INFORMATIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 4YFPMGEpnSUYEHVMQIWXVEPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP )286):-78% )RXVIZMWXEGSQ*IVRERHS&I^IVVEHI7SY^E'SIPLS1MRMWXVSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP %68-+37 4PERS&VEWMPWIQ1MWqVME 3RSZS4VSKVEQEHI(IWIRZSPZMQIRXSHE*EM\EHI*VSRXIMVE -2*361) 2SZEIWXVYXYVESVKERM^EGMSREPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP 6)7)2,% )QTVIIRHIHSVMWQSVIKMSREPIIGSRSQMEHSGSRLIGMQIRXS )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 42(6IJIHIVEpnSYQEETVS\MQEpnSETEVXMVHS3VpEQIRXS+IVEPHE9RMnS 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0 )RGEVXI 7YQjVMS )(-836-%0 )286):-78% )RXVIZMWXEGSQ*IVRERHS&I^IVVEHI7SY^E'SIPLS1MRMWXVSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP %68-+37 4PERS&VEWMPWIQ1MWqVME 32SZS4VSKVEQEHI(IWIRZSPZMQIRXSHE*EM\EHI*VSRXIMVE -2*361) 2SZEIWXVYXYVESVKERM^EGMSREPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP 6)7)2,% )QTVIIRHIHSVMWQSVIKMSREPIIGSRSQMEHSGSRLIGMQIRXS )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 42(6IJIHIVEpnSYQEETVS\MQEpnSETEVXMVHS3VpEQIRXS+IVEPHE9RMnS 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0 3 ENCARTE Boletim Regional. Informativo da Política Nacional de Desenvolvimento Regional – nº 12 (setembro-dezembro de 2010 e janeiro-abril de 2011) – Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Desenvolvimento Regional, 2011. Quadrimestral ISSN 1980–0640 1. Desenvolvimento Regional – Brasil – Periódico. I. Ministério da Integração Nacional. II. Secretaria de Desenvolvimento Regional. III. Título CDD 338.981 MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Ministro de Estado da Integração Nacional Fernando Bezerra de Souza Coelho Secretário-Executivo Alexandre Navarro Garcia Secretário de Desenvolvimento Regional Sérgio Duarte de Castro COMITÊ EDITORIAL Secretaria de Desenvolvimento Regional (coordenação) Secretaria de Fundos Regionais e Incentivos Fiscais Secretaria Nacional de Irrigação Secretaria de Infraestrutura Hídrica Secretaria Nacional de Defesa Civil Secretaria-Executiva Assessoria de Comunicação Social Coordenador de Projeto Fernanda Tallarico Editor Geral Mauro Márcio Oliveira Projeto Gráfico João Del Negro Revisão Cecilia Fujita Boletim Regional é realização do Ministério da Integração Nacional, desenvolvida com o apoio do Projeto de Cooperação Técnica MI/IICA para Ações de Desenvolvimento Regional e Integração Nacional. Endereço para correspondência SDR/MI SBN, Quadra 2, lote 1, Edifício Apex Brasil, Portaria B, 2º subsolo, sala 201 Brasília, DF – CEP: 70041-906 Telefone [61] 3414-5867 | Fax [61] 3414-5488 O Boletim Regional está disponível no seguinte endereço: www.integracao.gov.br/desenvolvimentoregional/publicacoes/boletim.asp )(-836-%0 INFORMATIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 4YFPMGEpnSUYEHVMQIWXVEPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP Este é o primeiro número do Boletim Regional da nova administração do Ministério da Integração Nacional, que tomou posse no dia 1º de janeiro de 2011. A propósito, a primeira matéria traz uma entrevista do ministro Fernando Bezerra de Souza Coelho, na qual enuncia as prioridades de curto, médio e longo prazo de sua gestão. São compromissos importantes, que balizam não somente as expectativas nacionais e regionais sobre a ação do Ministério, mas também o compromisso de uma gestão orientada por resultados. )286):-78% )RXVIZMWXEGSQ*IVRERHS&I^IVVEHI7SY^E'SIPLS1MRMWXVSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP %68-+37 4PERS&VEWMPWIQ1MWqVME 3RSZS4VSKVEQEHI(IWIRZSPZMQIRXSHE*EM\EHI*VSRXIMVE -2*361) 2SZEIWXVYXYVESVKERM^EGMSREPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP 6)7)2,% porque o combate à miséria apresenta-se como um grande reforço ao alcance dos objetivos da PNDR, a saber, a redução das desigualdades regionais. )QTVIIRHIHSVMWQSVIKMSREPIIGSRSQMEHSGSRLIGMQIRXS A terceira matéria trata da nova proposta do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira, formulada por um grupo de trabalho interministerial, com base na experiência de execução anterior, que recebeu total apoio da Presidência da República para sua implementação pelo Ministério da Integração Nacional. A nova versão desse Programa recebe grande apoio do recém-lançado Programa Estratégico das Fronteiras, a cargo dos Ministérios da Justiça e da Defesa. )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 42(6IJIHIVEpnSYQEETVS\MQEpnSETEVXMVHS3VpEQIRXS+IVEPHE9RMnS 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0 )RGEVXI Na sequência vem um artigo sobre o Programa Brasil sem Miséria, compromisso da presidenta Dilma Rousseff, assinado pelo secretário-executivo do Ministério da Integração, no qual o autor mostra não somente o conteúdo do referido Programa e seus impactos, mas também suas diversas oportunidades de articulação com o Ministério, especialmente O informe sobre a nova estrutura do Ministério da Integração Nacional serve como elemento complementar às informações prestadas pelo ministro Fernando Bezerra em sua entrevista, uma vez que detalha as competências redistribuídas das diversas 5 Secretarias do Ministério, pensadas para dar maior capacidade de respostas às demandas da sociedade. volvimento regional, isto é, dos dados que tratam das transferências constitucionais, legais e voluntárias da União para estados e municípios. Esse trabalho só foi possível porque a Secretaria do Tesouro Nacional tem colocado à disposição do público uma quantidade bastante apreciável de informações, de forma organizada e sistemática, que tornam mais transparente a Administração Pública e permitem apresentações e reflexões como as que são apresentadas no presente número do Boletim Regional. Em sua tarefa de trazer à discussão novos enfoques que possam agregar qualidade à concepção e execução da PNDR, o Boletim Regional apresenta uma resenha sobre um livro que trata do empreendedorismo regional entrelaçado à economia do conhecimento, o que poderá enriquecer a atuação do Ministério da Integração Nacional nessa área. Por último, na seção “Estatísticas Básicas”, é apresentada uma síntese numérica e gráfica do Orçamento Geral da União naquilo que tem a ver com o desen- Boa leitura a todos e todas! O Editor. 6 )286):-78% 1MRMWXVSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP *IVRERHS&I^IVVE HI7SY^E'SIPLS conectar com todas as demais políticas nacionais existentes. Na realidade, hoje ela está isolada. Assim, por exemplo, a Política Nacional de Logística e de Transporte não leva em conta a PNDR. Por isso queremos que ela seja não uma política do Ministério, mas do Estado brasileiro. Não apenas deste governo, mas de todos os governos e que dialogue com todas as demais políticas nacionais que são desenvolvidas na esfera federal. Quais são as prioridades do Ministério nesse momento? Nossas principais metas são, além da implantação de um modelo de gestão administrativa, dar um status diferenciado à Política Nacional de Desenvolvimento Regional, com um forte incremento nas ações preventivas na área de defesa civil, um amplo programa de agricultura irrigada, no bojo da criação da nova Secretaria Nacional de Irrigação, a conclusão e o planejamento da gestão futura do Vamos também procurar fortalecer as cadeias e Canal do São Francisco e um amplo programa de os arranjos produtivos locais, o que a gente já vem fortalecimento de arranjos produtivos locais no âmfazendo, mas de forma articulada – essa a novidabito do novo eixo do PAC, de erradicação da extrema de – com os investimentos estruturadores, pois não pobreza. Em termos da gestão, implantaremos um podemos deixar que esses investimentos se transmodelo de gestão administrativa levando em conta formem em ilhas. Assim, por exemplo, a política de experiências inovadoras, como a investimentos da Petrobras na do Governo de Pernambuco, com indústria de petróleo e gás tem Queremos elevar foco, metas e resultados, uma vez de dialogar com a PNDR. Idem, que tem servido de exemplo para a Política Nacional para os investimentos automobios vários âmbitos da administralísticos e ferroviários no Nordeste. do Desenvolvimento ção pública. O mesmo se aplica no Norte aos Regional à condição de investimentos em mineração, Ministro, como o senhor se posiderurgia e hidroeletricidade. Política de Estado, para siciona em relação à Política Todos eles devem dialogar com Nacional de Desenvolvimento que ela possa se conectar a economia de base local e base Regional? regional que está implantada. O com todas as demais Queremos elevar a Política mesmo se aplica ao agronegópolíticas nacionais Nacional do Desenvolvimento cio no Centro-Oeste. E assim por Regional à condição de Política diante. Isso julgamos decisivo. existentes. de Estado, para que ela possa se 7 )286):-78% Para exercer a contento sua missão, o Ministério está contando com a mudança de foco no PPA 2012-2015, o qual busca olhar para as mudanças na vida do cidadão e não para o volume de insumos utilizados nas ações. É uma nova cultura para a Administração Pública Federal, que valoriza os resultados na ótica do cidadão. Ademais, consolida uma visão estratégica, participativa e territorializada do planejamento governamental, iniciada há 8 anos, o que possibilita valorizar a diversidade e enxergar o território a partir dos recortes das políticas e de seus impactos. Creio que esse segundo ponto toca diretamente as competências do Ministério no que tange à PNDR. gional por meio do financiamento de infraestrutura, como é o caso da Transnordestina, da qual 68% são financiados por fundos regionais, como FNE, FDNE e FINOR, em valor que alcança R$ 3,7 bilhões. Aplicações dos Fundos constitucionais e de desenvolvimento (R$ milhões) ATÉ 2010 2011 2012 2013 2014 TOTAL 59.865,0 21.670,0 23.831,1 26.207,7 28.821,2 160.395,0 Podemos esperar novidades na área da defesa civil? O recente Programa Brasil sem Miséria apresenta uma grande convergência com a PNDR, já que por meio dele iremos atacar a pobreza no Brasil. Por um lado, como a pobreza está concentrada no Nordeste e, mais especificamente, no semiárido, teremos uma grande chance de aproximar esse Programa da PNDR. Porém, como a pobreza também se espalha por franjas em todos os estados brasileiros, o MI deve se reposicionar para que possa atuar em todo o território nacional. Tanto num caso quanto no outro, estaremos atacando as desigualdades regionais, que foram vistas como um entrave ao desenvolvimento nacional por ¾ dos membros do CDES. O Ministério da Integração, que já foi chamado de “Ministério do Nordeste”, vai ser reposicionado para que seja um Ministério de todo o país. Nosso objetivo agora é investir em prevenção. Em abril, realizamos em Brasília um amplo debate sobre o tema num seminário com palestrantes de diversos países e representantes de diferentes estados. O Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, promoveu simultaneamente, em maio, exercícios simulados em Maceió (AL), Recife (PE) e Salvador (BA). As cidades foram escolhidas devido ao grau de risco ao qual estão expostas. Para dar mais transparência e agilidade ao repasse de recurso em situações de emergência foram firmados acordos de cooperação com o Tribunal de Contas da União e com a Advocacia-Geral da União. Em parceria com o Banco do Brasil foi criado o Cartão de Pagamento de Defesa Civil. Os gastos estarão disponíveis no Portal da Transparência. De que modo, os Fundos Regionais poderão alavancar ainda mais o desenvolvimento regional? E como se encontram as obras da integração das bacias? Em primeiro lugar, no contexto da reestruturação do Ministério da Integração, criamos a nova Secretaria de Fundos Regionais e Incentivos Fiscais. Sua orientação básica é aproximar o MI dos bancos regionais de desenvolvimento, BNB e BASA, que estão vinculados ao Ministério da Fazenda, e inclusive o BNDES, que é vinculado ao MDIC. A ideia é que tais bancos possam ter uma ligação mais estreita com o MI e possam dar o apoio ao desenvolvimento re- A obra de integração do rio São Francisco, com seus eixos Leste e Norte, está estimada em quase R$ 7 bilhões e é uma obra que vai permitir o abastecimento humano e a dessedentação de animais na região mais carente de água do Brasil, que é o semiárido nordestino. Nossa expectativa é que o Eixo Leste esteja concluído até o final de 2012 e o Eixo Norte até o final de 2013. Além dessas obras de constru- 8 )286):-78% ção dos canais, de barragens, nós vamos ter obras complementares. Dentre elas, o Sistema Adutor do Agreste, em Pernambuco; o projeto Vertentes Litorâneas, que vai pegar a água também na altura de Monteiro, na Paraíba, e vai jogá-la para toda a Região da Mata do Estado da Paraíba. Vamos ter, também, o projeto da Barragem de Oiticica, que vai reforçar o sistema Apodi-Açu, que leva a água para a região semiárida do Rio Grande do Norte. E, no caso do Ceará, o projeto que complementa as obras da transposição é o projeto denominado Cinturão de Águas Cearenses, que vai levar a água para toda a região semiárida do Ceará. Na área dos Recursos Hídricos, os investimentos previstos pelo PAC-1 foram de R$ 10,63 bilhões, dos quais R$ 7,27 bilhões realizados; já no PAC-2, entre 2011-2014, serão realizados R$ 18,66 bilhões. Já em irrigação, a palavra de ordem é a implantação de modelos de gestão sustentável inovadores nos perímetros públicos irrigáveis, que somam mais de 400 mil hectares irrigados. É preciso investir em inovação para que a gente possa reduzir custos e melhorar a eficiência dos serviços. Nesse caso, uma das prioridades será diminuir a ociosidade da área irrigada sob a responsabilidade do DNOCS e da Codevasf, o que representa um grande desperdício