O papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de
suas incubadas: Um estudo de caso na Rede de Incubadoras de Empresas do
Estado do Ceará (RIC)
No nordeste do Brasil, a cultura empresarial ainda apresenta traços de
subdesenvolvimento, acomodação a ordem social desigual, a aversão ao risco, a falta de
competitividade e assertividade e uma tendência relativa para o coletivismo. Rompendo com
esse status quo, as incubadoras de empresas no Brasil fornecem subsídios, mecanismo de
estímulo e apoio gerencial, logístico e tecnológico desempenhando um grande papel
impulsionando à inovação, o empreendedorismo, a sustentabilidade e a ligação entre o
governo, academia e a indústria. O objetivo desse estudo é apresentar o papel das incubadoras
de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas através de um estudo de
caso no Estado do Ceará. Na sequência, os objetivos específicos visam: caracterizar as
incubadoras de empresas associadas à RIC; identificar as ações da RIC para com as
incubadoras associadas à rede; e verificar o cenário atual de práticas impulsionadoras de
inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a
indústria. Pauta-se por dados do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas
formada por instituições como: Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), Associação Nacional de Incubadoras de
Empresas Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Rede de Incubadoras de
Empresas do Estado do Ceará (RIC), dentre outros. O presente estudo pode ser classificado
como quali-quanti, descritivo com estratégia de investigação baseada em um estudo de caso
único nas incubadoras de empresas do Estado do Ceará. Os resultados demonstram que a RIC
adere as práticas impulsionadoras de inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e a
ligação entre o governo, academia e a indústria segundo a percepção dos gestores das
incubadoras e das incubadas. Conclui-se, portanto, que apesar da RIC não possuir nenhum
modelo estruturado de inovação e sustentabilidade até o momento, a rede adere parcialmente
aos respectivos modelos teóricos vigentes sobre a temática. O trabalho contribui para os
estudos do fomento a inovações sustentáveis por parte das incubadoras de empresas em
relação as suas incubadas no sentido de mostrar que, a acomodação a ordem social desigual, a
aversão ao risco, a falta de competitividade e assertividade não representa o ponto final para
os novos empreendimentos, especialmente, no nordeste brasileiro. A originalidade deste
trabalho está na forma como busca estudar a inovações sustentáveis, a partir da perspectiva de
que as incubadas e incubadoras do Estado do Ceará podem desenvolver práticas capazes de
diferenciá-las no tocante a mecanismo de estímulo e apoio gerencial, logístico e tecnológico
impulsionadores da inovação, do empreendedorismo, da sustentabilidade e da ligação entre o
governo, academia e indústria.
Palavras Chave: Empreendedorismo; Inovação; Sustentabilidade; Incubadoras.
1. INTRODUÇÃO
A partir do condecorado trabalho de Birch (1979, 1987) com evidências sobre o
impacto das novas e pequenas empresas na a criação de novos postos de trabalho nos EUA. A
tese central de Birch (1979, 1987) em suas pesquisas foi que as pequenas empresas são a fonte
mais importante de criação de emprego na economia americana. Diante desse pressuposto,
estudo mais atuais comprovam que pequenas empresas têm sido cada vez mais visto como as
principais fontes de criação de emprego, riqueza e fundamental para o desenvolvimento
econômico (STOKES; WILSON, 2010;THURIK;WENNEKER, 1999).
Contrario aos estudos supracitados, os relatos e as pesquisas também argumentam que
as pequenas e novas empresas, em seus primeiros anos, são muito frágeis e vulneráveis, suas
ofertas de emprego tendem a existir por um curto período de tempo e não promovem o
crescimento, pagam salários mais baixos e têm benefícios menos generosos em termos de
seguros de saúde, férias, e planos de previdência (DAVIS et al. 1996a,1996b; STOKES;
WILSON, 2010), situações previamente tratadas em obras clássicas que abordam a
‘Reponsabilidade do Novo’ (STINCHCOMBE, 1965) e ‘Responsabilidade do Pequeno’
(FREEMAN et al., 1983).
Diante desse problema, surgem as incubadoras como apoio às novas e pequenas
empresas para inovarem e desenvolver-se com sucesso. As incubadoras de empresas, através
de uma gama de mecanismos, programas e incentivos, tem a missão de ajudar os empresários
das pequenas e novas empresas em países menos e mais desenvolvidos na promoção e
formação de novos negócios econômicos, sociais e sustentáveis nas regiões em que atuam
(AERTS et al, 2007; ALLEN; RAHMAN, 1985; BERGEK; NORRMAN, 2008; GRIBALDI;
GRANDI, 2005;
OCDE, 2010; SCHWARTZ; GOTHNER, 2009; SCILLITOE;
CHAKRABARTI, 2010; UDELL, 1990; RATINHO et al. 2010a, 2010b).
