SOBERANOS NAS ANÁLISES DOS RATINGS CORPORATIVOS ...................................................... 81 2.3 RATINGS CORPORATIVOS ....................................................................................................................... 81 2.3.1 Indicadores Corporativos .......................................................................................81 2.3.2 Indicadores Específicos da Indústria do Petróleo ..................................................81 2.3.3 Ratings Corporativos da Petrobras.........................................................................81 2.3.4 Ratings Corporativos da Repsol-YPF ....................................................................81 2.4 DETALHAMENTO DOS MÉTODOS ........................................................................................................... 81 2.4.1 Detalhamento do Método ML - Ordered Logit .....................................................81 2.4.2 Detalhamento do Estudo de Eventos .....................................................................81 2.4.3 Detalhamento do Processo de Estimação do Coeficiente Recursivo e Resíduos Recursivos .......................................................................................................................81 2.4.4 Detalhamento do Teste de Estabilidade de Chow ..................................................81 2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 81 3 Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos do Brasil .............................81 3.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RATINGS SOBERANOS E FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS .................... 81 3.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO ORDERED LOGIT PARA OS RATINGS SOBERANOS BRASILEIROS..............................................................................................................................................81 3.2.1 Resultados dos Ratings Soberanos contra os Fundamentos Macroeconômicos ....81 3.3 ANÁLISE DO SPREAD SOBERANO E RATING SOBERANO BRASILEIRO ..................................................... 81 3.4 ESTUDO DE EVENTOS PARA O SPREAD SOBERANO BRASILEIRO ............................................................ 81 3.4.1 Beta Recursivo e as Mudanças no Rating Soberano Brasileiro .............................81 3.4.2 Teste de Estabilidade de Chow nos Ratings Soberanos Brasileiros.......................81 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 81 4 Análise dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos da Argentina 81 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RATINGS SOBERANOS E FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS .................... 81 4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO MÉTODO ORDERED LOGIT PARA OS RATINGS SOBERANOS ARGENTINOS .................................................................................................................................................................... 81 4.2.1 Resultados dos Ratings Soberanos contra os Fundamentos Macroeconômicos ....81 4.3 ANÁLISE DO SPREAD SOBERANO E RATING SOBERANO ARGENTINO...................................................... 81 4.4 ESTUDO DE EVENTOS PARA O SPREAD SOBERANO ARGENTINO ............................................................ 81 4.4.1 Beta recursivo e as Mudanças no Rating Soberano da Argentina .........................81 IDENTIFICAÇÃO DOS RATINGS SOBERANOS NO BETA RECURSIVO DO SPREAD ARGENTINO ......................... 81 4.4.2 Teste de Estabilidade de Chow nos Ratings Soberanos Argentinos ......................81 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 81 5 Análise dos Ratings e Indicadores Corporativos da Petrobras: O Rompimento do Teto Soberano em 2001 ..............81 5.1 ANÁLISE GRÁFICA DOS RATINGS E INDICADORES CORPORATIVOS DA PETROBRAS .............................. 81 5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO MODELO ESTATÍSTICO ORDERED LOGIT PARA OS RATINGS CORPORATIVOS DA PETROBRAS .................................................................................................................. 81 5.2.1 Resultados dos Ratings Corporativos da Petrobras contra os Indicadores Financeiros ......................................................................................................................81 5.3 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS AÇÕES DA PETROBRAS HOLDING ................................................ 81 5.3.1 PETR3 ON .............................................................................................................81 5.3.1.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano ....81 5.3.1.2 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Corporativo 81 7 5.3.2 Coeficiente Recursivo da PETR4 PN ....................................................................81 5.3.2.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano ....81 5.3.2.2 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças do Rating da Petrobras .........................................................................................................................................81 5.3.3 Coeficiente Recursivo ............................................................................................81 5.3.3.1 Análise do Beta Recursivo Considerando os Ratings Soberanos e Corporativos .........................................................................................................................................81 5.3.4 Análise da PBR/A ..................................................................................................81 5.3.4.1 Análise do Beta Recursivo Considerando os Ratings Soberanos e Corporativos .........................................................................................................................................81 5.4 ANÁLISE DO TESTE DE ESTABILIDADE DE CHOW .................................................................................. 81 5.4.1 PETR3 ON e PETR4 PN........................................................................................81 5.4.2 PBR e PBR/A.........................................................................................................81 5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 81 6 Análise dos Ratings e Indicadores Corporativos da Repsol-YPF 81 6.1 ANÁLISE GRÁFICA DOS RATINGS E INDICADORES CORPORATIVOS DA REPSOL-YPF ............................ 81 6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO MODELO ESTATÍSTICO ORDERED LOGIT PARA OS RATINGS CORPORATIVOS DA REPSOL-YPF................................................................................................................ 81 6.2.1 Resultados dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF contra os Indicadores Financeiros ......................................................................................................................81 6.3 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS AÇÕES DA REPSOL-YPF ARGENTINA .......................................... 81 6.3.1 Coeficiente Recursivo da YPFD ............................................................................81 6.3.1.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano ....81 6.3.1.2 Análise do Beta Recursivo da YPFD considerando as Mudanças no Rating Corporativo .....................................................................................................................81 6.3.2 Coeficiente Recursivo da YPF ...............................................................................81 6.3.2.1 Análise do Beta Recursivo da ADS YPF Considerando as Mudanças no Rating Soberano..........................................................................................................................81 6.3.2.2 Análises do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Corporativo .........................................................................................................................................81 6.3.3 Análise do Teste de Estabilidade de Chow ............................................................81 6.3.3.1 YPFD e YPF .......................................................................................................81 6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................... 81 Conclusão .........................................................................................................81 Bibliografia .........................................................................................................81 Anexos...........................................................................................................................316 Anexo 1 - Definições sobre Ratings..............................................................................317 Anexo 3.1 - Análise Detalhada dos Ratings Soberanos e dos Fundamentos Macroeconômicos Brasileiros de 1994-2002................................................................319 Anexo 3.2 - Análise dos Resíduos Recursivos do Spread Soberano Brasileiro............324 Anexo 3.3 - Spread Brasil e EMBI/EMBI+: uma análise descritiva.............................326 Anexo 4.1 - Análise Detalhada dos Ratings Soberanos e dos Fundamentos Macroeconômicos Argentinos de 1993 a 2002.............................................................336 Anexo 4.2 - Análise dos Resíduos Recursivos do Spread Soberano Argentino.......................................................................................................................344 Anexo 4.3 - Spread Argentino e EMBI/EMBI+: uma análise descritiva......................346 Anexo 5.1 - Detalhamento do Comportamento dos Indicadores e a Relação com os Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002.............................................................362 8 Anexo 5.2 Análise dos Resíduos Recursivos das Ações da Petrobras........................................................................................................................366 Anexo 5.3 - Análise do Teste de Estabilidade de Chow para os Soberanos Brasileiros emitidos pela Moody's ..................................................................................................373 Anexo 6.1 - Detalhamento do Comportamento dos Indicadores e a Relação com os Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002........................................................377 Anexo 6.2 - Análise dos Resíduos Recursivos das Ações da RepsolYPF...............................................................................................................................382 Anexo 6.3 - Análise do Teste de Estabilidade de Chow para os Soberanos Argentinos emitidos pela Moody's...................................................................................................386 Anexo dos Dados Macroeconômicos e Corporativos...................................................389 9 Índice de Gráficos, Tabelas e Quadros Índice de Gráficos Gráfico 2.1 – Evolução dos Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002.........................87 Gráfico 2.2 – Evolução dos Ratings Soberanos da Argentina, 1993-2002.....................90 Gráfico 2.3 – Evolução dos Ratings Soberanos do Brasil emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s, 1994-2002.........................................................................................91 Gráfico 2.4 – Evolução dos Ratings Soberanos da Argentina emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s, 1993-2002.........................................................................................91 Gráfico 2.5 – Evolução dos Ratings Soberanos Brasileiros e da Petrobras em Moeda Estrangeira, 1994-2002..................................................................................................107 Gráfico 2.6 – Evolução dos Ratings Soberanos Brasileiros e da Petrobras em Moeda Doméstica, 1994-2002...................................................................................................108 Gráfico 2.7 – Evolução dos Ratings Soberanos Argentinos e da Repsol-YPFP em Moeda Estrangeira, 1994-2002......................................................................................114 Gráfico 2.8 – Evolução dos Ratings Soberanos Argentinos e da Repsol-YPF em Moeda Doméstica, 1994-2002...................................................................................................115 Gráfico 3.1 – Evolução da Taxa de Crescimento do PIB e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002...................................................................................................131 Gráfico 3.2 – Evolução do IPC (1) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002....131 Gráfico 3.3 – Evolução do IPC (2) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002....132 Gráfico 3.4 – Evolução da Necessidade de Financiamento do Setor Público (%PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002....................................................................132 Gráfico 3.5 – Evolução da Dívida Externa sobre Exportações e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002...................................................................................................133 Gráfico 3.6 – Evolução das Transações Correntes (%PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002...................................................................................................133 Gráfico 3.7 – Evolução da Dívida Líquida do Setor Público (%PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002.................................................................................134 Gráfico 3.8 – Evolução da Dívida Externa Líquida do Setor Público sobre as Reservas Internacionais (%PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002.......................134 Gráfico 3.9 – Probabilidade de Ocorrência de Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos,1995-2002.................................................................139 Gráfico 3.10 – Comportamento do Rating Soberano Observado e Previsto, 19942002...............................................................................................................................141 Gráfico 3.11 – Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos do Brasil, 1994 – 2002 .............................................144 Gráfico 3.12 – Comportamento do Rating Soberano Observado e Previsto, 19942002..............................................................................................................................145. 10 Gráfico 3.13 – Identificação dos Ratings Soberanos o Beta Recursivo do Spread Brasileiro.......................................................................................................................151 Gráfico 4.1 – Evolução da Taxa de Crescimento do PIB e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002..................................................................................................160 Gráfico 4.2 – Evolução do IPC e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002.........160 Gráfico 4.3 – Evolução do Superávit Primário (%PIB) e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002..................................................................................................161 Gráfico 4.4 – Evolução da Dívida Externa sobre Exportações e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002..................................................................................................161 Gráfico 4.5 – Evolução das Transações Correntes (%PIB) e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002..................................................................................................162 Gráfico 4.6 – Evolução da Dívida Líquida do Setor Público (%PIB) e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002................................................................................162 Gráfico 4.7 – Evolução da Dívida Externa Líquida do Setor Público sobre as Reservas Internacionais (%PIB) e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002.......................163 Gráfico 4.8 – Probabilidade de Ocorrência de Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos, 1994-2002................................................................168 Gráfico 4.9 – Comportamento do Rating Soberano Observado e Previsto, 19942002...............................................................................................................................170 Gráfico 4.10 – Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos macroeconômicos da Argentina, 1994 – 2002 .......................................173 Gráfico 4.11 – Comportamento do Rating Soberano Observado e Previsto, 19942002...............................................................................................................................174 Gráfico 4.12 – Identificação dos Ratings Soberanos no Beta Recursivo do Spread Argentino.......................................................................................................................181 Gráfico 5.1 – Evolução do Fluxos de Caixa Retido sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................190 Gráfico 5.2 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida de Curto Prazo e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002......................................................191 Gráfico 5.3 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.............................................................191 Gráfico 5.4 – Evolução do EBIT Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................192 Gráfico 5.5 – Evolução do Fluxo de Caixa Livre sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................192 Gráfico 5.6 – Evolução do EBITDA Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................193 Gráfico 5.7 – Evolução da Dívida Total sobre o EBITDA dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................193 Gráfico 5.8 – Evolução do EBITDA menos Gastos com Capital Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002......................................................194 Gráfico 5.9 – Evolução da Dívida Total sobre a Capitalização Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................194 Gráfico 5.10 – Evolução da Dívida de Curto Prazo sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................195 Gráfico 5.11 – Evolução da Margem Bruta e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................................195 11 Gráfico 5.12 – Evolução da Margem Operacional e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................196 Gráfico 5.13 – Evolução das Gastos com Capital sobre a Depreciação e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................196 Gráfico 5.14 – Evolução da Receita Líquida Operacional e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................197 Gráfico 5.15 – Evolução das Reservas Provadas sobre a Produção e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................197 Gráfico 5.16 – Evolução das Reservas Provadas e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................198 Gráfico 5.17 – Evolução do Indexador de Vida das Reservas e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002................................................................................................198 Gráfico 5.18 – Evolução das Reservas Provadas sobre as Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................199 Gráfico 5.19 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Produção e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................199 Gráfico 5.20 – Evolução do Indicador de Recolocação de Reservas e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................200 Gráfico 5.21 – Evolução do Indicador de Sucesso das Perfurações e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002..........................................................................200 Gráfico 5.22 – Evolução do Custo de Extração e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002.....................................................................................................................201 Gráfico 5.23 – Evolução do Breakeven Fluxo de Caixa e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002....................................................................................................201 Gráfico 5.24 – Evolução do Perfil de Produção e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.....................................................................................................................202 Gráfico 5.25 – Evolução da Taxa de Crescimento da Participação do Brasil na Produção de Petróleo e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002...............................202 Gráfico 5.26 – Evolução da Taxa de Crescimento da Participação do Brasil na Produção de GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.......................................203 Gráfico 5.27 – Evolução da Taxa de Crescimento dos Royalties do Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1995-2002............................................................203 Gráfico 5.28 – Evolução do Preço da Commodity Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002.........................................................................204 Gráfico 5.29 – Evolução da Diferença do Crescimento da Produção da Petrobras sobre o Crescimento do Mundo e Brasil e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 19942002...............................................................................................................................204 Gráfico 5.30 – Evolução das Novas Descobertas de Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002.........................................................................205 Gráfico 5.31 – Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Corporativos Iniciais com Mudanças nos Indicadores Financeiros da Petrobras, 1994-2002...............................210 Gráfico 5.32 – Comportamento do Rating Corporativo Inicial da Petrobras Observado e Previsto, 1997-2002......................................................................................................212 Gráfico 5.33 - Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Corporativos Alternativos com Mudanças nos Indicadores Financeiros da Petrobras, 1994-2002 ...............................214 Gráfico 5.34 - Comportamento do Rating Corporativo Alternativo da Petrobras Observado e Previsto, 1997-2002.................................................................................215 12 Gráfico 5.35 – Identificação de Mudanças no Rating Soberano na Beta Recursivo da PETR3 ON -– jan./94 a dez./02....................................................................................217 Gráfico 5.36 – Identificação de Mudanças no Rating Corporativo na Beta Recursivo da PETR3 ON -– jan./94 a dez./02.....................................................................................219 Gráfico 5.37 – Identificação de Mudanças no Rating Soberano na Beta Recursivo da PETR4 PN -– jan./94 a dez./02......................................................................................220 Gráfico 5.38 – Identificação de Mudanças no Rating Corporativo na Beta Recursivo da PETR4 PN -– jan./94 a dez./02......................................................................................221 Gráfico 5.39 – Identificação de Mudanças de Rating Soberano e Corporativo na Beta Recursivo da PBR – ago./00 a dez./02..........................................................................223 Gráfico 5.40 – Identificação de Mudanças de Rating Soberano e Corporativo na Beta Recursivo da PBR/A – out./01 a dez./02.......................................................................224 Gráfico 6.1 – Evolução do Fluxo de Caixa Retido sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................237 Gráfico 6.2 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida de Curto Prazo e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.................................................238 Gráfico 6.3 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002........................................................238 Gráfico 6.4 – Evolução do EBIT Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002................................................................................................239 Gráfico 6.5 – Evolução do Fluxo de Caixa Livre sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................239 Gráfico 6.6 – Evolução do EBITDA Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002................................................................................................240 Gráfico 6.7 – Evolução da Dívida Total sobre o EBITDA dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002................................................................................................240 Gráfico 6.8 – Evolução do EBITDA menos Gastos com Capital Cobertura de Juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002..................................................241 Gráfico 6.9 – Evolução da Dívida Total sobre a Capitalização Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................241 Gráfico 6.10 – Evolução da Dívida de Curto Prazo sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................242 Gráfico 6.11 – Evolução da Margem Bruta e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002......................................................................................................................242 Gráfico 6.12 – Evolução da Margem Operacional e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002................................................................................................243 Gráfico 6.13 – Evolução das Gastos com Capital sobre a Depreciação e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................243 Gráfico 6.14 – Evolução da Receita Líquida Operacional e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002................................................................................................244 Gráfico 6.15 – Evolução das Reservas Provadas sobre a Produção e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................244 Gráfico 6.16 – Evolução das Reservas Provadas e dos Ratings Corporativos da RepsolYPF, 1994-2002.............................................................................................................245 Gráfico 6.17 – Evolução do Indexador de Vida das Reservas e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002...........................................................................................245 Gráfico 6.18 – Evolução das Reservas Provadas sobre as Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................246 13 Gráfico 6.19 – Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Produção e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1999-2002.....................................................................246 Gráfico 6.20 – Evolução do Indicador de Recolocação de Reservas e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1999-2002.....................................................................247 Gráfico 6.21 – Evolução do Indicador de Sucesso das Perfurações e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1999-2002.....................................................................247 Gráfico 6.22 – Evolução do Custo de Extração e dos Ratings Corporativos da RepsolYPF, 1994-2002.............................................................................................................248 Gráfico 6.23 – Evolução do Breakeven Fluxo de Caixa e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002................................................................................................248 Gráfico 6.24 – Evolução do Perfil de Produção e dos Ratings Corporativos da RepsolYPF, 1994-2002.............................................................................................................249 Gráfico 6.25 – Evolução da Taxa de Crescimento da Participação da Argentina na Produção de Petróleo e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002............249 Gráfico 6.26 – Evolução da Taxa de Crescimento da Participação da Argentina na Produção de GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002...................250 Gráfico 6.27 – Evolução da Taxa de Crescimento dos Royalties do Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.......................................................250 Gráfico 6.28 – Evolução do Preço da Commodity Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002.....................................................................251 Gráfico 6.29 – Evolução da Diferença do Crescimento da produção da Petrobras sobre o Crescimento do Mundo e Argentina e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 19942002...............................................................................................................................251 Gráfico 6.30 – Evolução das Novas Descobertas de Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1999-2002.....................................................................252 Gráfico 6.31 – Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Corporativos Iniciais com Mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002............................259 Gráfico 6.32 – Comportamento do Rating Corporativo Inicial da Repsol-YPF Observado e Previsto, 1994-2002..................................................................................261 Gráfico 6.33 - Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Corporativos Alternativos com Mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 ...........................263 Gráfico 6.34 - Comportamento do Rating Corporativo Alternativo da Repsol-YPF Observado e Previsto, 1994-2002..................................................................................265 Gráfico 6.35 - Probabilidade de Ocorrência dos Ratings Corporativos com Mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 ............................................266 Gráfico 6.36 - Comportamento do Rating Corporativo da Repsol-YPF Observado e Previsto, 1994-2002.......................................................................................................267 Gráfico 6.37 – Identificação de Mudanças no Rating Soberano no Beta Recursivo da YPFD -– jan./94 a dez./02.............................................................................................271 Gráfico 6.38 – Identificação de Mudanças no Rating Corporativo no Beta Recursivo da YPFD -– jan./94 a dez./02.............................................................................................274 Gráfico 6.39 – Identificação das Mudanças no Rating Soberano no Beta Recursivo da YPF – abr./94 a dez./02.................................................................................................276 Gráfico 6.40 – Identificação de Mudanças de Rating Corporativo no Beta Recursivo da YPF – abr./94 a dez./02.................................................................................................279 14 Índice de Tabelas Tabela 2.1 - Matriz de Correlação dos Indicadores Financeiros da Petrobras..............111 Tabela 2.2 - Matriz de Correlação dos Indicadores Financeiros da RepsolYPF...........118 Tabela 3.1 – Tendência Comportamental dos Fundamentos no Internvalo entre as Emissões de Rating, 1994-2002....................................................................................135 Tabela 3.2 – Modelo Inicial para o Rating Soberano Brasileiro Ordenado - Método Ordered Logit ...............................................................................................................137 Tabela 3.3 – Previsão da Variável Dependente Modelo Inicial – Ratings Soberanos......................................................................................................................138 Tabela 3.4 – Modelo Alternativo para o Rating Soberano Brasileiro Ordenado - Método Ordered Logit................................................................................................................143 Tabela 3.5 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo Brasileiro– Ratings Soberanos.......................................................................................................................143 Tabela 4.1 – Tendência Comportamental dos Fundamentos no Intervalo entre as Emissões de Rating, 1994-2002....................................................................................164 Tabela 4.2 – Modelo Inicial para o Rating Soberano Argentino Ordenado - Método Logit ..............................................................................................................................167 Tabela 4.3 – Previsão da Variável Dependente – Ratings Soberanos......................................................................................................................168 Tabela 4.4 – Modelo Alternativo para o Rating Soberano Argentino Ordenado - Método Ordered Logit................................................................................................................172 Tabela 4.5 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo Argentino – Ratings Soberanos.........................................................................................................172 Tabela 5.1 – Modelo Inicial para o Rating Corporativo Ordenado da Petrobras – Método Ordered Logit................................................................................................................209 Tabela 5.2 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial – Ratings Corporativos..................................................................................................................210 Tabela 5.3 - Modelo Alternativo para o Rating Corporativo Ordenado da Petrobras – Método Ordered Logit...................................................................................................213 Tabela 5.4 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo da Petrobras – Ratings Corporativos.....................................................................................................213 Tabela 6.1 – Modelo Inicial para o Rating Corporativo Ordenado da Repsol-YPF – Método Ordered Logit...................................................................................................257 Tabela 6.2 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial – Ratings Corporativos..................................................................................................................258 Tabela 6.3 - Modelo Alternativo A para o Rating Corporativo da Repsol-YPF - Método Ordered Logit................................................................................................................262 Tabela 6.4 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo A da Repsol-YPF – Ratings Corporativos..................................................................................................262 Tabela 6.5 – Modelo Alternativo B para o Rating Corporativo da Repsol-YPF – Método Ordered Logit................................................................................................................265 Tabela 6.6 – Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo B da repsol-YPF – Rating Corporativo.....................................................................................................266 15 Índice de Quadros Quadro 1.1 – Definições de Ratings de Crédito de Longo Prazo da Standard &Poor’s...........................................................................................................................33 Quadro 1.2 – Ordenamento dos Ratings de Crédito de Longo Prazo..............................34 Quadro 2.1 – Principais Trabalhos sobre os Determinantes dos Ratings Soberanos......73 Quadro 2.2 – Principais Trabalhos sobre os Determinantes dos Spreads Soberanos......75 Quadro 2.3 – Comportamento Esperado dos Fundamentos Macroeconômicos e dos Juros do Tesouro Americano sobre os Ratings e Spreads Soberanos.............................81 Quadro 2.4 – Transformação dos Ratings em Números..................................................82 Quadro 2.5 – Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002................................................87 Quadro 2.6 – Ratings Soberanos da Argentina, 1993-2002............................................89 Quadro 2.7 – Principais Trabalhos Sobre os Determinantes dos Ratings Corporativos....................................................................................................................95 Quadro 2.8 – Comportamento Esperado dos Indicadores Financeiros, de Produção e Reservas sobre os Ratings Corporativos.......................................................................106 Quadro 2.9 – Ratings Corporativos da Petrobras em Moeda Doméstica e Estrangeira, 1997-2002......................................................................................................................109 Quadro 2.10 - Ratings Corporativos da Repsol-YPF em Moeda Doméstica e Estrangeira, 1994-2002..................................................................................................116 Quadro 3.1 - Importância dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos Variável Dependente: Log (Spread Brasil)...................................................................149 Quadro 3.2 – Ratings Soberanos Brasileiros, 1998-2002 .............................................150 Quadro 3.3 – Teste de Estabilidade de Chow para o Spread Soberano Brasileiro Considerando as Mudanças de Ratings Soberanos – jan./98 a dez/02..........................152 Quadro 4.1 - Importância dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos Variável Dependente: Log (Spread Argentino).............................................................176 Quadro 4.2 – Ratings Soberanos Argentinos, 1999-2002 ............................................179 Quadro 4.3 - Teste de Estabilidade de Chow para Spread Soberano Argentino Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – 1999-2002................................182 Quadro 5.1 – Tendência Comportamental dos Indicadores Financeiros da Petrobras no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1997-2002...................................206 Quadro 5.2 - Tendência Comportamental dos Indicadores de Produção e Reservas da Petrobras no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1997-2002..............206 Quadro 5.3 – Teste de Estabilidade de Chow para a PETR3 ON e PETR4 PN Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – jan./94 a dez./02.......................227 Quadro 5.4 - Teste de Estabilidade de Chow para a PETR3 ON e PETR4 PN Considerando as Mudanças nos Ratings da Petrobras – jan./94 a dez./02....................228 Quadro 5.5 - Teste de Estabilidade de Chow para a PBR (ago./00 a dez./02) e PBR/A (out./01 a dez./02) Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos e Corporativos.................................................................................................................231 Quadro 6.1 – Tendência Comportamental dos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1995-2002.............................253 Quadro 6.2 - Tendência Comportamental dos Indicadores de Produção e Reservas da Repsol-YPF no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1995-2002........254 Quadro 6.6 – Teste de Estabilidade de Chow para a YPFD e YPF Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – 1994-2002...........................................................283 Quadro 6.7 – Teste de Estabilidade de Chow para YPFD e YPD, Considerando as Mudanças nos Ratings Corporativos, 1994-2002.........................................................284 16 Introdução As agências de rating fazem parte do mercado financeiro internacional desde o início do século 20, com as primeiras classificações destinadas às companhias ferroviárias dos EUA. Nos últimos trinta anos, a Securities and Exchange Commission – SEC – vem recomendando aos emitentes de dívida, que desejam se lançarem no mercado americano, um rating. Com a nova arquitetura do mercado financeiro ocorrida na década de 90, associada a um processo de diversificação das formas de captação de recursos, as emissões de rating tornaram-se importantes, principalmente para as empresas e países em desenvolvimento. O rating refere-se a “...uma opinião sobre a capacidade futura, a responsabilidade jurídica, e a vontade de um emitente de efetuar, dentro do prazo, pagamentos do principal e juros de um título específico de renda fixa...” (Moody’s, 1999a, p.5). Esse rating se desdobra em curto e longo prazo e em moeda doméstica e estrangeira. Ele, também, direciona-se ao emitente e à emissão, uma vez que ambos podem ter capacidades de pagamento diferenciadas ao longo do tempo. O emitente, por sua vez, pode ser um governo nacional ou subnacional ou uma empresa. Os governos recebem o rating soberano e as empresas, o rating corporativo. O rating de crédito soberano ou rating soberano considera a qualidade do crédito do governo nacional, de honrar as suas dívidas em moeda doméstica e estrangeira. Por outro lado, o rating corporativo é uma opinião sobre a capacidade de pagamento de empresas emitentes de dívida em ambas moedas (doméstica e estrangeira). A capacidade de pagamento é expressa por escalas: o mais alto refere-se ao grau de investimento; o intermediário, ao grau especulativo e o mais baixo, ao grau de default ou junk bond. 17 Para o mercado, as agências deveriam ser uma terceira pessoa na relação tomador/emprestador, onde fariam uma avaliação independente da real situação financeira do emitente de dívida. As agências não teriam incentivos em maquiar a situação financeira futura da empresa tomadora de recursos, pois se a indicação for errada, o mercado não irá demandar mais os seus serviços. Ou seja, o rating vale quando é crível. Mais ainda, o rating poderia ser um modo simples e compreensível de informar e atrair os investidores para títulos de dívida e ações. Após as últimas crises financeiras internacionais, muitas críticas foram dirigidas às agências de rating, com o propósito de saber quais as verdadeiras variáveis relevantes no processo de classificação. Isso porque o processo tem sido obscuro para o mercado. Mais especificamente, vários analistas afirmam que as mudanças ocorrem às avessas à tendência observada nos fundamentos macroeconômicos e à situação financeira das empresas. Em outras palavras, as agências têm alongado as crises e pouco previsto as mesmas, o que é sinal de fragilidade informacional (FERRI, LIU e STIGLITZ, 1999). No caso dos soberanos, os emitentes criticam as agências e seus ratings afirmando que os downgrades recebidos são sempre antecipados e os upgrades, quando recebidos, são atrasados. Por exemplo, no caso do Brasil pode-se citar alguns momentos interessantes quanto a atuação das agências, neste caso específico da Standard & Poor’s, e as respectivas críticas. O primeiro episódio refere-se ao comentário do Ministro Pedro Malan quando da indicação de um upgrade do rating em janeiro de 2001 “...esse reconhecimento viria mais cedo ou mais tarde. Este trimestre que se inicia será o décimo trimestre de cumprimento dos nossos objetivos fiscais...”. O segundo episódio ocorreu em agosto do mesmo ano. A Standard & Poor’s revisou as perspectivas de rating para o Brasil de estável para negativa. Nesta oportunidade, o Presidente FHC e o Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, criticaram a atuação das agências de rating. O Presidente FHC afirmou que “...elas têm errado muito...”. O presidente e o ministro afirmam que a sua opinião é também a de vários outros presidentes “...algumas agências exageram. Elas ficam se precavendo quanto à possível dificuldade de um país e aceleram estas dificuldades. Nós devemos tomar essas opiniões como opiniões privadas, sem refletir a opinião oficial de ninguém...” (INVERTIA, 2001). O último episódio referem-se as declarações feitas por dois executivos da agência – David Beers e John Chambers – ao afirmarem que os ratings soberanos do Brasil teriam dificuldade em receber uma reclassificação favorável, dado 18 que os candidatos à sucessão presidencial eram de esquerda – Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes -. O Presidente FHC desaprovou a opinião da agência com a seguinte frase “... Eleição é uma decisão que diz respeito exclusivamente ao povo brasileiro...os interesses nacionais serão preservados no futuro, como são hoje...” (INVERTIA, 2000; 2001). Em adição, o mercado alega que as agências não possuem incentivos em buscar informações pormenorizadas sobre os emitentes de dívida, dado o custo elevado de uma nova informação e, por isso, tendem a seguir o risco sistemático – de mercado –, ao invés do risco específico do governo soberano ou da empresa. Neste caso, os ratings emitidos passam a ser previsíveis, pois apenas lhes confere reproduzir a sensibilidade do mercado, por não possuírem conteúdo informacional. Adicionalmente, não há custos legais de um rating errôneo, em virtude do caráter opinativo dos ratings. Ou seja, as agências detém imunidade legal contra as ações de perdas e danos nos EUA, pelo preceito constitucional de liberdade de expressão. Os acadêmicos, por sua vez, contribuindo para o debate, procuram entender os ratings. A dificuldade, a princípio, concentra-se na determinação dos parâmetros e dos pesos dos indicadores econômicos e financeiros dados pelas agências aos ratings soberanos e corporativos, respectivamente. O trabalho de Cantor e Packer (1996) pode ser apontado como o início da procura pelos fundamentos macroeconômicos que explicam os ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s e o respectivo impacto no spread soberano, relativo ao conteúdo informacional deste rating. No Brasil, esta preocupação levou Canuto e Santos (2003) replicarem o estudo de Cantor e Packer (1996) para um número maior de países e para alguns anos à frente. O processo de avaliação do rating soberano apontado pelas agências engloba variáveis qualitativas e quantitativas. As qualitativas podem ser resumidas no risco político ou na previsibilidade e sustentação das políticas governamentais ao longo do tempo. Como quantitativas, existem diversas medidas de desempenho econômico e financeiro. Os fundamentos indicados pela Standard & Poor’s (2002c, p.10) como pertencentes ao processo de rating soberano são estrutura econômica e perspectiva de crescimento econômico, flexibilidade fiscal do governo nacional, estabilidade monetária, liquidez externa e dívida externa. O rating corporativo da Moody’s (2001b; 1999a; 1998b) é analisado obedecendo a uma pirâmide. O método de análise parte do geral para o específico e é conhecido 19 como bottom-up. O primeiro grupo de variáveis a serem analisadas são os fundamentos macroeconômicos – a base da pirâmide -; o grupo seguinte são as setoriais (competitividade e market share) – meio da pirâmide -; e o terceiro grupo são os da própria empresa – topo da pirâmide. No topo da pirâmide é contemplada a posição da empresa no mercado global, cuja análise é dividida em quantitativa e qualitativa. A quantitativa refere-se diretamente aos indicadores de performance financeira no presente e futuro. Por outro lado, a análise qualitativa relaciona-se ao perfil administrativo e estratégias da empresa. Algumas especificidades podem existir dependendo da característica da empresa e do setor, como é o caso das empresas petrolíferas. As empresas da indústria petrolífera têm os seus indicadores financeiros analisados similarmente aos das demais empresas industriais, com exceção dos indicadores de produção e reservas. Eles são construídos obedecendo às características próprias da commodity, tida como um recurso natural não renovável (SEC, 2004a; 2004b; 2004c). A despeito da metodologia de análise dos fundamentos macroeconômicos e dos indicadores corporativos realizada pelas agências, tradicionalmente, elas fixavam um limite máximo para o rating corporativo, que é o rating soberano do país domicílio. Este limite é chamado de teto soberano – sovereign ceiling – e pode ocorrer tanto para os ratings corporativos em moeda estrangeira como doméstica. Em moeda estrangeira, reflete a capacidade do emitente de gerar recursos nesta moeda ou ter acesso a estes recursos, a fim de pagar as dívidas, mesmo sob controle de capitais. O teto para a moeda doméstica está condicionado ao grau de impedimento ao acesso à moeda no mercado interno. A delimitação do teto soberano para os domiciliados no país tem sofrido pressões para uma revisão, uma vez que muitas empresas vêm tendo maior capacidade de honrar os seus compromissos financeiros que os governos soberanos. Isso se deve a elas pertencerem a uma classe produtiva privilegiada, caracterizada pelo seu porte expressivo, reconhecimento internacional quanto ao acesso ao mercado de capitais e possibilidades remotas de default. No caso de um pedido de default corporativo causado pelo controle de capitais por parte do governo soberano, os danos à economia nacional seriam incalculáveis. 20 Essa nova realidade vem fazendo com que as agências avaliem os emitentes de dívida sob dois cenários: (a) moratória conjunta; (b) moratória somente do governo soberano. No cenário b estão os emitentes com características excepcionais, que podem ultrapassar o rating soberano em moeda estrangeira, mesmo nos casos de moratória soberana. Mesmo com todos os informativos oferecidos pelas agências de rating, principalmente após as crises internacionais da Ásia e Rússia, não desapareceram as críticas, por parte do mercado, quanto ao processo de classificação considerado obscuro e subjetivo, quando não totalmente equivocado. Para os ratings soberanos, a grande dúvida reside nos fundamentos e no respectivo peso dado aos parâmetros, que se diferenciam em função do país analisado e do conteúdo subjetivo do risco político. De qualquer forma, os fundamentos macroeconômicos de maior incidência nos trabalhos são: taxa de crescimento do PIB real, dívida líquida do setor público sobre o PIB, necessidade de financiamento do setor público sobre o PIB, superávit primário sobre o PIB, inflação, transações correntes sobre o PIB, dívida externa líquida do setor público sobre as exportações e dívida externa líquida do setor público sobre as reservas internacionais. Algumas variáveis qualitativas fazem parte do processo de pesquisa, história de default e renegociação da dívida com credores. Os ratings corporativos são apresentados pelas agências como mais fáceis de classificar, dado que não possuem variáveis excessivamente subjetivas (perfil administrativo e estratégias da empresa), comparativamente aos soberanos. Acredita-se que, por isso, não são alvo de um grande número de trabalhos. As variáveis mais usadas nos trabalhos para entender o rating corporativo são divididas em: cobertura financeira, estrutura de capital, medidas de lucratividade e tamanho. Como salientado anteriormente, quando analisadas as empresas petrolíferas são adicionados os indicadores proteção ao fluxo de caixa e ativos, sucesso operacional e eficiência dos custos. Mesmo sob a alegação de menos difíceis de classificação, a priori, as agências também são acusadas de, por um lado, fazerem mudanças de ratings exageradas em momentos de crises, por outro, mudanças atrasadas, quando de consenso de mercado sobre a situação da empresa. Este trabalho nasceu do interesse em esclarecer qual é o conteúdo informacional dos ratings soberanos e corporativos, diante do leque de críticas, como visto acima. De 21 posse dos resultados quanto aos soberanos e corporativos, o alvo passou a ser identificar as variáveis que possibilitam às empresas romperem o teto soberano, dado que é tido como limite máximo para os domiciliados no país. Após uma varredura nas empresas petrolíferas classificadas pela Moody’s, onde se encontra a Petrobras, verificou-se que somente três (3) romperam o teto soberano em moeda estrangeira dos seus respectivos países. Foi verificado que a grande maioria das empresas petrolíferas classificadas pela Moody’s têm o rating em moeda doméstica acima do soberano, mas em moeda estrangeira, os casos são raros. Esses casos são: Petrobras/Brasil em 2001, Repsol-YPF/Argentina em 2001, Pemex/México em 20012002. Optou-se pelas empresas Petrobras e Repsol-YPF devido a facilidade na obtenção dos dados para o período de 1994 a 2002. Assim, visando responder aos objetivos deste trabalho: a) verificar o conteúdo informacional dos rating soberanos e corporativos e b) identificar quais as variáveis que proporcionaram o rompimento do teto soberano destas empresas, analisou-se o rating soberano do Brasil e Argentina e o rating corporativo da Petrobras e Repsol-YPF no período de 1994 a 2002. As perguntas relacionadas são: 1) Os ratings soberanos do Brasil e Argentina e corporativos da Petrobras e Repsol-YPF possuem conteúdo informacional além daqueles já disponíveis no mercado? 2) Quais as variáveis que permitiram ao rating corporativo em moeda estrangeira de longo prazo da Petrobras e Repsol-YPF romperem o teto soberano do Brasil e Argentina, respectivamente? Para responder as questões, desenvolver-se-á o seguinte roteiro: 1) para identificar o conteúdo informacional dos ratings, verificar-se-á a possibilidade de previsão dos ratings, a partir de um conjunto pequeno de informações relevantes disponíveis no mercado. No caso de ratings soberanos empregar-se-á os fundamentos macroeconômicos, como visto acima. No caso de ratings corporativos, as variáveis de performance financeira, de produção e reservas. Após uma análise descritiva, construirse-á um modelo empregando o método ordered logit, pouco usado na literatura, apesar de ser apontado como o melhor teoricamente, para a análise de ratings. Se após as análises dos resultados, se observar que os 22 fundamentos e indicadores tiveram um bom ajuste, isto sugere que os ratings são previsíveis e não contém informações privilegiadas. 2) para saber se mudanças de rating trazem informações novas ao mercado, usar-se-á, no caso de soberanos, o spread Brasil, por indicação da literatura. No caso de corporativos, o retorno de ações das empresas. A mudança de ratings pode sinalizar variações na capacidade de pagamento dos emitentes de dívida, e para empresas, evidenciar as alterações inesperadas de lucratividade. Neste caso, os ratings refletiriam no comportamento dos preços dos papéis (ações e spreads), gerando retornos imprevistos. Desta forma, em um modelo de mercado para previsão de retornos, mudanças de rating geram quebras estruturais. Em outras palavras, se as variações do rating não trouxerem informações novas, é porque refletem somente o sentimento do mercado. Então, não haverá quebras estruturais no modelo de previsão de retornos. O trabalho estruturar-se-á em três (3) partes. Na primeira parte apresentar-se-á em detalhe as definições, o processo de classificação, o papel e críticas aos ratings (capítulo 1) e a metodologia de análise e hipóteses do trabalho no capítulo 2. Na segunda parte, estudar-se-á os casos dos ratings soberanos do Brasil (capítulo 3) e da Argentina (capítulo 4). Na última parte, focar-se-á os ratings corporativos da Petrobras (capítulo 5) e da Repsol-YPF (capítulo 6), tentando entender o rompimento do teto soberano. Por último, a conclusão trará uma síntese dos resultados e comentários finais. 23 PARTE I Capítulo I: Definições Sobre Ratings: Agências, Escalas, Fundamentos e Teto Soberano Capítulo II: Metodologia para Análise dos Ratings Soberanos e Corporativos 24 1. Definições sobre Ratings: Agências, Escalas, Fundamentos e Teto Soberano A primeira parte que é composta pelos dois primeiros capítulos e tem como objetivo dar ao leitor as bases necessárias para prosseguir, sem problemas, na leitura da parte II - os capítulos 3 e 4 –referente as análises dos países e da parte III – capítulos 5 e 6 – referente a análise das empresas -. Nele estão contidas definições importantes sobre ratings soberano e corporativo e os fundamentos respectivos, ou seja, as informações qualitativas e quantitativas sobre países e empresas, respectivamente. Também, fazem parte do capítulo 2, algumas definições específicas sobre a metodologia para empresas petrolíferas, uma vez que são elas o alvo da nossa atenção e análise. Por fim, a apresentação e as considerações necessárias sobre o teto soberano e as possibilidades de rompimento, uma vez que fazem parte do objetivo deste trabalho. 1.1 Agências de Rating As agências de rating se apresentam como empresas independentes de qualquer interesse, quer por parte de governos ou de empresas privadas. Essa característica lhes permite ter como princípios: independência, objetividade, credibilidade e liberdade de divulgação de avaliações com relação à qualidade de crédito dos emitentes e emissões de dívida (STANDARD & POOR'S, 2002a, p. 3). Entretanto, é preciso que as agências convençam os emitentes de dívida da importância e necessidade da emissão de ratings, em virtude das recomendações da Securities and Exchange Commission – SEC -, para a inserção no mercado internacional. Também, alertem para um processo longo e 25 detalhado de análise da situação financeira e estratégica da empresa e das revisões periódicas. As principais agências de rating em nível mundial são a Standard & Poor’s e a Moody’s Investor Service, que juntas somam mais de 80% do mercado mundial (AFONSO, A. 2002)i. Essas agências iniciaram as atividades nos EUA e, recentemente, nos demais mercados. A Moody’s fez as primeiras classificações em 1909. Seus clientes iniciais foram às empresas de ferrovias dos Estados Unidos, seguidas das indústrias em geral e companhias de utilidade pública. Próximo aos anos 20, a agência classificou dívidas de cidades americanas e de municípios daquele país. Somente mais tarde, se voltou para os países e regiões de mercados financeiros maduros, tais como: Europa e Austrália (MOODY’S, 1999a). Nos últimos anos, como o desenvolvimento de novos produtos financeirosii, as agências têm procurado aumentar a sofisticação dos critérios e da metodologia dos ratings de crédito. Contudo, o rating é apresentado como uma opinião sobre a qualidade de crédito de um tomador de recursos – emitente de dívida - ou dele com respeito a uma obrigação financeira – emissão de dívida específica - (STANDARD & POOR'S, 2002). Para a Moody’s (1999a, p. 5), o rating constitui-se “...uma opinião sobre a capacidade futura, a responsabilidade jurídica, e a vontade de um emitente de efetuar, dentro do prazo, pagamentos do principal e juros de um título específico de renda fixa...". Em virtude dessa definição, a agência tem alertado para o fato de que o rating não é uma recomendação de compra ou venda ou indicação de investimento para um investidor específico. Mais ainda, o rating não foi concebido para avaliar outros riscos que possam estar envolvidos nos investimentos em renda fixa, como o risco de perda de valor de mercado de um título mobiliário, decorrente de variações cambiais, de juros ou da quitação do principal antes do seu vencimento. Então, o rating é somente mais um fator de decisão de investimento. E, neste caso, as agências aconselham os investidores a examinar, com suas próprias fontes informacionais, os valores mobiliários e as obrigações de dívida que desejam comprar ou vender (MOODY’S, 1999a, p. 13; STANDARD & POOR’S, 2002). Inicialmente, as agências classificavam somente debt securities, mas hoje, o rating é dirigido tanto para o emitente como para a emissão de uma obrigação financeira específica. As emissões específicas são classificadas conforme o prazo do instrumento de captação de recursos divididos em curto e longo prazo, por exemplo: certificados de 26 depósitos, empréstimos bancários sindicalizados, debêntures, commercial paper, etc. Os ratings de emitentes podem ser de curto e longo prazo e referem-se ao crédito soberano, corporativo e de contra-partes (counterparty). Muitas vezes, os ratings de curto prazo são vistos como indicadores da qualidade do crédito dos emitentes com relação às futuras dívidas de longo prazo. Em função dessa característica dual do rating de curto prazo, ele passa a ser uma referência a mais para o investidor de longo prazo. As dívidas caracterizadas como de médio prazo são endereçadas para o rating de longo prazo. Muitos serviços são oferecidos pelas agências de rating; contudo, é intencional disponibilizar somente as informações sobre aqueles que irão beneficiar o processo de análise deste trabalho. Por isso, o alvo é os ratings de emitentes de longo prazo, mais especificamente, os ratings soberanos e corporativosiii. 1.1.1 O Papel dos Ratings para o Mercado Para o mercado existe um problema sério entre tomadores e emprestadores. Por um lado, os tomadores – empresas - gostariam de receber as melhores taxas de juros ao pedir empréstimos ou na emissão de títulos de dívida. Por outro lado, os emprestadores desejam a certeza de que terão a totalidade dos montantes investidos. Paralelamente a esta dualidade de interesses, as regras de divulgação de balanços para as empresas de capital aberto tentam forçá-las a revelarem sua real lucratividade. Todavia, não só os balanços não trazem dados sobre a lucratividade futura, como esta lucratividade depende de estratégias e ações das empresas que não podem ser divulgadas, por questão de competição empresarial. Logo, a presença de informação assimétrica faz com que as empresas não tenham incentivos para divulgarem os seus problemas financeiros ou de lucratividade, também, para não serem penalizadas na captação de recursos (moral hazard). As agências de rating entram na relação tomador/emprestador como uma terceira pessoa, que irá ter acesso aos dados, possivelmente sigilosos do tomador – empresa. Assim, ela se dispõe a fazer uma avaliação independente da probabilidade de pagamento dos recursos captadosiv. 27 O argumento principal do mercado sobre as agências de ratings é de que elas vão refletir sobre a realidade financeira da empresa. Logo, as agências não têm incentivos em maquiar a situação financeira futura da empresa tomadora de recursos, pois se a indicação de rating for errada (p.ex.: um rating investment grade quando a empresa não possui condições de pagar as dívidas), o mercado não irá demandar mais os seus serviços, levando-a a falênciav. Em outras palavras, o rating vale apenas quando é crível. Assim, uma agência de rating se financia cobrando o custo de elaboração do rating. Um outro argumento importante do mercado para o rating se deve aos custos informacionais. Os analistas financeiros delegam às agências de rating, a avaliação de empresas e a emissão de opinião sobre a lucratividade futura dos tomadores de recursos. Isso é devido a impossibilidade de acompanhar satisfatoriamente o desenvolvimento de todas as empresas emitentes de títulos de dívida e ações, a um custo razoável. Neste caso, os custos do processamento das informações sobre emitentes são sintetizados no rating, e rateados entre os vários analistas financeiros. De acordo com Cantor e Packer (1994) era desta forma que as agências de rating se financiavam até os anos 70. Com o aumento da velocidade de processamento, difusão das informações pela microeletrônica e o caráter de bem público da informação, a demanda por relatórios de empresas produzidos pelas agências de ratings caiu expressivamente. Em seu lugar, as agências passaram a dar ênfase à cobrança de serviços. Atualmente, a Moody’s e a Standard & Poor’s cobram as indicações de rating dos emitentes de dívida. O terceiro argumento do mercado para a existência de ratings está relacionado ao caráter de síntese da informação disponível sobre a futura qualidade de crédito da empresa emitente, de modo simples e compreensível por todos. As agências de rating teriam o poder de equalizar as informações disponíveis e, com isso, atrair os investidores menos experientes ou com menos recursos para a coleta e processamento de informações. Esses investidores são caracterizados como potenciais demandantes dos títulos de dívida ou ações das empresas com rating (BOOT E MILBOURN, 2002). 1.1.2 Críticas sobre o Papel dos Ratings 28 Muitas são as críticas às agências de rating, mas as mais ferrenhas apontam para a inutilidade dos serviços oferecidos por elas, como segue. Conforme Partnoy (1999; 2002) pode-se apontar dois grandes problemas dos ratings soberanos e corporativos: o primeiro problema é baseado em trabalhos da literatura. Para o autor, os ratings não possuem conteúdo informacional. Ou seja, as mudanças de ratings ocorrem contemporaneamente as mudanças de spread de títulos de dívida; contudo, esta correlação não implica numa causalidade. De acordo com o autor, a causalidade é reversa, onde o mercado percebe a queda na qualidade de crédito da empresa, da mesma forma e intensidade que a agência de rating. Assim, quando é indicado um downgrade, as informações do mercado já apontavam para esta quedavi. Em suma, não há “capital reputacional” nos ratings. Segundo, conforme entendimentos do mercado, o custo de uma perda do “capital reputacional” pode ser elevado, principalmente nos EUA, se a indicação de ratings errados fossem passíveis de processos civis por perdas e danos. Todavia, como as agências de ratings explicitam em seus documentos de divulgação, “... a credit rating is Standard & Poor’s opinion of the general creditworthiness of an obligor, or the creditworthiness of an obligor with respect to a particulat debt security or other financial obligation, based on relevant risk fators. A rating does not constitute a recommendation to purchase, sell, ou hold a particular secutity. In addition, a rating does not comment on the suitability of an investment for a particular investor...” (STANDARD & POOR’S, 2002a, p.3). O caráter opinativo dos ratings confere às agências imunidade legal contra as ações de perdas e danos nos EUA, pelo preceito constitucional de liberdade de expressão. Ou seja, não há custos legais de um rating errôneovii. Desta forma, para Partnoy, os ratings são importantes apenas por questões regulatórias. A SEC recomenda que as emissões no mercado de títulos americano - o maior do mundo -, venham acompanhadas de ratings. Essa recomendação criou um mercado cativo para as agências de rating. O impacto sobre a necessidade de “capital reputacional” para as agências seria menor, caso o mercado fosse competitivo. Entretanto, a SEC, em meados dos anos 70, congelou a entrada de novas agências de rating para a certificação de Nationally Recognized Statistical Ratings Organization – NRSRO -, condição necessária para que o rating emitido seja validado por ela. Esse procedimento criou um efetivo monopólio (ou cartel)viii para as agências já existentes, 29 sem o perigo de possíveis entrantes. Em suma, não há custos significativos pela perda de capital reputacionalix. Outras críticas sobre as agências de ratings também ecoam o sentimento do mercado: • Viés sócio-cultural: vários agentes de mercado sentem que as empresas emitentes, que não seguem as idéias anglo-americanas de gestão e normas contábeis, são prejudicadas nas avaliações. Essa postura também é direcionada, no limite, para países (FIGHT, 2003). De acordo com a BBC apud Fight (2003), o governo dos EUA forçou a Moody’s a retirar o rating do Irã, após classificar o país como integrante do “Eixo do Mal”, em 2002. Assim, pode-se dizer que as agências e os EUA detém forte poder sobre o mercado financeiro, como segue: “...There are two superpowers in the world today in my opinion. There’s the United States and there’s Moody’s Bond Rating Service. The US can destroy you by dropping bombs, and Moody’s can destroy you by downgrading your bonds. And believe me, it’s no clear sometimes who’s more powerful...”(THOMAS FRIEDMAN apud PARTNOY, 2002, p.2). • Viés de conformidade: como num “concurso de beleza”, as agências de ratings raramente discordam entre si nas indicações de rating. • Poder sem responsabilidade: além do problema da imunidade legal, visto acima, não existe regulação externa – agência reguladora - sobre o método de análise usado pelas agências que compõem a NRSRO. Por isso, acredita-se que não exista necessidade de transparência nos métodos empregados para a emissão de rating (ao contrário do que é exigido em balanços contábeis)x. • Estratégia de punição por não comprar os serviços: a política da Moody’s de indicar ratings para qualquer emissão de títulos de dívida, em resposta a demanda da empresa emitente ou não, é vista pelos agentes de mercado como uma “chantagem” (HOUSE, 1995, p. 245). Essa chantagem apontada pelo mercado tem como base a crença de que os ratings não solicitados, são sempre piores do que os demandados pelas empresas emitentes. • Papel de seguidores do mercado: no caso de empresas emitentes de países emergentes, os ratings são vistos como “market followers” e nunca como líderes de mercado. Este argumento é similar ao do “concurso de beleza”, com a diferença de 30 que é observado ao longo do ciclo econômico. Kuhner (2001) usando a literatura sobre a teoria dos jogos, mostrou que é razoável esperar que as agências de rating não distingam o risco sistemático do risco específico. Entretanto, essa deveria ser a função do rating. Acredita, neste caso, que o risco sistemático ou de mercado é referendado por todos nos momentos de crise. Conclui dizendo que a agência de rating tende a seguir o risco sistemático, ao invés do risco específico da empresa em avaliação, para não ser contrária ao mercado e expor a sua credibilidade. • Incapacidade de efetivamente avaliar o risco: a alta rotatividade e baixos salários dos empregados das agências de rating é visto como evidência da incapacidade de atrair um pessoal capacitado e desenvolver um treinamento efetivo, que os habilite a uma correta avaliação de empresas e países (CANTOR E PACKER, 1994; HOUSE, 1995, FMI, 1999b). Após ter visto o que é uma agência de rating e o seu papel no mercado, se verá os tipos e escalas de rating. 1.2 Ratings Soberanos e Corporativos O rating de crédito soberano ou rating soberanoxi considera a qualidade do crédito do governo nacional de honrar as suas dívidas em moeda doméstica e estrangeiraxii. É um risco geral, similar ao risco sistemático, enfrentado pelas instituições domiciliadas no país. Contudo, o rating soberano não capta os riscos que se aplicam ao setor privado e às empresas de infra-estrutura. Nesse caso, as agências de rating incorporam o risco econômico ou risco-país no processo de avaliação do rating corporativo, pois pode interferir na qualidade de crédito da empresa emitente. Então, o risco-país aplicado ao rating corporativo tem como objetivo medir o impacto de políticas econômicas implementadas pelo governo nacional sobre o ambiente financeiro e comercial do emitente corporativo (STANDARD & POOR'S, 2002d). O rating corporativo ou empresarial, por sua vez, é uma opinião sobre a capacidade de pagamento de empresas emitentes de dívida. Quando existem contrapartes, o rating dessas instituições é parte integrante do processo de emissão do rating corporativo da empresa sob análise. Esse procedimento tem como intuito permitir a inferência sobre a capacidade de pagamento das contra-partes nos momentos de crise 31 financeira do mercado ou da empresa analisada. Entretanto, não é somado ao rating corporativo a capacidade das seguradorasxiii, dos avalistas ou outras empresas, somente para que seja melhorado o rating. Por outro lado, os ratings corporativos não se aplicam às dívidas específicas, pois não consideram a natureza e as provisões dessas dívidas, nos casos de falência ou liquidação, o estatuto da contra-parte ou as possibilidades de execução da obrigação. Em virtude dessas características, o rating corporativo não é uma recomendação de compra, venda ou qualquer outro ato, uma indicação de preço de mercado ou informações direcionadas especificamente para determinados investidores (STANDARD & POOR'S, 2002b). As agências ao analisarem a qualidade do emitente ou da emissão, baseiam-se em informações disponibilizadas pelas próprias empresas ou por outras fontes reconhecidas. Em virtude dessa prática, os ratings podem ser mudados, suspensos ou retirados da lista de rating da agência. Esse último é, geralmente, resultado de mudanças radicais na empresa ou falta de informações sobre a saúde dela. A seguir serão mostradas as escalas e suas particularidades. 1.2.1 Escalas de Rating Os ratings são expressos por símbolos. Esses símbolos são idênticos para emitentes e emissões de dívida. As definições de cada símbolo são similares às que expressam os riscos de default, ou seja, a probabilidade de não pagamento do principal e juros da dívida. Em outras palavras, mostra a capacidade e boa vontade do emitente de encontrar funding nos termos da dívida a ser paga. Também, pode ser entendido como uma proteção no caso de falência, reorganização da empresa e rearranjo, sempre obedecendo à lei de falência ou outras leis do país domicílio, que podem afetar os direitos dos credores. Inicialmente, as leis de regulação dos mercados bancários, de seguros, poupança e de empréstimos usavam as definições de - investment grade – speculative grade – default grade - para indicar a qualidade dos instrumentos analisados. Mais tarde, o mercado passou a incorporar essas definições para os títulos de dívida como um todo. Aproveitando essa divisão, a Standard & Poor’s (2002a, p. 7-8) divide os seus ratings nas quatro categorias, vide Quadro 1.1: (a) grau de investimento: AAA, AA, A, BBB; 32 (b) grau especulativo, BB até B; (c) as notas CCC até DS, ao grau de default ou junk bond (d) outros: a nota E. Em função dessa divisão, os investidores têm preferindo as dívidas pertencentes ao grau de investimento, como forma de melhor se protegerem do risco de não pagamento do principal e dos juros. Entretanto, aqueles mais propensos ao risco costumam optar pelas dívidas classificadas no grau especulativo, porque teoricamente possuem um maior retornoxiv. 33 Quadro 1.1 Grau Escala AAA AA Inv estim ento A BBB BB Especulativo B CCC CC Default C D DS Outros E Definições de Ratings de Crédito de Longo Prazo da Standard & Poor's Interpretação A capacidade do em itente de honrar os comprom issos financeiros da dívida é extrem am ente forte. A capacidade do em itente de honrar os comprom issos financeiros da dívida é m uito forte. A dívida é mais suscetível aos efeitos adversos de m udanças na conjuntura econômica, do que as categorias com rating AAA ou AA. A dívida exibe parâm etros adequados de proteção. Contudo, m udanças na conjuntura econôm ica podem levar o em itente a não honrar os com prom issos financeiros da dívida. A dívida está exposta as adversidades econômicas, financeiras e com erciais, que podem levar o em itente a ter pouca capacidade em honrar os com prom issos financeiros da dívida. A dívida está m ais exposta as adversidades econômicas, financeiras e com erciais, que prov avelmente prejudicarão a capacidade e boa v ontade do em itente de honrar os com promissos financeiros da dívida. A dívida é dependente de condições econôm icas, financeiras e comerciais favoráveis. O em itente, prov avelmente, não tem capacidade de honrar os com prom issos financeiros da dívida. A dívida é altam ente vulnerável as possibilidades de não pagam ento dos compromissos financeiros. A dívida encontra-se em situação de pedido de falência ou ação sim ilar por parte do emitente, desde que com a continuidade do pagam ento. As dívidas encontram -se em situação de inadim plência ou o em itente decretou sua falência. A dívida pertence a um em itente que não pagou uma ou mais de suas dív idas, com ou sem rating, na data do v encim ento das mesm as. A agência considera o em itente seletiv o em sua inadim plência, m as continuará a honrar o pagamento dos demais com prom issos financeiros nos prazos estabelecidos. As dívidas não são classificadas, por que os em itentes não disponibilizam as inform ações necessárias para o estabelecim ento do seu rating, dentro de um período m ínim o exigido. Fonte: Elaboração própria baseada em Standard & Poor's , 2002a; 2002b. 34 A Standard & Poor’s incorpora os sinais mais (+) ou menos (-), para mostrar a relatividade da nota dentro de cada categoria. A Moody’s, por sua vez, difere as categorias por letras maiúsculas/minúsculas e números seqüências, como pode ser visto do Quadro 1.2. Quadro 1.2 Ordenamento dos Ratings de Crédito de Longo Prazo Equivalência das escalas utilizadas pela Standard & Poor's e Moody's Outros Default Especulativo Investimento Grau Escala M oody's Escala Standard & Poor's Ordem Interpretação Aaa Aa1 Aa2 Aa3 A1 A2 A3 Baa1 Baa2 Baa3 Ba1 Ba2 Ba3 B1 B2 B3 Caa1 Caa2 Caa3 Ca C - AAA AA+ AA AAA+ A ABBB+ BBB+ BBBBB+ BB BBB+ B BCCC+ CCC CCCCC C D DS 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Altíssima qualidade - E - Alta qualidade Forte capacidade de pagamento Capacidade de pagamento adequada Obrigações c/ prob. de pagamento Incerteza Obrigações em alto risco Vulnerabildade corrente para estar ou entrar em default Falência ou default Indisponibilidade de informações Fonte: Elaboração própria baseada em BIS (2001), Standard & Poor's ( 2003) e Moody's (2003). As escalas e a interpretação para os rating de curto prazo estão no anexo 1, uma vez que não serão contemplados nas análises deste trabalho. 1.2.2 Outlook e Credit Watch A construção dos cenários positivo, estável e negativo para a capacidade de pagamento das dívidas, é realizada através do credit watch e do outlook. Esses cenários podem resultar numa possível mudança de rating. O credit watch é uma indicação de mudança de curto prazo. Na maioria das vezes, se deve a ocorrência de algum evento que altera a perspectiva do emitente no curto prazo e, por isso, ameaça a sua capacidade de pagar as dívidas dentro do prazo. São também definidos como cenários de curto prazo, aqueles que indicam as possibilidades de revisão do rating, como resultado de mudanças conjunturais. O emitente que está na listagem de credit watch não necessariamente terá seu rating alterado, por que o evento pode não ter tido a força esperada para uma mudança. O credit watch possui três indicadores potenciais de mudança de rating: (a) positivo, quando se espera que os acontecimentos no curto prazo irão levar a uma mudança de rating; (b) negativo, quando o rating pode ser rebaixado; (c) em desenvolvimento, quando os rumos da mudança são indeterminados (STANDARD & POOR’S, 2002a). A Moody’s (1999a) emite o rating acompanhado de uma indicação (action) – downgrade, upgrade, possível downgrade e possível upgrade -, que é similar ao credit watch. Para as mudanças de médio e longo prazo são indicados os outlooks. Os outlooks têm como objetivo sinalizar a tendência da capacidade de pagamento dos emitentes e emissões de seis meses a três anos, sugerindo um ambiente positivo, negativo ou estável. Os outlooks avaliam a tendência que o rating pode tomar no médio e longo prazo, em virtude de eventos que podem afetar a capacidade do emitente nesse períodoxv. A tendência do rating considera os fundamentos e as variações conjunturais do emitente. O credit watch e outlook não representam, necessariamente, uma mudança de rating futura, mas indicar uma tendência. 36 1.2.3 Default Os entendimentos sobre quais os momentos em que um emitente de dívida está em situação de default são controversas. O motivo deve-se às agências de classificação possuírem pontos de vista diferenciados quanto a essa situação. A Moody’s (2000a) define default como aqueles casos em que o emitente lança sinais ao mercado de que não irá pagar a dívida dentro do prazo de tolerância ou pagará fora desse prazo. Também nos casos em que, concretamente, o emitente não realiza o pagamento do principal e/ou juros ou o faz com atrasoxvi. O período de tolerância considerado pela Moody’s refere-se aquele em que o pagamento da dívida não foi realizado dentro do período de maturidade. Nesse contexto, incluem-se algumas mudanças no perfil da dívida que podem desestabilizar o processo, quais sejam: a) o emitente oferece aos credores uma nova dívida; b) pacote de títulos de dívida com soma inferior a inicial; c) liquidez menor ou maturidade e denominação da moeda, que dificulte o crédito. Recentemente a Standard & Poor’s (2002f) redefiniu seu entendimento sobre default de dívidas, em especial, de dívidas soberanas. Ela definiu default como "... a impossibilidade de um devedor em pagar o principal ou os juros na data devida (ou dentro da carência) contido nos termos originais da dívida...”(p.83). Na prática, existem três circunstâncias em que a agência caracteriza como default: • Quando o principal e/ou juros dos títulos de dívida em moeda doméstica e estrangeira não são pagos na data devida ou quando uma mudança do perfil da dívida contém termos menos favoráveis do que os da emissão inicial; • Quando o Banco Central converte a moeda expressa nos papéis, em outra moeda com menor valor de face. Por exemplo: Argentina – corralito, 2001; • Quando os juros de empréstimos bancáriosxvii não são pagos na data ou um novo agendamento do principal ou dos juros é acordado com os credores, com termos menos favoráveis do que o inicial. Tais reagendamentos de dívidas bancárias de curto e 37 longo prazo são considerados default, mesmo vindos de decisões judiciais ou regulatórias, ou nos casos em que os credores consideram o reagendamento como voluntário. Por exemplo: Argentina – redução unilateral dos juros da dívida externa, 2001. Nos primeiros defaults de governos soberanos, as agências relacionavam às guerras, políticas internas inconsistentes e choques externos advindos de crises financeiras de âmbito global. Nos últimos anos, principalmente, pós crises financeiras mundiais, são também considerados como uma possibilidade de default de soberanos, a presença de um sistema bancário fraco, indisciplina fiscal e problemas com a administração de dívidasxviii. Muitos analistas de mercado vêm percebendo diferenças marcantes quanto ao significado de default e o entendimento de default, este último vindo do poder judiciário. O uso indiscriminado da indicação de default tem feito com que os credores declarem judicialmente, a impossibilidade dos emitentes de dívida de cumprirem com as suas obrigações, o que lhes têm proporcionado sentenças favoráveis. Essa prática vem sendo combatida, com a indicação de default seletivo em muito dos casos (MOODY’S, 1999a). 1.2.3.1 Default Seletivo A Standard & Poor’s (2002a, p. 8) possui as seguintes interpretações em relação a escala D: (a) o pagamento do principal e dos juros não foi realizado no dia marcado. A agência acredita que esse período é de “adiamento” do pagamento e mantém o rating D. (b) no caso de falência voluntária ou ação similar, a agência indica o rating D. A exceção é dada para os casos em que o pagamento dos juros é mantido para uma dívida específica. No caso de ausência de default ou falência, é indicado um default técnico, pois se acredita na insuficiência de dados para a avaliação do rating D. (c) quando os títulos de dívida são recomprados ou recolocados por outros de menor valor. (d) quando não são pagos os dividendos ou juros de ações preferenciais ou de títulos de dívida. Pode ocorrer dos emitentes de dívida de curto e longo prazo deixarem de pagar uma dívida e, por isso, serem direcionados para o rating DS – default seletivo. Também, se o emitente for seletivo no pagamento das suas dívidas, ou seja, mantém o pagamento 38 de algumas dívidas ou classe de dívidas em detrimento de outras, ele é classificado com DS. Somente, quando os problemas financeiros levam o emitente de dívida para um default generalizado, é indicado o rating de escala D. As empresas corporativas podem receber o rating DS, quando usam como estratégia de mudança de perfil de dívida, o não pagamento de algumas das suas dívidas. Não é uma forma usual, dado que costumam usar outras estratégias de reestruturação do capital, mantendo-se solventes. A agência Standard & Poor’s vem procedendo mudanças de rating, quando ocorre o não pagamento de dívidas de disputas comerciais ou de dividendos de ações preferenciais (2002a, p.8). Os credores de dívidas soberanas possuem somente recursos legais em caso de default. Já os governos podem agir de forma seletiva quanto ao pagamento ou não das suas dívidas. Esse último caso é apontado como default seletivo e é fruto de um perfil de política econômica, que, geralmente, enfraquece a capacidade futura de pagamento do principal e dos juros da dívida. Neste caso, o default seletivo engloba tanto fatores políticos como econômicos. O default seletivo pode ocorrer para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira. Apesar do processo de análise das variáveis econômico-financeiras e políticas ser similar, a freqüência de default das dívidas em moeda doméstica e estrangeira e a abrangência dos efeitos nocivos dessa prática podem ser variados. Enquanto que a boa vontade do governo de honrar as suas dívidas em moeda doméstica – principalmente os serviços da dívida – esteja apoiada no seu poder de tributação e na sua capacidade em regular o sistema financeiro nacional, proporcionando recursos “ilimitados”; a boa vontade para o pagamento das dívidas em moeda estrangeira está relacionada as suas reservas internacionais, adquiridas através do saldo positivo em transações correntes e de capital. Esse diferencial entre as fontes de recursos para o pagamento das dívidas em moeda doméstica e estrangeira é que tem levado a uma maior freqüência de default em moeda estrangeira. 1.2.4 Rating Soberano 39 Como foi mostrado na seção 2 deste capítulo, o rating soberano mostra a capacidade futura e a disposição dos governos nacionais de honrarem os seus compromissos financeiros. Mais especificamente, pagarem o serviço da dívida pontualmente e integralmente (STANDARD & POOR'S, 2002c). A capacidade futura de um governo é determinada fixando-se um horizonte de cinco (5) anos e usando-se o pior dos cenários para um conjunto de fatores previamente selecionados. As reavaliações dos ratings são realizadas a cada novas informações e projeções do governo e de outros organismos independentes. Então, examinando essas informações no que concerne às finanças públicas, dívida externa, crescimento econômico, risco político, entre outras variáveis, as agências têm condições de mostrar os prováveis desdobramentos futuros dos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira. Então, os riscos de crédito dos governos nacionais não incorporam os riscos de outros emitentes e emissões privados. A indicação ou reavaliação do rating soberano não é imune ao descontentamento do governo soberano e outros emitentes domiciliados no país. Contudo, esse descontentamento não leva a uma revisão visando uma melhora da nota, dado que o rating é o resultado de informações de domínio do mercado. O processo de avaliação do rating soberano engloba tanto variáveis qualitativas como quantitativas. As variáveis qualitativas podem ser resumidas no risco político, e se referem: • Estabilidade e legitimidade das instituições políticas; • Participação popular nos processos políticos; • Probidade da sucessão das lideranças; • Transparência nas decisões e objetivos da política econômica; • Risco geopolítico; • Outros (caso necessário). Como variáveis quantitativas, encontram-se diversas medidas de desempenho econômico e financeiro, apesar do julgamento sobre a integridade dos dados ser subjetiva, como salientado anteriormente. Em função dessa subjetividade, as agências 40 não têm apresentado uma fórmula exata para o processo de rating soberano. Isso quer dizer que as variáveis de desempenho econômico-financeiro e de risco político são inter-relacionadas e os respectivos pesos não são fixos entre países, nem ao longo do tempo. Se o risco econômico está ligado à capacidade do governo de pagar os seus compromissos pontualmente e tem como determinantes as variáveis quantitativas e qualitativas, o risco político refere-se à disposição do governo em pagar as suas dívidas e de zelar pela estabilidade política interna. Pode-se dizer que a disposição em pagar as dívidas está relacionada ao perfil de governo, processo de estabilidade econômica e as relações com os credores internos e externos. 1.2.5 Dívidas Soberanas em Moeda Doméstica e Estrangeira A Standard & Poor’s (2002c) ao analisar o risco de default de dívidas soberanas em moeda doméstica tem como principal alvo às estratégias de governo, no que concerne às políticas monetária e fiscal, ao processo de privatizações e a outras variáveis determinantes da capacidade de pagamento das dívidas dentro da maturidade. Para as dívidas em moeda estrangeira, sua atenção é voltada aos possíveis desequilíbrios do Balanço de Pagamentos, aos prazos e volume da dívida externa e à disponibilidade de liquidez externa. É endereçado o rating AAA (na classificação da Standard & Poor's), de uma dívida em moeda doméstica, ao governo soberano que possui os seguintes requisitos: (a) instituições políticas estáveis e transparentes; (b) economias com horizonte econômico favorável e possibilidades de diversificação da atividade econômica; (c) políticas monetária e fiscal que sustentem o crescimento econômico. Em função da performance desses requisitos, a dívida em moeda estrangeira apresenta-se, também, em níveis administráveis, lhe cabendo o rating AA+, o mais elevado neste caso. Os ratings para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira podem apresentar diferenças expressivas, principalmente para aqueles países pertencentes ao grau especulativo na escala de ratings. Os países nessas condições se enquadram nas seguintes situações (STANDARD & POOR'S, 2002c): 41 a) apresentam um histórico de pagamento dos juros da dívida em moeda doméstica e estrangeira irrepreensível, finanças públicas relativamente sólidas e taxas de inflação sob controle. Entretanto, em função de uma política econômica mal sucedida, que interfira na taxa de câmbio e juros, o governo pode tornar a dívida externa de difícil administração; b) possuem um histórico de pagamento em moeda doméstica sem falhas, mas já foram inadimplentes quanto às dívidas em moeda estrangeira. A diferença entre os ratings das dívidas em moeda doméstica e estrangeira aumenta ou diminui conforme o resultado conjunto das finanças públicas, taxa de inflação, câmbio e juros e grau de endividamento externo. Essa diferença pode ser reduzida, quando os países se encontram mais abaixo na escala de ratings, ou seja, quando estão na base do grau especulativo (veja o Quadro 1.2). Assim, o estreitamento dos ratings se deve aos riscos de default em moeda doméstica e estrangeira refletirem o mesmo estresse econômico e político do país. Ou seja, devido aos erros de política econômica afetarem, num primeiro momento, as possibilidades de pagamento da dívida externa e, posteriormente, a dívida em moeda doméstica. Muitos são os fatores que podem distinguir os ratings em moeda doméstica e estrangeira. Ou seja, as dívidas em moeda doméstica são menos sujeitas ao default, por terem maiores fontes de financiamento. Já o default da dívida em moeda estrangeira é mais freqüente. 