de dinheiro público. A recém-criada Secretaria Nacional de Irrigação, além de lançar um grande programa de irrigação para a geração de emprego e renda nas regiões menos dinâmicas do nosso país, vai fortalecer os órgãos executores, para que possam vencer os obstáculos que prejudicam sua performance. Nosso objetivo é que o dinheiro público investido em irrigação dê efetivo retorno social. E qual é a abordagem do Ministério da Integração em relação ao tema dos recursos hídricos? No que diz respeito às obras de infraestrutura hídrica, o MI quer se reposicionar em todo o território nacional. Isso porque o recente Atlas da ANA mostra que todas as regiões metropolitanas do Brasil, começando por São Paulo, vão ter problemas de oferta de água bruta para atender o crescente contingente humano até o final da presente década. Então, essa é a responsabilidade do MI, de ampliar a oferta de água bruta, sobretudo para sistemas integrados. Estimularemos, nessa linha, a atração de investimentos privados, com o lançamento de um programa de parcerias público-privadas com o fito de ampliar as áreas irrigadas do país em 200 mil hectares nos próximos quatro anos, contribuindo, TÓPICOS PAC-1 PAC-2: DOTAÇÃO PAC-2: DOTAÇÃO + RAP DISPONIBILIDADE DE ÁGUA 6.633 11.093 13.178 IRRIGAÇÃO 1.905 2.209 2.581 REVITALIZAÇÃO 1.670 1.779 2.512 DRENAGEM 346 123 283 ESTUDOS 42 97 99 GAP 34 13 2 TOTAL 10.629 15.313 18.655 9 )286):-78% assim, para a expansão da oferta de alimento, fibras e energia para o Brasil e o mundo. com especial atenção às regiões mais carentes, de modo a contribuir para a redução das desigualdades regionais. Nesse sentido, o Programa buscará, prioritariamente, uma atuação mais concentrada e integrada nas Bacias Hidrográficas dos rios São Francisco e Araguaia-Tocantins. Quais projetos públicos de irrigação vêm sendo desenvolvidos no Brasil hoje? Atualmente, estamos desenvolvendo, em parceria com a Agência Nacional de Águas, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Cidades, os trabalhos para a contratação de um novo financiamento junto ao Banco Mundial para um projeto chamado Interáguas. O Interáguas vai ser, digamos assim, o sucessor do Proágua, mas mais focado na gestão dos recursos hídricos, sobretudo dos rios federais, daquelas bacias hidrográficas que contemplam mais de um estado, como, por exemplo, o rio Tocantins. Nele, a preocupação é com o uso múltiplo das águas. E quanto ao Ordenamento Territorial? Vimos, recentemente, a posição do Congresso Nacional em termos da criação de dois estados brasileiros – Tapajós e Carajás – a partir do Estado do Pará. Nesse caso, a ideia do Ministério da Integração é buscar um debate com a sociedade civil brasileira para saber se de fato a redivisão do tamanho dos seus estados é o melhor caminho para o Brasil em termos da promoção do desenvolvimento. Fazemos isso tendo em conta que a nossa missão é a de promover a integração nacional, o desenvolvimento sustentável e a superação das desigualdades regionais do país, assegurando a inclusão socioeconômica, a melhoria da qualidade de vida, a proteção civil e a segurança hídrica. Devido à amplitude da problemática a ser enfrentada, o Interáguas terá abrangência nacional, com concentração em áreas e temas prioritários, nos quais a água condiciona de forma mais forte o desenvolvimento social e econômico sustentáveis, 10 %68-+3 4PERS&VEWMPWIQ1MWqVME ALEXANDRE NAVARRO GARCIA Secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional 1 − EXPERIÊNCIAS ATUAIS interno e ampliar a ascensão social de milhões de cidadãos à nova classe C. As experiências mais recentes da promoção da cidadania, com fortalecimento do mercado interno, incluem ações voltadas diretamente para o combate à pobreza e à miséria, que redundaram na retirada de milhões de brasileiros das faixas de exclusão social e econômica, e para o aumento da renda real das famílias, por meio do aumento real do saláriomínimo e aumento dos empregos formais. Como resultado da atuação governamental focada na melhoria da distribuição de renda, nos últimos anos 28 milhões de pessoas saíram da faixa da pobreza e 36 milhões entraram na classe média. 2 − O PERFIL ATUALIZADO DA EXTREMA POBREZA Para tanto, o Governo Federal faz uso da transferência direta de renda pelos mecanismos do Programa Bolsa Família e de programas previdenciários, como o da Prestação de Benefícios Continuados; orienta os investimentos a cargo do PAC para aumentar a oferta de infraestrutura social e econômica, como nos casos do Minha Casa, Minha Vida e do Luz para Todos; conduz o sistemático aumento real do salário-mínimo ao longo de vários anos; promove a expansão do crédito − com destaque para o crédito consignado, o crédito direto ao consumidor e o crédito subsidiado à pequena produção agrícola, por meio do Pronaf, que conta com substancial participação dos fundos constitucionais nas regiões prioritárias da PNDR. Na área agrícola, merece igual referência o Programa de Aquisição de Alimentos, que conecta o setor produtivo com os programas assistenciais, como o da merenda escolar. De forma complementar, a estabilidade macroeconômica mantida por ação do Governo Federal na área da política monetária e fiscal tem permitido que as empresas contratem trabalhadores pelo regime formal de maneira contínua e expandida, o que faz crescer o mercado O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou o conjunto da população que se encontra em situação de extrema pobreza segundo os dados do universo preliminar do Censo Demográfico 2010. Estas informações são de grande importância no processo de formulação do Plano Brasil sem Miséria. A linha de extrema pobreza foi estabelecida em R$ 70,00 per capita, considerando o rendimento nominal mensal domiciliar. Deste modo, qualquer pessoa residente em domicílios com rendimento menor ou igual a esse valor é considerada extremamente pobre. A divulgação pelo IBGE, em abril de 2011, refere-se aos dados preliminares do universo em que a renda de todos os membros, declarada pela pessoa que respondeu ao questionário, não é desagregada por fonte de rendimento para cada membro. Os dados do Censo Demográfico 2010 têm como referência o mês de agosto daquele ano, enquanto os rendimentos se referem ao mês anterior. Portanto, apesar de o levantamento das informações ter sido realizado ao cabo de apro11 %68-+3 ximadamente quatro meses, elas retratam o país naquele mês de referência. r DPNQFMPNFOPTVNNPSBEPSEFBOPTPVNBJT de idade. De acordo com o IBGE, as pessoas em domicílios sem rendimento totalizavam 6.840.156. No entanto, dentro desse grupo encontram-se pessoas que não têm o perfil de extrema pobreza, mas que no mês da entrevista não tiveram rendimentos. O contingente de pessoas sem rendimento que obedeceram às restrições foi calculado em 4.836.732, correspondente a 70,7% do total de pessoas sem rendimento. Este contingente foi somado aos 11.429.110 com rendimento médio domiciliar per capita entre R$ 1,00 e R$ 70,00. Foi solicitado ao IBGE que realizasse um recorte para incluir apenas as pessoas residentes em domicílios com perfil de maior probabilidade de encontrar-se em extrema pobreza. Os critérios adotados para estimar esta parcela da população dentre os sem rendimentos foram os seguintes: Assim, o contingente de pessoas em extrema pobreza totaliza 16,27 milhões, o que representa 8,5% da população total. Embora apenas 15,6% da população brasileira resida em áreas rurais, entre as pessoas em extrema pobreza, elas representam pouco menos da metade (46,7%). A outra parte (53,3%) situa-se em áreas urbanas, onde reside a maior parte da população (84,4%). O gráfico abaixo apresenta a incidência da extrema pobreza por situação do domicílio – urbano e rural – para cada uma das grandes regiões do país. r TFNCBOIFJSPEFVTPFYDMVTJWPPV r TFNMJHBÉÈPDPNSFEFHFSBMEFFTHPUPPVQMVWJBMF sem fossa séptica; ou r FNÃSFBVSCBOBTFNMJHBÉÈPÆSFEFHFSBMEFEJTUSJbuição de água; ou r DPNQFMPNFOPTVNNPSBEPSEFBOPTPVNBJT de idade, analfabeto; ou Por outro lado, observa-se que as populações totais nas áreas rurais nas regiões Norte e Nordeste superam consideravelmente as das demais regiões – 26,5% e 26,9%, respectivamente. Nestas duas regiões também se concentra mais da metade da população em extrema pobreza – 56,4% na Região Norte e 52,5% na Região Nordeste −, enquanto as demais regiões permanecem com percentuais inferiores. r DPNQFMPNFOPTUSËTNPSBEPSFTEFBUÊBOPTEF idade; ou Os 16,27 milhões de extremamente pobres no país estão concentrados principalmente na Região r FN ÃSFB SVSBM TFN MJHBÉÈP Æ SFEF HFSBM EF EJTtribuição de água e sem poço ou nascente na propriedade; ou r TFNFOFSHJBFMÊUSJDBPV Incidência da população em extrema pobreza por situação do domicílio, segundo as grandes regiões 35,7 35,4 (em %) 25,5 18,1 16,8 8,5 9,9 11,7 5,4 Brasil 3,4 Norte Nordeste Total 11,7 10,2 6,8 2,9 2,6 Sudeste Urbano 1,9 Sul Rural Fonte: IBGE. Universo preliminar do Censo Demográfico 2010. [Elaboração: MDS.] 12 4,0 3,0 Centro-Oeste %68-+3 Nordeste, totalizando 9,61 milhões de pessoas (59,1%), distribuídos 56,4% no campo, enquanto outros 43,6% em áreas urbanas. extrema pobreza no Brasil (39,9%). Essa distribuição é bastante próxima quando se considera a situação do domicílio nas áreas urbanas (39,0%) e nas áreas rurais (41,0%). Cabe observar que, na Região Sudeste, um em cada oito pessoas nessa condição tem 60 anos ou mais (12,8%), o que representa um percentual bastante superior à média nacional de 5,1%. Dos extremamente pobres nas áreas urbanas (8,67 milhões), pouco mais da metade da população vive no Nordeste (52,6%) e cerca de um em cada quatro na Região Sudeste (24,7%). De um total de 29,83 milhões de brasileiros residentes no campo, praticamente um em cada quatro encontra-se em extrema pobreza (25,5%), perfazendo um total de 7,59 milhões de pessoas. As regiões Norte e Nordeste apresentam valores relativos parecidos – 35,7% e 35,4%, respectivamente – de população rural em extrema pobreza. 3 − O PLANO BRASIL SEM MISÉRIA Mesmo com a ação exitosa das políticas sociais, uma parcela expressiva da sociedade brasileira ainda continua excluída do acesso a bens e serviços e do contexto de inclusão na cidadania que o país reserva a boa parte de seus cidadãos. Segundo a mesma fonte, a distribuição da população em extrema pobreza por sexo revela um perfil equilibrado entre homens e mulheres, com leve superioridade da presença feminina (50,5% contra 49,5%). Em algumas regiões, essa tendência levemente destoa, como no Sudeste e no Sul (52,8% e 51,3%, respectivamente). Entretanto, as diferenças se acentuam quando se observa a situação do domicílio separadamente. Há maior presença das mulheres neste segmento nas áreas urbanas, em detrimento de maior participação masculina nas áreas rurais. Justificativas Instituído por decreto presidencial, o Plano de Superação da Extrema Pobreza no Brasil, denominado de Plano Brasil sem Miséria, argumenta que o esforço de redução da pobreza no Brasil nos últimos anos foi agudo e bem-sucedido, apontando que cerca de 28 milhões de brasileiros superaram a pobreza no período de 2003 a 2009. Porém, como existe uma substancial franja de pessoas ainda não integradas social e economicamente, é preciso estabelecer um foco apropriado para tanto, já que há a convicção de que somente uma ação concertada do poder público pode dar conta de tal empreitada. Já quando o critério é cor ou raça, a grande maioria dos que se encontram em extrema pobreza (70,8%) é parda ou preta. Nesse particular, chama a atenção a situação dos indígenas. Apesar de representarem uma pequena parcela da população total (817.963 pessoas), 326.375 encontram-se em extrema pobreza, representando praticamente quatro em cada dez indígenas (39,9%). Já entre os brancos, esse percentual é de apenas 4,7%. Para as pessoas que se declararam amarelas, 8,6%, e entre pretos e pardos somados, 11,9% (10,0% e 12,2%, respectivamente). Características O Plano Brasil sem Miséria reúne, entre outras, as seguintes características: r PNBJPSQMBOPJOUFHSBEPEFDPNCBUFÆQPCSF[B extrema de sua história. r $PPSEFOBEPQFMP.JOJTUÊSJPEP%FTFOWPMWJNFOUP Social e Combate à Fome. As informações referentes às faixas etárias apontam para a necessidade de políticas sociais voltadas para a população mais jovem. Entre os extremamente pobres, cerca da metade se encontra com idade até 19 anos (50,9%). As crianças até 14 anos representam cerca de quatro em cada dez indivíduos em r 5SBUBTF EP BQSPGVOEBNFOUP F EB BNQMJBÉÈP EB exitosa política social adotada pelo Brasil nos últimos anos. r "QSFTFOUBVNBTQFDUPTPMJEÃSJPFIVNBOP 13 %68-+3 r $POTUJUVJOPWBFQPEFSPTBBMBWBODBQBSBPEFTFOvolvimento do Brasil, uma vez que aponta para a redução das desigualdades, a ampliação do mercado interno, o fortalecimento da economia e a aceleração do crescimento do país. passo para ampliar essas conquistas de todos os brasileiros. Prioridades e estratégia O Plano Brasil sem Miséria estabelece prioridade de atuação junto dos brasileiros e brasileiras excluídos dos frutos do desenvolvimento econômico e social, presos ao círculo vicioso da extrema pobreza. Estes brasileiros e brasileiras, com pouca ou nenhuma escolaridade e/ou qualificação profissional, à margem da sociedade da informação, sem a dimensão de seus direitos sociais, enfim, sem a mínima compreensão e noção de cidadania, estão regionalmente concentrados em territórios de baixa renda e de baixo dinamismo. Não por acaso a estratégia do Plano Brasil sem Miséria estrutura-se em torno de três grandes eixos: r 3PNQFBTCBSSFJSBTTPDJBJTQPMÎUJDBTFDPOÔNJDBTF culturais que mantêm segregadas as pessoas e as regiões onde se encontram. Público-alvo e objetivos O público-alvo do Brasil sem Miséria é a