Dados do ano de 2012 apontam que no mundo existem aproximadamente 7.000
incubadoras (NBIA, 2013). No Brasil, há 384 incubadoras e 2.640 incubadas
(ANPROTEC/MCTI ,2012). A importância das incubadoras de empresas é evidenciada por seu
rápido aumento em todo o mundo, sobre tudo, como geradora de negócios (UDELL, 1990;
RATINHO 2011; RATINHO, 2010a; HENRIQUES, 2010; OCDE, 1997; EC 2002) e pelo
investimento público dos governos (SCHWARTZ; GOTHNER 2009).
No Brasil, no tocante ao financiamento público dos Parques Tecnológicos (PqT) e
Incubadoras o governo federal responde por R$ 18,2 milhões - 54%, os governos estaduais e
municipais respondem por R$ 11,5 milhões - 34%. A iniciativa privada financia R$ 3,8
milhões - 12% do total de financiamentos (CDT/UnB/SETEC/MCTI, 2013). Em média, no
mundo, 70% das incubadoras recebem alguma forma de subsídio (NBIA, 2014).
Considerando que muitos governos têm dedicado uma quantidade considerável de
recursos para manter as incubadoras de empresas, uma quantidade considerável de pesquisas
foram realizadas e outras ainda estão em desenvolvimento tão somente buscando analisar o
desempenho e as medidas de sucesso dos negócios das incubadoras (ACS; SZERB, 2010;
AERNOUDT, 2004), mas, sabendo do papel das incubadoras para os negócios das incubadas,
pelo levantamento realizado em livros, teses, dissertações e periódicos nacionais e
internacionais em base de dados como scincedirect, Periódicos da Capes, Google Acadêmico
e similares, desconhecemos estudos sobre o papel das incubadoras de empresas no fomento a
inovações sustentáveis de suas incubadas.
Nesse contexto surgiu a seguinte questão norteadora desta pesquisa: qual o papel das
incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas? Para tanto,
de acordo com o período de existência, definiu-se um caso e a partir desse o objetivo geral
que consiste em identificar o papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações
sustentáveis de suas incubadas: um estudo de caso na Rede de Incubadoras de Empresas do
Estado do Ceará (RIC). Criada em 2002 e constituída em 2008 a RIC – Rede de Incubadoras
de Empresas do Ceará abriga as nove incubadoras de empresas desse Estado (RIC, 2014). A
Quadro 1, pela representatividade, apresenta os sujeitos (incubadoras e incubadas) usados
para o estudo do objeto supracitado.
Quadro 1 - Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC).
Relevância Incubadora
Incubadas
Incubadora
de
Empresas (IE) do
IFCE
1.
2.
3.
Espaço de
Desenvolvimento de
Empresas de
Tecnologia (Edetec)
da Unifor.
Incubadora
de
Empresas
da
Universidade
Estadual do Ceará
(Incubauece).
4.
Incubadora
Tecnológica
do
Instituto
Centec
(Intece).
5.
Parque
de
Desenvolvimento
Tecnológico
(Padetec), da UFC.
Parque Tecnológico
do Nutec (Partec).
6.
7.
Incubadora
Empresas
Tecnologia
Informação
de
de
da
e
Atuação
Comunicação
Instituto
Tecnologia
Informação
Comunicação
(Incubatic).
8.
9.
do
de
da
e
Incubadora
Tecnológica
de
Cooperativa de Auto
Gestão, da UFC.
Programa de Apoio
ao Desenvolvimento
de Novas Empresas
de Base Tecnológica
(Proeta),
da
Embrapa.
10.
Fonte: Rede de incubadora de Empresas do Ceará (RIC), 2014.
Na sequência, os objetivos específicos visam: caracterizar as incubadoras de empresas
associadas à RIC; identificar as ações da RIC para com as incubadoras associadas à rede; e
verificar o cenário atual de práticas impulsionadoras de inovação, empreendedorismo,
sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a indústria. Pauta-se por dados do
Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas formada por instituições como:
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores
(ANPROTEC), Associação Nacional de Incubadoras de Empresas Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ministério
do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC),
dentre outros.
Para a realização do estudo, adota-se metodologia quali-quanti, descritivo com
estratégia de investigação baseada em consulta a dados documentais e estudo de caso único
nas incubadoras e incubada pertencente a Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do
Ceará (RIC).
