O papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas: Um estudo de caso na Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC) No nordeste do Brasil, a cultura empresarial ainda apresenta traços de subdesenvolvimento, acomodação a ordem social desigual, a aversão ao risco, a falta de competitividade e assertividade e uma tendência relativa para o coletivismo. Rompendo com esse status quo, as incubadoras de empresas no Brasil fornecem subsídios, mecanismo de estímulo e apoio gerencial, logístico e tecnológico desempenhando um grande papel impulsionando à inovação, o empreendedorismo, a sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a indústria. O objetivo desse estudo é apresentar o papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas através de um estudo de caso no Estado do Ceará. Na sequência, os objetivos específicos visam: caracterizar as incubadoras de empresas associadas à RIC; identificar as ações da RIC para com as incubadoras associadas à rede; e verificar o cenário atual de práticas impulsionadoras de inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a indústria. Pauta-se por dados do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas formada por instituições como: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), Associação Nacional de Incubadoras de Empresas Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC), dentre outros. O presente estudo pode ser classificado como quali-quanti, descritivo com estratégia de investigação baseada em um estudo de caso único nas incubadoras de empresas do Estado do Ceará. Os resultados demonstram que a RIC adere as práticas impulsionadoras de inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a indústria segundo a percepção dos gestores das incubadoras e das incubadas. Conclui-se, portanto, que apesar da RIC não possuir nenhum modelo estruturado de inovação e sustentabilidade até o momento, a rede adere parcialmente aos respectivos modelos teóricos vigentes sobre a temática. O trabalho contribui para os estudos do fomento a inovações sustentáveis por parte das incubadoras de empresas em relação as suas incubadas no sentido de mostrar que, a acomodação a ordem social desigual, a aversão ao risco, a falta de competitividade e assertividade não representa o ponto final para os novos empreendimentos, especialmente, no nordeste brasileiro. A originalidade deste trabalho está na forma como busca estudar a inovações sustentáveis, a partir da perspectiva de que as incubadas e incubadoras do Estado do Ceará podem desenvolver práticas capazes de diferenciá-las no tocante a mecanismo de estímulo e apoio gerencial, logístico e tecnológico impulsionadores da inovação, do empreendedorismo, da sustentabilidade e da ligação entre o governo, academia e indústria. Palavras Chave: Empreendedorismo; Inovação; Sustentabilidade; Incubadoras. 1. INTRODUÇÃO A partir do condecorado trabalho de Birch (1979, 1987) com evidências sobre o impacto das novas e pequenas empresas na a criação de novos postos de trabalho nos EUA. A tese central de Birch (1979, 1987) em suas pesquisas foi que as pequenas empresas são a fonte mais importante de criação de emprego na economia americana. Diante desse pressuposto, estudo mais atuais comprovam que pequenas empresas têm sido cada vez mais visto como as principais fontes de criação de emprego, riqueza e fundamental para o desenvolvimento econômico (STOKES; WILSON, 2010;THURIK;WENNEKER, 1999). Contrario aos estudos supracitados, os relatos e as pesquisas também argumentam que as pequenas e novas empresas, em seus primeiros anos, são muito frágeis e vulneráveis, suas ofertas de emprego tendem a existir por um curto período de tempo e não promovem o crescimento, pagam salários mais baixos e têm benefícios menos generosos em termos de seguros de saúde, férias, e planos de previdência (DAVIS et al. 1996a,1996b; STOKES; WILSON, 2010), situações previamente tratadas em obras clássicas que abordam a ‘Reponsabilidade do Novo’ (STINCHCOMBE, 1965) e ‘Responsabilidade