parcela de 16 milhões de pessoas caracterizadas como extremamente pobres, as quais auferem um rendimento mensal inferior a R$ 70,00. Desse total, 59% vive no Nordeste, 21% no Sul e Sudeste e 20% no Norte e Centro-Oeste. E nada menos que 40% tem menos de 14 anos de idade. r &MFWBÉÈPEBSFOEBEBTGBNÎMJBTFYUSFNBNFOUFQPbres, por meio de programa de transferência de renda e benefícios monetários afins. Além do seu aspecto solidário e humano, o Plano também pretende ser nova e poderosa alavanca para o desenvolvimento do Brasil. Afinal, o processo de ascensão social dos últimos oito anos foi decisivo para diminuir as desigualdades, ampliar o mercado interno, fortalecer a economia e acelerar o crescimento do país. Com o Brasil sem Miséria, o governo assume o desafio de acabar com a pobreza e, assim, dá um novo e decisivo CRAS CREAS Brasil Alfabetizado Mais Educação r "NQMJBÉÈPEPBDFTTPBTFSWJÉPTQÙCMJDPTFBÉ×FT de cidadania e bem-estar social. r "NQMJBÉÈP EP BDFTTP ÆT PQPSUVOJEBEFT EF PDVpação e geração de renda, por meio da inclusão produtiva na cidade e no campo. Assistência Social Segurança Alimentar Educação Luz Cozinhas Comunitárias Banco de Alimentos Habitação e Saneamento Minha Casa, Minha Vida Habitação SERVIÇOS PAC Educação Infantil Unidade Básica de Atendimento - UBS Documentação Trabalho Infantil Saúde da Família Rede Cegonha Apoio à população em situação de rua Saúde Medicamentos para hipertensão e diabetes Brasil Sorridente Olhar Brasil 14 %68-+3 Qualificação profissional Intermediação/oportunidades Urbano Geração de ocupação e renda Economia solidária Microcrédito Microempreendedor Individual - MEI INCLUSÃO PRODUTIVA Acesso aos meios de produção Rural Aumento da produção Assistência técnica e acompanhamento das famílias Acesso aos mercados Autoconsumo Do ponto de vista institucional e organizacional, a estratégia reúne em torno do Plano um conjunto de esforços de instituições, meios e programas que, uma vez articulados em prol de objetivos comuns, contribuirão decisivamente para o cumprimento do objetivo de incluir 16 milhões de brasileiros e brasileiras na cidadania. Isso implica dizer que tal esforço reunirá as instâncias do Governo Federal às dos estados e municípios, ademais de agregar diversos segmentos da sociedade civil organizada, a própria iniciativa privada e demais atores sociais que possam emprestar sua contribuição ao sucesso dessa causa. Miséria terá ações nacionais e regionais baseadas em três eixos: renda, inclusão produtiva e serviços públicos. No campo, onde se encontra 47% do público do Plano, a prioridade é aumentar a produção do agricultor por meio da orientação e do acompanhamento técnico, da oferta de insumos e água. Uma parceria com universidades e a Embrapa vai introduzir tecnologias apropriadas a cada família e, com isso, aumentar a produção. As famílias extremamente pobres serão apoiadas na produção de alimentos e na comercialização da produção. Até 2014, 250 mil famílias receberão R$ 2.400 a fundo perdido, pagos em parcelas semestrais, durante dois anos, para adquirir insumos e equipamentos. O Plano integra diversos programas já existentes, combinando ações globais com ações regionais e ações no campo com ações nas cidades. Por meio do Programa Água para Todos, 750 mil famílias serão atendidas com a construção de cisternas e sistemas simplificados coletivos. Além disso, milhares de famílias serão beneficiadas por sistemas de água voltados para a produção. Por sua vez, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Governo Federal comprará a produção para doála a entidades assistenciais ou para a formação de estoques. Com o Brasil sem Miséria, o PAA será consideravelmente ampliado, de 66 mil para 255 mil famílias, até 2014. Outra ação prevista é a ampliação das compras públicas para hospitais, universidades, Assim, relativamente ao primeiro aspecto, programas como o Bolsa Família, a Previdência Rural, o Brasil Alfabetizado, o Saúde da Família, o Brasil Sorridente, o Mais Educação e a Rede Cegonha vão ser ampliados e aperfeiçoados em todo o país, assim como as ações destinadas a ampliar o acesso dos mais pobres a bens e serviços públicos, incluindo água, luz e moradia. A miséria tem caras e necessidades diferentes conforme a região. A realidade no campo é uma, na cidade é outra bem diferente. Por isso, o Brasil sem 15 %68-+3 presídios, creches e também para a rede privada de abastecimento, como supermercados e restaurantes, que passarão a contar com a produção dos agricultores mais pobres. política de microcrédito e incentivo à economia popular e solidária, entre outras ações de inclusão social que devem beneficiar dois milhões de pessoas. Para tanto, o Governo Federal, em conjunto com estados e municípios, elaborará um Mapa de Oportunidades, com o levantamento de oportunidades disponíveis nas cidades para incluir produtivamente as famílias identificadas pelo Mapa da Pobreza. Em termos de Nas cidades, o Brasil sem Miséria buscará gerar ocupação e renda para os mais pobres entre os 18 e 65 anos de idade, mediante cursos de qualificação profissional, intermediação de emprego, ampliação da Objetivo – Aumento das capacidades e oportunidades Bolsa Verde Acompanhamento das famílias Sementes, mudas e tecnologias Fomento Água para Todos Luz para Todos Aumento da produção Acesso aos mercados Autoconsumo qualificação, pretende-se oferecer mais de duzentos tipos de cursos gratuitos certificados pelas escolas técnicas, pelo Sistema S e por outras redes a serem mobilizadas. O aluno receberá material pedagógico, lanche e transporte. Por sua vez, as ações de intermediação serão realizadas considerando o conjunto de oportunidades mapeadas nas empresas públicas e privadas. Serão selecionados, prioritariamente, os beneficiários do Bolsa Família e pessoas com idade entre 18 e 65 anos. clusão produtiva da população mais pobre, o Brasil sem Miséria vai, entre outras ações, articular diversos programas governamentais. O objetivo é criar novas oportunidades de desenvolvimento econômico local, ampliar o mercado das micro e pequenas empresas, estimular a formação de empreendimentos cooperativados e apoiar o microempreendedor individual, as políticas de microcrédito e a economia popular e solidária. Ações complementares relacionadas à organização dos catadores de materiais recicláveis, em conjunto com as prefeituras, além de beneficiar o meio ambiente, fortalecerá as cooperativas de catadores já existentes e permitirá abrir milhares de vagas nesse setor. Por último, para promover a in- 4 − O PLANO BRASIL SEM MISÉRIA, A PNDR E O MI Como resultado dos esforços de promover a cidadania por meio da melhoria das condições de vida da população durante a primeira década do século 16 %68-+3 XXI, o Estado brasileiro desenvolveu um conjunto articulado de ações que tem sido, sistematicamente, considerado eficiente, inclusive à luz de outras experiências internacionais. Já agora, diversas ações de cooperação técnica prestadas pelo Brasil permitem que os mecanismos e instrumentos de combate à exclusão e melhoria da distribuição da renda, aplicados com sucesso no território nacional, possam ser replicados em outros países e outras situações. Deve-se salientar que esse conjunto de ações tem sido reunido sob a designação de políticas sociais. Em termos formais, as políticas sociais são consideradas políticas setoriais. Porém, a história recente da prática e do alcance das políticas públicas de combate à desigualdade no Brasil autoriza ir além do resultado desse enquadramento. Para tanto, considera-se o fato real de que a pobreza, a miséria, a degradação dos valores cidadãos, entre outros Mapa de oportunidades Local AÇÕES COMPLEMENTARES r&NJTTÈPEFEPDVNFOUPT r0MIBS#SBTJM r#SBTJM4PSSJEFOUF r.JDSPDSÊEJUP r0SJFOUBÉÈP1SPGJTTJPOBM 2VBMJñDBÉÈP &DPOPNJB1PQVMBSF4PMJEária .JDSPFNQSFFOEFEPS*OEJWJEVBM *OUFSNFEJBÉÈPEFNÈPEFPCSB 0DVQBÉÈPFSFOEB aspectos que são combatidos, apresentam um rebatimento territorial com bastante densidade, com o que se pode argumentar que as políticas sociais, ademais de seu caráter formal de políticas setoriais, levam a configurar uma intervenção governamental de cunho territorial e regional. Não é menos verdade que a prática da política regional, especialmente pela caracterização das diferentes frações territoriais do Brasil, leva a indicar áreas geográficas que merecem ser consideradas para a redução/eliminação dos focos de pobreza e miséria. O marco institucional federativo do combate à miséria e a PNDR as primeiras levam a descobrir uma configuração territorial dos problemas atacados quanto a política regional encontra nas políticas sociais um componente expressivo de sua eficácia. É certo que as políticas sociais têm incluído cidadãos brasileiros e brasileiras na vida social e econômica plena do país, que se encontra em fase de expansão; mas não é menos certo que essa inclusão salta da perspectiva individual para a dimensão territorial, quando se analisam os resultados de tal esforço da sociedade brasileira. Dessa maneira, pode-se argumentar que as políticas sociais não somente integram cidadãos, mas também territórios, ao esforço nacional de desenvolvimento com distribuição e igualdade. Assim, a confluência entre as políticas sociais e a política regional permite argumentar que tanto Antes, com o Programa Bolsa Família e seus elementos complementares, isso era evidente. Com o Plano 17 %68-+3 Considerações finais: combate à miséria, território e federação Brasil sem Miséria, que segue a mesma orientação política, também será, já que uma porção significativa de seu público-alvo concentra-se em regiões prioritárias da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), a cargo do Ministério da Integração Nacional (MI). Por esse motivo, a contribuição do MI aparece como um elemento real de fortalecimento da estratégia definida pelo Governo Federal para o combate à miséria. É bem verdade que o país avançou bastante no combate às desigualdades regionais, e de uma forma inovadora em relação ao passado, o que tem chamado a atenção de tantos quantos analisam a questão com aprofundamento. Nas questões de fundo praticamente não existem reparos à ação do Governo Federal nessa área, mesmo quando atuou de forma contracíclica em momentos políticamente sensíveis. Isso implicou, de fato, a tomada de consciência de que somente uma ação determinada do Governo Federal poderia oferecer novas alternativas ao combate à desigualdade de renda e à criação de oportunidades aos cidadãos brasileiros. O amadurecimento de experiências, perspectivas renovadas geradas a partir da conquista da cidadania por uma parte expressiva da população e novos aspectos que surgem de um quadro de conjuntura modificada estão a sugerir um marco institucional renovado para um avanço que possa se consolidar de forma permanente. Nesse sentido, a descentralização institucional, o empoderamento da sociedade civil e as iniciativas de caráter endógeno poderiam ser aprofundadas. Para tanto, os princípios sobre os quais se assenta a PNDR contribuem poderosamente. A análise isenta da PNDR mostra que ela reforça o federalismo ao fazer com que a ação do poder público federal se coadune com a expressão de vontade política dos atores expressa institucionalmente nas várias escalas do território. O princípio das escalas múltiplas é aplicável integralmente quando a questão é a participação e a descentralização. Para destacar a convergência dessas políticas − as políticas de combate à miséria e a PNDR −, chamase a atenção para o conjunto de instrumentos e mecanismos desta última, que vai ao encontro da estratégia proposta pelo Governo Federal para o Brasil sem Miséria. Por um lado estão as ferramentas clássicas da PNDR, direcionadas para a geração de emprego e renda de forma descentralizada e para a inclusão socioprodutiva de territórios e pessoas no esforço nacional de desenvolvimento com distribuição de renda − a saber, os fundos constitucionais de financiamento às atividades produtivas; os fundos de desenvolvimento regional dirigidos aos grandes empreendimentos de infraestrutura; os incentivos fiscais para estimular os mercados e o emprego; as definições estratégicas de localização dos problemas de combate às desigualdades e estímulo às potencialidades regionais, na atualidade representados pelos arranjos produtivos locais. Por outro, o Plano Brasil sem Miséria propicia ao Ministério da Integração Nacional, por meio da PNDR, a oportunidade de exercer sua ação calcada nos princípios que são caros ao novo paradigma de desenvolvimento regional ora em implementação, como a articulação federativa, as práticas de fortalecimento do federalismo cooperativo, a geração de emprego e renda a partir de vocações regionais, e o estímulo a canais de participação e de governança em múltiplas escalas geográficas. Neste particular, a atuação das superintendências regionais, como a Sudene, Sudam e Sudeco, é vista como elemento estratégico de seu sucesso1. A participação do Ministério da Integração Nacional no Grupo Interministerial de Acompanhamento do Plano constitui uma oportunidade ímpar de exercício da missão que cabe ao Ministério, em termos de articulação e integração de políticas públicas, possibilitando, ainda, incremento de exposição institucional e de todas as externalidades positivas que tal situação certamente evidenciará. 