1.3 Indicadores de Risco Econômico e Político Os indicadores que no entender da Standard & Poor’s são importantes na avaliação dos ratings são (2002c, p. 5): • Previsibilidade e sustentação das políticas governamentais ao longo do tempo – fator denominado como risco político; • Estrutura econômica e perspectivas de crescimento econômico; • Flexibilidade fiscal que engloba o endividamento do governo, déficits do governo e outras pressões vindas do setor financeiro; 42 • Estabilidade monetária; • Liquidez externa e tendência da dívida externa pública e privada. No entender da Standard & Poor’s, os três primeiros fatores influenciam diretamente a “boa vontade” do governo em honrar as suas dívidas em moeda doméstica e estrangeira. No âmbito interno, pode estar ligado ao fraco desempenho da economia, uma vez que diminui a arrecadação e gera déficits governamentais continuados. No externo, o fraco desempenho somado a uma política monetária desestabilizadora pode pressionar, ainda mais, as contas do governo e as transações correntes e dificultar o pagamento da dívida externaxix. Pode-se dizer que o pagamento da dívida externa é, também restringido pela liquidez externa e pela tendência da dívida externa total – privada e pública, ou seja, pelos problemas no Balanço de Pagamentos, apontados como um dos principais fatores de default. Abaixo seguem breves comentários a respeito de cada um dos indicadores de risco político e econômico. 1.3.1 Risco Político O risco político é visto como um fator importante, na medida em que mostra a transparência das instituições políticas e, mais precisamente, quais os parâmetros freqüentemente usados na formulação de políticas econômicas e no conserto dessas políticas. 1.3.2 Risco Econômico Abaixo, o entendimento das agências de rating sobre os indicadores do risco econômico. 1.3.2.1 Estrutura Econômica e Perspectivas de Crescimento Econômico 43 Para a Standard & Poor’s, a estrutura econômica mundial deve tender para economias mais descentralizadas e com direito de propriedade amparados por lei. Com isso, a agência acredita que os países passam a ter maiores condições de implementar políticas econômicas eficientes e de honrarem, mais facilmente, os seus compromissos financeiros junto aos credores internos e externos. A agência enfatiza ainda que uma economia com um Estado centralizador pode levar ao nepotismo, políticas econômicas errôneas e a freqüentes insatisfações populares ( 2002c, p.6). A insatisfação popular, por seu turno, pode vir da falta de perspectiva de crescimento econômico. A perspectiva de crescimento econômico é vista através do padrão de vida da população e da distribuição de renda. Essas características quando positivas são favoráveis ao país, porque permitem suportar uma carga maior de dívidas e choques econômicos e políticos inesperados. Um país com baixas perspectivas de crescimento econômico tende a estar mais vulnerável nos momentos de crise financeira internacional, uma vez que essa crise pode contagiar o seu ambiente interno e levá-lo a uma crise generalizada. 1.3.2.2 Flexibilidade Fiscal É um dos fatores de maior importância na atualidade, quando se trata do processo de rating soberano. Essa flexibilidade refere-se ao desempenho da receita, despesa e tendência do balanço fiscal do governo. Para a Standard & Poor’s, o perfil de financiamento do governo, o impacto de mudanças na taxa de inflação sobre as suas contas e a evolução do processo de arrecadação são indicativos de qualidade de crédito soberano. Para essa agência (2002c), os governos soberanos que possuem uma maior flexibilidade fiscal têm uma base de arrecadação mais ampla e menores alíquotas. Em função disso, podem mudar mais facilmente essa realidade, sem enfrentar problemas constitucionais, políticos e administrativos. Os países com flexibilidade fiscal baixa têm como principais motivos os gastos expressivos e ineficientes, as pressões políticas e uma base de arrecadação baixa com alíquotas altas. 44 No âmbito social, uma maior flexibilidade fornece uma melhor qualidade de vida à população e maiores possibilidades de transparência nos processos de licitação de serviços públicos e na prestação de contas à sociedade. 1.3.2.3 Endividamento do Governo Soberano As mudanças ocorridas no mercado financeiro nas últimas décadas têm propiciado aos governos soberanos o aumento do leque de opções de endividamento. Nesta rubrica, a Standard & Poor’s tem observado duas realidades. A primeira, deve-se aos governos apresentarem níveis baixos de endividamento, mas fortes possibilidades de default ou de default seletivo. A segunda, por possuírem uma substancial carga de endividamento, mas, muitas vezes, um histórico de cumprimento do pagamento irrepreensívelxx. 1.3.2.4 Estabilidade Monetária A estabilidade monetária é um dos principais indicadores para a determinação da qualidade de crédito soberano. Muitos governos usam da criação de moeda – monetização - como uma política de geração de crédito. A monetização em excesso tende a aumentar a inflação e, com isso, reduzir o apoio popular ao governo. Então, a inflação, além de abalar a confiança nas instituições políticas, pode levar a um default soberano no curto prazo. Frente aos possíveis problemas, os formuladores de política econômica vêm preferindo políticas monetárias mais acomodadas, ou seja, sem incorrer em aumentos expressivos na base monetária ou reduções na taxa de juros. A Standard & Poor’s (2002c, p. 10) também considera como indicadores de estabilidade monetária: • O comportamento dos preços nos ciclos econômicos anteriores; • A estrutura de vencimentos da dívida do setor público – montante, moeda e prazo de vencimento; 45 • A possibilidade de empréstimos futuros; • A tendência de crescimento da moeda e crédito domésticos; • A independência do Banco Central; • A eficiência da política monetária. Para a agência (2002c), uma taxa de inflação baixa é uma indicação, dentre outras coisas, de um banco central independente, que busca salvaguardar o valor real da moeda e dos contratos financeiros. Neste caso, a oferta de moeda vem de um sistema monetário (Banco Central e Comerciais) transparente e bem desenvolvido. 1.3.2.5 Liquidez Externa e Dívida Externa O equilíbrio do Balanço de Pagamentos é, também, um fator importante na determinação do rating soberano, por que indica o impacto da política econômica sobre as relações do país com o resto do mundo. Sabe-se que as pressões externas surgem freqüentemente de políticas econômicas mal sucedidas, que afetam o financiamento do déficit em conta corrente Os governos soberanos que registram ratings mais baixos têm, na sua maioria, uma parcela maior da dívida em moeda estrangeira e doméstica nas mãos de investidores estrangeiros. Esse perfil, via de regra, pressiona as finanças dos governos, porque um breve descompasso cambial ou choque externo pode dificultar o acesso aos mercados financeiros e aumentar as chances de não pagamento das dívidas. Neste caso, esses governos tendem a ter reservas internacionais acima da média, em relação aos governos soberanos com ratings superiores. A dívida externa do setor público e privado é alvo de grande atenção da Standard & Poor’s, em virtude da obrigatoriedade do pagamento do principal e dos juros, tanto nos momentos de crescimento como de recessão. Entretanto, dentro dessa rubrica, o principal alvo está na magnitude da dívida do setor público e, em épocas de crise internacional, na relação reservas internacionais/pagamento dos juros da dívida externa total. 46 No que se refere à dívida externa do setor público, consideram-se as dívidas do governo nacional e subnacionais e a dívida de entidades garantidas pelo governo. A Standard & Poor’s salienta que a dívida externa do setor privado é analisada somente nos momentos de crise financeira, por que nesses momentos, ela é, geralmente, transferida para o governo soberano. Salienta-se, oportunamente, que esse entendimento reflete um viés ideológico, que não será discutido neste trabalho. 1.4 A Importância do Rating Soberano para as Empresas Corporativas A Standard & Poor’s (2002d) avalia a qualidade de crédito de emitentes em moeda estrangeira e doméstica de vários países, mas a influência dos ratings soberanos sobre esses emitentes é variada. Salienta que quando o país recebe um rating inferior a AA (escala da Standard & Poor’s), é preciso que o risco-país seja analisado com mais cuidado. O rating soberano em moeda doméstica e estrangeira mostra o risco que é enfrentado pelos emitentes locais, apesar de não captar a totalidade desses riscos. Por isso, a Standard & Poor’s emite ratings corporativos, que avaliam os riscos econômicos ou o risco-país específico dos emitentes, que podem afetar a qualidade de seu crédito. O risco–país refere-se ao impacto que as políticas econômicas do governo soberano exercem sobre as finanças e competitividade das instituições domiciliadas na sua jurisprudência. O risco-país possui um papel importante na determinação dos ratings atribuídos aos emitentes domiciliados no país em questão. Isso se deve à forte influência direta e indireta que as situações de desequilíbrio macroeconômico exercem sobre os ratings das demais instituições. O rating de emitentes e emissões de empresas domiciliadas no país pode ser superior, inferior ou igual aos ratings soberanos. Para ser superior, o emitente deve ter maior capacidade de crédito que os governos soberanos e, também, menor vulnerabilidade frente à imposição de controles cambiais, que possa levá-lo ao não pagamento da sua dívida. Em outras palavras, deve possuir um risco de default menor que o apresentado pelos governos soberanos. 47 Esse caso é encontrado em ratings corporativos, quando a empresa é voltada para o mercado internacional e possui particularidades que a tornam mais sólida que o governo do seu país de domicílio. Também, a superioridade pode ser devido a presença de garantias físicas (colaterais), em função de recomendações vindas das agências de rating ou de analistas independentes. 1.4.1 Risco–país Como visto, os ratings soberanos são baseados em análises dos fundamentos macroeconômicos e corporativos. A mudança dos fundamentos soberanos e corporativos pode alterar o sentimento do mercado – spread -. Contudo, as agências alegam que o rating possui informações adicionais ao spread, logo os ratings conduzem as mudanças do mercado e não o contrário. A predição de default pelo mercado segue um modelo baseado no comportamento dos preços de ações ou de títulos de dívida. Esses modelos sugerem que, quando o spread é declinante, provavelmente existe ausência de risco e quando é ascendente, existe risco. Para as agências, as decisões de crédito baseadas em tais modelos geram uma volatilidade crescente e default auto-realizável. Por esse motivo, o processo de rating não considera as informações relativas ao comportamento do valor de mercado das ações e de títulos de dívida. O risco-país tem como determinantes os fatores econômico-políticos a seguir (STANDARD & POOR’S, 2002d): (a) crescimento econômico; (b) estabilidade econômica interna; (c) taxa de juros e de inflação; (d) política cambial; (e) estabilidade política; (f) maturidade do sistema bancário e do sistema de pagamentos; (g) amplitude do mercado de capitais; (h) integração global e regional; (i) grau de dependência em relação ao fluxo do investimento externo direto (IED) e a carteira de investimentos. O risco setorial está ligado aos riscos específicos de uma indústria, dentro do qual o emitente – empresa – opera: (a) leis trabalhistas; (b) infra-estrutura; (c) práticas contábeis; (d) marco regulatório; (e) linhas de crédito; (f) leis tributárias; (g) níveis de corrupção. 48 Conforme apontado, o rating corporativo pode ser superior ao soberano, considerando os fundamentos macroeconômicos e corporativos. 1.5 Independência do Rating Corporativo É possível afirmar que os ratings soberanos abrangem os riscos de crédito dos governos nacionais, mas não consideram os riscos específicos de default dos emissores domiciliados no país em questão. Entretanto, é importante afirmar que o risco soberano é incluído na análise de crédito das instituições privadas ali domiciliadas, porque as políticas adotadas pelos governos afetam diretamente o ambiente financeiro e operacional desses emitentes. Na ausência de controles cambiais, os ratings corporativos referem-se à capacidade e boa vontade dos emitentes de honrarem pontualmente e completamente as dívidas em moeda doméstica e estrangeira. Contudo, em muitos casos, os emitentes privados podem ser levados ao default da dívida externa, quando da imposição desses controles, que os impeçam de cumprir com as obrigações, apesar dos seus antecedentes de boa qualidade de crédito. Os controles cambiais também dão ao governo o direito sobre as divisas disponíveis no mercado e, com isso, diminuem a capacidade de pagamento dos emitentes para com as dívidas em moeda estrangeira. Logo, quando esses emitentes não possuem um suporte financeiro adequado (controladora estrangeira, negócios no exterior, etc.) ou características estruturais fortes que os tornem independentes do rating soberano em moeda estrangeira, é provável que recebam um rating corporativo igual ou inferior ao soberano do país domicílio. A independência do rating corporativo em moeda estrangeira do rating soberano de mesma moeda pode ocorrer quando o risco de interferência soberana é menor que o risco de default soberano. Apesar de raros, esses casos são apontados como possíveis pela Standard & Poor’s. Para as dívidas em moeda doméstica, a ultrapassagem do rating soberano pelo corporativo é mais freqüente. As ocorrências se devem ao acesso à moeda doméstica ser ilimitado. Apesar dessa aparente liberdade de acesso aos meios de pagamento, o risco de default soberano sempre está presente de forma indireta. Quando 49 o governo soberano enfrenta momentos de dificuldade ou está na iminência de se tornar inadimplente, as condições econômicas e comerciais passam a se tornar difíceis também para as instituições domiciliadas no país. Assim, somente aquelas instituições que apresentam excelentes condições financeiras e operacionais, que possam reduzir o grau de risco de crédito, recebem um rating mais alto que o rating do governo soberano. 1.6 Ultrapassando o Teto Soberano em Moeda Doméstica e Estrangeira Tradicionalmente, o teto soberano é definido como o limite máximo que o rating de empresas privadas, públicas e garantidas pelo governo podem alcançar para dívidas em moeda doméstica e estrangeira. O teto soberano para a moeda estrangeira reflete a capacidade do emitente de gerar recursos em moeda estrangeira ou ter acesso a estes recursos, a fim de pagar as dívidas, mesmo sob um controle cambialxxi. Este teto é usualmente o próprio rating soberano nesta moeda. A razão para isso é apontada pela Moodys (1999a), a partir do seguinte entendimento: um Governo Nacional tem mais habilidade em mobilizar ativos em moeda estrangeira, dentro do próprio domínio, quando comparado a qualquer outra instituição domiciliada no país. Por sua vez, o teto para a moeda doméstica esta condicionado ao grau de impedimento ao acesso à moeda (por exemplo, corralito argentino). A despeito da metodologia do teto soberano, as últimas crises financeiras de governos soberanos desenvolvidos e emergentes têm gerado pressões para a revisão da metodologia do teto soberano. Assim, as agências têm procurado melhorar a avaliação considerando a capacidade e independência dos emitentes privados em relação às políticas praticadas pelo governo do país de domicílio. A Standard & Poor’s (2001a, 2001c) tem afirmado que o uso do termo “teto soberano” (sovereign ceiling) é incorreto, por que traz uma imagem enganosa da qualidade de crédito dos emitentes de dívida privados. Então, a Standard & Poor’s vem atribuindo ratings aos emitentes privados "... avaliando o impacto do risco soberano sobre a qualidade de crédito de cada emitente e como ele pode afetar a capacidade desse emitente em cumprir com as suas obrigações, segundo as condições de um determinado instrumento de dívida..." (2001a, p.1). Em virtude dos entendimentos errôneos por parte 50 do mercado, a Standard & Poor’s (2001a) procura esclarecer a relação existente entre o rating soberano e o corporativo de emitentes domiciliados no país, mostrando que quando o país enfrenta dificuldades ou está em situação de default, a probabilidade de aumentar as dificuldades para os demais emitentes privados situados no país também aumenta. Então, existe um forte vínculo entre os ratings. Contudo, esse vínculo pode ser diferente para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira. Para a Moody’s (2001a), o entendimento de teto possui algumas particularidades que diferem da Standard & Poor’s. Para ela, os ratings de dívidas do governo soberano em moeda estrangeira servem de teto para os ratings de dívidas em moeda estrangeira de emitentes privados domiciliados no referido país. Os fundamentos para a fixação do teto em moeda estrangeira baseiam-se nos riscos de Transferência & Conversibilidade T&C - de moeda estrangeira para todos os emitentes nacionais. Ou seja, o teto soberano refere-se ao fato do governo, em momentos de crise da dívida externa, deter o poder de impedir a saída de moeda estrangeira, inclusive o pagamento de dívidas externas privadas. Entretanto, a experiência vivida pela Moody’s, nos últimos anos, tem mostrado que a política de teto soberano deve ser revista, em virtude da atual rigidez imposta aos domiciliados no paísxxii. Nos últimos anos, muitos governos soberanos sob forte crise financeira decretaram moratória do pagamento da dívida em moeda doméstica e estrangeira. Entretanto, esse default por parte do governo não gerou pressão sobre os setores privados, para que também tivessem as suas dívidas não pagasxxiii. Ou seja, a relação existente até então, entre o rating soberano e os corporativos foi modificada, por que apesar do ambiente hostil enfrentado por esses emitentes, eles não foram contaminados pela moratória soberana. Em outras palavras, os governos preferiram não implementar o controle cambial, como forma de evitar a saída de divisas e, assim, possibilitar a continuidade do pagamento das dívidas em moeda estrangeira para os demais emitentes. Essa decisão tem, implicitamente, o entendimento de que muitos emitentes podem pertencer a uma classe privilegiada, caracterizada pelo seu porte expressivo, reconhecimento internacional quanto ao acesso ao mercado de capitais e cuja possibilidade de default causaria fortes danos à economia nacional. Os danos à economia podem estar relacionados ao significativo crescimento do setor privado em muitos países, mas principalmente devido ao forte impacto de uma 51 moratória conjunta – pública e privada - sobre os credores domésticos e internacionais. Então, de acordo com as agências de rating, a prática tem levado o governo soberano, em momentos de crise financeira, a evitar o controle cambial e uma conseqüente moratória aos demais emitentes de dívida sob sua jurisdiçãoxxiv. Essa nova realidade vem fazendo com que as agências avaliem os emitentes de dívida sob dois cenários: (a) moratória conjunta e (b) moratória somente do governo soberano. Em cada cenário, o risco-país exerce poder diferenciado sobre o emitente não governamental. No primeiro caso, o risco é, na maioria das vezes, superior ao do cenário B; contudo, os emitentes com características excepcionais podem ultrapassar o rating soberano em moeda estrangeira, quando a moratória é somente do governo soberano. Os impactos do risco-país sobre a qualidade de crédito dos emitentes privados do país podem ser dos mais variados. Pode-se começar pelos fatores específicos que dizem respeito à capacidade dos emitentes privados pagarem integralmente e pontualmente a sua dívida, mais os riscos de uma intervenção governamental, usando o controle cambial ou a moratória conjunta da dívida. Em outras palavras, os ratings soberanos e corporativos consideram as variáveis relacionadas ao ambiente econômico, político, social e as relações comerciais do país com o resto do mundo (STANDARD & POOR’S, 2001a). Os fatores relacionados com a capacidade dos emitentes privados de ultrapassarem o teto soberano em moeda estrangeira são (MOODYS, 2001a; STANDARD & POOR’S, 2001a, 2001c): • o emitente possui significativo percentual de ativos e de negócios fora do país de domicílio – conhecido como diversificação geográfica; • a controladora disponibiliza apoio financeiro e garantias para o emitente de dívida, além do habitual suporte financeiro externo – por exemplo: financiamento bancário externo; • a probabilidade de moratória é exclusiva do governo soberano; • existe acesso às fontes de financiamento externo para aquisição de moeda estrangeira sem possibilidades de intervenção governamental (exportação e importação de bens e serviços e obtenção de empréstimos); 52 • os emitentes de dívida são domiciliados em países dolarizados – por exemplo: Argentina e Uruguai até 2001 – ou pertencentes a uma união monetária, cujo Banco Central do Bloco Econômico possui um rating superior ao do país, por exemplo: União Monetária Européia. • existem expressivas melhorias estruturais específicas à emissão de dívida. A conjunção desses fatores tem ajudado os emitentes privados a obterem ratings corporativos acima dos respectivos soberanos e não participarem de moratória conjunta. Alguns casos especiais podem ser vistos nos mercados emergentes, apesar de apresentarem constantemente instabilidade econômica e política. Para os emitentes privados desses mercados, a política de teto soberano aplicado pelas agências ainda é muito rígida. As agências apontam como causas para essa rigidez, a grande incerteza quanto à condução da política econômica e as suas repercussões nos setores produtivos e no ambiente social. A despeito da incerteza inerente aos emergentes, a moratória da dívida externa soberana, nos últimos anos, tem tido repercussões modestas sobre os ratings corporativos de emitentes privados do país. Isso tem sido endereçado à expectativa das agências e do mercado, quanto às reformas estruturais – tributária, previdenciária, trabalhista, financeira, etc. – e ao cunho liberal implementado nas décadas de 80 e 90, com amplo apoio do FMI (STANDARD & POOR'S, 2001a, p.2). 1.7 Rating Corporativo O rating corporativo é o resultado de análises de empresas, onde são identificadas as características e procedimentos que levam ao sucesso e aqueles que conduzem à vulnerabilidade dos negócios. As agências de classificação Standard & Poor’s (2002a) e Moody’s (2001b; 2003a) constroem vários indicadores quantitativos e qualitativos, como forma de melhor captar o desempenho das empresas no curto e longo prazoxxv e de como é administrada a empresa, respectivamente. Esses indicadores podem ser considerados dentro de uma estrutura de análise de pirâmide, que será visto em detalhe na seção 1.7.4. O processo 53 para a determinação do rating corporativo reúne os analistas da agência de rating com a administração da empresa, e compreende um “procedimento longo e detalhado” conforme Moody’s (1999b). 1.7.1 Rating de Empresas Emitentes e de Emissões Corporativas – Notching up ou Down A Standard & Poor’s (2002a) avalia as empresas sob dois ângulos: (a) do emitente; (b) da emissão específica. A despeito dessa diferença, o rating de uma emissão pode estar relacionado positivamente ou negativamente ao rating do emitente. Essa relação é chamada de grau ou ponto (notching). Então, as emissões são ponto acima – notching up - ou ponto abaixo – notching down - em relação ao rating do emitente. Contudo, essa relação entre o emitente e a emissão depende da estabilidade e qualidade dos indicadores de performance dos envolvidos - emissão e emitente -. Os indicadores de ponto acima e abaixo são baseados em sistemas legaisxxvi da jurisdição que governa o instrumento de dívida específico. Entretanto, as agências medem a relação usando duas variáveis: (a) oportunidade de recuperação; (b) potencial de recuperação da empresa em virtude das possibilidades de default - total ou seletivo. No caso de uma empresa estar em processo de recuperação de um default, mas constar no histórico a passagem pelo grau de investimento, terá a variável “oportunidades de recuperação” com maior peso. No caso inverso, se tiver um rating de grau especulativo ou menor, e nenhuma passagem pelo grau de investimento, terá o peso direcionado para a variável “potencial de recuperação”. Então, os aumentos do risco de default redirecionam o peso das variáveis e a relevância relativa sobre as análises de rating corporativo. A presença de um ponto acima numa emissão específica pode possibilitar o rompimento do teto do rating do emitente corporativo. Isso ocorre quando a emissão tem 100% de probabilidade de recuperação do montante principal da dívida naquele momento específico. Do contrário, além de tomar a posição de ponto abaixo, não tem a possibilidade de rompimento do teto corporativo. Neste caso, as agências de rating recomendam que a empresa tenha potencial de pagamento imediato de no mínimo 80% 54 ou 90% do montante principal, para evitar reduções significativas no rating da emissão. Contudo, uma probabilidade de recompra muito baixa pode ser um problema de liquidez interna e/ou externa ou ainda de funding. A Standard & Poor’s (2002e) entende que a falta de liquidez no mercado limita o acesso e, na ausência de fontes alternativas de funding, aumenta o risco de default do emitente. Em função desse novo ambiente, as agências têm priorizado nas análises a liquidez contingente, garantias (colateral) e metas, comparativamente aos indicadores de performance comumente analisados. 1.7.2 Avaliações de Empresas Privadas, Públicas e Garantidas pelo Governo As agências também estão revendo, desde 1999, a forma como avaliam a qualidade de crédito das empresas públicas, privadas e garantidas pelos governos nacionais e subnacionais. Anteriormente, as agências analisavam a qualidade desses créditos, considerando a existência de forte ligação entre eles e a exposição das empresas às possibilidades de controle cambial e de moratória conjunta. Nos últimos anos, essa análise de crédito dos emitentes é realizada observando os próprios fundamentos e os vínculos com o governo. Em outras palavras, deseja-se saber o quão estreitos são esses vínculos em termos de benefícios, contratos/parcerias e durabilidade. É uma nova postura de análise, onde cada emitente cumpre com as exigências disciplinares do mercado. A Standard & Poor’s (2001a, p. 4-5) acredita que dentre as empresas privadas, as instituições financeiras são as que devem ter análise especial para determinar os efeitos diretos e indiretos do risco soberano. As instituições financeiras são fortemente afetadas pelo risco soberano, nos casos de default soberano, pela política monetária restritiva, pela imposição de controles cambiais e, conseqüentemente, estreitamento do crédito. Essas imposições atingem diretamente a capacidade dos bancos de disponibilizarem recursos ao mercado e de pagarem as suas dívidas em moeda doméstica e estrangeira. Em outras palavras, as adversidades internas e externas que afetam as empresas em geral, também afetam o setor financeiro doméstico. Em função do volume das suas 55 dívidas e da ocorrência de crises sistêmicas, a sua exposição ao risco pode prejudicar a qualidade de crédito dos governos soberanos. Ou seja, os bancos podem colocar o governo soberano em situação de forte incerteza quanto à qualidade de crédito, ao oferecerem empréstimos subsidiados, taxas de câmbio garantidas, mas não previstas no orçamento governamental e outros serviços que possam ampliar o seu passivo, principalmente de curto prazo. Neste caso, o governo soberano, com o intuito de auxiliar os bancos nos casos de crises financeiras globais ou mesmo de sanear bancos falidos, colocam em risco sua própria saúde financeira. A situação torna-se mais complexa, quando os bancos detêm grandes posições – por vezes compulsórias – em títulos públicos. Entretanto, atualmente, os governos não têm controlado a movimentação financeira dos bancos em épocas de crise econômica e default soberano, para não reprimir, ainda mais, os pagamentos de dívida e, com isso, contaminar os setores menos vulneráveis à crise. As empresas públicas são ligadas diretamente ao governo e, por isso, podem facilmente receber a intervenção direta do governo soberano. Em virtude dessa ligação, os seus ratings não ultrapassam os ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira. O elo entre o governo soberano e as empresas tem como principal aspecto a freqüência em que as últimas são usadas como ferramenta de política econômica. Na grande maioria das vezes, a ferramenta refere-se à concessão de subsídios aos setores favorecidos, para a aplicação de congelamento de preços e para a geração de divisas ao governo. Assim como as empresas públicas, as empresas garantidas pelo governo soberano têm seus ratings intimamente ligados ao rating do governo, ao contemplarem iguais indicadores de qualidade de crédito, conforme já mencionado. Entretanto, nos últimos anos esse quadro de dependência tem se alterado, em função da crescente exigência do mercado em coibir muitas práticas antes consideradas normais. Neste caso, é possível que as mudanças do grau de apoio governamental tenham reflexo direto nos critérios de análise da qualidade de crédito de empresas públicas e garantidas pelo governo, uma vez que no processo é verificada a extensão do apoio governamental a essas empresas. Os fatores de maior peso no novo processo de classificação da Standard & Poor’s (2001b) são: (a) o grau de integração das finanças das empresas as do governo; (b) o vínculo da empresa com a política econômica do governo; (c) o volume de benefícios recebidos e originados de políticas governamentais; 56 (d) o auxílio direto do governo às empresas. Paralelamente é verificado: (e) se o apoio financeiro vindo do governo é imprescindível em tempos de expansão e recessão; (f) se as estratégias, a performance e as perspectivas dessas empresas são comparáveis às sinalizadas pelas demais empresas do setor; (g) se existe possibilidade de continuidade do grau de solidez financeira da empresa no caso de privatização; (h) a importância e assiduidade das intervenções do governo na performance das empresas, como, por exemplo, a manutenção da política de preços subsidiados. Então, para que as empresas obtenham um rating superior ao do governo soberano é preciso que exista uma forte independência econômica e política, além de solidez financeira frente a mudanças de política econômica no país. O caso das empresas estrangeiras - multinacionais -, o teto soberano em moeda doméstica e estrangeira não é aplicado, por que esses emitentes de dívida são hábeis em obter moeda estrangeira da controladora e convertê-la em moeda doméstica, ou seja, estão menos sujeitas ao risco de não-transferência e conversibilidade - T&C. Logo, recebem o rating associado ao país da matriz (MOODY’S, 1999a). 1.7.3 Especificidades dos Ratings Corporativos As informações para o processo de rating são divididas em quantitativas e qualitativas, como mencionado anteriormente na seção 1.7. As informações quantitativas contemplam as análises financeiras disponíveis nos Balanços Patrimoniais e Demonstrações Financeiras; podendo ser requeridos maiores detalhamentos, quando necessários. Por outro lado, as informações qualitativas dizem respeito aos fundamentos da empresa, que se desdobram em: perspectivas de crescimento, vulnerabilidade frente às mudanças tecnológicas, distúrbios no mercado de trabalho e ações regulatórias (STANDARD & POOR'S, 2002a, p. 5). A variável “reputação da empresa” é importante no processo de avaliação, por que interfere diretamente na performance financeira no presente e futuro e na habilidade em pagar as dívidas. Essas informações são revistas periodicamente pelas agências, representadas por um “grupo de analistas interdisciplinares” (STANDARD & POOR’S, 2002a, p.5), juntamente com os administradores da empresa. Nessa ocasião, ocorre a avaliação do 57 perfil administrativo e dos resultados operacionais obtidos nos períodos anteriores e suas perspectivas. O período das revisões pode ser antecipado caso ocorra algum evento que possa afetar diretamente o ambiente interno e externo da empresa ou a emissão de um novo lote de ações ou de título de dívida. Durante o procedimento de reclassificação, é sugerido confidencialidade informacional às agências de rating, para que a empresa “afetada” possa digerir as novas informações e disponibilizar ao mercado os rumos a serem tomados. Esse prazo de silêncio, normalmente de 7 (sete) dias, permite, por um lado, às agências reavaliarem o rating da empresa e, por outro lado, às empresas verificarem a necessidade de mudanças estratégicas (MOODY’S, 2000a). A antecipação de informações da empresa às agências de classificação auxilia numa melhor análise e indicação de um novo rating, embora não impeça que a empresa exija o prazo de confidencialidade. Neste período, as agências não mudam o rating. Ele é mantido até que as informações sejam disponibilizadas pela empresa ao mercado (MOODY’S, 2000a). Após a revisão e discussão entre as partes interessadas – empresa e agência – é indicado o rating. No caso da empresa não concordar, ela pode buscar informações complementares, apesar de não ser garantia de upgrade. Em face de uma possível discordância, a agência profere uma série de recomendações à empresa, como forma de melhorar o seu desempenho futuro e, com isso, seu rating. A partir desse momento, uma série de revisões passam a ocorrer, podendo levar a empresa a confirmação ou não do rating ou, ainda, colocá-la em credit watch. As agências recomendam, oportunamente, às empresas uma administração não voltada única e exclusivamente para a melhora do rating. Isso se deve a fato que, para muitas empresas, o alcance do grau de investimento – investment grade -, pode ser muito custoso a curto e médio prazo, por não conciliar com os interesses da empresa de curto prazo e fazê-la perder oportunidades de crescimento no longo prazo. A fase final do processo de rating é a sua publicação nos informes das próprias agências, onde constam os comentários e outros dados entendidos como relevantes naquele momento. 58 Os investidores acreditam que as análises de crédito de emitentes e emissões podem contemplar prazos menores, para, assim, poder detectar com mais rapidez o risco de default. Entretanto, a Standard & Poor’s argumenta que já são feitos os melhores procedimentos de avaliação. Atualmente, os ratings são baseados em perspectivas de médio e longo prazo, com tempo máximo limitado de 5 (cinco) anos e de 6 (seis) meses, somente quando ocorrem novos fatos considerados relevantes. Com isso, a Standard & Poor’s (2002e) alega estar incorporando um componente cíclico às análises de crédito e tornando desnecessárias mudanças adicionais. No caso de soberanos, o descontentamento é visto nas declarações de Presidentes da República e ministros, embora as revisões sejam mais remotas. 1.7.4 Estrutura de Análise dos Ratings Corporativos As análises de empresas para a determinação do rating corporativo são realizadas obedecendo a uma pirâmide. Os primeiros indicadores a serem analisados são os fundamentos macroeconômicos – a base da pirâmide; segundo, os fundamentos setoriais – meio da pirâmide; terceiro, os da própria empresa – topo da pirâmide. Esse método de análise, que parte do geral para o específico, é conhecido como método bottom-upxxvii. Salienta-se que os detalhamentos a seguir apontarão, oportunamente, algumas especificidades da indústria petrolífera. 1.7.4.1 Especificidades da Avaliação de Empresas da Indústria do Petróleoxxviii As empresas da indústria petrolífera são empresas que, apesar das particularidades da commodity, têm os seus indicadores financeiros analisados similarmente aos das demais empresas industriais, com exceção dos indicadores de produção. Esses, por sua vez, são construídos obedecendo às características próprias da commodity, de ser um recurso natural não renovável. 59 Essas particularidades são percebidas na estrutura da indústria petrolífera, qual seja: (a) upstream: exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, gás natural e gás líquido; (b) downstream: refino, transporte e marketing de produtos refinados; (c) midstream: exploração de gás natural, processamento de gás líquido e petroquímicaxxix. As reservas e produção são apresentadas em separado às análises tradicionais, por que esses dados não são contemplados nas informações usuais do auditor contábil (MOODY’S, 1999a; SEC YPFSA, 2004c)xxx. Estas medidas adicionais podem ser apontadas como a grande diferença das empresas da indústria petrolífera com relação às empresas de outros setores. Na análise qualitativa são também consideradas algumas das particularidades inerentes às empresas petrolíferas. 1.7.4.2 Base da Pirâmide A análise macroeconômica – base da pirâmide – se divide em ambiente econômico e político do país. A base da pirâmide contempla os fundamentos macroecônomicos mais os riscos relacionados com a maturidade institucional do governo soberano. Os riscos que expressam o convívio das empresas com os governos soberanos são o risco-país (já visto anteriormente), risco regulatório/ambiental, risco jurídico (estrutura de contratos) e risco tributário (impostos e royalties). Com relação a indústria do petróleo sabe-se que possui um papel político na maioria dos países, mas, em especial, nos países em desenvolvimento. Em função das suas limitações econômicas, os recursos naturais – petróleo e gás natural - são considerados patrimônio nacional. Mais ainda, os recursos naturais são usados como meio para o desenvolvimento econômico e geração de emprego e, principalmente, como fonte primária de riqueza dos governos nacionais e subnacionais. É nesta atmosfera, que as empresas da indústria petrolífera convivem com os seus governos e/ou com os governos onde estão domiciliadas. Esse convívio pode ser sob forte intervenção sobre o upstream e downstream e, especificamente para as empresas estatais, como um meio de compor o orçamento do governo. Os fundamentos que expressam o convívio das empresas com os governos são: 60 • Risco-país: o risco soberano do país domicílio é importante para essas empresas. As exceções são os casos em que atuam globalmente ou possuem sunks costs insignificantes. Como salientado, o risco soberano é maior quando o governo exerce forte influência sobre as empresas. As agências de rating consideram nas análises de empresas petrolíferas e não petrolíferas, os fundamentos macroeconômicos do país domicílio, pois fazem parte do risco soberano. Esses fundamentos compõem o processo de determinação da qualidade de crédito das empresas. A descrição de cada fundamento macroeconômico já foi contemplada anteriormente. • Risco Regulatório/Ambiental: o risco regulatório diz respeito à infra- estrutura legal do país e a jurisprudência aplicada sobre a atividade e nas relações entre as empresas e delas para com os governos. Por isso, as agências de rating observam as estruturas de contratos, a tributação sobre a atividade produtiva e os problemas ambientais resultantes da exploração e produção de petróleo. As regulações ambientais, por sua vez, agem mais fortemente sobre a estrutura downstream, dado à emissão de poluentes na água e ar. Na estrutura upstream, essa regulação é mais direcionada para as conseqüências do abandono de campos de exploração. Com exceção de alguns países mais preocupados com os riscos ambientais causados pela exploração-produçãodesenvolvimento do petróleo, nos demais, muito pouco tem sido feito para minimizar os danos causados por essa atividade. • Risco Jurídico: conforme a estrutura de contratos realizada pela empresa, a lucratividade pode ser colocada em risco. As possíveis causas podem estar nos contratos de exploração e desenvolvimento pouco transparentes e atrativos. Neste caso, os contratos devem ser capazes de atrair investimentos internos e externos, explicitando, principalmente, as garantias e direitos de propriedade. Entretanto, na presença de incertezas quanto às garantias contratuais, em momentos de estresse do país domicílio, pouco pode ser feito para a reversão da saída de capitais. • Risco Tributário: quando os impostos e royalties são usados como fonte segura de arrecadação dos governos, as agências de rating têm considerado essa prática como um risco político. Isso se deve à arrecadação agir diretamente sobre as plantas de perfuração, no desenvolvimento de campos de petróleo e nas estimativas sobre as reservas de petróleo, afastando, na maioria dos casos, novos investimentos. 61 1.7.4.3 Meio da Pirâmide Para a análise do setor – meio da pirâmide -, as agências de rating observam o grau de competitividade no setor e o market share das empresas no mercado global ao longo do tempo. A natureza da competição da indústria a qual pertence à empresa é importante no processo de rating, por que identifica qual o seu potencial qualitativo e quantitativo frente às demais. A competição pode estar baseada na guerra de preços, na qualidade e diversificação de produtos, nas redes de distribuição, na prestação de serviços, etc. Para a Standard & Poor’s (2002a), uma empresa que detém o mercado, baseada somente num só produto ou serviço, pode se tornar altamente vulnerável frente às variações de comportamento ou preferências dos seus consumidores ou do mercado como um todo. Por outro lado, quando a empresa possui mais de um ramo de atividade, além de minimizar o risco de insucessos, cada segmento é avaliado separadamente. Neste caso, é esperado que a empresa tenha mais oportunidades de crédito nos ciclos econômicos quando comparada às empresas com produção não-diversificada. A diversificação de ativos – portfólio - também é analisada como um fator importante na avaliação da qualidade de crédito, dado que pode, teoricamente, minimizar os riscos de perdas nas mudanças de humor do mercado. No caso da competição abranger o mercado interno e externo, as agências de rating podem fixar novos indicadores de análise. O tamanho de uma empresa é para a Standard & Poor’s (2002a), sinônimo de diversificação de produtos e de importância nacional. Essas considerações podem levar a conclusões erradas, por que nem sempre as empresas com grande market share detêm maior vantagem competitiva e pertencem a uma indústria dominante. Para a Standard & Poor’s dois aspectos devem ser considerados: (a) a competitividade de empresas de igual tamanho; (b) as possíveis variações no market share. A capacidade de suportar as recessões econômicas tem relação direta com o market share e tamanho da empresa. As empresas grandes, em função das suas próprias características – geração de emprego e renda e forte exposição financeira, geralmente 62 possuem maior poder sobre os bancos em épocas de crise. Para a Standard & Poor’s, o comportamento dos bancos se deve à composição do portfólio dessas empresas, que contém ativos de alta rentabilidade e volatilidade. Então, nestes casos, os perigos de naufrágio coletivo são maiores, o que tem tornado remotas as possibilidades de redução drástica das fontes de crédito. No mesmo ambiente, as empresas pequenas são mais vulneráveis às crises econômicas e à falta de liquidez do mercado. As suas posições financeiras são centradas em ativos pouco arriscados que, geralmente, são sinônimo de baixos rendimentos e de liquidez. Aqui, os bancos não são considerados como bons “parceiros”. Entretanto, a agressividade das empresas através de políticas financeiras de alto risco não é vista com tranqüilidade pelas agências de classificação. Em muitos casos, as empresas grandes, mas com perfil propenso ao risco têm recebido ratings specultive grade, apesar do notório potencial para um investment grade. Isso se deve a esse perfil propiciar o default em número maior que os mais conservadores, quer de empresas grandes ou de pequenas. Então, pode ocorrer de empresas pequenas receberem um rating superior ao de uma empresa grande, em razão da sua exposição ao risco operacional e financeiro. Os fundamentos relacionados à indústria do petróleo dizem respeito ao risco de variações de preços da commodity, as barreiras à entrada, a aderência aos ciclos econômicos, a própria commodity – caracterizada como um recurso não renovável - e a avaliação de ativos sob a ótica das reservas de petróleo. • Preços da Commodity: o nível de competitividade é visto pelas agências de rating a partir da simulação de vários preços, a fim de ter uma visão mais ampla da lucratividade resultante em cada um desses preços. É utilizada também para observar a capacidade da empresa no que se refere ao grau de flexibilidade financeira no presente e futuro projetado. Ou seja, determinar qual é o menor preço que a empresa pode suportar, sem se tornar vulnerável e sem afetar a sua qualidade de crédito • Barreiras à Entrada: as barreiras podem impedir o desenvolvimento de novas empresas petrolíferas no mercado. A abertura do mercado pode ser maior ou menor dependendo da concentração de capital, do estágio da tecnologia e do know-how das empresas, considerando os determinantes domésticos e internacionais da indústria 63 (p.ex.: fusões; aquisições). Maiores barreiras protegem a lucratividade das empresas existentes no mercado doméstico, mas por pouco tempo. • Ciclo Econômico: relaciona-se aos padrões de crescimento econômico doméstico e internacional. O ciclo econômico é analisado comparativamente à indústria petrolífera, para identificar a sensibilidade da lucratividade do setor frente a recessão. Também, quais são as respostas da indústria às determinações vindas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP - sobre expansões ou reduções de cotas de produçãoxxxi. Assim, a competitividade pode ser abalada quando de crises econômicas longas. • Recurso não Renovável (depleting asset): a característica da commodity faz com que as empresas tenham de investir progressivamente na exploração e produção, sem a certeza de retorno financeiro. Então, as agências de rating apontam a incerteza quanto ao retorno financeiro, a exaustão das reservas sem a descoberta de novos campos e a reduzida capacidade das empresas em suportar uma queda de produção, como fatores importantes para o rating. Neste caso, são considerados as descobertas ou o desenvolvimento de novas fontes de energia como redutoras do market share das empresas petrolíferas. • Avaliação de Ativos: o valor das reservas é em grande parte subjetivo, em função de mudanças de preços da commodity, tecnologia e habilidade exploratória. As agências acreditam que a melhor forma de avaliação do valor dos ativos e da alavancagem financeira das empresas da indústria petrolífera, seja através da proteção ao fluxo de caixa, sucesso operacional e eficiência nos custos e estratégia da empresa, relacionados aos fundamentos da empresa. 1.7.4.4 Topo da Pirâmide No topo da pirâmide é contemplada a posição da empresa neste mercado global, cuja análise é dividida em quantitativa e qualitativa. A quantitativa diz respeito diretamente aos indicadores de performance financeira no curto e longo prazo, como já evidenciado na seção 1.7, quais sejam: cobertura financeira, estrutura de capital e medidas de lucratividade (avaliação dos negócios). Considerando as empresas da 64 indústria petrolífera, são adicionados aos indicadores financeiros, aqueles relacionados a proteção ao fluxos de caixa, sucesso operacional e eficiência dos custos. Já a análise qualitativa refere-se as projeções de fluxo de caixa, da produção e reservas futuras e a qualidade administrativa, subdivididas em coerência administrativa e razoável controle do ambiente externo (MOODY’S, 1999b, p. 10). 1.7.4.4.1 Indicadores de Performance Financeira A cobertura financeira contempla vários indicadores. O objetivo desses indicadores é proporcionar às agências a possibilidade de verificar a habilidade de uma empresa em relação as outras empresas do setor, no que se refere ao pagamento das dívidas. Os principais indicadores desta rubrica estão vinculados à geração de fluxos de caixa. Outros indicadores podem ser usados, mas somente quando são necessárias mais informações ou quando a própria empresa utiliza combinações alternativas de variáveis para o seu planejamento estratégico. Os indicadores contemplados na estrutura de capital proporcionam verificar quais as fontes de capital que a empresa vem usando, por exemplo, títulos de dívida de curto e/ou de longo prazo, ações preferenciais, entre outros. A Moody’s (2001b), particularmente, tem preferido os indicadores de cobertura aos indicadores de estrutura de capital, por acreditar que os últimos não capturam o real valor dos ativos, das necessidades de liquidez e das obrigações financeiras fora do balanço. Os negócios são avaliados usando vários indicadores com respeito aos demonstrativos de qualidade e de estabilidade dos lucros. Para a Moody’s (2001b) os indicadores demonstrativos da estabilidade dos lucros “margem operacional e margem bruta” são os principais fatores de avaliação dos negócios, principalmente nos casos onde a empresa apresenta uma fraca cobertura financeira. 1.7.4.4.2 Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativosxxxii 65 Como já foi salientado, às análises sobre as reservas de petróleo têm como objetivo captar as informações que não são contempladas pelo auditor contábil (SEC YPF SA, 2004c) quando das análises financeiras e patrimoniais de uma empresa da indústria petrolíferaxxxiii. Ou seja, mesmo nos desdobramentos do Balanço Patrimonial e Demonstrações Financeiras, não é possível verificar o potencial das reservas, o fluxo de caixa advindo da exploração das reservas provadas e prováveis e o correspondente lucro potencial. Também, porque não incorporam as constantes variações de preços da commodity, que tendem a mudar o valor das reservas de petróleo na mesma intensidade. E, ainda, devido ao grande risco geológico e forte dependência de investimentos ininterruptos. A Moody’s (1999a) considera as reservas de petróleo, como a principal fonte de geração de fluxo de caixa e de alto retorno operacional para as empresas de exploração e desenvolvimento, sejam integradas verticalmente ou não. Logo, a análise das reservas tem como objetivo verificar a qualidade ou valor econômico dessas reservas em relação à capacidade de manutenção do fluxo de caixa no presente e futuro. Indiretamente, mostrar a vulnerabilidade da empresa às variações de preços, aos aumentos de custos e às distorções vindas de reservas sobre avaliadas (p.8)xxxiv. 1.7.4.4.3 Sucesso Operacional e Eficiência dos Custos Para as agências de rating, as empresas da indústria petrolífera têm o sucesso/insucesso operacional diretamente ligado à descoberta ou não de reservas de petróleo e à viabilidade econômica na exploração e produção, fonte geradora de grande incerteza. Assim, o sucesso operacional permite uma maior margem de cobertura para possíveis erros de previsão orçamentária, entre outros problemas financeiros. Salientase que muitos indicadores podem ser utilizados nas análises de sucesso operacional de uma empresa petrolífera. Mas, em virtude de procedimentos contábeis diferenciados e a presença de ciclos econômicos, pode-se ter resultados conflitantes e pouco esclarecedores. Neste caso, as agências de rating vêm chamando a atenção para o fato das análises de empresas petrolíferas conduzirem para resultados diferentes, quando são selecionados grupos de indicadores diversos. É recomendada a seleção daqueles que 66 carregam mais informações e de fácil interpretação para o mercado, que serão apresentados na metodologia. 1.7.4.4.4 Estratégias da Empresa A estratégia de uma empresa deve ser devidamente analisada, porque dela são originados os sucessos/insucessos financeiros no presente e futuro. Contudo, o controle das estratégias mais propensas ao risco pode reduzir gradativamente os insucessos. As estratégias que resultaram na obtenção de know-how, permitem à empresa petrolífera maiores condições de permanecer no mercado, do que as empresas com estratégias pouco definidas e com grande margem de insucessos operacionais e financeiros. 1.7.4.4.5 Perfil Administrativo O perfil administrativo refere-se ao lado subjetivo da empresa e está ligado às tomadas de decisão nas áreas operacional e financeira. Em ambas as áreas, as decisões administrativas podem levar ao sucesso ou insucesso temporário ou definitivo. Em outras palavras, o perfil está ligado à postura competitiva e à política financeira da empresa. Apesar do perfil administrativo ser subjetivo, as agências de classificação avaliam usando um julgamento objetivo e subjetivo. O julgamento subjetivo está ligado à opinião dos analistas quanto aos aspectos administrativos da empresa, no que diz respeito à condução dos negócios e as projeções de produção para o curto e longo prazo. Assim, os analistas podem verificar qual a extensão dos resultados de uma boa ou má administração. Nesta avaliação, é importante que estejam desprovidos de qualquer influência administrativa, para verificarem até que ponto os resultados alcançados se devem ao perfil adotado (MOODY’S, 1999b). O lado objetivo está relacionado à condução administrativa da empresa, que contempla os planos e as políticas a serem implementadas de forma consistente e crível. 67 As mudanças administrativas podem ser uma adaptação da empresa aos momentos de estresse ou de reestruturação interna. Nesse caso, os analistas esperam que a empresa promova a sua recuperação e, também, demonstre a boa vontade em cumprir com as suas obrigações financeiras. No caso das estratégias de longo prazo da empresa não serem seguidas, dada a necessidade de mudanças administrativas, os ratings devem refletir essa inconsistência e a conseqüente falta de credibilidade aos olhos do mercado. A Standard & Poor’s (2002a, p. 22) indica algumas situações em que os problemas organizacionais podem minar a boa performance de uma empresa. Quais sejam: (a) administração baseada numa só pessoa; (b) decisões financeiras não subscritas pela alta hierarquia da organização; (c) processo de transição ainda em andamento - do empreendedor/fundador ou da empresa familiar para um administrador profissional; (d) muitas mudanças internas e/ou externas ocorrendo num curto período de tempo; (e) relação entre a estrutura organizacional e a estratégia administrativa não transparente; (f) conselho de acionistas restringindo/impedindo ações que seriam prerrogativas administrativas. O perfil administrativo e suas conseqüências são difíceis de serem medidos e, por isso, o processo de rating torna-se ainda mais árduo (MOODY’S, 1999a). Sabe-se que quanto mais a empresa é avessa ao risco, maiores as possibilidades de visualizar o seu futuro, a menos que eventos inesperados aconteçam. Por outro lado, as empresas com perfil administrativo mais propenso ao risco podem ter dificuldades de controlar a sua vulnerabilidade frente às mudanças de humor do mercado. Então, conforme a Moody’s (1999a, p. 19), o perfil administrativo vem sendo um fator preponderante no processo de rating, uma vez que influencia na relação da empresa com o mercado. Tal relação também pode estar ligada ao próprio crescimento, às decisões operacionais e de política financeira e, indiretamente, à performance dos seus recursos humanos. As agências de rating entendem que as empresas determinam as estratégias baseadas no seu know-how, ou seja, baseadas no seu grau de competitividade, deixando de lado aquelas estratégias onde têm menores vantagens. Sendo assim, o perfil administrativo depende do grau de risco que as empresas desejam se expor, no que se refere ao setor operacional, comercial e financeiro. 68 1.8 Considerações Finais As agências de rating disponibilizam ao mercado os procedimentos e entendimentos de como são construídos os ratings soberanos e corporativos. Contudo, ainda restam muitas dúvidas sobre a real importância de cada indicador, seus pesos e, principalmente, sobre as avaliações subjetivas sobre os emitentes de dívida. A despeito desses problemas, o presente capítulo teve como intuito dar ao leitor os esclarecimentos necessários para as análises a seguir. Entretanto, pôde-se verificar que os ratings soberanos possuem uma carga maior de subjetividade comparativamente aos corporativos. Isso se deve à variável “risco político”, que reúne as incertezas vindas do mercado e de fatos políticos ocorridos interna e externamente, poderem interferir diretamente ou indiretamente na performance do país. Para as empresas, as agências de rating desconsideram essa variável, como causadora direta de mudanças nos resultados das empresas, mas incorporam outras relativas ao perfil administrativo e de estratégias, também de grande importância no processo. Dado a grande interferência do governo soberano e de seu desempenho econômico-político sobre as empresas domiciliadas no país, essas têm sido sujeitas ao “teto soberano”. Esse teto refere-se a capacidade do governo de obter moeda doméstica e estrangeira para o pagamento das suas obrigações. Assim, as empresas, sob o risco de T&C, possuem um teto soberano. Salienta-se, oportunamente, que as empresas detentoras de grande potencial produtivo e relações internacionais consolidadas podem romper esse teto. Esse é o alvo da nossa atenção. Os ratings corporativos são emitidos usando o método botton-up. Este método parte da análise de aspectos mais amplos para os mais específicos. Os mais amplos – base da pirâmide - referem-se aos indicadores macroeconômicos; os intermediários – meio da pirâmide - aos indicadores da indústria e, por fim, os ligados a própria empresa – topo da pirâmide. Com isso, as agências procuram obter o máximo de informações não só da empresa, mas do ambiente em que ela está inserida para, então, designar o rating. 69 Os ratings das empresas são emitidos obedecendo a performance dos indicadores quantitativos e qualitativos. Ao se observar os indicadores quantitativos nota-se que muitos deles são similares aos usados para as empresas dos mais variados ramos de atividades. Contudo, existem indicadores que incorporam as características próprias da commodity – no caso, o petróleo -, um recurso não renovável. Encontram-se, neste caso, os indicadores de produção e reservas. Eles têm como objetivo captar as informações que não são contempladas pelo auditor contábil. Quanto aos qualitativos, as análises mais específicas são encontradas nos indicadores de flexibilidade financeira e estratégicos das empresas petrolíferas. De posse desses indicadores, pode-se acompanhar o desempenho dessas empresas frente às incertezas inerentes ao ramo de atividade e do mercado. Nos indicadores de flexibilidade financeira conecta-se os sucessos/insucessos operacionais à descoberta ou não de reservas de petróleo e a viabilidade econômica na exploração e produção de petróleo. Nos relativos as estratégias da empresa, o objetivo é relacionar a estratégia com os sucessos/insucessos financeiros. Este último partindo do entendimento de que as estratégias desenvolvidas pela empresa são totalmente controladas. De posse desses dados, as agências emitem os ratings corporativos com a certeza de que estão dispondo ao mercado às informações relevantes de uma empresa, no que diz respeito a sua capacidade e habilidade de pagar os compromissos financeiros no prazo. O mercado, por sua vez, diante dos ratings corporativos tem a capacidade de julgar as empresas mais ou menos aptas a receberem investimentos. 70 2 Metodologia para Análise dos Ratings Soberanos e Corporativos No capítulo anterior foi visto o que é um rating soberano e corporativo, como são determinados, suas inter-relações e culminou com a apresentação dos possíveis condicionantes para o rompimento do teto soberano. Entretanto, da leitura do capítulo 1, ficaram algumas dúvidas quanto ao papel e conteúdo informacional dos ratings soberanos e corporativos. Por um lado, há dúvidas se os ratings não poderiam ser determinados, considerando apenas algumas variáveis financeiras disponíveis para o mercado. Por outro lado, se as mudanças de rating refletem o comportamento do mercado. Neste caso, uma mudança de rating não afetaria a valoração da dívida ou da empresa, pois o mercado já teria feito este ajuste. Desta forma, poder-se-ia explicar e antecipar o rompimento do teto soberano a partir da performance das empresas. Nesse capítulo, serão apresentados os métodos empregados para trazer algumas evidências sobre o conteúdo informacional dos ratings e de seus determinantes. Os métodos seguem uma visão detalhada da literatura sobre o assunto. No caso dos determinantes dos ratings soberanos, a literatura teve início com o artigo de Cantor e Packer (1996). No caso dos ratings corporativos existem artigos anteriores; contudo, sendo difícil identificar um artigo seminal. De modo geral, para a indicação dos determinantes dos ratings ajustar-se-á modelos em que o rating é a variável dependente e os indicadores financeiros, os seus determinantes. Estes modelos empregam o método ordered logit, pois o rating é uma variável qualitativa. Para verificar o conteúdo informacional dos ratings desenvolver-se-á um estudo de eventos sobre as mudanças de ratings e seus efeitos sobre o retorno das ações das empresas e spreads de dívida. Para tanto, será usado o modelo de mercado. Os países analisados são o Brasil e a Argentina e as empresas, a Petrobras e Repsol-YPF. As empresas selecionadas seguiram duas 71 condições: (a) são aquelas consideradas as maiores do setor petrolífero nos seus países, Petrobras no Brasil e Repsol-YPF na Argentina; (b) são empresas que romperam o teto soberano em 2001, considerando o período de análise de 1994 a 2002. 2.1 Ratings Soberanos Como mencionado no capítulo anterior, o rating soberano é determinado em função de fundamentos econômicos, sociais e políticos, sendo a variável política incluída após as últimas crises financeiras mundiais. Para as agências de rating, os fatores políticos são aqueles que tornam a mensuração difícil, dado que são extremamente subjetivos e dependem da unidade e estabilidade dos governos nacional e subnacional, do consenso político e da consistência e capacidade de resposta política aos choques externos e internos. Devido ao método utilizado pelas agências ser apontado como “obscuro”, o mercado e os pesquisadores acadêmicos têm buscado identificar quais são os determinantes dos ratings soberanos. É com essa preocupação que muitos pesquisadores desenvolveram as suas análises sobre os fundamentos do rating soberano nos últimos anos, principalmente após o artigo de Cantor e Packer (1996). O objetivo desses autores foi procurar os fundamentos dos ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s e o respectivo impacto no spread soberano. Foram considerados os ratings soberanos de 49 países – 29 de setembro de 1995 – e os fundamentos renda per capita, crescimento do PIB, inflação, balanço fiscal, balança externa, dívida externa, desenvolvimento econômico e história de default. Quanto ao spread soberano, os autores consideraram 35 países. Identificaram para cada país, os títulos em Eurodólares mais líquidos nos seus mercados e calcularam o spread sobre o Título do Tesouro Americano de igual maturidade. Em ambos os modelos usaram o método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO - para dados em cross section. As conclusões mostraram que os balanços fiscal e externo são estatisticamente não significantes. Contudo, afirmaram que as agências estrategicamente mudam o peso do balanço fiscal e externo, em função do país e, por isso, não existe uma relação sistemática entre eles e os ratings soberanos na amostra estudada. No que se refere ao 72 spread, o rating soberano teve dois momentos: a) foi significativo quando sendo a única variável independente; b) foi significativo quando foram adicionados os demais fundamentos. Neste último caso, esses fundamentos não foram estatisticamente significativos. Os autores também concluíram que: a) uma mudança do rating soberano tende a ser precedida de uma mudança no spread soberano; b) a confirmação de um downgrade ou upgrade por outra agência, via de regra, repercute mais fortemente no spread soberano se forem previsíveis. Vários estudos procuraram aprofundar esse tipo de estudo para outros países, períodos e usando outros fundamentos e técnicas econométricas. O Quadro 2.1 mostra os principais trabalhos sobre ratings soberanos e os seus fundamentos e o Quadro 2.2, os trabalhos sobre o spread soberano e seus determinantes (ratings soberanos e fundamentos macroeconômicos). Dos trabalhos desenvolvidos sobre os determinantes dos ratings soberanos destacam-se as seguintes variáveis significativas: indicadores de dívida externa (sobre reservas ou exportações), inflação, crescimento do PIB e história de default. Todos os trabalhos são unânimes em afirmar que conseguem explicar satisfatoriamente os ratings usando variáveis macroeconômicas. Todos consideram ou um cross section ou painel de países. O método de estimação é MQO com exceção de Nickell et al. (1998) que usou ordered probit. Nenhum dos trabalhos comparou os resultados usando ambos os métodos de estimação. A maioria dos trabalhos usou MQO alegando que Cantor e Packer (1996) assim o fizeram. Já os trabalhos sobre os determinantes do spread soberano sugerem que o spread e fundamentos parecem explicar melhor o rating, do que o inverso. Também é visto que, quando os fundamentos são incluídos na regressão, os ratings não explicam os spreads. Os casos em que os ratings afetaram o spread foram quando o mercado não antecipou as crises (REISEN e VON MALTZAN, 1999) e no caso de downgrades (LARRAÍN, 1997). Todos consideram ou um cross section ou painel de países, exceto Oks e Padilla (2000) e Nogués e Grande (2001), que estudaram o caso argentino. 73 Quadro 2.1 – Principais Trabalhos sobre o Comportamento dos Ratings Soberanos Autores (ano) Objetivo Amostra Método Haque, Mark e Examinar a Mathieson importância (1998) relativa das variáveis econômicas e políticas na determinação do rating de um país. Painel de 60 países MQO em desenvolvimento, de 1980 a 1993, com ratings da Institutional Investor, Euromoney e Economist Intelligence Unit. Nickell, Estimar as Perraudin e probabilidades de Varotto (1998) transição de ratings, considerando o setor bancário, industrial por região do emissor (EUA, Japão, Europa) e o estágio do ciclo de negócios. Monfort e Verificar se os Mulder (2000) ratings têm reação procíclica, contracíclica ou acíclica com relação aos indicadores de crise. Ratings de longo Método prazo emitidos pela ordered Moody’s, de Probit dezembro de 1970 a dezembro de 1997, para empresas e países. Painel de 20 países MQO para emergentes, com dados de dados trimestrais de painel. janeiro de 1995 a janeiro de 1999, com ratings emitidos pela Moody’s, Standard & Poor’s e Institutional Investors. Var. dependente (1) e independentes (2) Conclusão (1)Rating soberano. (2)Rating soberano defasado, termos de troca*, taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano de 3 meses, taxa de crescimento das exportações, conta corrente/PIB*, reservas/importações, dívida externa/PIB, taxa de câmbio real*, taxa de crescimento do PIB, taxa de inflação e variáveis políticas (guerrilhas, assassinatos, greves gerais, crises do governo principal, revoluções etc). (1) Rating soberano por categoria. (2) Rating soberano por categoria defasado, dummy para o emissor (USA, Reino Unido, Japão, Europa exceto Reino Unido; bancos, financeiras, indústrias, seguradoras, não-financeiras, soberanos etc.), indicador de ciclo de negócios (depressivo, não depressivo) e ciclo defasado. As variáveis econômicas possuem maior peso nos ratings, que as variáveis políticas. Essas, por sua vez, não afetam os ratings, por dois motivos: (a) as agências não reagem a esses acontecimentos; (b) a performance econômica, representada por variáveis econômicas discretas, é afetada por eventos políticos (variável contínua), que, por sua vez, é um sinalizador do grau de estabilidade econômica do país. (1) Ratings soberanos. (2) Dívida externa total/PIB*, dívida total/exportação, serviço da dívida/exportação, dummy para renegociação da dívida com FMI, dívida de curto prazo/reservas (c/ouro), reservas/importações, conta corrente/PIB, taxa de câmbio real, crescimento das exportações, termos de troca, taxa de Diferenças significativas foram observadas quando se comparam as matrizes de transição estimadas e as observadas no pós 1970. As maiores diferenças ocorrem entre bancos e indústrias, emissores USA/não USA e ciclos depressivos/não depressivos. Também, as diferenças entre países são confirmadas para emissores com ratings altos, mas aparecem menos importantes para os emissores não investment grade. O efeito dos ciclos de negócios tem importante influência nos emissores speculative grade. As agências de ratings não reagem a pequenas mudanças ou mudanças esperadas nos fundamentos macroeconômicos. Logo, as mudanças de ratings advêm de informações novas, ligadas às variáveis investimento/PIB e taxa de inflação. As agências de ratings reagem às novas informações e, por isso, não prevêem completamente os ciclos de negócios e as tendências. Neste caso, os países recebem 74 Mulder e Explicar Perrelli (2001) fenômeno overshooting identificar fundamentos econômicos processo downgrade. Painel semestral para 25 países emergentes, de fevereiro de 1992 a janeiro de 1997. MQO e GLS para dados de painel. Cross-section de 81 países (desenvolvidos e em desenvolvimento) com ratings emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s, em junho de 2001. Canuto, O e Estudar a relação Cross-section de 66 Santos, P.F.P. do spread e dos países (desenvolvidos dos (2003) ratings. e em desenvolvimento) e média dos ratings emitidos pela Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch de 1998 a 2002. Fonte: Elaboração do autor. Nota: * indica variável não significativa. MQO com transforma ção linear e logística dos ratings. Afonso, (2002) o de e os no de A. Estudar os fatores que parecem ter papel importante na determinação do rating soberano. MQO. inflação, taxa de crescimento do crédito*, taxa de crescimento do PIB, balanço do governo central/PIB, investimento/PIB, poupança/PIB*, renda per capita*, taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano de 3 meses*. (1)Rating soberano. (2) Conta corrente/PIB*, taxa de câmbio real*, termos de troca*, dívida total/PIB*, dívida total/exportações, serviço da dívida/exportações*, dummy para história de renegociação, balanço do governo central/PIB, taxa de crescimento do PIB, investimento/PIB*, taxa de crescimento das exportações*, dívida de curto prazo/reservas internacionais*, taxa de inflação. (1) Rating soberano. (2) Renda per capita, taxa de inflação, crescimento do PIB real, indicador de desenvolvimento, indicador de default, dívida externa/exportação, déficit do governo/PIB*, conta corrente/PIB*, gastos do governo central/PIB*, dívida total/PIB*. (1) Rating soberano. (2) PIB per capita, taxa de inflação, crescimento do PIB real, indicador de desenvolvimento, indicador de default, dívida externa total líquida, grau de abertura (log natural), dívida bruta do governo, resultado nominal do governo geral *. downgrades depois das crises. Como as agências dão especial atenção ao risco de default, o uso dos ratings para requerimentos de capital (empréstimos), pode se tornar perigoso. Por fim, o downgrade nos ratings em um país pode ser contagioso para um país vizinho. Os resultados mostraram que mudanças nos ratings para países emergentes têm sido dominadas pelas variáveis investimento/PIB, dívida total/exportações e história de renegociação da dívida. Depois da crise da Ásia, as agências de rating começaram a dar atenção especial à dívida de curto prazo/reserva internacional. Os erros de previsão máximos são de 4 a 5 notas para um pequeno número de países. Os resultados usando a transformação logística parecem ser melhores, principalmente para países que se encontram nos extremos da escala do rating. Das variáveis fiscais testadas, somente o balanço orçamentário foi moderadamente significativo na explicação dos ratings. A insignificância da variável déficit do governo geral pode ser uma reação a um ambiente de incerteza por parte do mercado, que obriga o governo a reduzir as suas necessidades de financiamento. A performance positiva de poucas variáveis macroeconômicas tende a gerar retornos decrescentes em termos de ratings. Somente o conjunto de variáveis age favoravelmente sobre o rating de risco soberano. 75 Quadro 2.2 – Principais Trabalhos Sobre o Comportamento dos Spreads Soberanos Autores (ano) Objetivo Larraín, Reisen Verificar o impacto das e von Maltzan mudanças dos ratings (1997) soberanos no spread. Também, se as agências antecedem ou seguem os eventos de mercado. Larraín, Reisen Examinar o e von Maltzan comportamento do spread (1997) de títulos em dólar frente aos anúncios de mudanças nos ratings soberanos. Amostra Método Var. dependente (1) e independentes (2) Conclusão Ratings soberanos para as dívidas em moeda estrangeira para o período de 1987 a 1996 de 26 países da OCDE e não-OCDE, emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s, 78 mudanças de ratings, entre 1987 e 1996, sendo 42 para os mercados emergentes. MQO e dados de painel testando a Causalida de Granger. (1) Média dos retornos do spread soberano. (2) Média do rating anual e dos determinantes de risco país anuais (dívida externa total/exportação, gasto do governo federal/PIB, taxa de inflação anual, conta corrente/PIB, taxa de crescimento do PIB real, poupança/PIB, dummy para história de default. Existe Causalidade de Granger bidirecional entre o rating soberano e o spread soberano. O spread e os fundamentos macroeconômicos parecem explicar melhor o rating, do que o inverso. Também, concluiu-se que as agências de rating e o mercado usam o mesmo modelo de avaliação. MQO para estudo de eventos. (1) Retorno do spread soberano em moeda estrangeira (dólar). (2) Os ratings soberanos. Eles foram divididos em revisão para possível downgrade, 14 possíveis upgrades, 25 downgrade de ratings e 27 upgrades. MQO com somente componen tes ortogonais (1) Spread soberano. (2) Maturidade do título, montante principal, dummy setor privado, retorno dos títulos do Tesouro Americano de 10 anos, dívida externa/PIB, serviço da dívida/exportações, dummy para reestruturação da dívida, reservas internacionais/PIB*, taxa de crescimento do PIB*, déficit orçamentário/PIB*. Os anúncios de revisão de ratings ou novos ratings possuem grande significância no comportamento dos spreads soberanos. Os anúncios de ratings negativos afetam ex ante e ex post o comportamento dos spreads. Os anúncios positivos parecem não ter significância no spread. Por fim, as agências de rating têm o poder de agravar a saída de capitais nos países emergentes, principalmente quando o anúncio é negativo. O mesmo não acontece quando o anúncio é positivo. Mudanças nos fundamentos macroeconômicos explicam uma fração do comportamento do spread soberano, principalmente durante as crises do leste da Ásia e América Latina. Eichengreen e Estudar os determinantes 1489 títulos Mody (1998) do spread soberano dos lançados em 37 países emergentes. países, considerando a América Latina, leste da Ásia; setores privado e público, no período de 1991-1996. 76 Min (1998) Analisar os determinantes econômicos dos spreads de securities de renda fixa em dólares emitidos por países emergentes durante o período de 1991-1995. Dados anuais para a América Latina, Ásia e países da AL isoladamente, de 1991 a 1995. Kamin e Kleist Analisar a evolução dos (1999) spreads soberanos dos países emergentes em relação aos spreads dos títulos Brady, na década de 90. Dados referentes a 662 novas emissões, divididas em 304 títulos e 358 empréstimos, de janeiro de 1991 a fevereiro de 1997. Reisen e von Examinar a presença de Maltzan (1999) Causalidade de Granger entre a média dos ratings soberanos emitidos pelas agências Moody’s, Standard & Poors e Fitch IBCA, e o spread dos títulos do governo e os Rating soberano em moeda local e estrangeira de 29 países emergentes, no período de janeiro de 1988 a dezembro de 1997. MQO (1) Spread soberano em moeda estrangeira. com (2) Conta corrente/PIB, dívida total/PIB, dados de serviço da dívida/exportações, taxa de painel. inflação, termos de troca, taxa de câmbio real, taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano de 3 meses*, preço real do petróleo*, dummies para a crise do México*, emissor privado* e da América Latina*, taxa de crescimento do PIB*, reservas internacionais/PIB, taxa de crescimento das exportações, taxa de crescimento das importações. MQO. (1) Spread soberano. (2) Novas emissões de títulos; rating médio e por anos* (de 1991 a 1996), maturidades; moedas (marco alemão*; yen e outras moedas), dummy para o tempo (1991 a 1996) e dummy para a crise do México*. MQO (1)Média dos ratings soberanos das três para agências. dados de (2) Retorno do spread soberano e os painel. fundamentos macroeconômicos (retorno do mercado das ações, reservas internacionais/PIB, taxa de câmbio real, termos de troca e produção industrial). Identificou vários grupos de variáveis explicativas importantes entre os países, na determinação do comportamento dos spreads. Os países latinos possuem uma curva de retorno invertida e a volatilidade dos spreads é altamente correlacionada com a taxa de inflação, dívida total/PIB e reservas internacionais/PIB. O spread dos títulos Brady não representa a tendência de todos os spreads dos títulos de países emergentes. Os spreads são fortemente relacionados com os ratings, maturidade e denominação da moeda. Além disso, foi verificado que os investidores, sistematicamente, têm cobrado spreads de empréstimos mais altos na América Latina e Europa Oriental do que na Ásia e Oriente Médio. Por último, foi verificado que os spreads de dívida dos países emergentes vêm declinando com o tempo, sendo a alta ocorrida na crise da Ásia fruto de vários fatores e não somente em virtude do risco, dos ratings de crédito e das maturidades. O teste da Causalidade de Granger sugere que os ratings soberanos das três agências e o retorno dos spreads soberanos são interdependentes, ou seja, são influenciados pelos mesmos fundamentos macroeconômicos. Em virtude disso, concluiu-se que as agências de rating não exploram suficientemente seu potencial 77 fundamentals. Macroeconômicos do risco país. Reisen e von Examinar a relação entre Maltzan (1999) as mudanças de ratings soberanos e os spreads dos títulos do governo federal. de ser um moderador de crises. Ratings em moeda local e estrangeira emitidos pelas agências Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch IBCA, de 29 países emergentes, no período de janeiro de 1988 a dezembro de 1997. Oks e Analisar os determinantes Dados mensais de Padilla(2000) locais e estrangeiros do 1994-99. risco-país da Argentina. Kaminsky Schmukler (2001) e Estudar a reação do risco país (a) e retornos das ações (b) para mudanças nos ratings e na taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano. MQO (1) Spreads dos títulos do governo federal. Foi encontrado impacto significativo dos para (2) Ratings soberanos. upgrades e downgrades dos ratings dados de soberanos nos spreads dos títulos do painel e governo federal. Os ratings afetam os estudo de spreads. O contrário pode acontecer eventos. quando o mercado é capaz de antecipar as crises. Neste caso, a mudança dos ratings se deve às mudanças de spread. Modelo dinâmico – ADL. (1) Spread soberano da Argentina. (2) Spread soberano da Argentina defasado, crescimento do PIB*, necessidade de financiamento do setor público*, necessidade de financiamento do Tesouro, dívida pública/PIB*, serviço da dívida pública externa/exportações, maturidade da dívida pública*, reservas internacionais do sistema financeiro, aversão ao risco( diferencial de juros entre títulos AAA e BB nos EUA), termos de troca, dummy de contágio para o efeito tequila; efeito Hong Kong, efeito Rússia e Brasil, e dummy para fatores domésticos (eleições de 1995 e 1999 e efeito iliquidez de 1999). Painel de dados MQO a) (1) Spread EMBI. diários de janeiro com (2) Spread EMBI defasados*, ratings em de 1990 a junho de dados de moedas local e estrangeira, taxa de juros 2000, para 16 painel. dos títulos do Tesouro Americano. países incluindo o b) (1) Preços das ações. leste da Ásia, (2) Preços das ações defasados, ratings de Europa Oriental e títulos em moedas local e estrangeira, taxa No curto prazo, as reservas não distinguem uma situação de insolvência potencial de uma efetiva. Como a Argentina tem um mercado integrado ao mercado de capitais internacional implica que as exportações não são a principal restrição do país no cumprimento de seus compromissos com a dívida externa de curto prazo. As crises da Rússia, Brasil e Hong Kong são significativas, assim como a taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano. O spread EMBI é afetado positivamente pelo comportamento da taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano. Também, as economias com baixo rating soberano são mais afetadas por mudanças nas taxas de juros dos títulos do Tesouro Americano. 78 América Latina. Painel de dados diários de janeiro de 1990 a junho de 2000, para 16 países incluindo o leste da Ásia, Europa Oriental e América Latina. Nogués e Estudar os determinantes Dados mensais de Grandes (2001) do risco-país argentino janeiro de 1994 a medido pelo spread dezembro de 1998. soberano em relação ao do Tesouro Americano de igual maturidade. Kaminsky Schmukler (2001) Sy (2002) e Estudar os efeitos dos ratings soberanos sobre os (a) spread soberano e (b) spread de ações. Estudar a relação entre o spread soberano referente ao mercado secundário, dos países contemplados no EMBI+ e os ratings soberanos. de juros dos títulos do Tesouro Americano. MQO (a) (1) Spread EMBI (log); (2) para ratings em moeda local e estrangeira. estudo de (b) (1) Spread das ações; (2) ratings em eventos. moeda local e estrangeira. MQO (1) Spread soberano dos títulos com taxa flutuante. (2) Spread soberano defasado, déficit fiscal, taxa de crescimento do PIB, serviço da dívida externa/exportações, conta corrente/PIB, EMBI, não EMBI, taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano de 30 anos, dummy para a crise do México e dummy para a demissão do ministro Cavallo. Dados de janeiro MQO (1) Spread soberano. de 1994 a abril de com (2) Ratings soberanos, durations, spread 1997, para 17 dados de EMBI+, spread do índice de retorno da países com rating, painel. Merrill Lynch EUA sobre o Tesouro e que fazem parte Americano, retorno dos títulos do Tesouro do J.P. Morgan Americano de 3 meses e 10 anos, diferença EMBI+. entre retorno dos títulos EUA de 3 meses e 10 anos, preços do petróleo, dummy para as crises na década de 90. As agências de rating parecem ampliar o boom-bust nas economias emergentes. Enquanto que o spread de títulos aumenta nos 10 dias anteriores ao downgrade, o spread do mercado de ações se reduz. Essas flutuações do spread antecipam os efeitos do downgrade. As flutuações dos spreads soberanos observados na Argentina de 1994-98 foram determinadas pelo volume do serviço da dívida externa/exportações, déficit fiscal do governo federal, expectativas de crescimento frustradas, efeito contágio elevado, ruído político desestabilizador e a taxa de juros dos títulos do Tesouro Americano de 30 anos. Os spreads soberanos foram excessivamente baixos nos países emergentes antes da crise da Ásia (1997). Fonte: Elaboração do autor 79 2.1.1 Fundamentos Macroeconômicos Os fundamentos macroeconômicos que serão contemplados na seção sobre rating soberanos e spreads soberanos são apresentados em séries mensaisxxxv para identificar melhor a data das mudanças de rating e seus efeitos e maximizar o tamanho da amostra. Em virtude disso, sofreram algumas adaptações em relação à metodologia usada pelas agências Standard & Poor’s e Moody’s, que usam comumente dados com periodicidade semestral ou anual e uma periodicidade menor, somente em momentos de estresse do mercado. Os fundamentos considerados são taxa de crescimento do PIB real, taxa de inflação (IPC), dívida externa em %exportações, dívida líquida do setor público total em %PIB, transações correntes em %PIB, necessidade de financiamento do setor público em %PIB, dívida externa líquida do setor público em %reservas internacionais e taxa de juros do Tesouro Americano de 3 mesesxxxvi. Nas análises foram desconsiderados os fundamentos: renda per capita, desenvolvimento econômico e história de default. No entendimento das agências, a renda per capita mostra a habilidade do país de pagar as suas dívidas. Foi retirada da análise, dado que não varia significativamente, em períodos curtos e ser relevante, somente na comparação entre países. Ainda, porque se acredita que a renda per capita possa ser substituída pela taxa de crescimento do PIB real, sem ônus. A exclusão do fundamento grau de desenvolvimento econômico deve-se a dois motivos: primeiro, pela relevância somente nas comparações entre países e segundo, pelo grau de desenvolvimento do Brasil não ter mudado ao longo do período considerado. O fundamento história de default também foi excluído, devido a ocorrência de alguns casos no Brasil, mas em períodos anteriores ao estudado nesse trabalho. O primeiro default foi em 1983 e se referiu a dívida bancária em moeda estrangeira e os episódios de 1986, 1989 e 1991, respectivamente, que se relacionaram à dívida em moeda doméstica ou dívida interna (BEERS, 1995 apud CANTOR e PACKER, 1995b). O comportamento de cada fundamento deve seguir a lógica previamente desenvolvida no campo teórico e intuitivo, como segue: • Taxa de crescimento do PIB real [símbolo PIB]: mantendo as demais variáveis constantes, um aumento da taxa de crescimento do PIB real possibilita ao país um 80 maior poder de pagamento de suas dívidas internas e externas e um maior padrão de vida para a população – renda per capita, com uma provável redução de conflitos sociais e das instabilidades políticas (AFONSO, 2002, p. 9). Neste caso, espera-se encontrar uma correlação positiva com o rating soberano, e negativa com o spread. • Taxa de inflação [símbolo IPC]: o aumento da taxa de inflação causa problemas estruturais à economia de um país e especialmente às finanças do governo. Na sociedade, esse aumento pode desencadear instabilidade política. Nas finanças do governo, pode, por um lado, diminuir o valor real da dívida do governo e, por outro lado, aumentar a taxa de juros nominal dessa dívida. Então, espera-se uma relação negativa com o rating soberano e positiva com o spread. • Dívida Externa Líquida do Setor Público em % Exportações [símbolo DIV/X]: essa relação é associada ao grau de risco de default, com relação à capacidade de pagamento em moeda estrangeira via exportações. Um país cuja relação dívida externa/exportações é alta, encontra-se em posição vulnerável quando ocorrem mudanças nos termos de comércio e frente às quedas na demanda externa. A relação com o rating soberano deve ser negativa e com o spread, positiva. • Dívida Interna e Externa Líquida do Setor Público em % PIB [símbolo DLSP/PIB]: é uma variável de estoque e engloba as dívidas contraídas pelos governos federal, estadual e municipal. Quanto maior o estoque da dívida em (% PIB) menor é a capacidade de pagamento do principal e dos juros. Espera-se um sinal negativo na relação com o rating soberano e positivo com o spread. • Necessidade de Financiamento do Setor Público em % PIB [símbolo NFSP/PIB]: é uma variável de fluxo e faz parte do balanço fiscal do governo. Mostra a capacidade do governo de se financiar, ou seja, de gerar superávit primário, com a finalidade de reduzir a dívida líquida do setor público total em (% PIB). A relação com o rating soberano deve ser negativa e com o spread, positiva. Salienta-se, oportunamente, que para a Argentina se considerou o superávit primário sob o símbolo SP/PIB, ao invés da necessidade de financiamento do setor público, devido a falta de dados para esse último. Para o superávit primário espera-se uma relação positiva com o rating soberano e negativa com o spread. • Transações Correntes em % PIB [símbolo TC/PIB]: refere-se ao balanço externo do país. O déficit em conta corrente em (% PIB) mostra que tanto o setor público como 81 o privado dependem fortemente de recursos externos. A persistência do déficit pode levar à incapacidade de pagamento das dívidas em moeda estrangeira. Espera-se uma correlação positiva com o rating soberano e negativa com o spread. • Dívida Externa Líquida do Setor Público em % Reservas Internacionaisxxxvii [símbolo DELSP/RI]: é uma variável de estoque e mostra o grau de liquidez externa do país. Quanto maior a dívida sobre as reservas, piores são as condições de pagamento do setor público, uma vez que as reservas não se mostram suficientes. Da relação com o rating soberano espera-se uma correlação negativa e com o spread, positiva. • Taxa de Juros do Tesouro Americano de 3 meses [símbolo JUROS EUA]: é uma variável que tem sido apresentada por diversos autores, como o motor do fluxo de capitais para os países emergentes e importante nas análises do comportamento do spread soberano. Além disso, um movimento na taxa de juros americana influencia diretamente a capacidade de pagamento dos países endividados em dólar. Optou-se pela taxa de curto prazo, pois o perfil da dívida da maioria dos países emergentes segue essa linha. Quando aumenta a taxa de juros do Tesouro Americano de curto prazo, o spread soberano dos países emergentes também aumenta, visando a permanência dos investidores no mercado de capitais interno. Por isso, espera-se um sinal positivo na relação dos juros americanos com o spread soberano. Quadro 2.3 - Comportamento Esperado dos Fundamentos Macroeconômicos e dos Juros do Tesouro Americano sobre os Ratings e Spreads Soberanos Sinal da Correlação Fundamentos Símbolo Rating Spread Taxa de Crescimento do PIB PIB + – Taxa de Inflação IPC – + Dívida Externa Líquida do Setor Público (em DIV/X – + %Exportações) Dívida Líquida do Setor Público Total (em %PIB) DLSP/PIB – + Necessidade de Financiamento do Setor Público NFSP/PIB – + (em %PIB) Superávit Primário (em %PIB) SP/PIB + Transações Correntes (em %PIB) TC/PIB + Dívida Externa Líquida do Setor Público Total (em DELSP/RI – + % reservas internacionais) Taxa de Juros do Tesouro Americano de 3 meses JUROS EUA + Fonte: Elaboração do autor. Nota: NFSP/PIB é medida com o sinal oposto, uma vez que um superávit é dado por valores negativos. 