do Pequeno’ (FREEMAN et al., 1983). Diante desse problema, surgem as incubadoras como apoio às novas e pequenas empresas para inovarem e desenvolver-se com sucesso. As incubadoras de empresas, através de uma gama de mecanismos, programas e incentivos, tem a missão de ajudar os empresários das pequenas e novas empresas em países menos e mais desenvolvidos na promoção e formação de novos negócios econômicos, sociais e sustentáveis nas regiões em que atuam (AERTS et al, 2007; ALLEN; RAHMAN, 1985; BERGEK; NORRMAN, 2008; GRIBALDI; GRANDI, 2005; OCDE, 2010; SCHWARTZ; GOTHNER, 2009; SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; UDELL, 1990; RATINHO et al. 2010a, 2010b). Dados do ano de 2012 apontam que no mundo existem aproximadamente 7.000 incubadoras (NBIA, 2013). No Brasil, há 384 incubadoras e 2.640 incubadas (ANPROTEC/MCTI ,2012). A importância das incubadoras de empresas é evidenciada por seu rápido aumento em todo o mundo, sobre tudo, como geradora de negócios (UDELL, 1990; RATINHO 2011; RATINHO, 2010a; HENRIQUES, 2010; OCDE, 1997; EC 2002) e pelo investimento público dos governos (SCHWARTZ; GOTHNER 2009). No Brasil, no tocante ao financiamento público dos Parques Tecnológicos (PqT) e Incubadoras o governo federal responde por R$ 18,2 milhões - 54%, os governos estaduais e municipais respondem por R$ 11,5 milhões - 34%. A iniciativa privada financia R$ 3,8 milhões - 12% do total de financiamentos (CDT/UnB/SETEC/MCTI, 2013). Em média, no mundo, 70% das incubadoras recebem alguma forma de subsídio (NBIA, 2014). Considerando que muitos governos têm dedicado uma quantidade considerável de recursos para manter as incubadoras de empresas, uma quantidade considerável de pesquisas foram realizadas e outras ainda estão em desenvolvimento tão somente buscando analisar o desempenho e as medidas de sucesso dos negócios das incubadoras (ACS; SZERB, 2010; AERNOUDT, 2004), mas, sabendo do papel das incubadoras para os negócios das incubadas, pelo levantamento realizado em livros, teses, dissertações e periódicos nacionais e internacionais em base de dados como scincedirect, Periódicos da Capes, Google Acadêmico e similares, desconhecemos estudos sobre o papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas. Nesse contexto surgiu a seguinte questão norteadora desta pesquisa: qual o papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas? Para tanto, de acordo com o período de existência, definiu-se um caso e a partir desse o objetivo geral que consiste em identificar o papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas: um estudo de caso na Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Criada em 2002 e constituída em 2008 a RIC – Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará abriga as nove incubadoras de empresas desse Estado (RIC, 2014). A Quadro 1, pela representatividade, apresenta os sujeitos (incubadoras e incubadas) usados para o estudo do objeto supracitado. Quadro 1 - Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Relevância Incubadora Incubadas Incubadora de Empresas (IE) do IFCE 1. 2. 3. Espaço de Desenvolvimento de Empresas de Tecnologia (Edetec) da Unifor. Incubadora de Empresas da Universidade Estadual do Ceará (Incubauece). 4. Incubadora Tecnológica do Instituto Centec (Intece). 5. Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec), da UFC. Parque Tecnológico do Nutec (Partec). 6. 7. Incubadora Empresas Tecnologia Informação de de da e Atuação Comunicação Instituto Tecnologia Informação Comunicação (Incubatic). 8. 9. do de da e Incubadora Tecnológica de Cooperativa de Auto Gestão, da UFC. Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica (Proeta), da Embrapa. 