18 %68-+3 NOTAS 1 A implantação do federalismo no Brasil deve ser examinada no contexto histórico, econômico e social em que foi realizada. A experiência brasileira vem, no mais das vezes, apresentada de fora para dentro, sob o argumento de receitas prontas, aplicáveis a qualquer instância nacional. Encampada a construção de um Estado federal nativo, sua substância é retirada da Constituição Americana de 1787, a partir de modelo composto por Estados-Membros independentes, regramentos próprios e o instituto da repartição de competências, sob o pressuposto da autonomia dos entes federados (BERCOVICI, 2001), assuntos tratados nos artigos de Alexander Hamilton, James Madison, sobretudo, e John Jay, dispostos na obra Os federalistas. Ao lado das propostas construídas durante a Convenção Nacional Constituinte da Filadélfia, uniam-se, no Brasil, abolicionistas, positivistas, iluministas, liberais de toda ordem e militares imbuídos do espírito agregador de Nação. De outro lado, sem força para prover estruturas sociopolíticas de check and balance, um império para lá de enrijecido em suas estruturas públicas, sem sistema partidário, e um cansado Poder Moderador, incapazes, todos eles, de atender às demandas de cafeicultores paulistas e da crescente classe média urbana, Dom Pedro II segurava-se em um parlamentarismo às avessas. Enquanto na Inglaterra o Legislativo nomeava o primeiro-ministro, no Brasil o Imperador escolhia o Conselho dos Ministros e, ao mesmo tempo, o destituía. Embora o caráter golpista tenha sido creditado a militares, é certo que sem a participação dos oligarcas paulistas, consolidados em 1873 no Partido Republicano Paulista, a proclamação não teria ocorrido, pelo menos não em 1889. Essa insurgência paulista, buscando sua institucionalização, já era plantada desde a abdicação ao trono por Dom Pedro I, em abril de 1831. Composto por latifundiários e quadros da burguesia cafeeira, o grupamento repisava os pressupostos republicanos com o viés federalista: “descentralização, maior autonomia provincial e uma nova política de empréstimos bancários” (BUENO, 2003). Nesse interregno, pipocaram revoltas provinciais, cada qual visando à constituição de um Estado republicano apartado do país: Farroupilha (1835-1845), Sabinada (1837-1838) e Praieira (18481849). Depois de idas e vindas nasce a República em 15 de novembro de 1889, sob os auspícios do federalismo, disposta a “organizar o Estado e suas instituições de acordo com a transformação política ocorrida” (FERNANDES, 2009). A Constituição de 1981 reconheceu o Estado federal (art. 1o), com todas as consequências daí advindas: organização política estadual, inclusive com a existência de Assembleias dos Estados e o reconhecimento de autonomia de governo e administração (art. 5o), domínio público estadual (art. 64 e parágrafos), competência estadual local, inclusive de natureza tributária (art. 9o) e o controle de constitucionalidade (art. 59, § 1o, b), um sutil instrumento de controle concentrado das iniciativas locais estaduais, bem ao estilo do instituto de “freios e contrapesos” (check and balance). Assim nasce o federalismo brasileiro, governado por poucos e para poucos, com marcas federalistas. Aquele federalismo de Hamilton, Madison e Jay foi ajustado para servir às oligarquias, num Estado esquadrinhado por municípios dominados por coronéis controladores tanto do processo eletivo como do Legislativo e do Executivo. Esse quadro só começaria a mudar em 1930, com a chegada de Vargas ao poder. Foi o início da construção de um verdadeiro Estado brasileiro, estruturalista e nacional. O próprio caráter federalista, com marcas aqui e acolá, ainda está em processo. A implantação do federalismo avançou, mas ainda está incompleta, pois falta o ingrediente principal, sua gente. Ela não se completará sem o povo, com uma Nação repleta de miseráveis, com pessoas desnutridas, sem acesso à formação, sem meios adequados de viver com saúde e educação. O país deu um largo passo com a inclusão de mais de 30 milhões de pessoas nas condições mínimas de sobrevivência. O Plano Brasil sem Miséria amplia estes horizontes, uma vez que os alicerces institucionais, após cinco eleições presidenciais ocorridas sem entraves, estão consolidados. Tarefa fundamental neste trabalho que encontra novas perspectivas para o Ministério da Integração Nacional. 19 %68-+3 REFERÊNCIAS BERCOVICI, Gilberto. “Separação de poderes” no Estado federal norte-americano. Revista de Informação Legislativa, Brasília: Senado Federal, ano 38, n. 150, p. 225-230, abr.-jun. 2001. BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. 2. ed. rev. São Paulo: Ática, 2003. FERNANDES, Jorge Batista. Um Estado em busca de identidade. História Viva, ano 6, n. 73, p. 46-49, 2009. 20 %68-+3 3RSZS4VSKVEQEHI (IWIRZSPZMQIRXSHE *EM\EHI*VSRXIMVE em dois grandes grupos, os lindeiros e os não lindeiros. O grupo dos municípios lindeiros pode ser subdividido em três subgrupos: 1) aqueles em que o território do município faz limite com o país vizinho e sua sede se localiza no limite internacional, podendo ou não apresentar uma conurbação ou semiconurbação com uma localidade do país vizinho (cidades gêmeas); 2) aqueles cujo território faz divisa com o país vizinho, mas cuja sede não se situa no limite internacional; e 3) aqueles cujo território faz divisa com o país vizinho, mas cuja sede está fora da faixa de fronteira. O mapa do novo PDFF abrange 2.358 mil km2 do território nacional, correspondente a 27% de sua área, definida por uma poligonal com 150 km de largura e 16.886 km de extensão na fronteira, a qual se desdobra em 7.363 km em linha seca e 9.523 km de rios, lagos e canais. Ao todo, estão envolvidos 11 estados e 588 municípios, sendo 122 limítrofes e os demais não limítrofes. A fronteira é resultante de um processo histórico que tem por base a preocupação do Estado com a garantia de sua soberania e independência nacional. Historicamente, o país tem demonstrado interesse pela região que envolve a fronteira, território dotado de complexidade e peculiaridades que a tornam especial em relação ao restante do país. O grupo dos municípios não lindeiros, situados à retaguarda da faixa, pode ser dividido em dois subgrupos: aqueles com sede na faixa de fronteira e aqueles com sede fora da faixa de fronteira. A principal legislação que trata da matéria inerente à faixa de fronteira foi promulgada em 1979, e atribui destacada importância a esse espaço territorial, considerado área de segurança do território nacional. Atualmente a base territorial das ações do Governo Federal para a faixa de fronteira estabelece como áreas de planejamento três grandes arcos, definidos a partir da proposta de reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira, incluído na Política Nacional de Desenvolvimento Regional, a cargo do Ministério da Integração Nacional (ver Figura 1). Dada a baixa densidade demográfica, provocada em grande parte pela vocação “atlântica” do país, associada às grandes distâncias e às dificuldades de comunicação com os principais centros decisórios, a faixa de fronteira experimentou um relativo isolamento que a colocou à margem das políticas centrais de desenvolvimento. O primeiro deles é o Arco Norte, que compreende a faixa de fronteira dos estados do Amapá, Pará, Amazonas e os estados de Roraima e Acre; o segundo é o Arco Central, que compreende a faixa de fronteira de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso Em função da posição geográfica dos municípios em relação à linha de fronteira, é possível separá-los 21 %68-+3 do Sul. O terceiro é o Arco Sul, que inclui a fronteira do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As diferenças na base produtiva e na identidade cultural sustentam a divisão desses grandes arcos em subregiões. No que concerne às belezas naturais, a região da faixa de fronteira é marcada por possuir grandes rios, magníficas quedas d’água – como as Cataratas do Iguaçu, no Paraná, ou os Saltos do Yucumã, no Rio Grande do Sul –, bem como belos montes, como o Pico da Neblina, no Amazonas, o Monte Roraima e o Maciço do Urucum, ambos no Mato Grosso do Sul, além de importantes reservas naturais em perfeito estado de conservação. Figura 1 − Os três grandes arcos da fronteira brasileira Outra característica particular da faixa de fronteira é a ocorrência de cidades gêmeas, que favorece o desejável processo de integração entre os países. Não obstante, estas cidades servem de porta de entrada de produtos ilícitos e de saída de recursos naturais e minerais, explorados sem controle e ilegalmente (ver Figura 2). Figura 2 − Faixa de fronteira e cidades gêmeas Muitas áreas da faixa de fronteira são extremamente diversificadas geograficamente, e vêm sofrendo um processo acentuado de transformação ao longo do tempo, como as áreas coloniais do oeste catarinense e sudoeste do Paraná. Outras permaneceram com paisagens originais pouco alteradas, como nos casos do noroeste e oeste do Estado do Amazonas. Em vários pontos da fronteira, as características dominantes no lado brasileiro também ocorrem do outro lado, como no caso dos pampas, no extremo sul, e nas áreas de floresta tropical da Amazônia, no extremo norte. 22 %68-+3 Para se entender o conceito de cidade gêmea é importante contar com a noção de zona de fronteira. Em linhas gerais, a zona de fronteira é composta por “faixas territoriais” de cada lado do limite internacional, caracterizadas por interações que, embora internacionais, criam um meio próprio de fronteira, apenas perceptível na escala local/regional. Nessa escala, as cidades gêmeas são as configurações que melhor caracterizam a zona de fronteira. Trata-se de adensamentos populacionais cortados pela linha de fronteira − seja seca ou fluvial, articulada ou não por infraestrutura − com razoável potencial de integração econômica e cultural, sendo foco de manifestações “condensadas” dos problemas característicos da fronteira, já que aí adquirem mais densidade, com repercussão sobre o desenvolvimento regional e a cidadania do entorno. embora apresente resultados ainda muito aquém do enorme potencial que essa aproximação fronteiriça oferece aos pequenos negócios. INTERAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS No âmbito local-regional, os fluxos transfronteiriços mais característicos são os de trabalho, mercadorias e serviços e capital, porém o que mais chama a atenção é a ilegalidade que reveste grande parte desses intercâmbios, seja porque as mercadorias e serviços não atendem a normas legais e fiscais, seja porque são flagrantemente irregulares, pois baseados em atividades ilícitas. Afora isso, tem-se verificado uma preocupação recente com as manifestações pontuais de terrorismo internacional e de manobras binacionais de forças armadas, tema entregue às áreas de segurança nacional do Brasil. Um dos desafios do processo de integração fronteiriça reside na geração de oportunidades de negócios pelos empreendimentos de menor porte e fomento ao empreendedorismo. Ao longo da faixa fronteiriça, sobretudo onde há certa densidade urbana e, principalmente, nas cidades gêmeas, essas oportunidades já vêm sendo aproveitadas pelos pequenos negócios, em especial no setor de comércio e serviços, incluindo o turismo. A produção primária também participa desse processo de integração, pois seus produtos são comercializados nesta mesma faixa de fronteira, considerando que esse é o mercado imediato de escoamento dessa produção. Parte substantiva das interações transfronteiriças deve-se ao interesse pela posse e exploração da terra na faixa de fronteira. A compra e exploração de grandes extensões de terras paraguaias por brasileiros é um caso sensível nos departamentos do Alto Paraná, Concepción e Canindeyú. Por outro lado, ainda que na sede municipal de Bernardo de Irigoyen, cidade gêmea de Dionísio Cerqueira/SCBarracão/PR, predomine a população argentina, na área rural do município mais de 50% dos habitantes são brasileiros. À medida que as questões logísticas vão sendo superadas, com a construção de malhas viárias, o fluxo de transporte de mercadorias e as oportunidades decorrentes desses investimentos apresentam-se como promissores. Com essa dinâmica de investimentos, como observada nas áreas em que atualmente se constroem rodovias, como a Transoceânica no eixo IIRSA, e onde pontes físicas estão sendo construídas, os laços comerciais se fortalecem, abrindo espaço para que o empreendedorismo dos pequenos negócios se desenvolva. O Sebrae vem estimulando esse processo de integração comercial e produtiva, Um exemplo do sistema produtivo de fronteira, que combina comportamentos legais e ilegais, é encontrado na zona de fronteira entre Foz do Iguaçu e a Zona Franca de Ciudad del Este. Esta última concentra empresas que consomem subprodutos de indústrias localizadas no Brasil (especialmente em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul) sob a forma de contrabando, voltando ao Brasil e sendo registrado como produto brasileiro ou paraguaio ou, ainda, de um terceiro país, dependendo do câmbio e das mudanças na política brasileira de impostos incidentes sobre importação e exportação. 