82 Considerando que o rating é uma variável qualitativa, para ser confrontado com as variáveis quantitativas, ele precisa ser transformado em escala numérica. A transformação do rating de classificação ordinal para cardinal, pode ser visto na Quadro 2.4. A metodologia seguida é similar a de Mulder e Perrelli (2001), Reinhart (2001) e Bloomberg L.P.(2003). No Quadro abaixo são apresentadas as transformações dos ratings da Standard & Poor’s e Moody’s, que serão utilizados no capítulo 3. Salienta-se que essa transformação será usada tanto para ratings soberanos como corporativos. Quadro 2.4 Transformação dos Ratings em Números Escala Escala Standard & Ordem Moody's Poor's Aaa AAA 22 Aa1 AA+ 21 Aa2 AA 20 Aa3 AA19 A1 A+ 18 A2 A 17 A3 A16 Baa1 BBB+ 15 Baa2 BBB+ 14 Baa3 BBB13 Ba1 BB+ 12 Ba2 BB 11 Ba3 BB10 B1 B+ 9 B2 B 8 B3 B7 Caa1 CCC+ 6 Caa2 CCC 5 Caa3 CCC4 Ca CC 3 C C 2 D 1 DS 0 E Fonte: Elaboração própria baseada em BIS(2001), Standard & Poor's (2003) e Moody's (2003). O ordenamento dos ratings soberanos, conforme as escalas da Standard & Poors e Moody’s, obedeceu a uma ordinalidade decrescente, uma vez que se acredita que a nota AAA da escala da Standard & Poor’s, por exemplo, possui maior peso/importância que a nota D, logo, deve ter um maior número. Esse entendimento é também seguido por Reinhart (2001, p.10). Além dessa transformação inicial, foram considerados, também, como mudança de rating, os outlooks estável, negativo e positivo, conforme 83 apresentado por Perrelli e Mulder (2001, p.6). Esses outlooks, por sua vez, tiveram a seguinte consideração: quando o outlook é positivo, acrescenta-se mais 0,33 na nota inicial, quando ele é negativo, diminui-se 0,33 e quando é estável, permanece o inicial. Assim, a variedade de notas foi aumentada e, com isso, abrangeu-se a totalidade das mudanças ocorridas nos ratings de um título (neste caso, emitido em moeda estrangeira de longo prazo). O modelo usado para a estimação do rating soberano será: Ratingt = r(β1 DIV/Xt + β2 DLSP/PIBt +β3 IPCt +β4 NFSP/PIBt +β5 PIBt +β6 TC/PIBt +β7 DELSP/RIt +εt) onde: r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) com as variáveis cardinais. Para a estimação usar-se-á o método Ordered Logit. Mais detalhes sobre esse método, no final do capítulo. Já o modelo usado para se estimar o spread soberano será: logspreadt = α + β0 RATING + β1 DIV/Xt + β2 DLSP/PIBt + β3 IPCt + β4 NFSP/PIBt + β5 PIBt + β6 TC/PIBt + β7 DELSP/RIt + β8 JUROSEUAt + εt onde: logspreadt é o log neperiano do spread. A estimação da equação utilizar-se-á do método de MQO corrigido para a autocorrelação e heterocedasticidade, amplamente conhecido na literatura técnica. O spread Brasilxxxviii e da Argentina foi obtido diretamente do Mecon (2003). As análises dos ratings soberanos, do spread e do EMBI+ permitem observar como o mercado financeiro se comporta frente as pressões vindas de crises financeiras internas e externas. Ou seja, procura comparar o comportamento do mercado brasileiro em relação a cesta de países contemplados no EMBI+xxxix, que inclui o Brasil e Argentina. Dessa comparação pode-se identificar a tolerância dos investidores 84 internacionais aos títulos de dívida e demais papéis, quando da ocorrência de variações nos ratings soberanos. De acordo com a Standard & Poor’s (2002f), o rating soberano baseia-se, principalmente, nos fundamentos macroeconômicos passados e não acompanha as mudanças de expectativas com a mesma velocidade do spread soberano. O spread, por outro lado, reflete rapidamente estas mudanças de expectativas, por que se referem ao prêmio de risco dos títulos de dívida externa nos vários níveis de incerteza do mercado negociados diariamente. Desta forma, ao olhar o spread procura-se capturar os motivos que levaram às mudanças, sendo que podem auxiliar na explicação das variações de rating num futuro próximo. Contudo, percebe-se que uma variação inesperada do rating, também pode desencadear variações do spread acima da média e alterar a relação risco-retorno dos títulos do país com o mercado. Por isso, o spread soberano é considerado uma boa medida das expectativas do mercado e do risco-país. O estudo de eventos para a relação entre o spread e EMBI+, considerando as mudanças de ratings, tem como propósito verificar o comportamento do spread soberano frente aos anúncios de mudanças nos ratings soberanos. O modelo para o estudo de eventos emprega um modelo de mercado, a fim de calcular os spreads esperados: ∆logspreadt = α + β1 ∆logEMBIt + εt onde: ∆logspread do período t é calculado como a diferença dos logs do spread do dia t e t-1. O mesmo procedimento foi usado para o ∆EMBI+. Os eventos referem-se as emissões de ratings soberanos pela Standard & Poor’s. O método de estimação aplicado será MQO corrigido para a autocorrelação e heterocedasticidade, com ajustes na matriz de covariância dos parâmetros para o caso de autocorrelação e/ou heterocedasticidade.. Para identificar o efeito de mudanças dos ratings sobre os spreads, considerar-se-á a geração de spreads acima da média. Econometricamente, para verificar os spreads inesperados (ou em excesso) usar-se-á o método de quebra estrutural em modelos de regressão: coeficiente recursivo, resíduos recursivos e testes de quebra estrutural. Mais detalhes sobre o processo de estimação 85 dos coeficientes recursivos e resíduos recursivos e o teste de estabilidade de Chow, no final deste capítulo. 2.1.2 Rating Soberano do Brasil Na primeira seção do capítulo 3 analisar-se-á graficamente os ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de curto e longo prazo do Brasil, em relação aos fundamentos macroeconômicos de 1994 a 2002, com periodicidade mensal. Na segunda seção do capítulo 3, procurar-se-á identificar quais fundamentos macroeconômicos determinam os ratings soberanos brasileiros, usando os ratings emitidos pela agência Standard & Poor’sxl. O país possui rating para os títulos emitidos em moeda doméstica e estrangeira de curto e longo prazo, mas optou-se pelo rating dos títulos em moeda estrangeira de longo prazo, ao contemplar um período mais longo em relação aos demais - início em dezembro de 1994 (STANDARD & POOR’S, 2003). Paralelamente, busca-se verificar o comportamento do spread soberano, em resposta às reclassificações dos ratings soberanos brasileiros, considerando as mudanças de outlook e as variações nos fundamentos macroeconômicos. Salienta-se que no segundo caso, o rating é uma variável explicativa. O método usado para identificar os determinantes do rating será o ordered logit e para estudar o efeito dos ratings sobre o spread, o método de mínimos quadrados. A avaliação da importância individual e coletiva dos fundamentos macroeconômicos na determinação dos ratings soberanos considera dados mensais de dezembro de 1994 a dezembro de 2002. O estudo do spread soberano tem como propósito verificar se o rating soberano adiciona informações ao mercado, além das contidas nos fundamentos macroeconômicos. Na análise do spread soberano, além dos fundamentos macroeconômicos, será incluída a taxa de juros do Tesouro Americano de 3 mesesxli, com a finalidade de verificar o peso dessa variável sobre o spread soberano brasileiro. Muitos trabalhos sobre fluxos de capitais para países emergentes identificam a taxa de juros dos EUA como uma variável importante nesse movimento. Contudo, neste modelo será contemplado um período menor, uma vez que as informações sobre o spread soberano brasileiro iniciaram somente em dezembro de 1995 (MECON, 2003). 86 Na terceira seção do capítulo 3, para complementar a análise do conteúdo informacional dos ratings, far-se-á um estudo de eventos, considerando a relação entre o spread soberano brasileiro e o EMBI+, com periodicidade diária, e tomando como eventos os ratings das dívidas em moeda estrangeira de longo prazo, emitidos pela Standard & Poor’s para o período de 1998 a 2002. O método para estimação será MQO e o teste para verificação de quebra estrutural, o teste de estabilidade de Chow. O propósito será verificar se os ratings soberanos em moeda estrangeira geram uma mudança na relação entre o risco dos títulos de dívida brasileiros e o risco associado aos de países em desenvolvimento, ou seja, o spread soberano e o EMBI+, respectivamente. Em outras palavras, saber se as indicações de ratings mudam o beta do spread soberano brasileiro. O período é inferior aos das demais análises, por que somente a partir de 1998, o spread brasileiro teve registro diário (MECON, 2003). Por fim, para entender melhor as mudanças de spreads que não foram satisfatoriamente explicadas por mudanças de ratings, analisar-se-á a possibilidade de outros fatores relevantes serem os causadores dessas alterações. O Quadro 2.5 mostra os ratings soberanos, credit watchs e outlooks emitidos pela Standard & Poor’sxlii para os títulos de dívida brasileiros em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, desde a primeira avaliação em dezembro de 1994. Conforme pode-se observar, a primeira nota para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo foi B com outlook positivo. Isso significou, em outras palavras, que esses papéis eram vistos pela Standard & Poor’s como especulativos na categoria de “alto risco” de não pagamento das obrigações. Em junho de 1996 foi dado o primeiro rating para as dívidas em moeda doméstica de longo prazo, BB com outlook positivo. Já em julho de 2002 foi dada a última nota para este ano, B+ com outlook negativo e BB com outlook negativo, para as dívidas em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo, respectivamente. Conforme o capítulo 1, as emissões de rating para as dívidas de curto prazo, não serão alvo de atenção neste trabalho. 87 Quadro 2.5 Ratings Soberanos Brasileiros,1994-2002 Período 01-12-94 18-07-95 20-12-95 19-06-96 02-04-97 10-09-98 14-01-99 09-11-99 29-02-00 03-01-01 09-08-01 02-07-02 Moeda Doméstica Longo Prazo Credit Watch Outlook start upgrade downgrade downgrade upgrade upgrade upgrade downgrade downgrade Positivo Estável Negativo Negativo Estável Positivo Estável Negativo Negativo BB BB+ BB+ BBBBBB BB+ BB+ BB Moeda Estrangeira Longo Prazo Credit Watch Outlook start B Positivo upgrade B+ Estável upgrade B+ Positivo confirmado B+ Positivo upgrade BBEstável downgrade BBNegativo downgrade B+ Negativo upgrade B+ Estável upgrade B+ Positivo upgrade BBEstável downgrade BBNegativo downgrade B+ Negativo Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). O Gráfico 2.1 mostra os ratings soberanos brasileiros de dezembro de 1994 a julho de 2002, usando a transformação ordinal em cardinal. Gráfico 2.1 Evolução dos Ratings Soberanos Brasileiros,1994-2002 14 12 Ratings em Números 10 8 6 4 2 19 94 19 01 94 19 04 94 19 07 94 19 10 95 19 01 95 19 04 95 19 07 95 19 10 96 19 01 96 19 04 96 19 07 96 19 10 97 19 01 97 19 04 97 19 07 97 19 10 98 19 01 98 19 04 98 19 07 98 19 10 99 19 01 99 19 04 99 19 07 99 20 10 00 20 01 00 20 04 00 20 07 00 20 10 01 20 01 01 20 04 01 20 07 01 20 10 02 20 01 02 20 04 02 20 07 02 10 0 Período Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). 88 2.1.3 Ratings Soberanos da Argentina O capítulo 4 trata da análise de ratings soberanos para o caso da Argentina. A estrutura e análise segue o mesmo objetivo e modelos traçados para o Brasil, contemplados no capítulo anterior. Na primeira seção do capítulo 4, buscar-se-á analisar graficamente os fundamentos macroeconômicos para captar quais seriam aqueles que explicam o rating emitido para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, entre 1993 a 2002, com periodicidade trimestral. A segunda seção do capítulo 4 ter-se-á como objetivo, em primeiro lugar, verificar se o rating adiciona informações ao mercado, além das contidas nos fundamentos macroeconômicos. Em segundo lugar, verificar se o spread soberano recebe informações dos ratings, bem como dos fundamentos macroeconômicos e dos juros do Tesouro Americano de 3 meses. O método usado para identificar os determinantes do rating também será o ordered logit e para estudar o efeito dos ratings sobre o spread, o MQO. O rating usado nas estimações refere-se ao dos títulos de dívida em moeda estrangeira de longo prazo, dada a sua maior abrangência temporal. As análises dos fundamentos macroeconômicos para a determinação dos ratings soberanos consideram os dados que iniciam no quarto trimestre de 1994 ao quarto trimestre de 2001. O período que compreende o primeiro trimestre de 1994 ao terceiro trimestre de 1994 foi excluído, uma vez que o início da primeira observação do fundamento dívida externa sobre as exportações ocorre somente no quarto trimestre de 1994. A análise exclui o ano de 2002, pois o modelo ordered logit indicou que a variável DLSP/PIB é um previsor perfeito dos ratings ao superar o patamar de 60%. Com isso, poder-se-ia prever o comportamento do rating sem auxílio dos demais fundamentos. Desta forma, o modelo usando ordered logit é estimado contemplando somente até o quarto trimestre de 2001. Na terceira seção do capítulo 4, assim como para o Brasil, complementar-se-á a análise do conteúdo informacional dos ratings através do estudo de eventos. Será considerada a relação entre o spread soberano argentino e EMBI+, com periodicidade diária, tendo como eventos os ratings em moeda estrangeira de longo prazo, emitidos pela Standard & Poor’s para o período de 1998 a 2002. Usando a mesma metodologia do caso brasileiro, o propósito será verificar se os ratings soberanos em moeda 89 estrangeira geram uma mudança na relação entre o risco dos títulos de dívida argentinos e o de países em desenvolvimento, o spread soberano e o EMBI+, respectivamente. Em outras palavras, ver se as indicações de ratings mudam o beta do spread soberano argentino. O período é inferior aos das demais análises, por que somente a partir de 1998, o spread passou a ter registro diário (MECON, 2003). Por último, para compreender mais amplamente as mudanças de spread que não foram explicadas na sua totalidade pelas mudanças de ratings, será analisada a possibilidade de outros fatores relevantes serem os causadores das oscilações. Os ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’sxliii para a Argentina referem-se aos anos de 1993 a 2002. Os títulos de dívida soberana em moeda estrangeira de longo prazo foram os primeiros a receber uma classificação, em 25 de agosto de 1993, como pode ser visto na Quadro 2.6. A nota dada pela agência foi BBcom outlook estável, acima da nota brasileira, mas ainda pertencente ao grau especulativo. A performance dos títulos em moeda estrangeira argentina sempre foi atrelada a esse grau, sendo a menor nota, em julho de 2001, B- com outlook negativo. Contudo, após a deflagração da crise em meados de 2001, a Standard & Poor’s indicou ratings pertencentes ao grau de default, que permaneceram até o final de 2002. Quadro 2.6 Ratings Soberanos Argentinos,1993-2002 Período 25-08-93 04-02-94 22-08-94 01-09-94 08-03-95 02-04-97 22-07-99 10-02-00 31-10-00 14-11-00 19-03-01 26-03-01 08-05-01 06-06-01 12-07-01 09-10-01 30-10-01 06-11-01 12-02-02 M oeda Dom éstica Longo Prazo Credit Watch Outlook start downgrade confirmado downgrade upgrade downgrade downgrade downgrade downgrade downgrade confirmado downgrade downgrade downgrade downgrade confirmado BBBBBBBBBBBBBBBBBBBB BB B+ B B BCCC+ CC DS DS Positivo Estável Estável Negativo Estável Negativo Estável Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo NS NS M oeda Estrangeira Longo Prazo Credit Watch Outlook start BBEstável upgrade BBPositivo confirmado BBPositivo confirmado BBPositivo downgrade BBEstável upgrade BB Estável downgrade BB Negativo upgrade BB Estável downgrade BB Negativo downgrade BBEstável downgrade BBNegativo downgrade B+ Negativo downgrade B Negativo confirmado B Negativo downgrade BNegativo downgrade CCC+ Negativo downgrade CC Negativo downgrade DS NS confirmado DS NS Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). Nota: NS = Não Significativo; DS = Default Seletivo. 90 O Gráfico 2.2 mostra os ratings soberanos argentinos de agosto de 1993 a fevereiro de 2002, usando a transformação ordinal em cardinal do Quadro 2.6, como aplicado nos rating brasileiros. Pode-se perceber que nos últimos meses de 2001, o país passou a fazer parte do grau de “default”, onde o rating default seletivo recebeu o número zero. Gráfico 2.2 Evolução dos Ratings Soberanos da Argentina, 1993-2002 14 12 Ratings em Números 10 8 6 4 2 N Au g9 ov 3 Fe 93 b M -94 ay Au 94 gN 94 ov Fe 94 bM 95 ay Au 95 gN 95 ov Fe 95 bM 96 ay Au 96 gN 96 ov Fe 96 bM 97 ay Au 97 gN 97 ov Fe 97 bM 98 ay Au 98 gN 98 ov Fe 98 bM 99 ay Au 99 gN 99 ov Fe 99 bM 00 ay Au 00 gN 00 ov Fe 00 bM 01 ay Au 01 gN 01 ov Fe 01 b02 0 Período Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). 2.2 Ratings Soberanos nas Análises dos Ratings Corporativos Os ratings soberanos brasileiros são emitidos pelas agências Standard & Poor’s e Moody’s. Ambas as agências têm metodologias e pesos diferenciados para os fundamentos macroeconômicos no que se refere a determinação do rating soberano, como salientado por muitos autores. Entretanto, conforme se pode ver nos Gráficos 2.3 e 2.4, a evolução dos ratings soberanos brasileiros e argentinos nas duas agências é semelhante, o que nos permite afirmar que a diferença metodológica não gera conflitos e incomparações. 91 Gráfico 2.3 Evolução dos Ratings Soberanos do Brasil em itidos pela Standard & Poor's e Moody's, 19942002 14 12 Ratings em Números 10 8 6 4 2 19 94 19 01 95 19 03 95 19 06 95 19 09 95 19 12 96 19 03 96 19 06 96 19 09 96 19 12 97 19 03 97 19 06 97 19 09 97 19 12 98 19 03 98 19 06 98 19 09 98 19 12 99 19 03 99 19 06 99 19 09 99 20 12 00 20 03 00 20 06 00 20 09 00 20 12 01 20 03 01 20 06 01 20 09 01 20 12 02 20 03 02 20 06 02 20 09 02 12 0 Período Rating M oeda Dom éstica Longo Prazo S&P Rating M oeda Estrangeira Longo Prazo S&P Rating M oeda Dom éstica Longo Prazo M oody's Rating M oeda Estrangeira Longo Prazo M oody's Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). Gráfico 2.4 Evolução dos Ratings Soberanos da Argentina emitidos pela Standard & Poor's e Moody's, 1993-2002 14 12 Ratings em Números 10 8 6 4 06-02-02 06-11-01 06-08-01 06-05-01 06-02-01 06-11-00 06-08-00 06-05-00 06-02-00 06-11-99 06-08-99 06-05-99 06-02-99 06-11-98 06-08-98 06-05-98 06-02-98 06-11-97 06-08-97 06-05-97 06-02-97 06-11-96 06-08-96 06-05-96 06-02-96 06-11-95 06-08-95 06-05-95 06-02-95 06-11-94 06-08-94 06-05-94 06-02-94 06-11-93 0 06-08-93 2 Período Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo Moody's Rating Moeda Doméstica Longo Prazo Moody's Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo S&P Rating Moeda Doméstica Longo Prazo S&P Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). 92 No capítulo 4 irar-se-á utilizar o rating soberano emitido pela Moody’s, porque os ratings corporativos da Petrobras e Repsol-YPF são indicados também por essa agência. 2.3 Ratings Corporativos Como visto no capítulo 1, as agências informam que os ratings corporativos são determinados após a análise de indicadores econômico-financeiros e uma avaliação qualitativa da estratégia de negócios, onde mostra os pontos fortes e fracos da empresa. Toda essa informação é sintetizada no rating, que representa a capacidade dos emitentes de dívida de pagar as dívidas e, também, alimenta o mercado com mais esse conteúdo informacional. De qualquer forma, vários trabalhos na literatura tentam identificar os fundamentos dos ratings corporativos, a partir de um grupo de variáveis financeiras. Num outro grupo de trabalhos sobre ratings corporativos, têm-se os estudos que tentam identificar o efeito, se existente, de mudanças dos ratings sobre os spreads dos títulos de dívida ou retornos das ações de uma empresa. Ambos estudam o conteúdo informacional dos ratings. O primeiro grupo tem como intuito identificar o quanto do rating pode ser previsto usando-se somente informações de mercado. O segundo grupo, por sua vez, procura verificar se as mudanças dos ratings trazem novas informações ao mercado. As agências de ratings argumentam que o processo de emissão de ratings reflete tanto o uso de variáveis financeiras – quantitativas – amplamente divulgadas ao mercado, como inside information (GOH e EDERINGTON, 1993) proveniente de entrevistas com a direção das corporações emissoras de títulos de dívida (MOODY’S, 2002a). Alertam, também, que os ratings refletem uma avaliação subjetiva dessas informações privilegiadas, a qual tiveram acesso. Desta forma, pode-se dizer que as mudanças de ratings trazem informações novas ao mercado. Por outro lado, alguns estudos afirmam que os ratings não trazem informações novas, sob o ponto de vista teórico e prático (PARTNOY, 2002). Neste caso, a demanda por ratings seria fruto exclusivo das obrigações regulatórias, no caso americano, imposta pela SEC, como visto no capítulo 1. 93 O estudo dos determinantes dos ratings teve início ainda nos anos 60 nos EUA, com modelos de previsão de falênciasxliv e de avaliação de crédito. Os trabalhos empregavam dados contábeis das empresas para identificar o que as levaram a não honrar seus compromissos. Ederington (1985) sintetizou a literatura até o início dos anos 80, quando comparou os diferentes métodos empregados (logit, ordered logit, análise de discriminante e MQO). O autor recomendou o uso do método ordered logit, do ponto de vista teórico e com base nos resultados empíricos. A despeito do método e da afirmação, por parte das agências de rating, que vários indicadores são usados na análise, um pequeno conjunto de variáveis contábeis é empregado nos estudos sobre os determinantes dos ratings corporativos. A base desse conjunto está nos resultados obtido anteriormente e tem sido o padrão para os estudos recentes, como pode ser visto no Quadro 2.7. Em geral, são considerados como indicadores os relacionados à cobertura financeira, estrutura de capital e avaliação de negócios e, muitas vezes, o tamanho da empresa. Entretanto, quando é usado mais de um indicador para a cobertura de capital, por exemplo, fluxo de caixa retido sobre dívida total (FCR/DT), fluxo de caixa operacional sobre dívida de curto prazo (FCO/DCP), fluxo e caixa operacional sobre dívida total (FCO/DT), podem ocorrer problemas de multicolinearidade, levando à eliminação de alguns indicadores pelo método stepwise ou similar. Os resultados dos trabalhos sobre os determinantes dos ratings corporativos sugerem que os modelos conseguem explicar a grande maioria desses ratings, empregando somente algumas variáveis contábeis. As variáveis significativas recorrentes foram: alavancagem, cobertura de juros e tamanho. Também, que os ratings são muito influenciados pelo ciclo econômico, o que viola a condição de sinalizadores de longo prazo. No caso de países em desenvolvimento, os estudos indicam que os ratings corporativos são explicados, quase na totalidade, pelo comportamento do rating soberano. Assim, como aplicado nos trabalhos com soberanos, os trabalhos usaram cross section ou painel de ratings de empresas. O método de estimação foi ora MQO ora ordered probit, excetuando o trabalho de Ederington (1985) que usou MQO, análise discriminante, logit e ordered logit, a fim de saber qual dos três métodos é o melhor na determinação dos ratings corporativos. Neste caso, pode-se afirmar que os resultados obtidos sobre os determinantes dos ratings corporativos trazem dúvidas sobre o conteúdo informacional em adição às informações disponíveis no mercado. 94 Os estudos empíricos dos efeitos dos ratings sobre os spreads dos títulos de dívida ou retornos das ações tiveram início na década de 1970 nos EUA. Ederington et al. (1984) e Hand et al. (1992) sintetizaram a literatura até o final da década de 80. Para esses autores, rebaixamentos de ratings de títulos de dívida refletem uma piora na lucratividade da empresa ou na sua capacidade de honrar os compromissos financeiros. Em resposta a essa performance, a empresa tem uma maior exposição ao risco e, conseqüentemente, as exigências de um retorno mais alto para os títulos de dívida ou ações. No que se refere aos estudos específicos sobre o comportamento dos títulos de dívida, observa-se um número menor de publicações comparativamente aos estudos sobre os efeitos nos retornos das ações. Esse relativo descaso deve-se aos títulos possuírem, em sua maioria, um grau de liquidez inferior ao das ações, tornando-se difícil mensurar o seu valor em vários momentos, por ausência de transação. Resumidamente, pode-se dizer que os resultados dos trabalhos sobre ações e títulos de dívida apontam que somente os efeitos dos downgrades dos ratings corporativos influenciaram o preço dos ativos. Assim, os upgrades parecem não trazer informações novas ao mercado. Estes resultados foram observados nos EUA (EDERINGTON et al., 1984; HAND et al. 1992; IMPSON et al., 1992; GOH e EDERINGTON, 1993; ROSS et al., 1997; EDERINGTON e GOH, 1998 e LIU et al., 1999) e em outros países (MATOLCSY e LIANTO, 1995, BARRON et al., 1997 e BROOKS et al., 2004). Mais detalhes a seguir. Ederington et al. (1984) colocaram em uma mesma regressão de previsão de spreads de títulos de dívida, variáveis financeiras e ratings corporativos. Todos foram estatisticamente significativos, sendo os ratings significativos somente para os títulos de dívida com classificação inferior a A. Já Impson et al. (1992), olhando o retorno das ações, estudaram separadamente os ratings com upgrade e downgrade, para identificar a existência de quebra estrutural no beta das ações. Em geral houve quebra estrutural no beta da ação apenas nos downgrades e em empresas de grande porte. Hand et al. (1992), por sua vez, coletaram uma amostra de títulos de dívida e ações de empresa idênticas, para identificar se o efeito de downgrades ocorreu apenas nos títulos de dívida ou nas ações ou em ambos. Em adição analisaram, separadamente, as mudanças de ratings antecipadas e 96 não antecipadas – e as não antecipadas sem ocorrência paralela de “fatos relevantes” ou de divulgação de balanços contábeis na imprensa -. No caso de títulos de dívida, as mudanças dos ratings e de credit watch trouxeram alguns efeitos sobre os spreads para o caso de mudanças inesperadas. No caso de ações, somente as mudanças inesperadas dos ratings, em especial, os downgrades, afetaram os retornos. Goh e Ederington (1993) aprofundaram o trabalho de 1984, analisando apenas os rebaixamentos inesperados dos ratings sobre as ações. Sugeriram um efeito dúbio no que se refere a mudança dos ratings corporativos sobre os retornos das ações. Se os rebaixamentos nos ratings de títulos de dívida corporativos refletem uma redução na lucratividade ou no fluxo de caixa, o efeito será negativo sobre as ações e títulos de dívida; se os rebaixamentos refletem um aumento de alavancagem, isto não terá um efeito negativo sobre as ações, pois pode estar ocorrendo uma transferência de renda dos emprestadores para os acionistas. Assim, o aumento do risco pela alavancagem pode estar sendo direcionado apenas para os bondholders, enquanto que para os acionistas, esse risco pode ser sinônimo de aumento no valor da empresa (ROSS et al., 1997). Com isso, os downgrades não afetam os retornos das ações. Matolcsy e Lianto (1995), num dos poucos trabalhos fora dos EUA, neste caso, para a Austrália, exploraram o efeito de mudanças de ratings sobre os títulos de dívida, tendo como controle as mudanças de perspectivas de lucratividade. Identificaram que o efeito de downgrades agiu sobre os retornos dos títulos de dívida, mesmo controlando as variações de lucratividade em diferentes janelas. Ederington e Goh (1998) interpretaram os resultados da literatura sobre os efeitos dos downgrades nos retornos de ações e de títulos de dívida. Os autores especularam sobre a possibilidade das empresas tenderem a divulgar mais rapidamente as notícias boas e a omitir as notícias ruins. Também especularam que as agências de ratings seriam mais desmotivadas na coleta de dados para descobrir os motivos de pioras na qualidade de crédito de empresa do que motivos de melhoras, por dois motivos: a) o processo de procura de dados explicativos, para a indicação de uma piora repercute em gastos significativos; b) o custo reputacional de um erro na indicação de default é grande, sugerindo uma estratégia conservadora de upgrades. 97 Brooks et al. (2004) foram os únicos a investigar o efeito de mudanças de ratings soberanos sobre o comportamento de retornos de ações (no caso, índices de ações de empresas de diferentes países). Suas conclusões são de que os upgrades não tiveram efeitos sobre os retornos das ações, mas os rebaixamentos geraram retornos anormais negativos. Esses resultados são próximos aos encontrados por Impson et al. (1992) para os EUA. A metodologia empregada pelos trabalhos segue a de estudo de eventos (CAMPBELL et al., 1997). Para as ações, o estudo de evento pressupõe a especificação de um modelo de mercado, para a identificação de retornos excessivos no pós-evento. Estes retornos excessivos podem ser identificados através do teste de quebra estrutural no modelo de mercado, como em Impson et al.(1992). Como os testes de quebra estrutural são facilmente implementados em pacotes econométricos foi empregada aqui a versão de estudo de eventos com quebra estrutural no modelo de mercado, para testar o efeito de mudanças dos ratings sobre o comportamento das ações das empresas selecionadas Petrobras e Repsol-YPF. 2.3.1 Indicadores Corporativos Como mencionado acima, os modelos econométricos sobre ratings empregam poucos indicadores sobre lucratividade, alavancagem e caixa. Por outro lado, as agências de rating afirmam que consideram um grande número de indicadores, sendo alguns específicos às empresas de petróleo. Assim, faz-se necessário coletar todos os indicadores usados pelas agências, como ponto de partida para o modelo econométrico. Os indicadores financeiros, de produção, reservas e perfil administrativo das empresas seguem a metodologia da Moody’s (2001b, p. 5-8) e Standard & Poor’s (2002a). Os indicadores financeiros analisados são divididos em (1) cobertura financeira; (2) estrutura de capital; (3) avaliação de negócios. Já os indicadores de produção e reservas dividem-se em (a) proteção ao fluxo de caixa e ativos; (b) estratégias da empresa; (c) sucesso operacional e eficiência dos custos. O perfil administrativo, por sua vez, pode ser analisado observando os indicadores da estrutura de capital e a taxa de crescimento da produção. Mais detalhes a seguir. 98 Nos indicadores de cobertura financeira procura-se capturar a capacidade da empresa em gerar fluxo de caixa para pagar as obrigações financeiras. Para isso, as empresas desdobram o fluxo de caixa em fluxo de caixa retido, fluxo de caixa operacional e fluxo de caixa livre e outros indicadores. • Fluxo de Caixa Retido/Dívida Total [símbolo FCR/DT]: representa a habilidade da empresa em pagar a dívida total. Espera-se uma correlação positiva entre o FCR/DT e o rating corporativo. • Fluxo de Caixa Operacional/Dívida de Curto Prazo [símbolo FCO/DCP]: mostra a habilidade da empresa em pagar as suas dívidas de curto prazo, ao contrário da anterior. O FCO pode ser obtido utilizando-se de várias metodologias (BRIGHAM, 2001). A metodologia seguida considerou a soma do lucro líquido e da depreciação e amortização. Logo, quanto maior o FCO/DCP melhor é o rating corporativo. • Fluxo de Caixa Operacional/Dívida Total [símbolo FCO/DT]: indica a capacidade de pagamento da empresa no que se refere as dívidas de curto e longo prazos. Espera-se que quanto maior o FCO/DT, mais alto o rating corporativo. • EBITxlv cobertura de juros [símbolo EBIT]: é o indicador mais usado nas análises de cobertura financeira. Mostra a disposição da empresa em pagar os serviços da dívida, que não são reinvestidos no negócio. O EBIT cobertura de juros refere-se ao lucro operacional próprio sobre as despesas financeirasxlvi e, quanto maior o EBIT, maior o rating corporativo. • Fluxo de Caixa Livre/Dívida Total [símbolo FCL/DT]: esse indicador é importante para as indústrias, que são capital intensivo, por que necessitam estar continuamente reinvestindo na capacidade instalada (MOODY’S, 2001b). Neste caso, espera-se que quanto maior o FCL/DT, melhor é rating corporativo. • EBITDAxlvii cobertura de juros [símbolo EBITDA]: É um indicador pouco utilizado nas análises da qualidade de crédito, por que não considera as flutuações no capital de giro e os respectivos efeitos no fluxo de caixa das empresas. Como substituto, as agências de classificação têm calculado o indicador Dívida Total/EBITDA [símbolo DT/EBITDA], por ser considerado uma medida de alavancagem, particularmente para as empresas 99 speculative grade. Então, espera-se uma correlação positiva do EBITDA e o rating corporativo e, negativa da DT/EBITDA com o rating corporativo. • EBITDA menos gastos em capital - cobertura de juros [símbolo EBITDA-GC]: considerando as limitações do EBITDA, as agências têm subtraído os gastos com capital, a fim de obter a disponibilidade de fluxo de caixa, dada as particularidades das empresas de capital intensivo como na indústria do petróleo. Salienta-se, mais uma vez, que as agências consideram esse indicador uma medida com fortes limitações. Esperase que um aumento do EBITDA-GC repercuta num rating corporativo melhor. Os indicadores de estrutura de capital mostram a origem do financiamento, que podem ter como origem às dívidas de curto e longo prazo, ações preferenciais e patrimônio líquido. Contudo, esses indicadores possuem um peso menor quando comparados aos indicadores de fluxo de caixa, uma vez que não capturam os valores dos ativos, necessidades de liquidez e obrigações fora do balanço (MOODY’S, 2001b, p. 7). Os indicadores sãoxlviii: • Dívida Total/Capitalização Total [símbolo DT/CAP]: é um indicador amplamente usado pelas empresas, como uma medida de alavancagem. As agências estão usando esse indicador com limitações, por que ele não possibilita a comparação entre empresas, devido aos padrões contábeis diferenciados entre países, principalmente nos casos de aquisições e fusões. Salienta-se que o objetivo aqui não é comparar as empresas selecionadas. Espera-se que um aumento da DT/CT repercuta numa redução do rating corporativo. • Dívida de Curto Prazo/Dívida Total [símbolo DCP/DT]: é um indicador que mostra o risco de liquidez. As agências acreditam que a DCP/DT não aumenta excessivamente, quando possui fontes alternativas de financiamento. Na ausência dos mesmos, pode haver risco de não refinanciamento. Espera-se que quanto maior a DCP/DT maiores são os risco de iliquidez e menor o rating corporativo. Os indicadores de avaliação dos negócios mostram a qualidade e estabilidade dos ganhos da empresa. As agências os apontam como complementares aos indicadores financeiros, dado que uma maior estabilidade dos negócios repercute numa melhor cobertura financeira. Os indicadores sãoxlix: 100 • Margem Bruta [símbolo MB]: para a Moody’s (1999b), esse indicador mostra as características da commodity, o impacto de um aumento de preços na produção e a habilidade da empresa em repassar os custos aos preços finais. Espera-se que quanto maior a MB, melhor é o rating corporativo. • Margem Operacional [símbolo MO]: mede a lucratividade operacional da empresa. Esse indicador é usado pelas agências, para comparar as empresas no que diz respeito ao grau de aderência da produção aos ciclos econômicos. Assim, quanto mais alta for a MO, maior será o rating corporativo. • Gastos com Capital/Depreciação [símbolo GC/D]: é observado principalmente quando a empresa lança um novo plano de expansão para a capacidade instalada. Paralelamente, é acompanhado, ao longo do tempo, o peso da depreciação para estabelecer novos planos de expansão. Logo, para a Moody’s (1999b) quanto maior os GC/D, maiores serão o potencial produtivo da empresa e o rating corporativo. • Receita Líquida Operacional [símbolo RLO]: mostra a posição da empresa no mercado. Neste caso, o rating corporativo aumenta, quando a empresa possui uma forte posição no mercado. 2.3.2 Indicadores Específicos da Indústria do Petróleo Os indicadores específicos da Indústria do Petróleo são divididos em quantitativos e qualitativos. Os quantitativos referem-se aos indicadores de risco tributário, competitividade, de proteção ao fluxo de caixa e ativosl e sucesso operacional e eficiência dos custos; os qualitativos, ao perfil administrativo e estratégias da empresa. Como risco tributário especifico da indústria do petróleo optou-se por acompanhar o comportamento dos royaltiesli [símbolo royalties], por ser o único que age diretamente sobre a produção de petróleo e GN e tem recolhimento mensal. 101 Os indicadores de competitividade mostram a capacidade da empresa em superar limitações estruturais do mercado, tais como, o preço da commodity, as barreiras à entrada e os ciclos econômicos. • Preço da Commodity [símbolo PC]: esse indicador permite às agências avaliarem as possibilidades de lucratividade para as empresas petrolíferas. Faz-se uma análise dos preços vigentes no mercado internacional, considerando que as empresas são tomadoras de preços, a fim de verificar o limite de preços que a empresa pode trabalhar, sem afetar a qualidade do crédito. Espera-se que quanto maior o preço, maior as condições da empresa de pagar as dívidas e, conseqüentemente, o rating corporativo. • Barreiras à Entrada [símbolo BE]: as barreiras à entrada podem manter a liderança da empresa, enquanto que a abertura do mercado para a entrada de novas empresas, pode abalar essa posição. A qualidade do crédito está relacionada as possibilidades de liderança num ambiente competitivo. Em outras palavras, o rating mais alto está relacionado a um lucro operacional próprio (EBIT cobertura de juros) constante ou crescente, mesmo com a entrada de novas empresas no mercado. No caso da Petrobras, a abertura do mercado brasileiro para empresas estrangeiras no upstream, midstream e downstream ocorreu em 1995 (Emenda Constitucional nº. 9/95) e gerou um novo horizonte competitivo. Para a Repsol-YPF, a privatização ocorrida em 1991 fez com que a empresa também vislumbrasse um novo mercado competitivo. Nesses casos, as análises sobre as barreiras à entrada devem considerar os períodos ex ante e ex post a abertura. Contudo, salienta-se que essa divisão é pertinente apenas para a Petrobras, uma vez que o período analisado abrange de 1994 a 2002. • Ciclo Econômico [símbolo CE]: o indicador ciclo econômico procura verificar o peso de uma recessão sobre o nível de investimento. É usado o crescimento do país e do mundo comparativamente ao crescimento da produção. Espera-se que quanto maior o peso de uma recessão regional ou mundial sobre a empresa, menor é o rating corporativo. • Recursos não renováveis [símbolo DNR]: quando os recursos produtivos são não renováveis, menores as possibilidades de retorno financeiro futuro. No caso das empresas petrolíferas, a possibilidade de exaustão das reservas obriga as empresas 102 investirem na descoberta de novas reservas (DNR), para que a produção não decline. A descoberta de novas reservas proporciona maiores possibilidades de aumento do crédito, porque reduz as incertezas quanto ao retorno futuro da produção. Logo, esperase que o aumento das descobertas faça com que o rating corporativo também aumente. Os indicadores de reservas têm como propósito verificar a qualidade das reservas e a respectiva capacidade de manutenção dos fluxos de caixa e ativos. Os indicadores sãolii: • Reservas Provadas/Produção [símbolo RP/P]: mostra o quanto é produzido considerando as reservas provadas. Quanto maior a RP/P, maiores os indicadores de produtividade e de qualidade do crédito e, com isso, espera-se um rating corporativo maior. • Reservas Provadas [símbolo RP]: esse indicador evidencia a capacidade do reservatório de petróleo, obtida usando técnicas de análise sísmica, geológica, entre outras. Esperase, neste caso, que quanto maior as reservas provadas maior o rating corporativo. • Indexador de Vida das Reservas [símbolo IVR]: refere-se a taxa de crescimento da produção de petróleo e GN. Nesse indexador é considerada a produção ao longo dos últimos anos, desconsiderando as perfurações com sucesso, ou seja, que resultaram em novas reservas. É um indicador similar ao P/R, porque uma relação constante está relacionada inversamente a exaustão das reservas. Assim, quanto maior esse indexador, melhor a qualidade de crédito da empresa e o rating corporativo. • Reservas Provadas/Dívida Total [símbolo RP/DT]: esse indicador mostra o quanto as reservas provadas conseguem pagar a dívida total. Como o petróleo é o ativo mais importante para as empresas, a qualidade de crédito é baseada numa relação RP/DT estável ou crescente. Espera-se uma correlação positiva entre esse indicador e o rating corporativo. • Fluxo de Caixa Operacional/Produção [símbolo FCO/P]: capta o potencial de geração de caixa a partir da produção do ano corrente. Quanto maior o FCO/P, melhor a qualidade de crédito e o rating corporativo. As estratégias da empresa estão intimamente ligadas a tendência operacional da empresa e do setor petrolífero, embora as análises também levem em conta uma 103 considerável subjetividade. Os indicadores contemplados para medir o sucesso ou insucesso estratégico sãoliii: • Perfil da Produção [símbolo PP]: mede o crescimento da produção no presente e no futuro, com projeção para 3 e 5 anos. Na projeção, além de considerar o crescimento do mercado, leva em conta o tempo estimado de vida da reserva, exaustão da produção e a correspondente cobertura do fluxo de caixa. É considerada uma medida similar ao FCO/P (MOODY’S, 1999b). Espera-se que quanto maior o PP maior o rating corporativo. O sucesso operacional e a eficiência nos custos estão relacionados às descobertas de reservas de petróleo e a capacidade de exploração e produção de petróleo e gás. Pode-se dizer que desses indicadores estão indiretamente relacionados aos indicadores de proteção ao fluxo de caixa e ativos. Os indicadores sãoliv: • Indicador de recolocação de reservas [símbolo IRR]: é um indicador diretamente relacionado às perfurações com sucesso. Quanto maior a IRR, mais alto o rating corporativo. • Indicador de sucesso das perfurações [símbolo ISP]: refere-se as perfurações com sucesso sobre o total de perfurações. Requer também informações qualitativas sobre as descobertas de reservas, a fim de verificar se a quantidade de petróleo e gás nas reservas é comercialmente viável. Espera-se que um alto ISP leve a um rating corporativo mais alto. • Custos de Produção [símbolo lifting costs]: considera o custo operacional total de retirar e levar um barril de petróleo para a superfície. Esses custos se subdividem em operacionais, manutenção, equipamentos, softwares, despesas administrativas e de produção. A importância desse indicador consiste em avaliar as realizações e habilidades de tornar a produção lucrativa obedecendo as variações de preços. Esperase que quanto maior o lifting costs, menor o rating corporativo. • Breakeven do Fluxo de Caixa [símbolo BFC]: esse indicador subtrai o custo de produção (lifting costs) do preço de mercado da commodity. Assim, quanto maior o breakeven, maior o rating corporativo. 104 Para a Moody’s (1999b) e Standard & Poor’s (2002a), medir as conseqüências de decisões administrativas tem sido uma tarefa árdua. Mais ainda, quando se procura captar os efeitos de um perfil administrativo mais avesso ao risco ou mais propenso ao risco sobre os resultados no médio e longo prazo. Acredita-se que uma empresa mais avessa ao risco possui uma maior visibilidade quanto ao seu futuro, desconsiderando os choques externos. Por outro lado, quando uma empresa é propensa ao risco, às incertezas em relação ao resultado almejado são maiores, principalmente pela crescente exposição às mudanças de humor do mercado. Assim, o perfil administrativo tem sido um indicador importante no processo de rating, uma vez que age diretamente sobre a relação empresa e mercado. Pode-se acrescentar, que as empresas têm procurado determinar as suas estratégias baseadas no know-how e grau de competitividade do mercado. Por isso, as estratégias muito ousadas nos setores operacional, comercial e financeiro, muitas vezes vêm sendo abandonadas, principalmente nos períodos recessivos. Para medir o perfil administrativo são levados em conta muitos fatores; contudo, as agências têm usado a taxa de crescimento da produção [símbolo TCP] em relação ao mundo e região e o nível de endividamento empresa, medido pelos indicadores de Estrutura de Capital [DT/CAP; DCP/DT], vistos anteriormente, como bons indicadores nesta rubrica. O Quadro 2.8 sintetiza a correlação esperada entre os indicadores financeiros, de produção e reservas e os ratings corporativos, associando-os também ao método de análise de pirâmide descrito no capítulo 1. 105 Quadro 2.8 - Comportamento Esperado dos Indicadores Financeiros, de Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativos e Operacionais sobre os Ratings Corporativos Indicadores Símbolos Sinais da Correlação Cobertura Financeira Fluxo de Caixa Retido sobre Dívida Total Fluxo de Caixa Operacional sobre Dívida de Curto Prazo Fluxo de Caixa Operacional sobre Dívida Total EBIT cobertura de juros Fluxo de Caixa Livre sobre Dívida Total EBITDA cobertura de juros EBITDA menos Gastos com Capital cobertura de juros Dívida Total sobre EBITDA FCR/DT FCO/DCP FCO?DT EBIT FCL/DT EBITDA EBITDA-GC DT/EBITDA + + + + + + + - DT/CAP DCP/DT - MB MO GC/D RT + + + + RP/P RP IVR RP/DT FCO/P + + + + + PP + IRR ISP Lifting costs BFC + + + TCP + PC CE DNR + + + Royalties - Estrutura de Capital Dívida Total sobre Capitalização Dívida de Curto Prazo sobre Dívida Total Topo da Pirâmide Avaliação dos Negócios Margem Bruta Margem Operacional Gastos com Capital sobre Depreciação Receita Total Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativos Reservas Provadas sobre Produção Reservas Provadas Indexador de Vida das Reservas Reservas Provadas sobre Dívida Total Fluxo de Caixa Operacional sobre Produção Estratégias Operacionais da Empresa Perfil de Produção Sucesso Operacional e Eficiência dos Custos Indicador de Recolocação de Reservas Indicador de Sucesso das Perfurações Custo de Produção Breakeven do Fluxo de Caixa Perfil Administrativo Base Meio da Pirâmide Taxa de Crescimento da Produção Competitividade Preço da Commodity Ciclo Econômico Descobertas de Novas Reservas Risco Tributário(*) Royalties Fonte: Elaboração do autor. Nota: (*) Na base da pirâmide, mensurou-se somente o risco-país e o risco tributário. Para o risco tributário se optou pelos royalties, por que é um indicador que mostra a incidência de tributos específicos sobre a produção de petróleo e GN. 106 2.3.3 Ratings Corporativos da Petrobras Os ratings corporativos da Petrobras para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira são emitidos pela Moody’s e Standard & Poor’s. Como já apontado anteriormente, a despeito da metodologia e peso dos fundamentos macroeconômicos que compõem o rating soberano serem diferenciados, a evolução destes é semelhante. Neste caso, acredita-se que a comparação entre ambos, com os ratings corporativos da Petrobras não seja absurda. A Moody’s indica os ratings da Petrobras desde o primeiro lançamento em 17 de abril de 1997. Por esse motivo, se optou em confrontar os soberanos e corporativos indicados por esta agência. De qualquer forma, pode-se ver nos Gráficos 2.5 e 2.6, que o rompimento do teto soberano em moeda estrangeira e doméstica pela Petrobras em 2001, se deu em relação aos ratings das duas agências. Para a moeda doméstica, também se percebe o rompimento desde a sua emissão em 16 de agosto de 2002. Gráfico 2.5 Evolução dos Ratings Soberanos em Moeda Estrangeira e da Petrobras, 1994-2002 14 12 Ratings em Números 10 8 6 4 2 19 94 19 01 95 19 03 95 19 06 95 19 09 95 19 12 96 19 03 96 19 06 96 19 09 96 19 12 97 19 03 97 19 06 97 19 09 97 19 12 98 19 03 98 19 06 98 19 09 98 19 12 99 19 03 99 19 06 99 19 09 99 20 12 00 20 03 00 20 06 00 20 09 00 20 12 01 20 03 01 20 06 01 20 09 01 20 12 02 20 03 02 20 06 02 20 09 02 12 0 Período Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo S&P Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo Moody's Rating Moeda Estrangeira Moodys - Petrobras Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). 107 Gráfico 2.6 Evolução dos Ratings Soberanos em Moeda Doméstica e da Petrobras, 1994-2002 16 14 Ratings em Números 12 10 8 6 4 2 19 94 19 01 95 19 03 95 19 06 95 19 09 95 19 12 96 19 03 96 19 06 96 19 09 96 19 12 97 19 03 97 19 06 97 19 09 97 19 12 98 19 03 98 19 06 98 19 09 98 19 12 99 19 03 99 19 06 99 19 09 99 20 12 00 20 03 00 20 06 00 20 09 00 20 12 01 20 03 01 20 06 01 20 09 01 20 12 02 20 03 02 20 06 02 20 09 02 12 0 Período Rating Moeda Doméstica Longo Prazo S&P Rating Moeda Doméstica Longo Prazo Moody's Rating Moeda Doméstica Moodys - Petrobras Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). Com o intuito de entender o processo de classificação corporativa da Petrobras e verificar quais os indicadores que levaram ao rompimento do teto soberano em 2001, delimitou-se o período de análise de 1994 a 2002, em função da escolha ocorrida no capítulo 3 sobre os ratings soberanos do Brasil e Argentina. Neste caso, os indicadores englobam o período de 1994 a 2002 e o rating corporativo de 1997 a 2002. Os indicadores financeiros possuem periodicidade trimestral e os outros, uma periodicidade anual. O Quadro 2.9 mostra as indicações de ratings corporativos da Petrobras em moeda doméstica e estrangeira, do lançamento até 2002. 108 Período Rating Quadro 2.9 Ratings Corporativos da Petrobras em Moeda Doméstica e Estrangeira, 1997-2002 Moeda Estrangeira Moeda Doméstica Credit Watch Rating Credit Watch Atribuição inicial para Global Bonds (USD)2; Eurobonds (ATS)2 16-09-97 B1 Atribuição inicial para Japanbonds (JPY)2 14-01-98 B1 Atribuição inicial para Eurobonds (ITL)2 03-09-98 B2 Downgrade 25-10-99 B2 Atribuição inicial dívidas de longo prazo (USD)1 17-08-00 on watch Possível upgrade 16-10-00 B1 Upgrade 07-06-01 on watch Possível upgrade 18-09-01 Ba1 Upgrade 23-07-02 Ba1 Confirmação 13-08-02 Ba2 Downgrade 16-08-02 Ba2 Confirmação Baa1 Atribuição Inicial para Brazilian Debentures2 22-10-02 Ba2 Confirmação Baa1 Confirmação 13-12-02 Ba2 Confirmação Baa1 Confirmação Fonte: Elaboração do autor baseada em Moody’s (2003). Nota: Classificação: (1) LT issuer rating; (2) senior unsecured; ATS = alternative trading systems; JPY = Japan Yen; ITL = Italian Lira; USD = US dolar. 17-04-97 B1 109 Na primeira seção do capítulo 4 serão analisados graficamente os indicadores financeiros, de proteção ao fluxo de caixa e ativos, operacionais e risco tributário, em relação aos rating corporativos, observando as datas de emissão do rating em moeda estrangeira ou de mudanças no credit watch. Salienta-se, oportunamente, que as análises comparativas contemplam somente as mudanças ocorridas no rating em moeda estrangeira, dado a maior abrangência, como foi visto no Quadro 2.9. Na segunda seção do capítulo 4 serão identificados quais os indicadores financeiros que determinam os ratings em moeda estrangeira da Petrobras emitidos pela Moody’s. Para tanto, estimou-se o modelo usando o método ordered logit, o mesmo usado para os soberanos. O período de análise contemplou do primeiro trimestre de 1997lv ao quarto trimestre de 2002. Os ratings corporativos foram ordenados obedecendo seis níveis de classificação: 7,67 = B2 downgrade; 8,33 = B2 upgrade; 9,00 = B1 confirmado; 9,33 = B1 upgrade; 10,67 = Ba2 downgrade; 12,33 = Ba1 upgrade, como explicado na seção 2.1.1 deste capítulo. Os indicadores financeiros foram previamente escolhidos, considerando a presença de forte correlação entre eles. A Tabela 2.1 apresenta a matriz de correlação desses indicadores. O procedimento de seleção considerou um coeficiente de correlação acima de 70%. Assim, um grupo de indicadores com alta correlação foi substituído por um de seus participantes. Por exemplo, o indicador FCO/DT é altamente correlacionado direta e indiretamente com o FCR/DT, FCO/DCP e FCL/DT. Logo, optou-se pelo FCO/DT. O comportamento esperado para os indicadores financeiros da Petrobras se encontram no Quadro 2.8. 110 Tabela 2.1 Matriz de Correlação dos Indicadores Financeiros da Petrobras Indicadores FCR/DT FCO/DCP EBIT FCO/DT 1 FCR/DT 0.98037 1 FCO/DCP 0.54438 0.46801 1 EBIT 0.97786 0.99189 0.43531 1 FCO/DT 0.79529 0.69936 0.54378 0.67864 FCL/DT 0.26464 0.17938 0.90544 0.15166 EBITDA EBITDA (-) GC 0.60497 0.55181 0.80501 0.51835 0.31210 0.29315 0.75785 0.23347 DT/CT 0.48047 0.42389 0.90760 0.36129 MB 0.44866 0.39686 0.89903 0.33537 MO 0.32426 0.33747 0.83739 0.33960 GC/DA 0.77468 0.76248 0.73318 0.74712 RLO -0.13972 -0.16559 -0.44106 -0.07542 DCP/DT -0.70845 -0.68113 -0.68096 -0.65404 DT/EBITDA FCL/DT EBITDA EBITDA (-) GC DT/CT 1 0.31601 1 0.53815 0.57886 0.26804 0.63148 0.51641 0.78970 0.46570 0.78418 -0.13527 0.80708 0.50951 0.46132 -0.17245 -0.39323 -0.57760 -0.42195 MB MO GC/DA RLO 1 0.70485 1 0.81470 0.88304 1 0.81533 0.90876 0.98887 1 0.73792 0.48213 0.61898 0.59006 1 0.79229 0.62604 0.64330 0.65155 0.85836 1 -0.39069 -0.74614 -0.67787 -0.69450 0.05562 -0.24528 -0.83479 -0.55067 -0.66139 -0.70359 -0.57724 -0.81209 DCP/DT 1 0.35545 DT/EBITDA 1 Fonte: Elaboração do autor. 111 Na etapa seguinte à seleção dos indicadores, se estimou o rating corporativo da Petrobras considerando o modelo abaixo. Ratingt = r ( β1 FCO/DT + β2 EBITDA + β3 MO +β4 RLO + β5 DCP/DT + εt)t onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) com as variáveis cardinais, como no caso dos ratings soberanos. Seguindo a metodologia para a análise de ratings corporativos, após estudar os seus determinantes, analisar-se-á o conteúdo informacional dos ratings através da sua capacidade em gerar retornos anormais nas ações das empresas. Considera-se o modelo de mercado, para obter os retornos normais, como é usual na literatura. A identificação do efeito dos ratings sobre o risco de uma empresa se dá a partir do teste de estabilidade de Chow, isto é, de mudanças no beta da ação e da análise de estimativas recursivas. Na terceira seção do capítulo 4 será verificada a presença ou não de quebra estrutural no comportamento das ações da Petrobras PETR3 ON, PETR4 PN, PBR e PBR/A, individualmente, diante da emissão de ratings soberanos e corporativos pela Standard & Poor’s e Moody’s, respectivamente. O rating soberano sintetiza a capacidade de pagamento das dívidas de um país. Dado que um downgrade possa sinalizar a perda dessa capacidade, o governo pode restringir a mobilidade de capitais e o acesso ao crédito para os domiciliados no país. Neste caso, aumentam as possibilidades de default corporativo. Em função da notoriedade da empresa no mercado interno e externo, o impacto da política do governo nesses momentos, sobre a relação da empresa com o mercado, pode ser diverso quando comparada à média do mercado. Logo, aquelas empresas com uma maior importância estratégica teriam mantido abertos os canais de acesso ao capital (MOODY’S, 2001a). Já o rating corporativo mostra a capacidade de pagamento das dívidas de uma empresa. Então, uma mudança de rating corporativo evidencia que a empresa tem a sua capacidade de pagamento alterada, logo, o risco associado ao investimento realizado nela. Isso significa uma nova relação da empresa com o mercado e uma quebra estrutural no modelo de mercado. Considerando o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002, estimou-se o modelo de mercado abaixo: 112 Retorno da Açãot = α + β Retorno do Mercadot + εt onde: ação é igual a PETR3 ON; PETR4 PN; PBR; PBR/A analisadas separadamente e o mercado, ao Ibovespa e Dow Jones. A PETR3 ON e PETR4 PN, por pertencerem ao mercado interno, têm o mercado representado pelo Índice da Bolsa de São Paulo (Ibovespa), por outro lado, as ADRs PBR e PBR/A terão como mercado, o Índice Dow Jones da New York Securities and Exchange (NYSE). A preparação dos dados para o cálculo do retorno das ações e do mercado foi feita usando a diferença dos logs dos preços de fechamento do dia t e t-1, ou do período anterior em que a ação foi transacionada, seja devido aos feriados, fins de semana ou aos dias em que a ação não fez parte do pregão. Num primeiro momento, proceder-se-á à estimação do coeficiente beta recursivo e os resíduos recursivos – em anexo - usando o modelo de mercado, a fim de identificar se os outliers ou retornos anormais coincidem com os eventos selecionados, ao longo do período contemplado. Em virtude da possibilidade de não coincidência, procurar-se-á identificar oportunamente quais os motivos desses outliers adicionais. Na seqüência, aplicar-se-á o teste de estabilidade de Chow, para complementar e confirmar a análise exploratória do coeficiente e resíduos recursivos. O teste verificará a existência ou não de mudanças no beta da PETR3 ON, PETR4 PN, PBR e PBR/A nas suas relações com os respectivos mercados. A amostra das ações considerou as cotações diárias do período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002 para a PETR3 ON e PETR4 PN, de agosto de 2000 a dezembro de 2002 para a PBR e de outubro de 2001 a dezembro de 2002 para a PBR/A. Maiores detalhes sobre o procedimento de cálculo dos resíduos recursivos e do beta recursivo e para a aplicação do teste de estabilidade de Chow, no final deste capítulo. 2.3.4 Ratings Corporativos da Repsol-YPF Os ratings corporativos da Repsol-YPF para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira são construídos pelas agências Moody’s e Standard & Poor’s. Igualmente às justificativas para o caso da Petrobras, a Repsol-YPF foi primeiramente classificada pela 113 Moody’s em 19 de janeiro de 1994, o que levou-nos a optar pelos ratings soberanos e corporativos desta agência. O rompimento do teto soberano em moeda estrangeira pela Repsol-YPF em 2001 pode ser visto nos Gráficos 2.7 e 2.8. Eles nos permitem afirmar que para ambas as agências, o rompimento seria possível. Para a moeda doméstica, o rompimento ocorreria desde a sua emissão, em 29 de outubro de 1998. Gráfico 2.7 Evolução dos Ratings Soberanos em Moeda Estrangeira e da Repsol-YPF, 1993-2002 12 Ratings em Números 10 8 6 4 2 06-05-02 06-02-02 06-11-01 06-08-01 06-05-01 06-02-01 06-11-00 06-08-00 06-05-00 06-02-00 06-11-99 06-08-99 06-05-99 06-02-99 06-11-98 06-08-98 06-05-98 06-02-98 06-11-97 06-08-97 06-05-97 06-02-97 06-11-96 06-08-96 06-05-96 06-02-96 06-11-95 06-08-95 06-05-95 06-02-95 06-11-94 06-08-94 06-05-94 06-02-94 06-11-93 06-08-93 0 Período Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo Moody's Rating Moeda Estrangeira Longo Prazo S&P Rating Moeda Estrangeira - YPF Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). 114 Gráfico 2.8 Evolução dos Ratings Soberanos em Moeda Doméstica e da Repsol-YPF, 1993-2002 18 16 Ratings em Números 14 12 10 8 6 4 2 06-05-02 06-02-02 06-11-01 06-08-01 06-05-01 06-02-01 06-11-00 06-08-00 06-05-00 06-02-00 06-11-99 06-08-99 06-05-99 06-02-99 06-11-98 06-08-98 06-05-98 06-02-98 06-11-97 06-08-97 06-05-97 06-02-97 06-11-96 06-08-96 06-05-96 06-02-96 06-11-95 06-08-95 06-05-95 06-02-95 06-11-94 06-08-94 06-05-94 06-02-94 06-11-93 06-08-93 0 Período Rating Moeda Doméstica Longo Prazo Moody's Rating Moeda Doméstica Longo Prazo S&P Rating Moeda Doméstica - YPF Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003) e Moody’s (2003). Visando entender o processo de classificação corporativa da Repsol-YPF e verificar quais os indicadores levaram-na ao rompimento do teto soberano em 2001, delimitou-se o período de análise de 1994 a 2002, obedecendo aquele contemplado nas análises dos soberanos do Brasil e Argentina do capítulo 3 e 4. Aqui, os indicadores financeiros também possuem periodicidade trimestral e os demais uma periodicidade anual. O Quadro 2.10 – a seguir - mostra as indicações de ratings corporativos para a Repsol-YPF em moeda doméstica e estrangeira de 1994 a 2002. 115 Quadro 2.10 Ratings Corporativos da Repsol-YPF em Moeda Doméstica e Estrangeira, 1994-2002 Moeda Estrangeira Moeda Doméstica Rating Credit Watch Rating Credit Watch atribuição inicial (1) 19-01-94 B1 01-03-95 B1 confirmação 16-05-95 on watch possível upgrade 29-09-95 B1 confirmação 03-07-97 B1 confirmação 02-10-97 Ba3 upgrade 03-09-98 on watch possível downgrade atribuição inicial (2) 29-10-98 A3 11-02-99 Ba3 confirmação 30-04-99 on watch possível upgrade on watch incerteza 24-06-99 Ba3 confirmação A3 confirmação 20-08-99 on watch possível downgrade A3 confirmação 06-10-99 B1 downgrade A3 confirmação 28-03-01 B2 downgrade A3 confirmação 28-03-01 on watch possível downgrade 05-06-01 B2 confirmação 07-06-01 on watch possível upgrade 13-07-01 A3 confirmação 16-07-01 on watch possível downgrade 25--9-01 Baa1 downgrade 01-11-01 Ba3 upgrade Baa1 confirmação 12-12-01 on watch possível downgrade on watch possível downgrade 21-12-01 Baa2 downgrade 21-12-01 on watch possível downgrade 08-02-02 B1 downgrade Baa3 downgrade 25-04-02 on watch possível downgrade on watch possível downgrade 29-07-02 B1 confirmação Baa3 confirmação Fonte: Elaboração do autor baseada em Moody's ( 2003). (1) moeda USD; dívida: negotiable obligation . (2) moeda: ARS; dívida: issuer rating. Período Na primeira seção do capítulo 6 analisar-se-á os indicadores financeiros, de proteção ao fluxo de caixa e ativos, operacionais e risco tributário em relação aos ratings corporativos, olhando os intervalos entre as datas de emissão dos ratings ou de mudanças no credit watch. Com o objetivo de verificar a evolução de cada indicador para o período de 1994 a 2002, foram construídos gráficos, onde se compara a evolução desses indicadores e dos ratings em moeda doméstica e estrangeira da empresa. Entretanto, as análises comparativas contemplam somente as mudanças ocorridas no rating em moeda estrangeira, também em função da sua maior abrangência. 116 Na segunda seção do capítulo 6 procurar-se-á identificar quais os indicadores financeiros que determinam os ratings corporativos da Repsol-YPF emitidos pela agência Moody’s. Para tanto, estimou-se o modelo usando o mesmo método empregado para os soberanos e Petrobras, o ordered logit. O período de análise englobou do primeiro trimestre de 1994 ao quarto trimestre de 2002. Os ratings corporativos foram ordenados obedecendo seis níveis de classificação: 7,67 = B2 downgrade; 8,33 = B2 upgrade; 8.67 = B1 downgrade; 9,00 = B1 confirmado; 9,33 = B1 upgrade; 9,67 = Ba3 downgrade; 10,00 = Ba3 confirmado, como nos casos anteriores. Os indicadores foram previamente escolhidos, considerando a presença de forte correlação entre eles. Na Tabela 2.2 apresenta a matriz de correlação dos indicadores financeiros. O procedimento de seleção, neste caso, considerou um coeficiente de correlação acima de 65%. Assim, um grupo de indicadores com alta correlação foi substituído por um de seus membros. Por exemplo, o indicador FCO/DT é altamente correlacionado direta e indiretamente com o FCR/DT e FCO/DCP. Por isso, optou-se por usar somente o FCO/DT. O comportamento esperado para os indicadores financeiros selecionados da Repsol-YPF, também, encontram-se no Quadro 2.8. Os indicadores são similares aos do caso da Petrobras. 117 Tabela 2.2 Matriz de Correlação dos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF Indicadores FCR/DT FCO/DCP EBIT FCO/DT FCL/DT EBITDA EBITDA (-) GC DT/CAP MB MO GC/DA RLO DCP/DT DT/EBITDA FCR/DT FCO/DCP 1 0.94290 1 0.06317 -0.0269 0.94592 0.9693 0.51567 0.4345 0.05630 -0.0252 0.15613 0.1475 -0.56189 -0.5661 0.10064 0.0734 0.09815 0.0738 0.15336 0.0898 0.66436 0.7773 -0.01339 -0.1412 -0.56266 -0.5944 EBIT 1 0.06531 -0.14038 0.99318 -0.66964 -0.22225 -0.18722 -0.26656 0.60779 -0.27102 0.40416 0.19870 FCO/DT 1 0.30392 0.06345 0.12504 -0.59059 0.07301 0.04647 0.22256 0.68357 0.07450 -0.59991 FCL/DT 1 -0.1712 0.3506 -0.3840 0.2666 0.3389 -0.4810 0.4567 -0.4486 -0.0746 EBITDA 1 -0.6985 -0.2098 -0.2677 -0.3420 0.6342 -0.2697 0.3766 0.2010 EBITDA (-) GC 1 -0.07401 0.36533 0.39304 -0.71926 0.10261 -0.19451 -0.18474 DT/CAP 1 -0.0586 -0.0233 -0.1994 -0.3168 -0.0205 -0.0142 MB 1 0.98902 -0.31377 0.34681 0.26765 -0.37803 MO 1 -0.3947 0.3928 0.1575 -0.3770 GC/DA 1 -0.1497 0.5678 -0.0034 RLO 1 -0.2155 -0.6783 DCP/DT DT/EBITDA 1 -0.1794 Fonte: Elaboração do autor. 118 1 Na seqüência, estimou-se o rating corporativo da Repsol-YPF usando o modelo abaixo. Ratingt = r ( β1 FCO/DT + β2 FCL/DT + β3 EBITDA + β4 MO +β5 DCP/DT + β6 DT/EBITDA + εt)t onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) com as variáveis cardinais. Na terceira seção do capítulo 6 far-se-á a análise do comportamento das ações ordinárias YPFD e das ADS YPF da Repsol-YPFlvi, considerando a emissão de ratings soberanos e corporativos pela Standard & Poor’slvii e Moody’s, respectivamente, ao longo de janeiro de 1994 a dezembro de 2002. Salienta-se que os eventos selecionados correspondem aqueles diretamente ligados as emissões de ratings soberanos e corporativos da Repsol-YPF S.A., considerando como domicílio a República Argentina. No processo de estimação foi empregado o modelo de mercado, como realizado para a Petrobras. Neste caso, o retorno da ação contempla a YPFD e YPF e o retorno do mercado o Merval e Dow Jones, respectivamente. As ações de classe Dlviii recebem o símbolo de YPFD e pertencem ao mercado interno, que será representado pelo Índice Merval da Bolsa de Comércio de Buenos Aires. Por outro lado, as ADS com símbolo YPF, são negociadas na NYSE e terão como representante o Índice Dow Jones. Similarmente à seção desenvolvida para a Petrobras, aqui se fará, num primeiro momento, a estimação do coeficiente beta recursivo e dos resíduos recursivos – em anexo -, usando o modelo de mercado. O intuito dessa estimação será identificar a presença de mudanças do beta recursivo e de outliers. Os outliers, por sua vez, significam a presença de retornos anormais ao longo do período contemplado para cada ação, em função da relevância dos eventos selecionados. Em virtude da possibilidade de não coincidência dos outliers com os eventos selecionados, procurar-se-á identificar oportunamente quais os motivos desses outliers adicionais. Na seqüência, aplicar-se-á o teste de estabilidade de Chow, para verificar a ocorrência de quebra estrutural na relação do beta das ações YPFD e YPF com os respectivos mercados. A amostra escolhida para as ações YPFD e YPF englobou o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002 e de abril de 1994 a dezembro de 2002, respectivamente. 119 A abrangência da amostra contempla o período disponibilizado pela Economática, o que não corresponde ao primeiro lançamento das ações YPFD na BCBA e das ADS YPF na NYSElix. Como já mencionado, maiores detalhes sobre o procedimento de cálculo dos resíduos recursivos e do beta recursivo e teste de estabilidade de Chow, no final deste capítulo. 2.4 Detalhamento dos Métodos Os métodos a seguir serão aplicados nas análises para buscar desvendar o conteúdo informacional dos ratings soberanos e corporativos, quais sejam: método ordered logit, estudo de eventos, processo de estimação do coeficiente recursivo e resíduos recursivos e teste de estabilidade de Chow. Maiores detalhes podem ser vistos, por exemplo, em Greene (2000) ou Eviews (2000). 2.4.1 Detalhamento do Método ML - Ordered Logitlx Um modelo ordered tem como principal característica à existência de uma variável dependente ordinal discreta. Por esse motivo, a não cardinalidade e não continuidade dessa variável impossibilita estimar os parâmetros do modelo usando o método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO – corrigido para os casos de autocorrelação e/ou heterocedasticidade. Como a ordinalidade, na maioria das vezes, não exige intervalos simétricos, o valor atribuído a um rating investment grade não é o dobro de um rating speculative grade, por exemplo. Em outras palavras, uma nota AAA (de número 22) não é igual a duas notas BB (de número 11), embora a escala numérica dos ratings possa sugerir esse entendimento. Nos modelos de variáveis dependentes ordenadas, a observação y denota os resultados dos ratings ordenados. Então, pode-se modelar os ratings considerando uma variável latente numérica yi*, que depende linearmente das variáveis explicativas x: 120 yi* = xi`β + εi onde: ε é uma variável aleatória. A estimativa segue os pressupostos sobre distribuição de erros εi. Os ratings observados são baseados na variável latente yi* de acordo com a seguinte regra: yi = 0 yi = 1 yi = 2 ..... yi = M se se se .... se yi* ≤ γ1 γ1 < yi* ≤ γ2 γ2 < yi* ≤ γ3 .... γM < yi* Salienta-se que os valores escolhidos para representar os ratings em y são completamente arbitrários. O modelo requer que valores grandes de ratings correspondam a valores grandes da variável latente, tal que yi* < yj* implicando em yi < yj. Nesse caso, yi* seria uma escala numérica não observada, que posteriormente é transformada em letras (yi) pelas empresas de rating. Ou seja, o método transforma intervalos em valores ordinais. As probabilidades de cada valor observado de y são dadas por: Pr(y = 0 x, β, γ) = F(γ1 – x’β) Pr(yi = 1 xi, β, γ) = F(γ2 – x’iβ) – F(γ1 – x’iβ) Pr(yi = 2 xi, β, γ) = F(γ3 – x’iβ) – F(γ2 – x’iβ) … Pr(yi = M xi, β, γ) = 1 - F(γΜ – x’iβ) onde: F é a função distribuição cumulativa de ε. Há várias opções na literatura para a escolha de F. As mais comuns são a distribuição normal e a logística. Para a logística, a probabilidade é dada por: Pr(y = 0 x, β, γ) = ez / (1+ ez), onde z = γ1 – x’β. A estimação é feita pelo método de Máxima Verossimilhança. 121 A interpretação dos parâmetros requer alguns cuidados, principalmente em relação aos coeficientes estimados. Como os coeficientes estimados não representam o efeito marginal da variável explicativa sobre a variável dependente, é necessário calcular os efeitos marginais para cada um. Seguindo o exemplo de Greene (2000, p. 877), considere que existem M = 3 categorias. Nesse caso, os efeitos marginais correspondentes são: ∂ Pr(y = 0)/ ∂ x = – f(γ1 – x’β)β ∂ Pr(y = 1)/ ∂ x = [ f(γ1 – x’β) – f(γ2 – x’β)] β ∂ Pr(y = 2)/ ∂ x = f(γ2 – x’β)β onde: f é a função densidade de probabilidade de ε. Para uma mudança de xi, o sinal de β mostra a direção que essa mudança irá causar na probabilidade de y cair nos extremos do ranking, ou seja, y = 0 ou y = 2. Como se pode verificar, o sinal negativo da ∂Pr(y = 0)/∂x faz com que as mudanças se dêem na direção oposta de β para Pr(y=0). Já a Pr(y= 2) muda na mesma direção de β, em virtude do sinal positivo. Por fim, o efeito de uma queda da probabilidade no ranking intermediário é dado por: ∂ Pr(y = 1)/ ∂ x = [ f(γ1 – x’iβ) – f(γ2 – x’iβ)] β Nesse caso, como não se sabe se, f(γ1 – x’iβ) é maior ou menor que f(γ2 – x’iβ), torna-se impossível determinar, a priori, o sinal desse efeito. 2.4.2 Detalhamento do Estudo de Eventos A análise do efeito de mudanças de ratings sobre os retornos das ações de uma empresa parte do fato de que ratings estão associados ao risco de uma empresa não honrar seus compromissos. Desta forma, o efeito de mudanças de ratings deve ser contextualizado dentro de um modelo que relaciona o risco e retorno de ações ou títulos 122 de dívida. Um destes modelos é o modelo de mercado, que estima o beta de um título ou ação. Como comentam Campbell et al. (1997, p.168), para identificar as mudanças no risco das empresas é preciso verificar a estabilidade do beta em um modelo de mercado. O teste mais empregado para estudar a estabilidade de coeficientes é o teste de Chow. Nele, compara-se o coeficiente angular (e constante)lxi do modelo de mercado para uma ação, em dois períodos, antes e depois de um evento que gera a quebra estrutural. O teste impõe, sob a hipótese nula, que a mudança dos ratings não afetou o risco relativo da empresa, ou seja, seu beta. Sob a hipótese alternativa, têm-se mudanças de beta após mudanças de rating, isto é, diferentes níveis de risco para diferentes níveis de ratingslxii. O teste supõe que a mudança de ratings não é antecipada pelo mercado e representa a chegada de novas informações. Por outro lado, se o mercado antecipar a mudança do rating, o beta irá mudar antes da data do evento, tornando o teste inconsistente. Isto, na prática, representa uma dificuldade de rejeição da hipótese nula, que para nossos objetivos é informativo: ou seja, variações de ratings não trazem novas informações ao mercado. 2.4.3 Detalhamento do Processo de Estimação do Coeficiente Recursivo e Resíduos Recursivoslxiii O estudo da quebra estrutural, também chamado de estabilidade do beta, encontra-se dentro do arcabouço do teste de eficiência semi-forte do mercado de capitais. O procedimento adotado para obter os coeficientes recursivos baseia-se na estimação repetida da equação, neste caso, do modelo de mercado, usando amostras cada vez maiores da amostra total T. A estimação do primeiro vetor de parâmetro b, representado por b1, é realizado com as primeiras observações t = 1,...,k1. A próxima observação é considerada como sendo um novo conjunto de dados, agora com (k + 1) observações. Desse conjunto (t = 1,..., k+1), por sua vez, resultará a estimação de b2. A estimação de b1,...,bT-k+1 é realizada até contemplar todas as T observações. Ou seja, o resultado aponta para T – k + 1 estimativas do vetor b. Em cada estágio da estimação, o 123 último coeficiente b pode ser usado para predizer o próximo valor da variável dependente y. A estimativa dos coeficientes recursivos com t = k+1, ...., T, é formalmente representada abaixo: yk = β1 x’k + uk yk+1 = β2 x’k+1 + uk+1 ... yT = βT-k+1 x’T + uT A predição dos resíduos recursivos, por sua vez, segue a equação abaixo: vk = yk – x’k βk-1 Cada resíduo recursivo é calculado com as informações até aquele momento, logo um resíduo fora do padrão dado pelo intervalo de confiança, implica que uma observação nova é diferente das anteriores. Os gráficos correspondentes ao coeficiente beta recursivo e aos resíduos recursivos apresentam, além das suas próprias estimativas, duas bandas – superior e inferior - de dois desvios-padrão, que representam o intervalo de confiança da estimativa. Como o objetivo da estimação do coeficiente beta recursivo e dos resíduos recursivos é verificar a existência de outliers nos dados referentes a variável dependente, no caso das ações, pode ocorrer a não simultaneidade desses outliers em relação aos eventos escolhidos. 2.4.4 Detalhamento do Teste de Estabilidade de Chowlxiv O estudo de eventos é considerado um estudo da mudança do beta. Para isso, o teste mais utilizado para verificar a existência ou não de quebras estruturais é o Teste de Estabilidade de Chow. A estimação do coeficiente beta é realizada usando-se o modelo de mercado. 124 O objetivo do Teste de Estabilidade de Chow é analisar as equações, separadamente, para cada sub-amostra e identificar a existência de diferenças significativas no beta das equações estimadas. A presença de diferenças significativas indica uma mudança do beta, ou seja, uma nova relação entre a variável dependente e independente. A preparação dos dados para a aplicação do teste pressupõe que se divida a amostra em sub-amostras - duas ou mais. Cada amostra deve conter mais observações que o número de coeficientes da equação, para que a estimação seja possível. Feito isso, a aplicação do teste consiste em comparar a soma dos resíduos ao quadrado da amostra inteira, com a soma obtida em cada uma das sub-amostras. A estatística F usada neste teste baseia-se na comparação da soma do quadrado dos resíduos restritos e não restritos, onde os restritos se referem a amostra inteira e os não-restritos às sub-amostras do período anterior e posterior ao evento consideradolxv. De posse do resultado da estatística F, aceita-se ou rejeita-se a hipótese nula aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. As hipóteses relacionadas ao teste de estabilidade de Chow são: H0 não existe quebra estrutural, ou seja, o beta da ação é igual no período anterior e posterior ao evento e hipótese alternativa; H1 existe quebra estrutural. Caso não haja mudança no beta, ao se comparar a amostra inteira e as sub-amostras, aceita-se a hipótese nula. Por outro lado, se houver alteração significativa entre o beta da amostra inteira e das sub-amostras, aceita-se a hipótese alternativa. Para a aplicação do teste de estabilidade de Chow em cada um dos eventos selecionados foram consideradas as observações anteriores e posteriores ao evento, cujo intervalo é limitado pelos eventos vizinhos. Esse procedimento tem como intuito evitar que se cometa o erro do tipo I, que é rejeitar a hipótese nula, quando ela é verdadeira, isto é, incluir eventos distintos na amostra usada para a estimação de β. Em outras palavras, por exemplo, se o evento 1 ocorreu na observação k1 e o evento 2 na observação k2, o teste de Chow para o evento 1 considera uma amostra total t = 1,...,k1,..., (k2-1) e as subamostras são t1 = 1,..., (k1-1) e t2 = (k1+1), ..., (k2-1). Salienta-se, oportunamente, que a aplicação do teste de estabilidade de Chow pode indicar eventos significativos estatisticamente, mas pouco relevantes quando analisados através dos gráficos do beta recursivo das ações. Por outro lado, pode-se visualizar mudanças no beta recursivo, mas que não representam quebra estrutural 125 conforme o teste de Chow. Isso é possível por que os dados empregados para calcular o coeficiente recursivo, os resíduos recursivos e o teste de estabilidade de Chow não são idênticos. Os recursivos são calculados com observações desde o início da amostra, enquanto que o teste usa uma janela de observações entre os eventos (JOHNSTON e DINARDO, 1997). 2.5 Considerações Finais Esse capítulo teve dois objetivos: o primeiro foi fazer uma revisão bibliográfica que proporcionasse uma base teórica e empírica para as análises seguintes, no que se refere aos ratings soberanos e corporativos e os seus respectivos conteúdos informacionais; segundo, apresentar o método de análise a ser aplicado no processo investigativo, em termos de variáveis, amostra e técnicas econométricas. Dos trabalhos desenvolvidos sobre os determinantes dos ratings soberanos destacam-se as seguintes variáveis significativas: indicadores de dívida externa (sobre reservas ou exportações), inflação, crescimento do PIB e história de default. Todos os trabalhos são unânimes em afirmar que conseguem explicar satisfatoriamente os ratings usando variáveis macroeconômicas. Já os trabalhos sobre os determinantes do spread soberano sugerem que o spread e fundamentos parecem explicar melhor o rating, do que o inverso. Também é visto que, quando os fundamentos são incluídos na regressão, os ratings não explicam os spreads. Os casos em que os ratings afetaram o spread foram quando o mercado não antecipou as crises (REISEN e VON MALTZAN, 1999) e no caso de downgrades (LARRAÍN, 1997). Os resultados dos trabalhos sobre os determinantes dos ratings corporativos sugerem que os modelos conseguem explicar a grande maioria desses ratings, empregando somente algumas variáveis contábeis. As variáveis significativas recorrentes foram: alavancagem, cobertura de juros e tamanho. Também, que os ratings são muito influenciados pelo ciclo econômico, o que viola a condição de sinalizadores de longo prazo. No caso de países em desenvolvimento, os estudos indicam que os ratings corporativos são explicados, quase na totalidade, pelo comportamento do rating soberano. Assim, pode-se afirmar que os resultados obtidos sobre os determinantes dos 126 ratings corporativos trazem dúvidas sobre o conteúdo informacional em adição às informações disponíveis no mercado. Já os resultados dos trabalhos sobre ações e títulos de dívida apontam que somente os efeitos dos downgrades dos ratings corporativos influenciaram o preço dos ativos. Assim, os upgrades parecem não trazer informações novas ao mercado. Estes resultados foram observados nos EUA (EDERINGTON et al., 1984; HAND et al. 1992; IMPSON et al., 1992; GOH e EDERINGTON, 1993; ROSS et al., 1997; EDERINGTON e GOH, 1998 e LIU et al., 1999) e em outros países (MATOLCSY e LIANTO, 1995, BARRON, et al., 1997 e BROOKS et al., 2004). Para as análises dos ratings soberanos e os fundamentos macroeconômicos do Brasil e Argentina usar-se-á metodologias similares. Primeiro, uma análise descritiva contrastando cada fundamento com o rating, tentará sugerir que variáveis podem explicar as mudanças de ratings. Em seguida, este mesmo objetivo é levado a cabo através de um modelo ordered logit. O modelo ordered logit é recomendado na literatura pela característica ordinal dos ratings. Por fim, tentou-se identificar se os ratings trazem informações não disponíveis no mercado, ao testar se variações nos ratings geram mudanças significativas nos spreads dos países em estudo. Se as informações dos ratings já estivessem disponíveis no mercado, este não iria mudar a sua trajetória quando da emissão de ratings. No caso dos spreads foram construídos dois modelos, um com fundamentos e ratings como variáveis explicativas e outro com ratings como gerador de quebras estruturais na relação do spread soberano com o mercado, seguindo a literatura. Para os ratings corporativos, a análise é similar com as seguintes diferenças: os fundamentos são indicadores de performance e indicadores financeiros. Também, foram considerados os retornos das ações, ao invés dos spreads de dívida corporativa, por falta de dados. A análise de ratings soberanos e corporativos como geradores de mudanças nas ações considerou apenas os retornos das ações, pois são amplamente empregados em modelos de previsão de preços de ações na literatura de finanças. Por fim, a análise dos ratings para verificar a presença de quebra estrutural no beta das ações também aplica os ratings soberanos e corporativos como eventos. 127 Na parte II e III deste trabalho seguem os resultados empíricos. A parte II referese aos capítulos 3 e 4 para o caso brasileiro e argentino, respectivamente. Já na parte III, os resultados da Petrobras estarão no capítulo 5 e da Repsol-YPF, no capítulo 6. 128 PARTE II Capítulo III: Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos do Brasil Capítulo IV: Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeocnômicos da Argentina 129 3 Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos do Brasil Os últimos ratings recebidos pelo Brasil emitidos pela agência Standard & Poor’s, principalmente após a mudança do regime cambial, ocorreram sob fortes protestos. O mercado e os principais dirigentes do país alegaram que os downgrades recebidos foram sempre antecipados e/ou exagerados, por que não refletiram os fundamentos macroeconômicos, e os upgrades vinham com muito atraso. Por exemplo, o Brasil mostrava fortes sinais de recuperação na metade de 1999 e o upgrade para os soberanos só foi emitido pela Standard & Poor’s, em fevereiro de 2000. Diante da polêmica sobre a importância dos ratings, este capítulo tem como objetivo estudar os ratings soberanos do Brasil, tentando identificar o conteúdo informacional dos mesmos através de diferentes métodos, como detalhado no capítulo anterior. Nossa hipótese básica é de os ratings refletem a informação disponível no mercado, seja através dos fundamentos macroeconômicos de um país ou do spread de títulos soberanos. Como visto no capítulo 2, a literatura sugere que os ratings soberanos podem ser previstos, em grande parte, empregando fundamentos macroeconômicos, na média dos países. Ao mesmo tempo, o mercado não considera uma mudança no rating como uma informação nova capaz de alterar o comportamento do spread soberano. Neste capítulo, primeiramente, serão confrontadas as evoluções dos fundamentos macroeconômicos e dos ratings soberanos emitidos para as dívidas brasileiras em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo no período de dezembro de 1994 a dezembro de 2002. Em segundo lugar e na seção seguinte, apresentar-se-á um modelo multivariado de previsão do rating soberano, através da estimação do método ordered logit e empregando como variáveis explicativas, os fundamentos macroeconômicos a seguir: a taxa de crescimento do PIB real [PIB], dívida externa líquida do setor público sobre as exportações [DIV/X], dívida externa líquida do setor 130 público sobre as reservas internacionais [DELSP/RI], taxa de inflação [IPC], transações correntes sobre o PIB [TC/PIB], necessidade de financiamento do setor público sobre o PIB [NFSP/PIB] e dívida interna e externa líquida do setor público sobre o PIB [DLSP/PIB]. Estas são variáveis freqüentemente usadas em estudos deste tipo, conforme salientado no capítulo 2. Em terceiro lugar, considerar-se-á os efeitos dos ratings soberanos sobre o spread Brasil. Inicialmente, os efeitos dos ratings soberanos e fundamentos em um modelo de previsão do spread. Se o rating não tiver informação adicional em relação aos fundamentos, aquela variável não será significativa no modelo que inclui ratings e fundamentos como explicativas. Por fim, avaliar-se-á os efeitos de mudanças nos ratings soberanos sobre o spread Brasil, que ao serem traduzidas como notícias novas ao mercado, afetam o spread de modo sistemático. Em outras palavras, buscar-se-á saber se o rating soberano gera mudanças no comportamento do beta do spread e quebra estrutural. O beta é calculado ao se comparar o spread dos títulos soberanos do Brasil com o comportamento da média dos títulos de países emergentes, através do índice EMBI+. A suposição é de que os investidores estrangeiros movimentam o capital a partir de carteiras de títulos de vários países emergentes. Se, nos testes acima, for possível associar as mudanças de ratings às mudanças dos fundamentos macroeconômicos e, ao mesmo tempo, indicar que os ratings não conseguem afetar sistematicamente os spreads, pode-se afirmar que o conteúdo informacional dos ratings soberanos brasileiros é baixo, pois apenas reflete a informação já existente no mercado. 3.1 Análise Descritiva dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos A análise gráfica tem como propósito mostrar o comportamento dos fundamentos macroeconômicos e dos ratings soberanos comparativamente, para saber quais podem explicar as mudanças ocorridas na classificação ao longo do período. Os Gráficos de 3.1 a 3.8 referem-se a cada um dos fundamentos macroeconômicos citados acima, confrontados com os rating soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. 131 Gráfico 3.1 Evolução da Taxa de Crescimento do PIB e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 1.40 14 12 1.00 8 0.60 0.40 6 0.20 Ratings em Números 10 0.80 4 0.00 94 19 01 94 19 05 94 19 09 95 19 01 95 19 05 95 19 09 96 19 01 96 19 05 96 19 09 97 19 01 97 19 05 97 19 09 98 19 01 98 19 05 98 19 09 99 19 01 99 19 05 99 20 09 00 20 01 00 20 05 00 20 09 01 20 01 01 20 05 01 20 09 02 20 01 02 20 05 02 09 Média Móvel da Taxa de Crescimento do PIB 1.20 2 -0.40 0 19 -0.20 Período Taxa de crescimento do PIB real Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrang.- Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). Gráfico 3.2 14 50.00 12 40.00 10 30.00 8 20.00 6 10.00 4 0.00 2 2002 10 2002 07 2002 04 2002 01 2001 10 2001 07 2001 04 2001 01 2000 10 2000 07 2000 04 2000 01 1999 10 1999 07 1999 04 1999 01 1998 10 1998 07 1998 04 1998 01 1997 10 1997 07 1997 04 1997 01 1996 10 1996 07 1996 04 1996 01 1995 10 1995 07 1995 04 1995 01 1994 10 1994 07 1994 04 -10.00 1994 01 IPC 60.00 Ratings em Números Evolução do IPC e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 0 Período Inflação - IPC Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrang.- Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). 132 Gráfico 3.3 Evolução do IPC e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 14 5.00 12 4.00 IPC 8 2.00 6 1.00 Ratings em Números 10 3.00 4 2002 10 2002 07 2002 04 2002 01 2001 10 2001 07 2001 04 2001 01 2000 10 2000 07 2000 04 2000 01 1999 10 1999 07 1999 04 1999 01 1998 10 1998 07 1998 04 1998 01 1997 10 1997 07 1997 04 1997 01 1996 10 1996 07 1996 04 1996 01 1995 10 1995 07 1995 04 1995 01 1994 10 1994 07 1994 04 1994 01 0.00 -1.00 2 0 Período Inflação - IPC Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). Gráfico 3.4 Evolução da Necessidade de Financiamento do Setor Público (%PIB) e Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 2.00 14 1.00 12 2002 10 2002 07 2002 04 2002 01 2001 10 2001 07 2001 04 2001 01 2000 10 2000 07 2000 04 2000 01 1999 10 1999 07 1999 04 1999 01 1998 10 1998 07 1998 04 1998 01 1997 10 1997 07 1997 04 1997 01 1996 10 1996 07 1996 04 1996 01 1995 10 1995 07 1995 04 1995 01 1994 10 1994 07 1994 04 10 8 -2.00 -3.00 6 -4.00 Ratings em Números NFSP/PIB -1.00 1994 01 0.00 4 -5.00 2 -6.00 -7.00 0 Período NFSP/PIB Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). Nota: os valores negativos se referem ao superávit primário e os positivos, ao déficit primário. 