10. Fonte: Rede de incubadora de Empresas do Ceará (RIC), 2014. Na sequência, os objetivos específicos visam: caracterizar as incubadoras de empresas associadas à RIC; identificar as ações da RIC para com as incubadoras associadas à rede; e verificar o cenário atual de práticas impulsionadoras de inovação, empreendedorismo, sustentabilidade e a ligação entre o governo, academia e a indústria. Pauta-se por dados do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas formada por instituições como: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), Associação Nacional de Incubadoras de Empresas Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC), dentre outros. Para a realização do estudo, adota-se metodologia quali-quanti, descritivo com estratégia de investigação baseada em consulta a dados documentais e estudo de caso único nas incubadoras e incubada pertencente a Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Pelo caráter inédito, julga-se relevante o presente estudo visto que os resultados encontrados poderão contribuir significativamente para formulação de planos estratégicos das incubadoras capazes de torna-las mais efetivas e capazes de conduzir o fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Inovação Nossa sociedade cada vez mais se estabelece como um composto de combinações. A crença e a prática defendida pelos partidários da economia clássica que prendiam consumidores (clientes, proprietários da força de trabalho ou de terra) e produtores a um estilo de troca que perpetuava friamente a relação renda disponível e oferta de mercado em uma unilateralidade composta apenas de dinheiro e aquisição de bens, vivencia sua evolução para uma economia que inove com valores que influencia e são influenciados pelas relações entre indivíduos e organizações. A pessoa ou a organização que inova torna-se mais rica por deter a propriedade desses serviços. O lucro assume uma posição dialética; elimina e cria as bases de uma organização. A natureza do Lucro Empresarial é baseado nos mesmos princípios que levam o sistema à um novo arranjo. Ou seja, a quebra do Fluxo Circular e o aparecimento de novas combinações. O Lucro Empresarial pode explicar o acúmulo de riquezas, já que “sem lucro não há desenvolvimento e, sem desenvolvimento não há lucro.” Mas, também, explica porque um inovador pode ser privado de seu lucro. Vale salientar que, as novas tecnologias que propiciam uma esperança de lucro não podem ter: declínio de preço; acessão do custo do serviço do trabalho; demanda crescente ao ponto de prejudicar a lucratividade (SHUMPETER,1988). Para Dosi (1988), as mudanças tecnológicas e as inovações são as mais importantes fontes de crescimento econômico e de perceber a tecnologia e a inovação como um fator estratégico e estrutural das organizações. Os paradigmas tecnológicos definem as oportunidades tecnológicas para inovações posteriores e, ao mesmo tempo, os procedimentos básicos que vão permitir a exploração dessas novidades. As inovações tecnológicas que acompanham os processos de instauração de novos paradigmas possuem uma dinâmica singular e um tipo especial e decisivo de inovação. Nesse sentido, o processo de inovar é crucial e as vantagens competitivas das firmas resultam basicamente de sua habilidade em fazer coisas úteis, difíceis de serem imitadas e melhor do que seus concorrentes, o que reflete sua capacidade em inovar (PAVITT, 1992). Inseridas nesse contexto, incubadas e incubadoras são uma importante fonte de inovação, tecnologia e comercialização do crescimento econômico a nível local, regional e nacional por acadêmicos e formuladores de políticas (AABOEN, 2009; AERTS et al ., 2007; BRUNEEL et al, 2012; FONSECA; JABBOUR, 2011; RATINHO; HENRIQUES, 2010; SCHWARTZ; HORNYCH, 2010). Comercialização rápida de novas tecnologias e inovação é um objectivo fundamental para ambas as incubadoras e empresas incubadas. Em primeiro lugar, o sucesso de uma incubadora depende da capacidade de suas incubadas desenvolver novos produtos e processos e para obter estes no mercado rapidamente. Em segundo lugar, rápida comercialização do mercado é importante para as incubadas ganhar (1) fluxo de caixa inicial, (2) a quota de mercado mais cedo, (3) internacionalizar mais rápidamente e (4) aumentar a probabilidade de sobrevivência (Schoonhoven et al., 1990; Ramos et al, 2011;. Carbonell e Rodrigues, 2006). No entanto, pesquisas mostram que há muita heterogeneidade entre incubadoras e empresas de incubadoras em termos de seu sucesso e desempenho (BERGEK; NORRMAN, 2008). 