23 %68-+3 ATUAÇÃO GOVERNAMENTAL NA FAIXA DE FRONTEIRA maximizar os de inclusão social e resgate da cidadania é ponto central da ação estatal. O pensamento estratégico brasileiro concebeu, historicamente, a faixa de fronteira em duas vertentes: segurança e desenvolvimento. Elas se complementam, tendo por objetivo orientar a ação do Estado, principalmente nas regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos. Uma das formas mais eficazes de promover a melhoria da qualidade de vida do cidadão fronteiriço é a ativação de iniciativas voltadas à oferta de educação, qualificação profissional, produção/emprego/ renda, saúde e infraestrutura, em especial para os segmentos sociais mais desfavorecidos. Uma das condições de adequação de propostas voltadas ao atendimento das demandas locais é a participação da população, especialmente focada nos fatores que emperram seu acesso às potencialidades locais. Por isso é fundamental incluir os municípios nos debates, tendo em vista sua dupla qualificação de serem agentes importantes nas transformações locais e dispor de capacidade para formular e executar as políticas públicas no âmbito local. Busca-se a segurança na faixa de fronteira por meio da atuação das Forças Armadas e dos órgãos de segurança, conforme determinação constitucional, que igualmente indica que lhes cabe, ademais, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil. Nesse sentido, uma das diretrizes da Política de Defesa Nacional remete à vivificação da faixa de fronteira, que é traduzida na área da defesa por variadas ações, tais como: o Programa Calha Norte; o Projeto Rondon, as operações de combate ao desmatamento; a “colonização” empreendida pelos pelotões especiais de fronteira do Exército, na Amazônia; o Correio Aéreo Nacional da Aeronáutica; a assistência hospitalar por meio de navios da Marinha; os projetos nacionais de infraestrutura em estradas, portos, pontes, aeroportos e ferrovias; os projetos de regularização fundiária; a cooperação com a defesa civil; as ações cívico-sociais e outras advindas da cooperação com setores governamentais. PLANO ESTRATÉGICO DE FRONTEIRAS (PEF) No atual governo, a faixa de fronteira consegue um importante aliado para seu desenvolvimento com a implementação do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), a cargo dos Ministérios da Defesa e da Justiça. Será um experimento importante da democracia o de propiciar, de forma articulada, ações do Estado na área de segurança (PEF) e de desenvolvimento regional (PDFF) em prol dos cidadãos que vivem nas áreas da fronteira. Isso porque, até então, as ações públicas eram isoladas e com baixo grau de integração. Agora se buscará uma ação integrada, o que, certamente, potencializará a obtenção dos resultados desejados. No tópico específico de defesa e segurança, o PEF atacará o tráfico de drogas, armas e pessoas; já na área fiscal/financeira, o foco recairá sobre o contrabando e descaminho, a sonegação e exportação ilegal de veículos, além das infrações ambientais e dos crimes contra a pessoa humana. Para tanto, as Forças Armadas − representadas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica − e o Ministério da Justiça − pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional − atuarão por meios aéreos, fluviais e terrestres em aspectos vinculados à infraestrutura de serviços de segurança, aliados à integração com estados e municípios em termos de sistemas de comunicação, unidades de policiamento de fronteiras e estruturação do Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira, além da gestão de sistemas de inteligência. Ao final da ação conjunta, espera-se que haja neutralização do crime organizado e redução dos índices de criminalidade, com base na coordenação do planejamento e da execução de operações militares e policiais e na cooperação com os países fronteiriços. De forma paralela, haverá intensificação da presença das Forças Armadas e ações de apoio à população local. Esse conjunto de ações é extremamente auspicioso para o desenvolvimento da faixa de fronteira que, na instância do MI, recebe o apoio por meio do PDFF. A vertente do desenvolvimento na concepção estratégica nacional é materializada nos programas de desenvolvimento e na concessão de incentivos especiais. O PDFF é um exemplo dessa vertente e tem como objetivo articular a questão da soberania nacional com o desenvolvimento regional, em suas dimensões econômica, social, institucional e cultural. FUNDAMENTOS DA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO FRONTEIRIÇA O desenvolvimento que se busca para a faixa de fronteira deve contemplar a constante geração de oportunidades para o exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida de suas populações. Para tanto, a busca de elementos e estratégias que venham a minimizar os fatores de exclusão social e 24 %68-+3 Desdobrando a proposta em termos territoriais, considera-se que o Arco Norte possui relativamente poucos municípios pertencentes à faixa de fronteira, entretanto, a área abrangida é a maior dentre os três arcos. Outra característica importante é a situação dos estados do Acre e de Roraima, que possuem todos os seus municípios na faixa de fronteira. No campo internacional, as questões fronteiriças com Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa necessitam de uma agenda conjunta de cooperação que mantenha a perenidade no relacionamento externo do país e nas políticas públicas para a integração da região. A situação no Arco Central, vista pela ótica dos municípios fronteiriços, pode ser entendida como de transição entre dois cenários diferenciados e importantes − a Amazônia e o Centro-Sul do país − e de sua posição central no subcontinente. No Arco Sul, a institucionalização das relações internacionais, colocadas pelo Mercosul, repercute num contato contínuo e direto. 25 %68-+3 INSTALADA A COMISSÃO PERMANENTE PARA O DESENVOLVIMENTO E A INTEGRAÇÃO DA FAIXA DE FRONTEIRA volvimento de iniciativas necessárias à atuação do governo na faixa de fronteira. Cada estado da área de abrangência terá um Núcleo Regional de Fronteira. Os dois primeiros, do Paraná e do Amapá, foram instalados durante reunião no Itamaraty. Após intensos estudos sobre a temática fronteiriça e o conhecimento da complexidade da região, diante da necessidade de gerir integradamente a solução dos problemas comuns, entendeu-se necessário dispor de um mecanismo institucional permanente destinado à cooperação e integração fronteiriça, capaz de coordenar as iniciativas voltadas para o desenvolvimento na faixa de fronteira, evitando-se indesejáveis duplicidades e descontinuidades nas prioridades governamentais estabelecidas. Presente ao evento, o governador do Amapá, Camilo Capiberibe, disse “ter certeza de que a CDIF será o instrumento que vai unir as políticas públicas e terá papel fundamental para o desenvolvimento do estado, ajudando a vencer as dificuldades”. Representando o Arco Sul da Faixa de Fronteira, o prefeito de Bagé (RS), Dudu Colombo, parabenizou o Governo Federal pela iniciativa e assegurou que a Comissão será estratégica para o desenvolvimento daquela área: “Existem grandes lacunas a serem preenchidas, mas nós já percorremos um longo caminho”, disse ele. Atendendo a esse anseio foi criada, por meio de decreto presidencial de 8 de setembro de 2010, sob coordenação do Ministério da Integração Nacional, e instalada, em 26 de abril de 2011, a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e a Integração da Faixa de Fronteira (CDIF). Participaram da reunião o prefeito de Rio Branco, capital do Acre, Raimundo Angelim; o ministro João Luiz Pereira Pinto, do Departamento de América do Sul I do Ministério das Relações Exteriores; Olavo Noleto Alves e Alberto Kleiman, da Secretaria de Relações Institucionais, e Renata Furtado, do Gabinete de Segurança Institucional, órgãos da Presidência da República. Representaram o Ministério da Integração Nacional os secretários de Desenvolvimento Regional, Sérgio Duarte de Castro, e de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Marcelo Dourado, além de representantes do Governo do Estado do Paraná, da Itaipu Binacional, do Itamaraty e técnicos e dirigentes responsáveis pelo Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira. Na abertura do evento, o ministro Fernando Bezerra Coelho afirmou que a Comissão terá o papel de ordenar as políticas públicas na região fronteiriça do país, que abrange 588 municípios de 11 estados brasileiros. “O grande mérito desta ação reside na oportunidade que se cria para a indispensável união dos esforços de várias instituições que atuam na promoção do desenvolvimento e da integração da faixa de fronteira, por meio de uma maior coordenação das políticas públicas direcionadas ao território, aproveitando as estruturas já existentes”, destacou o ministro. A Comissão é composta por representantes de 20 órgãos do Governo Federal e 8 entidades que participam como convidadas. O decreto que instituiu a CDIF estabelece que sua finalidade é propor medidas e coordenar ações que visem ao desen- As responsabilidades e competências na CDIF estão distribuídas conforme mostra o quadro a seguir. 26 %68-+3 CDIF − RESPONSABILIDADES E COMPETÊNCIAS DA SECRETARIA EXECUTIVA (SE) r&MBCPSBSQSPQPTUBEFQMBOFKBNFOUPFTUSBUÊHJDPEB$%*' r3FDFCFSFTJTUFNBUJ[BSBTQSPQPTUBT r"TTFTTPSBSPTHSVQPTUÊDOJDPT r0SHBOJ[BSSFVOJ×FTEPTHSVQPTUÊDOJDPT r3FDFCFSFFODBNJOIBSBTEFNBOEBTBPTHSVQPTUÊDOJDPT r1SPNPWFSworkshops de integração dos instrumentos/ações em nível federal r1SPNPWFSBBSUJDVMBÉÈPJOTUJUVDJPOBM r$PMBCPSBSOPQSPDFTTPEFBSUJDVMBÉÈPEBTTPMVÉ×FTGFEFSBJTQBSBBTEFNBOEBTTFMFDJPOBEBT r1SFTUBSJOGPSNBÉ×FTBPTQBSDFJSPT r&MBCPSBSFNBOUFSBUVBMJ[BEPVNCBODPEFEBEPTJOUFSBUJWP r*EFOUJñDBSPQPSUVOJEBEFTFQSPQPTUBTDPNPTOÙDMFPT r%JTQPOJCJMJ[BSPTJTUFNBEFJOGPSNBÉÈPQBSBPFODBNJOIBNFOUPEPTQSPDFTTPTEFBOÃMJTFFQBSBBDPNQBOIBNFOUPEBJNQMFNFOUBÉÈPEBTBÉ×FTQBDUVBEBTF r.BOUFSEJÃMPHPQFSNBOFOUFDPNPTOÙDMFPTSFHJPOBJTFFTUJNVMBSTVBTBUJWJEBEFT GRUPO TÉCNICO (GT) r3FDFCFSBOBMJTBSFSFGFSFOEBSBTQSPQPTUBTEPTOÙDMFPTQSFWJBNFOUF selecionadas pela SE r&MBCPSBSUFSNPTEFSFGFSËODJBBTFSFNEJTQPOJCJMJ[BEPTBPTBUPSFTQPS meio dos NR r1BSUJDJQBSEPTworkshops de integração das ações r1BSUJDJQBSEBDPOTUSVÉÈPEPTJOTUSVNFOUPTPQFSBUJWPT r$PMBCPSBSOBFMBCPSBÉÈPJNQMFNFOUBÉÈPBDPNQBOIBNFOUPF promoção de projetos específicos e r%JWVMHBSBÉ×FTFSFTVMUBEPT NÚCLEOS REGIONAIS (NR) r1MBOFKBSFSFBMJ[BSSFVOJ×FTFNTVBÃSFBEFBUVBÉÈP r$PMIFSFTJTUFNBUJ[BSBTEFNBOEBTEPTBUPSFTMPDBJT r"DPNQBOIBSBFMBCPSBÉÈPEPTQSPKFUPT r1SPNPWFSQSPKFUPTFTQFDÎñDPT r4FSPFMPFOUSFPTBUPSFTMPDBJTFB4& r"SUJDVMBSTPMVÉ×FTEFÄNCJUPMPDBMFSFHJPOBMQBSBBTEFNBOEBTJEFOUJñDBEBT r4VCNFUFSÆ4&BTEFNBOEBTRVFQPEFNTFSSFTPMWJEBTOPÄNCJUPGFEFSBM r"DPNQBOIBSBJNQMFNFOUBÉÈPEBTBÉ×FT r"SUJDVMBSBÉ×FTFQSPKFUPTFNTVBÃSFBEFBUVBÉÈPF r1BSUJDJQBSEFworkshops e outros eventos de articulação institucional. 27 %68-+3 Um exemplo de ação transfronteiriça do PDFF: a Hidrovia Uruguai-Brasil r 3FMBUJWBNFOUFÆIJESPEJOÄNJDBEBTÃHVBTEB-BHPB Mirim e da dos Patos, a Antaq − no âmbito de sua competência, qual seja a regulação da prestação de serviços de transporte aquaviário e da exploração da infraestrutura portuária − publicou as normas para o transporte longitudinal de cargas na navegação interior de percurso interestadual e internacional, bem como o de passageiros e misto. Igualmente, já foram publicadas as normas para a Estação de Transbordo de cargas e para as instalações portuárias de pequeno porte. A implantação da Hidrovia Uruguai-Brasil, alvo do interesse dos dois países, tem sido objeto de várias gestões técnicas e diplomáticas. Nesse sentido, a Seção Brasileira da Comissão Mista Brasileiro-Uruguaia para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim, presidida pelo Ministério da Integração Nacional, vem tratando de vários aspectos ligados ao tema. Os avanços a serem reportados nesta ocasião são os seguintes: r 0 BSDBCPVÉP KVSÎEJDP EB )JESPWJB TFSà VN EPT trabalhos mais importantes a ser desenvolvido a partir da liderança da Secretaria Técnica. r %FDJTÈPEFGPSNBÉÈPEBJOGSBFTUSVUVSBJOTUJUVDJPOBM da parte brasileira, com participação do Ministério dos Transportes, da Agência Nacional de Águas, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Uma nova agenda de Cooperação e Desenvolvimento Fronteiriço está em curso para adequar as novas demandas decorrentes da implementação da Hidrovia. r 1BSB DPNQPS B 4FDSFUBSJB 5ÊDOJDB EB )JESPWJB prevista pelo Acordo Binacional, tanto o Uruguai quanto o Brasil já indicaram seus representantes, que são do Ministério dos Transportes e da Antaq. Por último, ficaram a cargo da delegação de cada um dos dois países as gestões para a tramitação do Acordo sobre Transporte Fluvial e Lacustre da Hidrovia Uruguai-Brasil nos respectivos Parlamentos. 28 -2*361) 2SZEIWXVYXYVESVKERM^EGMSREPHS 1MRMWXqVMSHE -RXIKVEpnS2EGMSREP O Estado desempenha na atualidade um papelchave como produtor de valor público, o que o leva a priorizar e criar as condições para o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade, incluindo a produção de serviços e a oferta de infraestrutura em estreita correlação com a demanda qualificada dos cidadãos, os principais usuários dos serviços. Com isso, o Estado desloca sua atenção, antes focada no procedimento, para a prestação de serviços e bem-estar. Embora o modo de fazer do Estado seja inerente à ação pública, e como tal tenha sua importância, que não pode ser menosprezada, a consecução de resultados é o que melhor representa o novo desafio. Este movimento impôs transformações na condução das práticas de gestão dos dirigentes públicos, aspecto que é refletido na teoria que fundamenta suas ações. Em consequência afetou o sistema de controle, baseado em mecanismos, instrumentos e procedimentos mais rigorosos para a constatação de resultados, especialmente quando se considera a paulatina introdução de estratégias de desenvolvimento territorial, inclusive com atendimento diferenciado e em tempo real de segmentos sociais específicos. Nesse contexto, a racionalização administrativa e financeira, por meio de planos, a exemplo do PAC, da PNDR, do Territórios da Cidadania, do Brasil sem Miséria, entre outros, deve buscar a valorização dos potenciais locais pela inovação, empregabilidade e conexão com os mercados local, nacional e internacional, de forma socialmente inclusiva. Em termos genéricos, a gestão pública deve compromissar-se com três propósitos fundamentais: Esse redirecionamento leva a gestão pública a se tornar matizada pela intersetorialidade dos processos econômicos e sociais, o que configura uma oportunidade para o aperfeiçoamento das instituições públicas em termos de desconcentração e descentralização de suas ações e funções, levando, inclusive, à exploração de espaços público-privados para o alcance de metas de interesse da sociedade. Estes objetivos, presentes nas demandas cidadãs e pelos quais se orienta a gestão de resultados, são, conjuntamente com a democracia, o principal pilar de legitimidade do Estado atual, e incide na qualificação da capacidade de gerenciamento da administração pública, bem como na elevação do grau de governabilidade do sistema político. r "TTFHVSBSBPUJNJ[BÉÈPEPVTPEPTSFDVSTPTQÙCMJcos aplicados na produção e distribuição de bens públicos, como resposta às exigências de mais serviços e menos impostos, mais eficácia e eficiência, mais equidade e mais qualidade. r "TTFHVSBS USBOTQBSËODJB FRVJUBUJWJEBEF F DPOtrolabilidade ao processo de produção de bens e serviços públicos (incluindo a concessão, a distribuição e a melhoria da produtividade). r 1SPNPWFSFEFTFOWPMWFSNFDBOJTNPTJOUFSOPTEF melhoria do desempenho dos dirigentes e servidores públicos e, com isso, fomentar a efetividade dos organismos governamentais, visando a concretização dos objetivos anteriores. 