133 Gráfico 3.5 Evolução da Dívida Externa sobre Exportações e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 25.00 14 12 20.00 15.00 DIV/X 8 6 10.00 Ratings em Números 10 4 5.00 2 2002 10 2002 07 2002 04 2002 01 2001 10 2001 07 2001 04 2001 01 2000 10 2000 07 2000 04 2000 01 1999 10 1999 07 1999 04 1999 01 1998 10 1998 07 1998 04 1998 01 1997 10 1997 07 1997 04 1997 01 1996 10 1996 07 1996 04 1996 01 1995 10 1995 07 1995 04 1995 01 1994 10 1994 07 1994 04 0 1994 01 0.00 Período DIV/X Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). Gráfico 3.6 Evolução das Transações Correntes (%PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 14 80.00 60.00 12 40.00 2002 10 2002 07 2002 04 2002 01 2001 10 2001 07 2001 04 2001 01 2000 10 2000 07 2000 04 2000 01 1999 10 1999 07 1999 04 1999 01 1998 10 1998 07 1998 04 1998 01 1997 10 1997 07 1997 04 1997 01 1996 10 1996 07 1996 04 1996 01 1995 10 1995 07 1995 04 1995 01 1994 10 1994 07 1994 04 -20.00 1994 01 TC/PIB 8 0.00 6 -40.00 Ratings em números 10 20.00 4 -60.00 2 -80.00 -100.00 0 Período TC/PIB Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). 134 Gráfico 3.7 14 60 12 50 10 40 8 30 6 20 4 10 2 0 0 Ratings em Números 70 19 94 19 01 9 19 4 04 94 19 07 94 19 10 95 19 01 95 19 04 95 19 07 95 19 10 96 19 01 9 19 6 04 96 19 07 96 19 10 97 19 01 97 19 04 97 19 07 97 19 10 98 19 01 98 19 04 98 19 07 98 19 10 99 19 01 99 19 04 99 19 07 99 20 10 0 20 0 01 00 20 04 00 20 07 00 20 10 01 20 01 01 20 04 01 20 07 01 20 10 0 20 2 01 02 20 04 02 20 07 02 10 DLSP (% PIB) Evolução da Dívida Líquida do Setor Público (% PIB) e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 Período DLSP (%PIB) Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). Gráfico 3.8 Evolução da Dívida Externa Líquida do Setor Público sobre as Reservas Internacionais e os Ratings Soberanos Brasileiros, 1994-2002 14 2.5 12 2 1.5 DELSP/RI 8 6 1 Ratings em Números 10 4 0.5 2 0 19 94 0 19 1 94 05 19 94 0 19 9 95 19 01 95 0 19 5 95 0 19 9 96 0 19 1 96 0 19 5 96 0 19 9 97 0 19 1 97 0 19 5 97 0 19 9 98 19 01 98 0 19 5 98 0 19 9 99 0 19 1 99 0 19 5 99 0 20 9 00 0 20 1 00 0 20 5 00 0 20 9 01 20 01 01 0 20 5 01 0 20 9 02 0 20 1 02 0 20 5 02 09 0 Período DELSP/RI Rating Moeda Dom éstica - Longo Prazo Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Ipeadata ( 2003), Standard & Poor’s ( 2003) e BCB ( 2003). 135 O detalhamento da performance de cada fundamento macroeconômico e a relação com os ratings em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo encontra-se no anexo 3.1. A Tabela 3.1 mostra um resumo do comportamento dos fundamentos macroeconômicos para o período de dezembro de 1994 a julho de 2002. Tabela 3.1 Tendência comportamental dos fundamentos no intervalo entre as emissões de rating ,1994-2002 PIB IPC NFSP/PIB DIV/X TC/PIB DLSP/PIB DELSP/RI Período Ratings + + 01-12-94 início upgrade + + + + 18-07-95 20-12-95 upgrade 19-06-96 upgrade upgrade 02-04-97 10-09-98 downgrade 14-01-99 downgrade upgrade 09-11-99 29-02-00 03-01-01 upgrade upgrade 09-08-01 downgrade 02-07-02 downgrade Fonte: Elaboração do autor. + + + + + + + + + + + + + + + + + - + + + + + + + + + + + + + + + + - + + + + + + Observando o período anterior a 1997, os fundamentos não aparecem como variáveis explicativas das mudanças de rating soberano. Ou seja, os upgrades de 1994, 1995, 1996 e 1997 não tiveram respaldo no bom comportamento dos fundamentos, como pôde ser visto na Tabela 3.1. Após a crise da Ásia e da Rússia/LTCM de 1998, as agências passaram a ter maior rigor na determinação dos ratings soberanos. Com isso, o desempenho das variáveis no período posterior a reclassificação para o Brasil parece ter maior poder explicativo. Mais especificamente, o downgrade de setembro de 1998 foi uma resposta do fraco desempenho de todas as variáveis selecionadas. Salienta-se, entretanto, que a mudança no processo de classificação após as crises de 1997/98 fez com que os últimos downgrades passassem a dar maior peso a variável DLSP/PIB. Esse fato repercutiu na redução da relevância das variáveis taxa de crescimento do PIB e TC/PIB. A mudança de pesos entre as variáveis veio do entendimento de que a saúde dos governos nacional e subnacionais é uma das principais bases para o sucesso na implementação da política econômica, independente de crises financeiras internacionais. A agência Standard & Poor’s (2003a) tem chamado a atenção para o equilíbrio dos balanços orçamentário e fiscal dos governos nacionais e subnacionais, como fonte 136 para bons ratings soberanos. Como pôde ser visto, esse equilíbrio parece ser o caso do Brasil, após a crise da Rússia de 1998. Na seção seguinte, para complementar a análise dos ratings, encontram-se os resultados da estimação do rating soberano contra os fundamentos macroeconômicos, a partir da sua transformação em números, usando o método ordered logit. 3.2 Resultados da Aplicação do Método Ordered Logit para os Ratings Soberanos Brasileiros Com o objetivo de identificar quais fundamentos macroeconômicos que determinam os ratings soberanos emitidos pela agência Standard & Poor’s para o Brasil, procedeu-se à estimação do modelo usando o método ordered logit. Considerado o período de dezembro de 1994 a dezembro de 2002, os ratings soberanos foram ordenados obedecendo seis níveis de classificação (8,33 = B pos.; 8,67 = B+ neg.; 9,00 = B+ est.; 9,33 = B+ pos.; 9,67 = BB- neg.; 10,00 = BB- est.). Já o confronto entre o rating soberano, o spread Brasil e os fundamentos macroeconômicos foi desenvolvido usando o método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO -, amplamente conhecido na literatura, pois o spread é uma variável contínua e cardinal. O Quadro 2.3 do capítulo 2 mostra a correlação esperada na relação entre os fundamentos e os ratings e spreads soberanos. 3.2.1 Resultados dos Ratings Soberanos contra os Fundamentos Macroeconômicos A aplicação do método fez com que o estimador ordered logit gerasse estimativas com menos erros de previsão que a baseada em ordered probitlxvi. Além disso, é importante salientar que nessa amostra a escolha do método de estimação ordered logit não afetou as conclusões, pois a significância e os sinais dos coeficientes foram iguais aos encontrados pelo método ordered probit. Conforme a Tabela 3.2, pode-se verificar que das sete variáveis explicativas, o PIB (taxa de crescimento do PIB real) e as TC/PIB (transações correntes sobre o PIB) 137 não tiveram o sinal esperado. O sinal mostra que uma melhora na variável representa um aumento da probabilidade de ocorrência de ratings mais baixos. Especificamente como relação as TC/PIB, isso se deve ao saldo negativo na maior parte do período analisado ( julho de 1997 a dezembro de 2002). Então, é preciso lembrar que no método ordered logit, o efeito das variáveis sobre os ratings não pode ser diretamente inferido a partir do sinal dos coeficientes, como no método MQO. Considerando as probabilidades dos respectivos coeficientes, três podem ser excluídos do modelo, dada a baixa significância: o IPC, o PIB e a DELSP/RI. O teste de significância do coeficiente do IPC apresentou probabilidade de 15,30%, do PIB, de 23,22% e da DELSP/RI de 81,94%. Salienta-se que, apesar da TC/PIB não apresentar sinal positivo, como esperado, a probabilidade de exclusão do coeficiente foi de 0%. A estatística LR (7 graus de liberdade) registrou valor calculado de 118.17 e probabilidade de 0%, o que permite afirmar que os coeficientes, conjuntamente, possuem poder explicativo sobre a variável dependente ordenada. Em outras palavras, a hipótese H0: β = 0 foi rejeitada em favor da hipótese alternativa H1: β ≠ 0. Tabela 3.2 Modelo Inicial para o Rating Soberano Ordenado - Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficiente Desvio Estatística z Probabilidades Padrão DIV/X -0.771522 0.147012 -5.248031 0.0000 DLSP/PIB -0.133932 0.054651 -2.450698 0.0143 IPC -0.504783 0.353225 -1.429069 0.1530 NFSP/PIB -0.762741 0.266818 -2.858654 0.0043 PIB -0.076734 0.064226 -1.194743 0.2322 TC/PIB -0.132681 0.025963 -5.110405 0.0000 DELSP/RI -0.248936 1.090195 -0.008341 0.8194 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/ B+ neg. = 8,67 Limite p/ B+ est. = 9,00 Limite p/ B+ pos. = 9,33 Limite p/ BB- neg. = 9,67 Limite p/ BB- est.= 10,00 Log verossimilhança LR estatística (7 gl) Nº Observações -14.18117 -9.616449 -8.892441 -6.973091 -5.408742 2.394370 1.850733 1.792138 1.736862 1.684400 -5.922717 -5.196021 -4.961919 -4.014765 -3.211080 -104.1611 LR indexador (Pseudo-R2) 118.1718 Prob. (LR estatística) 97 Nº ratings ordenados 0.0000 0.0000 0.0000 0.0001 0.0013 0.361942 0.000000 6 Fonte: Elaboração do autor. A Tabela 3.3 mostra a previsão dos erros em relação aos ratings soberanos. Os erros de previsão mais significativos se concentram nos ratings B+ estável (9,00), B+ 138 positivo (9,33) e BB- negativo (9,67). Com relação a B+ positivo, pode-se verificar que os fundamentos macroeconômicos não permitiram que esse rating fosse previsto corretamente para o período em que estava em vigor, de junho de 1999 a dezembro de 2000 e de janeiro de 2002 a junho de 2002. O rating esperado era B+ estável em 1999, B+ negativo em 2000 e B+ negativo em 2002 (Gráfico 3.10). De um total de 36 erros de previsão, 88% dos erros se concentraram nas categorias intermediárias. Em função disso, é possível afirmar que o comportamento dos fundamentos macroeconômicos não foi o único fator determinante desses ratings soberanos. Tabela 3.3 Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial – Ratings Soberanos Ratings com Freqüência Freqüência Erros de observada calculada Previsão outlook B positivo 7 7 0 B+ negativo 16 15 1 B+ estável 8 0 8 B+ positivo 27 42 -15 BB- negativo 15 6 9 BB- estável 24 27 -3 Fonte: Elaboração do autor. Para se obter o efeito do comportamento dos fundamentos macroeconômicos sobre as probabilidades de ocorrência dos ratings, calculou-se, ceteris paribus, os efeitos marginais, como pode ser visto no Gráfico 3.9. Os dados permitem verificar qual é a mudança na probabilidade de ocorrência, em pontos percentuais (pp), de cada rating, quando os fundamentos macroeconômicos individualmente mudam seu valor em uma unidade. 139 Gráfico 3.9 Probabilidades de ocorrência de ratings soberanos com mudanças nos fundamentos macroeconômicos, 1995-2002 0.15 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.1 0.05 0 -0.05 B o tiv si po B+ o tiv ga e n B+ l ve tá es B+ l ve tá es BB o tiv ga e -n BB o tiv si po -0.1 -0.15 Ratings com Outlooks DIV/X DLSP/PIB IPC NFSP/PIB PIB TC/PIB DELSP/RI Fonte: Elaboração do autor. Analisando somente as variáveis significativas estatisticamente, tem-se a primeira variável, DIV/X (dívida externa sobre as exportações). Verifica-se que o aumento em uma unidade fez com que aumentasse a probabilidade de ocorrência do rating B+ negativo (9,989 pp) e B+ estável (5,259 pp) e diminuísse as dos ratings BBnegativo (-10,168 pp) e BB- estável (-5,334 pp). A segunda variável refere-se a DLSP/PIB (dívida líquida do setor público sobre o PIB). As mudanças da DLSP/PIB repercutiram muito pouco sobre as probabilidades de ocorrência dos ratings. Acredita-se que a baixa influência se deveu à sua recente inclusão nos comentários realizados pelas agências e nas considerações sobre a saúde dos governos. As maiores probabilidades se encontraram nos ratings BB- negativo e B+ negativo: o primeiro com –1,765 pp e o segundo com 1,7341 pp. Ou seja, quando a DLSP/PIB sobe aumentam as possibilidades de ocorrência de B+ negativo e diminuem as de BB- negativo. 140 A terceira variável significativa foi a NFSP/PIB (necessidade de financiamento do setor público sobre o PIB). A NFSP/PIB, quando registrou um aumento em uma unidade, surtiu efeitos marginais positivos nas probabilidades de ratings B positivo, B+ negativo, B+ estável e B+ positivo e efeitos negativos em BB- negativo e BB- estável. Portanto, o aumento da NFSP/PIB reduziu a probabilidade de ocorrência de ratings mais altos em favor dos mais baixos. A quarta variável foi as transações correntes sobre o PIB (TC/PIB). Conforme salientado anteriormente, têm a particularidade de ter saldo negativo em quase a totalidade do período, por isso merece atenção especial. Então, quando o saldo das TC/PIB diminuem em valor, dado o sinal negativo é por que se tornou menos problemático o déficit em transações correntes. Logo, a probabilidade de ocorrência de ratings mais altos é de –1,75 pp para BB- negativo e –0,92 pp para BB- estável. Por fim, é possível apontar a DIV/X, IPC, NFSP/PIB como os fundamentos de maior repercussão individual nos ratings durante o período analisado; embora o IPC tenha sido considerado não significativo estatisticamente no modelo conjunto apresentado na Tabela 3.2. O Gráfico 3.10 confronta os ratings soberanos observados pela Standard & Poor’s e os previstos pelo método ordered logit. Considerando o período de dezembro de 1994 a dezembro de 2002, verifica-se que em vários momentos a diferença entre os ratings foi nula. 141 Gráfico 3.10 Comportamento do Rating Soberano observado e previsto, 1994-2002 11.00 Rating em Números 10.00 9.00 8.00 7.00 19 94 19 12 95 19 03 95 19 06 95 19 09 95 19 12 96 19 03 96 19 06 96 19 09 96 19 12 97 19 03 97 19 06 97 19 09 97 19 12 98 19 03 98 19 06 98 19 09 98 19 12 99 19 03 99 19 06 99 19 09 99 20 12 00 20 03 00 20 06 00 20 09 00 20 12 01 20 03 01 20 06 01 20 09 01 20 12 02 20 03 02 20 06 02 20 09 02 12 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO Standard & Poor's Fonte: Elaboração do autor. O último trimestre de 1995, a agência Standard & Poor’s indicou o rating B+ com outlook estável, quando os fundamentos macroeconômicos previam, pelo método ordered logit, o rating B+ com outlook positivo. Após esse período, alguns erros de previsão podem ser vistos, mas sem muita significância. Mais adiante, no último trimestre de 1998, o rating previsto sofreu um rebaixamento mais acentuado que o observado. Este rebaixamento pode ser o resultado de uma possível antecipação da crise brasileira, que ocorreria em janeiro de 1999. As diferenças mais significativas entre o observado e o previsto ocorreram durante o segundo semestre de 1999, durante todo o ano de 2000, último trimestre de 2001 e primeiro semestre de 2002. O primeiro caso ocorreu após a mudança cambial e refere-se ao segundo semestre de 1999. Nesse período, as diferenças se deram em virtude da permanência de um rating B+ negativo, de janeiro a novembro de 1999, muito embora o realinhamento dos fundamentos macroeconômicos apontasse para o rating B+ positivo, já no final do 142 primeiro semestre de 1999. Isso mostra o conservadorismo da agência ao emitir o rating para esse período. Para o ano de 2000, a agência Standard & Poor’s manteve o rating em B+ positivo, enquanto que o rating previsto indicava, muitas vezes, a nota B+ negativo. Neste caso, pode-se dizer que a agência pode ter se baseado na performance positiva de alguns dos fundamentos. No último trimestre de 2001 novas diferenças podem ser identificadas entre o rating observado e previsto. Enquanto os fundamentos macroeconômicos mantiveram o rating por mais tempo na nota BB- estável, a agência Standard & Poor’s, em agosto de 2001, rebaixou o outlook para negativo. Após essa data, o rating previsto foi inferior ao observado até julho de 2002, quando a agência rebaixou novamente o rating soberano de BB- negativo para B+ negativo. Esse último downgrade proporcionou a igualdade entre os ratings previsto e observado até o final do período analisado. Dentro do princípio da parcimônia e buscando melhorar as previsões, construiuse um modelo alternativo com a exclusão das variáveis não significativas. O processo de escolha de um modelo alternativo ao modelo com 7 variáveis ( PIB, DIV/X, DELSP/RI, DLSP/PIB, IPC, TC/PIB, NFSP/PIB) obedeceu a significância de cada variável e o número de erros de previsão de cada modelo. Desse processo, resultou o modelo a seguir: Ratingt = r ( β1 DIV/X + β2 DLSP/PIB + β3 NFSP/PIB + β4 TC/PIB + εt)t onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) com as variáveis cardinais. Observando os resultados da Tabela 3.4, verifica-se que todos os fundamentos são estatisticamente significantes. Somente o sinal das TC/PIB não é o esperado, como também foi visto no modelo inicial. Isso mostra que o aumento desse fundamento leva a ratings mais baixos e não aos mais altos. A estatística LR (4 graus de liberdade) resultou num valor calculado de 114,56 e probabilidade de 0%. Pode-se dizer, a partir desse resultado, que o conjunto de fundamentos do modelo alternativo (DIV/X; 143 DLSP/PIB; NFSP/PIB; TC/PIB) explica o rating soberano brasileiro no período considerado. Tabela 3.4 Modelo Alternativo para o Rating Soberano Ordenado - Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficientes Desvio Estatística z Probabilidades Padrão DIV/X -0.808498 0.122545 -6.597546 0.0000 DLSP/PIB -0.126052 0.049364 -2.553538 0.0107 NFSP/PIB -0.674626 0.227144 -2.970039 0.0030 TC/PIB -0.140120 0.024649 -5.684689 0.0000 Pontos Limítrofes (γj) Limite para 8,67 Limite para 9,00 Limite para 9,33 Limite para 9,67 Limite para 10,00 -12.98137 -8.767152 -8.074050 -6.200913 -4.646536 2.133716 1.690962 1.643380 1.598958 1.539626 -6.083927 -5.184714 -4.913075 -3.878097 -3.017964 0.0000 0.0000 0.0000 0.0001 0.0025 Log verossimilhança LR estatística (4 gl) Nº Observações -105.9643 LR indexador (Pseudo-R2) 114.5655 Prob.(LR estatística) 97 Nº ratings ordenados 0.350896 0.000000 6 Fonte: Elaboração do autor. A Tabela 3.5 mostra os erros de previsão do modelo alternativo. O total de erros foi de 42, sendo as maiores incidências nos ratings B+ positivo, seguido do BBnegativo e B+ estável. Apesar dos fundamentos do modelo alternativo serem estatisticamente significantes, o número de erros desse modelo foi superior ao modelo inicial em 6 unidades. Tabela 3.5 Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo – Ratings Soberanos Ratings com Freqüência Freqüência Erros de Outlook Observada Calculada Previsão B positivo 7 7 0 B+ negativo 16 14 2 B+ estável 8 0 8 B+ positivo 27 46 -19 BB- negativo 15 4 11 BB- estável 24 26 -2 Fonte: Elaboração do autor. No Gráfico 3.11 pode-se observar os efeitos marginais dos fundamentos sobre os ratings soberanos brasileiros. Os fundamentos DIV/X e NFSP/PIB exercem as maiores 144 incidências marginais sobre os ratings B+ negativo, BB- negativo, BB- estável e B+ estável, consecutivamente. Os demais ratings tiveram probabilidades de ocorrência pouco significativas em pontos percentuais. Gráfico 3.11 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos do Brasil, 1994-2002 0.15 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.1 0.05 0 B positivo B+ negativo B+ estável B+ positivo BB- negativo BB- estável -0.05 -0.1 -0.15 Ratings com Outlook DIV/X DLSP/PIB NFSP/PIB TC/PIB Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 3.12 confronta os ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s e os previstos pelo método ordered logit. Olhando o período, verifica-se que em muitos momentos a diferença entre o observado e previsto foi nula, assim como visto no Gráfico 3.10. Também é possível perceber que as diferenças entre o observado e o previsto são similares, e se dispõem em 3 grandes blocos. O primeiro em 1995, o segundo em 1999-2000 e o terceiro em 2001-2002. No primeiro bloco, o modelo alternativo previu ratings mais elevados; no segundo, a manutenção do rating em B+ positivo até o final de 2000; no terceiro indicou ratings mais baixos que o observado, principalmente no primeiro semestre de 2002. O modelo alternativo previu uma maior incidência do rating B+ positivo que o modelo inicial. Apesar das diferenças nos resultados do modelo inicial e alternativo, pode-se afirmar que a Standard & Poor’s ao emitir o rating soberano brasileiro desconsiderou as variações dos fundamentos macroeconômicos na sua totalidade. A agência mantém o 145 rating relativamente estável, exceto nos momentos de grande crise financeira interna ou externa. Gráfico 3.12 Comportamento do Rating Soberano Brasileiro Observado e Previsto, 1994-2002 11.00 Rating em Números 10.00 9.00 8.00 7.00 19 94 19 12 95 19 03 95 19 06 95 19 09 95 19 12 96 19 03 96 19 06 96 19 09 96 19 12 97 19 03 97 19 06 97 19 09 97 19 12 98 19 03 98 19 06 98 19 09 98 19 12 99 19 03 99 19 06 99 19 09 99 20 12 00 20 03 00 20 06 00 20 09 00 20 12 01 20 03 01 20 06 01 20 09 01 20 12 02 20 03 02 20 06 02 20 09 02 12 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Standard & Poor's Fonte: Elaboração do autor. Por fim, as mudanças de rating refletem em parte o comportamento passado dos fundamentos macroeconômicos. Isso se deve ao rating parecer estar carregando informações adicionais não contidas nos fundamentos, o que justifica a diferença entre o previsto e o observado. Uma das razões da diferença pode ser a incorporação de expectativas na emissão de rating quanto às mudanças de tendências dos fundamentos e informações sobre mudanças no risco soberano. O spread dos títulos de dívida soberanos é sensível às variações de expectativas comparativamente aos ratings soberanos, pois são avaliados diariamente pelos operadores de mercado de títulos de dívida. Desta forma, caso os ratings gerem mudanças no spread, deve-se ao seu conteúdo informacional ser superior ao disponível no mercado. O objetivo a seguir será verificar se o rating soberano realmente possui conteúdo informacional influenciando o spread. 146 3.3 Análise do Spread Soberano e Rating Soberano Brasileiro Para verificar a importância de mudanças do rating soberano e dos fundamentos macroeconômicos sobre o spread Brasil usou-se a metodologia sugerida por Cantor e Packer (1996, p. 43), mais os fundamentos DLSP/PIB e DELSP/RI e os Juros do Tesouro Americano. Em outras palavras, buscou-se analisar qual a contribuição informacional do rating soberano, além das provenientes desses fundamentos. Os resultados estão no Quadro 3.1. Num primeiro momento, procedeu-se à estimação do spread soberano brasileiro (em ln)lxvii em relação ao rating soberano (equação 1). Os resultados obtidos alinham-se ao esperado, ou seja, o spread Brasil tende a cair quando o rating soberano aumenta e vice-versa. O coeficiente angular é significativo, assim como o teste F, apesar do R2 ajustado ser relativamente baixo, 32,3%. Com isso, pode-se afirmar que o rating soberano possui apenas parte das informações contidas no spread soberano brasileiro. A equação 2 do Quadro 3.1 mostra o spread soberano em função dos fundamentos macroeconômicos e dos juros do tesouro americano. Todos os sinais dos coeficientes seguem o esperado, com exceção do TC/PIB e dos JUROS EUA. Como salientou-se anteriormente, o saldo negativo das TC brasileiras faz com que um aumento seja encarado como uma melhora, embora represente o contrário. A leitura desse sinal positivo mostra a correlação do fundamento com o rating. Neste caso, como o saldo das TC é negativo, o sinal sugere que uma piora nas TC/PIB, ou seja, um aumento do saldo negativo, gere um maior spread Brasil. Por outro lado, os JUROS EUA deveriam apresentar sinal positivo em relação ao spread Brasil, dado que um aumento dos juros repercute, na maioria dos países emergentes, num aumento do spread soberano (KAMINSKY e SCHMUKLER, 2001, p. 6). No caso brasileiro, essa relação é inversa, além do baixo poder explicativo dessa variável sobre o spread Brasil, nesta equação (2). Seguem as variáveis significativas da equação 2: NFSP/PIB, DLSP/PIB e TC/PIB. Com a significância do teste F de 25.03 e com o R2 ajustado de 69,6%, o poder explicativo da equação 2 é maior que o da equação 1, o que permite afirmar que as variáveis acima listadas possuem maior poder informacional em relação ao spread 147 Brasil do que somente o rating soberano. Isto é, há perda informacional quando se usa o rating ao invés dos fundamentos macroeconômicos e JUROS EUA. A equação 3 contempla os fundamentos macroeconômicos, os JUROS EUA e o rating soberano, como variáveis explicativas do comportamento do spread Brasil. Os sinais dos coeficientes foram o esperado, com exceção – novamente - das TC/PIB e dos JUROS EUA. Nessa equação, o R2 ajustado foi de 71,1% e o teste F de 24,01 com probabilidade de 0%. As variáveis significativas foram: NFSP/PIB, JUROS EUA e DELSP/RI. Mais especificamente, o PIB, IPC e DIV/X continuam a manter a mesma tendência da equação 2, ou seja, de não terem papel importante na determinação do spread Brasil. Já em relação ao rating soberano, sua baixa representatividade nesta equação é por que não adiciona nenhuma informação, além das variáveis significativas acima listadas. Com isso, é possível afirmar que o rating soberano brasileiro, pode ser excluído quando se procura identificar os fundamentos macroeconômicos que alteram o humor do mercado, traduzido pelo spread soberano. Na equação 4 seguiu-se a sugestão de Cantor e Packer (1996), contemplando os fundamentos macroeconômicos e desconsiderando os JUROS EUA. Neste caso, as variáveis significativas foram: NFSP/PIB, DLSP/PIB, TC/PIB e IPC. As variáveis PIB, DIV/X e DELSP/RI não foram significativas. Por outro lado, o IPC, que não se mostrava representativo nas equações 2 e 3, passou a ser com a retirada dos JUROS EUA. O R2 ajustado registrou 68,1% e a estatística F de 23,43 com probabilidade de 0%. Por fim, a equação 5 considerou as variáveis significativas da equação 4 mais o rating. Ela não apresentou o melhor R2 e estatística F, mas reuniu o maior número de variáveis significativas comparativamente as demais equações, quais sejam: rating, NFSP/PIB, DLSP/PIB, TC/PIB e IPC. A presença do rating entre as variáveis significativas leva a concluir que a retirada das variáveis DIV/X, PIB, JUROS EUA e DELSP/RI deram a ele um maior poder explicativo em relação ao spread Brasil. O R2 ajustado foi de 67,5% e a estatística F de 35,92 com probabilidade de 0%. A partir dos resultados do Quadro 3.1, salienta-se alguns pontos. Em duas equações 1 e 5, o rating soberano foi significativo. A DIV/X e o PIB não foram significativos em nenhuma das equações onde faziam parte – equações 2, 3 e 4. O fundamento DIV/X não foi significativo para explicar o spread, o que parece 148 surpreendente dada a seção anterior. No caso brasileiro, o comportamento das exportações segue um caminho diferenciado das mudanças de rating soberano. Alguns fatores podem explicar o resultado. Primeiro, por que as exportações são relativamente previsíveis, assim como o PIB. Com isso, seu comportamento é incorporado antecipadamente pelo mercado. Segundo, o PIB e a dívida parecem relevantes em perspectiva, isto é, somente quando comparados na variável DLSP/PIB. Os JUROS EUA foram significativos somente na equação 3. Quanto as variáveis IPC, DLSP/PIB, DELSP/RI e TC/PIB, verificou-se que passaram de significativas para não significativas em relação ao spread Brasil, dependendo da especificação do modelo. Já com relação a NFSP/PIB, sua relevância esteve presente em todas as especificações, sugerindo a importância que o mercado dá ao ajuste fiscal para a avaliação do risco Brasil, corroborando as indicações de Canuto e Santos (2003). Por fim, o rating parece ter algum conteúdo informacional apenas quando são excluídos alguns de seus fundamentos, como a DIV/X. 149 Quadro 3.1 - Importância dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos Variável Dependente: Log (Spread Brasil) Variáveis (equação 1) (equação 2) (equação 3) (equação 4) (equação 5) Explicativas Constante 11.201* 5.222* 7.777* 5.407* 6.292* (9.617) (8.888) (5.438) (4.437) (8.502) -0.480* -0.196 -0.0780 -0.159* Rating (-3.897) (-1.877) (-0.803) (-2.477) DIV/X 0.015 0.008 0.013 (0.750) (-0.464) (0.557) PIB -0.006 -0.009 -0.006 (-0.803) (-1.315) (-0.755) NFSP/PIB 0.193* 0.153* 0.181* 0.144* (4.347) (2.488) (2.935) (5.156) DLSP/PIB 0.042* 0.027 0.054* 0.054* (3.217) (1.836) (5.355) (8.149) TC/PIB 0.008* 0.003 0.009* 0.007* (2.571) (0.993) (2.604) (2.997) IPC 0.075 0.041 0.088* 0.092* (1.643) (0.982) (2.347) (2.162) JUROS EUA -6.498 -9.851* (-1.325) (-2.402) DELSP/RI 0.306 0.386* 0.129 (1.667) (2.345) (0.678) R2 ajustado 0.323 0.696 0.711 0.681 0.675 Desvio Padrão 0.324 0.217 0.212 0.223 0.225 Estatística F 41.029 25.035 24.015 23.43 35.924 Prob.(Festatístico) 0.000 0.000 0.000 0.000 0.000 Nº observações 85 85 85 85 85 Fonte: Standard &Poor’s (2003); BCB (2003); Ipeadata (2003). Nota: Correção pelo Desvio Padrão Newey-West Heterocedasticity Autocorrelation Consistent - HAC * Significante ao nível de 5%. A despeito dos resultados, sabe-se que as mudanças de rating podem agir sobre o spread quando possui informações além das contidas no mercado. Em função dessas possibilidades, na próxima seção buscar-se-á identificar os ratings soberanos que influenciaram na relação do spread Brasil com o EMBI+ levando a uma quebra estrutural. Em outras palavras, após contrastar o efeito dos ratings e dos fundamentos sobre o logspread, a análise será complementada com a aplicação do estudo de eventos na relação entre o spread e os ratings, tomando os ratings como eventos. A aplicação do estudo de eventos tem como objetivo saber se as mudanças de rating influenciam o 150 retorno esperado dos títulos de dívida soberanos, alterando a relação entre o spread e o mercado (EMBI+). Em outras palavras, o estudo de eventos enriquece a análise anterior, pois não impõe um efeito linear dos ratings sobre o spread. 3.4 Estudo de Eventos para o Spread Soberano Brasileiro Os ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s foram escolhidos para analisar o comportamento do spread frente ao EMBI+. Como os dados dos spreads possuírem periodicidade diária somente a partir de 1998, as análises abrangem 1998 a 2002. No Quadro 3.2 estão os ratings soberanos para a análise de eventos. Quadro 3.2 Ratings Soberanos Brasileiros,1998-2002 Ordem Período Moeda Doméstica Moeda Estrangeira Longo Longo Prazo Prazo Credit Watch Outlook Credit Watch Outlook downgrade Negativo downgrade BB+ BBNegativo downgrade Negativo downgrade BBB+ Negativo upgrade upgrade Estável BBB+ Estável upgrade upgrade Positivo BB B+ Positivo upgrade upgrade Estável BB+ BBEstável downgrade Negativo downgrade BB+ BBNegativo downgrade Negativo downgrade BB B+ Negativo 1 10-09-98 2 14-01-99 3 09-11-99 4 29-02-00 5 03-01-01 6 09-08-01 7 02-07-02 Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). 3.4.1 Beta Recursivo e as Mudanças no Rating Soberano No Gráfico 3.13, pode-se observar que, das 7 emissões de rating soberano, somente 2 resultaram em mudança no beta recursivo. A primeira mudança do beta ocorreu com a emissão do rating para os títulos em moeda doméstica de longo prazo (MDLP) e moeda estrangeira de longo prazo (MELP) em 10/9/98 – evento 1. Essa mudança refere-se ao downgrade no outlook de estável para negativo, em virtude dos reflexos da crise da Rússia no mercado financeiro mundial. A segunda mudança do beta recursivo pode ser vista na emissão datada de 14/1/99 – evento 2. Ela se referiu ao 151 downgrade do rating de BB+ negativo para BB- negativo, devido a mudança no regime cambial brasileiro e a correspondente geração de incertezas quanto ao realinhamento da economia. Os demais ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s não repercutiram em mudanças no beta recursivo. Contudo, pode-se verificar forte oscilação ao longo de todo o período analisado. Percebe-se que houve variações fortes no beta recursivo, mas que não foram associadas às variações de ratings. Gráfico 3.13 - Identificação dos Ratings Soberanos no Beta Recursivo do Spread Brasileiro, jan./98 a dez./02 1.4 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) 1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 200 400 Estimativa do Beta Recursivo 600 800 1000 1200 ± 2 Desvios-Padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [10-09-98]; (2) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [14-01-99]; (3) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [09-11-99]; (4) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [29-02-00]; (5) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [03-01-01]; (6) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [09-08-01]; (7) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [02-07-02]. 3.4.2 Teste de Estabilidade de Chow nos Ratings Soberanos Para confrontar e finalizar a análise das mudanças estruturais na relação spread Brasil e mercado trazidas pelas mudanças nos ratings far-se-á nesta seção o teste de estabilidade de Chow. O teste de Chow apresenta estatisticamente as quebras estruturais causadas pelos eventos selecionados – neste caso, os ratings soberanos. No caso da 152 presença de quebra estrutural, pode-se afirmar que aos ratings mudaram a relação spread/EMBI+, ou seja, incorporaram informações novas ao mercado. O Quadro 3.3 mostra os resultados referentes a aplicação do teste de estabilidade de Chow para o spread soberano no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2002, dadas as mudanças de ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s. A partir da aplicação do teste, pode-se observar que dos 7 eventos, somente 4 geraram quebra estrutural na relação do spread soberano brasileiro e o EMBI+ (10/9/98; 14/1/99; 29/2/00; 2/7/02). As quebras foram aos níveis de 1%, 5% e 10%, com exceção do evento de número 2, que gerou quebra ao nível de significância de 10%. Salienta-se que da análise descritiva realizada anteriormente – Gráfico 3.13 – somente os eventos 1 e 2, relacionados as emissões de 10/9/98 e 14/1/99 mudaram o beta recursivo. As demais mudanças do beta recursivo, que não geraram quebra estrutural, podem ser endereçadas a outros eventos extra emissão de ratings soberanos. Quadro 3.3 Teste de Estabilidade de Chow para o Spread Soberano Brasileiro Considerando as Mudanças de Ratings Soberanos – jan./98 a dez./02 Ordem Eventos Spread Soberano do Brasil Estatística Probabilidade F de H0 1 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [10/9/98] 28.63578 0.000000 2 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [14/1/99] 2.792234 0.062979 3 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [9/11/99] 1.587974 0.206207 4 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [29/2/00] 24.75330 0.000000 5 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [3/1/01] 0.113315 0.892900 6 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [9/8/01] 0.732375 0.481447 7 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [2/7/02] 51.50822 0.000000 Fonte: Elaboração do autor. Nota: MDLP = moeda doméstica de longo prazo; MELP = moeda estrangeira de longo prazo. Uma análise complementar visando identificar a influência de fatos relevantes sobre a relação spread Brasil e EMBI/EMBI+ e procurando verificar se os ratings e fatos relevantes podem interferem nesta movimentação está no anexo 3.2. 153 3.5 Considerações Finais Os últimos ratings recebidos pelo Brasil da agência Standard & Poor’s, principalmente após a mudança do regime cambial, ocorreram sob fortes protestos. O mercado e os principais dirigentes do país alegaram que os downgrades recebidos foram sempre antecipados e/ou exagerados, por que não refletiram os fundamentos macroeconômicos, e os upgrades vinham com muito atraso. Por exemplo, o Brasil mostrava fortes sinais de recuperação na metade de 1999 e o upgrade só foi emitido pela Standard & Poor’s, em fevereiro de 2000. Com o intuito de lançar luz às dúvidas quanto ao processo de classificação dos ratings soberanos e, também, quanto ao conteúdo informacional destes ratings, o capítulo 3 foi dividido em 3 seções. Na primeira seção se fez o confronto dos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo com os fundamentos macroeconômicos. Na seção seguinte, o confronto dos ratings com os seus fundamentos usando o método ordered logit. Na terceira seção, o efeito dos ratings sobre o comportamento do spread, considerado mais sensível às variações de expectativas e a novas informações do que o rating. Neste caso, entendendo que os ratings soberanos podem ser causadores de mudança na relação spread Brasil e EMBI+, ou seja, geradores de mudança do beta e quebra estrutural. Visando alcançar esses objetivos, na seção 1 deste capítulo, foram comparados os ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo aos fundamentos macroeconômicos, empregando dados do Brasil para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002. Os fundamentos macroeconômicos foram: PIB, IPC, NFSP/PIB, DLSP/PIB, DIV/X, DELSP/RI e TC/PIB. Na análise individualizada dos fundamentos macroeconômicos verificou-se que o comportamento desses indicadores anterior às crises da Ásia/97 e Rússia-LTCM/98 não foi sistemático e explicativo dos upgrades, downgrades e mudanças de outlooks. Contudo, ocorre a reversão dessa relação após as crises. Para o Brasil, a mudança ocorreu depois do downgrade de setembro de 1998. Assim, dois aspectos merecem destaque: (a) as variáveis DLSP/PIB, DIV/X, PIB e IPC possuem grande força explicativa na determinação do rating soberano; (b) a NFSP/PIB, DELSP/RI e TC/PIB 154 apresentaram-se ora superavitárias ora deficitárias, pouco auxiliando na determinação do rating soberano. Na seção 2 buscou verificar a importância dos fundamentos macroeconômicos na determinação dos ratings brasileiros para o período de dezembro de 1994 a dezembro de 2002. Além disso, procurou-se saber qual a influência desses fundamentos, dos ratings e dos juros do tesouro americano de curto prazo sobre o comportamento do spread soberano brasileiro. A estimação da equação referente à importância dos fundamentos sobre os ratings soberanos foi realizada com a aplicação do método ordered logit. Esse método foi escolhido por produzir menos erros de previsão que o ordered probit e MQO. Comparativamente ao método de MQO, por possibilitar a transformação dos ratings em números sem o uso de escalas arbitrárias. Os resultados obtidos mostraram que dos fundamentos macroeconômicos escolhidos, a DIV/X, DLSP/PIB, NFSP/PIB e TC/PIB foram significativos em relação ao rating soberano brasileiro, enquanto que o IPC, PIB e DELSP/RI não foram significativos estatisticamente. Observando o Gráfico 3.10, pode-se verificar os períodos onde os erros de previsão foram mais freqüentes, por exemplo: último trimestre de 1995 e de 1998, segundo semestre de 1999, durante todo o ano de 2000, último trimestre de 2001 e primeiro semestre de 2002. Contudo, observando todo o intervalo temporal – dezembro de 1994 a dezembro de 2002 – é possível afirmar que ocorreram mais acertos do que erros. Considerando o modelo alternativo, onde incluiuse somente os fundamentos estatisticamente significantes do modelo inicial, percebe-se olhando a Tabela 3.5 e Gráfico 3.12, que os erros aumentaram em 6 unidades, mas a concentração destes permaneceu inalterada. Logo, o modelo inicial é melhor que o alternativo, no que se refere a previsão dos ratings observados pelos fundamentos macroeconômicos. Isso possibilita concluir que os fundamentos explicaram as mudanças de rating soberano, no período que antecede a mudança cambial no país, e que o método ordered logit aplicado na variável dependente foi bem sucedido. Também, que os fundamentos macroeconômicos dão uma boa bagagem informacional às agências de rating e ao mercado, no que se refere ao Brasil, pois os erros de previsão foram baixos, com exceção do período posterior a mudança cambial. 155 A segunda preocupação deste trabalho referiu-se à importância dos fundamentos macroeconômicos, dos ratings soberanos e dos juros do tesouro americano de curto prazo sobre o comportamento do spread Brasil. Nesse caso, aplicou-se o método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO - e corrigiu-se a autocorrelação e heterocedasticidade pelo Desvio Padrão Newey-West HAC. Analisando as equações de 1 a 5 do Quadro 3.1, onde se procedeu à inclusão e à retirada de variáveis, obteve-se alguns resultados importantes. A equação 1 evidenciou que os ratings soberanos atuam de forma inversa ao comportamento do spread Brasil, como era de se esperar. Contudo, a baixa representatividade desta variável pode ser vista no R2 ajustado de 32,3%. Na equação 2, adicionou-se aos fundamentos macroeconômicos, os juros do tesouro americano (JUROS EUA) e retirou-se o rating soberano. Com isso, aumentou o R2 ajustado para 69,6%, apesar da baixa significância das variáveis DIV/X, PIB, IPC, JUROS EUA e DELSP/RI. Oportunamente, atentou-se para o sinal positivo do coeficiente da variável TC/PIB e o sinal negativo do coeficiente dos JUROS EUA, não previsto pela literatura para os países emergentes. Comparando-se as equações 2 e 3, pode-se perceber que a inclusão do rating soberano fez com que a significância da variável TC/PIB se reduzisse. Isso por que as duas variáveis – rating e TC/PIB - carregam informações similares, neste caso específico. As equações 3 e 4 diferem em função da retirada dos JUROS EUA. Esse procedimento gerou uma mudança de peso das variáveis DLSP/PIB, TC/PIB, IPC e DELSP/RI. As três primeiras tornaram-se significantes, enquanto que a última passou a ser não significante estatisticamente em relação ao comportamento do spread Brasil. Analisando a variável TC/PIB, percebeu-se que na equação 2 essa variável ganhou representatividade com a exclusão do rating soberano, mas com a inclusão do rating – equação 3 – perdeu a significância. Ou seja, quando todos os fundamentos são incluídos no modelo, o rating não é significativo. Na equação 4, procedeu-se a saída da variável JUROS EUA e a manutenção do rating soberano. Essa mudança de especificação nos permite concluir que os JUROS EUA também carregam informações contidas na variável TC/PIB. Na equação 5 foram retiradas as variáveis DIV/X, PIB, JUROS EUA e DELSP/RI. Essa equação não apresentou o melhor R2 e estatística F, mas reuniu o maior número de variáveis significativas comparativamente as demais equações, quais 156 sejam: rating, NFSP/PIB, DLSP/PIB, TC/PIB e IPC. Neste caso, percebe-se que o rating passou a ser significativo com a exclusão de algumas variáveis. Nas análises do spread Brasil e EMBI+ usando o estudo de eventos e teste de estabilidade de Chow, verificou-se através do Gráfico 3.13 do beta recursivo, que os downgrades dos ratings soberanos datados de 10/9/98 e 14/1/99 foram os únicos que alteraram o beta da relação. Aplicando o teste de estabilidade de Chow e considerando as emissões de rating soberanos pela Standard & Poor’s como eventos, foram encontradas quebras estruturais em 4 emissões (3 downgrades e 1 upgrade) – vide Quadro 3.3. A primeira em 10/9/98 devido a crise da Rússia, a segunda em 14/1/99 com a crise do Brasil, a terceira em 29/2/00, devido a recuperação do país em relação as crises passadas sob a ótica do mercado internacional e a quarta em 2/7/02, dado as incertezas políticas do país. Entretanto, muitos acontecimentos de maior ou menor vulto ocorrem diariamente e desestabilizam o spread Brasil. Para cobrir esta lacuna se fez uma análise detalhada do spread Brasil e EMBI/EMBI+, quando registravam movimentos mais bruscos (visto no anexo 3.3). Sabe-se que o spread Brasil e EMBI/EMBI+ representam as expectativas do mercado frente às alterações de rating soberano, de outlooks e outros eventos relevantes. Em alguns casos pode-se ver que o estresse interno e/ou externo levou ao descolamento do spread Brasil do EMBI/EMBI+. Também, que o spread Brasil antecipou as mudanças dos ratings soberanos brasileiros. Ou seja, quando o spread Brasil aumentou ocorreu, com defasagem, um downgrade, e quando o spread diminuiu, pouco tempo depois é emitido um upgrade. Pode-se afirmar que o spread Brasil, por ser mais sensível a ocorrência de novos eventos, tende a incorporar um volume maior de informações que os ratings soberanos. A partir dessas análises individualizadas dos fundamentos macroeconômicos, dos spreads Brasil e EMBI/EMBI+, concluí-se que as mudanças de rating soberano são causadas por fatos econômicos e políticos. Ou seja, os fundamentos têm explicado somente parte dos downgrades, upgrades e outlooks. A recente inclusão da DLSP/PIB na metodologia de classificação, nas publicações e nos esclarecimentos ao mercado vem mostrando a importância que tem sido dada ao equilíbrio das contas do setor público. Por último, percebeu-se que o spread Brasil recebe os reflexos de fatos políticos nacionais e internacionais, pois registrou expressiva volatilidade durante as crises de 1997 e 1998, nos escândalos empresariais da WorldCom, Vivendi e Xerox, durante a 157 crise da Argentina de 2001 e no período pré-eleitoral brasileiro de 2002. Então, acredita-se que o spread Brasil concentre mais informações que o rating soberano. 158 4 Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos da Argentina Assim como no Brasil, na Argentina os ratings soberanos têm recebido grandes críticas por analistas e membros do governo que acreditam que as agências de classificação avaliam mal os países. Também, por agravarem as crises dos países, ao seguir a manada embasada em tendências de curto prazo, em detrimento de perspectivas de longo prazo. Desta forma, igualmente ao caso brasileiro, é interessante estudar o conteúdo informacional dos ratings soberanos argentinos. Aqui é seguido a mesma metodologia do capítulo do Brasil, detalhada e discutida no capítulo 2. Assim como no capítulo anterior, na primeira seção, as análises dar-se-ão comparando a evolução dos fundamentos ao longo do período em estudo (1994 a 2002) com os ratings. Na segunda seção complementar-se-á a análise com um modelo de regressão para dados ordenados (método ordered logit), considerando como variável dependente o rating soberano argentino de longo prazo e como independentes os fundamentos macroeconômicos, a seguir: a taxa de crescimento do PIB real [PIB], dívida externa líquida do setor público sobre as exportações [DIV/X], dívida externa líquida do setor público sobre as reservas internacionais [DELSP/RI], taxa de inflação [IPC], transações correntes sobre o PIB [TC/PIB], superávit primário sobre o PIB [SP/PIB] e dívida interna e externa líquida do setor público sobre o PIB [DLSP/PIB]. Os indicadores são, em grande parte, similares aos empregados no Brasil, com exceção do SP/PIB, dado que não há disponibilidade de dados para a NFSP/PIB argentina. Com a mesma lógica do capítulo 4, a terceira seção será endereçada aos efeitos dos ratings sobre o spread de duas formas. Num primeiro momento, verificar-se-á se o rating soberano argentino explica o spread daquele país, incluindo também como determinantes os fundamentos macroeconômicos. Aqui, também, espera-se que os 159 ratings não expliquem o spread, uma vez incluídos os fundamentos. Num segundo momento, estudar-se-á os efeitos dos ratings sobre o spread através de um estudo de eventos, onde as mudanças de ratings trariam novas informações ao mercado, gerando variações inesperadas do spread soberano, em relação ao comportamento de uma cesta de títulos de países emergentes medido pelo EMBI+. O primeiro método supõe que os fundamentos internos determinam exclusivamente o risco dos títulos de dívida argentinos, enquanto que o segundo método, pressupõe que os investidores estrangeiros movimentam o capital a partir de uma carteira de títulos contendo vários países emergentes. Como o índice de mercado – EMBI+ - sintetiza as informações disponíveis sobre a Argentina e outros países emergentes, a comparação com o spread soberano torna-se importante dentro deste contexto. Por fim, o estudo do caso argentino procura saber da existência de conteúdo informacional nos ratings soberanos. Se os fundamentos conseguirem explicar bem os ratings e não forem verificadas quebras estruturais no modelo de spread e EMBI+, pode-se concluir que os ratings soberanos argentinos não trazem informações novas ao mercado. 4.1 Análise Descritiva dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos A análise gráfica tem como propósito mostrar o comportamento dos fundamentos macroeconômicos e dos ratings soberanos comparativamente, para saber quais podem explicar as mudanças ocorridas na classificação ao longo do período. Os Gráficos de 4.1 a 4.7 referem-se a cada um dos fundamentos macroeconômicos citados anteriormente, confrontados com os ratings soberanos argentinos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. 160 Gráfico 4.1 Evolução da Taxa de Crescimento do PIB e dos Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 5 14 12 3 10 2 8 1 0 -1 I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 6 Ratings em Números Média Móvel da Taxa de Crescimento do PIB 4 4 -2 2 -3 -4 0 Período Taxa de Crescimento do PIB real Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). Gráfico 4.2 Evolução do IPC e dos Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 14 20 12 15 10 IPC 8 6 5 Ratings em Números 10 4 0 I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -5 2 0 Período Inflação -IPC R ating M oeda Estrangeira -Longo Prazo R ating M oeda D om éstica -Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). 161 Gráfico 4.3 Evolução da Superávit Primário (%PIB) e dos Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 1.2 14 1 12 0.8 0.6 8 0.2 0 III 02 I0 2 III 01 I0 1 III 00 I0 0 III 99 I9 9 III 98 I9 8 III 97 I-9 7 III -9 6 I-9 6 III -9 5 6 I-9 5 -0.2 III -9 4 I-9 4 SP/PIB 0.4 Ratings em Números 10 4 -0.4 -0.6 2 -0.8 -1 0 Período SP/PIB Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). Gráfico 4.4 Evolução da Dívida Externa sobre Exportações e dos Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 14 30 12 25 DIV/X 8 15 6 10 Ratings em Números 10 20 4 5 2 0 IQ 19 IIQ 9 4 III 1 9 9 Q 4 IV 199 Q 4 1 I Q 994 19 IIQ 9 5 III 1 9 9 Q 5 IV 199 Q 5 1 I Q 995 19 IIQ 9 6 III 1 9 9 Q 6 IV 199 Q 6 1 I Q 996 19 IIQ 9 7 III 1 9 9 Q 7 IV 199 Q 7 1 I Q 997 19 IIQ 9 8 III 1 9 9 Q 8 IV 199 Q 8 1 I Q 998 19 IIQ 9 9 III 1 9 9 Q 9 IV 199 Q 9 1 I Q 999 20 IIQ 0 0 III 2 0 0 Q 0 IV 200 Q 0 2 I Q 000 2 IIQ 0 0 1 III 2 0 0 Q 1 IV 200 Q 1 2 I Q 001 2 IIQ 00 2 III 2 0 0 Q 2 2 IV 00 Q 2 20 02 0 Período DIV/X Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). 162 Gráfico 4.5 Evolução das Transações Correntes (%PIB) e dos Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 14 3.5 3 12 2.5 2 TC/PIB 8 1 0.5 6 0 -0.5 I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Ratings em Números 10 1.5 4 -1 2 -1.5 -2 0 Período TC/PIB Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). Gráfico 4.6 Evolução da Dívida Líquida do Setor Público (%PIB) e dos Ratings Soberanos Argentinos, 19942002 160 14 140 12 10 100 8 80 6 60 Ratings em Números DLSP (% PIB) 120 4 40 2 20 0 0 I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período DLSP (%PIB) Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). 163 Gráfico 4.7 Evolução da Dívida Externa Líquida do Setor Público sobre as Reservas Internacionais e os Ratings Soberanos Argentinos, 1994-2002 1600 14 1400 12 1200 DELSP/RI 1000 8 800 6 600 Ratings em Números 10 4 400 Q4 2002 Q3 2002 Q2 2002 Q1 2002 Q4 2001 Q3 2001 Q2 2001 Q1 2001 Q4 2000 Q3 2000 Q2 2000 Q1 2000 Q4 1999 Q3 1999 Q2 1999 Q1 1999 Q4 1998 Q3 1998 Q2 1998 Q1 1998 Q4 1997 Q3 1997 Q2 1997 Q1 1997 Q4 1996 Q3 1996 Q2 1996 Q1 1996 Q4 1995 Q3 1995 Q2 1995 Q1 1995 Q4 1994 0 Q3 1994 0 Q2 1994 2 Q1 1994 200 Período DELSP/RI Rating Moeda Estrangeira - Longo Prazo Rating Moeda Doméstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). O detalhamento da performance de cada fundamento macroeconômico e a relação com os ratings em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo encontra-se no anexo 4.1. A Tabela 4.1 mostra um resumo do comportamento dos fundamentos macroeconômicos do primeiro trimestre de 1994 ao quarto trimestre de 2002. 164 Tabela 4.1 Tendência comportamental dos fundamentos no intervalo entre as emissões de rating , 1994-2002 Período PIB IPC SP/PIB DIV/X TC/PIB DLSP/PIB DELSP/RI Ratings 04-02-94 upgrade nd nd + nd nd nd nd 22-08-94 confirmado nd + nd + + nd 01-09-94 confirmado nd + nd + + nd 08-03-95 downgrade nd + + 02-04-97 upgrade + + + 22-07-99 downgrade + + + 10-02-00 upgrade + + + + + 31-10-00 downgrade + + + 14-11-00 downgrade + + + 19-03-01 downgrade + + + + 26-03-01 downgrade + + + + 08-05-01 downgrade + estável + + + 06-06-01 confirmado estável + + + 12-07-01 downgrade + + + 09-10-01 downgrade + + + 30-10-01 downgrade + + + 06-11-01 downgrade + + + 12-02-02 confirmado + + + + + + Fonte: Elaboração do autor. Nota: nd = não disponível; tendência positiva = +; tendência negativa = -; tendência estável = estável. 165 Para os títulos soberanos argentinos emitidos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, os fundamentos macroeconômicos que melhor explicaram as mudanças de rating foram: PIB, a DIV/X, a DLSP/PIB e a DELSP/RI. Os demais fundamentos auxiliaram de uma maneira ou de outra no processo, mas em muitos momentos, o desempenho não corroborou com o rating indicado. É importante salientar, que as agências têm dado maior importância as contas do setor público no processo de avaliação de países, quanto a qualidade de crédito de governos soberanos. Isso confirma a presença dos fundamentos indicados acima. Uma análise detalhada sobre o comportamentos dos fundamentos e ratings ao longo do período está no anexo 4.1. Na seção seguinte encontram-se os resultados da estimação do rating soberano contra os fundamentos macroeconômicos, a partir da sua transformação em números. 4.2 Resultados da Aplicação do Método Ordered Logit para os Ratings Soberanos Argentinos O confronto dos ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s para as dívidas argentinas emitidas em moeda estrangeira de longo prazo e dos fundamentos macroeconômicos tem o intuito de saber quais dos fundamentos determinam os ratings, considerando do quarto trimestre de 1995 ao quarto trimestre de 2002. O ordenamento dos ratings teve oito níveis de classificação (CC negativo 2,67 = ; CCC+ negativo = 5,67 ; B negativo = 7,67 ; B+ negativo = 8,67 ; BB- estável = 10,00 ; BB- positivo = 10,33 ; BB negativo = 10,67 ; BB estável = 11,00), baseados nas emissões de rating da Standard & Poor’s (vide Quadro 2.6 do capítulo 2). Por outro lado, a estimação da relação entre o spread soberano, os fundamentos macroeconômicos e os juros do tesouro americano de curto prazo se basearam no método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO -, muito conhecido nos estudos econômicos, dado que o spread é uma variável contínua e cardinal. O Quadro 2.3 do capítulo 2 mostra a correlação esperada na relação entre os fundamentos e os ratings e spreads soberanos. 166 4.2.1 Resultados dos Ratings Soberanos contra os Fundamentos Macroeconômicos Considerando o método e modelo propostos, o estimador ordered logit gerou os mesmos erros de previsão do que os obtidos com o método ordered probitlxviii. Em função dessa igualdade, optou-se por ele, uma vez que as análises para o Brasil usaram esse mesmo método. Como pode ser visto na Tabela 4.2, das seis variáveis explicativas, as TC/PIB foram as únicas que não apresentaram o sinal esperado. O sinal mostra que um aumento representa uma maior probabilidade de ratings mais baixos, por que é o aprofundamento do déficit em TC. Em outras palavras, o coeficiente de –7,23 mostra que, quando o saldo em TC/PIB aumenta, o rating soberano recebe um downgrade. Essa contradição se deve a mudança de comportamento das TC/PIB no ultimo semestre de 2001. É preciso lembrar que no método ordered logit, o efeito dos fundamentos sobre os ratings não pode ser diretamente inferido a partir do sinal dos coeficientes, como no método MQO. Ao se observar as probabilidades de cada um dos coeficientes, constata-se a representatividade de dois fundamentos: SP/PIB e TC/PIB. O teste de significância da SP/PIB teve a probabilidade de 1,88% e das TC/PIB de 0,02%. Nota-se que apesar do sinal contrário das TC/PIB, a probabilidade de exclusão dessa variável foi próxima a zero. Por outro lado, considerando a estatística LR (6 graus de liberdade) vê-se o valor calculado de 35,50 e probabilidade de 0%. Isso permite afirmar que os coeficientes, conjuntamente, detêm o poder explicativo sobre a variável dependente ordenada. Em outras palavras, a hipótese H0: β = 0 foi rejeitada em favor da alternativa H1: β ≠ 0. 167 Tabela 4.2 Modelo Inicial para o Rating Soberano Ordenado – Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficiente Desvio Estatística z Probabilidades Padrão DIV/X -0.086752 0.339198 -0.255756 0.7981 DLSP/PIB -0.182982 0.146682 -1.247468 0.2122 IPC -1.866941 1.500740 -1.244014 0.2135 SP/PIB 4.200939 1.788179 2.349283 0.0188 PIB 0.189614 0.121582 1.559549 0.1189 TC/PIB -7.233426 2.359795 -3.065277 0.0022 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/CCC+ neg = 5,67 -11.25948 6.674561 -1.686924 0.0916 Limite p/B neg. = 7,67 -7.678096 5.679502 -1.351896 0.1764 Limite p/ B+ neg. = 8,67 -6.359141 5.558817 -1.143974 0.2526 Limite p/ BB - est. = 10,00 -5.751317 5.492882 -1.047049 0.2951 Limite p/ BB- pos. = 10,33 -1.883267 5.314112 -0.354390 0.7230 Limite p/ BB neg. = 10,67 -1.589811 5.339004 -0.297773 0.7659 Limite p/ BB est.= 11,00 -0.642866 5.365667 -0.119811 0.9046 Log verossimilhança LR estatística (6 gl) Nº Observações -27.20328 LR indexador (Pseudo-R2) 35.49953 Prob. (LR estatística) 29 Nº ratings ordenados 0.394851 3.45E-06 8 Fonte: Elaboração do autor. Nota: O modelo estimado também incluiu a variável DELSP/RI. Contudo, os resultados não são apresentados no corpo do trabalho, por que nos casos em que ele obteve convergência numérica, essa variável não foi significativa. A Tabela 4.3, a seguir, mostra os erros de previsão quando se considera a freqüência observada, conforme a Standard & Poor’s e a freqüência calculada pelo método ordered logit. Os erros de previsão mais freqüentes pertencem à categoria BBestável, BB negativo e BB estável, consecutivamente. Especificamente, em relação aos ratings BB- estável e BB estável, verifica-se que o previsto foi maior que o observado, ou seja, os fundamentos apontavam para ratings mais altos. O total de erros foi de 12 unidades, sendo os ratings pertencentes ao grau de default (CC e CCC+), aqueles que não apresentaram nenhum erro de previsão. 168 Tabela 4.3 Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial – Ratings Soberanos Ratings com Freqüência Freqüência Erro de observada calculada Previsão outlook CC negativo 1 1 0 CCC+ negativo 1 1 0 B negativo 1 0 1 B+ negativo 1 0 1 BB- estável 10 14 -4 BB- positivo 1 0 1 BB negativo 3 0 3 BB estável 11 13 -2 Fonte: Elaboração do autor. Assim, como nas análises para os ratings observados e previstos do Brasil, para a Argentina foram calculadas, ceteris paribus, as probabilidades de ocorrência dos ratings, em virtude de mudanças individuais nos fundamentos. Ou seja, os dados obtidos permitem saber qual é a probabilidade de ocorrência – em pontos percentuais de cada rating, quando os fundamentos macroeconômicos mudam o valor em uma unidade, no período de 1994 a 2002. Os efeitos marginais dos fundamentos macroeconômicos sobre cada um dos ratings recebidos pela Argentina podem ser vistos no Gráfico 4.8. Gráfico 4.8 Probabilidades de Ocorrência de Ratings Soberanos com mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos,1994-2002 1 -0.5 ve l o es tá tiv ga BB BB -p ne os iti áv BB B+ BB ne -e st ga vo el o tiv o tiv ga ne B ne + C C C C ne ga ga tiv tiv o o 0 C Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.5 -1 -1.5 Ratings com Outlooks DIV/X DLSP/PIB IPC SP/PIB PIB TC/PIB Fonte: Elaboração do autor. 169 Analisando somente as variáveis significativas estatisticamente, tem-se a primeira variável, SP/PIB. O SP/PIB quando variou em uma unidade repercutiu favoravelmente sobre os ratings BB negativo (34,72 pp) e BB estável (62,67 pp) e negativamente sobre o CCC+ negativo (-1,59 pp), B negativo (-4.37 pp), B+ negativo (4,77 pp), BB- estável ( -51,89 pp) e BB- positivo (-34,72 pp). Isso significa que para os ratings mais altos, um superávit primário exerceu influência significativamente maior frente àqueles situados em uma escala menor. As TC/PIB foram estatisticamente significativas e tiveram o sinal negativo em relação ao rating. Por isso, as probabilidades de ocorrência se mostraram controversas. Quando as TC/PIB aumentaram em uma unidade, os ratings mais baixos tiveram maiores possibilidades de ocorrência, mas quando o saldo das TC/PIB diminuiu, a probabilidade de ratings mais altos se reduziu. Os ratings mais expressivos foram: BBestável (89,34 pp), BB- positivo (59,79 pp), BB negativo (-59,79 pp) e BB estável (107,92 pp). Por fim, pode-se afirmar que os fundamentos IPC, SP/PIB e TC/PIB foram os que exerceram maior influência isolada sobre os ratings, ao longo do período analisado; embora o IPC tenha obtido baixa significância no modelo conjunto. O Gráfico 4.9 mostra os ratings observados pela Standard & Poor’s e os previstos pelo método ordered logit, do primeiro trimestre de 1994 ao quarto trimestre de 2002. Como se pode verificar, somente alguns pontos previstos não coincidiram com os observados. 170 Gráfico 4.9 Comparação dos Ratings Soberanos observados e os calculados pelo Ordered Logit, 1994-2002 12.00 11.00 Ratings em Números 10.00 9.00 8.00 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período PREVISTO ordered logit OBSERVADO Standard & Poor's Fonte: Elaboração do autor. Os primeiros desencontros ocorreram no último trimestre de 1994 e 1995. Enquanto que a Standard & Poor’s indicava os ratings BB- positivo e BB- estável, os fundamentos previam os ratings BB estável para os quartos trimestres de 1994 e de 1995. Após esse descompasso, um longo período de acertos pode ser observado: todo o ano de 1996 até o segundo trimestre de 1999. No terceiro trimestre de 1999, o rating observado pela Standard & Poor’s foi BB negativo, mas o rating previsto manteve-se por mais um trimestre na nota BB estável. Em outras palavras, a agência rebaixou o rating, apesar dos fundamentos indicarem a sua permanência. Muitos analistas apontam essa diferença como o efeito “contágio” vindo da crise brasileira de janeiro do mesmo ano. Nos trimestres seguintes – quarto de 1999 e primeiro de 2000 – o rating previsto indicou BB- estável, enquanto que a Standard & Poor’s rebaixou apenas o outlook, de estável para negativo. Um novo desencontro ocorreu no terceiro trimestre de 2000 e primeiro bimestre de 2001. No primeiro caso, o rating observado foi BB negativo e o previsto, BB- 171 estável. Isso ocorreu, por um lado, por que os fundamentos apontavam para uma queda brusca do rating, por outro, por que a agência preferiu suavizar o downgrade. No segundo caso – primeiro semestre de 2001 -, o rating observado iniciava sua trajetória de declínio, que culminaria com o default seletivo. O rating previsto contrariamente ao observado, manteve-se mais tempo em BB- estável. Ou seja, os fundamentos da economia argentina mostravam sinais mais lentos de queda, do que aqueles apontados pela Standard & Poor’s. Finalmente, os últimos trimestres de 2001 e todo o ano de 2002 registraram ratings observado e previsto coincidentes, o que evidencia a profunda deterioração dos fundamentos neste período. O processo de escolha de um modelo alternativo ao modelo com 6 variáveis ( DIV/PIB, DLSP/PIB, IPC, SP/PIB, PIB, TC/PIB), obedeceu a significância de cada variável e o número de erros de previsão de cada modelo. Desse processo resultou o modelo a seguir: Ratingt = r ( β1 SP/PIB + β2 PIB + β3 TC/PIB + εt)t onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) com as variáveis cardinais. Observando os resultados da Tabela 4.4, verifica-se que todos os fundamentos foram estatisticamente significantes. Somente o sinal das TC/PIB não é o esperado, como também foi visto no modelo original. Isso mostra que o aumento do fundamento leva a ratings mais baixos e não aos mais altos. A estatística LR (3 graus de liberdade) resultou no valor calculado de 32,56 com probabilidade de 0%. Neste caso, torna-se possível afirmar que o conjunto de fundamentos do modelo alternativo (SP/PIB, PIB, TC/PIB) explica o rating soberano argentino no período de 1994 a 2002. 172 Tabela 4.4 Modelo Alternativo para o Rating Soberano Ordenado - Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficiente Desvio Estatística z Probabilidades Padrão SP/PIB 4.101992 1.706055 2.404372 0.0162 PIB 0.299649 0.105061 2.852143 0.0043 TC/PIB -6.821733 1.671913 -4.080195 0.0000 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/CCC+ neg. = 5,67 -1.682084 1.947095 -0.863894 Limite p/B neg. = 7,67 1.055791 1.384759 0.762436 Limite p/B+ neg. = 8,67 2.200850 1.261953 1.744003 Limite p/BB- est. = 10,00 2.732775 1.211039 2.256554 Limite p/BB- pos. = 10,33 6.320417 1.665865 3.794075 Limite p/ BB neg. = 10,67 6.651154 1.711325 3.886552 Limite p/ BB est. = 11,00 7.632005 1.843400 4.140178 Log verossimilhança -28.67176 LR indexador (Pseudo-R2) LR estatística (3 gl) 32.56257 Probabilidade (LR estatística) Nº Observações 29 Nº ratings ordenados 0.3876 0.4458 0.0812 0.0240 0.0001 0.0001 0.0000 0.362184 3.98E-07 8 Fonte: Elaboração do autor. A Tabela 4.5 mostra os erros de previsão do modelo alternativo. O total de erros foi de 12, sendo a maior concentração nos ratings BB estável, BB negativo e BBestável, com 3 erros cada um. A significância das variáveis e o número reduzido de erros apontam o modelo alternativo como melhor que o original. Tabela 4.5 Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo – Ratings Soberanos Ratings com Freqüência Observada Outlook CC negativo 1 CCC+ negativo 1 B negativo 1 B+ negativo 1 BB- estável 10 BB- positivo 1 BB negativo 3 BB estável 11 Freqüência Calculada 1 1 0 0 13 0 0 14 Erros de Previsão 0 0 1 1 -3 1 3 -3 Fonte: Elaboração do autor. No Gráfico 4.10 pode-se observar os efeitos marginais dos fundamentos sobre os ratings soberanos argentinos. Os fundamentos SP/PIB e TC/PIB foram aqueles que 173 exerceram maior incidência marginal sobre os ratings BB estável, BB- estável, BB negativo e BB- positivo, consecutivamente. O PIB apesar de significante estatisticamente, não gerou expressivas probabilidades de ocorrência de ratings. Gráfico 4.10 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Soberanos com Mudanças nos Fundamentos Macroeconômicos da Argentina, 1994-2002 1.5 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 1 0.5 0 CC negativo CCC+ negativo B negativo B+ negativo BB- estável BB- positivo BB negativo BB estável -0.5 -1 -1.5 Ratings com Outlook SP/PIB PIB TC/PIB Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 4.11 confronta os ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s e os previstos pelo método ordered logit. Respeitando o período analisado, observa-se pouca diferença em relação ao Gráfico 4.9. Destaca-se dois momentos não coincidentes: o primeiro momento ocorreu no terceiro trimestre de 1995, quando o previsto apontou para uma queda do ratings, mas que não ocorreu no observado. Ou seja, preveu B negativo e não BB- estável. O segundo momento, no segundo trimestre de 2001, quando o previsto sinalizou para um rating mais alto que o observado. Aqui, os fundamentos selecionados indicavam o rating BB estável ao invés de B estável. 174 Gráfico 4.11 Comportamento do Rating Soberano Argentino Observado e Previsto, 1994-2002 12.00 11.00 10.00 Rating em Números 9.00 8.00 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III- IV- I- II- III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Standard & Poor's Fonte: Elaboração do autor. Sabendo-se que as mudanças de rating refletem em parte o comportamento passado dos fundamentos macroeconômicos, a diferença entre o previsto e o observado pode ser devido ao rating carregar informações adicionais não contidas nos fundamentos. Outra razão da diferença, pode ser a incorporação de expectativas na emissão de rating quanto às mudanças de tendência dos fundamentos e demais informações sobre os riscos soberanos. O objetivo a seguir será verificar se o rating soberano realmente possui conteúdo informacional a ponto de influenciar o spread. O spread dos títulos de dívida soberanos é sensível às variações de expectativas, comparativamente aos ratings soberanos, pois são avaliados diariamente pelos operadores de mercado de títulos de dívida. Desta forma, caso os ratings gerem mudanças no spread, deve-se ao seu conteúdo informacional ser superior ao disponível no mercado. 175 4.3 Análise do Spread Soberano e Rating Soberano Argentino Como salientado anteriormente nas análises para o spread Brasil, a importância de um estudo específico do spread, se deve ao expressivo conteúdo informacional contido no seu comportamento. Neste caso, pode-se dizer que o rating, os fundamentos macroeconômicos e o spread carregam informações que podem alterar o humor do mercado. A fim de observar a importância do rating soberano e dos fundamentos sobre o spread argentino foi utilizada da metodologia de Cantor e Packer (1996, p. 43), com adição das variáveis DLSP/PIB, DELSP/RI e Juros do Tesouro Americano de curto prazo. Aqui, o intuito é, também, verificar o quanto o rating adiciona informações ao spread Argentino, além daquelas provenientes dos fundamentos. Os resultados podem ser observados no Quadro 4.1, a seguir. 176 Quadro 4.1 - Importância dos Ratings Soberanos e Fundamentos Macroeconômicos Variável Dependente: Log (Spread Argentino) Variáveis (equação 1) (equação 2) (equação 3) (equação 4) Explicativas Constante 8.644265* 6.950855* 7.071413* 6.837532* (131.2936) (12.61535) (13.00411) (16.65276) -0.211685* -0.072567 -0.106472* Rating (-16.72937) (-1.395643) (-4.668111) DIV/X 0.091980* 0.088601* 0.089873* (2.677387) (2.695884) (2.989249) PIB -0.019744* -0.013646 -0.011036* (-4.247772) (-1.832870) (-2.261693) SP/PIB -0.110037 -0.025907 0.006900 (-1.260722) (-0.304445) (0.090617) DLSP/PIB -0.020527* -0.018782* -0.018587* (-3.137983) (-2.939152) (-2.998808) TC/PIB 0.990788* 0.816518* 0.747773* (4.620382) (3.899236) (3.358772) IPC -0.009637 -0.011313 -0.013467* (-1.324115) (-1.353206) (-2.130382) JUROS EUA -16.39440* -7.337335 (-3.369425) (-0.804794) DELSP/RI 0.000225 0.000224 0.000410 (0.584206) (0.564798) (1.254818) R2 ajustado 0.9097 0.9470 0.9481 0.9493 Desvio Padrão 0.2610 0.1999 0.1979 0.1956 Estatística F 282.9956 63.5536 57.8258 66.530 Prob.(F estatístico) 0.000 0.000 0.000 0.000 Nº observações 29 29 29 29 (equação 5) 7.175645* (23.50963) -0.112825* (-6.389059) 0.089181* (3.330807) -0.011611* (-2.084357) -0.017799* (-2.984571) 0.783728* (4.056394) -0.011185 (-1.758100) 0.95317 0.1879 95.9838 0.000 29 Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). Nota: Correção pelo Desvio Padrão Newey-West HAC * Significante ao nível de 5%. Na equação 1 foi estimado o spread Argentino (em ln) contra o rating soberano. Os resultados mostram que quando o rating aumenta, o spread Argentino se reduz. O coeficiente angular é significativo, o mesmo ocorrendo com a estatística F de 282,99 com probabilidade de 0% e o R2 ajustado de 91,29%. Esses números possibilitam afirmar que o rating soberano exerce forte poder sobre o spread Argentino. A equação 2 refere-se a estimação do spread Argentino em função dos fundamentos mais os JUROS EUA. Como observado, os sinais da DLSP/PIB, TC/PIB, JUROS EUA e SP/PIB contrariam o esperado. Ou seja, esperava-se que um aumento da TC/PIB e SP/PIB provocasse uma redução do spread Argentino e para a DLSP/PIB e JUROS EUA, que os incrementos fizessem com que o spread subisse. As variáveis 177 significativas da equação 2 foram: DIV/PIB, PIB, DLSP/PIB, TC/PIB e JUROS EUA. O modelo apresentou a estatística F de 63,55 com probabilidade de 0% e R2 ajustado de 94,70%. O poder explicativo dessa equação é próximo ao da equação 1. Isso significa que o rating soberano, assim como as variáveis significativas detêm a mesma força explicativa sobre o spread Argentino. Também, que a substituição do rating pelos fundamentos e JUROS EUA não repercutiu em perda informacional. A equação 3 contemplou todos os fundamentos macroeconômicos mais os JUROS EUA e o rating soberano, para explicar o comportamento do spread Argentino. Os sinais dos coeficientes corresponderam parcialmente ao esperado, as exceções foram: DLSP/PIB, TC/PIB, IPC e JUROS EUA. A estatística F registrou 57,83 com probabilidade de 0% e o R2 ajustado de 94,81%, com as seguintes variáveis significativas a DIV/X, DLSP/PIB e TC/PIB. Como no Brasil, as variáveis selecionadas podem também estar apresentando multicolinearidade. Afora o PIB e JUROS EUA, que deixaram de ser significativas, as demais variáveis continuaram a manter a mesma tendência da equação 2. Com relação ao rating, pode-se verificar sua reduzida representatividade, pois se acredita que as demais variáveis estejam adicionando informações mais relevantes que as contidas nele. Neste caso, o rating pode ser excluído da equação 3. A equação 4, por sua vez, incluiu os fundamentos macroeconômicos e o rating. A exclusão da variável JUROS EUA se deve a baixa significância na equação 3. O resultado apontou o rating e o IPC como as variáveis que contêm informações importantes, mas que estavam encobertas pelos JUROS EUA. Nesta equação, as variáveis significativas foram: rating, DIV/X, PIB, DLSP/PIB, TC/PIB e IPC. A estatística F registrou 66,53 com probabilidade de 0% e o R2 ajustado de 94,93%. Por último, a equação 5 considerou as variáveis significativas da equação 4. Observa-se que a única variável que não manteve a sua significância foi o IPC. Acredita-se que a representatividade do IPC esteja ligada a uma das variáveis excluídas desta equação – SP/PIB ou DELSP/RI ou JUROS EUA. O R2 ajustado situou-se em 95,32% e a estatística F em 95,98 com probabilidade de 0%. A partir dos resultados apresentados no Quadro 4.1, são salientados os seguintes pontos: 178 • A significância do rating ocorreu na equação 1, 4 e 5. No primeiro caso, por que representa a única variável explicativa; nos demais casos, devido a combinação com os demais fundamentos macroeconômicos, com exceção dos JUROS EUA. Por isso, é possível que essa variável tenha enfraquecido o rating nessas equações. • As variáveis DIV/X, DLSP/PIB e TC/PIB foram significativas em todas as equações, onde fizeram parte. Isso revela a grande importância que possuem na explicação das oscilações do spread soberano argentino durante o período considerado. • O SP/PIB e a DELSP/RI não foram significativas nas equações 2, 3 e 4. • Os JUROS EUA, PIB e IPC alternaram entre significativos e não significativos, em função da combinação de variáveis explicativas. Logo, é possível que algumas variáveis tenham apresentado multicolinearidade, impedindo observar o verdadeiro peso na explicação do spread soberano. Numa análise comparativa entre Argentina e Brasil, pode-se perceber que o fundamento NFSP/PIB do Brasil foi significativo em todas as equações, enquanto que para a Argentina os fundamentos foram: DIV/X, DLSP/PIB e TC/PIB. No Brasil, a DIV/X não foi significativa em nenhum dos momentos, e para a Argentina, dois fundamentos podem ser descartados das equações: SP/PIB e DELSP/RI. Sabendo-se das particularidades de cada país e de posse dos resultados, pode-se inferir que o equilíbrio do setor público é importante no processo de classificação, muito embora alguns fundamentos relacionados a ele, não tenham sido relevantes em ambos os países. Por fim, verificou-se que as mudanças de rating podem agir sobre o spread, quando possui informações além das contidas no mercado. Em função dessas possibilidades, na próxima seção buscar-se-á identificar os ratings soberanos que influenciaram na relação do spread Argentino com o EMBI+ levando a uma quebra estrutural. Ou seja, após contrastar o efeito dos ratings e dos fundamentos sobre o logspread, a análise será complementada com a aplicação do estudo de eventos na relação entre o spread e o EMBI+, tomando os ratings como eventos. A aplicação do estudo de eventos tem como objetivo saber se as mudanças de rating influenciam o retorno esperado dos títulos de dívida soberanos, alterando esta relação. Em outras palavras, o estudo de eventos enriquece a análise anterior, pois não impõe um efeito linear dos ratings sobre o spread. 179 4.4 Estudo de Eventos para o Spread Soberano Argentino Os ratings soberanos de longo prazo emitidos pela Standard & Poor’s foram escolhidos para analisar o comportamento do spread frente ao EMBI+. Como os dados dos spreads possuírem periodicidade diária somente a partir de 1998, as análises abrangem de 1998 a 2002. No Quadro 4.2 estão os ratings soberanos para a análise de eventos. Quadro 4.2 Ratings Soberanos Argentinos,1999-2002 Ordem Período Moeda Doméstica Longo Prazo Outlook Credit Watch downgrade BBBNegativo upgrade BBBEstável downgrade BBBNegativo downgrade BB Estável downgrade BB Negativo downgrade B+ Negativo downgrade B Negativo confirmado B Negativo downgrade BNegativo downgrade CCC+ Negativo downgrade CC Negativo downgrade DS NS confirmado DS NS 1 22-07-99 2 10-02-00 3 31-10-00 4 14-11-00 5 19-03-01 6 26-03-01 7 08-05-01 8 06-06-01 9 12-07-01 10 09-10-01 11 30-10-01 12 06-11-01 13 12-02-02 Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003). Nota: DS = Default Seletivo; NS = Não Significativo. Moeda Estrangeira Longo Prazo Outlook Credit Watch downgrade BB Negativo upgrade BB Estável downgrade BB Negativo downgrade BBEstável downgrade BBNegativo downgrade B+ Negativo downgrade B Negativo confirmado B Negativo downgrade BNegativo downgrade CCC+ Negativo downgrade CC Negativo DS downgrade NS confirmado DS NS 4.4.1 Beta Recursivo e as Mudanças no Rating Soberano Argentino O Gráfico 4.12 mostra as mudanças do beta recursivo que podem ser endereçadas as emissões de rating soberano da Argentina. Das 13 emissões pode-se ver que 8 proporcionaram a mudança do beta. A primeira mudança ocorreu com o downgrade para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo em 22 de julho de 1999 – evento 1. Acredita-se que esse downgrade e a mudança do beta estejam ligados aos reflexos tardios da crise do Brasil. A segunda mudança do beta recursivo refere-se aos eventos 3 e 4, relacionados aos downgrades para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo de 31 de outubro e 14 de novembro de 2000, 180 respectivamente. Esses downgrades podem ter sido, além de outros fatores, uma resposta à sucessão de escândalos do governo de la Rúa e aos fracassos da política econômica até aquela data. A terceira mudança do beta ocorreu nos eventos 5 e 6 ligada aos downgrades para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo de 19 e 26 de março de 2001, respectivamente. Neste caso, os downgrades devem-se a saída do ministro da educação – Hugo Juri – e da economia - Lopez Murphy- . Este último pela falta de respaldo político e popular ao seu plano econômico de austeridade fiscal. O evento 9 - downgrade para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo de 12 de julho de 2001 - foi devido a suspeita de moratória para os pagamentos da dívida externa. Por fim, os eventos 11 e 12 - downgrades para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo, de 30 de outubro e 6 de novembro de 2001 – refletiram a perda das alianças partidárias pelo governo de la Rúa, em virtude da derrota nas eleições na Câmara Baixa, de 14 de outubro de 2001. Também, a decisão unilateral de redução dos juros da dívida externa em 1º de novembro de 2001. Os demais ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s não repercutiram em mudanças no beta recursivo, embora, pode-se observar significativas alterações do beta em vários momentos, dentro do período analisado. 181 Gráfico 4.12 Identificação dos Ratings Soberanos no Beta Recursivo do Spread Argentino 1.6 (1) (2) (3) (4) (5) (10) (6) (8) (7) (9) (11) (12) (13) 1.4 1.2 1.0 0.8 200 400 600 Estimativa do Beta Recursivo 800 1000 1200 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Downgrade para os títulos em MELP e para MDLP [22/7/99]; (2) Upgrade para os títulos em MELP e para MDLP [10/2/00]; (3) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [31/10/00]; (4) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [14/11/00]; (5) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [19/3/01]; (6) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [26/3/01]; (7) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [8/5/01]; (8) Confirmação para os títulos em MDLP e MELP [6/6/01]; (9) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [12/7/01]; (10) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [9/10/01]; (11) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [30/10/01]; (12) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [6/11/01]; (13) Confirmação para os títulos em MELP e MDLP [12/2/02]. 4.4.2 Teste de Estabilidade de Chow nos Ratings Soberanos Argentinos O teste de estabilidade de Chow tem como propósito confrontar e finalizar as análises com relação às mudanças do beta recursivo. O teste de estabilidade de Chow apresenta estatisticamente as quebras estruturais causadas pelos eventos selecionados – ratings soberanos argentinos -. Quando os ratings soberanos geram quebra estrutural, significa que a relação spread/EMBI+ teve uma mudança, devido ao evento ter adicionado informações novas ao mercado. 182 O Quadro 4.3 mostra os resultados relativos a aplicação do teste de Chow para o spread soberano para o período de janeiro de 1998 a dezembro de 2002, contemplando as mudanças de ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’s. Com a aplicação do teste de Chow, pode-se verificar que 8 eventos geraram quebra estrutural na relação do spread soberano argentino e o EMBI+ (10/2/00; 19/3/01; 26/3/01; 6/6/01; 12/7/01; 30/10/01; 6/11/01; 12/2/02). As quebras estruturais foram aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%, com exceção dos ratings de 6 de junho de 2001 (evento 8), 12 de julho de 2001 (evento 9) e 30 de outubro de 2001 (evento 11), que foram aceitos aos níveis de 5% e 10%. Retomando a análise gráfica realizada anteriormente - Gráfico 4.12 – percebe-se que os eventos 5, 6, 9, 11 e 12 tinham mudado o beta recursivo. Assim, o teste confirmou os resultados obtidos naquele momento. Já as demais emissões de rating não geraram quebra estrutural. Quadro 4.3 - Teste de Estabilidade de Chow para Spread Soberano Argentino Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – 1999-2002 Eventos Ordem Spread Soberano da Argentina Estatística Probabilidad e de H0 F 1 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [22/07/99] 0.218640 0.803685 2 Upgrade para os títulos em MELP e MDLP [10/02/00] 15.23917 0.000000 3 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [31/10/00] 0.556330 0.574240 4 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [14/11/00] 0.170048 0.843889 5 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [19/03/01] 39.29776 0.000000 6 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [26/03/01] 4.911204 0.014034 7 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [08/05/01] 0.314222 0.731912 8 Confirmação para os títulos em MDLP e MELP [06/6/01] 2.780073 0.073752 9 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [12/7/01] 2.780827 0.067842 10 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [9/10/01] 1.639252 0.201386 11 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [30/10/01] 3.023237 0.078857 12 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [6/11/01] 6.171054 0.003423 13 Confirmação para os títulos em MELP e MDLP [12/2/02] 8.126984 0.000368 Fonte: Elaboração do autor. Nota: A Standard & Poor’s divide os ratings em moeda estrangeira e doméstica e de longo e curto prazo. Aqui são analisadas somente no longo prazo. MDLP = moeda doméstica de longo prazo; MELP = moeda estrangeira de longo prazo. Uma análise complementar visando identificar a influência de fatos relevantes sobre a relação spread Argentino e EMBI/EMBI+ e procurando verificar se os ratings e fatos relevantes interferem na movimentação dessas variáveis encontra-se no anexo 4.3. 183 4.5 Considerações Finais As dúvidas quanto ao processo de classificação desenvolvido pelas agências Standard & Poor’s para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de longo prazo permanecem no caso argentino. Para melhor entender o processo de classificação dos ratings soberanos e, também, quanto ao conteúdo informacional destes ratings, o capítulo foi dividido em 3 seções. Na primeira seção se fez o confronto dos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo com os fundamentos macroeconômicos. Na seção seguinte, o confronto dos ratings com os seus fundamentos usando o método ordered logit. Na terceira seção, o efeito dos ratings sobre o comportamento do spread, considerado mais sensível às variações de expectativas e a novas informações do que o rating. Observou-se os ratings soberanos como eventos causadores de mudança na relação spread Argentino e EMBI+, ou seja, geradores de mudança do beta e quebra estrutural. Na seção 1 deste capítulo foram comparados os ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo com os fundamentos macroeconômicos, empregando dados da Argentina do primeiro trimestre de 1994 ao quarto trimestre de 2002. Os fundamentos macroeconômicos foram: PIB, IPC, SP/PIB, DLSP/PIB, DIV/X, DELSP/RI e TC/PIB. De uma análise individualizada dos fundamentos macroeconômicos percebeu-se que o comportamento de alguns indicadores não foi sistemático e explicativo dos upgrades, downgrades e mudanças de outlooks. Após a crise do país em 2001, pode-se ver que as emissões de ratings pertencentes ao grau de default foram mais fiéis as performances dos indicadores selecionados. Observou-se que os fundamentos que melhor explicaram as mudanças de rating foram: PIB, DIV/X, DLSP/PIB e DELSP/RI. Os demais fundamentos, em muitos momentos, não confirmaram os ratings soberanos emitidos: IPC, SP/PIB e TC/PIB. Na seção 2 buscou-se verificar a importância dos fundamentos macroeconômicos na determinação dos ratings soberanos do Brasil. Também, 184 procurou-se saber qual a influência desses fundamentos, dos ratings e dos juros do tesouro americano de curto prazo sobre o comportamento do spread soberano argentino. A estimação da equação referente à importância dos fundamentos sobre os ratings soberanos foi realizada com a aplicação do método ordered logit. Esse método foi escolhido por produzir menos erros de previsão que os demais métodos e para seguir a mesma metodologia usada no Brasil. Os resultados obtidos mostraram que dos fundamentos macroeconômicos escolhidos, somente o SP/PIB e TC/PIB foram significativos em relação ao rating soberano argentino, enquanto que o IPC, PIB, DIV/X, DLSP/PIB e DELSP/RI não foram significativos estatisticamente. Observando o Gráfico 4.9, pode-se verificar os períodos onde os erros de previsão foram mais freqüentes: último trimestre de 1994 e de 1995, terceiro trimestre de 1999, quarto trimestre de 1999 e primeiro trimestre de 2000, terceiro trimestre de 2000 e primeiro bimestre de 2001. Contudo, observando todo o período – 1994 a 2002 – pode-se afirmar que os ratings soberanos acertaram mais que erraram, considerando os fundamentos analisados. Um modelo alternativo foi proposto, dado o número de erros e a significância das variáveis explicativas. Neste caso, percebese olhando a Tabela 4.4 e Gráfico 4.10, que os erros mantiveram-se em 12 unidades, com alguma realocação entre os ratings BB- estável e BB estável. Apesar da constância dos erros, o modelo original é melhor que o alternativo, no que se refere a previsão dos ratings observados pelos fundamentos macroeconômicos. Isso possibilita concluir que os fundamentos explicam as mudanças de rating soberano e que o método ordered logit aplicado na variável dependente respondeu positivamente ao propósito. Assim, como observado no caso brasileiro, para a Argentina vê-se que os fundamentos macroeconômicos informam, em boa medida, às agências de rating e ao mercado, sobre a performance do país e sua capacidade de pagamento. A segunda preocupação deste capítulo se relaciona à importância dos fundamentos macroeconômicos, dos ratings soberanos e dos juros do tesouro americano de curto prazo sobre o comportamento do spread Argentino. Para cumprir com esse objetivo, aplicou-se o método de Mínimos Quadrados Ordinários – MQO - e se corrigiu a autocorrelação e heterocedasticidade pelo Desvio Padrão Newey-West Heterocedasticity Autocorrelation Consistent – HAC -. Analisando as equações de 1 a 5 do Quadro 4.1, onde se procedeu à inclusão e à retirada de variáveis, obteve-se alguns 185 resultados importantes. A equação 1 evidenciou que os ratings soberanos atuam de forma inversa ao comportamento do spread Argentino, como era esperado, apesar do R2 ajustado de 90,97%. Na equação 2, foram adicionados aos fundamentos macroeconômicos, os juros do tesouro americano e retirou-se o rating soberano. Com isso, o R2 ajustado aumentou para 94,7%, apesar da baixa significância das variáveis SP/PIB, IPC e DELSP/RI. Oportunamente, atentou-se para o sinal positivo do coeficiente da variável TC/PIB e o sinal negativo do coeficiente dos JUROS EUA, da mesma forma que foi visto no Brasil. Comparando-se as equações 2 e 3, pode-se perceber que a inclusão do rating soberano fez com que, o nível de significância das variáveis PIB e JUROS EUA deixasse de ser relevante. Apesar da não significância do próprio rating, acredita-se que ele carregue as informações contidas no PIB e JUROS EUA, neste caso específico. O R2 ajustado aumentou para 94,81%, comparativamente ao das equações 1 e 2. As equações 3 e 4 diferem em função da retirada dos JUROS EUA da última equação. Com isso, três variáveis passaram a ser significativas: rating, PIB e IPC. As demais permaneceram com o mesmo grau de importância visto na equação 3. Acreditase que os JUROS EUA tenham informações inclusas nas três variáveis apontadas acima. O R2 ajustado teve novo aumento para 94,93%. Na equação 5 foram retiradas as variáveis de baixa significância na equação 4: SP/PIB, JUROS EUA e DELSP/RI. Todas as variáveis, com exceção do IPC, foram significativas estatisticamente. Essa equação apresentou o maior R2 (95,32%) e estatística F (95,98). Nas análises do spread Brasil e EMBI+ usando o estudo de eventos e o teste de estabilidade de Chow, verificou-se através do Gráfico 4.12, que as emissões de rating soberano datadas de 22/7/99, 31/10/00, 14/11/00, 19/3/01, 26/3/01, 12/7/01, 30/10/01, 6/11/01 foram as que alteraram o beta recursivo. Por outro lado, percebe-se que as emissões causadoras de mudanças no beta não geraram outliers, mas sim a presença de fatos de ordem econômica e política de extrema relevância, como visto no anexo 4.2. Por último, aplicando o teste de estabilidade de Chow e considerando as emissões de rating soberanos pela Standard & Poor’s como eventos, foram encontras quebras estruturais em 8 emissões: 10/2/00, 19/3/01, 26/3/01, 6/6/01, 12/7/01, 30/10/01, 6/11/01 e 12/2/02. Salienta-se que as quebras não são, na sua maioria, coincidentes com as 186 mudanças do beta recursivo. Entretanto, muitos acontecimentos de maior ou menor vulto ocorrem diariamente e desestabilizam o spread Argentino. Para cobrir esta lacuna se fez uma análise detalhada do spread Argentino e EMBI/EMBI+, quando de movimentos mais bruscos (anexo 4.3). Sabe-se que o spread Argentino e EMBI/EMBI+ representam as expectativas do mercado frente às alterações de rating soberano, de outlooks e outros eventos relevantes. Pode-se ver que a crise argentina de 2001, geradora de grande estresse interno e externo levou ao descolamento do spread Argentino do EMBI/EMBI+. Contrariamente ao Brasil, no caso argentino, os downgrades do rating soberano iniciaram em outubro de 2000, enquanto que o spread iniciou a sua escalada somente em maio de 2001. Neste caso, o spread agiu tardiamente à queda dos ratings. Isso nos permite dizer que o comportamento do spread esteve mais colado aos acontecimentos políticos que a performance dos fundamentos macroeconômicos. Logo, no caso argentino, o rating soberano pouco influenciou o spread Argentino, pois após o rating ter alcançado o grau de default – Default Seletivo – o spread aumentou indefinidamente até julho de 2002, com breves recuos. A partir de análises individualizadas dos fundamentos macroeconômicos, do spread Argentina e EMBI/EMBI+, concluí-se que as mudanças de rating soberano são causadas por fatos econômicos e políticos. Ou seja, os fundamentos têm explicado somente parte dos downgrades, upgrades e mudanças de outlooks. Também, que a inclusão de variáveis que mostram a performance do setor público, evidencia a importância que têm sido dada ao equilíbrio das contas desse setor. Por último, percebeu-se que o spread Argentino recebeu reflexos de fatos políticos nacionais e internacionais, mas, principalmente, da crise da Argentina de 2001 e os seus desdobramentos ao longo de 2002. Como não existe classificação de risco soberano inferior a Default Seletivo, não se pode afirmar que o spread concentrou mais informações que o rating soberano. 