OFICINAS EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: RETRATOS DE UM
OLHAR PSICODINÂMICO
1
Camila de Oliveira Sobral, Faculdade da Alta Paulista
2
Pâmela Yuri de Souza Matsushita, Faculdade da Alta Paulista
3
Bárbara Sinibaldi, Faculdade da Alta Paulista
RESUMO EXPANDIDO
O trabalho iniciado no ano de 2013 como parte da disciplina de estágio
profissionalizante da ênfase de Psicologia da Saúde e Processos Clínicos ,
proporcionou a junção de teoria e prática das instituições, assim como discussões
críticas das temáticas que envolvem a atuação profissional, trabalhando a
grupalidade e inserção de projetos junto às oficinas terapêuticas em diferentes
unidades de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em duas cidades do interior do
estado de São Paulo. Tem como objetivo problematizar a função das oficinas
ofertadas pelo serviço a seus usuários. Os CAPS têm a missão de oferecer
atendimento em território adequado para cuidados clínicos aos indivíduos com
transtornos mentais de sofrimento persistentes e severos, possibilitando sua
reabilitação psicossocial, evitando internações visto ser um modelo substituto ao
hospitalocêntrico, possuindo tratamentos que favoreçam o exercício da cidadania
aos usuários e seus respectivos familiares. BRASIL (2004).
Segundo Artoni (2004) nem sempre a loucura foi compreendida transtorno
mental, tais desajustes eram tratados como “Loucura” na antiguidade e esta era
considerada uma manifestação divina, já na idade média com a influência do
cristianismo como sendo uma possessão demoníaca. Com o avanço da medicina,
percebeu-se que os “loucos” possuíam não só o comportamento desviante, mas que
esses sintomas se repetiam em várias outras pessoas, com isso, agora eles seriam
1
Discente e Estagiária do curso de Psicologia da Faculdade da Alta Paulista,FAP,Tupã-SP,
[email protected].
2
Estagiária do curso de Psicologia da Faculdade da Alta Paulista, FAP,Tupã-SP,
[email protected]
3
Psicóloga, docente e supervisora de estágio do curso de Psicologia da Faculdade da Alta
Paulista,FAP, Tupã-sp, sinibarbara@gmailcom.
trancados em manicômios para serem tratados, e não simplesmente jogados e
esquecidos dentro de cadeias com outros criminosos. A partir desse momento, o
termo “loucura” passou a ser usado para designar diversos tipos de transtornos
mentais.
O trabalho com oficinas em CAPS podem ser do tipo expressivas, corporal,
verbal, geradora de renda, e demais ações específicas. As atividades artísticas vêm
com uma proposta de inserir o usuário na sociedade, proporcionando que este
sujeito se relacione com seu ambiente e consigo mesmo.
Em acordo com MEDONÇA (2005, p.629 apud GUERRA, 2004), o portador
de transtornos mentais é convidado a “inserir-se em alguma forma de liame social,
ou seja, participar de um conjunto de signos que o inscrevam enquanto ser social e
político à medida que lhe for possível”, tornando a convivência através destas
atividades
propostas uma
forma
de
ressocialização
que estão
além
do
desenvolvimento das habilidades específicas das oficinas produzidas.
Na oficina de fotografia realizada em uma das cidades, foi proposta a
construção de uma câmera fotográfica com materiais recicláveis em que seu
funcionamento se dava através do uso de filmes fotográficos, com o processo
pinhole a formação da imagem ocorre através do feixe de luz que entra no diâmetro
do orifício feito por uma agulha em um alumínio fino, que em exposição de poucos
segundos, forma-se no filme fotográfico a imagem. O processo requeriu a
participação dos usuários desde a coleta do material a ser utilizado (base em latas
de sardinha), montagem, decoração, fotografias e a revelação em processo
comercial. A ansiedade e curiosidade foram marcantes em processos da construção
e ao aguardar a revelação para o resultado da velha tecnologia artesanal, assim
como recorrentes relatos sobre suas experiências pessoais com fotografias e dos
locais frequentados para a realização destas.
A oficina se configurou como um importante espaço para falas, expressões,
criatividades e acolhimento aos usuários da saúde mental, configurando-se como
um dispositivo que potencializou a participação e integração entre os usuários,
equipe e familiares. E qual seria a relação da loucura com a arte? afinal, nem todo
louco é artista, mas “É a vida que há na loucura, enquanto força disruptiva, que cria
constantemente esse parentesco entre loucura e arte”. (RAUTER, 2000).
O trabalho com os usuários do CAPS estabelece um contexto de criação e da
construção permanente do mundo através do trabalho, produções artísticas e dentro
de oficinas funcionando como
“catalisadores da construção de territórios
existenciais” (RAUTER, 2000). O intuito de propor oficinas não é o de “não ficar sem
fazer nada”, mas possibilitar e aumentar habilidades, autonomia, com ações
integradas com a utilização de recursos expressivos, neste caso escolhida a ser
dada através da fotografia, em um processo coletivo e adaptado.
Do olhar milimétrico do diâmetro realizado por uma agulha conseguimos
imprimir imagens, das lentes naturais construidas de (re)conhecimentos revelamos
possibilidades de enxergar o sujeito além do seu diagnóstico ou medicamento
prescrito e sim, um ser social, de opinião, cultura e com potencialidades.
Palavras-chave: Oficinas Terapêuticas; fotografia; CAPS.
Referências Bibliográficas
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Acesso
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