29 -2*361) Tendo em vista esses pressupostos, apresentam-se a seguir os novos elementos que permeiam a nova estrutura organizacional do Ministério da Integração Nacional (MI). r 4FDSFUBSJB/BDJPOBMEF%FGFTB$JWJMNBOUJEBFñnalmente, r 4FDSFUBSJB&YFDVUJWB F (BCJOFUF EP .JOJTUSP RVF mantêm a mesma estrutura anterior. O MI dispõe, desde 4 de maio de 2011, de uma nova estrutura organizacional, institucionalizada pelo Decreto no 7.472, publicado no DOU na mesma data. O Decreto promoveu alterações na estrutura organizacional do MI, com a criação de novas secretarias e departamentos e extinção, incorporação ou modificações de outros. O Decreto no 7.471 menciona, ainda, a Sudam, Sudene, Codevasf e Dnocs como entidades vinculadas, às quais acrescenta a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). A Sudeco absorve as atribuições da antiga Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste, bem como parte do quadro de servidores, ganhando, ainda, autonomia financeira e administrativa. Antes, o MI era composto de cinco secretarias nacionais temáticas (Políticas Regionais, Programas Regionais, Infraestrutura Hídrica, Defesa Civil e de Desenvolvimento do Centro-Oeste), além da Secretaria-Executiva, do Gabinete do Ministro e das vinculadas Sudam, Sudene, Codevasf e Dnocs. Em termos sintéticos, a competência de cada uma das cinco Secretarias temáticas que compõem a nova estrutura do MI vai descrita a seguir: Secretaria de Desenvolvimento Regional – condução do processo de formulação, implementação, avaliação e controle da Política Nacional de Desenvolvimento Regional e da Política de Ordenamento Territorial. Dentre suas atribuições, destacam-se a promoção de ações de estruturação e inclusão socioeconômica e a articulação dos planos e programas regionais de desenvolvimento em múltiplas escalas geográficas (nacional, macrorregional, estadual, sub-regional e local). Pelo decreto presidencial, a nova estrutura do MI é composta pelas seguintes secretarias: r 4FDSFUBSJB/BDJPOBMEF*SSJHBÉÈPOPWBDPNP%F partamento de Irrigação Pública e o de Políticas de Irrigação. r 4FDSFUBSJBEF'VOEPT3FHJPOBJTF*ODFOUJWPT'JTDBJT criada, com o Departamento de Prospecção, Normas e Análise dos Fundos e o Financeiro e de Recuperação de Projetos. Secretaria Nacional de Irrigação – condução de sistema de gestão para a agricultura irrigada, articulando os vários órgãos que interagem no setor, apoiando a iniciativa privada e otimizando as áreas públicas como instrumentos de desenvolvimento de regiões menos favorecidas. Promoção da irrigação como instrumento de eficiência na produção agrícola e de erradicação da pobreza com a geração de emprego e renda. r 4FDSFUBSJB EF %FTFOWPMWJNFOUP 3FHJPOBM USBOT formada − ao assumir as atribuições das antigas Secretarias de Políticas de Desenvolvimento Regional e de Programas Regionais, bem como as atribuições da antiga Secretaria de Desenvolvimento do Centro-Oeste −, agora composta pelo Departamento de Gestão de Políticas de Desenvolvimento Regional e pelo de Gestão de Programas de Desenvolvimento Regional. Secretaria de Fundos Regionais e Incentivos Fiscais – estruturação, gerenciamento e acompanhamento dos fundos de desenvolvimento gerenciados pelo MI. Vai atuar em colaboração com os outros setores da pasta, buscando o aprimoramento da participação dos fundos de desenvolvimento no processo de execução das políticas públicas de desenvolvimento e integração nacional. Além disso, r 4FDSFUBSJB EF *OGSBFTUSVUVSB )ÎESJDB NPEJñDBEB preservando o Departamento de Obras Hídricas e o de Projetos Estratégicos (o então Departamento de Desenvolvimento Hidroagrícola teve suas atribuições incorporadas à Secretaria Nacional de Irrigação). 30 -2*361) Secretaria Nacional de Defesa Civil – formulação e condução da Política Nacional de Defesa Civil, com destaque para o exercício de atribuições inerentes ao órgão central do Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec); promoção do planejamento para a atuação de defesa civil, mediante planos diretores, preventivos, de contingência, de operação e plurianuais; estabelecimento de estratégias e diretrizes para orientação das ações de redução de desastres, em âmbito nacional, em articulação com estados, municípios e o Distrito Federal, e para a implementação de ações conjuntas dos órgãos integrantes do Sindec. estará incumbida da prospecção de outras fontes de recursos para viabilizar as ações planejadas e executadas pelas outras secretarias do Ministério. Secretaria de Infraestrutura Hídrica – construção de obras de irrigação e de abastecimento hídrico – barragens, adutoras e canais – e obras de macrodrenagem. O objetivo dessas ações é garantir saúde e bem-estar para a sociedade em geral, incentivar a geração de empregos, aumentar o nível de renda da população e colaborar para a redução das desigualdades regionais, no contexto da estratégia estabelecida pela PNDR. O ministro Fernando Bezerra Coelho, acompanhado dos dirigentes que compõem a direção do Ministério da Integração Nacional (março de 2011). 31 6)7)2,% )QTVIIRHIHSVMWQSVIKMSREP IIGSRSQMEHSGSRLIGMQIRXS PIERRE-ANDRÉ JULIEN Autor do livro A questão central do livro é, na verdade, um ponto que tem inspirado dezenas de outros autores do tema regional e, no caso, adaptado ao empreendedorismo: Por que algumas regiões são empreendedoras, enquanto outras, ainda que vizinhas, encontram dificuldades para acompanhar o desenvolvimento econômico geral, ou chegam até mesmo a regredir? o problema, quanto a estratégia e a solução dos problemas suscitados pelo empreendedorismo são gerais. Por outro lado, o caráter repetidamente particular das regiões faz com que o autor apele a casos específicos das regiões e de um milieu, cluster, distrito industrial, filière, APL, para dar concretude às suas considerações. Com isso, o livro oscila do geral ao particular e deste àquele com frequência, sem que uma linha conectora seja sentida, o que enfraquece a argumentação ao autor. O leitor experiente sabe que ao final da leitura não chegará a uma resposta definitiva. Ainda assim, absorverá uma compreensão sobre o empreendedorismo em bases regionais – e com a ênfase voltada às pequenas e médias empresas – que o habilitará a aprofundar a busca de convicções pessoais relativas ao tema. Apesar de o autor sinalizar ao leitor sua opção regional desde o título do livro, na verdade a maior parte da obra é ocupada pela teoria do conhecimento. Excluídas as menções isoladas ao “regional” ao longo da obra, na verdade, a vertente regional ou territorial está concentrada no Capítulo 5 (O meio empreendedor: a chave da diferenciação) e na Parte 4 (Os mecanismos do desenvolvimento endógeno). Mais do que um livro sobre teoria, trata-se de uma obra que espelha a longa carreira profissional do autor, com muitos exemplos e muitos comentários sobre casos e situações específicas. O autor trava longo debate com as escolas de Economia, especialmente com a clássica e a neoclássica, para qualificar como insuficiente sua abordagem do processo econômico, pois centra-se no empreendedor e na empresa, fazendo vista grossa para a relação (de cooperação) entre as empresas e para a influência do meio sobre elas. Dentre os economistas bastante conhecidos, da leitura fica ressaltado o apreço que o autor tem por Schumpeter, especialmente naquilo que tem a ver com a inovação. Em vez de tentar passar ao leitor uma visão geral sobre a obra, interessa explorar o enfoque regional adotado pelo autor, dada a orientação básica do Boletim Regional, veículo em que é publicada tal resenha. Dessa forma, iremos explorar alguns pontos de forma destacada. A ampla difusão do livro, já publicado em francês, inglês, espanhol, catalão, italiano e alemão, e agora em português, justifica que o autor tenha se esforçado em proporcionar um enfoque extremamente geral, abstrato e global ao empreendedorismo regional, já que seus leitores estão situados em distintos países. Isso reforçaria a ideia de que tanto Sem se negar a reconhecer a globalização, o autor tende a valorizar o local, ao dizer que “apesar da globalização, as grandes empresas contratantes recorrem a PME nacionais ou locais” (p. 68). Em sua 32 6)7)2,% conclusão, o autor confirma a importância do local: “Ao menos 95% das empresas são antes de tudo locais, e esse enraizamento é crucial para encontrar todos os recursos de base de que necessitam para sobreviver e se desenvolver. Curioso paradoxo em que quase tudo é local ou territorializado, enquanto a economia tornou-se global; a concorrência tornou-se internacional...” (p. 342). destaca o papel da proximidade, desdobrando-a em proximidade cognitiva, proximidade organizacional e proximidade sociocultural (p. 170-173). Mesmo valorizando o caráter positivo da proximidade, o autor explicita seus problemas, especialmente quando provoca conformismo ou bloqueio institucional e dificulta a inovação (p. 172-173). A próposito, muitas são as citações que mereceriam ser lembradas para evidenciar o enfoque do autor. Diante da impossibilidade de trazer à colação todas elas, mostra-se uma que pode sintetizar a compreensão sobre o tema: Não faz parte do plano epistemológico do autor considerar as diferenças entre região e território, assumindo tais conceitos como equivalentes para tratar do empreendedorismo. Assim, adota “empreendedorismo regional” como sinonímia de “empreendedorismo territorial”. Outra acepção reveladora é “empreendedorismo endógeno”. Não considerada a perda que importa explicitar essa distinção, fica bastante evidente o caráter territorial do empreendedorismo ao serem evocados seus três níveis, especialmente o terceiro nível (Parte 4, início): O meio é o lugar e ao mesmo tempo o mecanismo coletivo que pode explicar e facilitar os diferentes laços sociais, permitindo assim o desabrochar de um espírito empreendedor coletivo, fornecendo os recursos de base, tais como a informação e os meios de transformá-la em conhecimento a fim de enfrentar os desafios da nova economia (p. 160). 1o nível: Empreendedor e a empresa. Embora o autor não trate das escalas regionais ao abordar o empreendedorismo, o leitor poderá supor que grande parte das observações e recomendações está ajustada à escala local, em especial quando o foco recai sobre os pequenos empreendedores, que pertencem à classe intermediária entre os trabalhadores e os capitalistas e incluem o cabeleireiro, o açougueiro, o dono de um pequeno estacionamento ou de uma gráfica local (p. 178). 2 nível: Relações entre as empresas. o 3o nível: Cultura empreendedora, que conforma o meio em que atuam as empresas. É nesse terceiro nível que há o encontro entre o empreendedorismo e o território, já que neste se expressa um meio conformado por hábitos, preferências, princípios e procedimentos que plasmam uma cultura a ser levada em conta pelas empresas que se encontram instaladas no território. Esse terceiro nível nunca foi tratado como matéria teórica pela economia convencional, daí o autor criticá-la acidamente e advogar a importância do meio, que expressa qualidades territoriais, para explicar a presença ou a ausência do empreendedorismo inovador (as empresas gazelas, como são designadas). Para o autor, o meio vai além do estudo locacional preconizado pela economia convencional; faz do território o local de aprendizado e da formação de saberes e savoir-faire. Indo além do meio e do território, o autor Para quem faz uma leitura orientada para indagar a partir de políticas públicas direcionadas à sustentação e ao estímulo do empreendedorismo não poderá deixar de ler o item 10.2, no qual o autor se dedica a descrever o papel do Estado nessa matéria. Por último, informa-se que o autor é professor emérito da Université du Québec à Trois-Rivières, do Canadá, e considerado uma das maiores autoridades em empreendedorismo da atualidade. 