187 PARTE III Capítulo V: Ratings e Indicadores Corporativos da Petrobras: O Rompimento do Teto Soberano em 2001 Capítulo VI: Ratings e Indicadores Corporativos da Repsol-YPF: O Rompimento do Teto Soberano em 2001 188 5 Análise dos Ratings e Indicadores Corporativos da Petrobras: O Rompimento do Teto Soberano em 2001 No capítulo anterior foi visto a relação existente entre os ratings soberanos e os fundamentos macroeconômicos do Brasil e Argentina. Desde Cantor e Packer (1996), a literatura tem enfatizado que é possível construir modelos estatísticos com fundamentos macroeconômicos que conseguem explicar de forma eficiente as emissões de ratings soberanos. Isto também foi visto nas análises do Brasil e Argentina. Nestes casos, verificou-se que um pequeno grupo de variáveis foi suficiente para justificar a variabilidade dos ratings soberanos. No caso de ratings corporativos, o capítulo 2 mostrou algumas conclusões da literatura, que também empregam tais modelos. Chamase a atenção para dois resultados: a) os indicadores financeiros cobertura de juros, alavancagem e tamanho são importantes na determinação do rating corporativo; b) os indicadores financeiros não são importantes para o rating corporativo, quando o rating soberano é incorporado na análise de regressão. Nesta seção prossegue o estudo do conteúdo informacional dos ratings, focando os ratings corporativos da Petrobras. No ranking da Petroleum Intelligence Weekly (2003) – PIW - de 2002, a Petrobras é a 15ª empresa de petróleo em reservas e produção e a 10ª em medidas financeiras e de tamanho. A empresa em 2002 estava atuando na exploração e produção de 11 países: Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Guiné Equatorial, Nigéria, Peru, Trinidad & Tobago e Venezuela (Petrobras: Relatório Anual, 2002). Sua atuação é integrada e engloba os segmentos relacionados à indústria de petróleo, gás e energia: exploração e produção; refino, comercialização, transporte e petroquímica; distribuição de derivados; gás natural e energia. Para a agência de classificação Moody’s (2003), a Petrobras em 2002 pertencia 189 ao grau especulativo, considerando o rating Ba2 para os títulos emitidos em moeda estrangeira e ao grau de investimento para os em moeda doméstica, dado o rating Baa1. Buscar-se-á, também, entender o rompimento do teto soberano pela Petrobras em 2001. Como visto na capítulo 1, as agências de classificação, tradicionalmente, deixam claro que existe um teto soberano para os ratings corporativos de empresas domiciliadas no país. Devido a presença de risco sistêmico, uma mudança do rating soberano pressiona o corporativo para uma mudança na mesma direção. Por outro lado, algumas empresas podem ficar imunes a essas pressões, dada a sua notoriedade interna e externa (STANDARD & POOR’S, 2001a; MOODY’S, 2001a). A Petrobras é uma das poucas empresas do setor que rompeu o teto soberano do seu respectivo país. Igualmente ao capítulo 3 para os soberanos, aqui identificar-se-á o conteúdo informacional dos ratings corporativos de diferentes formas. Primeiro, associando as mudanças de ratings corporativos da Petrobras aos indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e de competitividade. Procurar-se-á verificar qual indicador explica o rating, numa análise descritiva individualizada. Segundo, usando o modelo econométrico ordered logit, explicar-se-á os ratings usando um grupo de indicadores financeiros. Caso os indicadores selecionados conseguirem prever grande parte dos ratings da Petrobras, entende-se que os mesmos não trazem nenhuma informação nova, além das fornecidas pelos balanços patrimoniais e demonstrações financeiras. Terceiro, verificar-se-á se as emissões de rating do Brasil e da empresa alteram os preços das ações da Petrobras inesperadamente, ou seja, geram retornos anormais. Mudanças de rating soberano podem gerar retornos anormais, pois a Petrobras é uma empresa diferenciada em relação a média do mercado, pelo seu tamanho e sua posição num setor estratégico. A literatura aponta que os ratings têm pouco efeito sobre os retornos das ações em países com mercado de capitais desenvolvidos, uma vez que o mercado é provido de um maior número de informações em tempo real e possui maior capacidade de processamento dessas informações, do que as agências de classificação. A mesma literatura, citada no capítulo 2, também sugere que nesses mercados, os ratings geram retornos inesperados apenas nos casos de downgrades. Por isso, tornar-se-á importante averiguar se as variações nos ratings soberanos e corporativos têm efeito sobre os retornos das ações da Petrobras – onde o mercado de capitais é pequeno – e nos EUA – onde é bastante desenvolvido. 190 5.1 Análise Gráfica dos Ratings e Indicadores Corporativos da Petrobras A análise gráfica visa mostrar o comportamento dos indicadores financeiros, de produção, competitividade, risco tributário, perfil administrativo e dos ratings corporativos comparativamente, para verificar quais deles explicam as variações ocorridas na classificação ao longo do período. Os Gráficos de 5.1 a 5.30 estão relacionados a cada indicador conforme o Quadro 2.8 do capítulo 2. A divisão dos indicadores dar-se-á em grupo de gráficos, como segue: a) cobertura financeira: gráficos 5.1 ao 5.8; b) estrutura de capital: gráficos 5.9 e 5.10; c) avaliação de negócios: gráficos 5.11 ao 5.14; d) proteção ao fluxo de caixa e ativos: gráficos 5.15 ao 5.19; e) sucesso operacional e eficiência em custos: gráficos 5.20 ao 5.23; f) perfil administrativo: gráficos 5.24 ao 5.26; g) risco tributário: gráfico 5.27; h) competitividade: gráficos 5.28 ao 5.30. a) Indicadores de Cobertura Financeira Gráfico 5.1 E vo luç ã o d o F lux o d e C a ix a R e tid o s o b re a D ívid a T o ta l e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 16 40 35 14 30 12 10 FCR/DT 20 8 15 10 6 Ratings em Números 25 5 4 31 -0 394 30 -0 994 31 -0 395 30 -0 995 31 -0 396 30 -0 996 31 -0 397 30 -0 997 31 -0 398 30 -0 998 31 -0 399 30 -0 999 31 -0 300 30 -0 900 31 -0 301 30 -0 901 31 -0 302 30 -0 902 0 -5 -10 2 0 P erío d o F C R /D T R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica M édia M óv el - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCR/DT = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização + provisão IR – Dividendos Pagos)/Exigível Total 191 Gráfico 5.2 60 16 50 14 40 12 30 10 20 8 10 6 Ratings em Números FCO/DCP Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida de Curto Prazo e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 0 4 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12-10 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 2 -20 0 Período FCO/DCP Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCO/DCP = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização)/Passivo Circulante Gráfico 5.3 Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 35 16 30 14 25 FCO/DT 10 15 8 10 6 5 4 0 -5 Ratings em Números 12 20 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 2 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -10 0 Período FCO/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCO/DT = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização)/ Exigível Total. 192 Gráfico 5.4 Evolução do EBIT cobertura de juros e dos R atings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 16 16 14 14 12 12 EB 10 IT co be 8 rtu ra de 6 jur os Ra 10 tin gs e 8 m Nú m er 6 os 4 4 2 2 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12-2 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 0 Período EBIT cobertura de juros Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: EBIT cobertura de juros = Lucro Operacional Próprio/Despesas Financeiras. As despesas com juros são 80% das despesas financeiras. Então, no caso da impossibilidade de ter a conta juros em separado, é recomendado usar as despesas financeiras ( Brigham [et al.], 2001). Gráfico 5.5 E vo lução d o F luxo d e C aixa L ivre so b re a D ívid a T o tal e d o s R ating s C o rp o rativo s d a P etro b ras, 1994-2002 25 16 14 20 FCL/DT 10 10 8 5 6 Ratings em Números 12 15 0 -5 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -10 4 2 0 P erío d o F C L/D T R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica M édia M óv el - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCL/DT = (FCO – Gastos com Capital – dividendos pagos)/Exigível Total. Os gastos com capital referem-se a compra de ativos fixos. 193 Gráfico 5.6 E v oluç ão do E BIT D A c ob ertura d e jur os e do s R atin gs C orpor ativ o s d a P e tro bra s, 19 94 -2 00 2 16 25 14 20 12 EB IT D A 15 co be rtu ra de 10 ju r os 10 8 6 Ra tin gs e m Nú m er os 4 5 2 0 0 31-03-94 30-09-94 31-03-95 30-09-95 31-03-96 30-09-96 31-03-97 30-09-97 31-03-98 30-09-98 31-03-99 30-09-99 31-03-00 30-09-00 31-03-01 30-09-01 31-03-02 30-09-02 P erío d o E B IT D A c obertura de juros R ating Moed a E s trangeira R ating Moed a D om és tic a M édia Mó vel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: (EBITDA cobertura de juros = Lucro Operacional Próprio + Depreciação e Amortização + Despesas Financeiras)/ Despesas Financeiras. Gráfico 5.7 E v o lu ç ã o d a D ív id a T o ta l s o b re o E B IT D A d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 10 16 9 14 8 12 10 DT/EBITDA 6 5 8 4 6 Ratings em Números 7 3 4 2 2 1 02 9- 3- 02 -0 30 01 9-0 -0 31 01 30 -0 3- 00 31 -0 9- 00 30 3-0 9- 99 31 3- 99 -0 30 98 -0 9- 31 3- 98 -0 30 9- 97 -0 31 -0 3- 97 30 -0 -0 9- 96 31 96 30 -0 3- 95 31 9- 3- 9- 3- 95 -0 30 -0 31 -0 30 -0 31 94 0 94 0 P e río d o D T /E B IT D A R a tin g M o e d a E stra n g e ira R a tin g M o e d a D o m é stic a M é d ia M ó v e l - 4 p e río d o s Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DT/EBITDA = Exigível Total/(Lucro Operacional Próprio + Depreciação e Amortização + Despesas Financeiras). 194 Gráfico 5.8 Evolução do EBITDA menos Gastos com Capital cobertura de juros e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 14 16 12 14 EB 10 ITD AGC 8 12 Rat ing 10 s em Nú me 8 ros co ber 6 tur a de 4 jur os 2 6 0 -2 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 4 2 -4 -6 0 Período EBITDA-GC cobertura de juros Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: EBITDA – GC cobertura de juros = (EBITDA – Gastos com Capital)/ Despesas Financeiras. Os gastos com capital referem-se a compra de ativos fixos. b) Estrutura de Capital Gráfico 5.9 0.8 16 0.7 14 0.6 12 0.5 10 0.4 8 0.3 6 0.2 4 0.1 2 0 Ratings em Números DT/CAP E vo luç ã o d a D ívid a T o ta l s o b re a C a p ita liza ç ã o T o ta l e d o s R a ting s C o rp o ra tivo s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 P erío d o D T /C A P R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DT/CAP = Exigível Total/(Exigível Total + Patrimônio Líquido). 195 Gráfico 5.10 0.8 16 0.7 14 0.6 12 0.5 10 0.4 8 0.3 6 0.2 4 0.1 2 0 Ratings em Números DCP/DT Evolução da Dívida de Curto Prazo sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período DCP/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DCP/DT = Passivo Circulante/Exigível Total. c) Avaliação de Negócios Gráfico 5.11 80 16 70 14 60 12 50 10 40 8 30 6 20 4 10 2 0 Ratings em Números MB Evolução da Margem Bruta e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período MB Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: MB = (Receita Líquida Operacional – Custo de Produtos Vendidos)/Receita Líquida Operacional. 196 Gráfico 5.12 Evolução da Margem Operacional e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 45 16 40 14 35 12 10 MO 25 20 8 15 6 Ratings em Números 30 10 4 5 2 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12-5 0 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período MOl Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: MO = Lucro Operacional Próprio/Receita Operacional Própria. Gráfico 5.13 Evolução dos Gastos com Capital sobre a Depreciação e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 250 16 14 200 12 Rat ing s 10 em Nú me 8 ros 150 GC /D 100 6 4 50 2 0 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período GC/D Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: GC/D = Compra de Ativos Fixos/Depreciação e Amortização. 197 Gráfico 5.14 Evolução da Receita Líquida Operacional e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 16 60000000 14 50000000 40000000 RLO 10 8 30000000 6 20000000 Ratings em Números 12 4 10000000 2 31-12-02 30-09-02 30-06-02 31-03-02 31-12-01 30-09-01 30-06-01 31-03-01 31-12-00 30-09-00 30-06-00 31-03-00 31-12-99 30-09-99 30-06-99 31-03-99 31-12-98 30-09-98 30-06-98 31-03-98 31-12-97 30-09-97 30-06-97 31-03-97 31-12-96 30-09-96 30-06-96 31-03-96 31-12-95 30-09-95 30-06-95 31-03-95 31-12-94 30-09-94 30-06-94 0 31-03-94 0 Período RLO Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Dom éstica Média Móv el - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada em Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: RLO = Receita Líquida Operacional. d) Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativos Gráfico 5.15 E v o lu ç ã o d a s R e s e rv a s P ro v a d a s s o b r e a P r o d u ç ã o e d o s R a t in g s C o r p o r a tiv o s d a P e t ro b r a s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 14 2 5 .0 12 2 0 .0 1 5 .0 RP/P 8 6 1 0 .0 Ratings em Números 10 4 5 .0 2 0 .0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o R P /P R a tin g M o e d a E s tra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: RP/P = RP de Petróleo, LGN e GN (Bilhões BOE)/Produção de Petróleo, LGN, cond. e GN (Bilhões BOE). 198 Gráfico 5.16 E v o lu ç ã o d a s R e s e rv a s P ro v a d a s e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 14 12 12 10 10 RP 8 6 6 4 Ratings em Números 8 4 2 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o R e se rv a s p ro v a d a s Ó le o , L G N e G N B b o e R a tin g M o e d a E stra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: RP = Reservas Provadas de Petróleo, LGN e GN (Bilhões BOE). Gráfico 5.17 Evolução do Indexador de Vida das R eservas e dos R atings Corporativos da Petrobras, 1994 1994 a 2002 16.00 14 14.00 12 12.00 10.00 IVR 8 8.00 6 6.00 Ratings emNúmeros 10 4 4.00 2 2.00 0.00 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período IVR Rating Moeda Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: IVR = Taxa de Crescimento da Produção de Petróleo e GN. 199 Gráfico 5.18 E v o lu ç ã o d a s R e s e rv a s P ro v a d a s s o b re a D ívid a T o ta l e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 4 .5 14 4 12 3 .5 RP/DT 2 .5 8 2 6 1 .5 Ratings em Números 10 3 4 1 2 0 .5 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o R P /D T R a tin g M o e d a E stra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: RP/P = Reservas Provadas de Petróleo e GN (US$)/Dívida Total (US$). Gráfico 5.19 Ev oluç ão do Flu xo de C a ix a Op era cio na l s obre a Prod uç ão e dos R a tin gs C orporativ o s d a Petro bra s, 19 94-20 02 1 14 0.9 12 10 0.7 F C O/P 0.6 8 0.5 6 0.4 0.3 R atin g s emN ú m ero s 0.8 4 0.2 2 0.1 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Perío d o F C O /P R ating Moed a Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCO/P = FCO(US$)/Produção de Petróleo e GN (US$). 200 e) Sucesso Operacional e Eficiência em Custos Gráfico 5.20 14000 14 12000 12 10000 10 8 6000 6 4000 4 2000 2 IRR 8000 0 Ratings em Números Evolução do Indicador de Recolocação de Reservas e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1994-2002 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período IRR Rating Moeda Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: IRR = incremento da produção de petróleo e GN/novas descobertas no mesmo ano. Gráfico 5.21 E v o lu ç ã o d o In d ic a d o r d e S u c e s s o d a s P e rfu ra ç õ e s e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a P e tro b ra s , 1 9 9 7 -2 0 0 2 0 .5 14 0 .4 5 12 0 .4 ISP 0 .3 8 0 .2 5 6 0 .2 0 .1 5 Ratings em Números 10 0 .3 5 4 0 .1 2 0 .0 5 0 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o IS P R a tin g M o e d a E stra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: ISP = número de perfurações com sucesso/ número de perfurações totais. 201 Gráfico 5.22 E v o lu ç ão d o C u sto d e E xtr aç ão e d o s R atin g s C o rp o r ativ o s d a P e tro b r as, 19 97-2 0 02 14 8 7 12 10 5 8 4 6 3 R a tin g s e m N ú m e ro s L iftin g C o s t (U S $ /B O 6 4 2 2 1 0 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o C u s to d e E xtra ç ã o s e m G o ve rn o C u s to d e E xtra ç ã o c o m G o ve rn o R a tin g M o e d a E s tra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: Custo de produção ou Lifting Cost = custo de extração (US$/BOE). Gráfico 5.23 Evolução do Breakeven Fluxo de Caixa e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002 30 14 12 25 10 8 15 6 10 Ratings em Números BFC (US$/BOE) 20 4 5 2 0 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período BFC sem G ov erno BFC com Gov erno Rating Moeda Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: Breakeven do Fluxo de Caixa = Custo de Extração (US$/BOE) – Preço da Commodity (US$/BOE). 202 f) Perfil Administrativo Gráfico 5.24 E v o lu ç ã o d o P e rfil d e P ro d u ç ã o e d o s R a tin g s C o rp o ra t iv o s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 14 3000 12 2500 10 PP 8 1500 6 1000 Ratings em Números 2000 4 500 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 P e río d o P ro d u ç ã o Ó le o , L G N e C o n d e n s. E G N M il b o e d R a tin g M o e d a E stra n g e ira M é d ia M ó v e l d e 2 p e río d o s Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: Perfil da Produção = projeção da produção para 3 e 5 anos. A projeção foi retirada do Relatório da Petrobras de 2002, onde os anos de 2005 e 2007 tiveram a produção de petróleo e LGN projetada em 1820 mil boe/dia e 2220 mil boe/dia, respectivamente. A projeção para o GN não foi indicada, logo, a produção de 2002 de 252 mil boe/dia foi mantida. Gráfico 5.25 E v o lu ç ã o d a T a x a d e C re s c im e n to d a P a rtic ip a ç ã o d o B ra s il n a P ro d u ç ã o d e P e tró le o e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a P e tro b ra s ,1 9 9 4 -2 0 0 2 20 14 12 15 10 8 5 6 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 -5 2002 Ratings em Números TCP do Brasil 10 4 2 -1 0 0 P e río d o T x C re sc .P a rtic .B r/M u n d o P e tr T x .C re sc .P a rtic .B r/A L C P e tr R a tin g M o e d a E stra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s (2003). 203 Gráfico 5.26 25 14 20 12 15 10 10 8 5 6 0 Ratings em Números TCP do Brasil E v o lu ç ã o d a T a x a d e C re s c im e n to d a P a rtic ip a ç ã o d o B ra s il n a P ro d u ç ã o d e G N e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a P e tro b ra s , 1 9 9 4 -2 0 0 2 4 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 -5 2 -1 0 0 P e río d o T x C re sc .P a rtic .B r/M u n d o G N T x C re sc .P a rtic .B r/A L C G N R a tin g M o e d a E stra n g e ira Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s (2003). g) Risco Regulatório Gráfico 5.27 Evolução da Taxa de Crescimento dos Royalties do Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1995-2002 14 300.00 12 250.00 TCR 8 150.00 6 100.00 Ratings em Números 10 200.00 4 50.00 2 0.00 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período Taxa de Cresc. Royalties do Petróleo e GN Rating Moeda Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em ANP (2004), Petrobras (2004) e Moody’s (2003). 204 h) Competitividade no Mercado Interno e Externo Gráfico 5.28 35 14 30 12 25 10 20 8 15 6 10 4 5 2 0 R a t in g s eNmú m e r o P C (U S $ /B O E v o lu ç ã o d o P r e ç o d a C o m m o d it y P e t r ó l e o e G N e d o s R a t in g s C o r p o r a t iv o s d a P e t r o b r a s , 19 94-20 02 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e r ío d o B re n t s p o t B O E G N BO E R a tin g M o e d a E s tr a n g e ir a Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s ( 2003). Nota: PC = preço do Petróleo e GN (US$/BOE). Gráfico 5.29 E v o lu ç ão d a D if eren ça d o C re sc im en t o d a Pr o d u çã o d a P etro b ra s s o b r e o C re sc im en t o d o M u n d o e B r as il e d o s R atin g s C o r p o r ativ o s d a P etro b r as , 1 99 4- 20 02 14 15 12 5 8 6 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 R a tin g s e m N ú m e ro s 10 p e rc e n tu a is ) D if.d a s T a x a s d eC re s c im e n to( p o n to s 10 4 -5 2 -1 0 0 P e río d o D if. C re s c . P ro d u ç ã o e C re s c .E c o nôm ic o M u n d o D if.C re s c .P ro d u ç ã o e C res c .E c o n ôm ic o B ra sil R a tin g M o e d a E s tra n g eira Fonte: Elaboração do autor baseada em FMI (2004), Ipeadata (2004), Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: DTCPM= TC Produção Petrobras - TC Mundo DTCPB=TC Produção Petrobras – TC Brasil 205 Gráfico 5.30 Evolução das Novas Descobertas de Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002 14 20 18 12 16 ND 12 8 10 6 8 6 Ratings em Números 10 14 4 4 2 2 0 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período Novas Descobertas de Petróleo e GN Rating Moeda Estrangeira Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2004) e Moody’s (2003). Nota: NDR = sondas perfuradoras que encontraram Petróleo e/ou GN. O detalhamento da performance de cada indicador e da relação com os ratings corporativos da Petrobras em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo encontramse no anexo 5.1. Os Quadros 5.1 e 5.2 trazem o resumo do comportamento dos indicadores de 1997 a 2002. 206 Quadro 5.1 Tendência Comportamental dos Indicadores Financeiros da Petrobras no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1997-2002 FCR/ FCO/DC CO/D BIT FCL/DT EBITDA DT/EBIT EBITDA DT/CAP DCP/DT MB MO GC/D RLO Período Credit Watch DT P T DA -GC 17-04-97 03-09-98 25-10-99 17-08-00 16-10-00 07-06-01 18-09-01 Início Down Confirm. Upgrade Upgrade Upgrade Upgrade Est + + + + + Est + + + + + Est + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + - + + + + + + + + + - + + + + + + Est Est - + + + + Est Est - + + + + Est + + + + + + + 13-08-02 Down - - - - - + + - + + - - + Est Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2003) e Economática (2003). Nota: Nd Não Disponível; Est = Estável; (+) = Tendência Crescente; (-) = Tendência Decrescente. Quadro 5.2 Tendência Comportamental dos Indicadores de Produção da Petrobras no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1997-2002 Período Credit Royaltie Preço Dif. Cresc. NDR RP/P RP IV RP/ FCO/ IRR ISP Lifting BFC PP TCP Br, TCP Br, s Petro Petro/ Produção, R DT P Sgov/ Mundo Mundo e Watch Cost e GN GN Mundo e CGov e ALC ALC GN Br Petro 1997 Início +/+ +/+ Nd Est + + + Nd Nd Nd Nd + +/+ +/+ 1998 Down + -/+/+ Nd + + Nd Nd Nd Nd + +/+ -/1999 Conf + +/+ -/+ + + + Nd Nd + +/+ -/+ 2000 Upgrade +/+ -/+ + + + + + +/+ + -/+/2001 Upgrade -/-/+ -/+ -/-/+ 2002 Down + Est/+/+ + + + + + + +/+ +/+ +/+ Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2003), ANP (2004) e BP (2004). Nota: Nd Não Disponível; Est = Estável; (+) = Tendência Crescente; (-) = Tendência Decrescente. 207 Os ratings em moeda estrangeira emitidos pela Moody’s para a Petrobras, no período de 1997 a 2002, obedeceram os indicadores financeiros (FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, MB, GC/D, RLO), de produção (RP/DT, FCO/P, Lifting Cost, BFC), risco tributário (TCR), perfil administrativo (PP) e competitividade (PC). As exceções podem ser endereçadas aos indicadores financeiros DCP/DT e MO e de produção RP/P, RP, IVR, IRR, ISP, TCP, DTC e ND. Os royalties do petróleo e GN, especificamente, possuíram forte aderência às emissões de rating. Ou seja, quando os royalties caíram, a Petrobras recebeu upgrade e vice-versa. No que se refere à competitividade, foi visto que os preços do petróleo e GN explicaram as emissões ocorridas em 1998, 2000 e 2002. Quanto as diferenças de taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa versus o crescimento econômico mundial e brasileiro, verificou-se que as maiores diferenças não levaram aos upgrades, pelo contrário, nos anos em que a diferença foi significativa, a empresa recebeu downgrades. Analisando especificamente o ano de 2001 ou 18-09-2001, onde ocorreu o rompimento do teto soberano, observa-se que os indicadores que permitiram esse desempenho foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, GC/D, RLO, royalties, NDR, lifting cost, BFC, PP, TCP em GN. A boa performance da maioria dos indicadores mostra o quanto a empresa teve bases sólidas para o rompimento, somado o seu know how largamente conhecido no mundo. Os desencontros entre os indicadores como um todo e os ratings corporativos, em alguns momentos, apontam para a existência de outros fatores no processo de classificação da Petrobras. A despeito disso, pode-se dizer que os indicadores selecionados explicaram parcialmente às mudanças de rating da empresa. Na seção seguinte serão apresentados os resultados da estimação do rating corporativo da Petrobras em função dos os indicadores financeiros, dada a transformação dos rating em números. 208 5.2 Análise dos Resultados do Modelo Estatístico Ordered Logit para os Ratings Corporativos da Petrobras Com o objetivo de identificar quais os indicadores financeiros que determinam os ratings corporativos da Petrobras emitidos pela agência de classificação Moody’s, estimou-se o modelo usando o método ordered logitlxix. Ou seja, a estimação tem a finalidade de dar continuidade a análise dos ratings corporativos e dos seus determinantes. O período de análise contemplou o primeiro trimestre de 1997lxx ao quarto trimestre de 2002. Os ratings corporativos foram ordenados obedecendo seis níveis de classificação: 7,67 = B2 downgrade; 8,33 = B2 upgrade; 9,00 = B1 confirmado; 9,33 = B1 upgrade; 10,67 = Ba2 downgrade; 12,33 = Ba1 upgrade. 5.2.1 Resultados dos Ratings Corporativos da Petrobras contra os Indicadores Financeiros O comportamento esperado para os indicadores financeiros da Petrobras encontram-se no Quadro 2.8 do capítulo 2. Esses indicadores foram previamente escolhidos, considerando a presença de forte correlação entre eles. A Tabela 2.1 do capítulo 2 apresenta a matriz de correlação dos indicadores financeiros. O procedimento de seleção considerou um coeficiente de correlação acima de 70%. Assim, um grupo de indicadores com alta correlação foi substituído por um de seus participantes. Por exemplo, o indicador FCO/DT é altamente correlacionado direta e indiretamente com o FCR/DT, FCO/DCP e FCL/DT. Logo, optou-se pelo FCO/DT. A Tabela 5.1 mostra os resultados provenientes do modelo onde o FCO/DT, EBITDA, MO, RLO e DCP/DT são as variáveis explicativas. Pode-se observar que das seis variáveis explicativas, três não tiveram o sinal esperado: MO, RLO e DCP/DT. Analisando, especificamente, a MO e a RLO, o sinal mostra que uma melhora desses indicadores representa um aumento da probabilidade de ocorrência de ratings mais baixos. Com relação a DCP/DT, a redução desse indicador deveria aumentar a probabilidade de ratings maiores, mas não é o que o sinal demonstra. Então, é preciso lembrar que no modelo ordered logit, o efeito das variáveis sobre os ratings não pode ser diretamente inferido a partir do sinal dos coeficientes, como tradicionalmente realizado pelo método de MQO. O gráfico das probabilidades de ocorrência dos 209 ratings corporativos explicita os efeitos marginais dos indicadores financeiros selecionados sobre cada um dos ratings recebidos pela Petrobras no período de 1997 a 2002. Observando as probabilidades dos coeficientes na Tabela 5.1, somente um não seria excluído do modelo, EBITDA. Os demais apresentam baixo poder explicativo e conforme o teste de significância dos coeficientes, tiveram as seguintes probabilidades: FCO/DT (17,87%), MO (18,26%), RLO (89,19%) e DCP/DT (27,20%). Ao se analisar o poder dos indicadores conjuntamente, vê-se que a estatística LR (5 graus de liberdade) teve um valor calculado de 19,85 e probabilidade de 1,32%. Isso permite afirmar que, somente, de forma conjunta, as variáveis tiveram poder explicativo sobre o rating corporativo ordenado ao longo do período. Ou seja, a hipótese H0: β = 0 foi rejeitada, em favor da hipótese alternativa H1: β ≠ 0. Tabela 5.1 Modelo Inicial para o Rating Corporativo Ordenado - Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficiente Desvio Estatística z Probabilidades padrão FCO/DT 0.112964 0.084011 1.344632 0.1787 EBITDA 0.388188 0.170966 2.270561 0.0232 MO -0.130996 0.098285 -1.332814 0.1826 RLO -8.57E-09 6.31E-08 -0.135957 0.8919 DCP/DT 14.29946 13.018 1.098438 0.2720 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/B2 up = 8,33 10.04814 8.62357 1.165194 0.2439 Limite p/B1 conf. = 9,00 10.23491 8.632923 1.185567 0.2358 Limite p/B1 up = 9,33 11.11858 8.678878 1.281108 0.2002 Limite p/Ba2 down = 10,67 11.7182 8.694344 1.347796 0.1777 Limite p/Ba1 up =12,33 12.23489 8.685875 1.408596 0.159 Log verossimilhança -27.27785 LR indexador (Pseudo-R2) 0.266849 LR estatística (5 gl) 19.85697 Prob. (LR estatística) 0.001329 Nº Observações 23 Nº ratings ordenados 6 Fonte: Elaboração do autor. Nota: a inclusão do rating soberano brasileiro na regressão não obteve convergência. Neste caso, não se pode contrapor o resultado ao do trabalho de Ferri e Liu (2002). A previsão dos erros em relação aos ratings corporativos da Petrobras pode ser vista na Tabela 5.2. De um total de 22 erros de previsão, verifica-se que os mais representativos localizam-se no rating central – B1 confirmado - e nos extremos - B2 downgrade e Ba1 upgrade -. Observando especificamente os ratings B2 downgrade e Ba1 upgrade, percebe-se que os indicadores financeiros selecionados levaram a uma maior freqüência calculada do que observada. Assim, pode-se afirmar que a empresa poderia ter recebido menores e maiores notas, 210 ou seja, mais B2 downgrade (13 de 8) e Ba1 upgrade (10 de 4), do que realmente recebeu neste período. Tabela 5.2 Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial – Ratings Corporativos Ratings com Freqüência Freqüência Erro de Observada Calculada Previsão Outlook B2 downgrade 8 13 -5 B2 upgrade 1 0 1 B1 confirmado 5 0 5 B1 upgrade 3 0 3 Ba2 downgrade 2 0 2 Ba1 upgrade 4 10 -6 Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 5.31 mostra o efeito de mudanças dos indicadores financeiros sobre as probabilidades de ocorrência dos ratings recebidos pela Petrobras, durante o período de 1997 a 2002. Ou seja, calculou-se, ceteris paribus, os efeitos marginais de mudanças nos indicadores sobre esses ratings. Neste caso, observa-se, em pontos percentuais (pp), qual a probabilidade de ocorrência de cada rating corporativo, quando os indicadores financeiros individualmente mudam o seu valor em uma unidade. Gráfico 5.31 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Corporativos Iniciais com mudanças nos Indicadores Financeiros da Petrobras, 1994-2002 0.08 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.06 0.04 0.02 0 B2 down B2 up B1 conf. B1 up Ba2 down Ba1 up -0.02 -0.04 -0.06 -0.08 -0.1 Ratings com Outlooks FCO/DT EBITDA MO RLO DCP/DT Fonte: Elaboração do autor. 211 Analisando o indicador financeiro EBITDA, única variável significativa do modelo, verifica-se que o aumento em uma unidade fez com que aumentasse a probabilidade de ocorrência dos ratings B1 upgrade (0,86pp), Ba2 downgrade (1,69pp) e Ba1 upgrade (7,16pp) e diminuísse dos ratings B2 downgrade (-7,44pp), Ba upgrade (-0,65pp) e B1 confirmado (1,62pp). Salienta-se, que os ratings B2 downgrade e Ba1 upgrade são os que receberam maior influencia de mudanças marginais do EBITDA, frente aos demais ratings. Confrontando os resultados da Tabela 5.2 com os do Gráfico 5.31, percebe-se que a incidência de maiores erros de previsão estão intimamente ligados aos efeitos marginais do indicador EBITDA. Em outras palavras, o EBITDA influencia, em maior medida, os ratings corporativos da Petrobras nos seus extremos e, para os ratings intermediários, não exerce influência significativa. Os demais indicadores não significativos estatisticamente, em especial, FCO/DT, MO, DCP/DT, também influenciaram mais fortemente os ratings dos extremos e o B1 confirmado, como pode ser visto no Gráfico 5.31. Especificamente com relação a DCP/DT, verifica-se que possui o segundo maior poder de influência sobre os ratings corporativos da Petrobras, porque ao mudar em uma unidade diminui a ocorrência do rating B2 downgrade (-2,74pp) e aumenta do Ba1 upgrade (2,64pp). Por fim, pode-se apontar os indicadores FCO/DT, EBITDA, MO e DCP/DT como aqueles de maior repercussão individual nos ratings corporativos durante o período analisado, embora alguns não tenham sido estatisticamente significantes, conforme visto na Tabela 5.1. O Gráfico 5.32 mostra a evolução do comportamento do rating corporativo emitido pela Moody’s e o previsto pelo método ordered logit. Observando o período de 1997 a 2002, com vigência trimestral, verifica-se que em muitos momentos a diferença foi nula. As maiores incidências de erros entre o observado e o previsto ocorreram do segundo trimestre de 1997 ao segundo de 1998 e do terceiro de 2000 ao segundo de 2001 e no final do período de análise - terceiro e quarto trimestres de 2002 -. No primeiro bloco de erros, percebe-se que a Moody’s agiu de forma conservadora com relação aos ratings da Petrobras. Enquanto os indicadores financeiros selecionados mostravam melhoras e possibilitavam um upgrade do rating em alguns trimestres, a agência manteve-o estável em B1 confirmado durante 5 trimestres consecutivos. Por outro lado, a partir do terceiro trimestre de 2000 ao terceiro de 2001, a Moody’s, gradativamente, emitiu ratings mais elevados, ao passo que os indicadores previam B2 downgrade. Salienta-se que o rompimento do teto 212 soberano pela Petrobras em setembro de 2001, foi previsto pelos indicadores antecipadamente e observado pela Moody’s (2003). Logo, acredita-se que a Petrobras tenha alcançado esse rating devido, em grande medida, a performance dos indicadores financeiros. No final do período de análise - terceiro e quarto trimestres de 2002 – o rating da Petrobras foi rebaixado, quando passou de Ba1 upgrade para Ba2 downgrade. Entretanto, conforme se verifica no Gráfico 5.32, os indicadores não mostravam sinais de deterioração para a emissão desse rating pela Moody’s. Neste caso, o downgrade pode ser endereçado do contágio vindo das incertezas políticas nacionais naquele momento e, em especial, àquelas pertinentes aos rumos que o novo governo federal iria dar ao país. Gráfico 5.32 Comportamento do Rating Corporativo da Petrobras observado e previsto, 1997-2002 13.00 Rating em Números 12.00 11.00 10.00 9.00 8.00 7.00 -0 2 02 ec D 02 p- Se 2 nJu -0 ar M -0 1 01 ec D 01 p- Se 1 nJu -0 ar M -0 0 00 ec p- Se D 0 00 -0 nJu ar M -9 9 99 ec D 99 p- Se 9 -9 nJu ar M -9 8 98 ec D 98 p- Se 8 nJu -9 ar M -9 7 97 p- ec D nJu Se 97 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Moody's Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com cinco variáveis: FCO/DT, EBITDA, MO, RLO e DCP/DT. O rating corporativo da Petrobras refere-se aos títulos em moeda estrangeira. Um modelo alternativo foi construído a fim de melhorar as previsões. O processo de escolha desse modelo alternativo ao inicial com 5 variáveis (FCO/DT, EBITDA, MO, RLO e DCP/DT), obedeceu a significância de cada variável e o número de erros de previsão de cada modelo. Desse processo, resultou o modelo a seguir: Ratingt = r ( β1 EBITDA + β2 DCP/DT + εt)t onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) as variáveis cardinais. 213 Considerando os resultados da Tabela 5.3, verifica-se que os indicadores financeiros EBITDA e DCP/DT são estatisticamente significantes. Contudo, o sinal esperado para a DCP/DT não é o esperado, como também foi visto no modelo original. Ou seja, um aumento da DCP/DT não leva a ratings mais baixos, mas aos mais altos. A estatística LR (2 graus de liberdade) resultou num valor calculado de 24,09 e probabilidade de 0%. Isso permite-nos afirmar que o conjunto de indicadores financeiros (EBITDA e DCP/DT) detém o poder de explicar o rating corporativo da Petrobras para o período de 1997-2002. Tabela 5.3 Modelo Alternativo para o Rating Corporativo Ordenado – Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficientes Desvio Estatística z Probabilidades padrão EBITDA 0.469518 0.131517 3.570028 0.0004 DCP/DT 28.43352 9.504738 2.99151 0.0028 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/B2 up = 8,33 20.66228 6.587222 3.136721 0.0017 Limite p/B1 conf. = 9,00 20.98991 6.625821 3.167896 0.0015 Limite p/B1 up = 9,33 23.02758 6.935695 3.320155 0.0009 Limite p/Ba2 down = 10,67 24.85216 7.367537 3.373198 0.0007 Limite p/Ba1 up =12,33 25.83502 7.473594 3.45684 0.0005 Log verossimilhança -25.16241 LR indexador (Pseudo-R2) 0.323706 LR estatística (2 gl) 24.08786 Prob.(LR estatística) 5.88E-06 Nº Observações 23 Nº ratings ordenados 6 Fonte: Elaboração do autor. A Tabela 5.4, por sua vez, mostra os erros de previsão desse modelo alternativo. O total de erros foi de 6lxxi, com as maiores incidências em B1 confirmado e Ba2 downgrade. Salientase, que o número de erros do modelo alternativo é inferior ao modelo inicial, o que lhe dá maior poder sobre as determinações de rating da Petrobras. Tabela 5.4 Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo – Ratings Corporativos Ratings com Freqüência Freqüência Erro de Observada Calculada Previsão Outlook B2 downgrade 8 8 0 B2 upgrade 1 0 1 B1 confirmado 5 7 -2 B1 upgrade 3 3 0 Ba2 downgrade 2 0 2 Ba1 upgrade 4 5 -1 Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 5.33, mostra os efeitos marginais do EBITDA e DCP/DT sobre os ratings corporativos. Percebe-se que as maiores influências marginais são exercidas pelo EBITDA 214 seguida da DCP/DT, sobre os ratings B2 downgrade e B1 upgrade. Os demais ratings tiveram probabilidades de ocorrência pouco significativas em pontos percentuais. Gráfico 5.33 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Corporativos Alternatrivo com mudanças nos Indicadores Fi i d Petrobras, 1994-2002 0.08 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.06 0.04 0.02 0 B2 down B2 up B1 conf. B1 up Ba2 down Ba1 up -0.02 -0.04 -0.06 -0.08 Ratings com Outlooks EBITDA DCP/DT Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 5.34 tem o objetivo de mostrar o comportamento do rating observado e previsto do modelo alternativo. Como pode-se verificar, o rating observado foi mais constante que o previsto ao longo do período. Ou seja, enquanto que no período de junho de 1997 a agosto de 1998, o rating observado manteve-se em B1 confirmado, o previsto alternou entre B1 confirmado e B2 downgrade. No período seguinte, de outubro de 1998 a outubro de 2000, vê-se o mesmo comportamento anterior para o observado e o previsto. O observado manteve-se em B2 downgrade e o previsto oscilou, novamente, entre B1 confirmado e B2 downgrade. Contudo, ao se comparar os dois períodos, pode-se apontar o segundo como mais positivo que o primeiro para a Petrobras, principalmente, por que evidencia a boa performance dos indicadores financeiros selecionados. 215 Gráfico 5.34 Comportamento do Rating Corporativo da Petrobras observado e previsto, 1997-2002 13.00 Rating em Números 12.00 11.00 10.00 9.00 8.00 7.00 Ju n97 Se p97 D ec -9 7 M ar -9 8 Ju n98 Se p98 D ec -9 8 M ar -9 9 Ju n99 Se p99 D ec -9 9 M ar -0 0 Ju n00 Se p00 D ec -0 0 M ar -0 1 Ju n01 Se p01 D ec -0 1 M ar -0 2 Ju n02 Se p02 D ec -0 2 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Moody's Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com duas variáveis: EBITDA e DCP/DT. O rating corporativo da Petrobras refere-se aos títulos em moeda estrangeira. A partir do terceiro trimestre de 2000, o rating observado e o previsto iniciaram uma trajetória semelhante até o início do segundo trimestre de 2001. Para o rating previsto, o rompimento do teto soberano teria sido antecipado em um trimestre, assim como visto nos resultados do modelo inicial. Contudo, a performance dos indicadores financeiros selecionados sofreria um revés no último trimestre de 2001. Em 2002, o rating previsto se manteria até o final do período analisado, enquanto que o observado receberia um downgrade no terceiro trimestre de 2002. Como já apontado anteriormente, acredita-se mais num contágio soberano do que na performance declinante dos indicadores financeiros selecionados. Observando os Gráficos 5.32 e 5.34, percebe-se que os indicadores financeiros explicam a grande maioria das variações dos ratings corporativos da Petrobras. Os erros de previsão quando ocorrem, podem estar relacionados ao conservadorismo da Moody’s ou a relevância de outros indicadores ou ao risco político no processo de classificação corporativa. O objetivo da próxima seção é verificar se os ratings soberanos e corporativos alteram o comportamento das ações da Petrobras frente ao mercado interno e externo. 216 5.3 Análise do Comportamento das Ações da Petrobras Holding As análises do beta recursivo e a aplicação do teste de estabilidade de Chow nas ações PETR3 ON, PETR4 PN, PBR e PBR/A em separado, com relação ao mercado, visam detectar a presença de retornos anormais resultantes da emissão dos ratings soberanos brasileiros e corporativos da Petrobras. Entretanto, não descartam a possibilidade de encontrar retornos fora do esperado em várias outras datas. Usando os resíduos recursivos pode-se verificar a presença de outliers e identificar os possíveis eventos causadores (vide anexo 5.2). 5.3.1 PETR3 ON A PETR3 ON, por ser uma ação ordinária, teoricamente não apresenta comportamento especulativo, dado que seus investidores visam o sucesso das estratégias de longo prazo da empresa. Assim, as mudanças nos ratings soberano e corporativo podem afetar momentaneamente a empresa, mas não o comportamento da PETR3 ON. 5.3.1.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano A escolha dos ratings soberanos se deve a importância crescente dos fundamentos macroeconômicos e risco político na tomada de decisão dos investidores, por que acredita-se que os ratings soberanos interferem na performance das empresas. Em virtude dessa influência, os ratings soberanos podem desencadear mudanças do beta recursivo da PETR3 ON. No Gráfico 5.35, verifica-se que das 12 emissões de rating soberano, somente 3 emissões levaram a mudanças no beta recursivo. A primeira ocorreu na atribuição inicial de rating para títulos em moeda estrangeira de longo prazo em 01/12/94. Essa mudança pode ser o resultado da própria emissão, mais a incidência do Plano Real e da crise do México sobre o rating. A próxima se deu no sexto evento, em virtude do downgrade no outlook, de estável para negativo em 10/09/98. A mudança do beta recursivo referente ao sexto evento, pode ser o resultado, também, dos reflexos atrasados da crise da Rússia e do LTCM ocorridos meses antes. A terceira mudança 217 do beta recursivo foi registrada no sétimo evento em 14/01/99, com o downgrade no rating de BB+ negativo para BB- negativo, devido ao novo regime cambial brasileiro. Muitos analistas de mercado afirmam que o downgrade do rating soberano ocorrido em setembro de 1998 já era a antecipação da crise brasileira de janeiro de 1999. A antecipação do downgrade refletiu a queda da qualidade dos fundamentos macroeconômicos e a forte pressão do mercado para uma mudança cambial. As demais reclassificações soberanas não repercutiram numa mudança do beta. Entretanto, é possível ver um beta com tendência declinante após o oitavo evento (09/11/99) e estável após o décimo primeiro evento (09/08/01), embora o último evento seja um downgrade para os títulos soberanos em moeda doméstica – MDLP – e estrangeira de longo prazo - MELP. Gráfico 5.35 Identificação de Mudanças no Rating Soberano no Beta Recursivo da PETR3 ON – jan./94 a dez./02 1.0 (1) (3) (2) (6) (5) (4) (7) (8) (9) (12) (10) (11) 0.8 0.6 0.4 0.2 500 1000 Estim ativa do Beta Recursivo 1500 2000 ± 2 Desvio Padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Início de rating para os títulos em MELP [01-12-94]; (2) Upgrade de rating para os títulos em MELP [18-07-95]; (3) Upgrade de rating para os títulos em MELP [20-12-95]; (4) Início de rating para os títulos em MDLP e confirmação para os títulos em MELP [19-06-96]; (5) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e para MELP [02-04-97]; (6) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [10-09-98]; (7) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [14-01-99]; (8) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [09-11-99]; (9) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [29-02-00]; (10) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [03-01-01]; (11) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [0908-01]; (12) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [02-07-02]. 218 5.3.1.2 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating da Petrobras A emissão de rating para os títulos de dívida da Petrobras possui grande importância na captação de recursos. Assim, essa análise objetiva verificar a possibilidade dos upgrades, downgrades ou mudanças de outlooks ocasionarem mudanças no beta recursivo da PETR3 ON. No Gráfico 5.36 observa-se que os títulos emitidos pela Petrobras nas mais variadas moedas teve 11 momentos de reclassificação do rating corporativo. Contudo, somente 2 levaram a mudança no comportamento da ação em relação ao mercado (eventos 2 e 4). O primeiro caso refere-se a emissão do segundo rating corporativo. Esse rating foi dirigido aos Japanbonds com data de 16/9/97. Entretanto, salienta-se que a mudança no beta recursivo pode ser endereçada, também, aos reflexos recebidos da crise da Ásia. A quarta classificação datou de 3/09/98 e referiu-se ao primeiro downgrade para os títulos de dívida da Petrobras, que passaram de B1 para B2. Também nesse período, o mercado financeiro internacional presenciou duas crises de âmbito global, a crise da Rússia e a recapitalização do Long Term Capital Management – LTCM -. Esses fatos conjuntamente fizeram com que o beta recursivo fosse alterado. Após a emissão do quinto rating corporativo em 25/10/99, verificou-se queda gradual do beta recursivo até julho de 2002, quando o rating Ba1 teve o upgrade confirmado para os títulos em moeda estrangeira. As demais emissões de rating corporativo pela Standard & Poor´s não geraram quebra estrutural na relação da PETR3 ON com o mercado. As análises dos resíduos recursivos e a identificação dos outliers e os possíveis eventos causadores encontram-se no anexo 5.2. 219 Gráfico 5.36 Identificação de Mudanças no Rating Corporativo no Beta Recursivo da PETR3 ON – jan./94 a dez./02 1.0 (3) (1) (5) (4) (6) (7) (9) (8) (2) (11) (10) (12) (13) (14) 0.8 0.6 0.4 0.2 200 400 600 800 1000 1200 1400 Estimativa do Beta Recursivo 1600 1800 2000 ± 2 Desvio Padrão Fonte: Elaboração pelo autor. Nota: (1) Início de rating para Global Bonds (USD) e Eurobonds (ATS) [17-04-97]; (2) Início de rating para Japanbonds (JPY) [16-09-97]; (3) Início de rating para Eurobonds (ITL) [14-01-98]; (4) Downgrade para os títulos [03-09-98}; (5) Início de rating para emissões de longo prazo (USD) [25-10-98]; (6) On watch com possibilidade de upgrade [17-08-00]; (7) Upgrade para os títulos [16-10-00]; (8) On watch com possibilidade de upgrade [07-0601]; (9) Upgrade para os títulos [18-09-01]; (10) Confirmação do rating para os títulos [23-07-02]; (11) Downgrade para os títulos [13-08-02]; (12) Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02]; (13) Confirmação do das Debêntures da Petrobras [22-10-02]; (14) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-12-02]. 5.3.2 PETR4 PN A PETR4 PN é uma ação preferencial e, em função dessa caraterística, pode atrair investidores dos mais variados perfis. O seu comportamento pode ser mais ou menos especulativo dependendo do humor do mercado. Logo, acredita-se que seja mais exposta as mudanças de rating soberano e corporativo que a PETR3 ON. 5.3.2.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano O Gráfico 5.37 mostra que dos 12 eventos ocorridos entre janeiro de 1994 a dezembro de 2002, somente 3 causaram mudança do beta recursivo (eventos 1, 6 e 7). 220 A primeira mudança se deu no evento 1, com o início do rating para os títulos em MELP; os dois eventos seguintes, nos eventos 6 e 7, com o downgrade para os títulos em MELP e MDLP. A mudança percebida no evento 1, quando da primeira emissão de rating para os títulos em MELP, pode estar ligada a própria emissão do rating e os reflexos indiretos do Plano Real e da crise do México. Salienta-se que a mudança do beta recursivo quando da emissão do primeiro rating, também se deu na PETR3 ON, como visto anteriormente. O downgrade registrado no evento 6 foi o reflexo indireto da crise da Rússia sobre o comportamento das ações PETR4 PN. O sétimo evento também foi um downgrade para a MELP e MDLP. Neste caso, devido a mudança cambial brasileira. Por fim, observa-se que os demais eventos não repercutiram numa mudança do beta recursivo da PETR4 PN. Gráfico 5.37 Identificação de Mudanças de Rating Soberano no Beta Recursivo da PETR4 PN -–jan./94 a dez./02 1.8 (1) (3) (2) (4) (5) (6) (9) (7) (8) (11) (10) (12) 1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 500 1000 E stim ativa do B eta R ecursivo 1500 2000 ± 2 D esvio P adrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Início de rating para os títulos em MELP [01-12-94]; (2) Upgrade de rating para os títulos em MELP [18-07-95]; (3) Upgrade de rating para os títulos em MELP [20-12-95]; (4) Início de rating para os títulos em MDLP e confirmação para os títulos em MELP [19-06-96]; (5) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e para MELP [02-04-97]; (6) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [10-09-98]; (7) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [14-01-99]; (8) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [09-11-99]; (9) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [29-02-00]; (10) Upgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [03-01-01]; (11) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [09-08-01]; (12) Downgrade de rating para os títulos em MDLP e MELP [02-07-02]. 221 5.3.2.2 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças do Rating da Petrobras O Gráfico 5.38 identifica 14 eventos diretamente ligados às mudanças de rating da Petrobras, para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002. Dos eventos selecionados, dois eventos causaram mudanças no beta recursivo (eventos 4 e 9). O evento 4 refere-se ao downgrade de 3/9/98. Pode-se indicar a crise da Rússia, além do próprio rating, como causadores da mudança do beta. O evento 9 de 18/9/01, indica um upgrade para os títulos em ME. Neste caso, o upgrade pode ter adquirido força extra sobre a PETR4 PN, uma vez que o país estava vivendo um dos mais importantes racionamento de energia até aquele momento. Observa-se, por fim, uma tendência declinante do beta recursivo a partir da mudança do regime cambial brasileiro, ou seja, após a quebra estrutural entre os eventos 4 e 5. As análises dos resíduos recursivos e a identificação dos outliers e possíveis eventos causadores encontramse no anexo 5.2. Gráfico 5.38 Identificação das Mudanças no Rating Corporativo no Beta Recursivo da PETR4 PN – jan./94 a dez./02 1.8 (1) (2) (3) (5) (4) (9) (7) (6) (8) (10) (11) (12) (13) (14) 1.6 1.4 1.2 1.0 0.8 200 400 600 800 1000 Estimativa do Beta Recursivo 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvio Padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Início de rating para Global Bonds (USD) e Eurobonds (ATS) [17-04-97]; (2) Início de rating para Japanbonds (JPY) [16-09-97]; (3) Início de rating para Eurobonds (ITL) [14-01-98]; (4) Downgrade para os títulos [03-09-98}; (5) Início de rating para emissões de longo prazo (USD) [25-10-98]; (6) On watch com possibilidade de upgrade [17-08-00]; (7) Upgrade para os títulos [16-10-00]; (8) On watch com possibilidade de upgrade [07-0601]; (9) Upgrade para os títulos [18-09-01]; (10) Confirmação do rating para os títulos [23-07-02]; (11) Downgrade para os títulos [13-08-02]; (12) Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02]; (13) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [22-10-02]; (14) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-12-02]. 222 5.3.3 PBR O lançamento de American Depositary Receipts – ADR - pela Petrobras repercutiu fortemente no mercado nacional, porque possibilitou à empresa buscar novos horizontes para suas ações ordinárias e preferenciais. O PBR é uma ADR ordinária e está relacionada a PETR3 ON. Nesse caso, espera-se que o comportamento dos seus detentores não seja especulativo e excessivamente afetado por mudanças de curto prazo. Portanto, que mudanças nos ratings soberanos e corporativos não causem variações no beta da ação. 5.3.3.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos e Corporativos No Gráfico 5.39 é possível identificar várias mudanças no beta recursivo da PBR, ao longo do período considerado. Os eventos que desencadearam quebras estruturais foram: 2, 3, 6, 7, 8 e 9. 223 Gráfico 5.39 Identificação de Mudanças de Rating Soberano e Corporativo no Beta Recursivo na PBR – ago./00 a dez./02 2 (1) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (2) 1 0 -1 -2 -3 -4 50 100 150 200 250 Estimativa do Beta Recursivo 300 350 400 450 500 550 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) On watch com possível upgrade para o rating em moeda estrangeira da Petrobras [17-08-00]; (2) Upgrade do rating em moeda estrangeira da Petrobras [16-10-00]; (3) Upgrade do rating soberano em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo [03-01-01]; (4) On watch com possível upgrade para o rating em moeda estrangeira da Petrobras [07-06-01]; (5) Downgrade do rating soberano [09-08-01]; (6) Upgrade do rating em moeda estrangeira da Petrobras [18-09-01]; (7) Downgrade do rating soberano em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo [0207-02]; (8) Confirmação do rating em moeda estrangeira da Petrobras [23-07-02]; (9) Downgrade do rating em moeda estrangeira da Petrobras [13-08-02]; (10) Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02]; (11) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [22-10-02]; (12) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-12-02]. Esses resultados identificam o rating corporativo como causador da maioria das mudanças no beta da PBR, 4 das 6 mudanças. Isso se deve a PBR ter forte relação com o mercado internacional, caracterizado com mais exigente, principalmente, no que se refere a recomendação da SEC para que os emitentes e emissões de títulos de dívida tenham rating. Salienta-se que dos 6 ratings causadores de mudanças no beta, 50% referiram-se a upgrades. Neste caso, não se pode afirmar que os downgrades possuem maior força sobre os retornos das ações, conforme Matolcsy e Lianto (1995). Adicionalmente, as análises dos resíduos recursivos e a identificação dos outliers e possíveis eventos causadores encontram-se no anexo 5.2. 224 5.3.4 PBR/A A PBR/A é uma ADR preferencial e, por isso, possui um comportamento mais instável que a PBR. Devido a sua natureza, é possível encontrar mais mudanças do beta recursivo e outliers na análise dos seus resíduos recursivos comparativamente a PBR. As análises dos resíduos recursivos e a identificação dos outliers e possíveis eventos causadores encontram-se no anexo 5.2. 5.3.4.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos e Corporativos O Gráfico 5.40 apresenta seis eventos, mas somente o 4 e 6 não desencadearam mudanças no beta recursivo, que se referem a atribuição inicial para as Debêntures (16/8/02) e a confirmação do rating para as Debêntures (13/12/02), respectivamente. Logo, pode-se afirmar que os ratings exercem forte influência sobre a PBR/A. Gráfico 5.40 Identificação de Mudanças de Rating Soberano e Corporativo no Beta Recursivo da PBR/A – out./01 a dez./02 2 (1) (2) (3) (4) (5) (6) 1 0 -1 -2 50 100 150 Estim ativa do Beta Recursivo 200 250 300 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Downgrade do rating soberano em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo [02-07-02]; (2) Confirmação do rating em moeda estrangeira da Petrobras [23-07-02]; (3) Downgrade do rating em moeda estrangeira da Petrobras [13-08-02];(4) Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02]; (5) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [22-10-02]; (6) Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-12-02]. 225 5.4 Teste de Estabilidade de Chow O objetivo do teste de estabilidade de Chow é verificar a presença ou não de quebra estrutural nos eventos previamente escolhidos para as ações PETR3 ON, PETR4 PN, PBR e PBR/A nas suas relações com os respectivos mercados: Ibovespa e Índice Dow Jones. Além disso, o teste complementa e confirma os resultados da análise gráfica baseada na estimação do coeficiente beta recursivo. Para tanto, a hipótese nula é de que os betas da ação são iguais no período anterior e posterior ao evento – rating soberano e/ou corporativo - e a hipótese alternativa é de que mudam, ou seja, que há quebra estrutural. Conforme visto no capítulo 2, os ratings soberanos referem-se aos emitidos pela Standard & Poor’s, enquanto que os corporativos pela Moody’s. Apesar de não ser alvo de atenção este trabalho comparar os ratings de ambas as agências de classificação, no anexo 5.3 encontram-se os resultados do teste de estabilidade de Chow, quando os ratings soberanos são os emitidos pela Moody’s. 5.4.1 PETR3 ON e PETR4 PN O Quadro 5.3 mostra os resultados referentes à aplicação do teste de estabilidade Chow nas ações PETR3 ON e PETR4 PN, para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002, considerando as mudanças de rating soberano e corporativo da Petrobras, respectivamente. Analisando a PETR3 ON, no Quadro 5.3, verifica-se, a partir da aplicação do teste, que dos doze eventos apenas o último – downgrade do rating soberano para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo - gerou quebra estrutural aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. Em outras palavras, as emissões de rating soberano não proporcionaram mudanças na relação da PETR3 ON e o mercado. Salienta-se, oportunamente, que a análise gráfica - Gráfico 5.35 – apontou somente os eventos 1, 6 e 7 como causadores de mudança no beta recursivo. A PETR4 PN, por sua vez, possui três mudanças no beta recursivo – Quadro 5.3. A atribuição inicial do rating para títulos de dívida em moeda estrangeira de longo prazo - evento 1; o downgrade relativo à mudança cambial – evento 7; o downgrade dos títulos de dívida em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo emitido em 2/7/02 – evento 12. Conforme a 226 análise gráfica – Gráfico 5.37 – os eventos 1 e 7 geraram mudança no beta recursivo e o evento 12 não teve identificação visual. Com esses resultados, verifica-se que a PETR4 PN é levemente mais sensível que a PETR3 ON, em função de um maior número de eventos causadores de mudanças no beta recursivo. 227 Quadro 5.3 Teste de Estabilidade de Chow para a PETR 3 ON e PETR4 PN Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – jan./94 a dez./02 Ordem Eventos PETR3 ON PETR4 PN Estatística F Probabilidade Estatística F Probabilidade de H0 de H0 1 Início para os títulos em MELP [1/12/94] 0.689325 0.502591 4.296781 0.014333 2 Upgrade para os títulos em MELP [18/7/95] 0.704913 0.495155 0.250096 0.778926 3 Upgrade para os títulos em MELP [20/12/95] 2.090054 0.126129 0.925532 0.397858 4 Início para os títulos em MDLP e confirmação para os 0.005836 0.994181 0.683964 0.505388 títulos em MELP [19/6/96] 5 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [2/4/97] 0.910182 0.403062 0.525299 0.591678 6 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [10/9/98] 0.911371 0.402734 1.242525 0.289670 7 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [14/1/99] 1.751090 0.175480 2.34227 0.097989 8 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [9/11/99] 0.872682 0.418996 1.428052 0.241567 9 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [29/2/00] 2.003654 0.136770 0.219730 0.802874 10 Upgrade para os títulos em MDLP e MELP [3/1/01] 0.132445 0.875994 0.266388 0.766296 11 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [9/8/01] 0.349808 0.705060 1.589059 0.205534 12 Downgrade para os títulos em MDLP e MELP [2/7/02] 8.811918 0.000186 7.556036 0.000616 Fonte: Elaboração do autor. Nota: MDLP = moeda doméstica de longo prazo; MELP = moeda estrangeira de longo prazo. Rating Soberano emitido pela Standard & Poor’s 228 Quadro 5.4 Teste de Estabilidade de Chow para a PETR 3 On e PETR4 PN Considerando as Mudanças nos Ratings da Petrobras – jan./1994 a dez./2002 Ordem Eventos PETR3 ON PETR4 PN Estatística F Probabilidade Estatística F Probabilidade PETR3 ON de H0 PETR4 PN de H0 1 Início para Global Bonds (USD); Eurobonds (ATS) [17/4/97] 2.016496 0.133734 2.884826 0.056391 2 Início para Japanbonds (JPY) [16/9/97] 0.417845 0.659098 0.858545 0.425497 3 Início para Eurobonds (ITL) [14/1/98] 0.278963 0.756818 2.006867 0.136706 4 Downgrade para todos os títulos [ 3/9/98] 2.896975 0.056263 0.883492 0.414082 5 Início do rating p/emissões de Longo Prazo (USD) [25/10/99] 1.680843 0.187318 6.293546 0.002005 6 On watch com possível upgrade [17/8/00] 0.743953 0.476333 0.493725 0.610973 7 Upgrade para todos os títulos [16/10/00] 1.006172 0.367525 1.060116 0.348424 8 On watch com possível upgrade [ 7/6/01] 0.126521 0.881219 0.753362 0.471975 9 Upgrade para todos os títulos [18/9/01] 1.375569 0.254454 1.385321 0.252010 10 Confirmação para todos os títulos [23/7/02] 4.072048 0.018368 3.523530 0.031202 11 Downgrade para todos os títulos [ 13/8/02] 1.661841 0.194650 0.939585 0.393990 12 Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02] 1.537238 0.226050 0.974399 0.385239 13 Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [22-100.268654 0.765103 0.169555 0.844346 02] 14 Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-121.634709 0.207172 1.026063 0.367224 02] Fonte: Elaboração do autor. Nota: Rating corporativo emitido pela Moody’s 229 O Quadro 5.4 mostra os resultados da ocorrência de rating corporativo na PETR3 ON e PETR4 PN, para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002 . Para a PETR3 ON, o teste de estabilidade de Chow apresenta dois eventos relevantes: o downgrade para todos os títulos da Petrobras em 3/9/98 – evento 4 - e a confirmação do upgrade para todos os títulos em 23/7/02 – evento 10. Os demais eventos não geraram quebra estrutural. Conforme análise do Gráfico 5.36, foi identificado os eventos 2 e 4 como causadores de mudança do beta recursivo. Com esses resultados, pode-se afirmar que dado o baixo número de eventos significativos estatisticamente, as emissões de rating corporativo não causaram impactos importantes na PETR3 ON e na sua relação com o mercado. Observando, ainda, os resultados do Quadro 5.4 para PETR4 PN, percebe-se que essa ação possui comportamento similar a PETR3 ON, quando se analisa a ocorrência de mudanças nos ratings corporativos. O teste de estabilidade de Chow aponta 3 dos 14 eventos como causadores de quebra estrutural: atribuição inicial para os Global Bonds e Eurobonds (17/4/97), atribuição inicial para as emissões de longo prazo (25/10/99) e a confirmação do upgrade para todos os títulos da Petrobras (23/7/02). As diferenças entre as ações ordinárias e preferenciais podem ser vistas na maior sensibilidade da PETR4 PN às mudanças de rating soberano e corporativo. Contudo, ambas as ações reagiram muito pouco às mudanças de rating. 5.4.2 PBR e PBR/A No Quadro 5.5 estão os resultados do teste de estabilidade de Chow para as ADRs PBR e PBR/A, respectivamente, considerando as emissões de ratings soberanos e corporativos. Conforme os resultados do teste de estabilidade de Chow, apresentados no Quadro 5.5 para a PBR, percebe-se que dos eventos selecionados somente um gerou quebra estrutural. O evento se refere ao upgrade para os títulos da Petrobras em 16/10/00. Reportando-se à análise do Gráfico 5.39, onde foram identificados 6 eventos (2, 3, 6, 7, 8 e 9) como possíveis causadores de mudanças no beta, somente o evento 2 é coincidente. Analisando os resultados da aplicação do teste de estabilidade de Chow para a PBR/A, verifica-se que nenhum dos eventos gerou quebra estrutural. Por outro lado, a análise do Gráfico 5.40 mostrou que os eventos 1, 2, 3 e 5 levaram a mudanças no beta recursivo. Isso permite 230 afirmar que a mudança de rating é mais causadora de mudanças no beta recursivo, do que de quebras estruturais. Portanto, a PBR e PBR/A são pouco sensíveis as emissões de rating. 231 Quadro 5.5 - Teste de Estabilidade de Chow para a PBR (ago./00 a dez./02) e PBR A (out./01 a dez./02) Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos e Corporativos Ordem PBR PBR/A Eventos PBR PBR Estatística F Probabilidade de Estatística F Probabilidade de A H0 H0 1 On watch do rating da Petrobras [[17/8/00] 0.210087 0.811380 2 Upgrade do rating da Petrobras [16/10/00] 3.967449 0.022322 3 Upgrade do rating soberano [3/1/01] 0.928643 0.397262 4 On watch do rating da Petrobras [ 7/6/01] 2.003268 0.138585 5 Downgrade do outlook do rating soberano [9/8/01] 0.726545 0.487648 6 Upgrade do rating da Petrobras [ 18/9/01] 0.611056 0.543713 1 7 Downgrade do rating soberano [2/7/02] 0.518738 0.596043 0.392232 0.454256 2 8 Confirmação do rating da Petrobras [ 23/7/02] 0.060356 0.941572 0.018285 0.981895 3 9 Downgrade do rating da Petrobras [ 13/8/02] 0.366433 0.700139 0.216439 0.808226 4 10 Atribuição inicial para as Debêntures da Petrobras [16-08-02] 0.620972 0.542065 0.350397 0.706356 5 11 Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [22-10-02] 1.382503 0.257030 1.024114 0.364016 6 12 Confirmação do rating das Debêntures da Petrobras [13-12-02] 0.260968 0.771489 0.210649 0.810909 Fonte: Elaboração do autor. Nota: Rating Soberano emitido pela Standard & Poor’s e Rating Corporativo emitido pela Moody’s 232 5.5 Considerações Finais Este capítulo teve como objetivo verificar o conteúdo informacional do rating corporativo da Petrobras e os indicadores que levaram ao rompimento do teto soberano em 2001. A hipótese básica é de que os ratings corporativos refletem informações que não são disponíveis para o mercado. Para se rejeitar a hipótese buscou-se encontrar indicadores que explicam as mudanças de rating corporativo da empresa. A análise baseou-se, inicialmente, em gráficos individualizados. Complementando a análise descritiva construiu-se um modelo estatístico de determinação dos ratings a partir de um pequeno conjunto de indicadores financeiros. Acredita-se que no caso dos ratings corporativos trazerem informações que não estão nos indicadores, as variáveis do modelo proposto terão dificuldade em prevê-los. Por fim, para entender se o rating traz mais informações que as do mercado, foi investigado se as mudanças dos ratings soberanos e corporativos têm impacto sobre o comportamento das ações da Petrobras. No caso de uma emissão de rating soberano e corporativo gerar uma mudança inesperada no preço da ação, esta pode ser devido ao rating conter informações que não estão disponíveis para os investidores naquele momento. A partir da análise gráfica dos indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e competitividade pode-se apontar alguns aspectos importantes. Os ratings em moeda estrangeira emitidos pela Moody’s para a Petrobras, no período de 1997 a 2002, obedeceram aos indicadores financeiros (FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, MB, GC/D, RLO), de produção (RP/DT, FCO/P, Lifting Cost, BFC), risco tributário (TCR), perfil administrativo (PP) e competitividade (PC). Já os indicadores financeiros DCP/DT e MO e de produção RP/P, RP, IVR, IRR, ISP, TCP, DTC e ND parecem não ter relação com os ratings corporativos da Petrobras, como visto no anexo 5.1. Os royalties do petróleo e GN, especificamente, possuíram forte aderência às emissões de rating. Ou seja, quando os royalties caíram, a Petrobras recebeu upgrade e vice-versa. No que se refere à competitividade, foi visto que os preços do petróleo e GN explicaram as emissões ocorridas em 1998, 2000 e 2002. Quanto às diferenças de taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa versus o crescimento econômico 233 mundial e brasileiro, verificou-se que as maiores diferenças não levaram aos upgrades. Pelo contrário, nos anos em que a diferença foi significativa, a empresa recebeu downgrades. Analisando especificamente o ano de 2001 ou, mais precisamente, 18 de setembro de 2001, onde ocorreu o rompimento do teto soberano, observa-se que os indicadores que permitiram esse desempenho foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, GC/D, RLO, royalties, NDR, lifting cost, BFC, PP, TCP em GN. A boa performance da maioria dos indicadores neste ano mostra o quanto a empresa teve bases sólidas para o rompimento. Os desencontros entre alguns indicadores e o rating corporativo da empresa de 1994 a 2002 confirmam a existência de outros fatores no processo de classificação corporativa. Logo, pode-se dizer que os indicadores selecionados explicam parcialmente ou pontualmente às mudanças de rating da empresa neste período. Analisando os resultados do modelo ordered logit concluiu-se que, se por um lado, as poucas variáveis selecionadas (FCO/DT, EBITDA, MO, RLO, DCP/DT) não conseguiram explicar todos os ratings corporativos no período analisado; por outro lado, um modelo mais simples, com apenas duas variáveis (EBITDA, DCP/DT) conseguiu prever a maioria dos ratings. Esse resultado confirmou as conclusões obtidas graficamente, ou seja, os ratings corporativos da Petrobras refletem, em grande parte, as informações publicamente disponíveis. No que se refere aos indicadores que levaram ao rompimento do teto soberano em 2001, verificou-se que tanto o modelo inicial como o alternativo proporcionaram o rompimento do teto um trimestre antes do ocorrido. Isso evidencia que a empresa possuía bases para o rating obtido naquele momento, dado a performance positiva dos indicadores selecionados. Finalmente, para estudar o efeito dos ratings soberanos e corporativos sobre as ações da Petrobras, empregou-se um modelo de mercado, largamente usado na precificação de ações. O efeito das emissões de rating sobre as ações é associado as variações do beta do modelo de mercado. A análise é similar ao estudo de eventos, onde o evento é a mudança de rating. Os eventos foram divididos em dois blocos: (a) mudanças do rating da Petrobras; (b) mudanças do rating soberano. As ações consideradas foram as ações ordinárias [PETR3 ON; PBR] e preferenciais [PETR4 234 PN;PBR/A] da Petrobras holding nos seus respectivos mercados IBovespa/Bovespa e Dow Jones/NYSE. A análise do beta recursivo e do teste de Chow para esse coeficiente sugerem que as mudanças de rating soberano e corporativo induziram poucas variações inesperadas no comportamento das ações da Petrobras. Olhando somente o teste, verificou-se que apenas três downgrades geraram quebras estruturais (dois soberanos para as ações nacionais e um corporativo para as ADRs), aproximando-se parcialmente dos resultados da literatura. O rating que promoveu o rompimento do teto (18/09/01) não gerou quebra estrutural. Então acredita-se que não tenha trazido informações novas ao mercado. Por outro lado, há vários outros eventos que geraram retornos anormais. Grande parte destes pode estar associado a eventos políticos, como visto no anexo 5.2. Ou seja, embora as agências de classificação aleguem que os ratings trazem informações novas ao mercado, tais ratings soberanos e corporativos não tiveram efeitos inesperados de modo sistemático sobre a precificação das ações da Petrobras. Por fim, confrontando os resultados obtidos para a Petrobras com aqueles mostrados no capítulo 2 sobre as principais conclusões da literatura, pode-se afirmar que os indicadores cobertura de juros, alavancagem e lucratividade também foram importantes para compor o rating corporativo da Petrobras. Apesar de a literatura apresentada não incluir os indicadores de produção, competitividade, reservas entre outros, acredita-se que os indicadores financeiros respondem satisfatoriamente às indicações de rating corporativo, como pode ser visto no modelo inicial e alternativo, com a aplicação do método ordered logit. Por outro lado, os downgrades não foram tão importantes na relação da empresa com o mercado, como esperado e percebido pela literatura. Mesmo assim, acredita-se que a análise descritiva, o modelo estatístico e o estudo de eventos para a Petrobras respondem as perguntas quanto ao conteúdo informacional e ao rompimento do teto, uma vez que se encontrou sinais claros de que a determinação do rating corporativo cumpre um ritual desvendável. 235 6 Ratings e Indicadores Corporativos da Repsol-YPF: O Rompimento do Teto Soberano em 2001 No capítulo anterior, sobre os determinantes do rating corporativo da Petrobras e os indicadores que proporcionaram o rompimento do teto soberano, seguiu-se uma metodologia similar a utilizada para o Brasil e Argentina. Viu-se para a Petrobras, que um grupo de indicadores financeiros, de produção, competitividade e perfil administrativo permitiu à empresa o rompimento do teto em 2001. Quando analisados os indicadores financeiros como variáveis explicativas dos ratings corporativos de 1997 a 2002, observou-se que apenas duas variáveis podem cumprir esse papel (EBITDA e DCP/DT). Também, que os indicadores financeiros apontados no caso da Petrobras são similares aos apontados pela literatura (lucratividade, alavancagem, cobertura de juros). No caso dos ratings soberanos e corporativos apenas três downgrades (dois soberanos e um corporativo) geraram quebra nas ações da Petrobras, contrariando, parcialmente, a literatura. Nesta seção pretende-se dar seguimento ao estudo sobre o conteúdo informacional dos ratings, centrando-nos nos ratings corporativos da Repsol-YPF. A YPF Sociedad Anonima foi criada em 2 de junho de 1977 sob as leis da República Argentina, como sendo uma entidade governamental. Em 1º de janeiro de 1991, a YPF foi totalmente privatizada através da venda das ações ordinárias de classe A de posse do governo federal e B das províncias. A YPF é uma empresa integrada de petróleo e GN. Ao longo dos anos se transformou numa empresa de energia. No ano de 2002, mais precisamente em 31 de dezembro de 2002, a Repsol espanhola finalizou um processo de compra da YPF com 99,04% de participação acionária da empresa argentina, passando a ter o controle sobre ela. A estratégia da Repsol, na compra da YPF, foi adquirir notoriedade mundial (Relatório Anual: Repsol-YPF, 2001). No 236 ranking da PIW (2003) de 2002, a Repsol-YPF em 2001 deteve o 18º lugar no critério operacional e o 16º em medidas financeiras e de tamanho. Terminou 2002 atuando na exploração e produção de petróleo e GN nos Estados Unidos, Indonésia e na América do Sul, principalmente na Bolívia e Brasil. Neste mesmo ano, a Moody’s classificou as dívidas em moeda estrangeira como pertencentes ao grau especulativo (B1 confirmação) e ao grau de investimento para as em moeda doméstica (Baa3 confirmação) como visto no Quadro 2.11 do capítulo 2. Como a YPF ainda mantém junto a SEC (Form-20F) e Moody’s, informações próprias quanto ao desenvolvimento da atividade principal e os respectivos acompanhamentos financeiros exigidos pelo mercado, nos permite analisar a empresa de forma independente da Repsol. Assim como a Petrobras, para a Repsol-YPF, além do conteúdo informacional do rating corporativo, também investigar-se-á o rompimento do teto soberano em 2001. Conforme já salientado, a importância da empresa para a economia nacional e mundial lhe dá condições de ultrapassar o teto soberano (MOODY’S, 2001a; STANDARD & POOR’S, 2001a). As análises dos ratings corporativos da Repsol-YPF obedecerão três formas distintas de investigação, assim como realizado no caso da Petrobras. Num primeiro momento, procurar-se-á identificar individualmente quais indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e de competitividade explicaram as variações dos ratings corporativos. Já num segundo momento, procurar-se-á verificar, através de um modelo estatístico usando o método ordered logit quais dos indicadores financeiros selecionados explicaram as emissões de ratings corporativos da Repsol-YPF de 1994-2002. Por último, verificar-se-á se os ratings soberanos e corporativos geraram quebras estruturais no beta das ações da Repsol-YPF, do mercado interno – Argentina – e externo – EUA -. Neste caso, sabendo-se que a empresa, assim como a Petrobras, se diferenciam da média das empresas do mercado, pelo tamanho e relevância dentro do setor energético. 6.1 Análise Gráfica dos Ratings e Indicadores Corporativos da Repsol-YPF 237 As análises dos ratings corporativos e dos indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e de competitividade têm o propósito de identificar individualmente os indicadores que explicaram os ratings corporativos. Entretanto, as análises comparativas contemplam somente as mudanças ocorridas no rating em moeda estrangeira, dada a sua abrangência. Os Gráficos de 6.1 a 6.30 referem-se a cada indicador do Quadro 2.8 do capítulo 2. A divisão proposta segue a realizada para o caso da Petrobras, como segue: a) cobertura financeira: gráficos 6.1 a 6.8; estrutura de capital: gráficos 6.9 e 6.10; c) avaliação de negócios: gráficos 6.11 a 6.14; d) proteção ao fluxo de caixa e ativos: gráficos 6.15 a 6.19; e) sucesso operacional e eficiência em custos: gráficos 6.20 a 6.23; f) perfil administrativo: gráficos 6.24 a 6.26; g) risco tributário: gráfico 6.27; h) competitividade: gráficos 6.28 a 6.30. a) Indicadores de Cobertura Financeira Gráfico 6.1 Evolução do Fluxo de Caixa Retido sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 80 18 70 16 60 14 12 FCR/DT 40 30 10 20 8 10 6 Ratings em Números 50 02 9- 02 -0 3- 4 30 9- 01 -0 31 3- 01 -0 30 9- 00 -0 31 3- 00 -0 30 9- 99 -0 31 3- 99 -0 30 9- 98 -0 31 3- 98 -0 30 9- 97 -0 31 3- 97 -0 30 9- 96 -0 31 3- 96 -0 30 9- 95 -0 31 95 30 -0 3- 94 9-0 -0 31 31 -0 -10 30 3- 94 0 2 -20 -30 0 Período FCR/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCR/DT = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização + Provisão IR – Dividendos Pagos)/Exigível Total. 238 Gráfico 6.2 Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida de Curto Prazo e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 160 18 140 16 120 100 12 FCO/DCP 80 10 60 8 40 6 20 Ratings em Números 14 4 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31-20 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 2 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -40 0 Período FCO/DCP Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCO/DCP = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização)/Passivo Circulante. Gráfico 6.3 Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 70 18 60 16 50 40 12 FCO/DT 30 10 20 8 10 6 0 -10 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 4 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -20 2 -30 Ratings em Números 14 0 Período FCO/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCO/DT = (Lucro Líquido + Depreciação e Amortização)/Exigível Total. 239 Gráfico 6.4 Evolução do EBIT cobertura de juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002 12 18 16 10 8 12 10 6 8 6 4 Ratings em Números EBIT cobertura de juros 14 4 2 2 0 0 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3112- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1295 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período EBIT cobertura de juros Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: EBIT cobertura de juros = Lucro Operacional Próprio/Despesas Geradas por Passivos. A conta Despesas Geradas por Passivos é similar a Despesas Financeiras. Gráfico 6.5 40 18 30 16 20 14 10 12 0 10 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12-10 94 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 8 -20 6 -30 4 -40 2 -50 Ratings em Números FCL/DT Evolução do Fluxo de Caixa Livre sobre a Dívida Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 0 Período FCL/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: FCL/DT = (FCO – Gastos com Capital – Dividendos Pagos)/Exigível Total. Os Gastos com Capital referem-se a compra de ativos. 240 Gráfico 6.6 18 18 16 16 14 14 12 12 10 10 8 8 6 6 4 4 2 2 0 Ratings em Números EBITDA cobertura de juros Evolução do EBITDA cobertura de juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002 0 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3112- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1295 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período EBITDA cobertura de juros Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: EBITDA cobertura de juros = (Lucro Operacional Próprio + Depreciação e Amortização + Despesas Geradas por Passivos)/Despesas Geradas por Passivos. Gráfico 6.7 E vo lu ç ã o d a D ívid a T o ta l s o b re o E B IT D A e d o s R a ting s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 2002 12 18 16 10 DT/EBITDA 8 12 10 6 8 4 6 Ratings em Números 14 4 2 2 02 9- 3- 02 -0 30 01 9-0 -0 31 01 30 -0 3- 00 31 9-0 3- 00 30 9- 99 -0 31 3- 99 -0 30 98 31 -0 9- 98 -0 3- 30 9- 97 -0 31 -0 -0 3- 97 30 96 31 9-0 3- 96 30 95 31 -0 9- 95 -0 9- 3- 3- 30 -0 31 -0 30 -0 31 94 0 94 0 P erío d o D T /E B IT D A R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica M édia M óv el - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DT/EBITDA = Exigível Total/(Lucro Operacional Próprio + Depreciação e Amortização + Despesas Geradas por Passivos) 241 Gráfico 6.8 Evolução do EBITDA menos Gastos com Capital cobertura de juros e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002 EB ITD AGC co ber tur a de jur os 12 18 10 16 8 14 Rat 12 ing s em 10 Nú me ros 8 6 4 2 0 -2 6 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3112- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1295 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 -4 4 2 -6 0 Período EBITDA-GC cobertura de juros Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: EBITDA-GC cobertura de juros = (EBITDA – Gastos com Capital)/Despesas Geradas por Passivos. Os Gastos com Capital referem-se a compra de ativos fixos. b) Estrutura de Capital Gráfico 6.9 Evolução da Dívida Total sobre a Capitalização Total e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 18 70 16 60 14 DT/CAP 12 40 10 30 8 6 Ratings em Números 50 20 4 10 2 0 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período DT/CAP Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DT/CAP = Exigível Total/(Exigível Total + Patrimônio Líquido). 242 Gráfico 6.10 Evolução da Dívid a d e C urto Prazo sobre a Dívid a T otal e d os R ating s C orporativos d a R epsol-Y PF, 1994-2002 0.8 18 0.7 16 14 0.6 Ra 12 tin gs 10 e m Nú 8 m er os 6 0.5 D CP /D T 0.4 0.3 0.2 4 0.1 2 0 0 31-03-94 30-09-94 31-03-95 30-09-95 31-03-96 30-09-96 31-03-97 30-09-97 31-03-98 30-09-98 31-03-99 30-09-99 31-03-00 30-09-00 31-03-01 30-09-01 31-03-02 30-09-02 Período D C P/D T R ating Moed a Estrangeira R ating Moed a D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: DCP/DT = Passivo Circulante/Exigível Total. c) Avaliação de Negócios Gráfico 6.11 E vo luç ã o d a M a rg e m B ruta e d o s R a ting s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 18 60 16 50 12 40 MB 10 30 8 20 6 Ratings em Números 14 4 10 2 0 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 P erío d o MB R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: MB = (Receita Líquida Operacional – Custo de Produtos Vendidos)/Receita Líquida Operacional. 243 Gráfico 6.12 18 40 16 35 14 30 12 25 10 20 8 15 6 10 4 5 2 0 0 02 9- 3- 02 -0 30 01 -0 9- 31 -0 -0 3- 01 30 00 31 -0 9- 00 3- 30 9- 99 -0 31 99 30 -0 3- 98 -0 9- 31 3- 98 -0 30 97 -0 31 -0 9- 97 3-0 31 30 96 9-0 3- 96 30 9- 95 -0 31 3- 95 -0 30 94 -0 9- 31 -0 30 31 -0 3- 94 MO 45 Ratings em Números E vo lu ç ã o d a M a rg e m O p e ra c io na l e d o s R a ting s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 P erío d o MO R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: MO = Lucro Operacional Próprio/Receita Operacional Própria. Gráfico 6.13 Evolução dos Gastos com Capital sobre a Depreciação e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 3.5 18 16 3 14 12 2 GC/D 10 8 1.5 6 Ratings em Números 2.5 1 4 0.5 2 0 0 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 31- 31- 30- 30- 3103- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 12- 03- 06- 09- 1294 94 94 94 95 95 95 95 96 96 96 96 97 97 97 97 98 98 98 98 99 99 99 99 00 00 00 00 01 01 01 01 02 02 02 02 Período GC/D Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: GC/D = Compra de Ativos Fixos/Depreciação e Amortização. 244 Gráfico 6.14 Ratings em Números 31-12-02 30-09-02 30-06-02 31-03-02 31-12-01 30-09-01 30-06-01 31-03-01 31-12-00 30-09-00 30-06-00 31-03-00 31-12-99 30-09-99 30-06-99 31-03-99 0 31-12-98 0 30-09-98 2 30-06-98 2000000 31-03-98 4 31-12-97 4000000 30-09-97 6 30-06-97 6000000 31-03-97 8 31-12-96 8000000 30-09-96 10 30-06-96 10000000 31-03-96 12 31-12-95 12000000 30-09-95 14 30-06-95 14000000 31-03-95 16 31-12-94 16000000 30-09-94 18 30-06-94 18000000 31-03-94 RLO Evolução da Receita Líquida Operacional e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 Período RLO Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Média Móvel - 4 períodos Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados da Economática (2004) e Moody’s (2003). Nota: RLO = Receita Líquida Operacional. d) Proteção ao Fluxo de Caixa e Ativos Gráfico 6.15 E v o lu ç ã o d a s R e s e rv a s P ro v a d a s s o b re a P ro d u ç ã o d e P e tró le o e G N e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 13 18 16 1 2 .5 12 12 RP/P 10 8 1 1 .5 6 Ratings em Números 14 4 11 2 1 0 .5 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o R P /P R a tin g M o e d a E stra n g e ira R a tin g M o e d a D o m é stic a Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), Mecon (2003) e Moody’s (2003). Nota: RP/P = Reservas Provadas de Petróleo e GN (Milhões BOE)/Produção de Petróleo e GN (Milhões BOE). 245 Gráfico 6.16 E v o lu ç ã o d a s R e s e rv a s P ro v a d a s e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 18 3 .5 16 3 14 2 .5 2 10 8 1 .5 6 Ratings em Números RP (Milhões de BOE) 12 1 4 0 .5 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P e río d o R e se rv a s E stim a d a e P ro v a d a R a tin g M o e d a E stra n g e ira R a tin g M o e d a D o m é stic a Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), Mecon (2003) e Moody’s (2003). Nota: RP = Reservas Provadas de Petróleo e GN (Milhões BOE). Gráfico 6.17 Evolução do Indexador de Vida das Reservas e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 18 25.00 16 20.00 14 15.00 10.00 IVR 10 8 5.00 Ratings em Números 12 6 0.00 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 -5.00 2002 4 2 -10.00 0 Período IVR Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), Mecon (2003) e Moody’s (2003). Nota: IVR = Taxa de Crescimento da Produção de Petróleo e GN. 246 Gráfico 6.18 Evolução das Reservas Provadas sobre a Dívida T otal e dos Ratings Corporativos da RepsolYPF, 1994-2002 0.0035 18 16 0.003 14 12 0.002 RP/DT 10 8 0.0015 6 Ratings em Números 0.0025 0.001 4 0.0005 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período RP/DT Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Dom éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), Mecon (2003) e Moody’s (2003). Nota: RP/P = Reservas Provadas de Petróleo e GN (US$)/Dívida Total (US$). Gráfico 6.19 Evolução do Fluxo de Caixa Operacional sobre a Produção e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 1.2 18 16 1 FCO/P 0.8 12 10 0.6 8 0.4 6 Ratings em Números 14 4 0.2 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período FCO/P Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), Mecon (2003) e Moody’s (2003). Nota: FCO/P = FCO (US$)/Produção (US$). 