Pelo caráter inédito, julga-se relevante o presente estudo visto que os resultados
encontrados poderão contribuir significativamente para formulação de planos estratégicos das
incubadoras capazes de torna-las mais efetivas e capazes de conduzir o fomento a inovações
sustentáveis de suas incubadas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Inovação
Nossa sociedade cada vez mais se estabelece como um composto de combinações. A
crença e a prática defendida pelos partidários da economia clássica que prendiam
consumidores (clientes, proprietários da força de trabalho ou de terra) e produtores a um estilo
de troca que perpetuava friamente a relação renda disponível e oferta de mercado em uma
unilateralidade composta apenas de dinheiro e aquisição de bens, vivencia sua evolução para
uma economia que inove com valores que influencia e são influenciados pelas relações entre
indivíduos e organizações.
A pessoa ou a organização que inova torna-se mais rica por deter a propriedade desses
serviços. O lucro assume uma posição dialética; elimina e cria as bases de uma organização.
A natureza do Lucro Empresarial é baseado nos mesmos princípios que levam o sistema à um
novo arranjo. Ou seja, a quebra do Fluxo Circular e o aparecimento de novas combinações. O
Lucro Empresarial pode explicar o acúmulo de riquezas, já que “sem lucro não há
desenvolvimento e, sem desenvolvimento não há lucro.” Mas, também, explica porque um
inovador pode ser privado de seu lucro. Vale salientar que, as novas tecnologias que
propiciam uma esperança de lucro não podem ter: declínio de preço; acessão do custo do
serviço do trabalho; demanda crescente ao ponto de prejudicar a lucratividade
(SHUMPETER,1988).
Para Dosi (1988), as mudanças tecnológicas e as inovações são as mais importantes
fontes de crescimento econômico e de perceber a tecnologia e a inovação como um fator
estratégico e estrutural das organizações. Os paradigmas tecnológicos definem as
oportunidades tecnológicas para inovações posteriores e, ao mesmo tempo, os procedimentos
básicos que vão permitir a exploração dessas novidades. As inovações tecnológicas que
acompanham os processos de instauração de novos paradigmas possuem uma dinâmica
singular e um tipo especial e decisivo de inovação.
Nesse sentido, o processo de inovar é crucial e as vantagens competitivas das firmas
resultam basicamente de sua habilidade em fazer coisas úteis, difíceis de serem imitadas e
melhor do que seus concorrentes, o que reflete sua capacidade em inovar (PAVITT, 1992).
Inseridas nesse contexto, incubadas e incubadoras são uma importante fonte de
inovação, tecnologia e comercialização do crescimento econômico a nível local, regional e
nacional por acadêmicos e formuladores de políticas (AABOEN, 2009; AERTS et al ., 2007;
BRUNEEL et al, 2012; FONSECA; JABBOUR, 2011; RATINHO; HENRIQUES, 2010;
SCHWARTZ; HORNYCH, 2010).
Comercialização rápida de novas tecnologias e inovação é um objectivo fundamental
para ambas as incubadoras e empresas incubadas. Em primeiro lugar, o sucesso de uma
incubadora depende da capacidade de suas incubadas desenvolver novos produtos e processos
e para obter estes no mercado rapidamente. Em segundo lugar, rápida comercialização do
mercado é importante para as incubadas ganhar (1) fluxo de caixa inicial, (2) a quota de
mercado mais cedo, (3) internacionalizar mais rápidamente e (4) aumentar a probabilidade de
sobrevivência (Schoonhoven et al., 1990; Ramos et al, 2011;. Carbonell e Rodrigues, 2006).
No entanto, pesquisas mostram que há muita heterogeneidade entre incubadoras e
empresas de incubadoras em termos de seu sucesso e desempenho (BERGEK; NORRMAN,
2008).
2.2 Sustentabilidade
Mesmo se mostrando ‘sustentável e socialmente responsáveis’, os impactos
econômicos, sociais e ambientais continuam a atingir sob várias facetas as diversas nações
sejam elas do sul, dependentes, ou as norte de perfil desenvolvido. Sob um discurso de
desenvolvimento, Gudynas (2009), destaca que a América do Sul vive uma ampliação da
práticas extrativistas tradicionais ora sob a égide do petróleo e seus derivados, hora pelos
mesmo produtos e práticas ditos convencionais, mas, em ambos, com o mesmo poder
degenerado desenvolvimentista.