2.2 Sustentabilidade Mesmo se mostrando ‘sustentável e socialmente responsáveis’, os impactos econômicos, sociais e ambientais continuam a atingir sob várias facetas as diversas nações sejam elas do sul, dependentes, ou as norte de perfil desenvolvido. Sob um discurso de desenvolvimento, Gudynas (2009), destaca que a América do Sul vive uma ampliação da práticas extrativistas tradicionais ora sob a égide do petróleo e seus derivados, hora pelos mesmo produtos e práticas ditos convencionais, mas, em ambos, com o mesmo poder degenerado desenvolvimentista. Sob tais circunstancias e outras ao redor do mundo, pactuamos da observação de Banerjee (2011) que é necessário olhar para as questões, definições, práticas organizacionais e políticas públicas sobre sustentabilidade e responsabilidade social utilizando uma análise crítica com ações reais globais e não apenas intencionais, pontuais, obscuras, conflitantes e inadequadamente transferidas para seus stakeholders. Robinson (2004) ressaltar que preciso avançar no conceito e entendimento de sustentabilidade e responsabilidade iniciado na década de 60. Partir de uma preocupação utilitarista e romântica para uma prática integradora dos diversos setores e representações alterando comportamentos e decisões particulares para comunitários. Caso contrário, um risco óbvio é que a sustentabilidade empresa torna-se apenas uma fachada conveniente tendo pouco significado substancial (LANGE, et al. 2012). Sem envolvimento compartilhado, políticas públicas mais efetivas, compromisso para reverter e não obscurecer os resultados de degradação e falta responsabilidade social e sustentabilidade das diversas entendidas de pesquisa da área ambiental, questões como as colocadas por Lange et al. (2012) como: será que estamos no caminho certo ? Será que precisamos de mais progresso? Em particular, essa regra vale para incubadoras e incubadas (HILLARY, 2004; POTTS, 2010), portanto as incubadoras devem ter instrumentos à sua disposição para avaliar o seu desempenho ambiental, e esses instrumentos devem ajudar a facilitar a melhoria contínua de sua gestão e do seu impacto ambiental. 2.3 Incubação de empresas no Brasil e no mundo O modelo precursor do processo de incubação de empresas, como conhecemos hoje, surgiu em 1959 no estado de Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas da Massey Ferguson fechou, deixando um significativo número de residentes novaiorquinos desempregados. Joseph Mancuso, comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços. Além da infra-estrutura física das instalações, Mancuso adicionou ao modelo um conjunto de serviços que poderiam ser compartilhados pelas empresas ali instaladas, como secretaria, contabilidade, vendas, marketing e outros, o que reduzia os custos operacionais das empresas e aumentava a competitividade. Uma das primeiras empresas instaladas na área foi um aviário, o que conferiu ao prédio a designação de “incubadora”. Nos anos 70, já na conhecida região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, as incubadoras apareceram como meio de incentivar universitários recém-graduados a disseminar suas inovações tecnológicas e a criar espírito empreendedor. O mecanismo, então ali criado, se traduziu em oportunidade para esses jovens iniciarem suas empresas, através de parcerias, junto a uma estrutura física que oferecia assessoramento gerencial, jurídico, comunicacional, administrativo e tecnológico para amadurecerem seus negócios nascentes, a esta estrutura deu-se o nome de incubadora de empresas. No Brasil, as primeiras incubadoras surgiram a partir da década de 80, quando por iniciativa do então presidente do CNPq, Professor Lynaldo Cavalcanti, cinco fundações tecnológicas foram criadas, em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). Após a implantação da ParqTec – Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, em