247 e) Sucesso Operacional e Eficiência em Custos Gráfico 6.20 E vo lução d o Ind icad o r d e R eco lo cação d e R e servas e d o s R ating s C o rp o ra tivo s d a R e p so lY P F , 1 999-2 002 1.5 18 16 1 14 12 IRR 10 0 1999 2000 2001 2002 -0.5 8 6 Ratings em Números 0.5 4 -1 2 -1.5 0 P erío d o IR R R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003) e Moody’s (2003). Nota: IRR = incremento da produção de petróleo e GN/novas descobertas no mesmo ano. Gráfico 6.21 18 0.4 16 0.35 14 0.3 12 0.25 10 0.2 8 0.15 6 0.1 4 0.05 2 ISP 0.45 0 Ratings em Números Evolução do Indicador de Sucesso das Perfurações e dos Ratings Corporativos da RepsolYPF, 1999-2002 0 1999 2000 2001 2002 Período ISP Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003, 2003a). Nota: ISP = número de perfurações com sucesso/número de perfurações totais. 248 Gráfico 6.22 Evolução do Custo de Extração e dos Rstings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 3.5 18 16 3 14 12 2 10 8 1.5 6 Ratings em Números Lifting Cost (US$/BOE) 2.5 1 4 0.5 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período Custo de Extração Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2002-2003) e Moody’s (2003). Nota: Custo de Produção ou lifting cost = custo de extração (US$/BOE). Gráfico 6.23 E vo lu ç ã o d o B re a k e ve n d o F lux o d e C a ix a e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 2002 18 30 16 25 BFC (US$/BOE) 20 12 10 15 8 10 6 Ratings em Números 14 4 5 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 P erío d o BFC R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003), BP (2004) e Moody’s (2003). Nota: Breakeven do Fluxo de Caixa = Custo de Extração (US$/BOE) – Preço da Commodity (US$/BOE). 249 f) Perfil Administrativo Gráfico 6.24 E v o lu ç ã o d o P e rfil d e P ro d u ç ã o e d o s R a tin g s C o rp o ra tiv o s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 18 300 16 250 14 PP 2005-2007 10 150 8 6 100 Ratings em Números 12 200 4 50 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 P e río d o P ro je ç ã o d a P ro d u ç ã o P e tró le o e G N (M ilh õ e s B O E ) R a tin g M o e d a E stra n g e ira R a tin g M o e d a D o m é stic a Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003) e Moody’s (2003). Nota: Perfil da Produção = projeção da produção de petróleo e GN para 3 e 5 anos. A projeção foi retirada do Plano Estratégico da Repsol-YPF de 2002. Considerou-se como projeção, a produção de petróleo e GN da Argentina, conforme a média móvel dos últimos 5 anos. Gráfico 6.25 E v o lu ç ã o d a T a x a d e C re s c im e n to d a P a rtic ip a ç ã o d a A rg e n tin a n a P ro d u ç ã o d e P e tró le o M u n d ia l e R e g io n a l e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 12 18 10 16 8 TCP da Argentina 6 12 4 10 2 8 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 -2 2001 2002 6 Ratings em Números 14 4 -4 2 -6 -8 0 P e río d o T x . C re sc .P a rtic .A rg /M u n d o P e tr T x .C re sc .P a rtic .A rg /A L C P e tr R a tin g M o e d a E stra n g e ira R a tin g M o e d a D o m é stic a Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s (2003). 250 Gráfico 6.26 E vo lu ç ã o d a T a x a d e C re s c im e nto d a P a rtic ip a ç ã o d a A rg e n tina na P ro d u ç ã o d e G N M un d ia l e R e g io n a l e d o s R a tin g s C o rp o ra tivo s d a R e p s o l-Y P F , 1 9 9 4 -2 0 0 2 18 20 16 15 14 12 10 5 8 0 6 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Ratings em Números TCP da Argentina 10 2002 4 -5 2 -10 0 P erío d o T x .C resc.P artic.A rg/M undo G N T x .C resc.P artic.A rg/A LC G N R ating M oeda E strangeira R ating M oeda D om éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s (2003). g) Risco Tributário Gráfico 6.27 Evolução dos Royalties do Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 19942002 250.00 18 16 200.00 14 150.00 TCR 10 100.00 8 50.00 6 Ratings em Números 12 4 0.00 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 -50.00 2 0 Período Tx Cresc.Royalties Petróleo Tx Cresc.Royalties GN Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Moody’s (2003). 251 h) Competitividade no Mercado Interno e Externo Gráfico 6.28 Evolução do Preço da Commodity Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 35 18 16 30 14 PC (US$/BOE) 12 20 10 8 15 6 Ratings em Números 25 10 4 5 2 0 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Período Brent spot US$/BOE GN US$/BOE Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Dom éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em BP (2004) e Moody’s (2003). Nota: PC = preço do petróleo e GN em US$/BOE). Gráfico 6.29 25 18 20 16 14 15 12 10 10 5 8 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 -5 6 Ratings em Números Dif.Taxas de Crescimento (pontos percentuais) Evolução da Diferença do Crescimento da Produção da Repsol-YPF sobre o Crescimento do Mundo e Argentina e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1994-2002 4 -10 2 -15 0 Período Dif. Cresc.Produção de Petróleo e GN e Cresc. Econ. Mundo Dif. Cresc.Produção de Petróleo e GN e Cresc. Econ. Argentina Rating Moeda Estrangeira Rating Moeda Dom éstica Fonte: Elaboração do autor baseada em FMI (2004), Mecon (2003), Repsol-YPF (2003) e Moody’s (2003). 252 Gráfico 6.30 Evolução das Novas Descobertas de Reservas de Petróleo e GN e dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1999-2002 30 18 16 25 20 12 NDR 10 15 8 10 6 Ratings em Números 14 4 5 2 0 0 1999 2000 2001 2002 Período Nov as Descobertas de Petróleo e GN (sucesso) Rating Moeda Estrangeira Nov as Descobertas Secas (insucesso) Rating Moeda Doméstica Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003) e Moody’s (2003). Nota: NDR = sondas perfuradoras que encontraram Petróleo e/ou GN. Uma análise detalhada do comportamento de cada indicador e da relação com os ratings corporativos da Repsol-YPF em moeda estrangeira de longo prazo encontra-se no anexo 6.1. Os Quadros 6.1 e 6.2 sintetizam o comportamento dos indicadores de 1995 a 2002. 253 Quadro 6.1 - Tendência Comportamental dos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1995-2002 Período 16-5-95 29-9-95 2-10-97 03-9-98 11-2-99 20-8-99 6-10-99 28-3-01 7-06-01 1-11-01 8-02-02 25-4-02 29-7-02 Credit Watch Upgrade Conf Upgrade Down Conf Down Down Down Upgrade Upgrade Down Down Conf FCR/DT FCO/DCP FCO/DT EBIT FCL/DT + + + + + Est Est + + + + + Nd Nd + + + + + + + + + + + + EBITDA DT/EBIT DA Nd + Nd Est + + + + + + + + + + + + - EBITDAGC Nd Nd + + + + + DT/CAP DCP/DT MB MO GC/D RLO + + + + + + + + - + + + + + + + - + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + Est + - + + + + + + + + Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2003) e Economática (2003). Nota: Nd: Não Disponível; Est = Estável; + = Tendência Crescente; - = Tendência Decrescente. 254 Quadro 6.2 - Tendência Comportamental dos Indicadores de Produção da Repsol-YPF no Intervalo entre as Emissões de Rating Corporativo, 1995-2002 Período 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Credit Watch Upgrade Upgrade Upgrade Down Down Down Upgrade Down Royalti Preço es Petro/G Petro/G N N -/+ +/-/-/+ +/+ +/-/+/+ +/+/+ -/-/+/+ +/+ -/Est/- Dif. Cresc. Prod., Mundoe Arg +/+ -/-/+/+ -/+ -/+/+ +/+ NDR RP/P RP IVR RP/DT FCO/P IRR ISP Lifting Cost BFC PP TCP Arg, Mundo e ALC Petro TCP Arg, Mundo e ALC GN Nd Nd Nd Nd Nd + - + + + - + + + + + + - + + + + + + + - + + + + + + Nd Nd Nd Nd Nd + Nd Nd Nd Nd Nd + + + - + + + + + + + + + + - -/-/+ -/-/-/+ -/+/+ -/- +/+ +/+ -/+/+ +/+ -/-/-/+ Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF (2002,2003,2003a), Mecon (2002, 2003, 2004) e BP (2004). Nota: Nd = Não Disponível; Est = Estável; (+) = Tendência Crescente; (-) = Tendência Decrescente. 255 Os ratings em moeda estrangeira emitidos pela Moody’s para a Repsol-YPF no período de 1995 a 2000, obedecem, em grande medida, os indicadores financeiros e de produção. Os royalties e preços do petróleo e GN possuem um ciclo comportamental que pouco explicou as emissões de rating. No que se refere as diferenças de taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa versus a mundial e Argentina, verificou-se, nos anos de 1995 e 2001, que uma maior diferença ocorreu quando a empresa recebeu um upgrade, o que era esperado. A partir da segunda metade do ano de 2001 viu-se que os indicadores não mais confirmaram as emissões de rating. Ou seja, o possível upgrade de 7 de junho de 2001, não correspondeu a performance dos indicadores em geral, uma vez que os fluxos de caixa e produção apresentaram comportamento declinante e as dívidas e o lifting cost, ascendente. Assim, não se pode apontar dentre os indicadores analisados, quais foram aqueles que levaram ao rompimento do teto soberano em 1º de novembro de 2001, pois não estavam registrando performances satisfatórias naquele período. Em 2002, por outro lado, os indicadores se mostraram com melhor performance, mas não conduziram a um possível upgrade. Pelo contrário, a Moody’s, em 25 de abril de 2002, colocou o rating em moeda estrangeira no credit watch de possível downgrade. Acredita-se que este credit watch tenha sido o resultado do contágio soberano. Assim como na Petrobras, os vários desencontros entre os indicadores financeiros, de produção, risco tributário e de competitividade e as emissões de rating podem ser o resultado da participação de outros fatores nas decisões da Moody’s com relação a Repsol-YPF. Na seção seguinte serão apresentados os resultados da estimação do rating corporativo da Repsol-YPF em função de indicadores financeiros selecionados no capítulo 2. 256 6.2 Análise dos Resultados do Modelo Estatístico Ordered Logit para os Ratings Corporativos da Repsol-YPF Com o objetivo de identificar quais os indicadores financeiros que determinam os ratings corporativos da Repsol-YPF emitidos pela agência de classificação Moody’s, estimou-se um modelo inicial usando o método ordered logitlxxii com 6 variáveis explicativas FCO/DT, FCL/DT, EBITDA, MO, DCP/DT e DT/EBITDA. O período de análise contemplou do primeiro trimestre de 1994lxxiii ao quarto trimestre de 2002. Os ratings corporativos foram ordenados obedecendo seis níveis de classificação: 7,67 = B2 downgrade; 8,33 = B2 upgrade; 8.67 = B1 downgrade; 9,00 = B1 confirmado; 9,33 = B1 upgrade; 9,67 = Ba3 downgrade; 10,00 = Ba3 confirmado. 6.2.1 Resultados dos Ratings Corporativos da Repsol-YPF contra os Indicadores Financeiros Os indicadores financeiros foram previamente escolhidos, considerando a presença de forte correlação entre eles. A Tabela 2.1 apresentou a matriz de correlação desses indicadores. O procedimento de seleção considerou um coeficiente de correlação acima de 70%. Assim, um grupo de indicadores com alta correlação foi substituído por um de seus participantes. Por exemplo, o indicador FCO/DT é altamente correlacionado direta e indiretamente com o FCR/DT, FCO/DCP e FCL/DT. Logo, optou-se pelo FCO/DT. O comportamento esperado para os indicadores financeiros da Repsol-YPF se encontram no Quadro 2.8. A Tabela 6.1 mostra os resultados provenientes do modelo inicial. Pode-se observar que das seis variáveis explicativas, três não tiveram o sinal esperado: FCL/DT, MO e DT/EBITDA. O FCL/DT e a MO receberam o sinal negativo, enquanto o sinal esperado era o positivo. Isso significa que uma melhora dessas variáveis representa uma maior probabilidade de ratings mais baixos e não mais altos. Com relação a DT/EBITDA verifica-se que o sinal aponta para rating mais altos ao invés de mais baixos. Por isso, os sinais dos coeficientes resultantes da aplicação do método ordered logit não podem ser interpretados como aqueles obtidos no método de MQO, pois 257 mostram os efeitos marginais de mudanças nos indicadores selecionados sobre cada um dos ratings corporativos da Repsol-YPF, recebidos ao longo do período de 1994-2002. Observando as probabilidades dos coeficientes, dois não seriam excluídos do modelo, FCL/DT e DCP/DT. Os demais apresentam baixo poder explicativo e conforme o teste de significância do coeficiente, tiveram as seguintes probabilidades: FCO/DT (22,42%), EBITDA (21,69%), MO (18,08%) e DT/EBITDA (81,11%). Salienta-se que, os indicadores MO e DT/EBITDA além de não apresentarem os sinais esperados, também não podem ser considerados estatisticamente significativos na determinação do rating corporativo durante o período analisado. A análise conjunta dos indicadores através da estatística LR (5 graus de liberdade), mostra um valor calculado de 32,95 e probabilidade de 0%. Assim, verificase que somente na forma conjunta os coeficientes detém poder explicativo sobre o rating corporativo ordenado. Ou seja, a hipótese H0: β = 0 foi rejeitada, em favor da hipótese alternativa H1: β ≠ 0. Tabela 6.1 -Modelo Inicial para o Rating Corporativo Ordenado – Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficiente Desvio Estatística z Probabilidades padrão FCO/DT 0.0453 0.0373 1.2153 0.2242 FCL/DT -0.1006 0.0521 -1.9296 0.0537 EBITDA 0.0338 0.0273 1.2348 0.2169 MO -0.0899 0.0671 -1.3383 0.1808 DCP/DT -37.4147 11.3705 -3.2905 0.0010 DT/EBITDA 0.0669 0.2799 0.2390 0.8111 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/B2 up = 8,33 -28.10863261 7.28844 -3.856605058 0.000114973 Limite p/B1 down = 8.67 -25.7919506 6.79666 -3.794799295 0.000147763 Limite p/B1 conf. = 9,00 -24.70317554 6.41848 -3.848758216 0.000118718 Limite p/B1 up = 9,33 -18.45779362 5.23793 -3.523874606 0.000425285 Limite p/Ba3 down = 9,67 -18.20361884 5.21398 -3.491307485 0.000480663 Limite p/Ba3 conf. =10.00 -17.12618596 5.15692 -3.32101191 0.000896917 Log verossimilhança -30.91512764 LR indexador (Pseudo-R2) 0.347640112 LR estatística (5 gl) 32.94911 Prob. (LR estatística) 1.07E-05 Nº Observações 36 Nº ratings ordenados 7 Fonte: Elaboração do autor. Na Tabela 6.2 encontra-se a previsão dos erros em relação aos ratings corporativos da Repsol-YPF. A diferença entre a freqüência observada e calculada foi 258 de 12 erros de previsão. Desse total, as maiores concentrações se deram no rating B1 confirmado e Ba3 downgrade. Observando o rating B1 confirmado, verifica-se que os indicadores financeiros selecionados levaram a uma maior freqüência calculada do que observada. Por outro lado, o rating Ba3 downgrade teve uma maior freqüência observada que calculada. Neste último caso, nenhum indicador selecionado corroborou com o rating emitido pela Moody’s. Por último, pode-se afirmar que a empresa poderia ter recebido notas mais altas, ou seja, mais B1 confirmado (+5) e Ba3 confirmado (+1), do que realmente recebeu neste período. Tabela 6.2 Previsão da Variável Dependente do Modelo Inicial– Rating Corporativo Ratings com Freqüência Freqüência Erro de Observada Calculada Previsão Outlook B2 downgrade 1 1 0 B2 upgrade 2 2 0 B1 downgrade 1 0 1 B1 confirmado 21 26 -5 B1 upgrade 1 0 1 Ba3 downgrade 4 0 4 Ba3 confirmado 6 7 -1 Fonte: Elaboração do autor. O Gráfico 6.31 tem o propósito de mostrar o efeito de mudanças dos indicadores financeiros selecionados sobre as probabilidades de ocorrência dos ratings. Para isso, calculou-se, ceteris paribus, os efeitos marginais de mudanças nesses indicadores sobre os ratings corporativos. Observa-se, em pontos percentuais (pp), qual a probabilidade de ocorrência de cada rating corporativo, quando os indicadores financeiros, individualmente, mudam o seu valor em uma unidade. 259 Gráfico 6.31 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Corporativos com mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 0.0400 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.0300 0.0200 0.0100 0.0000 B2 down B2 up B1 down B1 conf. B1 up Ba3 down Ba3 conf. -0.0100 -0.0200 -0.0300 Ratings com Outlooks FCO/DT FCL/DT EBITDA MO DCP/DT DT/EBITDA Fonte: Elaboração do autor. Analisando as duas variáveis significativas do modelo FCL/DT e DCP/DT, observa-se os ratings que receberam maiores influências de mudanças marginais foram: B1 confirmado, Ba3 downgrade e Ba3 confirmado. Considerando o FCL/DT, percebese que o aumento em uma unidade incidiu mais fortemente sobre as probabilidades de ocorrência dos ratings B1 confirmado (0,93pp) e Ba3 downgrade (-0,54pp). Com relação a DCP/DT, vê-se que possui um maior poder de influência sobre os ratings corporativos da Repsol-YPF, porque ao mudar em uma unidade aumentou significativamente a probabilidade de ocorrência do rating B1 confirmado (3,46pp) e diminuiu dos ratings Ba3 downgrade (-0,2pp) e Ba3 confirmado (-0,13pp). Confrontando os resultados da Tabela 6.2 com os do Gráfico 6.31, confirma-se que a incidência de maiores erros de previsão estão intimamente ligados aos efeitos marginais dos indicadores FCL/DT e DCP/DT. Ou seja, eles geraram uma maior probabilidade de ocorrência dos ratings B1 confirmado e Ba3 downgrade. Os demais indicadores, apesar de não significativos estatisticamente, aumentaram a probabilidade de ocorrência dos ratings superiores ao B1 confirmado, como pode ser visto no Gráfico 6.31. 260 Por fim, pode-se apontar os indicadores FCL/DT, MO e DCP/DT como aqueles de maior repercussão individual nos ratings corporativos durante o período. Embora a MO não tenha sido significativa estatisticamente, como visto na Tabela 6.1. O Gráfico 6.32 tem o propósito de mostrar a evolução do comportamento dos ratings observado e previsto. Analisando o período de 1994 a 2002 com periodicidade trimestral, verifica-se que em muitos momentos não houve diferença entre o observado e o previsto. As maiores incidências de erros entre o observado e previsto ocorreram no terceiro e quarto trimestres de 1997 e 1998 e durante todo o ano de 2001. No primeiro bloco de erros observa-se que a Moody’s passou o rating da Repsol-YPF de B1 confirmado para Ba3 confirmado, no segundo trimestre de 1997. Contudo, esse movimento não foi confirmado pelos indicadores financeiros selecionados, que só iriam dar o upgrade no primeiro trimestre de 1998. Por outro lado, nos dois últimos trimestres de 1998, os indicadores mantiveram o rating de Ba3 confirmado, enquanto que a Moody’s emitia o rebaixamento do rating para Ba3 downgrade nos dois últimos trimestres de 1998. Em 2001, várias diferenças entre o previsto e observado podem ser identificadas. Percebe-se que no primeiro trimestre, a agência Moody’s rebaixou o rating da Repsol-YPF para B2 downgrade e no trimestre seguinte deu um outlook mais alto, B2 upgrade, que se traduziu no rompimento do teto soberano. No último trimestre de 2001, novos upgrades foram emitidos em favor da Repsol-YPF, quando passou a ter o rating Ba3 upgrade, apesar de não ser confirmado pelos indicadores financeiros selecionados. No ano de 2002, ao passo que o rating emitido pela Moody’s oscilou entre downgrades e upgrades, os indicadores apontavam para a permanência do rating em B1 confirmado. Apesar das expressivas diferenças entre o observado e previsto em 2001 e 2002, percebe-se que o rompimento do teto soberano se sustentaria. Ou seja, o downgrade do rating previsto pelo modelo para o último trimestre de 2001 não seria um impeditivo, uma vez que, após este período, novos upgrades seriam emitidos em contraponto aos sucessivos downgrades do rating soberano. 261 Gráfico 6.32 Comportamento do Rating Corporativo da Repsol-YPF observado e previsto, 1994-2002 10.33 Rating em Números 9.83 9.33 8.83 8.33 7.83 M ar Ju 94 nSe 94 pD 94 ec M 94 ar Ju 95 nSe 95 pD 95 ec M 95 ar Ju 96 nSe 96 pD 96 ec M 96 ar Ju 97 nSe 97 pD 97 ec M 97 ar Ju 98 nSe 98 pD 98 ec M 98 ar Ju 99 nSe 99 pD 99 ec M 99 ar Ju 00 nSe 00 pD 00 ec M 00 ar Ju 01 nSe 01 pD 01 ec M 01 ar Ju 02 nSe 02 pD 02 ec -0 2 7.33 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Moody's Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com seis variáveis: FCO/DT, FCL/DT, EBITDA, MO, DCP/DT e DT/EBITDA. O rating corporativo da YPF refere-se aos títulos em moeda estrangeira. Com o propósito de encontrar um modelo alternativo, com variáveis significativas e reduzido números de erros de previsão, ou seja, diferenças pequenas ou nulas entre os ratings observados e previstos, usou-se de alguns parâmetros de seleção junto as variáveis do modelo inicial. Ou seja, o processo de escolha de um modelo alternativo ao modelo com 5 variáveis (FCO/DT, EBITDA, MO, RLO e DCP/DT), obedeceu a significância de cada variável e o número de erros de previsão de cada modelo. Desse processo, dois modelos alternativos a e b, com os menores erros de previsão surgiram: Ratingt = r ( β1 EBITDA + β2 DCP/DT + εt)t (a) Ratingt = r ( β1 FCL/DT + β2 DCP/DT + εt)t (b) onde r(.) é uma função que relaciona os ratings (ordinais) as variáveis cardinais. Os resultados obtidos nas Tabelas 6.3 e 6.5 para os modelos alternativos a e b, respectivamente, mostram que as respectivas variáveis explicativas são estatisticamente 262 significativas. A estatística LR (2 graus de liberdade) para ambos os modelos mostrou que as variáveis conjuntamente explicam o rating corporativo da Repsol-YPF. O modelo alternativo a teve a estatística LR com valor calculado de 22,23 e probabilidade de 0% e o modelo alternativo b de 24,37 e probabilidade de 0%. As Tabelas 6.4 e 6.6 apresentam os erros de previsão dos modelos alternativos a e b, respectivamente. Ambos modelos tiveram o mesmo números de erros, 14 unidades. As maiores concentrações se deram nos ratings B1 confirmado e Ba3 downgrade, respectivamente, semelhante ao modelo inicial da Repsol-YPF. Tabela 6.3 Modelo Alternativo “A” para o Rating Corporativo – Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficientes Desvio Estatística z Probabilidades padrão EBITDA 0.04023 0.020879 1.926804 0.0540 DCP/DT -28.00307 7.497212 -3.735131 0.0002 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/B2 up = 8,33 -19.93202 4.833477 -4.123744 0.0000 Limite p/B1 down = 8.67 -18.22689 4.562179 -3.995217 0.0001 Limite p/B1 conf. = 9,00 -17.58016 4.410597 -3.985893 0.0001 Limite p/B1 up = 9,33 -12.62679 3.461064 -3.648240 0.0003 Limite p/Ba3 down = 9,67 -12.42504 3.444061 -3.607672 0.0003 Limite p/Ba3 conf. =10.00 -11.50572 3.381770 -3.402276 0.0007 Log verossimilhança -36.27508 LR indexador (Pseudo-R2) 0.234536 LR estatística (2 gl) 22.22921 Prob. (LR estatística) 1.49E-05 Nº Observações 36 Nº ratings ordenados 7 Fonte: Elaboração do autor. Tabela 6.4 - Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo “A” – Rating Corporativo Ratings com Freqüência Freqüência Erro de Observada Calculada Previsão Outlook B2 downgrade 1 0 1 B2 upgrade 2 2 0 B1 downgrade 1 0 1 B1 confirmado 21 26 -5 B1 upgrade 1 0 1 Ba3 downgrade 4 0 4 Ba3 confirmado 6 8 -2 Fonte: Elaboração do autor. Os Gráficos 6.33 e 6.35 para os modelos a e b, respectivamente, mostram as probabilidades de ocorrência dos ratings corporativos, em função de mudanças marginais nos indicadores. Percebe-se em ambos gráficos, que a DCP/DT possui maior força nas indicações dos ratings. Ou seja, mudanças de uma unidade nessa variável 263 fazem com que a probabilidade de ocorrência dos ratings B2 downgrade e B2 upgrade, seja intensificada. Contudo, no modelo alternativo a, a variável DCP/DT incidiu mais fortemente sobre os ratings B2 downgrade e B2 upgrade; no modelo alternativo b, a referida variável agiu mais sobre B2 downgrade e B1 confirmado. Salienta-se que em ambos modelos alternativos a e b, a probabilidade de ocorrência dos ratings superiores a B1 confirmado foi praticamente nula. Gráfico 6.33 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Corporativos com mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 0.0800 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.0600 0.0400 0.0200 0.0000 B2 down B2 up B1 down B1 conf. B1 up Ba3 down Ba3 conf. -0.0200 -0.0400 -0.0600 Ratings com Outlooks EBITDA DCP/DT Fonte: Elaboração do autor. Por fim, os Gráficos 6.34 e 6.36 mostram o comportamento do rating da RepsolYPF para 1994-2002, considerando os modelos alternativos a e b. Observa-se que nos dois gráficos as diferenças são similares as encontradas no Gráfico 6.32 para o modelo inicial. A exceção encontra-se no rating calculado para o último trimestre de 1999. O modelo alternativo a apresenta um rating previsto acima do emitido pela Moody’s, i. e, mantém a nota Ba3 confirmado. Por outro lado, o modelo alternativo b indica um rating abaixo do observado, que refere-se a B1 confirmado. Logo, pode-se dizer, neste aspecto, que o modelo alternativo a é mais favorável que o modelo b. No que se diz respeito ao rating corporativo de 1º de novembro de 2001, onde a empresa rompeu o teto soberano da Argentina, verifica-se que em ambos modelos alternativos a e b, os indicadores financeiros selecionados não explicaram essa indicação. Os indicadores apontavam para o rating B1 confirmado, enquanto que o observado foi Ba3 confirmado. 264 Gráfico 6.34 Comportamento do Rating Corporativo da Repsol-YPF observado e previsto, 1994-2002 11.00 Rating em Números 10.00 9.00 8.00 7.00 M ar Ju 94 nSe 94 pD 94 ec M 94 ar Ju 95 nSe 95 pD 95 ec M 95 ar Ju 96 nSe 96 pD 96 ec M 96 ar Ju 97 nSe 97 pD 97 ec M 97 ar Ju 98 nSe 98 pD 98 ec M 98 ar Ju 99 nSe 99 pD 99 ec M 99 ar Ju 00 nSe 00 pD 00 ec M 00 ar Ju 01 nSe 01 pD 01 ec M 01 ar Ju 02 nSe 02 pD 02 ec -0 2 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Moody's Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com duas variáveis: EBITDA e DCP/DT. O rating corporativo da Repsol-YPF refere-se aos títulos em moeda estrangeira. Tabela 6.5 - Modelo Alternativo “B” para o Rating Corporativo Ordenado – Método Ordered Logit Variáveis Explicativas Coeficientes Desvio Estatística z Probabilidades padrão FCL/DT -0.091534 0.039528 -2.315698 0.0206 DCP/DT -29.44294 7.223786 -4.075833 0.0000 Pontos Limítrofes (γj) Limite p/B2 up = 8,33 -21.45882 4.849151 -4.425273 0.0000 Limite p/B1 down = 8.67 -19.65533 4.535028 -4.334114 0.0000 Limite p/B1 conf. = 9,00 -18.98212 4.366135 -4.34758 0.0000 Limite p/B1 up = 9,33 -14.25308 3.619262 -3.938116 0.0001 Limite p/Ba3 down = 9,67 -14.01463 3.589338 -3.904518 0.0001 Limite p/Ba3 conf. = 10.00 -12.97146 3.490133 -3.71661 0.0002 Log verossimilhança -35.20478 LR indexador (Pseudo-R2) 0.257121 LR estatística (2 gl) 24.3698 Prob. (LR estatística) 5.11E-06 Nº Observações 36 Nº ratings ordenados 7 Fonte: Elaboração do autor. 265 Tabela 6.6 - Previsão da Variável Dependente do Modelo Alternativo “B”– Rating Corporativo Ratings com Freqüência Freqüência Erro de Observada Calculada Previsão Outlook B2 downgrade 1 0 1 B2 upgrade 2 2 0 B1 downgrade 1 0 1 B1 confirmado 21 27 -6 B1 upgrade 1 0 1 Ba3 downgrade 4 0 4 Ba3 confirmado 6 7 -1 Fonte: Elaboração do autor. Gráfico 6.35 Probabilidades de Ocorrência dos Ratings Corporativos com mudanças nos Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 0.0800 Efeitos Marginais (pontos percentuais) 0.0600 0.0400 0.0200 0.0000 B2 down B2 up B1 down B1 conf. B1 up Ba3 down Ba3 conf. -0.0200 -0.0400 -0.0600 Ratings com Outlooks FCL/DT DCP/DT Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com duas variáveis: FCL/DT e DCP/DT. O rating corporativo da Repsol-YPF refere-se aos títulos em moeda estrangeira. 266 Gráfico 6.36 Comportamento do Rating Corporativo da Repsol-YPF observado e previsto, 1994-2002 11.00 Rating em Números 10.00 9.00 8.00 7.00 M ar Ju 94 nSe 94 pD 94 ec M 94 ar Ju 95 nSe 95 pD 95 ec M 95 ar Ju 96 nSe 96 pD 96 ec M 96 ar Ju 97 nSe 97 pD 97 ec M 97 ar Ju 98 nSe 98 pD 98 ec M 98 ar Ju 99 nSe 99 pD 99 ec M 99 ar Ju 00 nSe 00 pD 00 ec M 00 ar Ju 01 nSe 01 pD 01 ec M 01 ar Ju 02 nSe 02 pD 02 ec -0 2 6.00 Período PREVISTO - Ordered Logit OBSERVADO - Moody's Fonte: Elaboração do autor. Nota: Modelo com duas variáveis: FCL/DT e DCP/DT. O rating corporativo da Repsol-YPF refere-se aos títulos em moeda estrangeira. 6.3 Análise do Comportamento das Ações da Repsol-YPF Argentina Nesta seção serão analisados os betas e os resultados da aplicação do teste de estabilidade de Chow nas ações YPFD e YPF da Repsol-YPF Argentina. Com isso, pretende-se captar a presença de retornos anormais fruto dos ratings soberanos emitidos pela Standard & Poor’slxxiv e corporativos emitidos pela Moody’s. Entretanto, salientase a possibilidade de que sejam encontrados retornos excessivos em várias outras datas não relacionadas as emissões de rating. Neste caso, usando os resíduos recursivos poder-se-á detalhar os possíveis eventos causadores dos outliers (vide anexo 6.2). 6.3.1 YPFD A YPFD é uma ação ordinária de classe D, sendo o capital privado, seu detentor exclusivo. Por ser ordinária, acredita-se num comportamento não especulativo por parte dos acionistas, uma vez que visam, em última instância, ganhos de longo prazo. Em 267 outras palavras, a preocupação maior estaria centrada no sucesso estratégico da empresa, logo as emissões de rating soberano e corporativo não influenciariam o comportamento das YPF. 6.3.1.1 Análise do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Soberano O rating soberano é conceituado como uma síntese da performance dos fundamentos macroeconômicos e da variável risco político. Assim, entende-se que uma mudança negativa no rating ou no seu outlook pode gerar uma variação nas expectativas da empresa, quanto ao sucesso estratégico e a correspondente lucratividade. O Gráfico 6.37 mostra o comportamento do beta recursivo considerando a ação YPFD e o mercado – Merval -. Conforme pode-se verificar, das 17 mudanças de rating ou de outlook, somente 4 fizeram com que ocorresse uma mudança no comportamento do beta da ação YPFD. O primeiro caso refere-se ao quarto evento ocorrido em 08/03/95, ou seja, a mudança do outlook de positivo para estável para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo (MELP) e moeda doméstica de longo prazo (MDLP). A Standard & Poor’s caracterizou a performance dos fundamentos macroeconômicos e risco político do primeiro mandato do Governo Menem, como merecedores desse downgrade. Em outras palavras, para a agência, a continuidade do sucesso do Plano de Conversibilidad no segundo mandato de Menem (1995-1999) estaria em declínio, enfraquecendo o poder de pagamento das dívidas em MDLP e MELP. A repercussão deste evento, em particular sobre a ação YPFD deve-se a empresa deter, no início de 1995, 100% das reservas de petróleo e gás natural (provadas, desenvolvidas e não desenvolvidas) da Argentina (SEC YPFSA, 2004a, p. 44-45). O segundo caso de mudanças no beta da ação ocorreu em 22/07/99, com uma nova mudança de outlook, de estável para negativo para os títulos em MELP e MDLP. Esse downgrade pode ter sido o reflexo tardio da crise do Brasil de janeiro de 1999, que culminou com um novo regime cambial, concomitantemente a piora dos fundamentos macroeconômicos e incertezas políticas quanto a sucessão presidencial argentina. Acredita-se que a mudança cambial brasileira possa ter levantado a uma onda de incertezas sobre o mercado argentino e nas relações comerciais da Repsol-YPF com a Petrobras, no que diz respeito as negociações sobre a troca de ativos, concretizada 268 somente em novembro de 2001 (PETROBRAS: Relatório Anual, 2002; SEC YPFSA, 2004c). Uma trajetória descendente pode ser vista a partir do sexto evento até o final do período analisado. No oitavo evento – 31/10/00 -, ocorreu uma mudança no comportamento do beta da ação, quando da emissão de um downgrade no outlook, de estável para negativo. Essa mudança pode ser endereçada às incertezas que permeiam o novo Presidente da República Argentino, Fernando de la Rúa. Principalmente, por que os primeiros meses de governo caracterizaram-se pela heterogeneidade políticopartidária do primeiro escalão, pelas acusações de suborno de senadores no mês de agosto de 2000 e pelas demissões do Ministro da Educação – Juan José Llach – em 24/09/00 e do Vice-presidente da República – Carlos Alvarez – em 06/10/00. Esse período desencadeou forte instabilidade no mercado argentino e no comportamento das ações negociadas em bolsa. Entretanto, como a Repsol S.A. espanhola havia comprado a YPF S.A. argentina, em novembro de 1999, a nova estrutura da empresa, que de regional passou a internacional, pode ter bloqueado a interferência negativa do governo de la Rúa (CLARÍN, 2004). O décimo e décimo primeiro ratings soberanos mudaram o comportamento do beta da ação YPFD. Eles aconteceram no mês de março de 2001 e referiram-se a uma sucessão de acontecimentos de extrema gravidade para a estabilidade nacional. Em virtude desses fatos, em 19/03/01, a Standard & Poor’s emitiu um novo outlook, de estável para negativo e em 26/03/01, uma escala de rating mais baixa para os títulos em MELP que passaram de BB- negativo para B+ negativo e para os em MDLP, de BB negativo para B+ negativo. Pode-se citar como principais motivos: a) demissão do Ministro da Economia Machinea em 05/03/01 e posse de Murphy dias depois; b) demissão do Ministro da Educação Hugo Juri em 15/03/01; c) demissão do Ministro da Economia Murphy em 19/03/01 e posse de Cavallo em 29/03/01 (CLARÍN, 2004). O décimo quarto rating ocorrido em 12/07/01 passou os títulos em MELP e MDLP de B negativo para B- negativo. A relação do beta da YPFD com o mercado mudou mais uma vez, dado que esse evento pode ser caracterizado como a antecipação da suspeita de moratória para os títulos de dívida argentinos. Essa suspeita dos credores internacionais deveu-se aos últimos acontecimentos no Governo de la Rúa, dentre outros, e a performance negativa dos fundamentos macroeconômicos por meses 269 seguidos. Frente a isso, pode-se afirmar que apesar da empresa ser considerada sólida e integrada internacionalmente, um pedido de moratória faz com que as suas relações comerciais e as perspectivas de cumprimento de contratos sejam revistas (vide capítulo 1). A última alteração do beta da ação YPFD foi registrada em 06/11/01. Nessa data, a Standard & Poor’s emitiu um downgrade, para o rating soberano. Os títulos de dívida argentinos em MELP e MDLP receberam a classificação DS – default seletivo -. Essa classificação foi emitida 5 dias após o Governo de la Rúa reduzir unilateralmente os juros da dívida externa. Para o mercado financeiro internacional, uma decisão desse porte pode ser traduzida como uma moratória e, seqüencialmente, como um futuro controle de capitais. Como visto no capítulo 1, uma moratória soberana e a imposição de um controle de capitais pelo governo soberano pode impedir o pagamento dos compromissos financeiros dos domiciliados no país. Assim, a Repsol-YPF, com domicílio na Argentina, teve o beta recursivo alterado, em função dessa medida. Acredita-se que a mudança do beta se deva a empresa, pelo seu tamanho e importância estratégica, receber maiores impactos de decisões desse porte. Quanto aos demais ratings analisados no Gráfico 6.37, pode-se observar que não repercutiram numa mudança da relação YPFD e Merval, apesar de muitas mudanças de rating ou de outlook terem ocorrido durante o período analisado. 270 Gráfico 6.37 - Identificação de Mudanças no Rating Soberano no Beta Recursivo da YPFD – jan./94 a dez./02 0.9 (2) (3) (4) (6) (5) (7) (8) (1) (12) (10-11) (9) 0.8 (18) (13) (14) (15-17) 0.7 0.6 0.5 0.4 200 400 600 800 1000 Estimativa Recursiva do Beta 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Upgrade para os títulos em MELP [4/2/94]; (2) Confirmação para os títulos em MELP [22/8/94]; (3) Atribuição inicial para MDLP e confirmação para MELP [1/9/94]; (4) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [8/3/95]; (5) Confirmação para os títulos em MELP e upgrade para MDLP [2/4/97]; (6) Downgrade para os títulos em MELP e para MDLP [22/7/99]; (7) Upgrade para os títulos em MELP e para MDLP [10/2/00]; (8) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [31/10/00]; (9) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [14/11/00]; (10) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [19/3/01]; (11) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [26/3/01]; (12) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [8/5/01]; (13) Confirmação para os títulos em MDLP e MELP [6/6/01]; (14) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [12/7/01]; (15) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [9/10/01]; (16) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [30/10/01]; (17) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [6/11/01]; (18) Confirmação para os títulos em MELP e MDLP [12/2/02]. 6.3.1.2 Análise do Beta Recursivo da YPFD Considerando as Mudanças no Rating Corporativo O rating corporativo é de grande importância para a determinação das futuras estratégias de uma empresa, porque está ligado diretamente a performance dos seus indicadores administrativo-econômico-financeiros comparativamente a média do mercado. Dentre essas estratégias, pode-se destacar a captação de recursos junto aos 271 principais credores, perspectivas de compra e fusões de empresas do setor ou relacionadas. O Gráfico 6.38 mostra as mudanças de rating corporativo emitidos pela Moody’s para a Repsol-YPF Argentina, que levaram a uma nova relação da ação YPFD e o mercado – Merval -. A emissão do terceiro rating corporativo em 16/5/95 produziu uma mudança no comportamento do beta recursivo, quando a Moody’s emitiu um possível upgrade para os títulos em ME. Nesta data, o mesmo credit watch foi dado, também, para os ratings soberanoslxxv. Acredita-se que esse rating corporativo tenha sido emitido em função da aquisição de 88% das ações ordinárias da empresa Maxus Energy Corporation, em abril de 1995, conforme acordo de fusão firmado em 28 de fevereiro do mesmo ano. No quarto evento foi emitida a confirmação do possível upgrade em 29/9/95. Contudo, apesar desses eventos terem baixa explicação baseada nos indicadores corporativos, ambos ratings possibilitaram a mudança de comportamento da YPFD frente ao mercado. O décimo e décimo primeiro eventos que alteraram o beta da YPFD estão relacionados novamente à possibilidade de upgrade e a sua confirmação de 30/4/99 e 24/6/99, respectivamente. Esses credit watchs se devem à compra da YPF S.A. pela Repsol S.A. espanhola. Em 30/4/99, a Repsol comprou 14,99% de participação acionária da YPF S.A.. Essa compra foi apresentada ao mercado como o início de uma nova estratégia da Repsol S.A., de tornar-se uma empresa de dimensões continentais, presente na Europa, África, Indonésia e América Latina (SEC YPFSA, 2004b; REPSOL-YPF: Relatório Anual, 2001). No credit watch de 24/6/99, a Repsol S.A. adquiriu mais 82,47% das ações da YPF S.A., passando a ser acionista majoritária da empresa argentina. Em 2001, a suspeita de moratória soberana fez com que a Moody’s desse em 13/7/01, o credit watch de confirmação da incerteza iniciada em abril de 1999, para os títulos em MD, e em 16/7/01, a possibilidade de downgrade para os mesmos títulos. O contágio soberano sobre o rating corporativo para a MD refletiu a fragilidade da empresa frente as decisões do governo federal, principalmente em relação aos efeitos do corralito. Essas emissões alteraram o comportamento do beta em relação ao mercado. 272 Por outro lado, o rompimento do teto soberano pela Repsol-YPF, em 1º de novembro de 2001, não repercutiu numa mudança do beta recursivo da YPFD. O vigésimo evento ocorreu em 8/2/02, onde foi dado um downgrade nos ratings dos títulos em ME e MD. Eles passaram de Ba3 upgrade para B1 downgrade e de Baa2 downgrade para Baa3 downgrade, respectivamente. Esses rebaixamentos alteraram o beta recursivo e foram vistos como um reflexo direto da crise Argentina sobre a empresa, uma vez que, em 3/1/02, o país decretou moratória seletiva da dívida externa e, em 4/1/02, o fim da conversibilidade entre o peso argentino e a dólar estadunidense. O vigésimo segundo evento confirmou a instalação da crise também na empresa, o que levou a um novo beta recursivo. Esse evento referiu-se a emissão em 25/4/02, de um possível downgrade para os títulos em ME e MD. Esse rebaixamento pode ter sido fortemente influenciado pela declaração feita pela Repsol-YPF em 28/3/02, quando decidiu que não iria pagar os dividendos complementares aos acionistas minoritários, em virtude dos baixos resultados advindos das perdas com a crise argentina (INVERTIA, 2002). Os demais eventos, apesar de possuírem igual importância para a empresa e mercado, não proporcionaram uma nova relação do beta recursivo com o mercado. 273 Gráfico 6.38 - Identificação de Mudanças no Rating Corporativo no Beta Recursivo da YPFD – jan./94 a dez./02 0.9 (1) (2) (5) (3) (4) (6) (7) (8) (9) 0.8 (12) (10) (11) (13) (14) (15) (16) (17) (18) (19-20) (21) (22) (23) 0.7 0.6 0.5 0.4 200 400 600 800 1000 Estimativa Recursiva do Beta 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Início para os títulos em ME [19/1/94]; (2) Confirmação para os títulos em ME [1/3/95]; (3) Possível upgrade para os títulos em ME [16/5/95]; (4) Confirmação para os títulos em ME [29/9/95]; (5) Confirmação para os títulos em ME [3/7/97]; (6) Upgrade para os títulos em ME [2/10/97]; (7) Possível downgrade para os títulos em ME [3/9/98]; (8) Início para os títulos em MD [29/10/98]; (9) Confirmação para os títulos em ME [11/2/99]; (10) Possível upgrade para os títulos em ME e Incerteza para os de MD [30/4/99]; (11) Confirmação para os títulos em ME e MD [24/6/99]; (12) Possível downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [20/8/99]; (13) Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [6/10/99]; (14) Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [28/3/01]; (15) Confirmação para os títulos em ME [5-7/6/01]; (16) Possível downgrade para os títulos em MD [13-16/7/01]; (17) Downgrade para os títulos em MD [25/9/01]; (18) Upgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [1/11/01]; (19) Possível downgrade para os títulos em ME e MD [12/12/01]; (20) Downgrade para os títulos em MD [21/12/01]; (21) Downgrade para os títulos em ME e MD [8/2/02]; (22) Possível downgrade para os títulos em ME e MD [25/4/02]; (23) Confirmação para os títulos em ME e MD [29/7/02]. 6.3.2 YPF A YPF é uma American Depositary Share – ADS – transacionada na NYSE e correspondente a ação YPF de classe D negociada na Bolsa de Comércio de Buenos Aires - BCBA. Logo, por ser uma ação ordinária, também se espera um comportamento similar ao da YPFD. Em outras palavras, acredita-se que as emissões de ratings soberanos e corporativos possam afetar o beta da ADS YPF, uma vez que representa a 274 performance dos fundamentos macroeconômicos e risco político no que se refere ao país e de indicadores administrativo-econômico-financeiros para a empresa. Salienta-se, que apesar da ADS YPF ser transacionada fora do domínio argentino, carrega as informações soberanas do país e, por isso, pode afetar o comportamento do beta frente ao mercado onde atua. 6.3.2.1 Análise do Beta Recursivo da ADS YPF Considerando as Mudanças no Rating Soberano O Gráfico 6.39 mostra as mudanças do rating soberano de 1994 a 2002 no beta recursivo da ADS YPF. Dos 17 eventos marcados no gráfico, pode-se observar que somente três deles levaram a uma mudança do beta. O primeiro evento refere-se a emissão do rating soberano pela Standard & Poor’s em 22/08/94, e se referiu a confirmação do upgrade para os títulos em MELP. Essa confirmação de upgrade foi de grande importância para o comportamento da ADS YPF, e pode ser endereçada a estabilidade alcançada no primeiro mandato do Presidente Menem (1989/1994), dado os bons resultados do Plano de Conversibilidad de 1991 (CLARÍN, 2004). O segundo evento ocorreu em 08/03/95 e referiu-se ao downgrade no outlook para os títulos em MELP e MDLP, que passaram de positivo para estável. Esse rebaixamento gerou a mudança do beta, e se deveu a crise bancária argentina deflagrada no primeiro trimestre de 1995. Os motivos dessa crise podem ter vindo da crise mexicana do ano anterior, que levou a perda de depósitos bancários fruto da falta de confiança entre os correntistaslxxvi e os conseqüentes prejuízos acumulados do setor (HERMANN, 2001). Pode-se afirmar, em última instância, que esse downgrade traduziu a percepção do mercado internacional, quanto a incipiente fragilidade da economia argentina às crises externas, devido ao currency board. Uma nova mudança do beta recursivo ocorreu no sexto evento, em 10/02/00, quando a Standard & Poor’s emitiu um upgrade para os títulos em MELP e MDLP. Esse upgrade referiu-se ao um novo outlook, que passou de negativo para estável. A melhora nos ratings pode ser o reflexo dos primeiros meses do novo Governo Fernando de la Rúa, no que diz respeito as expectativas positivas quanto a condução da política econômica. Ou seja, acreditava-se na saída do país da recessão profunda e nos esforços 275 junto as entidades de classe para a aprovação da Ley de Reforma Laboral, em 11 de maio de 2000. As demais alterações de ratings soberanos não geraram mudanças no beta recursivo da ADS YPF, como pode ser visto no Gráfico 6.39. Logo, nesses casos, o comportamento da ação YPF não se modificou em relação ao mercado – NYSE - . Gráfico 6.39 - Identificação das Mudanças no Rating Soberano no Beta Recursivo da YPF – abr./94 a dez./02 2.0 (1) (2) (4) (3) (5) (6) (7-8) 1.6 (9-10) (11) (12) (13) (14) (15-16) (17) 1.2 0.8 0.4 0.0 200 400 600 800 1000 Estimativa Recursiva do Beta 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Confirmação para os títulos em MELP [22/08/94]; (2) Atribuição inícial para MDLP e confirmação para MELP [01/09/94]; (3) Downgrade para os títulos em MELP e MLLP [08/03/95]; (4) Confirmação para os títulos em MELP e upgrade para MDLP [02/04/97]; (5) Downgrade para os títulos em MELP e para MDLP [22/07/99]; (6) Upgrade para os títulos em MELP e para MDLP [10/02/00]; (7) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [31/10/00]; (8) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [14/11/00]; (9) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [19/03/01]; (10) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [26/03/01]; (11) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [08/05/01]; (12) Confirmação para os títulos em MDLP e MELP [06/06/01]; (13) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [12/07/01]; (14) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [09/10/01]; (15) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [30/10/01]; (16) Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [06/11/01]; (17) Confirmação para os títulos em MELP e MDLP [12/02/02]. 276 6.3.2.2 Análises do Beta Recursivo Considerando as Mudanças no Rating Corporativo O Gráfico 6.40 mostra o comportamento do beta recursivo da ADS YPF junto a NYSE, em virtude de mudanças no rating corporativo da Repsol-YPF. O primeiro evento refere-se a confirmação do rating emitido pela Moody’s em 19/1/94 para os títulos em moeda estrangeira - ME. Essa confirmação ocorreu em 1/3/95, apesar dos reflexos ainda fortes da crise mexicana de 1994 e da crise bancária argentina do início de 1995. Acredita-se que foi a percepção do mercado quanto as aquisições da YPF de empresas do setor em 1994: 100% da Concefé S.A.; 30,40% da Concecuyo S.A.; 18,09% da Petroquímica Bahía Blanca S.A.I.C.; 11,49% da Indupa S.A.I.C. e 50% da Petrochemical Investment Company. Por isso, as aquisições estiveram mais fortemente relacionadas aos ratings da empresa YPF S.A., do que os efeitos nocivos das crises citadas (SEC YPFSA, 2004a). O segundo e terceiro eventos mudaram o beta recursivo e consideraram, respectivamente, a possibilidade de upgrade em 16/5/95 e a confirmação do upgrade em 29/9/95. Esses credit watchs para os títulos em ME referem-se ao processo de aquisição de 88% das ações ordinárias da Maxus Energy Corporation ocorrido em abril de 1995, somado as expectativas daquele momento, quanto ao funding dos empréstimos, considerando as receitas geradas pelas subsidiárias da Maxus. Assim, acredita-se que a aquisição tenha influenciado à indicação do rating corporativo mais do que as incertezas vindas da economia argentina (SEC YPFSA, 2004a). O quarto evento ocorreu em 3/7/97 e correspondeu a confirmação do upgrade para os títulos em ME. Além dos bons resultados alcançados pela empresa, pode-se salientar a compra da Empresa Petrolera Andina Sociedad de Economía Mixta, participante de 50% da exploração e produção na Bolívia e a compra de 67% das ações da Mexpetrol Argentina S.A. em conjunto com a Astra C.A.P.S.A. (SEC YPFSA, 2004b). O sexto evento refere-se a possibilidade de downgrade de 3/9/98. Esse rebaixamento pode ser endereçado aos efeitos nocivos da crise da Rússia, uma vez que foi emitido também para os ratings soberanos (MOODY’S, 2003). Contudo, deve-se 277 chamar a atenção para as seguintes aquisições da YPF S.A. nos três primeiros trimestres do ano: 26,90% da Petroquímica Bahía Blanca S.A.I.C.; 30% da Polisur S.A.; 50% da Profertil S.A.; 29,52% da Refinaria de Petróleo de Manguinhos no Brasil; 18,67% da Bitech Petroleum Corporation, com participação na produção de petróleo na Rússia; 51% da Global Companies LLC, Montello Oil LLC e Chelsea Sandwich LLC; e 49% da Montello Group LLC no mercado americano, este último, com a finalidade de aumentar a distribuição de produtos refinados no país (SEC YPFSA, 2004b). O penúltimo evento que gerou mudança do beta recursivo, se deveu ao downgrade para os títulos em moeda doméstica – MD – em 25/9/01. Acredita-se que o rebaixamento do rating para os títulos em MD, de A3 confirmado para Baa1 downgrade, foi uma conseqüência direta do corralito, uma vez que retirou a capacidade de pagamento das dívidas por tempo indeterminado. Também pode-se encontrar como justificativa duas vendas mal sucedidas: Eg3 Asfaltos S.A. e Eg3 Red S.A. com perda de 59 milhões de pesos em junho de 1998; Bitech Petroleum Corporation com perda líquida de 9 milhões de pesos em agosto de 1998 (SEC YPFSA, 2004c). Por fim, o beta recursivo teve seu comportamento alterado frente ao mercado em 29/7/02, em virtude da confirmação do downgrade para os títulos em MD e ME. Dentre os motivos que devem ter levado a confirmação do downgrade encontra-se a continuidade da crise argentina e, mais especificamente, as denúncias de corrupção de diretores da área de marketing e refino da Repsol-YPF em 10/7/02. Os demais ratings corporativos não foram causadores de mudança no beta recursivo da ADS YPF frente a NYSE. 278 Gráfico 6.40 - Identificação no Beta Recursivo da YPF as Mudanças de Rating Corporativo – abr./94 a dez./02 2.0 (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (11) (13) (14) (15) (10) 1.6 (16) (12) (17) (18-19) (20) (21) 1.2 (22) 0.8 0.4 0.0 200 400 600 800 1000 Estimativa Recursiva do Beta 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: (1) Confirmação do rating emitido em 19/01/94 para os títulos em ME [01/03/95]; (2) Possível upgrade para os títulos em ME [16/05/95]; (3) Confirmação para os títulos em ME [29/09/95]; (4) Confirmação para os títulos em ME [03/7/97]; (5) Upgrade para os títulos em ME [02/10/97]; (6) Possível downgrade para os títulos em ME [03/09/98]; (7) Início para os títulos em MD [29/10/98]; (8) Confirmação para os títulos em ME [11/02/99]; (9) Possível upgrade para os títulos em ME e Incerteza para os de MD [30/04/99]; (10) Confirmação para os títulos em ME e MD [24/06/99]; (11) Possível downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [20/8/99]; (12) Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [06/10/99]; (13) Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [28/3/01]; (14) Confirmação para os títulos em ME [05-07/06/01]; (15) Possível downgrade para os títulos em MD [13-16/07/01]; (16) Downgrade para os títulos em MD [25/09/01]; (17) Upgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [1/11/01]; (18) Possível downgrade para os títulos em ME e MD [12/12/01]; (19) Downgrade para os títulos em MD [21/12/01]; (20) Downgrade para os títulos em ME e MD [08/02/02]; (21) Possível downgrade para os títulos em ME e MD [25/04/02]; (22) Confirmação para os títulos em ME e MD [29/07/02]. 6.3.3 Teste de Estabilidade de Chow Os resultados obtidos no teste de estabilidade de Chow permitem verificar a presença ou não de quebra estrutural na relação das ações YPFD e YPF com os respectivos mercados, Merval/BCBA e Dow Jones/NYSE. Adicionalmente, esse teste visa complementar e confirmar os resultados obtidos através da análise gráfica do beta recursivo, com as seguintes hipóteses: H0: os betas das ações YPFD e YPF são iguais no 279 período anterior e posterior ao evento; H1: os betas mudam com o evento, i.e., geram quebra estrutural. 6.3.3.1 YPFD e YPF Nos Quadros 6.6 e 6.7 estão os resultados da aplicação do teste de estabilidade de Chow para as ações YPFD e ADS YPF, no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002 e de abril de 1994 a dezembro de 2002, respectivamente. Os eventos considerados referem-se as mudanças de rating soberano argentino e corporativo da Repsol-YPF argentina. Como salientado no caso das ações da Petrobras, os resultados do teste de Chow para as emissões de rating soberano realizados pela Moody’s encontram-se no anexo 6.3. Analisando a ação YPFD no Quadro 6.6, verifica-se que das 18 mudanças de rating soberano, somente 6 resultaram em quebra estrutural, aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. As mudanças geradoras de quebra estrutural ocorreram em 8/3/95, 2/4/97, 22/7/99, 26/3/01, 6/11/01 e 12/2/01. Com exceção do upgrade para os títulos em moeda doméstica de longo prazo – MDLP - ocorrido em 2/4/97, todas as demais mudanças referiram-se a emissão de downgrades no rating ou outlook. Com isso, podese afirmar que os downgrades exercem maior influência sobre a ação YPFD e na sua relação com o mercado que o upgrade, considerando o referido período. Esse resultado é similar ao encontrado na literatura sobre o poder do downgrade no comportamento das ações. Por outro lado, o beta da ação ADS YPF apresentou quebra estrutural em 4 mudanças de rating soberano frente às 17 consideradas, nos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. As emissões de novos ratings ou de outlook ocorreram em 8/3/95, 22/7/99, 6/6/01 e 12/7/01 e se referiram aos downgrades para MDLP e MELP. Essa tendência nos mostra, mais uma vez, que os downgrades geraram mais quebras estruturais que os upgrades. O Quadro 6.7 apresenta, por seu turno, os resultados da aplicação do teste de estabilidade de Chow para as ações YPFD e ADS YPF frente as mudanças de ratings corporativos da Repsol-YPF Argentina. 280 Ao ser observado os eventos incidentes na YPFD, verifica-se que dos 23 apenas 5 produziram quebra estrutural no beta recursivo dessa ação, aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. Os 5 eventos ocorreram em 29/9/95, 11/2/99, 24/6/99, 7/6/01 e 8/2/02. Salienta-se que duas dessas emissões referem-se a um possível upgrade para os títulos em ME (29/9/95; 24/6/99) e os demais a um possível downgrade ou downgrade para os títulos em ME e MD (11/2/99; 7/6/01; 8/2/02). Neste caso, os resultados da literatura foram encontrados parcialmente. No que diz respeito a ADS YPF observou-se, dentro do período, 22 emissões de rating corporativo. Somente 5 geraram quebra estrutural e ocorreram em 1/3/95, 2/10/97, 11/2/99, 7/6/01 e 16/07/01, aos níveis de significância de 1%, 5% e 10%. No comportamento da ADS YPF também verificou-se que uma emissão está relacionada a um upgrade e as demais a um possível downgrade ou downgrade. A exceção refere-se a indicação de 1/3/95, que apenas confirmou o rating de 19/1/94. 281 Quadro 6.6 Teste de Estabilidade de Chow para a YPFD e YPF Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos, 1994-2002 Ordem Eventos YPFD YPF YPF YPFD Estatística F Probabilidade Estatística F Probabilidade de H0 de H0 1 Upgrade para os títulos em MELP [4/2/94] 2.017623 0.136449 1 2 Confirmação para os títulos em MELP [22/8/94] 1.032994 0.358675 1.152126 0.320164 2 3 Início para MDLP e confirmação para MELP [1/9/94] 0.731395 0.483148 0.662190 0.517506 3 4 Downgrade para os títulos em MELP e MLLP [8/3/95] 7.238022 0.000779 6.032155 0.002540 4 5 Confirmação para os títulos em MELP e upgrade para 3.247408 0.039256 1.591130 0.204166 MDLP [2/4/97] 5 6 Downgrade para os títulos em MELP e para MDLP 16.18779 0.000000 9.871275 0.000059 [22/7/99] 6 7 Upgrade para os títulos em MELP e para MDLP [10/2/00] 0.269325 0.764076 0.263860 0.768249 7 8 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [31/10/00] 0.190296 0.826879 0.179038 0.836219 8 9 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [14/11/00] 0.446996 0.641175 0.153850 0.857641 9 10 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [19/3/01] 0.468183 0.627576 1.024281 0.363658 10 11 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [26/3/01] 26.95656 0.000000 0.078889 0.924334 11 12 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [8/5/01] 0.068698 0.933738 1.277048 0.288771 12 13 Confirmação para os títulos em MDLP e MELP [6/6/01] 2.352505 0.111893 8.739780 0.000731 13 14 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [12/7/01] 0.925402 0.402924 5.165714 0.007849 14 15 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [9/10/01] 0.094786 0.909800 0.695912 0.502135 15 16 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [30/10/01] 1.329524 0.275261 0.116726 0.890630 16 17 Downgrade para os títulos em MELP e MDLP [6/11/01] 7.248494 0.000729 0.223159 0.800608 17 18 Confirmação para os títulos em MELP e MDLP [12/2/02] 4.690009 0.010205 0.537976 0.584527 Fonte: Elaboração do autor. Nota: A Standard & Poor’s divide os ratings em moeda estrangeira e doméstica e de longo e curto prazo. Aqui são analisadas somente as de longo prazo. MDLP = moeda doméstica de longo prazo; MELP = moeda estrangeira de longo prazo. 282 Quadro 6.7 Teste de Estabilidade de Chow para YPFD e YPD Considerando as Mudanças nos Ratings Corporativos, 1994-2002 Ordem YPFD YPF Eventos YPF YPFD 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15 16 17 15 16 17 18 18 19 Estatística F Início para os títulos em ME [19/1/94] Confirmação para os títulos em ME [1/3/95] Possível upgrade para os títulos em ME [16/5/95] Confirmação para os títulos em ME [29/9/95] Confirmação para os títulos em ME [3/7/97] Upgrade para os títulos em ME [2/10/97] Possível downgrade para os títulos em ME [3/9/98] Início para os títulos em MD [29/10/98] Confirmação para os títulos em ME [11/2/99] Possível upgrade para os títulos em ME e Incerteza para os de MD [30/4/99] Confirmação para os títulos em ME e MD [24/6/99] Possível downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [20/8/99] Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [6/10/99] Downgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [28/3/01] Confirmação para os títulos em ME [5-7/6/01] Possível downgrade para os títulos em MD [13-16/7/01] Downgrade para os títulos em MD [25/9/01] Upgrade para os títulos em ME e confirmação para os em MD [1/11/01] Possível downgrade para os títulos em ME e MD [12/12/01] Estatística F 0.211887 0.409135 0.125610 3.248681 1.922321 0.441937 0.836062 0.502860 2.445499 1.523205 Probabilidade de H0 0.809181 0.664564 0.882058 0.039607 0.147362 0.643228 0.434322 0.606247 0.093568 0.224043 2.779003 1.917094 1.816771 0.792500 4.721064 1.496538 0.542148 3.903797 1.247705 Probabilidade de H0 0.063891 0.150901 0.163555 0.453276 0.009604 0.225790 0.583117 0.022776 0.292250 3.777351 0.103621 0.027977 0.901718 1.479775 0.593411 0.234438 0.555317 0.029302 0.971126 0.006998 0.993027 0.646544 0.524431 0.568680 0.566719 2.936591 0.538522 0.807693 0.843775 0.061568 0.587094 0.453801 0.442969 5.726161 3.980233 1.613074 0.202741 0.005031 0.023261 0.206805 0.817171 0.076448 0.926701 0.129000 0.879476 283 19 20 21 22 20 21 22 23 Downgrade para os títulos em MD [21/12/01] Downgrade para os títulos em ME e MD[8/2/02] Possível downgrade para os títulos em ME e MD [25/4/02] Confirmação para os títulos em ME e MD [29/7/02] 0.882954 2.566374 1.364777 2.215447 0.431692 0.086898 0.261626 0.113305 0.899585 1.206859 0.522182 1.223441 0.416479 0.304659 0.594662 0.296824 Fonte: Elaboração do autor. Nota: A Moody’s divide os ratings corporativos em moeda estrangeira e doméstica. MD = moeda doméstica; ME = moeda estrangeira. 284 6.4 Considerações Finais Dando seqüência ao estudo sobre ratings, este capítulo visou verificar o conteúdo informacional do rating corporativo da Repsol-YPF e saber quais indicadores corporativos ajudaram a empresa a romper o teto soberano argentino. O capítulo foi dividido em três seções: na primeira, procurou-se saber quais indicadores corporativos explicam as variações de rating da Repsol-YPF durante o período de 1995-2002. As análises se deram a partir de gráficos individualizados. Os resultados dessa análise mostraram que os ratings em moeda estrangeira emitidos pela Moody’s para a RepsolYPF no período de 1995 a 2000, obedecem, em grande medida, os indicadores financeiros (FCR/DT, FCO/DT, MB, MO, GC/D) e de produção (RP, lifting cost). Por outro lado, os royalties e preços do petróleo e GN possuem um ciclo comportamental que pouco explicou as emissões de rating. Quanto às diferenças de taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa versus a mundial e Argentina, verificou-se que um maior hiato ocorreu quando a empresa recebeu um upgrade, mais especificamente, nos anos de 1995 e 2001, o que era esperado. Observando ainda os gráficos individualizados foi percebido que a partir da segunda metade do ano de 2001, os indicadores não mais confirmaram as emissões de rating. Ou seja, o possível upgrade de 7 de junho de 2001 não correspondeu a performance dos indicadores em geral, uma vez que os fluxos de caixa, produção e reservas provadas apresentaram tendência declinante e as dívidas e o lifting cost, ascendente. No sentido inverso, pode-se ver que a confirmação do downgrade de 29 de julho de 2002 não encontrou respaldo nos indicadores financeiros, uma vez que todos se encontravam com boa performance como pode ser visto no anexo 6.1. Observando especificamente o ano de 2001, não se pode apontar, dentre os indicadores analisados, quais foram aqueles que levaram ao rompimento do teto soberano em 1º de novembro de 2001, pois não estavam registrando performances satisfatórias naquele período, respaldando, assim, a nota recebida. Esses desencontros entre os indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e de competitividade e as emissões de rating podem ser 285 o resultado da participação de outros fatores nas decisões da Moody’s com relação a Repsol-YPF. Na segunda seção, foi construído um modelo estatístico usando o método ordered logit tendo como variáveis explicativas os indicadores financeiros selecionados no capítulo 2, para verificar quais deles explicam os ratings da Repsol-YPF. Analisando os resultados provenientes desse processo, concluiu-se que o modelo inicial de seis variáveis explicou satisfatoriamente as emissões de rating corporativo da Repsol-YPF, embora com 12 erros. Isso pode ser o resultado das emissões terem tendido para ratings mais baixos, enquanto que os indicadores apontavam para mais altos. Dois modelos alternativos foram construídos com o objetivo de melhorar o poder preditivo dos indicadores. Os modelos possuíam apenas duas variáveis explicativas cada um. Ambos tiveram o mesmo número de erros (14), apenas dois a mais que o modelo inicial. Embora os resultados não foram melhores que os iniciais, o fato de duas variáveis apenas conseguirem explicar mais da metade dos ratings sugere que os ratings da Repsol-YPF refletem, em grande parte, as informações disponíveis no mercado. Especificamente com relação ao upgrade para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo emitido em 1º de novembro de 2001, que proporcionou o rompimento do teto soberano, pode-se perceber que os indicadores analisados não corroboraram essa emissão. De qualquer forma, o downgrade de dezembro de 2001 e a continuidade do rating corporativo em moeda estrangeira em B1, já podem ser considerados como um rompimento, dado o default seletivo soberano emitido em 6/11/01. Por fim, o estudo dos efeitos dos ratings soberanos e corporativos sobre as ações da Repsol-YPF usou o modelo de mercado, assim como realizado no caso da Petrobras. Os ratings foram divididos em dois tipos de eventos: a) mudanças do rating soberano; b) mudanças do rating da Repsol-YPF. As ações e respectivos mercados analisados foram: YPFD e Merval/BCBA; ADS YPF e Dow Jones/NYSE. A análise do beta recursivo e o teste de estabilidade de Chow para esse coeficiente mostram que menos da metade das emissões de rating soberano geraram quebra estrutural. Contudo, essas quebras foram geradas por downgrades (7) e apenas um upgrade. Quanto às emissões de rating corporativo, as poucas quebras geradas (5) interferiram de forma semelhante. No todo, percebeu-se que as ações da Repsol-YPF reagem mais fortemente aos downgrades que aos upgrades. Salienta-se que há vários momentos de retornos 286 anormais que não estão associados a variações de ratings, mas sim a fatos políticos, como pode ser visto no anexo 6.2 Em suma, muitas foram as evidências obtidas do estudo dos determinantes dos ratings da Repsol-YPF. Viu-se que muitas variações e emissões de rating não tiveram base nos indicadores financeiros, de produção, risco tributário, perfil administrativo e de competitividade. Também, que a emissão do rating corporativo de 1º de novembro de 2001, relacionada ao rompimento do teto soberano, em especial, não foi corroborada pelos indicadores analisados. Como a maioria das emissões de ratings soberanos e corporativos não geraram retornos anormais, pode-se dizer que as informações contidas no rating não são relevantes para o mercado, inclusive o rompimento do teto soberano. 287 Conclusão Com a nova arquitetura do mercado financeiro internacional e expansão do mercado de capitais, os ratings vêm aumentando o seu grau de importância, principalmente para as empresas e países em desenvolvimento. Os ratings possuem o papel de sinalizadores de informações públicas e privilegiadas sobre os emitentes de dívida. Assim, o mercado pode usufruir positivamente dessas informações para a tomada de decisões. Contudo, muitas críticas vêm sendo direcionadas às agências de rating, alegando que, apesar de serem consideradas avaliadoras independentes da real situação financeira dos emitentes de dívida, tendem a seguir o risco sistemático ou de mercado. Por isso, não possuem conteúdo informacional. Muitos analistas de mercado e dirigentes de países afirmam que as agências têm errado muito nos últimos anos, mais especificamente, têm alongado as crises e pouco previsto as mesmas. Quanto aos ratings soberanos, os governos têm criticado as agências afirmando que os downgrades recebidos são sempre antecipados e os upgrades, quando recebidos, são atrasados. Do ponto de vista das agências de rating existe uma metodologia de classificação dividida em objetiva e subjetiva. Entretanto, é consenso de mercado a sua obscuridade quanto as reais variáveis analisadas e os seus pesos. A despeito da metodologia indicada pelas agências de rating fixou-se o primeiro objetivo do trabalho, que foi o de verificar o conteúdo informacional dos ratings soberanos e corporativos. Ou seja, responder a seguinte pergunta: Qual é o conteúdo informacional dos ratings soberanos do Brasil e Argentina e corporativos da Petrobras e Repsol-YPF além dos disponíveis ao mercado? Contrariamente à literatura, o estudo focou especificamente dois países, Brasil e Argentina e duas empresas, Petrobras e Repsol-YPF. A escolha desses países e 288 empresas esteve intimamente ligado ao setor a qual as empresas pertencem e ao segundo objetivo, que foi desvendar as variáveis que levaram estas empresas a romperem o teto soberano do país domicílio, apesar da metodologia de análise específica para esses casos. Em outras palavras, responder a pergunta: Quais os indicadores da Petrobras e Repsol-YPF que permitiram o rompimento do teto soberano em moeda estrangeira de longo prazo do Brasil e Argentina, respectivamente? As empresas escolhidas são diferenciadas, pois pertencem a um grupo seleto de países em desenvolvimento, que romperam o teto soberano, ou seja, obtiveram um rating corporativo em moeda estrangeira superior ao do país domicílio. Tradicionalmente, as agências delimitam o rating das empresas em função do rating soberano, devido ao risco de moratória conjunta, que pode impor o controle de capitais. Especificamente em relação às agências, viu-se que não possuem ônus de rating errados; pertencem a um oligopólio com fortes barreiras à entrada; e detém demanda cativa, em virtude das recomendações da SEC. Neste caso, sugere-se que para os rating passarem a ter credibilidade junto ao mercado, seria preciso uma revisão metodológica e a criação de uma agência reguladora independente. Respondendo ao primeiro objetivo, as análises do modelo aplicando o método ordered logit para o Brasil apontaram que os fundamentos macroeconômicos explicam, em grande medida, os ratings soberanos brasileiros, em especial, a DIV/X, DLSP/PIB, NFSP/PIB e TC/PIB, embora a análise descritiva tenha mostrado os fundamentos DIV/X, DLSP/PIB, PIB e IPC como mais explicativos. Os resultados mostram que o rating é previsível por esses fundamentos, logo, não adicionando informações novas ao mercado, durante o período analisado. Complementando a análise dos ratings soberanos do Brasil, verificou-se duas particularidades para o modelo do spread: a primeira, mostra que quando todos os fundamentos são incluídos no modelo estatístico, o rating soberano brasileiro não é significativo; e a segunda, quando algumas variáveis são excluídas do modelo, o rating passa a ser significativo. Aqui, os resultados apontam, também, para um rating sem conteúdo informacional, dado que a sua presença não melhora as previsões quanto às variações do spread, uma vez levados em conta os fundamentos macroeconômicos. Finalizando a análise com o estudo do impacto dos ratings sobre o spread soberano brasileiro, como gerador de mudanças inesperadas nos spreads, viu-se que os 289 downgrades foram mais importantes que os upgrades. Dado o grande número de emissões, pode-se dizer que foram confirmados parcialmente os resultados da literatura, pois apenas 4 das emissões (3 downgrades e 1 upgrade) geraram mudanças anormais no spread. Já para a Argentina, a partir dos resultados de uma análise descritiva do rating soberano contra os fundamentos macroeconômicos, viu-se que o PIB, DIV/X, DLSP/PIB e DELSP/RI explicam as emissões dos ratings. E usando o modelo ordered logit, as variáveis significativas foram: SP/PIB e TC/PIB. Este último resultado mostra que um número pequeno de fundamentos pode substituir os ratings soberanos, na maioria dos casos, ao longo do período analisado. O modelo para o spread Argentino evidenciou os mesmos resultados do modelo para o Brasil. O rating só é importante para explicar o spread, quando combinado com determinadas variáveis. Quando somado à totalidade dos fundamentos num mesmo modelo, ele perde a significância. Assim, o rating soberano do país não parece ter conteúdo informacional para entender as variações do spread Argentino em adição aos fundamentos macroeconômicos do país. Analisando a presença de conteúdo informacional nos ratings a partir do spread Argentino, viu-se que o downgrades foram importantes em relação aos upgrades, ou seja, das 13 emissões, somente 7 downgrades e 1 upgrade geraram mudanças inesperadas no spread. Isso confirma a literatura, que afirma que os downgrades geram mudanças no mercado, em número maior que os upgrades. Confrontando o Brasil e a Argentina, percebe-se que os países possuem algumas similaridades: primeiro, as variáveis relacionadas às contas do setor público e dívidas são importantes para explicar as emissões dos ratings soberanos; segundo, algumas mudanças de rating soberano estão ligadas à variável risco político, principalmente durante o processo de sucessão presidencial e escândalos relacionados aos membros dos três poderes. Estas indicações mostram que o país que deseja ser bem avaliado pelo mercado financeiro internacional deve buscar o equilíbrio destas contas. A mesma atenção deve ser dada ao risco político, por que as incertezas políticas podem contaminar a percepção do mercado e influenciar negativamente os investidores internacionais. 290 Observando as empresas e buscando responder ao segundo objetivo, que se refere ao rompimento do teto soberano pela Petrobras e Repsol-YPF, é possível chegar a algumas conclusões igualmente importantes. Da análise descritiva dos indicadores financeiros, de produção e reservas, perfil administrativo, competitividade e risco tributário pode-se afirmar que muitos explicaram as emissões de rating corporativo da Petrobras. Contudo, o modelo estatístico usando o método ordered logit para os indicadores financeiros somente mostrou que um número reduzido ( EBITDA; DCP/DT) é suficiente para explicar a maioria dos ratings corporativos da Petrobras ao longo do período. Estudando o poder das emissões de rating soberano e corporativo sobre os retornos das ações ordinárias e preferenciais da Petrobras no mercado interno e externo, viu-se que poucos downgrades (dois soberanos e um corporativo) geraram quebras estruturais. Neste caso, os referidos ratings não adicionaram notícias novas ao mercado, além daquelas já disponíveis. Com relação ao rompimento do teto soberano pela Petrobras ocorrido em 18/9/01, verificou-se que alguns indicadores foram importantes para tal. Os indicadores financeiros selecionados no modelo estatístico justificaram satisfatoriamente a emissão do rating que proporcionou o rompimento, tanto no modelo inicial como no alternativo. Mas isso não descarta a contribuição de outros indicadores: de produção, reservas, perfil administrativo e risco tributário. Assim, apesar de o rating poder ser explicado por apenas dois indicadores, o rompimento pode ser endereçado a uma gama maior deles. Entretanto, a emissão do rating causadora do rompimento, não gerou retornos inesperados às ações da empresa, pois já era esperado pelo mercado. Com base nestes resultados e na trajetória empresarial da Petrobras nos últimos 5 anos, é possível concluir que: a empresa ao voltar-se para o mercado ou pró-acionista, mudou a sua estratégia de captação de recursos no mercado financeiro internacional, através do lançamento de ADRs entre outros instrumentos. Paralelamente, amadureceu ainda mais as potencialidades de exploração em águas profundas. Logo, aos olhos do mercado e da Moody’s, a Petrobras é uma empresa que detém maior capacidade de pagamento das dívidas comparativamente ao Brasil. Apesar destes resultados, a Moody’s (2001g) vê com cuidado a empresa no que se refere: (a) acesso controlado pelo Banco Central do Brasil à moeda estrangeira; (b) 291 risco regulatório considerado como uma fonte não estável de obtenção de moeda estrangeira; (c) governo soberano detentor da maioria acionária da empresa, tornando-a engessada com relação a obtenção de capital externo ao Brasil e dependente dos seus próprios recursos para prever o futuro. Já no caso da Repsol-YPF, confrontando os indicadores financeiros, de produção e reservas, perfil administrativo, competitividade e risco tributário com os ratings corporativos, os resultados sugerem que o FCR/DT, FCO/DT, MB, MO, GC/D, RP e lifting cost foram os que melhor explicaram as emissões de rating da empresa no período. Considerando, por sua vez, o modelo estatístico com indicadores financeiros como variáveis explicativas, verificou-se que o rating da Repsol-YPF pode ser bem explicado pelas combinações FCL/DT e DCT/DT ou EBITDA e DCP/DT. A importância dos ratings soberanos e corporativos para os retornos das ações da Repsol-YPF no mercado interno e externo foi parcial, uma vez que somente oito eventos geraram retornos anormais nas referidas ações. Entretanto, verificou-se que os downgrades exerceram maior peso sobre as ações que os upgrades (7:1), corroborando os resultados da literatura e tornando-se similar ao caso da Petrobras. Focando a segunda questão do trabalho, o rompimento do teto soberano pela Repsol-YPF em 1/11/01, não foi confirmado pelos indicadores estudados e, também, não gerou quebra estrutural nas ações da empresa. Ou seja, apesar da queda do teto soberano, a manutenção do rating corporativo da empresa pode ser apontado como sem fundamento. A agência Moody’s (2001h) aponta a Repsol-YPF como uma empresa importante estrategicamente para a indústria de energia da Argentina. Principalmente, no que se refere à geração de moeda estrangeira pela exportação de petróleo cru e gás natural. Somado à exportação, a empresa destina para o mercado interno 50% da produção de petróleo e 60 % de gás natural. Mais ainda, a empresa contabiliza 50% das receitas vindas da exportação e de investimentos no exterior. Neste caso, a agência acredita que uma moratória soberana é mais provável, e não deve envolver uma companhia com essas características. A Moody’s (2001f) indica três fatores como determinantes do rompimento do teto: (a) qualidade do crédito do emitente (incluindo mecanismos de suporte externo); (b) probabilidade de moratória não generalizada em moeda estrangeira; (c) especiais circunstâncias do tomador em termos de acesso a moeda estrangeira. Assim, o rompimento do teto é visto pela agência como fruto da 292 estratégia operacional e resultados financeiros bem sucedidos e da influência positiva da compra de 99,04% da empresa pela Repsol espanhola. As argumentações da agência não refletem os resultados obtidos neste trabalho, o que nos permite afirmar que a emissão do rating corporativo da Repsol-YPF, em 1/11/01 foi devido exclusivamente a notoriedade da empresa e das perspectivas positivas vindas da aquisição. Ao mesmo tempo, ressalta-se que o rating superior ao soberano era esperado pelo mercado e não trouxe valorizações excedentes para os acionistas sejam da Argentina sejam dos EUA. Confrontando os resultados da Petrobras e Repsol-YPF viu-se que as empresas possuem algumas semelhanças: primeiro, um grupo pequeno de indicadores financeiros explicaram as mudanças de rating corporativo. Os indicadores significativos foram: EBITDA, DCP/DT e FCL/DT. Assim, as boas performances dos demais indicadores, dentre eles, de produção, reservas, perfil administrativo e competitividade somente serviram de apoio às emissões de rating corporativo. Segundo, um número igualmente reduzido de mudanças de ratings soberanos e corporativos geraram retornos excessivos nas ações das empresas Petrobras e Repsol-YPF. Observou-se, neste caso, que os downgrades foram mais significativos que os upgrades, como indicou a literatura. Logo, acredita-se que as agências, ao emitirem ratings para empresas e países têm gerado retornos anormais somente quando trazem notícias negativas em relação ao emitente de dívida, embora muitas vezes não tenham surtido efeito. Em suma, os ratings soberanos e corporativos podem se tornar críveis, a medida que passem a informar o mercado e a academia sobre os reais métodos usados no processo de classificação. Também, a medida que procedam uma reavaliação desta metodologia, como forma de melhor analisar os fundamentos dos emitentes e, a partir desta análise, emitirem ratings com conteúdo informacional relevante e não apenas seguindo o risco sistemático ou de mercado. No caso dos países Brasil e Argentina, percebeu-se que os ratings soberanos podem ser explicados por um número pequeno de fundamentos e que os downgrades exerceram uma maior força sobre o spread soberano. Para as empresas Petrobras e Repsol-YPF, viu-se resultados parecidos aos dos países, ou seja, um número reduzido de indicadores explicaram as emissões de rating corporativo; os ratings não geraram retornos em excesso nas ações, mas quando geraram, os downgrades apresentaram-se em maior quantidade que os upgrades. Por último, enquanto que os ratings de ambos países e das empresas são desvendáveis, o 293 rompimento do teto soberano merece estudos mais aprofundados e maiores esclarecimentos sobre essa nova determinação das agências sobre o assunto. Isso por que o rompimento do teto soberano brasileiro pela Petrobras foi compreensível, pois os indicadores mostravam que a empresa vinha caminhando nesta direção. Por outro lado, o rompimento do teto argentino ou a manutenção do rating pela Repsol-YPF quando o teto do país desabava, não foi embasado na performance dos indicadores, mas no status de empresa com notoriedade nacional e internacional, principalmente após a compra pela Repsol espanhola, o que é, no meu ponto de vista, excessivamente subjetivo. 294 Bibliografia AFONSO, A. Understanding the Determinants of Government Debt Ratings: Evidence for the Two Leading Agencies. CISEP Working Paper, February 2002. Disponível em [http: //pascal.iseg.utl.pt/~depteco/wp/wp022002.pdf ]. 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O emitente é muito propenso a não honrar as suas obrigações, por que é fortemente dependente das condições favoráveis nos níveis econômico, financeiro e comercial. Sua definição é idêntica ao do longo prazo para a escala D. Fonte: Elaboração própria baseado em Standard & Poor's , 2002a. 312 Tabela 1.1b Rating Soberano da Argentina, 1993-2001 Moeda Estrangeira Credit Watch Período Rating símbolo em número 06-08-93 B2 8 assigned 16-05-95 on watch 8 possible upgrade 27-09-95 B2 8 confirmed 22-01-96 B1 9 upgrade 02-10-97 Ba3 10 upgrade 03-09-98 on watch 10 possible downgrade 10-02-99 Ba3 10 confirmed 20-08-99 on watch 10 possible downgrade 06-10-99 B1 9 downgrade 28-03-01 B2 8 downgrade 28-03-01 on watch 8 possible downgrade 04-06-01 B2 8 confirmed 13-07-01 B3 7 downgrade 13-07-01 on watch 7 possible downgrade 26-07-01 Caa1 6 downgrade 12-10-01 Caa3 4 downgrade 03-12-01 Caa3 4 confirmed 20-12-01 Ca 3 downgrade Moodys, 2003. Obs.: seniority: senior unsecured USD. debt: par bonds. Tabela 1.1c Rating Soberano da Argentina, 1997-2001 Moeda Doméstica Credit Watch Período Rating símbolo em número 30-01-97 B1 9 assigned 02-10-97 Ba3 10 upgrade 03-09-98 on watch 10 possible downgrade 10-02-99 Ba3 10 confirmed 20-08-99 on watch 10 possible downgrade 06-10-99 B1 9 downgrade 28-03-01 B2 8 downgrade 28-03-01 on watch 8 possible downgrade 04-06-01 B2 8 confirmed 13-07-01 B3 7 downgrade 13-07-01 on watch 7 possible downgrade 26-07-01 Caa1 6 downgrade 12-10-01 Caa3 4 downgrade 03-12-01 Caa3 4 confirmed 20-12-01 Ca 3 downgrade Moodys, 2003. Obs.: seniority: senior unsecured ARS. debt: global bonds. 313 Tabela 1.1d Rating Soberano do Brasil, 1996-02 Moeda Estrangeira Credit Watch Período Rating símbolo em número 22-01-96 B1 9 assigned 03-09-98 B2 8 downgrade 17-08-00 on watch 8 possible upgrade 16-10-00 B1 9 upgrade 12-08-02 B2 8 downgrade Moodys, 2003. Obs.: seniority: Senior Unsecured USD. debt: par bonds. Tabela 1.1e Rating Soberano do Brasil, 1998-02 Moeda Doméstica Credit Watch Período Rating símbolo em número 23-06-98 B2 8 assigned 03-09-98 Caa1 6 downgrade 16-12-99 B3 7 upgrade 17-08-00 on watch 7 possible upgrade 16-10-00 B1 9 upgrade 12-08-02 B2 8 downgrade Moodys, 2003. Obs.: seniority: Senior Unsecured BRL. debt: treasury bonds. ANEXO 3.1 BRASIL Análise Detalhada dos Ratings Soberanos e dos Fundamentos Macroeconômicos Brasileiros de 1994-2002 A Standard & Poor’s classificou como especulativos, os títulos de dívida soberanos em moeda estrangeira de longo prazo em 1 de dezembro de 1994. Esse rating, por ser a reunião de informações passadas a respeito dos fundamentos, refletiu as 314 performances positiva e negativa. Com performance positiva: a taxa de crescimento do PIB real, a NFSP/PIB, a DLSP/PIB, a DELSP/RI e IPC. Mais detalhadamente, a taxa de crescimento do PIB real medida pela média móvel dos últimos 12 meses teve o percentual de 1,01, sendo que o mês de março o de maior crescimento, 12,41%; resultado proveniente do bom desempenho da safra agrícola no mês de março de 1994. A NFSP/PIB estava sob controle, dado o superávit primário de muitos meses. No ano de 1994, seu melhor percentual ocorreu em outubro de 1994, com 6,33%. A DELSP/RI apresentou-se em declínio de janeiro a setembro de 1994, onde seu menor percentual foi de 1,13%; após iniciou trajetória ascendente até abril de 1995. O IPC vinha de uma escalada inflacionária ao redor de 45%, a.m. para o período de janeiro a julho de 1994, mas com a implementação do Plano Real, o índice não ultrapassou a média dos 3,5% a.m. até o final do ano. Com performance negativa: DIV/X e as TC/PIB. A DIV/X e as TC/PIB contribuíram negativamente, no primeiro semestre e, positivamente, no segundo, sendo o melhor desempenho em agosto de 1994, com 11,49% e 61,52%, respectivamente. A Standard & Poor’s reclassificou os títulos soberanos brasileiros em 18 de julho de 1995, para a moeda estrangeira de longo prazo. A nota dada foi B+ com outlook estável – superior a anterior. Essa classificação ocorreu num momento em que o Brasil vivia uma nova fase na economia. Essa nova fase, vinda com a implementação do Plano Real, trouxe uma taxa de inflação próxima de 2% a.m., mas, também, alguns aspectos negativos resultantes da estabilidade de preços, mas que não influenciaram na definição desse rating. A média móvel da taxa de crescimento do PIB real se apresentou fortemente declinante, devido ao desaquecimento da economia. A NFSP/PIB permaneceu com superávit primário, mas em posição mais vantajosa, já nos primeiros meses de 1995. Os meses de junho e julho de 1995 foram os mais positivos desse intervalo, com -3,61% e -3,15%, respectivamente. Com relação as rubricas relacionadas às dívidas, pode-se dizer que a DIV/X teve 16,01%, na média de janeiro a julho de 1995, superior aos seis meses anteriores. A DLSP/PIB aumentou nos meses de janeiro a maio, sendo maio o mês de pico, com 33,44%. Nos meses seguintes voltou a declinar, devido à redução do PIB e aumento do IPC. A DELSP/RI aumentou nos primeiros meses de 1995 e desacelerou nos meses de maio e julho, quando registrou 1,77% e 1,26%, respectivamente. Para as TC/PIB, o primeiro semestre de 1995 apresentou 315 diminuições significativas e déficit de 11,05% em julho, em resposta ao incremento das importações e da conta de serviços do Balanço de Pagamentos. Em função do comportamento dos fundamentos para o período de dezembro de 1994 a julho de 1995, acredita-se que o upgrade do rating não deve ter captado a totalidade dos movimentos negativos, dadas as compensações. Em 20 de dezembro de 1995 – seis meses depois - nova classificação foi dada para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo. A Standard & Poors manteve a nota B+ e melhorou o outlook, de estável para positivo. Apesar de nem todos os sinais emitidos pelos fundamentos levarem a melhora do outlook, pode-se citar os seguintes pontos favoráveis à mudança: a trajetória positiva da taxa de inflação, que no segundo semestre de 1995, manteve-se sempre muito próxima de 1% a.m.; da NFSP/PIB, que apesar de ter aumentado rapidamente, ainda se encontrava com superávit primário; da DIV/X, que reduziu para 9,95%, na média de agosto a dezembro; da DELSP/RI com queda acentuada durante o período de agosto de 1995 a dezembro de 1995, onde registou somente 0,76%. Como aspectos negativos encontraram-se a taxa de crescimento do PIB real, que nos meses de setembro, novembro e dezembro esteve negativa; o contínuo aumento da DLSP/PIB no segundo semestre de 1995; e as TC/PIB com déficit acumulado de (32,51%) em dezembro. Em 19 de junho de 1996, novos ratings foram direcionados para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. A Standard & Poor’s manteve os ratings e os outlooks para a moeda estrangeira, B+ positivo e para a moeda doméstica – primeira avaliação pela Standard & Poor’s -, atribuiu a nota BB e outlook positivo. Dos fundamentos, o IPC, DELSP/RI e as TC/PIB foram as únicas que tiveram um comportamento favorável no período de dezembro de 1995 a junho de 1996. A inflação média desse período foi de 1,59% a.m. com o menor percentual em março de 0,43% a.m.. A DELSP/RI teve trajetória declinante e em junho de 0,49%, a melhor performance. As TC/PIB melhoraram significativamente nesse intervalo, muito embora continuassem com déficit acumulado de 21,73% em junho. A DIV/X registrou redução significativa, sendo o melhor desempenho em maio, com 6,57. Por outro lado, os fundamentos que não corresponderam ao outlook positivo foram: taxa de crescimento do PIB real, apresentou tendência declinante; a NFSP/PIB oscilou entre superávit e déficit primário, mas com tendência de continuidade do déficit; a DLSP/PIB oscilou 316 entre diminuições e aumentos, como resposta à apreciação do câmbio, a alta dos juros e o crescimento negativo do PIB. A quinta reclassificação englobou os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Os ratings emitidos pela Standard & Poor’s, em 2 de abril de 1997, foram BB+ para os títulos em moeda doméstica de longo prazo, com outlook estável. Em moeda estrangeira de longo prazo, as notas foram BB-, também com outlook estável. A melhora das notas para o longo prazo reflete os bons desempenhos da taxa de crescimento do PIB real, nos meses de março e abril; da taxa de inflação de 0,51% a.m. para o período de julho de 1996 a abril de 1997, da NFSP/PIB, que passou de deficitária para superavitária – no conceito primário - em fevereiro de 1997 e da DELSP/RI que se manteve estável durante o período, com média de 0,53%. Com desempenho negativo no período considerado encontra-se a DIV/X, as TC/PIB, com déficit acumulado de 21,73% em junho de 1996 e 40,31% em abril de 1997, e a DLSP/PIB com um total de 34,00% em abril. Uma nova reclassificação dos títulos soberanos emitidos pela Standard & Poor’s ocorreu em 10 de setembro de 1998, para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Para os títulos em moeda doméstica de longo prazo, o rating foi de BB+ com outlook negativo e em moeda estrangeira longo prazo, BB- com outlook negativo. Comparando-se esses ratings aos anteriores, a agência manteve as notas, mas alterou o outlook de estável para negativo. Essa mudança pode ter origem no desempenho negativo dos seguintes fundamentos neste intervalo: a taxa de crescimento do PIB real, a NFSP/PIB, DLSP/PIB e as TC/PIB. A taxa de crescimento do PIB teve tendência declinante. A NFSP/PIB passou de superavitária para deficitária em novembro de 1998, embora, os sinais de deterioração já pudessem ser vistos desde agosto de 1997. As TC/PIB pioraram ao longo do período, devido a dois fatores: o aumento contínuo da conta serviços do Balanço de Pagamentos e ao baixo desempenho do PIB. Com performance positiva estão o IPC, DELSP/RI e a DIV/X. O IPC oscilou entre picos e vales e registrou quatro deflaçõeslxxvii. A DELSP/RI registrou 0,28% em agosto de 1998. A DIV/X se reduziu significativamente a partir de fevereiro de 1998, apesar de apresentar tendência ascendente nos meses seguintes. Em 14 de janeiro de 1999, a Standard & Poor’s rebaixou os ratings dos títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, de BB+ para BB- e de BB- para B+, respectivamente, mantendo o outlook em negativo. O downgrade dado pela agência 317 resultou da fraca performance dos fundamentos, mas também da mudança no regime cambial. Mais especificamente, a taxa de crescimento do PIB real estava negativa por três meses seguidos, de outubro a dezembro de 1998; a DIV/X aumentou de 9,00% em setembro para 18,78% em dezembro; as TC/PIB acentuaram o seu déficit de 48,02% em setembro de 1998 para 82,12% em janeiro de 1999; a DLSP/PIB registrou 50,65% em janeiro; a DELSP/RI passou de 0,89% em setembro para 1,53% em janeiro de 1999. Esses desempenhos negativos não foram contrabalançados pelo superávit primário de (0,01%) na rubrica NFSP/PIB e pela deflação de novembro de 0,19% a.m.. Para esta última rubrica acredita-se que poucos foram os casos em que a deflação agiu positivamente sobre a atividade econômica. O reconhecimento por parte da Standard & Poor’s, de que o país reiniciava as suas atividades normais, depois dos tremores causados pelo novo regime cambial de janeiro de 1999, pôde ser visto em 9 de novembro de 1999, com a mudança do outlook de negativo para estável. Os fundamentos que tiveram contribuição negativa foram: a DIV/X, a DLSP/PIB, DELSP/RI e as TC/PIB. A DIV/X e a DLSP/PIB chegaram ao nível mais alto nível desde 1994. A primeira com 17,14% em fevereiro de 1999 e a segunda com 52,14% em agosto. A DELSP/RI teve média do período de 1,44%. Já as TC/PIB encontravam-se continuamente deficitárias, muito embora com alguma melhora a partir do mês de julho. Por outro lado, a taxa de crescimento do PIB real apresentou seu máximo em março de 1999, de 11,61% com tendência ascendente; o IPC continuou positivo, mas com média de apenas 0,75% a.m., para o período de janeiro a novembro; a NFSP/PIB continuou registrando superávits primários gradativamente maiores a partir de janeiro de 1999, em função dos acertos realizados junto ao FMI. Três meses depois, em 29 de fevereiro de 2000, nova reclassificação foi feita pela Standard & Poor’s, um ano após a flutuação do câmbio. As mudanças se deram no outlook, que passou de estável para positivo e no rating dos títulos em moeda doméstica de longo prazo, que registrou upgrade de BB- para BB. Os títulos em moeda estrangeira mantiveram o rating em B+. Os fundamentos que podem ter contribuído para essa melhora foram: o IPC, que se apresentou positivo no período anterior, com média em 0,55% a.m.; a NFSP/PIB que permaneceu superavitária; e a DLSP/PIB, que esteve declinante nos meses anteriores. Os fundamentos que pouco contribuíram: a DIV/X com 17,25% em janeiro de 2000; as TC/PIB com déficit, apesar da redução da conta serviço do Balanço de Pagamentos, nos primeiros meses de 2000; a taxa de crescimento do PIB 318 real negativa de novembro a janeiro de 2000; e a DELSP/RI que registrou média ascendente, 1,63%, quando comparada ao intervalo anterior. O primeiro rating do ano de 2001 foi realizado em 3 de janeiro, onde a Standard & Poor’s melhorou as notas para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Os títulos em moeda doméstica tiveram o rating alterado de BB para BB+ e a estrangeira de B+ para BB-, com outlook estável. O upgrade foi o resultado da melhora no desempenho da taxa de crescimento do PIB real; do IPC, com média próxima de zero, para o período de fevereiro de 2000 a janeiro de 2001; a estabilidade da NFSP/PIB e da DLSP/PIB. A reversão dos déficits em TC/PIB e da DIV/X possivelmente contribuíram para esse upgrade. A DELSP/RI teve participação negativa nesta reclassificação, dado o seu máximo em junho de 2000 de 2,18%. Em 9 de agosto de 2001, a Standard & Poor’s mudou o outlook para a moeda doméstica e estrangeira, de estável para negativo. Com exceção da NFSP/PIB, que continuava com superávit primário, e da DIV/X, que estava gradativamente reduzindo o seu déficit, os demais fundamentos não apresentaram resultados satisfatórios neste período. A taxa de crescimento do PIB real diminuiu, mesmo registrando 11,04% em março; a inflação se acelerou, chegando a 1,36% a.m. em julho; as TC/PIB pioravam, a DLSP/PIB alcançou em agosto de 2001, o nível mais alto desde 1994, 53,98% e a DELSP/RI oscilou entre o mínimo de 1,37% e o máximo de l,57%. A Standard & Poor’s, quase um ano depois, em 2 de julho de 2002, rebaixou os títulos de dívida em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, mas manteve o outlook negativo. Para a moeda doméstica, o rating passou de BB+ para BB e para a moeda estrangeira, de BB- para B+. O downgrade refletiu o fraco desempenho de alguns dos fundamentos, tais como: a taxa de crescimento do PIB real, a DIV/X, com média de 12,47%, da DELSP/RI, com percentual mínimo de 1,33% no intervalo anterior, e a DLSP/PIB, com aumento de 15% em relação ao último rating, e um novo recorde de 62,08% em julho. Contudo, o comportamento positivo dos demais fundamentos não explicaram a mudança de rating o IPC manteve-se abaixo de 0,9% a.m. de agosto de 2001 a julho de 2002; a NFSP/PIB continuou com superávit primário; e as TC/PIB vinham melhorando em função do superávit do Balanço Comercial. 