33 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 42(6IJIHIVEpnS YQEETVS\MQEpnSETEVXMV HS3VpEQIRXS+IVEPHE9RMnS MAURO MÁRCIO OLIVEIRA Editor A Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) dispõe de duas vertentes importantes do ponto de vista de sua execução: a coordenação territorializada das políticas federais setoriais e sua orientação para o aumento da intensidade da participação e descentralização na concepção e gestão de seus instrumentos. Para analisar essas questões, faz-se uso dos dados que a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Ministério da Fazenda, disponibiliza em seu site (tesouro.fazenda.gov.br), a qual, nesse particular, tem feito um trabalho meritório e amplamente reconhecido. A composição das transferências constitucionais e legais é mostrada no Quadro 1. Colocada a vontade política como elemento basilar das duas vertentes, a primeira delas cumpre-se por meio de um processo de gestão qualificado que persiga a implantação de uma estratégia de convencimento dos parceiros a respeito da vantagem da coordenação territorializada em termos nacionais, o que importa em racionalização e sinergia na gestão do investimento público. Já a segunda busca colocar em prática os elementos de convergência entre o modelo federativo adotado pelo Estado brasileiro e a PNDR, de modo a promover o desenvolvimento em favor de todos. Quadro 1 – Composição das transferências constitucionais e legais da União aos estados e municípios TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS IPI EXPORTAÇÃO (75%) LEI KANDIR CIDE FUNDEF/FUNDEB − UNIÃO IOF-OURO TRANSFERÊNCIAS LEGAIS Em especial, a segunda vertente pode ser analisada a partir dos resultados das peças orçamentárias do Orçamento Geral da União (OGU). Para tanto, há de se considerar dois aspectos desta questão. Um deles, gravado na Constituição Federal e no corpo de leis, passa ao largo da PNDR, dinamiza a federação por meio das transferências compulsórias (constitucionais e legais), o que lhe confere um caráter estável a médio e longo prazo; o outro vincula-se diretamente à execução direta da PNDR, vale dizer, de seus programas e instrumentos, concretizandose nas transferências voluntárias, que derivam de acordos, convênios, ajustes e outros instrumentos similares firmados entre a União e seus parceiros. SALÁRIO EDUCAÇÃO/FNDE − DESPESA LIQUIDADA SAÚDE − DESPESA LIQUIDADA APOIO FINANCEIRO PAC − Execução descentralizada (Lei nº 11.578/2007) AUXÍLIO FINANCEIRO DE FOMENTO ÀS EXPORTAÇÕES ROYALTIES Fonte: STN. A presente síntese está dividida em duas partes. Na primeira, trata-se do tema de forma a englobar todos os tipos de transferências da União a estados e municípios. Na segunda parte, o foco volta-se às transferências voluntárias, bastante utilizadas pelos programas da PNDR. 34 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Assim, dando início à primeira parte, pode-se dizer que, quando se compara o triênio inicial com o final das séries mostradas no Quadro 2, há um crescimento de 25% das transferências constitucionais e de 38% das transferências totais. Isso indica que as transferências não constitucionais, como a dos royalties, têm crescido em faixa superior. Os dados estariam indicando um aumento da descentralização alavancada pelas transferências federais para estados e municípios e, ainda, uma dinâmica distinta, que permite identificar movimentos específicos nos dois casos considerados ao longo do período 1997-2010. Entretanto, no último triênio, a situação, nos dois casos, se deteriora. Já as transferências constitucionais – as mais expressivas do ponto de vista dos recursos, por representarem pelo menos 75% do total das transferências – mostram um comportamento mais estável que o das transferências totais no período considerado (1997-2010). Quadro 2 – Transferências da União a estados e municípios, como proporção do PIB (%), 1997-2010 TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E MUNICÍPIOS ANO RECEITA TOTAL 1997 TOTAL TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS LC Nº 87 E LC Nº 1.153 TRANSFERÊNCIAS DA CIDE DEMAIS 16,93 2,66 2,32 0,17 0,00 0,16 1998 18,74 2,91 2,53 0,23 0,00 0,15 1999 19,66 3,28 2,57 0,41 0,00 0,29 2000 19,93 3,42 2,64 0,32 0,00 0,45 2001 20,77 3,53 2,80 0,28 0,00 0,46 2002 21,66 3,80 3,02 0,27 0,00 0,51 2003 20,98 3,54 2,72 0,23 0,00 0,59 2004 21,61 3,48 2,63 0,22 0,06 0,57 2005 22,74 3,91 2,97 0,22 0,08 0,64 2006 22,94 3,92 2,98 0,18 0,08 0,68 2007 23,25 3,97 3,09 0,15 0,07 0,66 2008 23,64 4,39 3,36 0,17 0,05 0,80 2009 23,21 4,01 3,06 0,12 0,03 0,79 2010 25,03 3,83 2,88 0,11 0,05 0,80 Fonte: STN. O Gráfico 1 proporciona uma comparação visual desses movimentos a partir de três indicadores distintos ao longo de 1997-2010: a) receita federal total como proporção do PIB; b) transferências relativa- mente à receita federal total; e c) transferências em relação ao PIB. Por ele pode-se perceber que a partir de 2008, ano da crise internacional, as transferências sofrem uma queda. 35 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Gráfico 1 – Evolução da receita federal em relação ao PIB e das transferências a estados e municípios em relação à receita e ao PIB (%) 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 Receita Total Federal/PIB Transferências/Receita Federal 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 0,00 Transferências/PIB Fonte: Quadro 2. Já o Gráfico 2 mostra, de forma comparada, a evolução da receita federal total e as transferências da União a estados e municípios, ambos em proporção ao PIB. Gráfico 2 – Evolução das receitas federais e das transferências da União como proporção do PIB (%) 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 Receita Total 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 0,00 Transferências a Estados e Municípios Fonte: Quadro 2. Por sua vez, os Quadros 3 e 4 proporcionam informações detalhadas sobre todos os tipos de transferências da União a estados e municípios no período 1997-2010, organizados por macrorregiões. Por sua vez, o Gráfico 3 ilustra as constatações do parágrafo anterior para a escala nacional, enquanto os Gráficos 4 e 5 o fazem para cada uma das macrorregiões. Neles, há duas informações básicas: a) as transferências constitucionais e legais superam, de longe, as transferências voluntárias durante todo o período, o que se caracteriza como um elemento estrutural nesse aspecto; e b) ademais dessa característica, as constitucionais e legais crescem e as voluntárias decrescem. Por fim, o Gráfico 6 traz a informação das transferências da União a estados e municípios em valores per capita, atualizados pelo IPCA, para anos selecionados (2000, 2007 e 2010). Em todas as macrorregiões, esse valor é crescente, sendo mais destacados os dados relativos à Região Norte e menos os da Região Sudeste. 36 3.309,04 1.241,89 3.174,29 1.037,51 10.248,05 NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL 37 4.359,97 15.577,06 9.216,83 60.651,95 CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL 85,5 CONSTIT+LEGAIS Fonte: STN. 14,5 VOLUNTÁRIAS PROPORÇÃO VALOR 70.900,00 22.933,98 NORDESTE TOTAL GERAL 8.564,10 NORTE CONSTIT+LEGAIS 1.485,32 1997 NORTE VOLUNTÁRIAS TRANSFERÊNCIAS 85,4 14,6 85.629,05 73.132,00 12.087,28 18.160,08 5.152,37 27.333,87 10.398,40 12.497,05 1.240,44 3.601,55 1.328,19 4.976,17 1.350,68 1998 90,8 9,2 90.925,18 82.525,82 12.344,43 24.031,50 5.464,98 29.669,17 11.015,74 8.399,37 854,84 2.334,03 748,98 3.603,75 857,78 1999 15.696,76 33.901,67 7.705,65 40.533,64 15.157,63 8.029,91 779,46 2.342,28 564,14 3.096,88 1.247,15 2002 14.226,88 35.365,60 7.295,56 37.749,88 13.912,57 7.526,90 798,16 2.119,38 733,80 2.715,08 1.160,48 2003 15.998,55 39.134,67 7.965,30 41.378,00 15.207,95 8.098,01 883,14 2.229,83 547,75 3.248,64 1.188,65 2004 18.680,43 47.275,86 9.358,82 48.091,03 17.898,05 8.692,36 904,32 2.248,35 661,06 3.597,69 1.280,93 2005 19.733,88 51.533,00 10.009,29 51.317,13 19.134,10 9.346,00 1.280,05 2.586,32 632,40 3.557,27 1.289,96 2006 21.542,90 54.256,60 11.092,30 59.149,66 21.772,33 9.384,47 1.308,99 2.767,25 761,44 3.413,71 1.133,07 2007 24.791,43 65.378,55 13.673,82 71.153,93 26.356,34 9.112,69 1.248,62 2.447,66 874,47 3.544,93 997,00 2008 23.767,84 60.087,38 13.171,71 68.693,81 25.714,75 9.668,22 1.481,52 2.354,75 723,68 3.991,38 1.116,88 2009 24.318,12 64.364,77 13.284,09 70.492,60 26.186,64 14.762,24 1.756,45 3.903,50 896,35 6.716,82 1.489,11 2010 100.566,15 112.995,35 108.550,50 119.684,48 141.304,19 151.727,39 167.813,78 201.354,07 191.435,49 198.646,22 14.437,02 30.025,80 6.790,01 36.009,56 13.303,76 10.384,49 1.017,04 2.884,09 924,47 3.881,02 1.677,87 2001 90,7 9,3 90,6 9,4 93,4 6,6 93,5 6,5 93,7 6,3 94,2 5,8 94,2 5,8 94,7 5,3 95,7 4,3 95,2 4,8 93,1 6,9 100.080,22 110.950,64 121.025,26 116.077,40 127.782,49 149.996,55 161.073,39 177.198,25 210.466,76 201.103,71 213.408,46 90.734,12 13.685,85 26.454,17 6.136,25 32.341,23 12.116,62 9.346,10 1.080,95 2.622,67 901,51 3.629,37 1.111,61 2000 Quadro 3 – Transferências da União a estados e municípios segundo tipos e macrorregiões; 1997-2010 (em R$ milhões, corrigidos pelo IPCA e percentual) )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 14,8 12,6 22,2 16,9 10,1 14,5 NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL Fonte: STN. 85,2 87,4 77,8 83,1 89,9 85,5 NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL (CONST+LEGAIS)/TOTAL 1997 VOLUNTÁRIAS/TOTAL 38 85,4 90,7 83,4 79,5 84,6 88,5 14,6 9,3 16,6 20,5 15,4 11,5 1998 90,8 93,5 91,1 87,9 89,2 92,8 9,2 6,5 8,9 12,1 10,8 7,2 1999 90,7 92,7 91,0 87,2 89,9 91,6 9,3 7,3 9,0 12,8 10,1 8,4 2000 90,6 93,4 91,2 88,0 90,3 88,8 9,4 6,6 8,8 12,0 9,7 11,2 2001 93,4 95,3 93,5 93,2 92,9 92,4 6,6 4,7 6,5 6,8 7,1 7,6 2002 93,5 94,7 94,3 90,9 93,3 92,3 6,5 5,3 5,7 9,1 6,7 7,7 2003 93,7 94,8 94,6 93,6 92,7 92,8 6,3 5,2 5,4 6,4 7,3 7,2 2004 94,2 95,4 95,5 93,4 93,0 93,3 5,8 4,6 4,5 6,6 7,0 6,7 2005 94,2 93,9 95,2 94,1 93,5 93,7 5,8 6,1 4,8 5,9 6,5 6,3 2006 94,7 94,3 95,1 93,6 94,5 95,1 5,3 5,7 4,9 6,4 5,5 4,9 2007 Quadro 4 – Transferências da União a estados e municípios segundo tipos e macrorregiões; 1997-2010 (percentual) 95,7 95,2 96,4 94,0 95,3 96,4 4,3 4,8 3,6 6,0 4,7 3,6 2008 95,2 94,1 96,2 94,8 94,5 95,8 4,8 5,9 3,8 5,2 5,5 4,2 2009 93,1 93,3 94,3 93,7 91,3 94,6 6,9 6,7 5,7 6,3 8,7 5,4 2010 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Gráfico 3 – Evolução da importância relativa das transferências voluntárias e das constitucionais e legais, entre 1997-2010 (%) Voluntárias 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Constitucionais e Legais Fonte: Quadro 3. Gráfico 4 – Evolução da importância relativa das transferências voluntárias segundo as macrorregiões, entre 1997-2010 (%) 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 Norte Nordeste Centro-Oeste Fonte: Quadro 4. 39 Sudeste Sul 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 0,0 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Gráfico 5 – Evolução da importância relativa das transferências constitucionais e legais segundo as macrorregiões, entre 1997-2010 (%) 100,0 95,0 90,0 85,0 80,0 Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 75,0 Sul Fonte: Quadro 4. Gráfico 6 – Total das transferências (voluntárias, constitucionais e legais) segundo as macrorregiões, para os anos 2000, 2007 e 2010 em valores per capita (R$ corrigidos pelo IPCA) 1800,00 1600,00 1400,00 1200,00 1000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 Norte Nordeste Centro-Oeste 2000 Sudeste 2007 Sul 2010 Fonte: Com dados originais da STN e IBGE. 40 Brasil )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Quadro 5 – Regionalização das despesas da União em 2010 (em reais) A segunda parte, como estabelecido anteriormente, trata das transferências voluntárias, associadas que são à execução dos programas federais de forma direta. Nesse caso, interessa destacar, particularmente, a situação do Ministério da Integração Nacional e da PNDR no ano de 2010. Tendo em vista a questão central para a PNDR, que a vincula à descentralização, os dados proporcionados pela STN, a seguir mostrados, indicariam que, no presente, a União praticamente não regionaliza o OGU. Assim, em 2010, as despesas alocadas à instância nacional do OGU alcançaram quase 90% do total efetivamente aplicado pelo Governo Federal. Infere-se desse dado que apenas 10% do OGU foram regionalizados em 2010, isto é, apenas uma décima parte dos recursos foi nominalmente planejada e realizada em cada uma das cinco macrorregiões do país. Alerta-se, entretanto, para o fato de que a efetiva aplicação dos recursos federais nas cinco macrorregiões não se limitou a esta parcela minoritária do Orçamento, isto porque, excetuados os recursos aplicados em operações externas, todos os demais recursos do orçamento público da União, por definição, são aplicados em algum ponto do território nacional e, portanto, em alguma de suas macrorregiões. Deste ponto de vista, pode-se dizer que virtualmente todos os recursos do OGU são aplicados nas cinco macrorregiões do país. Dessa forma, a gravidade da constatação de apenas 10% do OGU estar regionalizado está em que o orçamento não é um instrumento a serviço da territorialização dos gastos federais, nem na previsão nem na avaliação. INSTÂNCIA VALOR PARTICIPAÇÃO (%) Nacional 1.015.816.011.815,84 89,8 Centro-Oeste 20.447.263.907,21 1,8 17,7 Norte 11.421.957.392,27 1,0 9,9 Nordeste 29.017.539.260,15 2,6 25,1 Sudeste 38.184.958.110,73 3,4 33,0 Sul 16.625.815.264,22 1,5 14,4 Total 1.131.513.545.750,42 100,0 Soma das regiões 115.697.533.934,58 100,0 Fonte: Dados originais da STN. Esse breve exame não incide diretamente sobre a real alocação dos recursos orçamentários da União – já que virtualmente são todos aplicados em território nacional, o que merece um comentário en passant –, mas sobre um aspecto fundamental das políticas de desenvolvimento regional, que vem a ser a descentralização da ação federal. Nesse caso, os dados mostram que a União discrimina regionalmente apenas 10% de seus recursos no Orçamento Geral, ficando os 90% restantes sob a gestão direta do Governo Federal. É bem verdade que aos 10% reconhecidamente regionalizados devem ser somados os correspondentes ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE) e ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o que eleva tal cifra a 18% e rebaixa a parcela que fica em poder da União a 82%. Ainda assim, parece ser um dado indicador de concentração do poder político no Brasil, que poderia ser tomado como o rebatimento orçamentário do modelo federativo brasileiro. Apenas cinco tipos de gastos na esfera nacional explicam praticamente o total de gastos nessa esfera, já que abarcam 44% dos gastos federais. São eles: “dívida interna” (18,4%), “aposentadoria urbana” (11,6%), “resultado BACEN” (5,4%), “pensões urbanas” (4,7%) e “aposentadoria rural” (3,8%). O referido comentário en passant está destinado a ressaltar essa conclusão, já que a não regionalização (por não regionalização entenda-se a classificação de 82% do OGU como “nacional”) impede que se saiba, com antecipação e efetividade, como se processa a aplicação dos recursos federais no espaço geográfico conformado pelas macrorregiões brasileiras. Em contrapartida, os gastos regionalizados oscilaram, em 2010, entre 1,0% e 3,4% por macrorregião, posições extremas ocupadas pelo Norte e Sudeste, respectivamente (vide Quadro 5). 