Sob tais circunstancias e outras ao redor do mundo, pactuamos da observação de
Banerjee (2011) que é necessário olhar para as questões, definições, práticas organizacionais e
políticas públicas sobre sustentabilidade e responsabilidade social utilizando uma análise
crítica com ações reais globais e não apenas intencionais, pontuais, obscuras, conflitantes e
inadequadamente transferidas para seus stakeholders.
Robinson (2004) ressaltar que preciso avançar no conceito e entendimento de
sustentabilidade e responsabilidade iniciado na década de 60. Partir de uma preocupação
utilitarista e romântica para uma prática integradora dos diversos setores e representações
alterando comportamentos e decisões particulares para comunitários. Caso contrário, um risco
óbvio é que a sustentabilidade empresa torna-se apenas uma fachada conveniente tendo pouco
significado substancial (LANGE, et al. 2012).
Sem envolvimento compartilhado, políticas públicas mais efetivas, compromisso para
reverter e não obscurecer os resultados de degradação e falta responsabilidade social e
sustentabilidade das diversas entendidas de pesquisa da área ambiental, questões como as
colocadas por Lange et al. (2012) como: será que estamos no caminho certo ? Será que
precisamos de mais progresso?
Em particular, essa regra vale para incubadoras e incubadas (HILLARY, 2004;
POTTS, 2010), portanto as incubadoras devem ter instrumentos à sua disposição para avaliar
o seu desempenho ambiental, e esses instrumentos devem ajudar a facilitar a melhoria
contínua de sua gestão e do seu impacto ambiental.
2.3 Incubação de empresas no Brasil e no mundo
O modelo precursor do processo de incubação de empresas, como conhecemos hoje,
surgiu em 1959 no estado de Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas da Massey
Ferguson fechou, deixando um significativo número de residentes novaiorquinos
desempregados. Joseph Mancuso, comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o
espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços.
Além da infra-estrutura física das instalações, Mancuso adicionou ao modelo um conjunto de
serviços que poderiam ser compartilhados pelas empresas ali instaladas, como secretaria,
contabilidade, vendas, marketing e outros, o que reduzia os custos operacionais das empresas
e aumentava a competitividade. Uma das primeiras empresas instaladas na área foi um
aviário, o que conferiu ao prédio a designação de “incubadora”.
Nos anos 70, já na conhecida região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, as incubadoras
apareceram como meio de incentivar universitários recém-graduados a disseminar suas
inovações tecnológicas e a criar espírito empreendedor.
O mecanismo, então ali criado, se traduziu em oportunidade para esses jovens iniciarem suas
empresas, através de parcerias, junto a uma estrutura física que oferecia assessoramento
gerencial, jurídico, comunicacional, administrativo e tecnológico para amadurecerem seus
negócios nascentes, a esta estrutura deu-se o nome de incubadora de empresas.
No Brasil, as primeiras incubadoras surgiram a partir da década de 80, quando por iniciativa
do então presidente do CNPq, Professor Lynaldo Cavalcanti, cinco fundações tecnológicas
foram criadas, em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS)
e Florianópolis (SC).
Após a implantação da ParqTec – Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, em
dezembro de 1984, começou a funcionar a primeira incubadora de empresas no Brasil, a mais
antiga da América Latina, com quatro empresas instaladas, sendo que nessa década quatro
incubadoras foram constituídas no país, nas cidades de São Carlos (SP), Campina Grande
(PB), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro.
Apesar da inauguração das primeiras incubadoras brasileiras, elas somente se consolidaram,
como meio de incentivo para atividades e produção tecnológica, a partir da realização do
Seminário Internacional de Parques tecnológicos, em 1987, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo
ano, surgia Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas (ANPROTEC), que passou a representar não só as incubadoras de
empresas, mas todo e qualquer empreendimento que utilizasse o processo de incubação para
gerar inovação no Brasil.
2.4 Avaliação do papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de
suas incubadas
3. METODOLOGIA
No presente estudo adota-se metodologia quali-quanti, descritivo com estratégia de
investigação baseada em consulta a dados documentais e estudo de caso único nas
incubadoras e incubada pertencente a Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará
(RIC). Tais escolhas respondem melhor aos objetivos da pesquisa e do próprio objeto em
estudo, pois são fenômenos sociais complexos e propícios a esta proposta. Tal afirmação
baseia-se no modelo apresentado por Yin (2003) e corroborado por Dubé e Paré (2003) e
Eisenhardt (1989), conforme segue. O estudo de caso possibilita um olhar holístico,
privilegiando analisar o evento em sua complexidade e contexto.