319 ANEXO 3.2 BRASIL Análise dos Resíduos Recursivos do Spread Soberanos A análise dos resíduos recursivos é importante dentro do contexto, por que mostra a presença de variações bruscas do spread que desobedecem a tendência. Quando os ratings soberanos causam outliers é sinal de que carregam mais informações que o spread, naquele momento. Contudo, outros fatos relevantes podem gerar retornos anormais pelo seu caráter desestabilizador. Na análise dos resíduos recursivos do spread soberano – Gráfico 3.2a – de janeiro de 1998 a dezembro de 2002, percebe-se 5 momentos em que os retornos ficaram acima ou abaixo do desvio-padrão. O primeiro período de outliers encontra-se entre 1998 e 1999, referente aos reflexos tardios da crise da Rússia e a crise cambial do Brasil de janeiro de 1999; o segundo em 2000, em 17/4/00 (observação 573), sem motivo aparente; o terceiro em 23/3/01 (observação 812), também sem motivo aparente; o quarto outlier em 29/11/01 (observação 999), a despeito da relativa calmaria do mercado financeiro; o último bloco considera uma sucessão de retornos anormais no ano de 2002. Entre o dia 30/7/02 (observação 1160), com o incidente Paul O’Neill, quando da acusação feita aos países do Cone Sul de desviar recursos para bancos suíços e o dia 27/9/02 (observação 1205), em função da pesquisa eleitoral apontando Luiz Inácio Lula da Silva, como em primeiro lugar nas pesquisas. Mais detalhes sobre o comportamento do spread Brasil frente ao EMBI/EMBI+ no anexo 3.3. 320 Gráfico 3.2a Outliers nos Resíduos Recursivos do Spread Soberano, jan./98 a dez./02 0.3 0.2 0.1 0.0 -0.1 -0.2 200 400 600 Resíduos Recursivos 800 1000 1200 ± 2 Desvios-Padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: Ano (obs.:inicial;obs. final); 1998 (1; 249); 1999 (250;496); 2000 (497;752); 2001 (753; 1009); 2002 (1010; 1268).] ANEXO 3.3 BRASIL Spread Brasil e EMBI/EMBI+: uma análise descritiva A crise do México/94 certamente repercutiu fortemente nos mercados internos e externos, mas por deficiência de informações torna-se impossível indicar os pontos básicos (pb) correspondentes, pois os dados não estão disponíveis. Já a crise da Ásia/97lxxviii teve forte repercussão em termos de spread Brasil e EMBI/EMBI+lxxix, por apresentarem no início 375 pb e 372 pb e no final 677 e 606 pb, respectivamente, como pode ser visto no Gráfico 3.3a. Apesar da estabilidade dos ratings demonstrar que os soberanos não se encontravam suscetíveis às variações de humor do mercado e às crises financeiras externas, os ratings B, B+, BB+ e BB- pertencem ao grau especulativo, o que afasta os 321 investidores mais avessos ao risco, quando se trata de papéis de países emergentes em períodos de grande incerteza do mercado. A reeleição presidencial de Fernando Henrique Cardoso – FHC – em 1998 gerou expectativas positivas sobre a possibilidade de continuidade da estabilidade econômica. Apesar dos fundamentos não se mostrarem muito satisfatórios e o novo governo apresentar uma agenda repleta de reformas estruturais (previdência, sistema financeiro, judiciário), tudo parecia estar sob controle e em clima favorável, aos olhos dos investidores internacionais. Essa atmosfera de tranqüilidade se dissipou com as crises da Rússia e a recapitalização do LTCM de agosto a setembro de 1998. Elas fizeram com que em 10 de setembro de 1998, o outlook dos títulos soberanos de longo prazo em moeda doméstica e estrangeira passassem de estável para negativo. A crise também provocou aumento do spread de 1483 pb em 9/9/98 para 1734 pb em 10/9/98. O EMBI/EMBI+ de 1464/1500 para 1705/1675 pb, respectivamente. Foram considerados os mais altos até aquela data. No início de 1999, além das pressões vindas da fragilidade da política cambial nacional frente às crises financeiras internacionais, o vazamento da notícia de que o Diretor de fiscalização do Banco Central – Cláudio Mauch - estaria deixando o cargo repercutiu fortemente no spread Brasil e EMBI/EMBI+. Isso por que o mercado estava entendendo que a fragilidade da política econômica já contaminava os seus condutores, o que levaria ao início de uma onda de demissões na diretoria do Banco Central. Como resposta, os preços dos títulos públicos e privados brasileiros na Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa - despencaramlxxx. Foi observado ainda, uma forte corrida por dólares em troca desses títulos, dando início a uma onda de desvalorizações do Real. O aumento das especulações em torno desses fatos, mais a espiral da desvalorização e as dúvidas sobre a capacidade do Banco Central de seguir intervindo no mercado de câmbio, fez com que o Índice Bovespa – Ibovespa - caísse nos dias anteriores a 14 de janeiro de 1999. 322 Gráfico 3.3a E v o lu ç ã o d o S p r e a d B r a s il, E M B I/E M B I+ e d o s R a t in g s S o b e r a n o s , 1 9 9 4 - 2 0 0 2 14 12 2500 10 2000 8 1500 6 1000 Ratings em Números Spread Brasil e EMBI/EMBI+ (pontos básicos) 3000 4 500 2 31-12-02 11-11-02 23-09-02 05-08-02 17-06-02 29-04-02 11-03-02 21-01-02 30-11-01 12-10-01 22-08-01 04-07-01 15-05-01 27-03-01 06-02-01 15-12-00 27-10-00 08-09-00 21-07-00 01-06-00 11-04-00 22-02-00 04-01-00 11-11-99 22-09-99 02-08-99 09-06-99 20-04-99 25-02-99 07-01-99 12-11-98 23-09-98 04-08-98 15-06-98 24-04-98 05-03-98 13-01-98 0 01-12-94 0 P e r ío d o EMBI E M B I+ S p r e a d B r a s il M o e d a D o m é s t ic a L o n g o P r a z o . M o e d a E s t r a n g e ir a L o n g o P r a z o Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). 323 Após muita incerteza com relação a manutenção do câmbio fixo frente aos ataques especulativos contra o Real, no dia 14 de janeiro de 1999 o câmbio foi liberado. O caráter inevitável da liberação e as profundas discordâncias do Presidente do Banco Central - Gustavo Franco -, sobre os rumos da política monetária e cambial, desembocaram na sua demissão e substituição por Francisco Lopes. Paralelamente, nos primeiros dias do segundo mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso – 6 de janeiro de 1999, o Governador de Minas Gerais - Itamar Franco - decretou a suspensão do pagamento das dívidas do Estado por 90 dias, repercutindo internamente e externamente. Internamente, por que o Governo Federal viu como a porta de entrada de outros pedidos de moratória estaduais e, externamente, por que deixou o Fundo Monetário Internacional – FMI - em estado de alerta, devido ao entendimento de que uma moratória federal poderia estar a caminho. A junção desses fatores econômico-políticos levaram ao rebaixamento do rating soberano em 14 de janeiro de 1999, com manutenção do outlook negativo. O rebaixamento contribuiu ainda mais para o acirramento do movimento de vendas dos títulos de dívida brasileiros (INVERTIA, 16/10/00). Esses fatos levaram o spread Brasil de 1198 pb em 6/1/99 para 1796 pb em 14/1/99 e o EMBI/EMBI+ de 1031/1090 pb para 1522/1487 pb no mesmo período. Os reflexos da mudança cambial não perduraram por muitos dias, como pode ser visto no spread Brasil, que baixou para 1306 pb em 20/1/99. Entretanto, em 2 de fevereiro de 1999, o Presidente do Banco Central, Francisco Lopes é demitido e entra em seu lugar o economista Armínio Fragalxxxi, que novamente acirrou a incerteza do mercado sobre a política econômica. Isso reverteu a tendência de queda do spread Brasil, levando-o para 1723 pb em 25/1/99, dia da divulgação do escândalo. Esse nervosismo foi se abrandando ao longo de todo o ano de 1999, chegando em 3/1/00 um spread Brasil de 618 pb, abaixo do EMBI/EMBI+ de 792/802 pb. Essa nova fase da estabilidade do mercado interno e externo repercutiu num upgrade em 29 de fevereiro de 2000, promovido pela Standard & Poor’s para os soberanos de longo prazo em moeda doméstica e estrangeiralxxxii. Esse upgrade foi a concretização dessa fase e agiu favoravelmente sobre o spread Brasil, que registrou 689 pb com tendência de queda. Acredita-se que o rating mais a estabilidade da economia tenham contribuído para um spread declinante. 324 Em 3 de janeiro de 2001, novo upgrade foi dado pela Standard & Poor’s para os ratings soberanos. Essa boa notícia e a ausência de fatos desequilibradores fizeram com que o spread Brasil registrasse 730 pb neste dia, abaixo do EMBI/EMBI+ com 848/743 pb. Essa reclassificação foi vista pelo mercado como o reconhecimento pela agência de rating, de que o país havia se recuperando das crises passadas. Em outras palavras, o novo regime cambial e uma série de resultados positivos vindos do cumprimento dos objetivos fiscais do Governo Federal estavam sendo vistos com bons olhos pelo mercado externo e principais credores. No ano de 2001, os ratings soberanos em moeda estrangeira de longo prazo permaneceram constantes, embora o outlook tenha sido reavaliado em 9 de agosto, de estável para negativo. Conforme a agência Standard & Poor’s, essa mudança de outlook foi uma resposta à estrutura e nível de endividamento públicolxxxiii e ao racionamento de energia. A repercussão no spread Brasil não foi significativa se comparada aos dias anteriores e posteriores a mudança de outlook. O spread foi de 920 pb, sendo a média da semana de 6 a 10/8/01 de 918 pb. Contudo, já era possível perceber uma tendência de alta a partir de março de 2001, resultado de acontecimentos políticos internos e externos. Os principais fatos internos foram: a) as contínuas desvalorizações do Real fruto da baixa flexibilidade da Balança Comercial; b) a redução da liquidez do mercado através do aumento da taxa SELIC de 18,25% a.a. para 19% a.a., apesar do viés de redução apontado na reunião do COPOM de 20 de junho de 2001; c) o escândalo político que envolveu a renúncia do Senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em 6 de outubro de 2001lxxxiv; d) o aumento do compulsório sobre os depósitos a prazo e demais instrumentos de redução da liquidez ( por exemplo: os tradicionais leilões semanais de Letras do Tesouro Nacional – LTN - prefixadas e pós-fixadas e a venda à vista de dólares e títulos cambiais); e) a publicação da previsão do Banco Central para o Investimento Estrangeiro Direto – IED – apontando uma redução de US$ 32,8 bilhões em 2000 para US$ 19 bilhões em 2001 e US$ 16 bilhões em 2002 (Estadão, vários números). Os principais fatores externos que influenciaram a alta do spread Brasil foram: a) o ataque terrorista aos EUA em 11 de setembro e sucessivos contra ataques ao Afeganistão. No dia 13 de setembro de 2001, primeiro dia de pregão após o ataque, o spread teve um crescimento de 64 pb em relação ao dia anterior e tendência crescente pelos próximos dois meses. Em 8 de outubro de 2001, dia da contra ofensiva dos EUA 325 ao Afeganistão, o spread Brasil alcançou 1256 pb, o maior desde o ataque de 11 de setembro e também desde março de 1999 – período configurado como de ajuste da economia ao novo regime cambial. b) o desaquecimento da economia global, particularmente a dos EUA e do Mercosul. O queda no crescimento da economia dos países do Mercosul foi em resposta a redução do fluxo de capitais para os países emergentes; c) os sucessivos rebaixamentos promovidos pela Standard & Poor’s aos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo da Argentina, a partir de outubro de 2000. O rebaixamento que mais foi sentido pelo spread Brasil ocorreu em 12 de julho de 2001, quando registrou 1028 pb, seguido do spread de 9 de outubro de 2001 (1232 pb), quando os soberanos da Argentina passaram de grau especulativo para grau de default.lxxxv. Os últimos meses de 2001 e início de 2002 caracterizaram-se pela relativa calmaria do mercado financeiro interno e externo, como pode ser observado na tendência de queda do spread Brasil e EMBI/EMBI+. Um sobressalto ocorreu em 29/11/01 quando o spread Brasil alcançou 983 pb e o EMBI/EMBI+ 909/1061 pb. Em 16 de abril de 2002, o spread Brasil além de iniciar o descolamento do EMBI/EMBI+, passou a registrar trajetória ascendente. Essa escalada pode ter sido o resultado de dois principais motivos ligados a política internalxxxvi. Em 13 de abril, a pré-candidata Roseana Sarney renuncialxxxvii. Esse episódio desencadeou forte desajuste entre os partidos políticos e gerou desconfianças generalizadas entre os candidatos à sucessão presidencial. Neste mesmo dia, as pesquisas eleitorais no Brasil apontaram o candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva como líder nas pesquisas, com 35% das intenções de voto e José Serra, candidato do governo, em segundo lugar, com 18% dos votos. Essa pesquisa trouxe forte apreensão ao mercado financeiro, por que haviam desconfianças de que Lula, um candidato de esquerda, não cumpriria com os contratos e não daria continuidade à estabilidade econômica conquistada no Plano Real (Estadão, 16/4/2002). Os downgrades dos ratings soberanos de longo prazo em moeda doméstica e estrangeira, dados pela Standard & Poor’s em 2 de julho de 2002, reforçaram a tendência de alta do spread Brasil, que registrou 1682 pb, o dobro do registrado para o EMBI/EMBI+lxxxviii com 916/835 pb. O spread Brasil registrou 2390 pb frente aos 958 pb do EMBI+, em 30 de julho de 2002, resultado das contínuas desvalorizações do Real motivadas pelo aumento da 326 demanda por dólar. Esse comportamento foi fruto de expectativas negativas por parte dos investidores, de que o Banco Central não possuía, até aquele momento, reservas internacionais suficienteslxxxix para prosseguir na intervenção diária no câmbio ( ESTADÃO, 29/7/2002). Nesse momento de crise adiciona-se o “quase-incidente” diplomático envolvendo o Brasil e os EUA. Ele aconteceu em 30 de julho de 2002, quando o Secretário do Tesouro Norte Americano - Paul O’Neill - afirmou que os países do Cone Sul, incluindo o Brasil, desviavam recursos de ajudas internacionais para contas na Suíça. Apesar das reparações feitas pelo Secretário, o incidente causou nervosismo no mercado, que já se encontrava inquieto com as declarações do Ministro Pedro Malan sobre os candidatos à presidência da República. Malan afirmava que os candidatos, em especial, os oposicionistas, deveriam explicitar melhor os compromissos com a estabilidade econômica, equilíbrio fiscal e respeito aos contratos (ESTADÃO, vários números). O spread Brasil estava na casa dos 2000 pb e com leve tendência de queda entre agosto e setembro de 2002. Em 13 de agosto de 2002, o spread Brasil apresentou pico de 2284 pb, em virtude do rebaixamento realizado pela Moody’s para os soberanos em moeda estrangeira de longo prazo, entre outros papéisxc. Este procedimento, apesar de ter sido posterior ao rebaixamento dos soberanos em moeda doméstica e estrangeira brasileiros realizado pela Standard & Poor’s, em 2 de julho de 2002, afetou o mercado que já se encontrava bastante vulnerável. Aliado a isso, o Banco de Investimento Morgan Stanley reduziu as recomendações em relação à dívida soberana dos países da América Latina, rebaixando os títulos para a categoria underperformxci, com exceção do México. A alegação do banco foi de que os papéis dessa região estavam continuamente vulneráveis ao efeito Brasil (ESTADÃO, 13/8/2002). No front internacional, se acirrou as negociações dos EUA com o Iraque para o desarmamento. Indiretamente, refletiu nos preços do petróleo que subiram mais uma vez, pressionando a inflação interna. Este clima de tensão interna e externa fez com que em 27 de setembro de 2002, o spread Brasil batesse um novo recorde de 2443 pb, o maior desde 1994. Neste dia, poucos negócios foram realizados nas bolsas do país, devido ao forte temor dos investidores sobre os rumos eleitorais no Brasil, mais especificamente, com relação ao segundo turno das eleições. Pelas pesquisas eleitorais, a perspectiva seria de uma 327 disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Antony Garotinho, ambos da oposição. Essa incerteza se deu em função de José Serra, candidato do governo, estar em quarto lugar, atrás de Ciro Gomes, também oposicionista (ESTADÃO, 27/9/2002). O início da tendência de queda do spread Brasil só ocorreu após o primeiro turno das eleições, em 7 de outubro de 2002. Entretanto, muitos eventos contribuíram para a escalada do spread Brasil no segundo semestre de 2002. Como fatores internos pode-se citar as mudanças: (a) na meta de inflação pelo Banco Central para 2003 de 3,25% a.m. para 4% a.m., com aumento da tolerância de 2% para 2,5%; (b) nas regras de ajuste dos títulos embutidos nas carteiras dos fundos de investimentos. Como fatores externos: (a) os escândalos contábeis da WorldCom, da Vivendi e da Xerox; (b) o cancelamento de contratos comerciais com a Argentina, em função da crise interna naquele país, além da promessa do Presidente Eduardo Duhalde de antecipar as eleições para março de 2003xcii; (c) a desaceleração da economia norte-americana (STANDARD & POOR’S, 2002; ESTADÃO, vários números). Para que fosse rompido o processo de desvalorização do Real e demais efeitos negativos dessa especulação sobre um possível rebaixamento dos ratings brasileiros, a Standard & Poor’s apontou como solução para a crise, a busca de financiamento da dívida públicaxciii, considerada a mais alta dentre os países emergentes (Standard & Poor’s, 2003). O impeditivo, neste momento, era a gradativa redução dos canais de financiamento em nível mundial, principalmente após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA e o enfraquecimento dos fluxos de capitais, com a recessão da economia global. Para a Standard & Poor’s o que vinha sustentando o rating soberano brasileiro era: (a) o perfil da dívida predominantemente em reais e direcionada para o mercado interno. Ou seja, uma conta capital aberta e devidamente controlada pelo Banco Central, que enfraquece a saída de capitais especulativos originados, principalmente, da classe média. (b) a consistência da política econômica representada por um sistema de câmbio flutuante; (c) estratégias de inflação “bem” definidas; (d) a consolidação fiscal ao longo dos anos de 1994-2002 (STANDARD & POOR’S, 2001c). No campo político, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi confirmada um dia após as eleições do segundo turno, que se realizou em 27 de outubro de 2002. No dia 28 de outubro, o spread Brasil registrou 1850 pb e o EMBI+ 899 pb. Se comparados a 27 de setembro de 2002, verifica-se que foram reduzidos em 593 pb e 138 pb, 328 respectivamente. Após essa data, o spread iniciou trajetória descendente e novamente correlacionada ao EMBI+, mas em patamar superior. O Quadro 3.3a apresenta o movimento do spread em pontos básicos (pb) anterior e posterior a mudança de rating soberano de dezembro de 1995 a julho de 2002. Pode-se perceber que os upgrades e mudanças favoráveis de outlook repercutiram em quedas do spread Brasil. Por outro lado, os downgrades levaram aos aumentos no spread. Em função desse comportamento, aponta-se uma correlação negativa entre o rating soberano e o spread Brasil dentro do período considerado. Contudo, não pode-se deixar de mencionar que a presença de fatos importantes podem também levar ao aumento do spread e esse, por sua vez, influenciar negativamente no rating soberano futuro. Este último caso pode ser visto no Quadro 3.3b. Quadro 3.3a Movimentos do Rating e Spread Brasil frente às Mudanças de Rating Soberano, 1995-2002 Em pontos básicos Período Credit Watch Rating ex ante ⇒ novo Rating Spread Brasil ex em moeda estrangeira de longo ante ⇒ Spread prazo Brasil ex post1 20-12-95 Upgrade B+ estável ⇒ B+ positivo nd⇒ 933 19-06-96 Confirmado B+ positivo ⇒ B+ positivo 748⇒681 02-04-97 Upgrade B+ positivo ⇒ BB- estável 469⇒404 10-09-98 Downgrade BB- estável ⇒ BB- negativo 1483⇒1618 14-01-99 Confirmado BB- negativo ⇒ B+ negativo 1682⇒1398 09-11-99 Upgrade B+ negativo ⇒ B+ estável 782⇒779 29-02-00 Upgrade B+ estável ⇒ B+ positivo 693⇒688 03-01-01 Upgrade B+ positivo ⇒ BB- estável 768⇒733 09-08-01 Downgrade BB- estável ⇒ BB- negativo 904⇒912 02-07-02 Downgrade BB- negativo ⇒ B+ negativo 1599⇒1727 Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003), Mecon (2003). Nota: 1 O spread dos anos de 1995, 1996 e 1997 referem-se ao mês anterior e posterior. Os demais ao dia anterior e posterior. nd = não disponível. 329 Quadro 3.3b Movimentos do Spread Brasil em função de Eventos Importantes, 1995-2002 Em pontos básicos Período Eventos Importantes Spread Brasil ex ante ⇒ Spread Brasil ex post 31/10/1997 Crise da Ásia 360 ⇒ 5721 27/08/1998 Crise da Rússia 1239⇒1434 10/09/1998 LTCM 1483⇒1613 06/01/1999 Moratória do Estado de Minas Gerais – 1133⇒1228 Governo de Itamar Franco 14/01/1999 Crise Brasileira: mudança do regime 1682⇒1393 cambial, demissões de Cláudio Mauch e Gustavo Franco e admissão de Francisco Lopes 02/02/1999 Demissão de Francisco Lopes e 1369⇒1306 admissão de Armínio Fraga 20/06/2001 Reunião do COPOM 878⇒843 11/09/2001 Ataque terrorista aos EUA 972⇒1025 06/10/2001 Cassação do Senador Jader Barbalho 1246⇒1253 08/10/2001 Contra ataque dos EUA ao Afeganistão 1246⇒1232 16/04/2002 Renuncia a pré-candidatura de Roseana 748⇒733 Sarney e pesquisa eleitoral apontando Lula como em primeiro lugar 30/07/2002 Incidente Paul O’Neill e declarações de 2164⇒2307 Pedro Malan 13/08/2002 Banco de Investimento Morgan Stanley 2221⇒2155 27/09/2002 Pesquisa eleitoral apontando Lula como 2227⇒2398 em primeiro lugar 07/10/2002 Primeiro turno das eleições 1972⇒2083 presidenciais, ajuste dos títulos nas carteiras de investimento, previsão da inflação para 2003, escândalos da Worldcom, Vivendi e Xerox. 27/10/2002 Segundo turno das eleições presidenciais 1785⇒1850 com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva Fonte: Elaboração do autor baseada em JPMorgan (2003) e Mecon ( 2003). Nota: 1 Considerou-se como spread ex ante à crise da Ásia, 30 de setembro e como ex post, 28 de novembro de 1997. 330 ANEXO 4.1 ARGENTINA Análise Detalhada dos Ratings Soberanos e dos Fundamentos Macroeconômicos Argentinos de 1993 a 2002 A Standard & Poor’s, em agosto de 1993xciv, emitiu o primeiro rating soberano para a Argentina. Ele se referiu aos títulos em moeda estrangeira de longo prazo, cuja nota foi BB- com outlook estável, pertencente ao grau especulativo. No ano seguinte – 1994 -, duas novas reclassificações foram dadas para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo; a primeira, em 4 de fevereiro de 1994xcv, BB- com outlook positivo; e a segunda, em 22 de agosto, referente a sua confirmação. Um mês depois – setembro de 1994 – foi indicado o rating para os títulos em moeda doméstica de longo prazo, BBBcom outlook positivo. Os ratings emitidos no período de agosto de 1993 a setembro de 1994 não foram analisados, por que os dados dos fundamentos macroeconômicos referente ao período anterior não estão disponíveis. Assim, as análises dos ratings soberanos argentinos iniciaram com o rating emitido em 8 de março de 1995, para ambas as moedas – doméstica e estrangeira – de longo prazo. Em 8 de março de 1995 foi emitida a quarta reclassificação para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo e a primeira para os títulos em moeda doméstica de longo prazo. Para a moeda estrangeira de longo prazo, a Standard & Poor’s indicou o rating BB- com outlook estável, que em relação ao rating anterior, BB- positivo, representou um rebaixamento. O mesmo downgrade foi dado para os títulos em moeda doméstica de longo prazo, que passaram de BBB- com outlook positivo para BBB- com outlook estável. Esse rebaixamento foi uma resposta a performance negativa da taxa de crescimento do PIB real, do IPC, do SP/PIB, da DIV/X, da DLSP/PIB e da DELSP/RI. Mais detalhes: o PIB, no trimestre, cresceu apenas 0,36% , sendo o pior desempenho no primeiro trimestre de 1994 com – 4,97% e o melhor, no segundo trimestre, 10,53%. Esse bom desempenho de 10,53% foi causado pela safra agrícola, comportamento similar ao do Brasil. A taxa de inflação – IPC – registrou aumento acentuado nos três primeiros trimestres de 1994, seguido de queda no último trimestre. A máxima de 1,82% ocorreu no terceiro trimestre de 1994. A SP/PIB passou de 0,31% para 0,82%, nos primeiros trimestres de 1994 e iniciou tendência de queda nos trimestres seguintes. 331 A DIV/X registrou 20,22% no quarto trimestre de 1994, percentual considerado problemático pela Standard & Poor’s. Com relação às dívidas – DLSP/PIB e DELSP/RI, pode-se dizer que a DLSP/PIB se apresentou, no ano de 1994, ora com aumentos ora com diminuições, sendo o primeiro trimestre o de maior percentual, 31,25%. A DELSP/RI, por sua vez, obteve acentuado aumento ao se considerar o quarto trimestre de 1994 e primeiro de 1995; passou de 599,63% para 1047,23%, respectivamente. A TC/PIB foi o único fundamento que melhorou no período imediatamente anterior ao rating de março de 1995, apesar do saldo negativo em todo o ano de 1994. A Standard & Poor’s reclassificou os títulos soberanos argentinos em 2 de abril de 1997 – dois anos depois do último rating -, para as moedas estrangeira e doméstica de longo prazo. Para os títulos em moeda estrangeira de longo prazo foi dado um upgrade, ao passar de BB- com outlook estável para BB com outlook estável. Com relação aos títulos em moeda doméstica de longo prazo, o rating permaneceu com a nota BBB- e outllok estável. Essa boa performance se deveu ao desempenho favorável do PIB e do IPC; as recuperações temporárias da SP/PIB, da DIV/X e da TC/PIB; e tendência declinante da DELSP/RI. A DLSP/PIB foi o único fundamento que não correspondeu aos ratings e outlooks recebidos. Alguns detalhes: o PIB registrou queda expressiva considerando o último trimestre de 1994 e o primeiro de 1995, de 1,52% para –7,53%. Depois passou a ter sucessivos incrementos, chegando ao máximo no segundo trimestre de 1996, com 10,22%, que se deve a sua sazonalidade. A recuperação do PIB nos trimestres anteriores ao rating foi a base para o upgrade. A taxa de inflação se mostrou controlada durante o intervalo entre as reclassificações. A média trimestral desse período foi 0,12%, sendo que o primeiro e segundo trimestres de 1996 situaram-se em –0,57% e 0,09%, respectivamente. O SP/PIB conseguiu um longo período de superávits, sendo os trimestres mais positivos, o segundo e quarto de 1995. Após iniciou uma trajetória de déficits, que deram suporte à mudança desfavorável do rating. A DIV/X oscilou no intervalo entre as reclassificações, em torno da média de 17,77%. Conforme salientado, para a Standard & Poor’s é um valor preocupante, uma vez que as exportações apresentaram um comportamento constante ao longo desse intervalo, não permitindo o acompanhamento dos aumentos da dívida externa do setor público. As TC/PIB apresentaram déficits durante os anos de 1995 e 1996, com exceção do segundo trimestre de 1995, que pode ser o resultado da boa safra agrícola, conforme pôde ser 332 visto pelo crescimento do PIB real. Por isso, é possível dizer que o desempenho das TC/PIB não ajudaram na melhora dos ratings soberanos, até aquela data. A DELSP/RI ao longo do período compreendido entre as duas reclassificações, mostrou-se declinante, mas com leves aumentos e diminuições Esse comportamento é visto como favorável e pode ter influenciado positivamente o rating. Por outro lado, a DLSP/PIB não contribuiu na mesma direção das demais variáveis. Desde o terceiro trimestre de 1994 registrou trajetória levemente ascendente e média de 33,52%. Algumas tréguas são observadas: a primeira, no quarto trimestre de 1995 e a segunda, no segundo trimestre de 1996. Como a DLSP/PIB vendo sendo considerada uma das principais variáveis do processo de rating, o upgrade deve ser o resultado dessa performance. Em 22 de julho de 1999 – mais de dois anos da última reclassificação -, a agência Standard & Poor’s reclassificou os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, com BBB- e outlook negativo e BB com outlook negativo, respectivamente. Comparativamente ao rating de 2 de abril de 1997, a agência indicou um downgrade em virtude do fraco desempenho das variáveis selecionadas, com exceção do SP/PIB e DELSP/RI. A taxa de crescimento do PIB real registrou queda acentuada a partir do terceiro trimestre de 1998, passando para negativo a partir do terceiro trimestre de 1998. O IPC continuou apresentando deflações durante o período entre as reclassificações. Como a deflação é associada a recessão, pode-se apontar como um dos piores trimestres que antecederam o rating de julho de 1999, com –0,61%. O primeiro e segundo trimestres de 1999 apresentaram –0,44% e –0,60%, respectivamente. A DIV/X também mostrou performance negativa. Apesar de alguns trimestres registrarem desaceleração, a DIV/X chegou ao valor de 27,95% no primeiro trimestre de 1999, caracterizado como o mais alto desde o início do processo de rating. As TC/PIB, por sua vez, estiveram negativas em todo o intervalo entre as reclassificações – de 2 de abril de 1997 a 22 de julho de 1999 – em virtude do baixo desempenho das exportações. Assim, apesar dos saltos observados no segundo trimestre de 1997, de 1998 e de 1999, estes fundamentos não proporcionaram a recuperação necessária para tornar o saldo positivo. A DLSP/PIB continuou a trajetória dos trimestres anteriores, como pode ser visto pela média ascendente de 36,58%, com máxima de 41,95%, no primeiro trimestre de 1999. O mesmo não aconteceu com a DELSP/RI. A DELSP/RI mostrou-se declinante em alguns trimestres dentro do intervalo analisado – segundo, terceiro e quarto trimestres de 1998 - e ascendente nos 333 demais – quarto de 1998 e primeiro e segundo de 1999. O percentual relativo ao DELSP/RI de mais alto valor foi observado no terceiro trimestre de 1999, 616,61%. Com performance positiva também encontra-se o SP/PIB. Ele mostrou-se com tendência ascendente no intervalo entre as classificações, apesar de alguns registros de quedas. Os trimestres mais expressivos foram o terceiro de 1997 com 0,28%, segundo de 1998 com 0,37% e primeiro e segundo de 1999 com 0,93% e 0,57%, respectivamente. O primeiro trimestre de 1999 pode ser apontado como o mais expressivo frente aos anteriores. Em menos de sete meses, em 10 de fevereiro de 2000, a Standard & Poor’s reclassificou os títulos argentinos emitidos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. A agência indicou um upgrade para ambas as modalidades, sendo que para a primeira foi dada a nota BBB- com outlook estável e para a segunda, BB com outlook estável. A mudança do outlook foi o resultado do bom desempenho dos fundamentos: TC/PIB e DELSP/RI. Os demais fundamentos pouco auxiliaram nessa melhora dos ratings. O PIB declinou de 8,07% no segundo trimestre de 1999 para –6,70% do primeiro trimestre de 2000. O desempenho pouco satisfatório desse fundamento mostrou o baixo potencial da economia argentina nos últimos 6 anos – ou seja, desde a primeira emissão de rating pela Standard & Poor’s. O IPC, neste curto espaço de tempo, saiu de uma deflação de –0,39% em média, para uma inflação de 0,32%. Ele também não mostrou sinais de que a economia esteja em processo de recuperação, por que nesse caso, é comum ocorrer alguma inflação mais significativa. A DLSP/PIB passou de 41,67%, no terceiro trimestre de 1999 para 42,10%, no quarto trimestre de 1999 para 45,45%, no primeiro trimestre de 2000. Essa trajetória não deve ter auxiliado no último upgrade dado pela Standard & Poor’s, apesar desse fundamento ser importante no processo de classificação. A DELSP/RI, por sua vez, declinou de 653,31% do terceiro trimestre de 1999 para 553,44% do quarto trimestre de 1999, mas voltou a subir no primeiro trimestre de 2000, com 584,57%. O declínio observado no final de 1999 possibilitou a sua desaceleração, depois de iniciada uma trajetória ascendente no quarto trimestre de 1998. A DIV/X, assim como as demais rubricas relacionadas as dívidas, não ajudou na melhora do outlook, uma vez que aumentou consecutivamente, do segundo trimestre de 1999 ao primeiro de 2000. No trimestre da mudança de outlook, a relação DIV/X foi de 25,10%. As TC/PIB, após uma leve recuperação no segundo trimestre de 1999, voltaram a apresentar declínio e o saldo 334 manteve-se com média de -1,15%. Este último fundamento, também não conformou o upgrade recebido. No que se refere ao SP/PIB, ele apresentou declínio nos últimos trimestres de 1999, após longo período de aumento. Contudo, esse comportamento não foi seguido no trimestre seguinte, quando chegou ao superávit de 0,13%, positivo apesar de baixo, frente as circunstâncias econômicas do país. Em 31 de outubro de 2000, oito meses depois do último upgrade dado pela Standard & Poor’s, a agência indicou um novo downgrade para as dívidas emitidas em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Para a moeda doméstica de longo prazo foi dado o rating BBB- com outlook negativo e para a moeda estrangeira, BB com outlook negativo. Os fundamentos que levaram a queda do rating foram: IPC, TC/PIB e DLSP/PIB. Os demais fundamentos apresentaram desempenhos favoráveis, mas não conseguiram evitar o rebaixamento: PIB, SP/PIB, DIV/X e DELSP/RI. A taxa de crescimento do PIB real registrou 7,83% no segundo trimestre de 2000, mas que não foi suficiente frente às quedas do primeiro e terceiro trimestres, -6,70% e -2,98%, respectivamente. Pode-se dizer que o desempenho do PIB não correspondeu às expectativas da agência Standard & Poor’s. A taxa de inflação – IPC – também não reagiu a ponto de mostrar alguma recuperação da economia. O IPC registrou 0,06% no terceiro trimestre de 2000 e –0,43% no último trimestre de 2000. O SP/PIB, além de positivo, apresentou dois trimestres consecutivos de crescimento, 0,13% no primeiro trimestre de 2000 e 0,71% no segundo trimestre de 2000 e queda para 0,19%, no terceiro trimestre de 2000. Essa queda pode ter ajudado no rebaixamento dos ratings. Também, é possível afirmar, ao se observar os dados passados do SP/PIB, que o segundo trimestre de 2000 foi o terceiro maior percentual – positivo - ao longo do período analisado. A DIV/X registrou 25,10% no primeiro trimestre de 2000 e 19,66% no segundo trimestre de 2000, uma queda de 5,44 pontos percentuais. Contudo, essa trajetória não foi continuada, por que no trimestre seguinte, a DIV/X voltou a subir para 21,37%. A melhora deve ter sido motivada pelo aumento das exportações resultantes da boa safra agrícola. É possível que o fraco desempenho da DIV/X tenha auxiliado na queda dos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. As TC/PIB continuaram a ter saldo negativo entre as reclassificações, apesar de se observar alguma recuperação no segundo trimestre de 2000, quando comparado aos três últimos trimestres. Por outro lado, nos trimestres que antecederam a reclassificação de outubro de 2000, a relação voltou a piorar, registrando -0,80%. Em relação às dívidas, pode-se 335 afirmar que tanto a DLSP/PIB como a DELSP/RI mostraram-se relativamente constantes. Por isso, acredita-se que essas duas rubricas referentes as dívidas do setor público não tenham contribuído para o agravamento dos ratings, mas unicamente confirmado as reduzidas possibilidades de recuperação no curto prazo. Uma nova reclassificação foi indicada pela Standard & Poor’s em 14 de novembro de 2000, apenas quatorze dias após ao último downgrade. Os títulos emitidos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo receberam os ratings BB com outlook estável e BB- com outlook estável, respectivamente. Esses downgrades foram considerados os mais significativos em relação aos anteriores, por que a mudança não foi somente de outlook, mas um notching down nos ratings. Os fundamentos que mais contribuíram para o rebaixamento foram: PIB, IPC, DIV/X, DLSP/PIB, SP/PIB e DELSP/RI. Por outro lado, a melhora das TC/PIB não foram suficientes para evitar o downgrade. A taxa de crescimento do PIB real registrou queda de –0,50% no quarto trimestre de 2000, muito embora tenha tido, anteriormente, duas taxas positivas de 0,14% e 0,43%, no segundo e terceiro trimestres de 2000, respectivamente. A taxa de inflação continuou a apresentar o mesmo comportamento dos trimestres passados, ora inflação perto de zero, ora deflação. . As TC/PIB melhoraram, apesar de permanecerem com saldo negativo. Com relação as dívidas é possível afirmar que todas tiveram desempenho negativo entre as reclassificações. A DIV/X apresentou percentual de 22,14% no quarto trimestre de 2000 contra 21,37% do trimestre anterior, representando crescimento positivo pelo segundo trimestre consecutivo. Com relação a DLSP/PIB e a DELSP/RI, verificou-se que não oscilaram significativamente no período entre as classificações. Por outro lado, o SP/PIB passou para deficitário com –0,04% no quarto trimestre de 2000. Essa mudança de rumo do SP/PIB, nos dois últimos trimestres de 2000, deve ter colaborado para o downgrade. A partir desse momento, os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo passaram a receber contínuos downgrades, num prazo de poucos dias. Essa sucessão de rebaixamentos fez com que as análises seguintes fossem agrupadas, como segue: Grupo 1 (19/3/01; 26/3/01); Grupo 2 (8/5/01; 6/6/01; 12/7/01) e Grupo 3 (9/10/01; 30/10/01; 6/11/01). Para a fixação de intervalos maiores entre as reclassificações, considerou-se a primeira data de cada grupo. No Grupo 1, as dívidas receberam dois downgrades da Standard & Poor’s, em 19 de março de 2001 e 26 de março de 2001. Para a moeda doméstica de longo prazo 336 foi indicado os ratings BB com outlook negativo e B+ com outlook negativo, respectivamente. Para a moeda estrangeira de longo prazo foi dada as notas de BB- com outlook negativo e B+ com outlook negativo, respectivamente. Dos fundamentos selecionados, nenhum conseguiu melhorar as performances. Alguns detalhes: o PIB registrou percentual negativo de 6,79% com tendência declinante. O IPC, conforme já salientado, continuou perto de zero e com deflações. O último trimestre de 2000, a inflação foi de –0,43%, enquanto que no primeiro de 2001, de 0,05%. A DIV/X, a DLSP/PIB e a DELSP/RI tiveram percentuais crescentes nos trimestres que antecederam o downgrade. No primeiro trimestre de 2001, a DIV/X alcançou o percentual de 24,63%, a DLSP/PIB de 48,38% e a DELSP/RI de 662,49%. As TC/PIB permaneceram com saldo deficitário, com –1,17% no primeiro trimestre de 2001. O SP/PIB também não alcançou um bom desempenho no intervalo entre 14 de novembro de 2000 e 19 de março de 2001. Essa rubrica apresentou déficit por dois trimestres consecutivos, no quarto de 2000 com –0,04% e no primeiro de 2001 com –0,13%. O Grupo 2 englobou três reclassificações emitidas pela Standard & Poor’s para as dívidas emitidos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo, nas seguintes datas: 8 de maio de 2001, 6 de junho de 2001 e 12 de julho de 2001. Essas reclassificações indicaram dois rebaixamentos e uma confirmação. Para a moeda doméstica de longo prazo, os ratings indicaram B com outlook negativo, seguido da sua confirmação e, posteriormente, B- com outlook negativo. Com respeito a moeda estrangeira de longo prazo, as notas foram B com outlook negativo e sua confirmação e, mais tarde, B- com outlook negativo. Nesse grupo, os fundamentos que tiveram um bom desempenho no intervalo entre os ratings foram: o PIB, IPC e SP/PIB. Por outro lado, a influência negativa deveu-se aos fundamentos: DIV/X, TC/PIB, DLSP/PIB e DELSP/RI. A taxa de crescimento do PIB foi positiva entre as reclassificações, ao passar de –6,79% no quarto trimestre de 2000 para 9,87% no primeiro trimestre de 2001. Como muitas vezes foi salientado, os bons resultados dessa taxa, no primeiro trimestre de cada ano, resultam, principalmente, da safra agrícola. A taxa de inflação registrou 0% no segundo trimestre de 2001, percentual considerado mais favorável que as deflações ocorridas anteriormente. As TC/PIB alcançaram –0,37%; um percentual mais favorável, apesar do déficit pelo 24o. trimestre consecutivo. O SP/PIB após os déficits do quarto trimestre de 2000 e primeiro de 2001, voltou a apresentar superávit no segundo trimestre de 2001, de 0,56%. A DIV/X também melhorou o seu resultado, 337 quando no segundo trimestre de 2001 iniciou queda, depois de quatro trimestres seguidos de aumentos. Essa diminuição deve-se as exportações resultantes da safra agrícola. As TC/PIB permaneceram deficitárias, mas com um percentual mais favorável, -0,37% no segundo trimestre de 2001 contra –1,17% do primeiro trimestre do mesmo ano. Com relação as dívidas do setor público, pode-se verificar que, enquanto a DLSP/PIB registrou leve queda de 48,38% no primeiro trimestre de 2001 para 45,88% no segundo trimestre de 2001; a DELSP/RI continuou a sua trajetória ascendente, alcançando no segundo trimestre de 2001, 679,12%. No Grupo 3 encontram-se três reclassificações nas seguintes datas: 9 de outubro de 2001, 30 de outubro de 2001 e 6 de novembro de 2001. Pode-se verificar que essas novas notas foram dadas pela Standard & Poor’s no curtíssimo prazo, o que mostra a rapidez do processo de deterioração da qualidade de crédito da Argentina. Os ratings indicados para os títulos em moeda doméstica de longo prazo foram CCC+ com outlook negativo, CC com outlook negativo e Default Seletivoxcvi. Para a moeda estrangeira de longo prazo, as notas referem-se a CCC+ com outlook negativo, CC com outlook negativo e Default Seletivo. Nesse período, as TC/PIB foram as únicas que não confirmaram os rebaixamentos. As TC/PIB ainda se encontravam com saldo negativo no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2001, mas mostravam sinais de que poderiam reverter o processo de deterioração do comércio exterior iniciado com o Plano de Conversibilidade de 1991. No segundo trimestre de 2001, a relação foi de –0,37% e no terceiro trimestre de –0,28%. O mesmo desempenho positivo não pôde ser observado na taxa de crescimento do PIB real, uma vez que apresentou a taxa de –7,61%, a maior dentre as taxas negativas, ao se observar todo o período. A taxa de inflação foi, novamente, de -0,76% e, considerando as deflações anteriores, pode ser apontada como a mais expressiva. Em relação as contas do setor público, a DLSP/PIB e a DELSP/RI aumentaram expressivamente, a primeira de 45,05% para 52,05% e a segunda de 679,12% para 720,28%, olhando o segundo e terceiro trimestres de 2001, respectivamente. As demais contas do setor público, onde encontra-se o SP/PIB e DIV/X vê-se que a primeira diminuiu, mas continuou superavitária e a segunda aumentou, fruto da queda nas exportações. Os últimos ratings indicados pela Standard & Poor’s em 2002, para os títulos emitidos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo ocorreram em 12 de fevereiro, com a confirmação do Default Seletivo. Dos fundamentos selecionados, as 338 TC/PIB foi a única rubrica que conseguiu uma performance positiva. A TC/PIB iniciaram uma trajetória ascendente no último trimestre de 2001, quando registraram 0,14%. O PIB registrou taxa negativa no terceiro trimestre de 2001 e posteriores, evidenciando a continuidade da recessão argentina. O IPC apresentou deflação nos dois últimos trimestres de 2001, -0,76% e –0,84%, respectivamente. O SP/PIB alcançou um superávit em dois trimestres seguidos – segundo e terceiro de 2001 – e no quarto trimestre, um déficit. As dívidas – DIV/X, DLSP/PIB e DELSP/RI – registraram aumentos expressivos nos dois últimos trimestres de 2001. A DIV/X passou de 20,94% para 22,81%; a DLSP/PIB de 52,05% para 57,31%; e a DELSP/RI de 720,28% para 963,66%, respectivamente. ANEXO 4.2 ARGENTINA Análise dos Resíduos Recursivos dos Spreads Soberanos A análise dos resíduos recursivos é igualmente importante neste contexto, por que mostra as variações inesperadas do spread que desobedecem a tendência. Muitas vezes, outros fatores podem produzir retornos anormais além dos ratings soberanos, em virtude da relevância das informações que carregam. O Gráfico 4.2a refere-se aos resíduos recursivos de janeiro de 1998 a dezembro de 2002. Nele observa-se 8 outliers, ou seja, a ocorrência de retornos afora o desviopadrão. O primeiro grupo de outliers ocorreu em 1998, em virtude dos reflexos da crise da Rússia e recapitalização do LTCM (observações 160 a 200). O segundo registro de retorno anormal foi em 13 de janeiro de 1999. Esse excesso teve como motivo a mudança cambial brasileira (observação 257). Dois meses mais tarde, em 4 de março de 1999 (observação 293), ocorreu o terceiro outlier; neste caso, sem motivo aparente. O quarto retorno anormal teve registro em 10 de maio de 2000 (observação 588) e se deveu a aprovação pelo Congresso Nacional da Ley de Reforma Laboral, no dia seguinte. Em 23 de março de 2001 – quinto retorno anormal – referiu-se a sabatina pelo Congresso de Domingos Cavallo, como ministro da economia. O sexto retorno anormal ocorreu em 23 de abril de 2001, como um reflexo negativo do plano econômico chamado crescimiento ahora de Cavallo. Os retornos anormais de 5 e 31 de dezembro de 2001 (observações 991 e 1009, respectivamente) foram os resultados de dois 339 momentos da economia Argentina. O primeiro outlier de dezembro de 2001 referiu-se ao congelamento dos empréstimos do FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento para a Argentina. O segundo caso, a posse interina como Presidente da República, o Presidente da Câmara de Deputados - Eduardo Óseas Camaño -. Por fim, o último outlier dentro do período considerado, situou-se em 4 de novembro de 2002 (observação 1228). Este retorno anormal se deveu ao escândalo do jurista Carlos Fayt de 84 anos de idade e 19 anos de magistratura. Ele possuía títulos de prazo fixo indexados em dólares destinados as pessoas maiores de 75 anos, sem a obrigatoriedade de declaração à Receita Federal Argentina. Por ser considerado um forte defensor do fim do corralito e da redolarização dos depósitos bancários, este fato foi considerado uma bomba para aqueles que lutam pela moralidade (CLARÍN, 4/12/02). Gráfico 4.2a Outliers nos Resíduos Recursivos do Spread Soberano Argentino, 1998 a 2002 0.6 0.4 0.2 0.0 -0.2 -0.4 200 400 Resíduos Recursivos 600 800 1000 1200 ± 2 Desvios-padrão Fonte: Elaboração do autor. Nota: Ano (obs.: inicial; obs. final); 1998 (1; 249); 1999 (250; 496); 2000 (497; 752); 2001 (753; 1009); 2002 (1010; 1268). 340 ANEXO 4.3 ARGENTINA Spread Argentino e EMBI/EMBI+: uma análise descritiva Seguindo a idéia desenvolvida para o Brasil, serão realizadas análises comparativas dos ratings soberanos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo argentino com o spread Argentino e o EMBI/EMBI+, buscando identificar os fatos relevantes que podem ter desencadeado forte variação no humor do mercado. A incorporação desses fatos se deve à importância da variável qualitativa - risco políticono processo de classificação (FMI, 1999a). No Gráfico 4.3a pode-se verificar que em dezembro de 1995, alguns pontos do spread soberano e EMBIxcvii se aproximaram dos 1000 pontos básicos (pb). A média de dezembro de 1995 a abril de 1996 foi de 919 pb para o EMBI e 809 pb para o spread soberanoxcviii. Assim como no Brasil, acredita-se que seja o reflexo tardio da crise do México, que abalou o mercado financeiro internacional, em especial, os países emergentes. Após essa crise, ocorreu um longo período de calmaria de maio de 1996 a agosto de 1998. Isso mostra que a crise da Ásia de 1997xcix não afetou significativamente a Argentina e os países pertencentes ao EMBI/EMBI+, conforme o esperado. Salienta-se, oportunamente, que o upgrade emitido pela Standard & Poor’s para as dívidas em moeda estrangeira de longo prazo em 2 de abril de 1997, confirmou a solidez das finanças do governo argentino, naquele momento. No ano de 1998 eclodiu a crise da Rússia em 27 de agosto e em 10 de setembro, do Long Term Capital Management. Para o primeiro caso, o EMBI/EMBI+ e spread soberano apresentaram 1559/1563 pb e 1267 pb e para o segundo caso, 1705/1675 pb e 1450 pb, respectivamente. O último quadrimestre de 1998 foi novamente de calmaria, uma vez que o EMBI/EMBI+ e spread se mostraram em ritmo decrescente. Em 14 de janeiro de 1999, a mudança de regime cambial no Brasil fez com que o EMBI/EMBI+ atingisse 1522/1487 pb e o spread soberano, a marca dos 1094 pb. Como é possível observar no Gráfico 4.3a, a correlação entre os índices - EMBI/EMBI+ e spread argentino -, até o presente momento, foi positiva e próxima de um, ou seja, os 341 acontecimentos em nível mundial que afetaram os países pertencentes ao EMBI/EMBI+, também interferiram no spread argentino. Em outras palavras, nenhum fato relevante de ordem interna ocorreu na Argentina, a ponto de alterar essa correlação. 342 EM BI EM BI+ Spread Soberano Rating M oeda Estrangeira - Longo Prazo 14-Nov-02 26-Sep-02 08-Aug-02 20-Jun-02 02-May-02 14-Mar-02 24-Jan-02 05-Dec-01 17-Oct-01 27-Aug-01 09-Jul-01 18-May-01 30-Mar-01 09-Feb-01 20-Dec-00 01-Nov-00 13-Sep-00 26-Jul-00 06-Jun-00 14-Apr-00 25-Feb-00 07-Jan-00 16-Nov-99 27-Sep-99 05-Aug-99 15-Jun-99 23-Apr-99 02-Mar-99 12-Jan-99 17-Nov-98 28-Sep-98 07-Aug-98 18-Jun-98 29-Apr-98 10-Mar-98 16-Jan-98 29-Dec-95 Spread Argentina e EMBI/EMBI+ (pontos básicos) 8000 14 7000 12 6000 5000 4000 8 3000 6 2000 1000 0 Ratings em Números Gráfico 4.3a Evolução do Spread Argentina, EMBI/ EMBI+ e dos Ratings Soberanos, 1995-2002 10 4 2 0 Período Rating M oeda Dom éstica - Longo Prazo Fonte: Elaboração do autor baseada em Mecon (2003) e Standard & Poor’s (2003). 343 O ano de 1999 foi marcado por uma acirrada disputa eleitoral para a sucessão da Casa Rosada, após oito anos de Governo Carlos Menem. Os principais candidatos, de um total de dezc, que concorreram nas eleições de 1999 foram: Fernando de la Rúa da Alianza Trabajo, Justicia y Educación (ALIANZA), uma junção da Unión Cívica Radical (UCR) e Frente del País Solidário (FREPASO), Eduardo Alberto Duhalde da Alianza Concertación Justicialista por el Cambio (AlConcejust) e Domingo Cavallo da Alianza Acción por la República (AlAcRep)ci. O primeiro fato interno que desencadeou uma alteração brusca do spread soberano e EMBI/EMBI+ ocorreu em junho de 1999. O ponto central foi durante a primeira quinzena de julho de 1999, mais precisamente no dia 12. Quando compara-se o dia 8 de julho com 12 de julho vê-se que o spread soberano subiu de 848 pb para 948 pb e o EMBI/EMBI+ de 1078/1103 pb para 1152/1157 pb. O outlier resultou das declarações do candidato Eduardo Duhalde, segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, sobre os rumos que daria a dívida externa, caso fosse eleito. Para esse candidato, a dívida deveria ter um tratamento político, porque o país necessitava do perdão dos credores, pois só assim voltaria a crescer. Dez dias após, em 22 de julho de 1999, a Standard & Poor’s indicou um novo rating para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo argentinos. O downgrade foi o reflexo da continuidade da performance desfavorável dos fundamentos macroeconômicos e da crescente incerteza política, vinda do processo eleitoral para a sucessão presidencial. Neste caso, o EMBI/EMBI+ não apresentou mudança expressiva, mas uma redução em 3 pb, já o spread argentino uma queda de 15 pb. Pode-se dizer que o mercado estava ciente das informações contidas no rating emitido para o país. No mês seguinte, em 5 de agosto de 1999, o spread soberano e EMBI/EMBI+ atingiram uma escala levemente superior a de 12 de julho de 1999, com 925 pb e 1253/1234 pb, respectivamente. O fato desencadeador desse outlier deveu-se a aprovação da Ley de Conversibilidad Fiscal, que visou a redução dos gastos em 6.000 milhões de dólares para o governo nacional e subnacional (províncias). De agosto até a primeira quinzena de outubro de 1999, verificou-se alguns saltos no spread soberano e no EMBI/EMBI+, em função do aumento das incertezas políticas. 344 Aqui, como resultado de declarações de Eduardo Duhalde – segundo nas pesquisas de intenção de voto - e de Domingo Cavallo – terceiro lugar. No dia 24 de outubro terminou o processo para a sucessão presidencial com a vitória do candidato da ALIANZA, Fernando de la Rúa, cujo primeiro escalão caracterizou-se pela sua forte heterogeneidade. As diferenças se deram em virtude da ALIANZA, onde estava a Unión Cívica Radical de Fernando de la Rúa e a Frente del País Solidário - FREPASO do vice-presidente Carlos Chacho Alvarez. Em 10 de dezembro de 1999 foi empossado Fernando de la Rúa. A primeira ação concreta do Governo de la Rúa foi o pedido de ajuda ao FMI, uma vez que a dívida externa somava 170.000 milhões de dólares. Também foram promovidas algumas iniciativas para o corte de gastos, a fim de dar cumprimento a Ley de Conversibilidad Fiscal, aprovada no Governo de Carlos Menem. Uma das principais iniciativas de de la Rúa referiu-se ao rebaixamento em 12% os salários dos funcionários públicos com vencimentos mensais superiores a 1.000 pesos. Essa iniciativa teve como resposta milhares de ações judiciais contra o Governo, alegando inconstitucionalidade. A despeito da gravidade desse fato, o spread soberano e o EMBI/EMBI+, continuaram a trajetória decrescente e nenhum outlier foi registrado. Em 10 de fevereiro de 2000, o fracasso da primeira iniciativa do Governo de la Rúa, em reduzir os gastos com pessoal, aliado ao desempenho negativo dos fundamentos macroeconômicos, levou a Standard & Poor’s a rebaixar os títulos de dívida do governo soberano em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Contudo, esse downgrade não desencadeou alterações no spread soberano e EMBI/EMBI+. Meses depois – em 11 e 29 de maio de 2000, dois fatos internos de extrema importância econômica foram motivos de desequilíbrio. O primeiro se referiu a aprovação pelo Congresso da Ley de Reforma Laboral e o segundo, a promulgação da lei pelo Presidente de la Rúa e a tentativa de diálogo entre o Executivo e a poderosa Central Sindical Peronista – Confederación General del Trabajo (CGT). Essa tentativa de diálogo teve como intuito apresentar o pacote de austeridade fiscal, com vistas ao equilíbrio orçamentário para o ano de 2003. Neste dia, foi desencadeada uma forte manifestação popular nas ruas de Buenos Aires. Além de trabalhadores convocados pelos sindicatos, partidos de direita e de esquerda e o próprio partido do vice-presidente Carlos Alvarez – FREPASO, mostraram-se descontentes. Esse fato se caracterizou 345 como a primeira manifestação popular do Governo de la Rúa. O spread soberano e EMBI/EMBI+ subiram em relação ao dia anterior, sendo o spread aquele que apresentou aumento mais expressivo de 15 pb. Em 11 de maio, o spread se situou em 684 pb e o EMBI/EMBI+ em 884/791 pb; em 29 de maiocii, 690 pb para o spread e 877/786 pb para o EMBI/EMBI+. O epicentro esteve em 22 de maio, quando o spread e o EMBI/EMBI+ alcançaram 772 pb e 913/828 pb, respectivamente. Em 30 de junho de 2000 ocorreu o primeiro encontro do MERCOSUL do Governo de la Rúa, em Buenos Aires. Esse evento, apesar de ser de grande importância para o desenvolvimento dos países da América Latina, não surtiu efeitos tanto em termos de integração regional como no spread soberano e EMBI/EMBI+. A segunda crise do Governo de la Rúa ocorreu em agosto de 2000. O Executivo foi acusado de subornar os senadores peronistas e aliancistas (Unión Cívica Radical e FREPASO, respectivamente), visando obter maioria no Senado para a aprovação da Ley de Reforma Laboral em maio último. Com a aprovação, a lei suprimiu o controle sindical sobre os regimes de Previdência Social. O Ministro do Trabalho – Alberto Flamarique - e o Chefe da Secretaria de Inteligencia del Estado (SIDE)ciii – Fernando de Santibañesciv foram os principais acusados de oferecer o suborno. Em 21 de agosto de 2000, o spread soberano atingiu 726pb e o EMBI/EMBI+, 739/679pb. Esse incidente fez com que o spread argentino descolasse do EMBI/EMBI+. Um mês mais tarde – 24 de setembro de 2000 -, iniciou o que foi chamado pelo vice-presidente de “processo de renovação”, com o pedido de demissão do Ministro da Educação Juan José Llachcv. Em seu lugar entrou, em 25 de setembro, o acadêmico Hugo Juricvi; contudo não gerou outliers no spread soberano e EMBI/EMBI+. Um novo descolamento do spread soberano do EMBI/EMBI+ foi visto na segunda quinzena de outubro de 2000. Mesmo com as acusações de suborno, o Presidente de la Rúa não procedeu nenhuma nova demissão no Executivo. Essa inércia fez com que o vice-presidente Carlos Alvarez pedisse demissãocvii em 6 de outubro e iniciasse o fim da aliança da Unión Cívica Radical com a FREPASO. Após a saída de Carlos Alvarez em 20 de outubro, Fernando Santibañes também se demite; este último, devido as fortes pressões vindas do legislativo, da sociedade civil e, em especial, da Unión Industrial Argentina. Para Alberto Flamarique, o segundo acusado, foi dado o cargo de Secretário Geral da Presidência, onde permaneceu somente um dia. Nesta mesma data, o Presidente do Banco Central de la República Argentina (BCRA) – Pedro 346 Pou -, também se demite, neste caso, sob fortes acusações de ter favorecido os bancos com alto risco de default. A perda da aliança Unión Cívica Radical-FREPASO debilitou fortemente o Governo de la Rúa e em 25 de outubro, o spread soberano e o EMBI/EMBI+ registram aumentos quando comparados ao dia anterior. O spread passou de 850 pb para 894 pb e o EMBI/EMBI+ de 863/778 para 876/793 pb. Após 25 de outubro, o spread registrou queda continuada; enquanto que o EMBI/EMBI+ somente após o segundo dia. Pode-se perceber que o spread se mostrou mais sensível que o EMBI/EMBI+, mas também mais desprendido do fato. A Standard & Poor’s indicou em 31 de outubro de 2000, mais um downgrade para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Esse rebaixamento deveu-se, certamente, aos fracassos do Governo de la Rúa, quanto a política econômica, ao comportamento dos fundamentos macroeconômicos e, principalmente, a sucessão de escândalos políticos vislumbrados nos últimos meses. Em novembro, as especulações sobre a indicação de um próximo downgrade para os ratings fizeram com que o spread soberano abandonasse, mais uma vez, a correlação com o EMBI/EMBI+. O spread já havia iniciado o mês com tendência de aumento, mas distante dos 992 pb de 8 de novembro de 2000, caracterizado como o ponto mais alto dos últimos meses. O EMBI/EMBI+, por sua vez, também registrou subidas seqüênciais, mas em menor velocidade e força que o spread. O epicentro do EMBI/EMBI+ foi um dia após o do spread, em 9 de novembro com 892/800 pb. O rebaixamento dos títulos de dívida ocorreu somente no dia 14 de novembro, o que mostra, neste caso, uma forte tendência do spread, para a antecipação do fato. Neste mesmo mês, o Governo de la Rúa iniciou, o que se chamou de paquete de crédito externo y interno visando dar mais fôlego na rolagem das dívidas do Tesouro Nacional e da dívida externa. O novo pacote econômico foi anunciado em 18 de dezembro de 2000, sob o nome de blindage. Essa blindagem foi promovida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial na quantia de 39.700 milhões de dólares. Com isso, o spread argentino passou a registrar queda continuada já uma semana antes, que culminou em 805 pb no dia do pacote. O EMBI/EMBI+ também registrou queda no mesmo período, mas menos acentuada que a observada no spread, e no dia 18 apresentou 877/780 pb. Observa-se que nos dias posteriores ao fato, tanto o spread como o EMBI/EMBI continuaram a tendência decrescente. 347 Nos meses de janeiro e fevereiro de 2001 nenhum fato de relevância interna ou externa ocorreu, a fim de alterar o comportamento do spread soberano e EMBI/EMBI+. Entretanto, em 5 de março de 2001, o Ministro da Economia – José Luís Machinea - e toda a sua equipe pedem demissão, alegando fracasso da política econômica e incompatibilidade com o Governo de la Rúa. A incompatibilidade se deveu ao economista Machinea pertencer a linha de pensamento heterodoxa e ser de confiança da FREPASO. O ministro argumentou que após a saída de Carlos Alvarez, não teve mais respaldo político para dar prosseguimento à política econômica (SCHVARZER, 2002). A vaga de Machinea foi ocupada por Ricardo Lopez Murphy, que estava no cargo de Ministro da Defesa até aquela data. Essa mudança de ministério pouco afetou o spread soberano e o EMBI/EMBI+, como pode ser visto no Gráfico 4.3a. Contudo, o programa de austeridade fiscal, conhecido como - todo o nada - do novo ministro da economia Lopez Murphy, repercutiu mais fortemente no spread e EMBI/EMBI+. Sua política consistiu em cortar verbas para as universidade públicas, sob o argumento de que os estudantes eram basicamente da classe média, a menos necessitada de recursos do governo. O resultado dessa proposta foi quase imediato; de um lado, a renuncia do Ministro da Educação – Hugo Juri em 15 de março – e de outro, muitos protestos estudantis nas ruas das principais cidades argentinas. Duas semanas depois de iniciada a sua gestão no Ministério da Economia – 19 de março -, Lopez Murphy também pediu demissão. Neste caso, pelo crescente descontentamento popular e falta de respaldo político da Fundación de Investigaciones Económicas Latinoamericanas (FIEL), do setor financeiro e de alas do Executivo para a continuidade do seu programa de austeridade fiscal. Neste mesmo dia, a Standard & Poor’s indicou o terceiro rebaixamento consecutivo para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. O spread e o EMBI/EMBI+ vinham de uma escalada, dia após dia, que alcanço em 19 de março 914 pb e 873/780 pb, respectivamente. No caso do spread soberano, o aumento em relação ao dia anterior a 19 de março foi de 60 pb, enquanto que para o EMBI/EMBI+ foi de apenas 15 pb. Com a saída de Murphy, o Presidente Fernando de la Rúa convidou Domingo Cavallo para o Ministério da Economia, que prontamente aceitou. Um dia depois da saída de Lopez Murphy, Domingo Felipe Cavallo é sabatinado pelo Congresso Argentino. O Congresso recebeu Cavallo com o status de um futuro superministro e Padre de la Conversibilidad. Esses fatos mais as especulações sobre o quarto 348 rebaixamento do rating dos títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo fizeram com que em 23 de março de 2001, o spread soberano batesse os 1045 pb contra 961 pb do dia anterior; enquanto que o EMBI/EMBI+ pouco oscilou em relação a semana (19-23 de março). Três dias depois da recepção de Cavallo, os ratings sofreram o quarto downgrade consecutivo. Em 29 de março de 2001, Domingo Cavallo recebe do Congresso o poder de governar por decreto. Essa decisão levou o spread soberano a passar de 885 pb para 920 pb, quando comparados os dias 28 e 29 de março e ocorre um novo descolamento do EMBI/EMBI+, que pouco se alterou. A política de Cavallo teve como lema crescimiento ahora e primou, assim como os seus antecessores, pela austeridade fiscal (CIDOB, 2004; INVERTIA, 2001). A austeridade fiscal fez com que o romance da sociedade civil argentina com Cavallo terminasse em pouco tempo, e como resposta iniciou-se, por parte dos bancos, o corte de crédito para o Tesouro Nacional. A rejeição da política econômica de Cavallo levou a criação do megacanje de la deuda, que se referiu a troca de títulos públicos com prazo de carência acima de cinco anos por títulos públicos com vencimentos imediatos (2001) e no ano seguinte (2002)cviii. Essa troca visou dar à sociedade, a liquidez retirada com a austeridade fiscal. No mês seguinte – abril de 2001 – a economia argentina mesmo com a megacaje de la deuda presenciou a secagem das linhas de crédito e uma frenética corrida aos bancos, na ânsia de sacar os depósitos em pesos e dólares e de trocar pesos por dólares. Nesta atmosfera de grande incerteza econômica e política do Governo de la Rúa, a agência Standard & Poor’s emitiu em 8 de maio, o quinto downgrade consecutivo dos títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Conforme o Gráfico 4.3b, pode-se perceber que esse rebaixamento pouco interferiu no spread soberano, mas os acontecimentos vividos anteriormente pela população, na busca de dólares repercutiram mais fortemente sobre ele. Um grande salto do spread ocorreu em 20 de abril, quando alcançou 1046 pb, ou seja, 110 pb acima do dia anterior. A escalada perdurou até o dia 4 de maio, mas o ponto alto foi em 23 de abril com 1284 pb. O EMBI/EMBI+ se movimentou muito pouco em relação a estes últimos fatos da economia argentina, o que mostra o descolamento do spread soberano do país. Em 6 de junho de 2001, um novo rating foi dado para os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Esse rating foi a confirmação do quinto rebaixamento promovido pela Standard & Poor’s e fez com que o spread soberano 349 registrasse 911 pb, inferior aos das últimas semanas. Neste ambiente de profunda incerteza quanto aos rumos da economia argentina, agravado pelo aumento dos protestos populares, o Presidente de la Rúa sofreu uma intervenção cirúrgica – angioplastia - em 8 de junho de 2001. Apesar da gravidade do fato, o spread e EMBI/.EMBI+ permaneceram em trajetória descendente. No mesmo mês de junho, mais precisamente no dia 18, a Companhia Aérea Aerolíneas Argentinas pediu falência e, por isso, o spread soberano bateu os 1000 pb, acima do dia anterior e completamente descolado do EMBI/EMBI+. Em pouco menos de um mês – 12 de julho -, a agência indicou um novo downgrade para os títulos em moeda doméstica e estrangeira. Neste dia, o spread esteve em 1519 pb, mas não foi o mais alto do mês, que se situou em 16 de julho com 1629 pb, devido a suspeita de moratória do mercado financeiro internacional para com os pagamentos da dívida externa. Essa suspeita desencadeou mais uma corrida frenética aos bancos, com o intuito de retirar toda a quantia possível para a compra de dólares. Neste momento, como pode ser visto no Gráfico 4.3b, o spread soberano torna-se totalmente descolado do EMBI/EMBI+. A criação do Plano de Emergência – Ley de Déficit Cero – em 30 de julho de 2001 deu certa calmaria ao mercado e a sua aprovação no Congresso, em 22 de agosto proporcionou a redução, em um só dia de 200 pb (considerando os dias 21 e 22 de agosto). Esse plano visou equilibrar, principalmente, as finanças das províncias. Paralelamente, o FMI emprestou 8.000 milhões de dólares de um total de 22.000 milhões, com vistas a respaldar as reservas internacionais e dar novo caixa para o pagamento dos títulos do Tesouro Nacional. Os ataques terroristas aos EUA em 11 de setembro de 2001 e o primeiro contraataque dos EUA ao Afeganistão em 8 de outubro elevaram o spread soberano e EMBI/EMBI+, mas apesar da gravidade dos fatos, não aceleraram ainda mais a trajetória ascendente iniciada no início do ano. Em 9 de outubro de 2001, os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo deixam o grau especulativo e entram no grau de default. A entrada no grau de default deveu-se a Standard & Poor’s entender que “a dívida é dependente de condições econômicas, financeiras e comerciais favoráveis. O emitente, provavelmente não tem capacidade de honrar os compromissos financeiros da dívida.” (STANDARD & POOR’S, 2002a; 2002e). É possível observar que não foi esse fato que acirrou os 350 aumentos posteriores do spread soberano, por que esses já vinham em forte escalada. Contudo, a redução do spread começou no dia seguinte a emissão do rating. O rebaixamento veio somente confirmar o fraco desempenho dos fundamentos macroeconômicos, em virtude dos insucessos da política econômica e da correspondente insatisfação popular. Logo pode-se dizer que o rating não adicionou nenhuma informação nova. A eleições para a Câmara Baixa – que se referem aos deputados provinciais – ocorreram em 14 de outubro de 2001. Nesse momento, o Governo de la Rúa perde totalmente o poder político, uma vez que o Partido de Eduardo Duhalde (Alianza Concertación Justicialista por el Cambio) recebeu 66% dos votos (CIDOB, 2004). A falta de novas alianças partidárias, mais a continuidade dos descompassos da política econômica fizeram com que a Standard & Poor’s em 30 de outubro, voltasse a rebaixar os ratings para os títulos de dívida em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Nesse dia, o spread soberano registrou 2032 pb e o EMBI/EMBI+, 1023/1065 pb. Um novo Plano de Governo – Plano de Poupança de 4.000 milhões de dólares foi criado em 1º de novembro de 2001 e soou como um pedido de moratória. Dentre outras medidas, esse plano previu a redução dos juros da dívida externa de 11 %a.a. para 7%a.a. Por ser uma decisão unilateral aos olhos dos investidores internacionais, não restou dúvida de que o país não possuía mais condições de honrar as suas obrigações financeiras. Assim, no dia 6 do mesmo mês, a Standard & Poor’s colocou os títulos em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo – Default Seletivo. Nesse dia, o spread soberano atingiu 2363 pb e o EMBI/EMBI+ de 1008/1080 pb. Contudo, observa-se que não foram os maiores registros considerando a semana de 5 a 9 de novembro, por que o epicentro ocorreu no dia 2. Dois dias após a mudança de rating – 8 de novembro de 2001 - o Presidente de la Rúa e o Ministro da Economia Domingos Cavallo foram aos EUA para um encontro com o Presidente George W. Bush e principais credores. A intenção era obter um empréstimo visando defender a manutenção do currency board, assim como foi feito durante a crise do México em 1994. O resultado da visita não foi positivo e o FMI aumentou a lista de exigências para a concessão do restante dos recursos, ou seja, dos 18 bilhões de dólares. A partir do dia 8, iniciou uma nova escalada do spread soberano, que culminou em 3071 pb em 20 de novembro. O EMBI/EMBI+, por sua vez, registrou decréscimos no mesmo período. 351 Em 1º de dezembro de 2001, o ministro da economia Cavallo divulgou o Plano Econômico chamado Estado de Exceción Monetario. No dia 3 de dezembro, ele entrou em vigor, onde destacou-se os principais pontos: a) imobilização de todos os depósitos bancários durante 90 dias; b) retiradas de poupança somente até 250 pesos ou dólares por semana; c) retiradas para viagens, de no máximo 1.000 pesos ou dólares. Passou a ser conhecido como corralito e considerado o primeiro passo para a dolarização da economia argentina. O problema, naquele momento, consistiu na manutenção do Plano de Conversibilidade, pois o BCRA detinha apenas 1/3 das reservas líquidas em dólares, para garantir 10.000 milhões de pesos nas mãos de 37 milhões de argentinos (CIDOB, 2004). Passado 2 dias do corralito, o spread soberano alcançou a marca dos 3196 pb. Dias depois, em 5 de dezembro, o FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID – congelaram os empréstimos em até 2.400 milhões de dólares. Paralelamente, o Presidente de la Rúa procedeu algumas modificações no corralito para torná-lo mais digerível: a) aumentou as retiradas por semana para 1.000 pesos ou dólares; b) para viagens, permitiu 10.000 pesos ou dólares (CIDOB, 2004). Nessa mesma época, o ministro Cavallo reconhece que a economia argentina se encontra numa suspensão virtual dos pagamentos. Neste caso, o Default Seletivo indicado pela Standard & Poor’s antecipou o que iria acontecer neste período. Em 13 de dezembro, uma semana depois da moratória virtual de Cavallo, a Argentina viveu uma intensa greve geral que resultou em muitas prisões, saques a supermercados, incêndios e depredações. Aliado à notícia vinda dos EUA, referindo-se ao não fechamento do acordo com o FMI, esses fatos fizeram com que o spread soberano registrasse 4059 pb, enquanto que o EMBI/EMBI+ 803/774 pb. Um dia depois – 14 de dezembro – vencia os juros da dívida externa de 700 milhões de dólares. Visando evitar a declaração de moratória de fato, o Governo se utilizou do prolongamento do prazo – em uma semana -, bem como do confisco, conforme Cavallo, da renda fixa dos fundos de pensão. Esse confisco compreendeu a troca do saldo da renda fixa por títulos do Tesouro Nacional. Essa foi mais uma amostra da fragilidade do país e o spread soberano alcançou 4160 pb. As restrições aos saques de depósitos em pesos e em dólares mais a corrida para a compra de dólares, trouxeram mais tumultos populares e acirraram os descontentamentos quanto a política econômica de Cavallo. A saída do superministro tornou-se inevitável e em 19 de dezembro de 2001, ele se demite. Nesta mesma data, o 352 Presidente de la Rúa decretou Estado de Sítio no país. Considerando a história da Argentina pós período militar, os últimos meses podem ser apontados como os mais difíceis tanto para o Governo como para a sociedade civil. O spread registrou 4212 pb e o EMBI/EMBI+ 827/795 pb A demissão do ministro da economia Cavallo não provocou nenhum outlier, apenas reforçou a escalada do spread soberano. Contudo, a morte de civis nas ruas da Grande Buenos Aires não deixaram outra alternativa ao Presidente de la Rúa. No dia 21 de dezembro, Fernando de la Rúa renuncia e o spread soberano atinge 4722 pb. O Congresso aceitou a renuncia de Fernando de la Rúa e indicou, automaticamente, como Presidente da República Provisório, o Presidente do Senado Federico Ramón Puerta. Sua tarefa foi a de promover o consenso entre os Senadores para que fosse indicado o novo Presidente da República. O consenso veio entre os peronistas, ao apontarem como candidato único o governador da província de San Luís, Adolfo Rodriguez Saá. Seu mandato foi fixado até 5 de abril de 2002, mas devido às fortes pressões internas e externas, alegando excessiva demagogia e populismo, demitese em 30 de dezembro de 2001. Em 31 de dezembro de 2001, o Presidente da Câmara de Deputados – Eduardo Óseas Camaño - ocupa interinamente o cargo de Presidente da República. No primeiro dia de 2001, Eduardo Camaño passa o cargo para Eduardo Duhalde da Alianza Concertación Justicialista por el Cambiocix, o segundo mais votado nas eleições para a sucessão presidencial de 1999. O mandato do Presidente Interino Eduardo Duhalde terminaria com as eleições presidenciais de maio de 2003. Dois dias após receber a Presidência da República, Eduardo Duhalde suspendeu os pagamentos de parte da dívida externa, equivalente a 28 milhões de dólarescx e no dia seguinte – 4 de janeiro de 2002 – decretou o fim da conversibilidade. Paralelamente, iniciou o projeto para a Ley de Emergencia Económica y de Reforma del Régimen Cambiario. A lei previu preços máximos para remédios e combustível e proibiu a demissão de trabalhadores sem justa causa, no prazo de três meses. No dia 6 de janeiro, a lei foi aprovada pelo Congresso Nacional e também dava ao Presidente Eduardo Duhalde, o direito de governar sem consultar o legislativo, até o fim de seu mandato. Apesar da forte incerteza política presente na Argentina, o spread soberano apresentou queda por vários dias consecutivos e no dia 7 de janeiro de 2002, registrou 3975 pb. 353 Neste momento, o spread argentino já estava totalmente decolado do EMBI/EMBI+ de 748/696 pb. Muito embora o Governo Duhalde tenha realizado suas primeiras providências emergenciais, a população continuava descontente e indo às ruas para manifestações, no caso, mais pacíficas. Em 20 de janeiro de 2002, abriu-se a primeira “torneira” do corralito. Foram devolvidos 46.400 milhões de dólares em cotas de 5.000 pesos ao câmbio de 1,40:1, apesar do câmbio já se encontrar em 2:1. Essa medida foi intitulada por Duhalde como bomba de tiempo activada, com a finalidade de evitar a quebradeira sincronizada do sistema bancário, a evaporação dos depósitos e novos movimentos urbanos com desenlaces violentos. Neste mesmo dia, a Corte Suprema de Justiça deu como inconstitucional o corralito. Essa decisão foi recebida por Duhalde com extrema indignação, taxando-a de Golpe Institucional ou de quase Golpe de Estado (CIDOB, 2004). O spread soberano voltou a subir e alcançou os 4553 pb, enquanto o EMBI+ estava em 716 pb. Em 4 de fevereiro de 2002, o Governo Duhalde decretou várias medidas conhecidas como de necesidad y urgencia para garantir a sobrevivência do sistema financeiro e responder positivamente às demandas do FMI. As medidas aumentaram o spread soberano acima dos 4550 pb. Uma semana depois, em 11 de fevereiro, a Argentina, após 11 anos de Plano de Conversibilidade, viveu o seu primeiro dia de câmbio livre a 2:1. Paralelamente, o Governo suspendeu todas as ações judiciais que pudessem ser implementadas contra a política econômica, por um prazo de 6 meses. De 4 a 11 de fevereiro de 2002, o spread soberano teve como média 4464 pb, com epicentro em 7 de fevereiro de 4511 pb. Em 12 de fevereiro de 2002 foi confirmado o Default Seletivo para as dívidas em moeda doméstica e estrangeira de longo prazo. Como refere-se ao último rating emitido pela Standard & Poor’s para a Argentina neste ano de 2002, acredita-se que a agência não caracterizou como positivas as medidas do Governo Duhalde, para a reversão do processo de crise econômica e política. 354 Quadro 4.3a Movimentos do Spread Argentino frente às Mudanças de Rating Soberano, 19952002 Datas Creditwatch Rating ex ante ⇒ Rating Spread Argentino ex ex post para os títulos ante ⇒ Spread em moeda estrangeira de Argentino ex post longo prazo 08/03/95 BB- estável Downgrade ... ⇒ 875 02/04/97 Confirmado BB estável 429 ⇒ 344 22/07/99 BB negativo Downgrade 888 ⇒ 885 10/02/00 BB estável Upgrade 552 ⇒ 550 31/10/00 BB negativo Downgrade 833 ⇒ 826 14/11/00 BB- estável Downgrade 847 ⇒ 803 19/03/01 BB- negativo Downgrade 855 ⇒ 893 26/03/01 B+ negativo Downgrade 1045 ⇒ 898 08/05/01 B negativo Downgrade 975 ⇒ 1008 06/06/01 B negativo Downgrade 913 ⇒ 889 12/07/01 B- negativo Downgrade 1290 ⇒ 1616 09/10/01 CCC+ negativo Downgrade 1876 ⇒ 1859 30/10/01 CC negativo Downgrade 2003 ⇒ 2136 06/11/01 DS (NS) Downgrade 2458 ⇒ 2354 12/02/02 Confirmado DS (NS) 4350 ⇒ 4100 Fonte: Elaboração do autor baseada em Standard & Poor’s (2003), Mecon (2003) e J.P. Morgan (2003). Nota: o spread ex post de 8/3/95 considera a data de 29/12/95. Os spreads ex ante e ex post a 02/04/97 consideram as datas de 31/03/97 e 30/05/97. Os demais spreads referem-se ao dia anterior e posterior. 355 Quadro 4.3b Movimentos do Spread Argentino em função de Fatos Importantes, 1997-2002 Datas Eventos Importantes Spread Argentina ex ante ⇒ Spread Argentina ex post 20-23/10/1997 Crise da Ásia 301⇒482 27/08/98 Crise da Rússia 1021⇒1279 10/09/98 Long Term Capital Management 1208⇒1352 14/1/99 Crise do Brasil – Mudança do Regime Cambial 1011⇒870 24/10/99 Eleições Presidenciais – vitória de Fernando de la Rúa 614⇒614 10/12/99 Posse do novo presidente Fernando de la Rúa 619⇒584 11/05/00 Aprovação da Ley de Reforma Laboral 669⇒736 29/05/00 Promulgação da Ley e diálogo entre o Presidente de la 716⇒690 Rúa e a CGT 30/06/00 1º Encontro do Mercosul – Buenos Aires 688⇒670 08/00 Acusações de suborno de Senadores 684 média do mês1 24/09/00 Demissão do Ministro da Educação Juan José Llach 682⇒686 6/10/00 Demissão do vice-presidente Carlos Alvarez 658⇒686 20/10/00 Demissão de Fernando Santibañes e Pedro Pou 776⇒828 11/00 Projeto “paquete” de créditos externos e internos 861 média do mês2 18/12/00 Anúncio da blindagem de 39.700 milhões de dólares 813⇒777 05/03/01 Demissão do Ministro da Economia Machinea; posse 782⇒733 de Murphy 15/03/01 Demissão do Ministro da Educação Hugo Juri 801⇒855 19/03/01 Demissão do Ministro da Economia Lopez Murphy; 855⇒893 posse de Cavallo 20/03/01 Sabatina de Domingo Cavallo 914⇒896 29/03/01 Posse de Cavallo como Ministro da Economia 885⇒945 08/06/01 Angioplastia do Presidente de la Rúa 889⇒883 21/06/01 Falência da Aerolíneas Argentinas 975⇒990 13/07/01 Suspeita de moratória 1519⇒1629 30/07/01 Criação do Plano de Emergência – Ley de Deficit 1612⇒1604 Cero 22/08/01 Aprovação pelo Congresso do Plano de Emergência 1651⇒1427 11/09/01 Ataque terrorista aos EUA 1486⇒1562 08/10/01 Contra ataque dos EUA ao Afeganistão 1868⇒1893 14/10/01 Eleições na Câmara Baixa 1832⇒1824 01/11/01 Redução unilateral dos juros da dívida externa entre 2136⇒2585 outras medidas 05/12/01 1ª torneira do corralito e congelamento dos 3305⇒3989 empréstimos do FMI, BM e BID 06/12/01 Suspensão virtual dos pagamentos 4020⇒4149 13/12/01 Greve Geral e não fechamento do acordo com o FMI 4044⇒4160 14/12/01 Vencimento da dívida externa e demora no pagamento 4059⇒4127 19/12/01 Tumultos populares e saída do Ministro Cavallo 4125⇒4449 356 21/12/01 23/12/01 31/12/01 01/01/02 03/01/02 04/01/02 06/01/02 20/01/02 04/02/02 11/02/02 Tumultos com mortes e renuncia do Presidente de la Rúa Novo Presidente Adolfo Rodriguez Saá Novo Presidente provisório Eduardo öseas Camaño Novo Presidente provisório Eduardo Alberto Duhalde Maldonado Moratória seletiva da dívida externa Fim da conversibilidade e novo projeto de lei – Ley de emergencia economica e reforma del regime cambiario Aprovada a Ley de Emergencia 2ª torneira do corralito e declaração pela Corte Suprema de Justiça a inconstitucionalidade do corralito Novo pacote de medidas de necesidad y urgencia Fim da conversibilidade – câmbio livre em 2:1 e Presidente Duhalde suspende ações do judiciário 4449⇒5083 4722⇒5083 5172⇒4376 4404⇒4376 4376⇒3983 4128⇒3975 3983⇒3975 4656⇒4553 4497⇒4457 4412⇒4235 Fonte: Elaboração do autor. Nota: 1 o ponto mais alto ocorreu em 21/8/2000 com o spread de 726 pb; 2 o ponto mais alto situou-se em 8/11/2000 com o spread de 992 pb. 357 ANEXO 5.1 PETROBRAS Detalhamento do Comportamento dos Indicadores e a Relação com os Ratings Corporativos da Petrobras, 1997-2002 Indicadores Financeiros, de Produção e Reservascxi A Moody’s procedeu a primeira emissão de rating para os títulos de dívida da Petrobras em 17 de abril de 1997. Nesta data, a Petrobras recebeu B1 e credit watch de atribuição inicial. Como o rating é a reunião de informações passadas, a revisão do rating deve ser endereçada as performances positivas e negativas dos indicadores financeiros. Os indicadores com performance positiva foram: FCR/DT, FCO/CP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA/GC, DCP/DT, MB, MO, GC/D e RLO. Salienta-se que o FCR/DT, FCO/DT, FCO/DCP e FCL/DT tiveram comportamento positivo, por que mais do que acompanharam o crescimento das dívidas de curto e longo prazo. Quanto ao FCL/DT e GC/D verifica-se que o sinal positivo desses indicadores mostrou que a reposição do capital fixo ocorreu sem ser afetada pelo crescimento da DT e da D. A DCP/DT apresentou sinal negativo, logo uma menor exposição da empresa às obrigações de curto prazo e, portanto, mais solidez frente às variações inesperadas dos indexadores das dívidas. Com performance negativa observa-se o EBITDA, DT/EBITDA e DT/CAP. Enquanto que a DCP/DFT se reduziu, a DT aumentou quando comparada ao EBITDA e CAP. Especificamente com relação ao EBITDA, observa-se que uma diminuição desse indicador torna a relação DT/EBITDA um problema para a empresa. Os indicadores de produção que confirmaram o rating B1 foram: RP/P, RP, IVR, RP/DT, PP, TCP de petróleo e GN do Brasil em relação ao mundo e ALC. O FCO/P foi o único indicador contrário. Em 3 de setembro de 1998, os títulos em moeda estrangeira recebem um downgrade, passou para B2. Esse rating foi emitido num momento em que os indicadores financeiros ainda mostravam sinais positivos, mas a economia vivia momentos de crise financeira externa, fruto dos reflexos vindos da Rússia e LTCM. Com performance favorável estavam FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, FCL/DT, 358 DCP/DT, MB, MO, GC/D e RLO. Por outro lado, os indicadores que apresentaram fraco desempenho: EBIT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA/GC e DT/CAP. Salienta-se que o incremento observado nos fluxos de caixa foi maior que o da DT, mas quando comparada a DT a CAP, percebe-se o contrário. Embora a DT tenha registrado aumentos consecutivos – 1997/1998 – não afetou a compra de capital fixo e o comportamento do indicador GC/D. Os indicadores de produção que corroboraram com o rebaixamento foram: RP/P, RP, RP/DT e TCP de GN do Brasil em relação ao mundo e ALC. Com desempenho positivo foram: IVR, FCO/P, PP e TCP do petróleo brasileiro em relação ao mundo e ALC. Como salientado anteriormente, esse downgrade pode estar também relacionado a crise da Rússia e LTCM, uma vez que tiveram fortes repercussões sobre as finanças de países e empresas. No ano seguinte, 25 de outubro de 1999, a Petrobras teve o rating B2 confirmado, para títulos de longo prazo em dólares. Os indicadores financeiros com desempenho negativo foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, FCL/DT e DT/CAP. Os demais indicadores apresentaram performance positiva: EBIT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DCP/DT, MB, MO, GC/D e RLO. Contudo, acredita-se que a confirmação tenha sido o reflexo da crise brasileira, causada pela mudança do regime cambial e da baixa performance, também dos indicadores de produção: IVR, FCO/P, ISP e TCP de GN do Brasil em relação ao mundo. O comportamento do FCO pode ser visto nas análises dos indicadores financeiros. Entretanto, o declínio do FCO/P se deve ao crescimento continuado da produção (P). Em 17 de agosto de 2000, a Petrobras recebeu um on watch e credit watch de possível upgrade. A indicação da Moody’s se deveu à melhora dos indicadores financeiros, considerando o intervalo entre as classificações. Com desempenho desfavorável esteve o GC/D, que pode estar relacionado aos reflexos vindos do período anterior. O upgrade para o rating em moeda estrangeira foi concretizado em 16 de outubro de 2000, quando passou de B2 downgrade para B1 upgrade. Neste caso, todos os indicadores financeiros registraram melhora. Os indicadores de produção que não confirmaram esse rating foram: RP/P, IVR, TCP de petróleo brasileiro em relação ao mundo e ALC e do GN em relação a ALC. Os demais indicadores de produção se mostraram positivos para a indicação do upgrade. 