dezembro de 1984, começou a funcionar a primeira incubadora de empresas no Brasil, a mais antiga da América Latina, com quatro empresas instaladas, sendo que nessa década quatro incubadoras foram constituídas no país, nas cidades de São Carlos (SP), Campina Grande (PB), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro. Apesar da inauguração das primeiras incubadoras brasileiras, elas somente se consolidaram, como meio de incentivo para atividades e produção tecnológica, a partir da realização do Seminário Internacional de Parques tecnológicos, em 1987, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, surgia Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC), que passou a representar não só as incubadoras de empresas, mas todo e qualquer empreendimento que utilizasse o processo de incubação para gerar inovação no Brasil. 2.4 Avaliação do papel das incubadoras de empresas no fomento a inovações sustentáveis de suas incubadas 3. METODOLOGIA No presente estudo adota-se metodologia quali-quanti, descritivo com estratégia de investigação baseada em consulta a dados documentais e estudo de caso único nas incubadoras e incubada pertencente a Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Tais escolhas respondem melhor aos objetivos da pesquisa e do próprio objeto em estudo, pois são fenômenos sociais complexos e propícios a esta proposta. Tal afirmação baseia-se no modelo apresentado por Yin (2003) e corroborado por Dubé e Paré (2003) e Eisenhardt (1989), conforme segue. O estudo de caso possibilita um olhar holístico, privilegiando analisar o evento em sua complexidade e contexto. O estudo de caso é uma das estratégias de investigação relativamente referenciada em análises de processos organizacionais envolvendo mudanças, ajustes e cultura. Com tal significância, tal estratégia metodológica deve seguir procedimentos que garantam a seleção do caso, uma fundamentação teórica consistente com a situação, assim como técnicas de coleta e análise que o subsidiem. Para Yin (2003) e Eisenhardt (1989), há três considerações a serem feitas antes de decidir-se pelo método: (1) estratégia de pesquisa; (2) unidade de análise; (3) amostra. A respeito da amostra, a conveniência deve-se ao propósito de trabalhar com um caso que contribua para a pesquisa. Adicionalmente, busca-se de saturação sobre o tema, alcançado por comparações entre os dados coletados nas diferentes técnicas propostas. Segundo Eisenhardt (1989) a íntima conexão com a realidade empírica autoriza o desenvolvimento de uma teoria testável, relevante e válida capaz colaborar para construção de um mapa que permita a elaboração de teorias, avaliando prós e contras e fornecendo um guia para futuros estudos. No Quadro 2, delineia-se um esquema da visão consolidada de Yin (2003) e Eisenhardt (1989), propondo a relação entre a validação das etapas, respectivas táticas de estudo e a fase da pesquisa. Quadro 2 – Etapas de Validação ETAPA Validação do Construto Validade Interna Validade Externa Credibilidade TATICA ESTUDO DE CASO FASE DA PESQUISA Uso de múltiplas fontes de evidência Coleta de dados Definição das relações de evidência Coleta de dados Rever os dados após emissão do Composição relatório Alinhar as análises Análise de dados Construir as bases de análise Análise de dados Confrontar dados coletados Análise de dados Análise de • Uso de modelos lógicos dados Uso da teoria em casos únicos Definição da Pesquisa Replicar o estudo em casos múltiplos Definição da Pesquisa Uso de protocolo de pesquisa Coleta de dados Construir uma base de dados do caso Coleta de dados Fonte: adaptado de Yin (2003) e Eisenhardt (1989) Quadro 2 – Caracterização dos entrevistados POSIÇÃO NA EMPRESA INCUBADA Diretor presidente ÁREA Varejo IDENTIFICAÇÃO SE-V Fonte: adaptado de Yin (2003) e Eisenhardt (1989) Quadro 3 – Instrumentos principais de pesquisa INSTRUMENTO CARACTERIZAÇÃO COLETA REFERÊNCIA Análise Análise de registros impressos e Documentos da Quinn et ai. Documental digitais disponibilizados