O estudo de caso é uma das estratégias de investigação relativamente referenciada em
análises de processos organizacionais envolvendo mudanças, ajustes e cultura. Com tal
significância, tal estratégia metodológica deve seguir procedimentos que garantam a seleção
do caso, uma fundamentação teórica consistente com a situação, assim como técnicas de
coleta e análise que o subsidiem. Para Yin (2003) e Eisenhardt (1989), há três considerações a
serem feitas antes de decidir-se pelo método: (1) estratégia de pesquisa; (2) unidade de
análise; (3) amostra.
A respeito da amostra, a conveniência deve-se ao propósito de trabalhar com um caso
que contribua para a pesquisa. Adicionalmente, busca-se de saturação sobre o tema, alcançado
por comparações entre os dados coletados nas diferentes técnicas propostas. Segundo
Eisenhardt (1989) a íntima conexão com a realidade empírica autoriza o desenvolvimento de
uma teoria testável, relevante e válida capaz colaborar para construção de um mapa que
permita a elaboração de teorias, avaliando prós e contras e fornecendo um guia para futuros
estudos. No Quadro 2, delineia-se um esquema da visão consolidada de Yin (2003) e
Eisenhardt (1989), propondo a relação entre a validação das etapas, respectivas táticas de
estudo e a fase da pesquisa.
Quadro 2 – Etapas de Validação
ETAPA
Validação do
Construto
Validade
Interna
Validade
Externa
Credibilidade
TATICA ESTUDO DE CASO
FASE DA PESQUISA
 Uso de múltiplas fontes de evidência Coleta de dados
 Definição das relações de evidência Coleta de dados
 Rever os dados após emissão do
Composição
relatório
 Alinhar as análises
Análise de dados
 Construir as bases de análise
Análise de dados
 Confrontar dados coletados
Análise de dados Análise de
•
Uso de modelos lógicos
dados
 Uso da teoria em casos únicos
Definição da Pesquisa
 Replicar o estudo em casos múltiplos Definição da Pesquisa
 Uso de protocolo de pesquisa
Coleta de dados
 Construir uma base de dados do caso Coleta de dados
Fonte: adaptado de Yin (2003) e Eisenhardt (1989)
Quadro 2 – Caracterização dos entrevistados
POSIÇÃO NA
EMPRESA
INCUBADA
Diretor presidente
ÁREA
Varejo
IDENTIFICAÇÃO
SE-V
Fonte: adaptado de Yin (2003) e Eisenhardt (1989)
Quadro 3 – Instrumentos principais de pesquisa
INSTRUMENTO
CARACTERIZAÇÃO
COLETA
REFERÊNCIA
Análise
Análise de registros impressos e Documentos da
Quinn et ai.
Documental
digitais disponibilizados pela
instituição
(2004):
instituição pesquisada que
disponibilizados,
Vasconcellos
descrevam seus processos,
garantindo- se
(1979)
sistemas de gestão e políticas
confidencialidade.
internas.
Questionário
Coleta de informações a partir da Aplicação do
Yin (2003)
percepção e análise dos
questionário aberto
respondentes sobre duas questões àqueles com função
gerais: aspectos que considerava de gestão: de
desenvolvidos pelos gestores e
Superintendência
aqueles que necessitavam de
Executiva a líder de
desenvolvimento a fim de alcançar projetos.
inovações sustentáveis.
Entrevistas
Conversas conduzidas de forma
? entrevistas
Yin (2003);
estruturada que objetivam fornecer realizadas: ? com
Eisenliardt
ao pesquisador as informações
superintendentes
(1989)
necessárias. 0 caráter interativo
executivos. ? com
deste instrumento permite ao
superintendente direto
do CEO e ? com
Fonte: Autores, 2014. pesquisador tratar de temas
complexos que dificilmente
superintendentes de
poderiam
ser
investigados
de
varejo e a e ? eram superintendentes
No tocante aos entrevistados, ? eram superintendentes
porrespondem
meio de hierarquicamente
superintendente
executivos, sendo forma
que osprofunda
primeiros
aosdesegundos. Contou-se,
questionários.
RJH
ainda, com aproximadamente ? questionários respondidos por ? superintendentes, ? gerentes
executivos e ? profissionais subordinados aos gerentes executivos.
i.
Apresentação do caso: Incubadora de Empresas (IE) do IFCE
A Incubadora de Empresas (IE) do IFCE é ???????
ii.
Apresentação do caso: ?????
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O papel das incubadoras de empresas no fomento a