Macronutrientes Dra. Aline Marcellini Água Componente essencial à vida Meio para as reações químicas e bioquímicas (mobilidade entre as moléculas), crescimento microbiano (essencial para o metabolismo microbiano). A água é o componente majoritário na maioria dos alimentos, influenciando a estrutura, aparência e sabor dos alimentos e sua susceptibilidade à degradação química. Todos os alimentos contem água. Através de interações físicas com proteínas, polissacarídeos, lipídios e sais contribui para a textura dos produtos. Processos de conservação – redução ou eliminação da água. A “remoção” da água pela desidratação ou congelamento altera muito as propriedades originais do produto. Tentativas de reidratação ou descongelamento – são parcialmente bem sucedidas. Não confere energia (0Kcal) Proteína Formada por aminoácidos – em função de ligações peptídicas. Funções: Estrutural – formadora das células (ex. colágeno, elastina, revestimento de vírus), Contrátil – contração muscular (ex. actina, miosina) Metabólica – responsável por quase todas as reações químicas que ocorrem na célula, regulam a transcrição gênica (ex. hexoquinase, enolase) Transporte – transportadora de substâncias entre os tecidos (ex. ptns transportadoras de membrana, hemoglobina) Hormonal – responsáveis pela sinalização celular (ex. insulina, glucagon). Imune – responsável por parte da defesa contra antígenos (ex. anticorpos, IgE, IgA) Seu consumo confere 4kcal/g. Nos alimentos: contribuem diretamente com o sabor dos alimentos, são precursores de compostos aromáticos e substâncias que conferem cor, que se formam mediante reações térmicas e/ou enzimáticas que ocorrem durante a obtenção, preparação e armazenamento. Tem capacidade de formar géis, espumas, emulsões e estruturas fibrilares. Funções nos alimentos: Interação proteína e água – a solubilidade das proteínas ocorre pelas interações destas com a água, pelas cadeias hidrofílicas. Interações proteína-proteína reduzem a solubilidade em água. Desnaturação favorece a solubilidade em água. Emulsão – apresentam estruturas hidrofóbicas e hidrofílicas permitem o equilíbrio das interfases da solução. Espuma – desnaturação da ptn, por agitação, amassamento e batedura o ar será agregado as moléculas desnaturadas. Fixação de aromas – fixam aldeídos, cetonas e alcoóis. Desejável e indesejável. Grande probabilidade de alteração/deterioração. Implicações da deterioração: Perdas de funcionalidade, Possibilidade de perdas nutricionais, Aumento do risco da toxicidade, Alterações indesejáveis do flavour. Positivo - desnaturação térmica dos inibidores de tripsina em feijão, soja - aumento da digestibilidade. Grande probabilidade de alteração/deterioração. Implicações da deterioração: Perdas de funcionalidade, Possibilidade de perdas nutricionais, Aumento do risco da toxicidade, Alterações indesejáveis do flavour. Positivo - desnaturação térmica dos inibidores de tripsina em feijão, soja - aumento da digestibilidade. Carboidratos - CHO Os carboidratos - extremamente abundantes. Apresentam baixo custo para consumo. No ser humano apresentam função: energética (4Kcal/g), reserva alimentar, formação de DNA e RNA e formação do bolo fecal (fibras). Nos alimentos podem exercer outras funções relevantes como: edulcorantes, formadores de géis, agentes espessantes, estabilizadores e precursores de compostos de aroma e sabor. Outras funções Apresentam estruturas moleculares, tamanhos e configurações diferentes. Reflexo nas propriedades físicas e químicas conseqüência nos seus efeitos fisiológicos. Quanto menor a sua cadeia molecular maior a solubilidade em água. Passíveis de modificações químicas e bioquímicas, - empregadas comercialmente no melhoramento de suas propriedades e na ampliação de suas aplicações. Amido: arroz, inhame, mandioca, milho, trigo e batata, além dos processados como massas, pães e alguns biscoitos; Sacarose: a cana-de-açúcar, a beterraba, frutas além dos doces e biscoitos; Lactose: leite e derivados. Polissacarídeos não amido (fibras): vegetais folhosos, legumes e frutas. Fibra Dietética – Definição atual Institute of Medicine, Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and aminoacids. Washigton, D.C. National Academy Press, 2002/2005, p. 1331. Fibras Dietéticas – refere-se aos carboidratos nãodigeríveis e lignina, intrínsecos e intactos nas plantas. Fibras Funcionais – refere-se aos carboidratos nãodigeríveis isolados, que podem exercer efeitos fisiológicos benéficos à saúde humana. Fibras Totais – somatório de fibras dietéticas e funcionais. Efeito das Fibras Não As conferem energia propriedades físico-químicas, o trajeto percorrido solubilidade, no trato além da gastrointestinal, capacidade a de fermentação da fibra dietética tem sido demonstrado como sendo determinante nos efeitos fisiológicos e metabólicos ocasionados, quando as população. fibras são consumidas pela Propriedades de hidratação: fibras solúveis e insolúveis. Todas captam água. Fibras