pela instituição (2004): instituição pesquisada que disponibilizados, Vasconcellos descrevam seus processos, garantindo- se (1979) sistemas de gestão e políticas confidencialidade. internas. Questionário Coleta de informações a partir da Aplicação do Yin (2003) percepção e análise dos questionário aberto respondentes sobre duas questões àqueles com função gerais: aspectos que considerava de gestão: de desenvolvidos pelos gestores e Superintendência aqueles que necessitavam de Executiva a líder de desenvolvimento a fim de alcançar projetos. inovações sustentáveis. Entrevistas Conversas conduzidas de forma ? entrevistas Yin (2003); estruturada que objetivam fornecer realizadas: ? com Eisenliardt ao pesquisador as informações superintendentes (1989) necessárias. 0 caráter interativo executivos. ? com deste instrumento permite ao superintendente direto do CEO e ? com Fonte: Autores, 2014. pesquisador tratar de temas complexos que dificilmente superintendentes de poderiam ser investigados de varejo e a e ? eram superintendentes No tocante aos entrevistados, ? eram superintendentes porrespondem meio de hierarquicamente superintendente executivos, sendo forma que osprofunda primeiros aosdesegundos. Contou-se, questionários. RJH ainda, com aproximadamente ? questionários respondidos por ? superintendentes, ? gerentes executivos e ? profissionais subordinados aos gerentes executivos. i. Apresentação do caso: Incubadora de Empresas (IE) do IFCE A Incubadora de Empresas (IE) do IFCE é ??????? ii. Apresentação do caso: ????? REFERÊNCIAS BIRCH, David L. The Job Generation Process. Unpublished report prepared by the MIT Program on Neighborhood and Regional Change for the Economic Development Administration, U.S. Department of Commerce, Washington, DC. 1979. BIRCH, David L., Job Creation in America: How Our Smallest Companies Put the Most People to Work. Free Press. New York, 1987. CDT/UnB/SETEC/MCTI. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação . Estudo de Projetos de Alta Complexidade: indicadores de parques tecnológicos. Brasília, 2013. ANPROTEC/ MCTI. Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil. Brasília: ANPROTEC, 2012. STOKES, D.;WILSON, N.; MADOR, M. Entrepreneurship. Cengage Learning, 2010. DAVIS, Steven J; JOHN C. Haltiwanger; SCOTT Schuh. Job Creation and Destruction. The MIT Press: Cambridge, MA, 1996a. DAVIS, Steven J.; HALTIWANGER, John; SCHUH, Scott. Small Business and Job Creation: Dissecting the Myth and Reassessing the Facts. Small Business Economics. Ed.8. p.297-315. 2006b. AERTS, K.; MATTHYSSENS, P.; VANDENBEMPT, K. Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation ed. 27. Vol. 5. p. 254-267. 2007. ALLEN, D. N.; RAHMAN S. Small business incubators: a positive environment for entrepreneurship. Journal of Small Business Management. ed.23. vol.3. p.12-22. 1985. BERGEK, A.; NORRMAN, C. Incubator best practice: A framework. Technovation. ed.25. Vol. (12). p.20-28. 2008. GRIMALDIA, R.; GRANDIA A. Business incubators and new venture creation: an assessment of incubating models. Technovation. ed.25. ed. 2. p.111-121. 2005. OCDE. The Organisation for Economic Co-operation and Development. Improving Social Inclusion at Local Level through the Social Economy. In: SMEs Entrepreneurship and Innovation Paris: OECD Publishing, 2010. OCDE. The Organisation for Economic Co-operation and Development. Improving Small and medium enterprise outlook. OECD Publishing, 2002. STINCHCOMBE, A.L. Social structure and organizations. In: MARCH, J.G. (Org.), Handbook of Organizations. Rand McNally, Chicago, 1965. FREEMAN, J.; CARROLL, G.R.; HANNAN, M.T. The liability of newness: Age dependence in organizational death rates. American Sociological Review. Ed. 48 (Vol.5). 1983. p. 692–710. RATINHO, T.; HARMS, R.; GROEN, A. Are Business Incubators helping? the role of Business Incubators in facilitating tenants development. Academy of Management Annual Meeting, Montréal, Québec, Canada. 