359 Em 7 de junho de 2001, a Petrobras foi colocada novamente em on watch com possível upgrade. Com exceção da DCP/DT, todos os demais apresentaram desempenho favorável, confirmando o credit watch. Salienta-se que a DT não registrou crescimento excessivo, quando comparada ao EBITDA e CAP. Entretanto, a DCP aumentou seu percentual de participação no montante da DT. A tendência de crescimento da DCP/DT pode se tornar um problema para a empresa. Três meses mais tarde – 18/9/2001 - a Petrobras recebeu a nota Ba1 upgrade, que proporcionou o descolamento do rating soberano. Os indicadores com performance positiva foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA/GC, DT/CAP, GC/D e RLO. A DCP/DT, MB e MO tiveram um fraco desempenho no intervalo entre as classificações. Com relação a DCP/DT, observa-se a manutenção da tendência de alta iniciada no quarto trimestre de 2000. Contudo, o upgrade foi fruto da performance positiva de poucos indicadores de produção: lifting cost, BFC com e sem Governo, PP e TCP de GN do Brasil em relação a ALC. O lifting cost, especificamente, reflete o estado de tecnologia da indústria de exploração e produção de petróleo. Sendo assim, um aumento desse indicador pode ser encarado como anormal. Por outro lado, chama-se a atenção para as quedas continuadas dos indicadores RP/P, IVR e TCP de petróleo do Brasil em relação ao mundo e ALC. No ano de 2002, a empresa recebeu um downgrade seguido de três confirmações. Em 13 de agosto de 2002, os títulos de dívida em moeda estrangeira da Petrobras foram rebaixados, quando passaram de Ba1 confirmado para Ba2 downgrade. Apesar desse downgrade, alguns indicadores financeiros mostraram-se satisfatórios: EBITDA, GC/D e RLO. Os demais registraram performances negativas e confirmaram a emissão da Moody’s. A indicação do rebaixamento pode, também, estar relacionada a performance negativa dos seguintes indicadores: FCO/P e BFC com Governo. A maioria dos indicadores de produção – RP/P, RP, IVR, RP/DT, IRR, ISP, BFC sem Governo, PP e TCP de petróleo e GN do Brasil em relação ao mundo e ALC apontaram para um upgrade, não confirmando o rebaixamento. Risco Tributário 360 Como pode ser visto ao longo do período de 1997 a 2002, os royalties do petróleo e GN se comportaram conforme o esperado. Ou seja, quando a Petrobras recebeu downgrades ou a sua confirmação, os royalties registraram taxas de crescimento positivas; por outro lado, quando a empresa obteve aumentos nos ratings, os royalties eram decrescentes. Logo, pode-se dizer que uma menor carga tributária favoreceu os upgrades. Nos anos de 1998 e 2001, os royalties do petróleo e GN apresentaram taxas de crescimento negativas, que significou menor carga tributária nesta rubrica. Entretanto, dada a queda no preço do petróleo e GN comparativamente aos respectivos anos anteriores, é possível que a redução dos royalties tenha sido em função desse comportamento paralelo. Competitividade Os preços do petróleo e GN de 1997, 1999 e 2000 podem ser aqueles que não aumentaram a vulnerabilidade financeira da empresa. Por outro lado, mesmo os preços altos de 1999 não impediram que a Petrobras recebesse a confirmação do downgrade. A indústria do petróleo e GN do Brasil vive uma nova realidade desde a quebra do monopólio da Petrobras. A Petrobras detinha o monopólio na exploração, produção e refino de petróleo e GN no Brasil até a Ementa Constitucional nº 9/95 e Lei 9478/97. Após a abertura do mercado, muitas empresas estrangeiras entraram no país com o intuito de ampliar essa atividade (BONE, B., 2002). Assim, os rating da Petrobras de 1997 a 2002 contemplaram esse novo ambiente. Observando as diferenças de crescimento da produção de petróleo e GN da Petrobras frente ao crescimento econômico do mundo e do Brasil, observa-se que os downgrades de 1997 a 1999 ocorreram quando a empresa registrava uma maior diferença no crescimento. Contrariamente, os upgrades aconteceram quando a diferença entre a produção da Petrobras se afastou do crescimento econômico mundial e brasileiro. Com isso, pode-se dizer que as diferenças nas taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa em relação ao crescimento econômico, não explicam as mudanças de rating. 361 A Petrobras registrou aumento no número de reservas somente em 2001, o que pode ter auxiliado no upgrade deste ano. Como os poços exploratórios são divididos em óleo e GN e secos, muitas vezes os esforços da empresa em encontrar petróleo e GN não resultam em sucesso operacional. ANEXO 5.2 PETROBRAS Análise dos Resíduos Recursivos da PETR3 ON Na análise dos resíduos recursivos da PETR3 ON – Gráfico 5.2a – para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002, percebe-se vários pontos acima e abaixo do desvio-padrão, ou seja, retornos fora do esperado, que merecem análise em separado. No ano de 1994 existe dois eventos importantes que geraram três pontos de retorno em excesso. Os eventos causadores de outliers referem-se a introdução do Plano Real e suas várias fases e a deflagração da crise do México e respectiva demora nas negociações junto ao Fundo Monetário Internacional – FMI. Os outliers podem ser vistos em 8/6/94 (obs. 98), 5/9/94 (obs. 159) e em 23-26/9/94 (obs. 172-173). Do abrandamento da crise do México, pós fevereiro de 1995 até a crise da Ásia desencadeada em outubro de 1997, teve um longo período de calmaria. Somado a essa calmaria houve a recuperação dos preços do petróleo, depois de um longo período de queda entre 1990 a 1994. O ano de 1995 foi marcado pelo início das exportações de petróleo pela Petrobras, mas dada a antecipação pelo mercado, não gerou outlier. Os outliers observados em 1995 podem ser endereçados aos reflexos da crise bancária argentina, o primeiro em 23/2/95 (obs. 268) e o segundo em 10/3/95 (obs. 276). Salienta-se, oportunamente, que o epicentro dessa crise – 10/3/95 – também causou retornos anormais nas ações YPFD da Repsol-YPF S.A. Novos outliers podem ser vistos na segunda metade de 1997. Contudo, não se deveram a quebra do monopólio da Petrobras, primeiro lançamento de ADRs PBR/A na NYSE e ao recorde de produção do Campo de Marlim Sul, em agosto de 1997, apesar de representar uma “nova” fase para a empresa. Os retornos em excesso na PETR3 ON 362 foram o resultado da crise da Ásia, cujo epicentro situou-se em 27/10/97 (obs. 917), também coincidente com o outlier na ação YPFD da Repsol-YPF S.A.. Em 1998 ocorreram vários retornos anormais. Alguns pontos isolados podem ser vistos nas imediações da observação 1100 (27/7/98), resultado de vários acontecimentos: (a) a queda dos preços do petróleo devido a volta da produção do Iraque, no primeiro semestre de 1998 (b) o recorde na produção do Campo de Roncador na Bacia de Campos/RJ, em janeiro de 1998; (c) a forte entrada de capital estrangeiro e a respectiva bolha especulativa nas principais ações da Bovespa. Por outro lado, um bloco de outliers possuiu relação direta com a crise da Rússia. Os outliers ocorreram em 27/8/98 (obs. 1123), 1/9/98 (1126), 11/9/98 (obs. 1133), 15/9/98 (1135) e 2/10/98 (obs. 1148). Nas datas de 27/8/98 e 15/9/98 também foram registrados outliers nas ações YPFD da Repsol-YPF S.A.. Especificamente com relação as incertezas políticas nacionais, verificou-se que em 26/10/98 (obs. 1163) ocorreu expressivo outlier, em virtude dos resultados do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, com a vitória de Fernando Henrique Cardoso. No ano seguinte, em 1999, viu-se alguns retornos excessivos causados pela mudança cambial brasileira e posse do novo Presidente da Petrobras Henri P. Reichstul (25/3/99; obs. 1263). Os retornos em excesso foram em 13/1/99 (obs. 1215), 14/1/99 (obs. 1216) e 15/1/99 (obs. 1217) referentes ao câmbio e 25/3/99 (obs. 1263) relativo a posse de Reichstul. Nas datas referentes a mudança do regime cambial brasileiro também ocorreram outliers nas ações YPFD. O grande movimento de fusões/aquisições de empresas do setor: EXXON com MOBIL; BP com a AMOCO e mais tarde com a ARCO; da ELF com a Total e, por fim, a Chevron com a Texaco (THINK TANK, 00/01) gerou outlier em 2000, com epicentro em 10/8/00 (obs. 1605). Em 2001, a crise da Argentina e o respectivo efeito contágio repercutiu em outliers em 10/10/01 (obs. 1894) e 18/10/01 (obs. 1899). Também, pode-se ser fruto da crise de abastecimento de energia do Brasil. O episódio P-36 não repercutiu em retornos anormais na PETR3 ON. Por fim, em 2002 percebeu-se outliers ao longo do ano, originados da incerteza política quanto a sucessão presidencial brasileira. Salienta-se que a posse do novo Presidente da Petrobras Francisco Gros não gerou retornos anormais na PETR3 ON. O 363 primeiro grupo de outliers ocorreu no mês de julho, nos dias 22/7/02 (2083), 24/7/02 (obs. 2085), 30-31/7/02 (obs. 2089-2090), o segundo grupo antes do primeiro turno das eleições e o terceiro grupo, nos dias que antecederam o segundo turno das eleições de outubro de 2002 (28/10/02). Gráfico 5.2a Outliers nos Resíduos Recursivos da PETR3 ON, jan/94 a dez./02 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 -0.1 -0.2 200 400 600 800 1000 Resíduos Recursivos 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano: (obs. inicial; obs. final); 1994: (1; 234); 1995:(235;469); 1996:(470;714); 1997: (715; 961); 1998: (962; 1207); 1999: (1208; 1452); 2000:(1453; 1700); 2001: (1701; 1946); 2002: (1947; 2195). Análise dos Resíduos Recursivos da PETR4 PN A análise dos resíduos recursivos da PETR4 PN – Gráfico 5.2b, para o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002, identifica vários pontos acima e abaixo do desvio-padrão. Salienta-se, oportunamente, que devido as características da PETR4 PN, observa-se maior quantidade de outliers comparativamente a PETR3 ON. O ano de 1994 possui vários outiliers, nas datas de 10/2/94 (obs. 24), 22/2/94 (obs. 29), 25/4/94 (obs. 67), 19/5/94 (obs. 85) e 25/10/94 (obs. 192). Esses retornos anormais da PETR4 PN se devem, em última instância, as implantação das fases do Plano Real e a incertezas vindas da crise do México. No ano seguinte – 1995 – alguns retornos anormais ocorreram no primeiro trimestre, e podem ser direcionados ao início das exportações de petróleo pela 364 Petrobras. Contudo, em 9 de novembro, a Emenda Constitucional nº 9 permitiu às empresas nacionais e estrangeiras, públicas e privadas, operarem no país e não gerou outliers conforme o esperado. No ano de 1996, verifica-se a existência de poucos retornos anormais; o epicentro ocorre em 11/7/96 (obs. 597), mas sem motivo aparente. A crise da Ásia repercutiu diretamente sobre a PETR4 PN. Os outliers registrados em 23/10/97 (obs. 915), 27-28/10/97 (obs. 917-918), 31/10/97 (obs. 921), 4/11/97 (obs. 923) e 12/11/97( obs. 929) vieram das incertezas inerentes à crise, sendo os retornos anormais mais expressivos referentes as observações 917 e 929. Contudo, a quebra do monopólio da Petrobras em 6/8/97 e o primeiro lançamento de ADR PBR/A na NYSE em 11/8/97 não geraram retornos anormais na PETR4 PN. No ano seguinte, a crise da Rússia e a recapitalização do LTCM geraram novos retornos anormais na PETR4 PN. Salienta-se que a crise da Rússia produziu outliers mais expressivos que a crise relativa ao LTCM. O período crítico localizou-se entre as datas de 11/9/98 a 23/9/98 (obs. 1133 a 1137). Por outro lado, a recapitalização do LTCM e seus efeitos sobre a economia mundial produziram os maiores outliers entre 1/10/98 a 26/10/98, com epicentro em 26/10/98 (obs. 1163). No âmbito nacional, os outliers ocorreram no primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais (5/10/98 e 26/10/98), onde Fernando Henrique Cardoso foi vitorioso. O resultado divulgado em 26/10/98 (obs. 1163) levou a um forte outlier na PETR4 PN. As repercussões da mudança do regime cambial brasileiro foram sentidas fortemente nos resíduos recursivos da PETR4 PN. Os retornos anormais foram registrados nas datas de 11-15/1/99 (obs. 1215-1217). Dois meses após a mudança cambial, em 25/3/99 (obs. 1263) ocorreu um expressivo outlier, neste caso, devido a posse de Henri P. Reichstul, como Presidente da empresa. Os primeiros meses de 2000 tiveram a ocorrência de vários outliers nos retornos da PETR4 PN. Contudo, não se encontrou motivos fortes para esses registros. Os eventos mais significativos e que levaram ao aparecimento de outliers foram a liberação das ações preferenciais para a compra com FGTS em 10/7/00 (obs. 1582) e o primeiro lançamento da ADR PBR na NYSE em 11/8/00 (obs. 1606). O ano de 2001 foi marcado pelo acidente com a P-36 e pela crise financeira da Argentina. Em 15/3/01 (obs. 1750), o acidente com a Plataforma P-36 na Bacia de 365 Campos gerou o primeiro outlier na PETR4 PN, dado a sua repercussão em âmbito nacional e internacional. Na segunda metade do ano, a crise da Argentina e seus desdobramentos causaram vários outliers nos retornos da PETR4 PN. Em 2002 muitos retornos anormais ocorreram na PETR4 PN. Esses outliers podem ser endereçados às incertezas políticas nacionais, fruto da sucessão presidencial e, principalmente, a possibilidade de vitória de um candidato de esquerda – Luiz Inácio Lula da Silva. Salienta-se que nas datas referentes aos resultados do primeiro e segundo turnos (7/10/02 e 28/10/02), não foram registrados retornos anormais. Pelo contrário, os outliers ocorreram durante o processo de disputa eleitoral, inerentemente semeador de incertezas. Gráfico 5.2b Outliers nos Resíduos Recursivos da PETR4 PN, jan/94 a dez./02 0.15 0.10 0.05 0.00 -0.05 -0.10 -0.15 200 400 600 800 1000 Resíduos Recursivos 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano: (obs. inicial; obs. final); 1994: (1; 234); 1995:(235;469); 1996:(470;714); 1997: (715; 961); 1998: (962; 1207); 1999: (1208; 1452); 2000:(1453; 1700); 2001: (1701; 1946); 2002: (1947; 2195). 366 Análise dos Resíduos Recursivos da PBR A análise a seguir procura mostrar quais os acontecimentos que geram outliers na PBR extra eventos selecionados, considerando o período de agosto de 2000 a dezembro de 2002. O Gráfico 5.2c mostra a presença de vários outliers, alguns no final dos anos de 2000 e 2001 e muitos nas últimas observações do ano de 2002. Gráfico 5.2c Outliers nos Resíduos Recursivos da PBR, ago./00 a dez./02 0.15 0.10 0.05 0.00 -0.05 -0.10 -0.15 50 100 150 200 250 Resíduos Recursivos 300 350 400 450 500 550 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano: (obs. inicial; obs. final);11/8/2000:(1; 98); 2001: (99; 346); 2002: (347; 598). Os pontos de retorno excessivo no ano de 2000 foram em 6/9/00 (obs. 18) e 26/10/00 (obs. 54) e podem estar relacionados ao início da crise político-financeira da Argentina. O mesmo pode ser visto em 2001, dado a intensificação dessa crise. Em 2002, a PBR registrou muitos retornos anormais. Acredita-se que estejam relacionados a disputa eleitoral para a sucessão presidencial nacional. As datas cujos retornos foram mais expressivos formam 2/8/02 (obs. 494), 8/8/02 (obs. 498), 1/10/02 (obs. 535), 7/10/02 (obs. 539) e 28-30/10/02 (obs. 548-550). Em 7/10/02 e 28/10/02 367 ocorreram o primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais, com vitória, em ambos pleitos de Luiz Inácio Lula da Silva. Análise dos Resíduos Recursivos da PBR/A O Gráfico 5.2d mostra vários outliers nos retornos da PBR/A para o período de outubro de 2001 a dezembro de 2002. O primeiro retorno excessivo da PBRA esteve ligado à crise da Argentina em 15/11/01 (obs. 34). Os demais referiram-se às incertezas eleitorais brasileiras. As datas mais representativas foram 19/9/02 (obs. 245), 23/9/02 (obs. 247), 27/9/02 (obs. 251), 1/10/02 (obs. 253), 7/10/02 (obs. 257), 14/10/02 (obs. 262), 17/10/02 (obs. 265), 23/10/02 (obs. 269) e 30/10/02 (obs. 274). Entretanto, pode-se perceber que os retornos anormais foram diminuindo de magnitude a partir da observação 275 (31/10/02), em virtude dos resultados do segundo turno. Gráfico 5.2d Outliers nos Resíduos Recursivos da PBR/A, out./01 a dez./02 0.15 0.10 0.05 0.00 -0.05 -0.10 -0.15 50 100 Resíduos Recursivos 150 200 250 300 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano:(obs. inicial; obs. final); 1/10/2001: (1; 64); 2002: (65; 314). 368 ANEXO 5.3 PETROBRAS Análise do Teste de Estabilidade de Chow para os Soberanos Brasileiro emitidos pela Moody’s O Quadro 5.3a mostra as quebras estruturais na PETR3 ON e PETR4 PN em virtude das emissões de rating soberano pela Moody’s. Para a PETR3 ON, verificou-se quatro quebras estruturais: 22/1/96, 3/9/98, 16/12/99 e 12/8/02. Para a PETR4 PN, ocorreram três quebras estruturais em: 22/1/96, 16/12/99 e 12/8/02. Algumas são coincidentes e foram causadas pela primeira emissão de rating soberano pela Moody’s (22/1/96), upgrade para os títulos em moeda doméstica (16/12/99) e downgrade para os títulos em moeda doméstica e estrangeira, em grande medida pelas incertezas políticas nacionais (12/8/02). O Quadro 5.3b mostra as quebras estruturais da PBR e PBR/A fruto da emissão de ratings soberanos pela Moody’s. Pode-se ver que o upgrade de 16/10/00 para os títulos em moeda doméstica e estrangeira do país e da empresa causaram uma quebra estrutural na PBR. O downgrade de 12/8/02 não foi representativo para as ADRs. 369 Quadro 5.3a Teste de Estabilidade de Chow para a PETR 3 ON e PETR4 PN Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – jan./94 a dez./02 PETR3 ON PETR4 PN Eventos Estatística F Probabilidade Estatística F Probabilidade de H0 de H0 Início para os títulos em ME [22/01/96] 4.373351 0.012834 10.441331 0.000033 Início para os títulos em MD [23/06/98] 1.923431 0.146950 0.291780 0.747033 Downgrade para os títulos em MD e ME [03/09/98] 3.056609 0.048267 0.207006 0.813111 Upgrade para os títulos em MD [16/12/99] 2.550462 0.079110 6.928092 0.001082 Upgrade para os títulos em MD e ME [17/08/00] 0.508241 0.602320 0.357971 0.699536 Upgrade para os títulos em MD e ME [16/10/00] 0.999114 0.368965 0.627989 0.534099 Downgrade para os títulos em MD e ME [12/08/02] 7.642532 0.000533 4.548355 0.010993 Nota: A Moody’s divide os ratings em moeda estrangeira e doméstica. MD = moeda doméstica; ME = moeda estrangeira. Quadro 5.3b Teste de Estabilidade de Chow para a PBR (ago./00 a dez./02) e PBRA (out./01 a dez./02) Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos, out./2000 a ago./2002 PBR PBRA Eventos Estatística F Probabilidade de Estatística F Probabilidade de H0 H0 Upgrade para os títulos em MD e ME [16/10/00] 5.889348 0.003171 Downgrade para os títulos em MD e ME [12/08/02] 0.511603 0.599820 1.309609 0.271415 Nota: A Moody’s divide os ratings em moeda estrangeira e doméstica. MD = moeda doméstica; ME = moeda estrangeira. 370 ANEXO 6.1 REPSOL-YPF Detalhamento do Comportamento dos Indicadores e a relação com os Ratings Corporativos da Repsol-YPF, 1995-2002 Indicadores Financeiros, de Produção e Reservascxii A Moody’s procedeu a primeira emissão de rating para os títulos de dívida da RepsolYPF em 19 de janeiro de 1994, embora as análises iniciem somente com a emissão de 16 de maio de 1995. Nesta data, a Repsol-YPF estava classificada como B1 e com creditwatch de possível upgrade. Como o rating é a reunião de informações, a revisão do rating deve ser endereçada às performances positivas e negativas desses indicadores. Os indicadores financeiros com performance positiva foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, MB, MO, GC/D e RLO. Salienta-se que os indicadores FCR/DT, FCO/DT e FCO/DCP tiveram comportamento positivo, por que mais do que acompanharam o crescimento das dívidas de longo e curto prazo. Quanto ao GC/D verifica-se que o sinal positivo representou a reposição do capital fixo e, por isso, uma menor exposição aos gastos com depreciação. Com performance negativa observa-se o FCL/DT, DT/CAP e DCP/DT. O FCL/DT contempla os gastos com a compra de capital fixo e o pagamento de dividendos. Assim, a diminuição do FCL/DT reduziu também a disponibilidade de caixa frente ao crescimento da DT. Essa percepção é corroborada pelo indicador DT/CAP. O indicador DCP/DT pode ser apontado como o mais perigoso à empresa. Entretanto, percebe-se que o seu comportamento não afetou a emissão do rating e credit watch. Em 29 de setembro de 1995, os títulos em moeda estrangeira receberam a confirmação do upgrade anterior. Essa confirmação se deveu a manutenção da performance dos indicadores financeiros. Os indicadores de produção que explicaram esse rating foram: RP, IVR, FCO/P, lifting cost, BFC, PP e TCP de GN argentino em relação ao mundo e ALC. Dentre os indicadores de performance negativa encontra-se a RP/P, RP/DT e a TCP de petróleo argentino em relação ao mundo e ALC. Apesar da DT ter registrado queda ao longo de 1995, as RP não cresceram o suficiente para que ocorresse um sinal positivo. A confirmação do upgrade perdurou até julho de 1997. Neste intervalo, os indicadores que corroboraram a manutenção do upgrade foram: RP, RP/DT, lifting cost, BFC, PP, TCP do petróleo argentino em relação a ALC e do GN argentino em relação ao mundo e ALC. 371 Dentre as performances negativas encontram-se: RP/P, IVR, FCO/P e TCP do petróleo argentino em relação ao mundo. Conforme pode-se ver, a produção de petróleo vem registrando crescimento significativo comparativamente a RP e ao FCO; por isso, a RP/P e FCO/P decresceram neste intervalo de tempo. Apesar disso, a TCP de petróleo e GN argentinos aumentaram em relação a ALC e a TCP de GN da Argentina, intensificou-se em relação ao mundo. Entretanto, a produção de petróleo mundial registrou maiores taxas de crescimento que a da Argentina. Dois anos depois, em 2 de outubro de 1997, a Repsol-YPF recebeu mais uma elevação na escala dos ratings, quando passou de B1 confirmado para Ba3 upgrade. Neste caso, acredita-se que a empresa não foi afetada pela crise da Ásia. Contudo, essa nova classificação não pôde ser confirmada pelo comportamento dos indicadores FCO/DT, EBIT, EBITDA e DT/CAP. Salienta-se que o fraco desempenho do FCO/DT esteve intimamente ligado ao crescimento da DT/CAP. Quanto ao EBIT e EBITDA, a performance não foi a esperada. Os indicadores que contribuíram positivamente para a melhora na classificação foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCL/DT, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DCP/DT, MB, MO, GC-D E RLO. Com relação a DT/EBITDA, pode-se dizer que as reduções da DT foram superiores as do EBITDA. Também salienta-se que a redução DCP/DT mostrou o controle da dívida pela empresa, uma vez que um maior montante de dívida com vencimento no curto prazo pode torná-la vulnerável financeiramente. Os indicadores de produção que melhor responderam ao upgrade foram: RP, FCO/P, lifting cost, PP e TCP de GN da Argentina em relação ao mundo. Embora outros indicadores de produção não se apresentassem satisfatórios: RP/P, IVR, RP/DT, BFC, TCP de petróleo argentino no mundo e ALC e de GN na ALC. Observando especificamente o indicador RP/P, pode-se afirmar que a performance negativa se deveu ao aumento da produtividade na exploração e produção comparativamente ao número de reservas provadas. No que se refere a RP/DT, verifica-se que a DT cresceu mais que as RP. Na crise da Rússia, a empresa recebeu o seu primeiro downgrade, mais precisamente, em 3 de setembro de 1998. Os indicadores que confirmaram esse rating foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, MB, MO e RLO. Isso significa que a maioria dos indicadores financeiros estavam registrando performances negativas no intervalo entre os ratings. Com comportamento positivo encontram-se o EBIT, FCL/DT, DCP/DT e GC/D. Especificamente quanto a DCP/DT, verifica-se que a DCP estava controlada desde o segundo semestre de 1997. Por outro lado, a DT iniciou trajetória ascendente no mesmo período. No que se refere ao FCL/DT, observa-se que devido ao FCL 372 ter crescido mais que a DT, não proporcionou impacto negativo no rating. Os indicadores de produção que levaram a esse possível rebaixamento foram: RP/DT, BFC e TCP de petróleo da Argentina no mundo e na ALC. Por outro lado, os indicadores que poderiam ter conduzido a um upgrade referem-se a RP/P, RP, IVR, FCO/P, lifting cost, PP e TCP de GN da Argentina no mundo e ALC. O próximo rating da Repsol-YPF ocorreu em 11 de fevereiro de 1999 e foi a confirmação do downgrade de 1998. Esse rating pode ser endereçado aos reflexos negativos da crise do Brasil sobre a Repsol-YPF, que se traduziram em uma baixa performance dos indicadores. Com exceção do indicador GC/D, todos os demais tiveram o mesmo comportamento anterior. A relação GC/D estava positiva, mas o desempenho negativo dos demais indicadores reduziu os GC e aumentou nos dispêndios com depreciação, tornando-a também negativa. Os downgrades ocorridos em 20 de agosto de 1999 e 6 de outubro de 1999 foram a continuidade do fraco desempenho dos indicadores financeiros, de produção e reservas. Analisando a DCP/DT, percebe-se que a DCP deixa de ser uma variável controlada, pois passou a ter um crescimento mais significativo que a DT. As exceções às performances negativas foram: DT/CAP e GC/D. Enquanto que a DT se reduziu, os GC/D aumentaram, o que mostra que a empresa, novamente, vem incrementando as compras de capital fixo. Acredita-se que essa indicação tenha sido, também, o reflexo da baixa performance do FCO/P. O comportamento do FCO pode ser visto nas análises dos indicadores financeiros, onde constatou-se sucessivos declínios desde 1998. Outros indicadores corroboraram para com o downgrade: IVR e TCP de petróleo argentino no mundo. Apesar da descoberta de novas reservas (NDR) em 2000, verifica-se que não proporcionaram o aumento do IVR. Em 28 de março de 2001, os títulos de dívida da Repsol-YPF receberam um novo rebaixamento, quando passou de B1 downgrade para B2 downgrade. Esse novo rating foi dado a despeito dos sinais de melhora em: FCR/DT, EBIT, EBITDA, DT/EBITDA, MB e GC/D. Com desempenho negativo: FCO/DCP, FCO/DT, FCL/DT, DT/CAP, DCP/DT, MO e RLO. No que se refere a DT/EBITDA, pode-se dizer que o acréscimo na DT foi mais do que acompanhado pelo EBITDA, por isso, da redução neste indicador. Em plena crise argentina – país domicílio da Repsol-YPF – a empresa recebeu um upgrade. A indicação para os títulos em moeda estrangeira ocorrida em 7 de junho de 2001, refere-se ao on watch e ao credit watch de possível upgrade. Apesar desse rating, os 373 indicadores financeiros, na sua totalidade, não mostravam sinais de recuperação. Neste caso, não podem corroborar o credit watch. Cinco meses depois, em 1º de novembro de 2001, a Moody’s emite um upgrade para os ratings em moeda estrangeira da Repsol-YPF, quando ocorre o rompimento do teto soberano em moeda estrangeira. Mais uma vez, os indicadores continuavam não registrando nenhum sinal de melhora que viabilizasse esse upgrade. O upgrade foi fruto da performance positiva de poucos indicadores, onde pode-se salientar: IVP, FCO/P e TCP de petróleo da Argentina em relação ao mundo e ALC. Chama-se a atenção para as quedas nos seguintes indicadores de produção: RP, RP/DT, IRR, ISP, BFC, PP e TCP de GN da Argentina em relação ao mundo e ALC. Em 8 de fevereiro de 2002, o Moody’s rebaixou a Repsol-YPF para B1 downgrade. Com exceção da DT/CAP, MB, MO e RLO, que mostraram sinais de melhora, os demais permaneceram com performance negativa. Se, por um lado, a DT/CAP iniciou uma trajetória de declínio, após um ano de crescimento, por outro lado, a MB, MO e RLO voltaram a registrar performance mais positiva, que não justifica o downgrade. No início do segundo trimestre de 2002, em 25 de abril de 2002, a Repsol-YPF teve seu rating em on watch e o credit watch em possível downgrade. A possibilidade de revisão deveu-se a persistência do fraco desempenho de alguns dos indicadores financeiros. Contudo, pode-se verificar sinais de melhora no EBIT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA-GC, DT/CAP, DCP/DT, MB, MO e RLO. Apesar de serem a maioria dentre os indicadores financeiros, acredita-se que os sinais positivos não foram suficientes para um upgrade. Especificamente com relação as dívidas, observa-se que passaram a registrar crescimento negativo, em especial, a DCP/DT. O último rating de 2002 ocorreu em 29 de julho de 2002. Nesta data, a Repsol-YPF recebeu a confirmação do possível downgrade. Os indicadores financeiros que apresentaram performances positivas com relação a última emissão de rating foram: FCR/DT, FCO/DCP, FCO/DT, EBIT, FCL/DT, EBITDA, DT/EBITDA, EBITDA/GC, DT/CAP, DCP/DT, MB, MO e RLO. A exceção esteve no GC/D, que registrou queda continuada desde o segundo semestre de 2001. Apesar da empresa apresentar a maioria dos indicadores financeiros com desempenho favorável, o rating corporativo foi contagiado pelo rating soberano, que se encontrava em default seletivo desde 6 de novembro de 2001. 374 Em todo o ano de 2002, a empresa recebeu downgrades. As indicações desses rebaixamentos podem estar relacionadas a performance negativa dos seguintes indicadores de produção e outros: RP/P, RP, RP/DT, lifting cost, PP e TCP de petróleo e GN. Especificamente quanto ao lifting cost, verifica-se um incremento que não retrata o estado de tecnologia da indústria petrolífera e a disseminação das técnicas de extração de petróleo no setor. Risco Tributário Como pode ser visto ao longo do período de 1995 a 2002, os royalties do petróleo e GN se comportaram em ciclos. Contudo, as emissões dos ratings não obedeceram esses ciclos. Em outras palavras, os anos de 1995, 1996 e 1997 registraram upgrades; mas somente os royalties do petróleo para 1995 e do GN para 1996 e 1997 confirmam essas emissões. Em 1998, 1999 e 2000, a Repsol-YPF recebeu sucessivos downgrades. Os royalties do petróleo de 1999 e 2000 e do GN de 1998 e 1999 viabilizam essas notas. Em 2001, ano do rompimento do teto soberano, ambos royalties, do petróleo e GN apresentaram taxas de crescimento negativas, que significou menor carga tributária nesta rubrica. Entretanto, dada a queda na produção e no preço do petróleo e GN comparativamente ao de 2000, é possível que a redução dos royalties tenham sido em função desse comportamento paralelo. No ano seguinte – 2002 -, a Moody’s emitiu um downgrade para a Repsol-YPF que foi confirmado pela taxa de crescimento positiva dos royalties do petróleo e GN. Competitividade Os preços do petróleo e GN de 1997 e 2001 foram aqueles que não aumentaram a vulnerabilidade financeira da empresa. Por outro lado, mesmo os preços altos de 1998 e 1999 não impediram que a Repsol-YPF recebesse os downgrades. A indústria do petróleo e GN da Argentina desde 1991, quando a empresa foi privatizada. Assim, as emissões de rating, ao longo de 1994 a 2002, ocorreram observando esse ambiente. Observando as diferenças de crescimento da produção de petróleo e GN da RepsolYPF frente ao mundo e Argentina, nota-se que somente os upgrades de 1995 e 2001 foram resultantes da diferença de crescimento. Nos anos de 1996, 1997 e 2000 têm-se uma maior aderência da empresa aos ciclos, sendo 1997, o único ano que possibilitou um upgrade. 375 Assim, uma maior diferença nas taxas de crescimento da produção de petróleo e GN da empresa, em relação ao mundo e Argentina, pode ser parte da explicação das mudanças de rating. A Repsol-YPF registrou aumento no número de reservas em 2000, mas queda nos anos seguintes – 2001 e 2002. A empresa divide as reservas em estimadas e provadas; contudo, as estimadas são passíveis de avaliações para a determinação da viabilidade econômica à exploração. Esse aspecto da competitividade é visto como alheio aos esforços da empresa, mas pode ser nocivo às estratégias futuras. ANEXO 6.2 REPSOL-YPF Análise dos Resíduos Recursivos da YPFD A análise dos resíduos recursivos da YPFD no Gráfico 6.2a, contemplam o período de janeiro de 1994 a dezembro de 2002. No ano de 1994, pode-se perceber a ocorrência de alguns outliers. Esses outliers estão relacionados aos reflexos da crise do México e ao lançamento de ADS YPF na NYSE em 5/4/94 (observações 64 e 65). Em 1995, os outliers podem ser creditados a dois eventos importantes: crise bancária argentina do primeiro trimestre, com o epicentro de 10/3/95 – observação 301 - e a compra da Maxus em abril de 1995 (observações 320-346). Em 5/9/95 (observação 422) é possível observar novo outlier; contudo, identifica-se que nenhum acontecimento influenciou diretamente esse comportamento. No ano de 1996, verifica-se somente a ocorrência de um outlier na observação 533 referente a 14/2/96, que pode estar relacionada a divulgação dos bons resultados no que se refere ao incremento de 29% do lucro operacional se comparado ao ano anterior (MECON, 2004b) e a compra da Empresa Polisur S.A., cuja incorporação das ações remanescentes foi efetivada em 1998 (SEC, 2004b, p.34-35). Em 8/1/97 (observação 754), os resíduos recursivos mostraram a presença de um retorno excessivo. Esse retorno em excesso tem relação direta com o lucro operacional 70% maior comparativamente ao de 1995, que resultou, em última instância, de um programa 376 agressivo de perfuração de poços de petróleo e de recuperação de reservas para o adiamento o declínio natural do campo (MECON, 2004b, p.26). Mais adiante, na segunda metade de 1997 com epicentro de 27/10/97 (observação 955), também observa-se a presença de outliers. Esses retornos excessivos referem-se ao crise da Ásia. No ano de 1998 pode-se perceber a ocorrência de vários outliers. Neste caso, foram originados na crise da Rússia e LTCM, cujas principais datas foram: 27/8/98 - obs. 1161; 15/9/98 - obs. 1174 e 7/10/98: obs. 1190). O início de 1999 foi marcado pela mudança do regime cambial brasileiro e seus reflexos, bem como o primeiro lote de compra da YPF S.A. pela Repsol S.A. em 20/1/99. Os outliers podem ser vistos em datas próximas aos eventos citados: 12/1/99 (obs. 1254); 13/1/99 (obs. 1255); 15/1/99 (obs. 1257); 19/1/99 (obs. 1259); 20/1/99 (obs. 1260); 21/1/99 (obs. 1261) e 27/1/99 (obs. 1265). O segundo lote de compras da Repsol S.A. ocorreu em 24/6/99, que levou aos outliers de 25/6/99 (obs. 1364) a 2/7/99 (obs. 1369). Os últimos outliers de 1999 referem-se, entre outros motivos, a primeira reunião do novo Conselho Administrativo da Repsol-YPF em Buenos Aires (24/11/99 - obs. 1466). Em 2000, acredita-se que seis acontecimentos importantes estão relacionados aos outliers: aprovação da Ley de Reforma Laboral em 11/5/00 (obs. 1576); Repsol S.A. torna-se acionista majoritária da YPF S.A. com 99,04% em 7/6/00 (obs. 1594); demissão do ministro da Educação Juan José Llach em 24/9/00 (obs. 1669); demissão do Vice-presidente da República Carlos Alvarez em 6/10/00 (obs. 1676); demissão do Presidente do BCRA Pedro Pou e o chefe da SIDE Fernando de Santibañes em 20/10/00 (obs. 1685) e anúncio da blindagem de 39.700 milhões de dólares ao Governo de la Rúa em 18/12/00 (obs. 1721). O ano de 2001 pode ser caracterizado como um ano em que a Argentina mergulhou numa profunda crise econômica e política. A sucessão de acontecimentos levaram aos vários outliers do Gráfico 6.2b: em 05/03/01 (obs. 1767) demissão do Ministro da Economia Machinea; posse de Murphy; 15/03/01 (obs. 1773) demissão do Ministro da Educação Hugo Juri; 19/03/01 (obs. 1775) demissão do Ministro da Economia Lopez Murphy; 29/03/2001 (obs. 1780) posse de Cavallo como Ministro da Economia; 08/06/01 (obs. 1817) angioplastia do Presidente de la Rúa; 21/06/01 (obs. 1824) falência da Aerolíneas Argentinas; 13/07/01 (obs. 1837) suspeita de moratória; 01/11/01 (obs. 1879) redução unilateral dos juros da dívida externa; 05/12/01 (obs. 1893) 1ª torneira do corralito e congelamento dos empréstimos do FMI, World Bank e BID; 06/12/01 (obs. 1894) suspensão virtual dos pagamentos; 13/12/01 (obs. 1898) greve geral e não fechamento do acordo com o FMI; 19/12/01 (obs. 1901) 377 tumultos populares e saída do Ministro Cavallo; 21/12/01 (obs. 1902) tumultos populares com mortes e renuncia do Presidente de la Rúa; 22-28/12/01 período de não funcionamento da BCBA. No ano seguinte, novos acontecimentos de igual gravidade ocorreram na economia argentina e geraram outliers: 01/01/2002 (obs. 1903) novo presidente provisório Eduardo Alberto Duhalde Maldonado; 03/01/2002 (1905) moratória seletiva da dívida externa; 04/01/2002 (obs. 1906) fim da conversibilidade e novo projeto de lei – Ley de emergencia economica e reforma del regime cambiario; 20/01/2002 (obs. 1908) 2ª torneira do corralito e declaração pela Corte Suprema de Justiça da inconstitucionalidade do corralito; 04/02/2002 (obs. 1917) novo pacote de medidas intitulado Paquete de necesidad y urgencia; 11/02/2002 (obs. 1920) câmbio livre em 2:1 e Presidente Duhalde suspende ações do judiciário; 28/3/02 (obs. 1948) Repsol-YPF declara não pagamento dos dividendos complementares; 10/7/02 (obs. 1988) diretores da Repsol-YPF acusados de corrupção: vice-presidente e seu adjunto da área de refino e marketing e atual Presidente da Associação de Operadores de Produtos Petrolíferos (AOP); 18/7/02 (obs. 1994) Argentina reduz imposto sobre exportação de petróleo e derivados de 20% para 5%; 10/12/02 (obs. 2074) Presidente do BCRA Enrique Pignanelli declarou que as exportações de petróleo devem ser 100% liquidadas no BCRA, frente a obrigatoriedade anterior de somente 1/3; 16/12/02 (obs. 2078) Secretário de Estado de Energia da Argentina Enrique Devoto declarou que governo manterá livre a disponibilidade de divisas para as petroleiras e a Repsol-YPF volta a estudar o pagamento dos dividendos complementares suspensos em 28/03/02. 378 Gráfico 6.2a Outliers nos Resíduos Recursivos da YPFD, jan./94 a dez./02 0.2 0.1 0.0 -0.1 -0.2 -0.3 200 400 600 800 Resíduos Recursivos 1000 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano (obs. inicial; obs. final); 1994 (1; 251); 1995 (252; 501); 1996 (502; 751); 1997 (752; 999); 1998 (1000; 1247); 1999 (1248; 1489); 2000 (1490; 1728); 2001 (1729; 1903); 2002 (1904; 2088). Análise dos Resíduos Recursivos da YPF A análise do Gráfico 6.2b procura mostrar quais os acontecimentos que geraram outliers na YPF extra eventos selecionados, observando o período de abril de 1994 a dezembro de 2002. Entretanto, ao confrontá-lo com o Gráfico 6.2a, onde constam os outliers dos resíduos recursivos da YPFD, pode-se afirmar que existe grande semelhança entre eles. Assim, acredita-se que os motivos que levaram aos outliers em ambos Gráficos 6.2a e 6.2b sejam os mesmos. Neste caso, exime-se dessa análise, em particular. 379 Gráfico 6.2b Outliers nos Resíduos Recursivos da YPF, abr./94 a dez./02 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 -0.05 -0.10 -0.15 200 400 600 800 1000 Resíduos Recursivos 1200 1400 1600 1800 2000 ± 2 Desvios-padrão Nota: Ano (obs. inicial; obs. final); 1994 (1; 183); 1995 (184; 429); 1996 (430; 683); 1997 (684; 936);1998 (937; 1187); 1999 (1188; 1439); 2000 (1440; 1687); 2001(1688; 1931); 2002 (1932; 2182). ANEXO 6.3 REPSOL-YPF Análise do Teste de Estabilidade de Chow para os Sobernos Argentinos emitidos pela Moody’s O Quadro 6.3a mostra os resultados da aplicação do teste de estabilidade de Chow para a YPFD e YPF referente aos ratings soberanos emitidos pela Moody’s. Observa-se na YPFD, que três emissões de rating geram quebra estrutural aos níveis de 1%, 5% e 10%, em 10/2/99, 4/6/01 e 3/12/01. Na YPF, quatro emissões geraram quebra estrutural: 2/10/97, 10/2/99, 4/6/01 e 13/7/01. Algumas quebras foram coincidentes nas duas ações: 10/2/99, referente a confirmação do downgrade para os títulos em MD e ME, decorrente da mudança cambial brasileira e do primeiro lote de compras da YPF pela Repsol; 4/6/01, relativo a 380 confirmação do downgrade para os títulos em MD e ME, dado o acirramento da crise argentina. A confirmação do downgrade para os títulos em MD e ME em 3/12/01 gerou quebra na YPFD e não na YPF. Contudo, a confirmação deveu-se a redução unilateral dos juros da dívida externa (1/12/01) e a 1ª torneira do corralito (5/12/01). 381 Quadro 6.3a Teste de Estabilidade de Chow para a YPFD e YPF Considerando as Mudanças nos Ratings Soberanos – 1995-2002 Eventos YPFD YPF Probabilidade de H0 Estatística F Probabilidade de H0 Estatística F Possível upgrade para os títulos em ME [16/5/95] 0.427021 0.652724 0.259872 0.771296 Confirmação para os títulos em ME [27/9/95] 1.351470 0.261693 2.189296 0.115219 Upgrade para os títulos em ME [22/1/96] 0.069066 0.933279 1.881647 0.153946 Atribuição inicial para os títulos em MD [30/1/97] 0.223181 0.800066 1.050699 0.350600 Upgrade para os títulos em ME e MD [2/10/97] 0.346897 0.707095 11.65744 0.000012 Possível downgrade para os títulos em ME e MD 0.848411 0.429021 1.275568 0.280625 [3/9/98] Confirmação para os títulos em ME e MD [10/2/99]] 8.138247 0.000385 13.53787 0.000003 Possível downgrade para os títulos em ME e MD 1.312111 0.272263 0.412590 0.662636 [20/8/99] Downgrade para os títulos em ME e MD [6/10/99] 0.029302 0.971126 0.007636 0.992394 Downgrade para os títulos em ME e MD [28/3/01] 0.610988 0.543351 0.618663 0.539170 Confirmação para os títulos em ME e MD [4/6/01] 3.670238 0.032150 5.939449 0.004194 Downgrade para os títulos em ME e MD [13/7/01] 2.572789 0.100143 3.156208 0.056543 Downgrade para os títulos em ME e MD [26/7/01] 0.021234 0.979009 0.224517 0.799630 Downgrade para os títulos em MD e ME [12/10/01] 0.190860 0.826899 1.946375 0.149493 Confirmação para os títulos em ME e MD [3/12/01] 3.838788 0.031705 1.054345 0.357460 Downgrade para os títulos em ME e MD [20/12/01] 2.227655 0.110559 0.909564 0.403949 Nota: A Moody’s divide os ratings em moeda estrangeira e doméstica. MD = moeda doméstica; ME = moeda estrangeira. 382 ANEXOS DOS DADOS MACROECONÔMICOS E CORPORATIVOS Tabela A - Fundamentos Macroeconômicos do Brasil, 1994-2002 Período PIB IPC NFSP/PIB DIV/X TC/PIB DLSP/PI PIB mensal DELSP/RI B - US$ milhões 1994 01 1994 02 1994 03 1994 04 1994 05 1994 06 1994 07 1994 08 1994 09 1994 10 1994 11 1994 12 1995 01 1995 02 1995 03 1995 04 1995 05 1995 06 1995 07 1995 08 1995 09 1995 10 1995 11 -1.73 -2.65 12.41 -5.44 5.01 1.35 1.21 4.08 -0.69 -0.06 0.00 -1.36 -2.61 -2.91 12.71 -6.79 1.16 1.64 -0.04 0.56 -1.54 1.72 -1.16 42.67 41.98 43.47 45.57 43.77 49.10 32.45 2.60 1.46 2.65 3.11 1.11 1.63 1.97 2.74 2.90 2.21 4.39 2.63 0.74 0.67 0.63 1.25 -4.07 -4.52 -4.45 -3.46 -3.70 -4.48 -4.69 -5.43 -5.75 -6.33 -5.62 -5.21 -5.30 -4.13 -4.30 -4.44 -4.48 -3.61 -3.15 -2.58 -2.01 -1.43 -0.97 22.18 22.24 17.92 14.92 13.10 13.34 13.21 11.49 11.83 12.90 13.51 14.22 17.91 18.21 15.80 18.14 14.22 14.66 13.17 9.73 10.49 9.49 9.91 -6.88 -13.55 -3.98 10.52 11.12 15.89 46.46 61.52 57.83 49.64 41.77 59.43 38.66 39.29 31.50 19.16 6.46 4.14 -11.05 -27.11 -32.39 -33.00 -31.73 31.11 30.97 31.8 32.74 33.88 34.69 35.23 34.24 32.83 31.58 30.98 30.38 30.05 31.27 32.75 33.44 32.49 31.28 30.11 29.46 29.58 29.67 30.05 40415 39335 43588 42375 44227 44983 45497 48526 48915 49318 49005 46904 55721 54593 60070 58437 58588 59330 59648 60717 60660 60482 60660 1.72 1.69 1.57 1.42 1.22 1.16 1.15 1.14 1.13 1.16 1.19 1.36 1.39 1.41 1.78 1.93 1.77 1.80 1.26 0.93 0.90 0.84 0.78 383 1995 12 1996 01 1996 02 1996 03 1996 04 1996 05 1996 06 1996 07 1996 08 1996 09 1996 10 1996 11 1996 12 1997 01 1997 02 1997 03 1997 04 1997 05 1997 06 1997 07 1997 08 1997 09 1997 10 1997 11 1997 12 1998 01 1998 02 1998 03 1998 04 1998 05 1998 06 1998 07 1998 08 1998 09 1998 10 1998 11 1998 12 -5.21 0.38 -1.30 7.09 -0.89 2.75 -1.77 6.59 -1.87 -0.98 2.23 -2.74 -3.13 -1.27 -1.89 7.61 1.10 -1.38 1.65 3.19 -2.29 1.80 1.55 -5.27 -2.61 -3.02 -1.92 11.10 -1.63 0.83 0.78 2.98 -3.16 -0.43 -0.30 -2.03 -3.90 1.57 2.70 1.46 0.43 1.31 2.08 1.57 0.76 0.01 -0.35 0.18 0.25 0.44 1.85 0.53 0.63 0.80 0.39 1.30 0.24 -0.27 0.17 0.29 0.53 0.56 1.26 0.14 0.33 0.23 0.14 0.41 -0.25 -0.52 -0.17 0.20 -0.19 0.09 -0.27 0.42 -0.12 -0.19 0.49 0.80 0.84 0.83 0.86 0.80 0.81 0.48 0.09 0.01 -0.07 0.24 -0.11 -0.17 -0.67 -0.57 -0.84 -0.66 -0.11 0.17 0.87 0.75 0.89 0.74 0.68 0.82 1.37 1.17 1.01 1.11 0.72 0.66 -0.01 10.14 10.48 10.29 9.63 7.43 6.57 7.67 6.68 6.74 7.45 7.34 7.66 8.02 8.51 10.05 8.37 7.57 6.73 6.71 5.86 5.47 6.26 7.82 9.77 7.60 8.77 7.54 4.53 3.28 3.62 3.55 3.57 4.81 9.00 10.77 12.01 11.98 -32.51 -31.62 -28.94 -26.12 -24.03 -22.39 -21.73 -22.22 -22.53 -25.24 -27.74 -30.17 -36.85 -36.13 -39.05 -38.10 -40.31 -40.36 -41.57 -41.69 -41.66 -41.66 -41.05 -45.00 -47.94 -52.73 -52.99 -49.14 -47.06 -46.32 -47.06 -44.45 -44.19 -48.02 -50.31 -50.89 -54.17 30.83 30.48 29.57 27.92 27.43 27.72 28.71 29.47 30.32 31.35 32.14 32.77 33.23 33.53 33.62 33.80 34.00 33.72 32.83 33.12 32.79 33.1 33.2 33.19 34.32 35.01 35.43 35.51 35.72 36.16 37.42 37.8 38.12 39.01 40.21 41.3 41.73 56542 57712 58317 61978 62662 64965 63695 67955 69567 68464 68937 67446 63777 62758 61582 64879 66392 67980 68017 69488 70676 71286 72455 68775 63527 61073 59800 64927 65841 67891 66886 68498 69023 68580 67748 65932 61690 0.76 0.68 0.63 0.59 0.56 0.50 0.49 0.50 0.50 0.52 0.52 0.50 0.51 0.53 0.53 0.54 0.62 0.53 0.56 0.51 0.44 0.46 0.70 0.75 0.66 0.65 0.48 0.28 0.20 0.23 0.24 0.25 0.28 0.89 1.02 1.08 1.06 384 1999 01 1999 02 1999 03 1999 04 1999 05 1999 06 1999 07 1999 08 1999 09 1999 10 1999 11 1999 12 2000 01 2000 02 2000 03 2000 04 2000 05 2000 06 2000 07 2000 08 2000 09 2000 10 2000 11 2000 12 2001 01 2001 02 2001 03 2001 04 2001 05 2001 06 2001 07 2001 08 2001 09 2001 10 2001 11 2001 12 2002 01 -1.16 -2.28 11.61 -2.20 0.49 1.19 1.44 -0.47 -1.06 0.40 -0.86 -0.53 -3.42 1.76 5.51 -2.26 3.09 1.46 0.89 0.79 -3.70 3.65 -2.37 -0.56 -3.36 -2.23 11.04 -2.82 1.92 -2.28 2.01 0.24 -3.72 0.57 -0.59 -0.34 4.38 0.64 1.41 0.95 0.52 0.08 0.65 1.20 0.48 0.19 0.92 1.12 0.60 1.01 0.05 0.51 0.25 0.40 -0.01 1.91 0.86 0.04 0.02 0.40 0.62 0.64 0.40 0.56 0.86 0.40 0.52 1.36 0.54 0.12 0.71 0.85 0.70 0.79 -0.31 -0.50 -0.74 -0.74 -0.89 -1.63 -2.08 -2.18 -2.98 -3.19 -3.40 -3.23 -3.30 -3.44 -3.52 -3.75 -4.09 -3.85 -3.43 -3.55 -3.39 -3.29 -3.68 -3.51 -3.62 -3.54 -3.55 -3.92 -3.80 -3.92 -4.03 -3.77 -3.78 -3.95 -3.67 -3.68 -3.64 18.78 17.14 14.95 15.81 13.39 13.60 14.31 13.76 13.99 13.62 14.90 13.00 17.25 14.49 13.29 14.60 12.05 12.65 12.26 10.58 12.37 12.90 12.99 12.25 11.39 12.73 10.29 11.50 10.23 10.14 10.49 9.10 11.21 10.50 12.28 12.98 14.35 -82.12 -82.39 -73.61 -72.90 -71.31 -71.97 -70.69 -69.19 -61.70 -56.53 -56.33 -57.37 -52.66 -50.92 -47.71 -49.67 -47.51 -46.08 -45.59 -43.50 -44.99 -45.96 -47.12 -49.19 -63.78 -64.87 -62.02 -61.09 -60.44 -64.14 -63.25 -60.93 -61.14 -58.20 -56.70 -57.52 -62.65 50.65 51.18 48.06 48.28 50.11 50.49 51.06 52.14 51.41 51.25 50.17 49.39 49.63 50.01 49.76 50.46 50.34 49.57 48.77 48.16 48.47 49.19 48.79 49.43 48.98 49.59 50.09 50.18 51.7 51.53 52.82 53.98 54.93 54.65 53.1 52.57 55.15 40995 40276 44550 44686 45020 45247 45395 46701 46738 46637 46151 44159 45238 47065 49951 48712 50995 51464 51424 52665 51447 52467 51535 49244 40167 40398 43390 43059 44485 41453 43194 44324 43056 43489 42984 40360 35244 1.53 1.58 1.69 1.32 1.33 1.42 1.40 1.40 1.38 1.46 1.41 1.67 1.59 1.56 1.52 2.13 2.14 2.18 2.10 1.86 1.86 1.97 1.75 1.73 1.45 1.47 1.54 1.57 1.55 1.37 1.46 1.44 1.33 1.40 1.48 1.57 1.58 385 2002 02 0.26 0.14 -3.61 2002 03 7.34 0.42 -3.33 2002 04 0.61 0.71 -3.37 2002 05 1.42 0.28 -3.29 2002 06 -2.37 0.55 -3.43 2002 07 3.10 1.03 -3.51 2002 08 1.71 0.76 -3.55 2002 09 -1.36 0.66 -3.99 2002 10 1.56 1.14 -4.12 2002 11 -2.12 3.14 -4.12 2002 12 -5.21 1.94 -3.91 Fonte: Ipeadata, 2003; BCB,2003; IBGE,2003. 15.13 13.10 12.07 12.56 13.69 9.31 10.74 9.71 9.97 12.58 12.25 -60.56 -52.20 -50.82 -49.28 -48.31 -43.04 -38.63 -33.74 -27.20 -24.28 -21.06 54.67 54.63 54.58 55.8 58.1 62.08 58.16 63.62 58.38 56.68 56.53 35334 37929 38161 38701 37785 38958 39624 39086 39697 38855 36829 1.54 1.52 1.70 1.70 1.33 1.48 1.64 1.64 1.80 1.81 1.70 Tabela B – Fundamentos Macroeconômicos da Argentina, 1994-2002 Período TC/PIB DELSP/RI IPC DLSP/PIB PIB SP/PIB I-94 -1.47 0.24 31.25 0.31 II-94 -0.83 0.98 28.33 0.82 III-94 -1.01 IV-94 -1.06 599.63 1.82 29.89 0.77 29.84 I-95 -1.06 1047.23 0.79 II-95 0.07 860.51 0.27 DIV/X 0.01 0.37 0.06 20.22 32.88 -1.16 0.02 19.51 32.83 -0.92 0.40 14.77 III-95 -0.42 841.74 0.33 33.79 -0.35 -0.05 17.84 IV-95 -0.64 693.92 0.21 33.08 -0.23 0.66 20.50 I-96 -0.91 699.36 -0.57 35.09 0.41 -0.10 21.29 II-96 -0.18 646.01 -0.09 32.19 1.93 0.03 15.31 III-96 -0.62 698.48 0.65 33.30 2.52 -0.13 16.50 IV-96 -0.85 611.00 0.06 34.35 1.38 -0.14 18.46 I-97 -1.15 646.48 0.36 36.22 0.77 -0.06 19.52 II-97 -0.70 587.18 -0.19 33.23 1.81 0.22 15.99 386 III 97 -1.14 618.88 0.34 33.33 2.33 0.28 17.14 IV 97 -1.22 560.27 -0.18 33.47 1.06 0.04 19.48 I 98 -1.58 619.51 0.85 36.48 0.39 0.18 22.15 II 98 -0.84 595.34 0.13 33.68 1.16 0.37 17.64 III 98 -1.24 589.65 0.30 35.81 1.07 0.14 20.11 IV 98 -1.27 573.40 -0.62 38.03 -0.83 0.16 24.31 I 99 -1.29 581.06 -0.44 41.96 -1.77 0.93 27.96 II 99 -0.67 616.61 -0.60 39.94 -0.48 0.57 22.16 III 99 -1.17 653.31 -0.39 41.67 0.63 0.10 23.92 IV 99 -1.12 553.44 -0.39 42.11 -0.07 -0.34 24.50 I 00 -1.18 584.57 0.32 45.45 -0.59 0.13 25.10 II 00 -0.47 560.29 -0.68 42.33 0.14 0.71 19.66 III 00 -0.80 580.04 0.06 43.01 0.43 0.19 21.37 IV 00 -0.70 582.88 -0.43 44.59 -0.50 -0.04 22.14 I 01 -1.17 662.49 0.05 48.38 -0.72 -0.13 24.63 II 01 -0.37 679.12 0.00 45.88 -0.12 0.56 19.09 III 01 -0.28 720.28 -0.76 52.05 -0.96 0.25 20.95 IV 01 0.14 963.66 -0.84 57.31 -3.63 -0.20 22.81 I 02 1.11 1012.03 9.68 90.83 -3.82 -0.78 22.76 II 02 2.65 1363.09 18.97 109.77 -0.95 0.35 19.53 III 02 2.91 1392.96 7.03 139.23 1.04 0.30 19.84 IV 02 2.55 1279.85 0.92 141.66 1.11 0.56 24.63 Fonte: Mecon, 2004. 387 Tabela C – Indicadores de Produção, Reservas, Perfil Administrativo e Competitividade da Petrobras, 1994-2002 Preço Brent Preço GN Dif. Dif.Cresc.Pr Tx Tx.Cresc.Pa Tx Tx BFC sem BFC com Custo de spot (US$/BOE) Cresc. odução e Cresc.Partic. rtic.Br/ALC Cresc.Partic. Cresc.Partic. Governo Governo Extração sem (US$/BOE) Produção Cresc.Econ. Br/Mundo Petr Br/Mundo Br/ALC GN (US$/BOE) (US$/BOE) Governo e Brasil (pp) Petr GN (US$/BOE) Cresc.Eco n. Mundo (pp) 1994 19.40 11.29 -2.84 -4.99 1.98 -1.59 -4.55 -4.16 nd nd nd 1995 20.28 9.94 4.83 4.31 2.91 -4.24 4.76 -1.80 nd nd nd 1996 23.88 16.24 9.13 10.47 8.49 5.56 9.09 3.05 nd nd nd 1997 21.64 14.88 3.93 4.86 5.22 2.06 11.67 7.25 nd nd nd 1998 14.47 12.24 10.78 13.45 13.22 8.08 2.61 -1.93 nd nd nd 1999 19.71 13.35 9.81 12.62 15.33 14.95 1.82 4.50 16.52 14.31 3.20 2000 30.27 24.88 6.74 7.18 7.59 10.66 7.14 -1.21 26.95 23.24 3.32 2001 25.17 23.94 2.07 3.05 5.88 7.18 0.00 1.50 21.91 18.61 3.26 2002 25.19 19.59 7.02 8.50 12.78 14.42 20.00 18.52 22.18 18.19 3.01 Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2003), ANP (2003) e BP (2004). Período Continuação Período Custo de Taxa de Extração com Cresc. Governo Royalties (US$/BOE) do Petróleo e GN 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 nd nd nd nd nd 5.40 7.03 6.56 nd 52.92 25.58 23.49 48.57 247.93 89.89 23.32 ISP IRR FCO/P Produção Petróleo e GN (Mil BOEd) RP/DT RP/P nd nd nd nd 0.46 0.34 0.35 0.25 nd nd nd nd 2843 5508 8447 2839 0.90 0.38 0.33 0.48 0.55 0.08 0.83 0.82 821 891 1008 1090 1238 1404 1566 1636 3.36 4.01 4.19 3.78 2.14 2.85 3.61 3.54 22.02 23.68 22.56 23.12 18.59 18.73 17.15 15.57 Novas Novas Reservas Descobertas Descobertas provadas de Petróleo Secas Petróleo, e GN (insucesso) LGN e GN (sucesso) (Bilhões BOE) nd nd nd nd 19 11 7 9 nd nd nd nd 22 21 13 27 6.6 7.7 8.3 9.2 8.4 9.6 9.8 9.3 IVR 0.86 8.53 13.13 8.13 13.58 13.41 11.54 4.47 388 2002 7.01 38.24 0.31 11972 0.53 Fonte: Elaboração do autor baseada em Petrobras (2003), ANP (2003) e BP (2004). 1800 3.72 15.98 5 11 10.5 10.02 Tabela D - Indicadores Financeiros da Petrobras, 1994-2002 Período FCR/DT FCO/DCP EBIT FCO/DT 31-03-94 1.068 1.444 -0.152 0.975 30-06-94 30-09-94 31-12-94 31-03-95 30-06-95 30-09-95 31-12-95 31-03-96 30-06-96 30-09-96 31-12-96 31-03-97 30-06-97 30-09-97 31-12-97 31-03-98 30-06-98 30-09-98 31-12-98 31-03-99 30-06-99 30-09-99 31-12-99 1.490 13.094 30.153 1.114 0.876 2.769 16.132 0.748 2.874 4.345 12.829 0.534 1.962 7.764 17.674 1.161 3.332 3.688 14.031 -7.056 -4.403 -1.818 10.477 2.164 17.639 43.829 1.697 1.324 4.155 26.711 1.007 3.699 5.701 22.354 0.789 2.709 11.287 28.990 1.719 4.566 5.442 28.617 -11.881 -6.936 -3.509 24.104 1.018 -0.504 0.831 0.855 1.141 1.464 2.819 1.352 1.730 1.686 1.483 0.405 1.003 1.314 1.152 0.741 1.039 0.977 0.864 3.177 3.990 3.488 4.457 1.462 11.987 30.153 1.065 0.838 2.764 18.810 0.748 2.664 4.049 15.202 0.534 1.871 7.526 19.787 1.161 3.087 3.576 16.947 -7.056 -4.403 -1.818 12.847 FCL/DT EBITDA 0.975 5.316498852 1.462 11.987 16.110 1.065 0.838 2.764 0.458 0.748 2.664 4.049 -0.009 0.534 1.871 7.526 4.866 1.161 3.087 3.576 2.469 -7.056 -4.403 -1.818 3.793 6.519557211 1.332454704 3.719566024 5.847828185 6.844900788 6.384932883 8.127957087 6.54501614 6.20627892 4.668078334 3.589819432 8.02983562 4.703105014 3.775714474 2.891644912 7.261186613 3.963872413 2.551751612 1.865795757 12.16063962 8.206942759 5.924113443 6.140355696 EBITD A/GC DT/CT MB MO GC/DA RLO DCP/DT DT/EBITD A 0.91 0.361 16.139 -1.003 907118 0.67 7.53 2.08 0.66 1.39 -0.19 -0.06 0.42 1.70 0.26 0.79 1.06 1.04 -1.79 -0.06 0.60 0.64 -1.20 0.16 0.50 0.56 4.90 4.79 3.95 4.78 0.364 0.334 0.327 0.324 0.320 0.329 0.336 0.349 0.363 0.374 0.404 0.402 0.400 0.412 0.416 0.424 0.428 0.443 0.438 0.514 0.530 0.703 0.678 21.856 26.106 20.452 24.098 21.824 21.026 22.545 26.234 23.421 23.117 22.092 18.430 23.768 26.236 25.365 31.935 31.930 29.766 30.168 46.894 48.288 46.114 53.210 3.151 6.692 2.401 5.539 3.372 3.323 4.458 9.157 6.668 6.245 5.818 1.795 4.656 6.173 5.743 4.171 6.515 7.635 7.895 23.154 25.164 25.670 29.640 5505094 9707245 13802844 3246188 6744701 10798006 15231554 3839655 7906015 12419421 16871662 4127735 8191616 12461485 16668836 3895276 8011800 11998524 15829260 4007038 9804024 17327634 26881421 0.67 0.67 0.68 0.62 0.63 0.66 0.70 0.74 0.72 0.71 0.68 0.67 0.69 0.66 0.68 0.67 0.67 0.65 0.59 0.59 0.63 0.51 0.53 6.34 4.30 5.24 6.53 6.18 5.93 5.10 6.23 6.01 5.61 5.69 9.17 7.54 6.69 6.26 9.83 8.12 7.16 6.30 6.04 4.61 5.10 3.39 85.490 121.094 121.868 128.947 130.014 82.653 389 31-03-00 8.306 30-06-00 16.704 30-09-00 24.589 31-12-00 35.119 31-03-01 8.512 30-06-01 19.671 30-09-01 25.227 31-12-01 27.235 31-03-02 4.094 30-06-02 12.250 30-09-02 15.580 31-12-02 21.502 Fonte: Economática, 2004. 11.119 23.365 35.528 54.632 12.506 24.594 30.843 48.692 4.955 14.822 17.938 31.232 7.719 8.797 9.052 10.143 11.968 12.653 12.868 12.436 8.638 14.142 13.901 11.262 6.134 12.363 18.336 31.694 6.872 16.203 20.197 29.764 2.836 9.051 11.821 21.046 6.134 12.363 18.336 15.662 6.872 16.203 20.197 6.879 2.836 9.051 11.821 1.655 12.65700723 11.46692774 10.85513997 11.58473622 17.35062768 15.60317415 14.94738752 14.12952965 18.78248106 20.10294238 17.48657573 13.48291228 5.06 7.35 8.08 9.36 5.21 8.95 10.26 10.31 -4.91 6.18 9.11 8.29 0.653 0.622 0.601 0.612 0.575 0.547 0.549 0.587 0.549 0.569 0.633 0.632 73.198 73.779 73.121 73.740 74.335 72.057 67.691 65.781 52.230 63.157 63.500 59.932 38.533 38.693 38.475 38.486 37.413 36.247 34.760 33.766 26.725 32.397 32.936 31.429 155.668 259.203 271.748 9230502 19755120 31198027 44627657 11620357 24097905 37134036 49092907 9374763 22467428 38106562 56320405 0.55 0.52 0.51 0.58 0.54 0.65 0.65 0.61 0.57 0.61 0.65 0.67 6.42 3.65 2.54 2.02 5.97 3.38 2.61 2.23 6.88 4.31 3.93 2.98 Tabela E – Indicadores de Produção, Reservas, Perfil Administrativo e Competitividade da Repsol-YPF, 1994-2002 Preço Preço Dif. Dif. Tx. Tx.Cresc. Tx.Cresc Tx.Cresc.Pa BFC Custo de Tx Brent spot GN Cresc.Pro Cresc.Produç Cresc.Partic.A Partic.Arg .Partic.Ar rtic.Arg/ALC (US$/BO Extração Cresc.Roy (US$/BO (US$/BO dução de ão de rg/Mundo Petr /ALC Petr g/Mundo GN E) (US$/BOE) alties E) E) Petróleo e Petróleo e GN Petróleo GN e GN e Cresc. Cresc. Econ. Econ. Argentina Mundo (pp) (pp) 1994 19.40 11.29 -0.26 -2.40 9.47 4.00 2.91 -0.63 16.40 3.00 24.56 1995 20.28 9.94 16.71 23.26 7.69 0.85 10.38 3.20 17.56 2.72 22.64 1996 23.88 16.24 6.24 4.72 5.36 1.91 10.26 3.95 21.32 2.56 38.08 1997 21.64 14.88 0.60 -3.31 3.39 1.05 -5.43 -6.79 19.09 2.55 -2.18 1998 14.47 12.24 2.31 1.26 -0.82 -5.04 5.74 0.97 12.07 2.40 -36.77 1999 19.71 13.35 -2.35 4.63 -2.48 -3.20 13.95 14.79 17.32 2.39 33.73 2000 30.27 24.88 -9.39 -3.80 -6.78 -4.43 4.76 -0.60 28.08 2.19 67.42 2001 25.17 23.94 -6.80 0.01 0.91 2.70 -3.25 -4.59 22.90 2.27 -17.94 2002 25.19 19.59 -3.35 10.54 -2.70 -1.31 -4.03 -3.63 23.73 1.46 200.80 Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF(2002), Mecon (2003) e BP (2004). Período 390 Continuação Período Tx Cresc.Ro yalties GN ISP Novas Novas Produção Descobert Descobertas Petróleo e GN as de Secas (Milhoes BOE) Petróleo e (insucesso) GN (sucesso) RP/DT 1994 15.48 nd nd nd 186.25 0.00244 1995 18.35 nd nd nd 224.27 0.00227 1996 14.25 nd nd nd 247.24 0.00238 1997 4.13 nd nd nd 259.11 0.00196 1998 7.21 nd nd nd 272.35 0.00121 1999 18.46 0.10 3 26 275.75 0.00163 2000 14.31 0.35 13 24 263.09 0.00288 2001 8.62 0.31 11 25 251.51 0.00198 2002 42.28 0.38 10 16 250.62 0.00098 Fonte: Elaboração do autor baseada em Repsol-YPF(2002), Mecon (2003) e BP (2004). IVR RP/P FCO/P Reservas Estimadas e Provadas de Petróleo e GN (Milhoes BOE) IRR 3.44 20.41 10.24 4.80 5.11 1.25 -4.59 -4.40 -0.35 12.89 12.61 11.68 11.57 11.63 11.68 12.41 12.32 11.57 0.78 0.88 0.69 0.79 0.92 0.62 0.65 0.84 1.09 2400.17 2827.16 2888.45 2997.85 3168.35 3221.66 3265.82 3097.38 2899.52 nd nd nd nd nd 1.13 -0.97 -1.05 -0.09 Tabela F – Indicadores Financeiros da Repsol-YPF, 1994-2002 Período 31-03-94 30-06-94 30-09-94 31-12-94 31-03-95 30-06-95 30-09-95 31-12-95 FCR/DT 11.25 19.98 35.11 51.05 13.43 23.09 32.61 41.24 FCO/DCP EBIT 23.47 35.29 62.65 87.89 21.92 36.73 61.02 83.35 5.88 9.63 20.60 25.29 52.50 46.20 11.63 7.28 FCO/DT 10.63 19.75 34.79 50.60 13.43 22.49 39.44 48.12 FCL/DT -0.86 -1.01 0.20 -1.28 -4.10 -6.49 -14.46 -21.47 EBITDA 12.81 21.27 41.08 54.69 98.50 85.40 22.52 14.30 EBITDA-GC DT/CT 3.54 3.37 6.80 6.35 -18.00 -15.50 -2.55 -0.91 0.29 0.36 0.34 0.32 0.33 0.39 0.36 0.36 MB MO 32.41 31.41 32.46 32.40 36.42 35.72 37.11 34.90 16.98 15.33 17.20 16.89 20.02 19.79 21.48 19.40 GC/DA 156.49 168.34 175.98 182.70 258.89 264.14 253.63 252.77 RLO 901000 1885000 2994000 4192000 1049000 2335000 3250000 4954000 DCP/D DT/EBITDA T 0.45 6.30 0.56 4.05 0.56 2.41 0.58 1.70 0.61 6.75 0.61 4.08 0.65 2.36 0.58 1.75 391 31-03-96 10.46 30-06-96 22.02 30-09-96 34.61 31-12-96 46.95 31-03-97 13.97 30-06-97 23.45 30-09-97 35.21 31-12-97 43.17 31-03-98 7.97 30-06-98 15.08 30-09-98 23.06 31-12-98 28.16 31-03-99 5.54 30-06-99 12.63 30-09-99 22.95 31-12-99 28.94 31-03-00 14.07 30-06-00 29.66 30-09-00 47.99 31-12-00 58.21 31-03-01 14.64 30-06-01 16.52 30-09-01 29.58 31-12-01 15.90 31-03-02 -16.78 30-06-02 0.65 30-09-02 36.46 31-12-02 69.49 Fonte: Economática, 2004. 18.68 36.21 53.67 90.36 25.21 37.24 66.05 75.91 18.31 34.98 53.09 67.62 15.19 31.00 52.52 58.91 23.33 47.85 80.74 82.85 18.06 35.44 48.29 71.05 -28.80 1.20 84.21 143.98 3.78 4.40 4.83 4.84 6.18 5.96 5.80 5.76 4.82 5.03 4.96 4.45 3.06 3.74 4.15 4.48 7.99 8.88 10.03 10.51 11.34 10.15 9.28 7.74 0.12 0.59 1.32 2.12 10.52 21.77 33.38 44.77 12.31 21.00 31.73 39.40 8.04 15.18 23.25 29.19 6.13 13.49 23.08 27.49 11.54 24.56 38.79 46.19 11.13 24.19 34.05 39.76 -16.78 0.65 36.46 65.36 -4.26 -4.86 -3.47 -3.00 3.39 2.94 6.06 4.90 0.54 1.50 3.48 3.21 1.75 5.25 9.32 7.16 5.94 12.94 18.78 18.21 4.57 -2.70 2.55 -24.75 -19.43 -8.55 15.07 32.34 7.51 8.22 8.66 8.61 10.40 10.17 9.96 9.96 9.25 9.42 9.40 8.88 6.51 7.18 7.57 7.81 11.52 12.61 14.01 14.74 16.19 14.59 13.71 12.24 1.16 1.79 2.75 3.78 1.92 2.74 3.58 3.77 6.70 5.68 5.90 5.50 5.03 5.41 5.61 5.02 4.78 5.52 5.81 5.96 9.15 9.96 11.02 10.94 11.47 10.23 9.52 7.85 1.11 1.55 2.23 2.90 0.36 0.38 0.38 0.37 0.35 0.39 0.39 0.39 0.38 0.41 0.40 0.41 0.40 0.42 0.39 0.38 0.36 0.36 0.33 0.34 0.34 0.36 0.35 0.33 0.59 0.41 0.29 0.29 35.93 37.89 38.72 39.11 41.02 40.30 39.64 39.29 34.46 35.91 36.00 34.67 31.20 33.34 35.26 36.21 50.21 51.03 51.49 51.36 52.67 52.06 50.53 47.61 50.98 48.62 49.99 51.11 21.71 23.73 25.30 25.66 27.66 27.16 26.82 26.27 21.23 22.75 22.32 20.56 17.82 20.39 22.04 23.03 39.82 40.82 41.16 39.73 40.69 39.11 37.90 32.64 40.79 39.39 41.31 42.07 204.33 194.41 179.29 174.48 114.81 140.05 128.53 139.62 122.82 118.44 110.11 112.69 70.92 68.03 72.64 79.26 93.33 96.77 100.18 117.83 122.55 126.89 122.00 125.48 119.07 115.69 120.76 133.17 1322000 2819000 4388000 5919000 1497000 3030000 4604000 6121000 1361000 2765000 4153000 5481000 1375000 2933000 4614000 6578000 1424000 2957000 4628000 6219000 1477000 3089000 4625000 5953000 1726000 6251000 10996000 15314000 0.56 0.60 0.62 0.50 0.49 0.56 0.48 0.52 0.44 0.43 0.44 0.43 0.40 0.44 0.44 0.47 0.49 0.51 0.48 0.56 0.62 0.68 0.71 0.56 0.58 0.54 0.43 0.45 5.88 2.93 1.88 1.39 5.13 3.03 2.01 1.62 7.95 4.08 2.71 2.21 9.53 4.46 2.60 1.74 5.37 2.59 1.51 1.24 5.82 2.96 2.03 1.39 1.41 1.45 0.89 0.71 392 i Existem apenas três empresas de ratings oficiais nos EUA: Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch IBCA (que adquiriu Duff & Phelps, em 2000). Para empresas fora dos EUA, veja White (2002). ii A Standard & Poor’s (2002a) inicialmente avaliava o rating de crédito das companhias de seguro (1971), de garantias financeiras (1971), dos bonds mortgage-basked (1975), dos fundos mútuos (1983) e dos asset-basked securities (1985). iii A Standard & Poor’s vem elaborando rating em escala local. Os ratings locais diferem dos ratings em escala global, porque têm a adição de um prefixo ao símbolo, por exemplo: .br para o Brasil; .ar para a Argentina. Mas, o fator mais importante dessa diferença é a exclusão no rating local do risco soberano e de potenciais controles cambiais. Em função disso, os ratings locais não diferenciam as dívidas emitidas em moeda doméstica da estrangeira e, portanto, não podem ser diretamente comparáveis aos de escala global (STANDARD & POOR'S, 2002b). iv Kuhner (2001) cita uma informação da própria Standard & Poor’s, de que as agências de ratings participam de reuniões de conselhos de administração e chegam a informar qual estratégia de negócio estaria prejudicando o rating, influenciando, dessa forma, na estratégia empresarial da emitente de dívida. v Um contra-exemplo recente da destruição de capital reputacional estava na revelação, dentro do escândalo Enron. Os auditores analisavam a empresa para indicação do rating e, também, vendiam serviços de consultoria para a Enron. A Enron “comprava” o silêncio do auditor sobre dúvidas na qualidade de crédito ao demandar seus serviços de consultoria e recebia bons ratings (KUHNER, 2001) vi Existem casos de default de empresas nos EUA e em outros países, que não foram precedidos de quedas nos ratings (PARTNOY, 2002). vii Ao contrário, uma recomendação de compra de ações de uma empresa, por parte de um analista financeiro está sujeito a ações por perdas e danos, caso a empresa venha a falir (PARTNOY, 2002). viii Partnoy (1999) afirmou que o monopólio efetivo criado pela SEC garantiu a lucratividade das agências como a Moody’s, que no primeiro lançamento de ações chegou ao valor de mercado de US$5 bilhões. ix Partnoy (2002) chama a atenção sobre a situação absurda da imunidade legal: não é razoável um investidor confiar em um rating para a decisão de investir, mas para os reguladores – SEC -, um rating é uma informação confiável, pois é indispensável para garantir a estabilidade do sistema financeiro. x Em 2003, a Securities and Exchange Commission – SEC - lançou um debate sobre a regulação das agências de rating. Veja [www.sec.gov./rules/concept/s71203.html]. xi Os ratings de notes municipais não são considerados soberanos, mas fazem parte das emissões e são restritos aos mercados financeiros de economias mais maduras (STANDARD & POOR’S, 2000a). xii Quando o texto se referir aos “governos soberanos ou nacionais”, estará contemplando a esfera federal somente; as esferas estadual e municipal e as províncias são consideradas como subnacionais. xiii Para as companhias seguradoras é atribuído o rating de ações, que possibilita os fundos de aposentadoria e pensão realizarem investimentos. No processo de rating dessas companhias, são consideradas as informações oferecidas pela empresa ao mercado. Contudo, as agências alertam que os ratings não devem ser interpretados como um indicador de valor de uma ação, uma recomendação de compra ou venda, ou cumprimento de objetivos de alguns investidores (STANDARD & POOR’S, 2002a). xiv Alguns exemplos do mercado americano podem ser dados sobre o comportamento do mercado frente aos ratings. A SEC requer status no grau de investimento para registrar dívidas na Form-3. O Conselho do Federal Reserve permite aos seus membros do Sistema Federal Reserve que invistam em títulos de dívida com rating pertencente ao grau de investimento. O Sistema de Bancos de Empréstimos para Habitação Federal (mortgage banks) permite às associações de empréstimo e poupança que invistam em dívida corporativa, pertencentes ao grau de investimento. O Departamento do Trabalho autoriza os fundos de pensão a investirem em commercial papers que sejam classificados nas três categorias mais altas de rating – AAA, AA e A. Muitas instituições também fixam outras regras em função dos ratings, por exemplo, para o aumento do spread (STANDARD & POOR’S, 2002a, p. 9). xv O outlook vem recebendo um bom feedback dos investidores, o que tem levado a Standard & Poor’s a revisar a possibilidade de encurtamento do horizonte temporal e a providenciar novos parâmetros para a análise de emitentes e emissões (STANDARD & POOR’S, 2002a). xvi Detalhes de quais procedimentos são adotados pelos credores nos casos de default de soberanos, ver Sovereign Debt: what happens if as sovereign default? (MOODY’S, 2000c). xvii A Standard & Poor’s (2002f) considera como default as trocas de dívidas correntes por dívidas Bradys, por swaps relativos aos programas de privatização do governo e os processos de recompra de títulos públicos ou privados, devido à maioria dos novos termos serem menos favoráveis que os originais. 393 xviii A Standard & Poor’s (2002c) ao analisar os emitentes de dívida no período de 1820 a 1999 verificou que o default soberano ocorreu em escala menor que o corporativo, em todas as categorias de rating. Entretanto, salientou que nas últimas décadas, poucos foram os soberanos avaliados, o que propiciou um certo viés na análise. A agência acredita que com o tempo, mais governos nacionais se tornem emitentes e façam emissões com rating. Com isso, vê como possível uma mudança na relação default soberano e corporativo. xix A análise do saldo em Transações Corrente é importante no processo de rating, mas o déficit dos EUA nesta rubrica tem gerado entendimentos diversos sobre a sua validade. O saldo em Transações Correntes dos EUA apresenta déficit desde o início da década de 90, mas, devido à reduzida dívida em moeda estrangeira e a posição única no mercado financeiro global, não tem causado pressão sobre o seu rating Aaa de longo prazo (escala da Moody's). Os motivos para essa nota não são explicados pelos investimentos no exterior serem mais lucrativos que os realizados nos EUA e a baixa performance da economia americana (MOODY’S, 2000b, p.4). xx A agência está vendo com cautela vários governos soberanos da América Latina, apesar de alguns terem baixos níveis de endividamento. Eles apresentam um montante de juros da dívida elevados e capacidade de pagamento variável no tempo (STANDARD & POOR’S, 2002c). xxi Os controles cambiais geralmente estão associados às crises no Balanço de Pagamentos ou nas finanças do Governo Nacional, que podem levá-lo ao default. Neste caso, os emitentes domiciliados no país, com controle de capitais, estão sujeitos ao risco de não transferência e conversibilidade (T&C) da moeda doméstica em estrangeira (MOODY’S, 1999a). xxii A possibilidade de revisão foi levantada por Paulo Silva – funcionário da Moody’s Brasil – via contato telefônico em agosto de 2003. xxiii Conforme a Standard & Poor’s (2001a, p.2), os casos mais recentes de dificuldades no pagamento das dívidas ou mesmo de default de soberanos – por exemplo: Rússia, Paquistão, Equador, Indonésia, não levaram a moratória conjunta. Isso teve como explicação a baixa proporção da dívida externa do setor privado. Também, por que esses países são participantes dos programas para a estabilidade monetária do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde são, expressamente, proibidos de impor controles cambiais. xxiv A Argentina é um contra exemplo significativo. xxv A Standard & Poor’s (2002a) trabalha com 8 indicadores, que podem ser considerados subconjuntos dos apresentados pela Moodys (2001b). Mais detalhes na seção referente a metodologia. xxvi Os sistemas legais referidos no texto dizem respeito à lei de falência e as práticas contábeis e jurídicas legais pertencentes à jurisdição do emitente e da emissão (STANDARD & POOR’S, 2002e). xxvii O método botton-up é também concebido como uma pirâmide invertida, onde se parte do micro (empresa) para o macroeconômico (país). xxviii Esta seção é baseada em Moody’s 1999b. xxix Definição de upstream, downstream e midstream ver Moody’s (1999b). xxx As informações sobre atividade de produção de petróleo e gás seguem, em grande medida, a Statement of Financial Accounting Standards (FAS) nº 69 (SEC, 2004c). xxxi A Moody’s tem concluído que, muitas vezes, os ratings não são correlacionados com os indicadores econômico-financeiros da empresa, mas aos embargos da OPEP. (MOODY’S, 1999a, p. 5). xxxii FAS nº 69 refere-se a uma normativa de como as empresas da indústria do petróleo devem disponibilizar as informações sobre reservas ao mercado. Contudo, a grande maioria das empresas, em especial, as empresas analisadas neste trabalho - Repsol-YPF e Petrobras - não seguem fielmente essa indicação. xxxiii As agências costumam analisar os indicadores num período de 3, 5 e 10 anos. O período deve-se ao impacto que um evento pode causar ao longo do tempo e coincidir com o ciclo de investimentos, que tem duração de vários anos (MOODY’S,1999a, p.8). xxxiv Recentemente a The Economist chamou a atenção do mercado sobre a diferença que vêm ocorrendo nos registros de reservas provadas de várias empresas (Shell-old, Norsk Hydro, Exxon Mobil, Statoil e Shell-new) em relação ao campo de gás natural Ormen Lange/Noruega. Foi mostrado que todas as empresa possuem igual acesso às tecnologias de avaliação de reservas e ao guia FAS nº 69 da SEC. Entretanto, apontam que a avaliação realizada por administradores internos tem se mostrado mais otimista que por consultores externos. Uma pergunta que ficou no ar: Por que dessa diferença na avaliação de reservas? (THE ECONOMIST, 1/4/2004a, p. 68). xxxv Em Cantor e Packer (1996), os fundamentos macroeconômicos se apresentam em séries anuais. xxxvi A taxa de juros do Tesouro Americano de 3 meses foi considerada somente no modelo do spread soberano. xxxvii As Reservas Internacionais referem-se ao conceito primário (BCB, 2003). 394 xxxviii O spread Brasil inclui 18 títulos de dívida externa, onde destaca-se o C-bond (CANUTO, O., 2003). O EMBI considerava somente os títulos Brady, e foi substituído pelo EMBI+. Este último contempla os títulos Brady, empréstimos, Eurobonds, etc. de países Latino Americanos e não Latinos. A cesta de países latinos encontra-se o Brasil, Argentina e México e na de não latinos estão a Bulgária, Marrocos, Nigéria, Filipinas, Polônia, Rússia e África do Sul (JPMORGAN, 2003). xl A Standard & Poor’s emite ratings soberanos para os títulos brasileiros em moeda estrangeira de longo prazo, desde 1994, enquanto que a Moody’s desde 1996, por isso a escolha da primeira. xxxix xlii A Moody’s iniciou a classificação dos títulos de dívida em moeda estrangeira brasileiros em janeiro de 1996. Apesar da defasagem, não existem diferenças qualitativas importantes entre os ratings soberanos da Moody’s e Standard & Poor’s. xliii A Tabela dos ratings soberanos emitidos pela Moody’s encontra-se em anexo. xliv A literatura sobre determinantes de falências é enorme, inclusive no Brasil, chegando até a livrostextos (Silva, 1998), onde a literatura dos anos 70 é sintetizada. xlv EBIT, do inglês: Earning before interest, and tax (Lucro antes dos impostos e taxas) (DAMODARAN, 1999, p.52). xlvi As despesas financeiras são uma proxy para as despesas específicas com juros pagos. Isso se deve as despesas com juros pagos contemplarem mais de 80% da rubrica despesas financeiras (WESTOON, J.F. & BRIGHAM, E.F., 2002). xlvii EBITDA, do inglês: Earning before interest, tax, depreciation and amortization (Lucro antes dos juros, impostos, taxas, depreciação e amortização) (DAMODARAN, 1999, p.52). xlviii O indicador dívida com juros flutuantes sobre dívida total não foi possível construir pela falta de desagregação das contas dos Balanços Patrimoniais e Demonstrações Financeiras das empresas selecionadas. xlix O indicador participação da empresa no mercado total não foi incluído nas análises, por que possui comportamento similar ao da taxa de crescimento da produção em relação ao mundo e América Latina e Caribe –ALC. l As reservas e produção de petróleo e gás são medidos em Barris de Óleo Equivalente (BOE). li A Petrobras recolhe cinco tributos específicos da indústria do petróleo: royalties, participação especial, bônus de assinatura, taxa de retenção de área e Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (www.petrobras.com.br em conheça a Petrobras). lii O indicador Valor Presente Líquido das Reservas pela SEC não foi incluído nas análises. Ele é uma medida alternativa aos indicadores de fluxo de caixa. Contudo, a Moody’s (1999b) aponta dois limitadores para o uso desse indicador: (1) contempla somente as empresas listadas na própria SEC; (2) existem diferentes normas contábeis entre países, logo o custo de ter o VPL das reservas torna-se maior que o benefício correspondente. Mais detalhes sobre a metodologia do VPL das reservas ver FAS 69 da SEC. liii O indicador Escala Operacional (EO), Habilidade Financeira da Empresa (HFE), Prática de Registro de Reservas (PRR) e Integração de Empresas (IE) não foram incluídos nas análises. A Escala Operacional é um indicador que mostra o tamanho absoluto das reservas e produção da empresa, sua diversidade ou concentração geográfica. Parte da EO pode ser vista nos indicadores de Reservas Provadas (RP) e Perfil da Produção (PP), a outra parte no indicador Acesso ao Mercado (AM), por isso, esse indicador não será analisado diretamente. A Habilidade Financeira da Empresa é um indicador que mostra o poder da empresa em controlar os seus gastos. A HFE pode ser mensurada observado os indicadores de fluxos de caixa pertencentes a cobertura financeira, assim a HFE não foi considerada diretamente nas análises. A Prática de Registro de Reservas é um indicador que sintetiza o tempo de uso, volume e necessidade de revisões periódicas das reservas de petróleo e gás. Conforme Moody’s (1999b, p.11), devido as possibilidades de sobreavaliação de reservas, tem tornado-o pouco usado na determinação do rating. Em função disso, o indicador também não foi contemplado nas análises. Integração de Empresas é um indicador que refere-se a estrutura da empresa. As empresas são consideradas de estrutura sólida quando contemplam o upstream, dowstream e midstream. Geralmente, as empresas possuem estratégias operacionais diferenciadas, capazes de minimizar o risco inerente a atividade produtiva concentrada, por isso, tendem a ter um rating corporativo maior. Considerando que a Petrobras e a Repsol-YPF sempre foram empresas integradas, esse indicador não foi contemplado nas análises. liv Indicador de custos de desenvolvimento e conclusão de reservas por produção [símbolo ICDCR/P] mostra os custos totais de produção de uma nova reserva. A Moody’s (1999b, p.10) afirma que o ICDCR/P tem estabilizado ou declinado, devido, principalmente, aos avanços tecnológicos, 395 internacionalização do desenvolvimento da produção e alta competitividade dos serviços relacionados. Neste caso, ele não foi contemplado nas análises. lvi A Repsol S.A. em 23/06/1999 abriu oferta pública para a compra das ações ordinárias possuídas por minoritários no mercado argentino – Bolsa de Comércio de Buenos Aires – e na New York Securities and Exchange – NYSE -. Assim, essas ações passaram a representar a fusão entre a YPF S.A. e Repsol S.A., e não mais somente da YPF S.A.(www.mepri.mecon.gov.ar/YPF/oferta_aquisicion-YPF.htm em 12/04/04). lvii A Standard & Poor’s iniciou a classificação dos títulos de dívida argentinos em 25/08/93 e a Moody’s em 06/08/93. Entretanto, para seguir a lógica já desenvolvida na seção referente a Petrobras, aqui também se optou pelos soberanos emitidos pela Standard & Poor’s. Acredita-se que esse procedimento não afete os objetivos propostos. lviii A Repsol-YPF S.A. possui quatro classes de ações: Classe A- ações pertencentes ao Estado Nacional; classe B – ações pertencentes as Províncias; Classe C – ações ordinárias equivalente a 10% do capital social; Classe D – ações preferenciais vendidas ao capital privado. As ADS correspondem as ações de Classe D do mercado interno (SEC, Form 20-F YPFSA, 1993-1995; mepriv.mecon.gov.ar, 2004). lix A YPF S.A. fez seu primeiro lançamento de ADS na NYSE em 28 de junho de 1993 (mepriv.mecon.gov.ar). lx Esta seção baseia-se em Greene (2000, cap.19) e Eviews (2000). lxi Em geral, em modelos de mercado, a constante não é significativa. Com isso, um teste de estabilidade de Chow depende da variabilidade dos coeficientes angulares. lxii Do ponto de vista da análise de eventos usual na literatura de finanças, como por exemplo, o capítulo 4 de Campbell [et al.] (1997), o teste de Chow apresenta algumas diferenças. O método de estudos de eventos testa, comparando vários eventos, mudanças na média dos resíduos (o que é equivalente à mudanças de interceptos em um modelo de mercado) e durante a janela do evento (em geral o dia e o dia seguinte ao anúncio). Já o teste de Chow analisa a mudança do coeficiente angular e intercepto, na janela após o evento. Ao contrário do método de estudos de eventos usual, que supõe um efeito transitório nos retornos, o teste de Chow analisa um efeito permanente sobre os retornos das ações e títulos e sua relação com o mercado, ou seja, seu risco. lxiii O procedimento para a estimação do beta recursivo e dos resíduos recursivos seguiu Johnston e DiNardo (1997) e Maddala (1996). lxiv Também conhecido como Teste de Estabilidade da Previsão (veja por exemplo Maddala, 1996). lxv Dado uma amostra dividida em duas sub-amostras, A = A1 + A2. Os resíduos da amostra 1 são representados por u1 e da amostra 2 por u2. O teste de estabilidade de Chow usa a seguinte formulação no teste F: F = (u’u – (u1’ u1 + u2’ u2))/k , (u’1’u1 + u2’u2)/(T – 2k) onde: u’u é a soma ao quadrado dos resíduos restritos (impondo que não há quebra), ui’ui é a soma ao quadrado dos resíduos das sub-amostras i; T é o número total de observações e k é o número de parâmetros na equação. Então, se Fcalculado > Ftabelado, rejeita-se H0; se Fcalculado < Ftabelado, aceita-se H0 aos níveis de 1, 5 e 10% (EVIEWS, 2000, p. 364). lxvi O método ordered logit produziu 36 erros de previsão, sendo a maior concentração no rating B+ com outlook positivo. Por outro lado, o método ordered probit gerou 38 erros de previsão, também concentrados na mesma categoria de rating. lxvii Para essa estimação, também se obteve os resultados com o spread em pontos base. Os sinais dos coeficientes, a significância dos respectivos testes t, R2 ajustado e estatística F, levaram para as mesmas conclusões. lxviii Os métodos ordered logit e ordered probit geraram 12 erros de previsão, com maior concentração no rating BB- com outlook estável. lxix O método ordered logit gerou estimativas com menos erros de previsão que o ordered probitlxix. Mas, os sinais dos coeficientes e a respectiva significância foram iguais nos dois métodos. lxx O primeiro rating emitido para a Petrobras ocorreu em 17/4/97. Ele foi direcionado aos títulos de dívida em moeda estrangeira: Global Bond e Eurobonds. lxxi O modelo alternativo quando estimado pelo método ordered probit registrou 8 erros de previsão. lxxii O método ordered logit gerou estimativas com menos erros de previsão que o ordered probitlxxii. Salienta-se, que os coeficientes FCO/DT e DT/EBITDA tiveram sinais opostos quando da aplicação do ordered logit e probit. lxxiii O primeiro rating da Repsol-YPF datou de 19/4/94. Ele foi direcionado aos títulos em moeda estrangeira, cuja dívida classifica-se como negociable obligation em USD (MOODY’S, 2003). 396 lxxiv Apesar de não ser alvo deste trabalho uma análise comparativa entre os soberanos emitidos pela Standard & Poor’s e Moody’s sobre as ações da Repsol-YPF, no anexo 6.3 estão os resultados do teste de estabilidade de Chow considerando as emissões de rating soberano pela Moody’s. Também, uma breve análise desses resultados. lxxv Apesar de não ser alvo deste trabalho comparar a performance das agências quanto a avaliação dos fundamentos macroeconômicos e risco político dos países, salienta-se que o início de 1995, a Argentina estava vivendo uma séria crise bancária. A crise bancária teve como principal motivo o baixo nível dos depósitos em moeda nacional e os sucessivos prejuízos do setor (HERMANN, 2001) e indiretamente as incertezas da crise mexicana deflagrada meses antes. Assim, a Standard & Poor’s ao dar um downgrade soberano para MELP e MDLP em 8/3/95 esteve mais afinada com a realidade do país que e Moody’s ao emitir uma possibilidade de upgrade em 16/5/95 para a ME. lxxvi Os depósitos à vista mais cadernetas de poupança somavam 50% da moeda nacional, sendo 45% direcionado para depósitos a prazo fixo com menos de 90 dias (BCB, 2003) lxxvii A primeira em agosto de 1998 de -0,27% a.m., a segunda em julho de 1997 de -0,25% a.m., a terceira em agosto de 1998 de -0,52% a.m. e a última de -0,17% a.m. em setembro de 1998. lxxviii A crise da Ásia foi marcada por muitos acontecimento, mas pode-se dizer que o seu início ocorreu em 2 de julho de 1997, com a desvalorização da moeda da Tailândia e o último episódio – 20-23 de outubro de 1997 -, com a queda da Bolsa de Hong Kong de 25% no valor das ações em 4 dias. Nos EUA, a crise foi sentida em 27 de outubro quando a Bolsa de Nova York registra expressiva queda no valor das ações (news.bbc.co.uk). lxxix A primeira informação do EMBI+ foi em dezembro de 1997 ( JPMORGAN, 2003). lxxx Nestes dias foi acionado o circuit breaker, que interrompe os negócios por meia hora quando a queda é superior a 10% (BOVESPA, 2003). lxxxi A saída de Francisco Lopes teve como motivos as fortes acusações de ter beneficiado os Bancos Marka e FonteCidam na compra de dólares antes da liberação cambial. lxxxii Paralelamente, a agência Moody’s, em 15 de outubro de 2000 elevou o rating dos títulos soberanos em moeda estrangeira de B2 para B1 e dos depósitos bancários em moeda estrangeira de B3 para B2, com outlook estável. Essa decisão pouco surpreendeu o mercado, por que somente equiparou a sua classificação a dada pela Standard & Poor’s (B+) em janeiro de 1999, quando o real se desvalorizou (INVERTIA, 2001). lxxxiii A NFSP %PIB passou de 3,57% em 2000, para 3,77% em 2001, e a dívida interna e externa do setor público em %PIB, atingiu 49,38% em 2000 e 52,01% em 2001, em função dos aumentos nas taxas de juros (SELIC) e a depreciação do Real neste período. lxxxiv Depois de um longo processo de investigação sobre as denúncias referentes ao desvio de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará) (ESTADÃO, vários números). lxxxv Para o mercado financeiro, as eleições parlamentares na Argentina em 14 de outubro de 2001 poderiam minimizar ou agravar as possibilidades de moratória do país (ESTADÃO, 10/10/01). lxxxvi Na política externa, pode-se registrar o “caso Venezuela”. Após o golpe que durou 48 horas, o Presidente da Venezuela, Hugo Chavés volta ao poder. O seu retorno e os rumores de que Chaves desejava substituir todo o corpo dirigente da estatal Petróleo de Venezuela S.A. - PDVSA, por pessoas de sua confiança, repercutiu desfavoravelmente nas bolsas de valores internacionais e desencadeou uma sucessão de aumentos no preço do petróleo, esses últimos alimentados pela queda das reservas dos EUA e embargo iraquiano (ESTADÃO, 16/4/2002). lxxxvii A renuncia foi o resultado da descoberta pela Polícia Federal, de elevada quantidade em dinheiro “vivo”, não declarado, na empresa Lunus (São Luís/MA), em sociedade com seu marido Jorge Murad (ESTADÃO, vários números). lxxxviii O EMBI teve a sua última informação em 9 de julho de 2002 (JP MORGAN, 2003). lxxxix As reservas internacionais são também destinadas para o cumprimento do pagamento das dívidas de curtíssimo prazo, que somava até aquela data um total de US$ 4 bilhões, sendo US$ 3,3 bilhões somente do setor privado. Esse fato, juntamente com nova ajuda do FMI de US$ 15,7 bilhões, reforçou a idéia de que o BC não conseguiria vencer essa crise sem a ajuda e o dólar chegaria aos R$ 4,00 até o final de 2002 (ESTADÃO, 30/7/2002). xc Para títulos e notas, de B1 para B2 e para os depósitos bancários, de B2 para B3 (MOODY’S, 2003) xci Underperform significa um desempenho inferior à média do mundo (INVERTIA, 2003) xcii A antecipação das eleições presidenciais e parlamentares para março de 2003, conforme anunciado, não se concretizou. O primeiro turno ocorreu em 27 de maio de 2003 (CLARÍN, vários números). 397 xciii O perfil da dívida brasileira apresenta-se vulnerável às flutuações das taxas de juros e da de câmbio, por que os títulos atrelados à taxa básica de juros e ao dólar respondem por mais de 75% da dívida total do setor público (INVERTIA, 2001). xciv A Moody’s determinou o rating para os títulos soberanos em moeda estrangeira de longo prazo, em 6 de agosto de 1993. Isso fez com que tenha antecipado, em 19 dias, o rating dado pela Standard & Poor’s. Entretanto, como as análises do Brasil foram realizadas usando os ratings emitidos pela Standard & Poor’s, aqui também se usará os ratings desta agência. xcv Nesta mesma data foram indicados os ratings para os títulos em moeda estrangeira e doméstica de curto prazo, mas que não fazem parte das análises. xcvi As dívidas quando classificadas em Default Seletivo passam a ter o outlook irrelevante (STANDARD & POOR’S, 2003). xcvii O EMBI+ teve seu início em dezembro de 1997 (J.P. MORGAN, 2003). xcviii A média se refere ao spread e EMBI do último dia de cada mês do intervalo contemplado (dez./95; jan./96; fev./96; mar./96). xcix A crise da Ásia foi marcada por muitos acontecimento, mas pode-se dizer que o seu início ocorreu em 2 de julho de 1997, com a desvalorização da moeda da Tailândia e o último episódio – 20-23 de outubro de 1997 -, com a queda da Bolsa de Hong Kong de 25% no valor das ações em 4 dias. Nos EUA, a crise foi sentida em 27 de outubro quando a Bolsa de Nova York registra expressiva queda no valor das ações (BBC, 2004). c Os candidatos foram: Fernando De La Rúa/Carlos Alvarez (Chacho) – ALIANZA, Eduardo Alberto Duhalde/Ramón Bautista Ortega – AlConcejust/UCeDe, Domingo Felipe Cavallo/José Armando Caro Figueroa – AlAcRep/UceDe-SF, Patricia Cecilia Walsh/Rogerio De Leonardi – AllzUn, Lia Méndez/Jorge Pompei – PH, Jorge Altamira/Pablo Rieznik – PO, Jorge Emilio Reyna/Gabriel Moccia – Fte.Resist., Juan Ricardo Mussa/Irene Fernanda Herrera – ASC, José Alberto Montes/Oscar Hernández – TS, Domingo Camilo Quarrancino/Amelia Rearte – SocAut. (GEORGETOWN, 2004). ci Nome completo dos políticos argentinos citados: Carlos Saúl Menem Akil; Fernando De la Rúa Bruno; Eduardo Alberto Duhalde Maldonado; Domingo Felipe Cavallo. cii As informações do spread e EMBI/EMBI+ do dia 29 de maio foram substituídas pelas contidas no dia 30 de maio, uma vez que não existe essa informação para aquele dia. ciii O valor do suborno aproximou-se de 6.000 milhões de dólares, uma vez que foi esse o valor retirado dos cofres da SIDE (CLARÍN; LA NACIÓN, vários números). civ Santibañes era considerado o “braço direito” e amigo pessoal do Presidente (CLARÍN; LA NACIÓN, vários números) cv J.J. Llach é economista e sociólogo de larga experiência acadêmica (CIDOB, 2004). cvi Hugo Juri é reitor da Universidad de Códoba. cvii O Senador Carlos Chacho Alvarez é visto como um homem que busca a moralidade no Governo Argentino (CIDOB, 2004). cviii A troca somou em valor nominal 30.000 milhões de dólares (CIDOB, 2004). cix O candidato a vice-presidente na sua candidatura era o Senador Ramón Bautista Ortega - cantor e exgovernador da província de Tucuman de 1991-95. Entretanto, Ramón Ortega foi fortemente acusado de receber suborno para a aprovação da Ley de Reforma Laboral em maio de 2000 e encontrava-se no exterior (CIDOB, 2004). cx O pagamento se referia aos vencimentos sem amortização emitidos em liras italianas (CIDOB, 2004) cxi Os indicadores financeiros possuem periodicidade trimestral e os demais anual, devido a disponibilidade das informações. Neste caso, os ratings corporativos considerados refletem a última emissão do ano em análise. Logo, a performance dos indicadores de produção contempla o intervalo entre os anos e não entre as emissões ao longo do ano. cxii O primeiro bloco de análises refere-se aos gráficos dos indicadores financeiros e de produção, o segundo aos indicadores de risco tributário e o terceiro aos de competitividade. Os indicadores financeiros possuem periodicidade trimestral e os demais anual. 398