solúveis a água é incorporada rapidamente e são facilmente decompostas no intestino grosso (70 a 90% decompostas pelas bactérias do cólon) Fibras insolúveis - menor capacidade de incorporação de água - dificilmente degradadas pelas bactérias eliminadas praticamente intactas. Fibras solúveis Alta Hidratação – moléculas pouco organizadas no tecido vegetal, muitos grupos hidrofílicos - Forman gel no estomago (saciedade). Gel inibe a atividade de enzimas - digestão de gorduras, carboidratos e proteína prejudicada – reduz índice glicêmico (β-glucano – aveia). Fermentadas pela microbiota intestinal (aumento da microbiota, massa fecal ) – produtos (benefícios). Fibra insolúvel Poucos grupos hidrofílicos, hidratação dependente dos espaços intracelulares, muito coesa – pouca hidratação - limitam a ação de enzimas bacterianas sobre o substrato sendo pouco ou parcialmente fermentáveis. Aumento do volume das fezes ou através da diminuição do tempo de trânsito intestinal - remoção dos carcinógenos, co-carcinógenos e/ou promotores de tumor. Capacidade de adsorção de moléculas orgânicas, da fibra - lipídios - grupos iônicos das fibras reagem com colesterol e ácidos biliares e modificar a “enteroreciclagem” dos mesmos e consequentemente aumentar a excreção fecal – Doença Coronariana. Cuidado: Processos tecnológicos podem modificar as propriedades de hidratação e conseqüentemente as características físico-químicas das fibras que refletirá nos seus efeitos fisiológicos. LIPÍDEOS Nutrição Grande = 9 Kcal/g diversidade de moléculas. Palatabilidade e retenção de voláteis. Definição: compostos insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. Quanto maior a molécula mais insolúvel. FUNÇÕES Lipídeos Classificação – grande dificuldade Triacilglicerol – ésteres, glicerol + 3 AG – fração quantitativa mais importante (98-99%). Ceras – ésteres, álcool de cadeia longa + AG de cadeia longa Fosfolipídios – fosfato em sua molécula, glicerofosfolípides (glicerol + 2AG +fosfato + grupo polar variável) e esfingolípides (esfingosina + AG + fosfato + colina). Glicolípides – esfingosina + AG + CHO (glicose ou galactose). Esteróis – núcleo esteróide. Outros – vitaminas lipossolúveis e pigmentos. ÁCIDOS GRAXOS Ácidos carboxílicos – cadeia carbônica não ramificada e uma única carboxila (polar). ÁCIDOS GRAXOS Classificação de acordo com o comprimento da cadeia – 4 a 36 átomos de carbono. Solubilidade – tamanho da cadeia. Cadeia curta (AGCC) – 2 a 6. Cadeia média (AGCM) – 8 a 12. Cadeia longa (AGCL) – 14 a 18. Cadeia muito longa (AGCML) - >18 Números pares e ímpares de C. AG – Saturação e Insaturação Apenas ligações simples ou duplas (uma ou várias). Saturados – comprimento. Insaturados simples, Monoinsaturados de qualquer - uma única dupla ligação (cadeia com 14C ou acima) Poliinsaturados – 2, 3, 4, 5 ou 6 duplas ligações (cadeia com 18C ou acima) ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS E INSATURADOS FONTES ÁCIDOS GRAXOS Importância poli). de ser saturados ou insaturados (mono e Doenças cardiovasculares, Fluidez membrana plasmática, Formação SNC, Cânceres, Etc... ÁCIDOS GRAXOS Sistema ômega (ω) de nomenclatura Utilizada para identificar os ácidos graxos essenciais. É baseada na posição das duplas ligações contadas a partir do grupo metil (-CH3). Famílias ω-3 e ω-6. Ômega 6 – linoléico (18:2 ω-6) - precursor. Ômega 3 – linolênico (18:3 ω-3) – precursor Relação ω-6 / ω-3 – antigamente 1/1, atual – 10/1 ou 25/1, ideal 5/1. ÁCIDOS GRAXOS Isômeros cis e trans – posição espacial do H na dupla ligação. Cis – mesmo plano. Trans – planos opostos – é oriundo de hidrogenação de óleos vegetais ou biohidrogenação em ruminantes. Insaturados trans – conformação espacial semelhante aos saturados – dislipidemia em crianças. Insaturados cis – dobra na cadeia. Influência ponto de fusão –trans maior. ÁCIDOS GRAXOS – CIS e TRANS Hidrogenação Nesse processo são misturados hidrogênio gasoso, óleos vegetais polinsaturados, um catalisador que geralmente é o Ni, sob pressão e temperatura apropriadas Interesterificação Objetivo- digestibilidade maior, maior absorção, função também na consistência. Reação no trialcilglicerol: Meio alcalino ou ácido, hidrólise na presença de álcool. Vantagem, formação menor de trans. Lipídeos FONTES Animais: alimentos de origem animal; Incluindo os Industrializados; Vegetais: azeites (oliva e palma), óleos de sementes (soja, canola, girassol, milho, linhaça), gorduras (côco, manteiga de cacau). Deterioração de lipídios. Rancificação hidrolítica Hidrólise dos TG em glicerol e AG - microorganismos ou enzimas naturais (calor – favorece). Calor – desidratação do glicerol - formação de acroleína (cancerígena). Aroma rançoso. Rancificação Oxidativa Formação de um radical livre na partir de cadeia insaturada. Radicais livres possuem orbitais eletrônicos vazios para reações químicas. Atividades de água alta – mobilidade entre as moléculas. Entretanto baixa tb favorece a reação – enzimas??.