2010. p. 6-11. RATINHO, T.; HENRIQUES, E. The role of Science parks and business incubators in converging countries: The Portuguese case. Technovation. Vol.30. Ed.4. 2010. p.278—290. NBIA. The National Business Incubation Association. How many business incubators are there?. Disponível em:<http://www.nbia.org/resource_library/faq/#3>.Acesso em: 01 dez 2013. NBIA. The National Business Incubation Association. Incubator Finances. Disponível em:<http://www.nbia.org/resource_library/peer/benchmark/resource_library/incubator_finances.php>. Acesso em: 01 jan. 2014. YIN, R. K. Case study research, design and methods.Thousand Oaks; California: Sage, 2003. DUBÉ, L.; PARÉ, G. Rigor in positivist case research: current practices, trends, and recommendations. MIS Quarterly, v. 27, n. 4, 2003. EISENHARDT, K. M. Building theories from case study research. Academy of Management Review, v. 14, n. 4. 1989. p. 532-548. RIC. Rede de incubadora de Empresas do Ceará. Incubadoras. Disponível em: <http://www.ric.org.br>. Acesso em: 01 jan. 2014. SCHUMPETER, J. A. O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova Cultural. 1988. p.43-66. ZAWISLAK, P. Nota técnica In: CLEGG, S.; HARDY, C; NORD, D. (Orgs.) Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2004. v.3, p.180-185. PAVITT, K. Some foundations for a theory of the large innovating firm In: DOSI, G. et ai. (Eds.). Technology and Enterprise in a Historical Perspective. Oxford: Oxford University Press, 1992. QUINN, R. E; THOMPSON, M. P.; FAERMAN, S. R.; McGRATH, M. Competências gerenciais. São Paulo: Campus, 2004. VASCONCELLOS, E. P. G. Centralização x descentralização: aplicação para laboratórios de inst. de pesquisa e desenvolvimento. Revista de Administração IA – USP, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 101-121, abr./jun. 1979. GUDYNAS, Eduardo. Diez tesis urgentes sobre el nuevo extractivismo: contextos y demandas bajo el progressismo sudamericano actual. Mesa redonda “Alternativas a una economía extractivista”, CAAP y FLACSO , Quito (28 julio 2009). BANERJEE, Subhabrata Bobby. Embedding Sustainability Across the Organization: A Critical Perspective. Academy of Management Learning & Education, Vol. 10, No. 4, p. 719–731, 2011. ROBINSON, John. Squaring the circle? Some thoughts on the idea of sustainable development. Ecological Economics. Ed. 48. p.369– 384. 2004. LANGE, Deborah E. de; BUSCH ,Timo ; DELGADO-CEBALLOS, Javier. Sustaining Sustainability in Organizations. J Bus Ethics. ed. 110. p.151–156. 2012. AABOEN, L. Explaining incubators using firm analogy.Technovation. Ed.29. Vol.10. p.657–670, 2009. BRUNEEL, J.; RATINHO,T.; CLARYSSE,B.; GROEN,A. The evolution of business incubators: comparing demandand supply of business incubation services. across differentincubatorgenerations.Technovation. Ed.32. Vol.2. p.110–121, 2012. FONSECA, S.A.;JABBOUR,C.J.C.Assessment of business incubators green performance: a framework and its application to Brazilian cases.Technovation. ed.32. Vol. 2/ p. 122–132, 2011. Shankar, V.,Carpenter,G.S.,Krishnamurthi,L.,1998.Late mover advantage: how innovative late entrants outsell pioneers. Journal of Marketing Research. Ed. 35. Vol. 1. p.54–70, 1998. SCHOONHOVEN, C.B.; EISENHARDT,K.M.; LUMAN,K. Speeding products to market: waiting time to first product introduction in new firms. Administrative Science Quarterly. Ed.35. p.177–207, 1990. RAMOS, E.; ACEDO,F.J.; GONZALEZ,R.M. Internationalisation speed and technological patterns:a panel data study on Spanish SMEs.Technovation. Ed.31. Vol.10–11. p.560–572, 2011. CARBONELL, P.,RODRIGUES,A.I. The impact of market characteristics and innovation speed on perceptions of positional advantage and new product performance. International Journal of Researchin Marketing. Ed.23. Vol.1. p.1–12, 2006. POTTS, T. The natural advantage of regions: linking sustainability,innovation and regional development in Australia. Journal of Cleaner Production. Ed.18. p.713–725, 2010. Hillary, R. Environmental management systems and the smaller enterprise. Journal of Cleaner Production. Ed.12. p.561–569, 2004.