41 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 A propósito, alguns estudos, como o da recente avaliação da PNDR, não deixam dúvidas sobre a atual orientação favorável ao desenvolvimento regional (no âmbito do resgate da política regional), embora não seja incomum a incidência de opiniões que mostram a pronunciada condução direta do Governo Federal nessa missão. Com isto, querse corroborar as evidências de que as regiões mais necessitadas têm sido efetivamente contempladas com mais recursos e oportunidades pelo Governo Federal, tanto pelo crescimento das transferências quanto pela aplicação direta federal – o que contribui para a redução das desigualdades regionais –, mas de uma forma que se aproxima mais, e não me- nos, da centralização das iniciativas. Evidentemente, a cautela deve presidir as conclusões finais sobre o tema, pois a descentralização em si mesma não garante a melhoria da qualidade do uso dos recursos públicos, seja da focalização, seja da gestão propriamente dita, aspecto que deverá sempre ser preservado e aperfeiçoado. As transferências voluntárias da União a estados, Distrito Federal e municípios alcançaram a cifra de quase R$ 14 bilhões em 2010, sabendo-se que aos Estados coube 43%; e aos municípios, 57%. Em termos per capita, a Região Sudeste recebeu menos (R$ 45,97) e a Nordeste recebeu mais (R$ 119,53), conforme Quadro 61. Quadro 6 – Transferências voluntárias da União a estados, Distrito Federal e municípios, segundo as macrorregiões, em 2010; valor total e per capita ESTADO TOTAL (R$ 1.000) MUNICÍPIO TOTAL PER CAPITA (R$) Norte 663.739 743.691 1.407.430 92,94 Nordeste 3.158.902 3.186.763 6.345.665 119,53 Sudeste 1.327.133 2.359.206 3.686.339 45,97 Sul 459.081 1.201.808 1.660.889 60,40 Centro-Oeste 372.316 476.192 848.508 61,95 Brasil 5.981.171 7.967.660 13.948.831 73,56 REGIÕES Fonte: STN/COINT. Quando se apresentam os dados segundo os órgãos transferidores, o Ministério da Integração Nacional ocupa o 2o lugar entre todos os ministérios nas transferências voluntárias. Assim, dos R$ 5,98 bilhões transferidos pela União aos estados e Distrito Federal, o Ministério da Integração Nacional responsabilizou-se por 18% desse total, o que correspondeu a R$ 1,06 bilhão. O líder, nesse caso, é o Ministério da Educação, com R$ 3,66 bilhões. Dois terços dos recursos transferidos pelo Ministério da Integração Nacional foram destinados aos estados da Região Nordeste (Quadro 7). Já no caso das transferências voluntárias a municí- pios, o Ministério da Integração Nacional passa do 2o para o 3o lugar em importância entre os ministérios. Do total de R$ 7,97 bilhões transferidos em 2010 pela União, o Ministério da Integração Nacional participou com R$ 706 milhões, o que correspondeu a 8,9% desse total. Os Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, respectivamente, ocupando o 1o e o 2o lugares, foram responsáveis por 84% das transferências voluntárias a municípios em 2010. No caso do MI, as regiões Sudeste e Sul participaram com cotas praticamente iguais, reunindo 70% das transferências realizadas (Quadro 7). 42 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Quadro 7 – Transferências voluntárias a estados, Distrito Federal e municípios pelo Ministério da Integração Nacional, em 2010, em valor e participação ESTADOS REGIÕES MUNICÍPIOS VALOR (R$ 1.000) PARTICIPAÇÃO (%) VALOR (R$ 1.000) PARTICIPAÇÃO (%) Norte 59.450 5,6 10.965 1,6 Nordeste 720.796 67,8 162.445 23,0 Centro-Oeste 15.409 1,4 38.800 5,5 Sudeste 257.300 24,2 235.269 33,3 Sul 10.000 0,9 258.364 36,6 Total 1.062.955 100,0 705.843 100,0 Fonte: STN. Antes que se possa formular um juízo a respeito da distribuição das transferências voluntárias entre regiões e entre os entes federados (estados e municípios), esclarece-se que os dados do Quadro 8, a seguir, iluminam a questão. Nele se trata das motivações para tais transferências. nos orçamentos anuais da União. Nesse quadro, o programa Resposta a Desastres e Reconstrução foi incluído como uma referência comparativa, porém sua dominância é de tal ordem que ofusca os demais dados. Tanto é assim que as transferências voluntárias à conta daquele programa representaram quase 30 vezes o valor das transferências voluntárias realizadas pelos programas da PNDR em conjunto, em 2010. Os números do Quadro 8 indicam que uma grande parte da explicação da distribuição regional de valores transferidos voluntariamente pelo MI tem a ver com o desempenho do programa Respostas a Desastres e Reconstrução, sob sua responsabilidade. Este programa, em 2010, abarcou quase 100% do total das transferências voluntárias a cargo do MI. O Quadro 8 foi montado, preliminarmente, com o intuito de retratar o uso do mecanismo de transferência voluntária pelos programas da PNDR, já que a política regional em si não está inscrita no PPA nem Já no âmbito estrito da PNDR, o Promeso foi, destacadamente, o seu programa mais importante nesse particular, já que as transferências voluntárias realizadas sob sua égide representaram, praticamente, dez vezes as realizadas pelo programa Desenvolvimento Macrorregional Sustentável; quase vinte vezes as feitas pelo PDFF e mais de cem vezes as realizadas pelo Conviver no Semiárido nordestino. 43 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 Quadro 8 – Transferências voluntárias realizadas aos estados, Distrito Federal e municípios pelo Ministério da Integração Nacional, em 2010, segundo programas da PNDR e da Defesa Civil, para fins comparativos, em valor e participação ESTADOS E DF PROGRAMAS SELECIONADOS MUNICÍPIOS SOMA VALOR (R$ 1.000) (%) VALOR (R$ 1.000) (%) VALOR (R$ 1.000) (%) Promeso [a] 38.025 3,5 12.973 1,9 50.998 2,9 Des. Macror. Sustentável [b] 0,0 0,0 5.527 0,8 5.527 0,3 PDFF [c] 0,0 0,0 2.755 0,4 2.755 0,2 Conviver [d] 0,0 0,0 500 0,1 500 0,0 Soma PNDR [a+b+c+d] 38.025 3,5 21.755 3,1 59.780 3,4 Desastres e Reconstrução 1.046.324 96,5 671.570 96,9 1.717.893 96,6 Soma Geral 1.084.349 100,0 693.325 100,0 1.777.673 100,0 Fonte: STN A PNDR propugna pela descentralização de recursos, instrumentos e meios. Nesse sentido, ela converge para a prática do federalismo. Uma das formas assentadas de cimentar a federação é a transferência de recursos da União a estados e municípios. Do ponto de vista da PNDR, pode-se dizer que todas as transferências vêm ao encontro do ideal de fortalecimento da federação, com aumento da participação e descentralização, e nesse particular a Constituição de 1988 oferece um suporte fundamental para o alcance dos objetivos da PNDR. Ainda desse ponto de vista, as transferências constitucionais e legais ocorrem à margem da PNDR, porque seu foro de decisão situa-se no terreno político em que se encontram o Executivo e o Legislativo. Já as transferências volun- tárias, por meio de acordos, convênios e ajustes, são matéria de trabalho direto e diuturno da PNDR. Feito tal enquadramento, a PNDR deveria aplicar-se ao máximo no terreno das transferências voluntárias, mesmo sabendo que elas são uma parte reduzida do total de transferências da União a estados e municípios. Isso mostra que os gestores da PNDR não devem descansar sobre o terreno ganho, mas buscar novas e inovadoras formas de promover o desenvolvimento regional. Ademais, para ser bem-sucedida, precisa alinhar-se com as grandes decisões que se tomam fora de seu âmbito. Em resumo, a PNDR precisa estar assentada em ombros de gigantes. 44 )78%8Í78-'%7&Ê7-'%7 NOTAS 1 O demonstrativo da STN divulga o montante dos recursos financeiros transferidos pela União para os estados, o Distrito Federal e os municípios em decorrência da celebração de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares. As informações relativas às transferências voluntárias a estados, Distrito Federal e municípios resultam da consolidação de empenhos liquidados e registrados no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), pelos órgãos e entidades da Administração Pública, nas modalidades 30 (Transferências a Estados e ao Distrito Federal) e 40 (Transferências a Municípios). Tal montante é obtido pela subtração das transferências constitucionais e legais (FPE, FPM, Fundeb, ITR, IOF-Ouro, FPEX, Lei Complementar no 87/96, Cota-Parte do Salário-Educação, Compensações Financeiras), das Despesas com Pessoal e das decorrentes do Programa de Aceleração do Crescimento do valor global das transferências. Para atender à definição de transferências voluntárias da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC no 101/00), a partir de 2000 os recursos do Sistema Único de Saúde também são retirados do cálculo. É importante ressalvar que as transferências para pagamento de pessoal nos estados e no DF não são alvo desse relatório, mesmo que efetuadas por meio de convênios. Os valores relativos à rubrica Restos a Pagar Não Processados são publicados separadamente, não sendo somados aos quadros que constituem o relatório. Outros critérios utilizados são os seguintes: a) exercício de 2010; b) base: 31 de janeiro de 2011; c) moeda: Real; d) Orçamento Fiscal e de Seguridade Social = S; e) mês de Referência = dezembro; f) Fonte SOF exceto 138 (Cota-Parte Compensações Financeiras); g) Órgão Superior − Exceto 36.000 (Ministério da Saúde − SUS); h) Projeto/Atividade, exceto 0E36 (complementação da União ao Fundeb); i) não houve utilização de Taxas de Conversão; j) Grupo de Itens Utilizado: Liquidado; k) Despesas Liquidadas: +292130201+292130202+292130301; e l) Identificação da UF pelo campo “Natureza da Despesa Detalhada”. 45 46 INFORMATIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL 4YFPMGEpnSUYEHVMQIWXVEPHS1MRMWXqVMSHE-RXIKVEpnS2EGMSREP )RGEVXI 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 4VsQMS2EGMSREPHI(IWIRZSPZMQIRXS 6IKMSREP³)HMpnS,SQIREKIQ E'IPWS*YVXEHS 5YIQPIZESHIWIRZSPZMQIRXSTEVEWYEVIKMnS XEQFqQTSHIPIZEVTVsQMSW APRESENTAÇÃO O Prêmio recebeu, em seu primeiro ano, mais de 500 inscrições, das quais 360 foram consideradas elegíveis. Uma comissão de especialistas em desenvolvimento regional selecionou as cinco melhores propostas de cada categoria. A escolha final das vencedoras foi realizada em uma plenária com todos os integrantes da comissão. Os resultados foram divulgados no dia 29 de outubro de 2010, em Brasília-DF. O Ministério da Integração Nacional, com base nos objetivos e estratégias da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), lançou em 2009 o Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional, que tem abrangência nacional e será realizado bianualmente. A cada edição será homenageada uma personalidade de destaque no campo do desenvolvimento regional. O envolvimento de todo o país e da sociedade brasileira, tanto do poder público como da sociedade civil organizada, pode ser comprovado por alguns números gerados pelas inscrições nesta 1ª edição do Prêmio. Representantes de todas as Unidades da Federação enviaram quantidade significativa de inscrições, com destaque para os Estados de São Paulo (9,1%), Minas Gerais (8,5%) e Amazonas (7,5%). Destaca-se, ainda, o número expressivo de inscrições vindas dos Estados de Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pará, Roraima, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (representando cerca de 40% do total). A iniciativa mostra o compromisso das diferentes regiões do país com a reflexão sobre os aspectos teóricos e práticos do desenvolvimento regional no Brasil, com base na PNDR. Em sua primeira edição, em 2010, o Prêmio homenageia o economista Celso Furtado, por sua contribuição ao estudo dos problemas de desenvolvimento econômico e regional no Brasil e na América Latina em comemoração aos 50 anos do lançamento do clássico Formação econômica do Brasil. Para tanto, o Ministério da Integração Nacional contou com a parceria de organizações copromotoras e apoiadoras. São organizações copromotoras do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional órgãos e instituições do governo federal, do setor privado e do terceiro setor, engajados com a pesquisa, gestão e financiamento do desenvolvimento regional, definidos pela comissão organizadora do Prêmio. Por sua vez, as apoiadoras são aquelas instituições do governo, da iniciativa privada, do terceiro setor, organismos internacionais, dentre outros, que auxiliam na organização e realização do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional. Foram parceiros do Ministério da Integração Nacional o Banco da Amazônia, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) e a Ticket Serviços Ltda. Os vencedores das três categorias pertencem a seis diferentes estados brasileiros. Na categoria de Produção do Conhecimento Acadêmico, o primeiro lugar ficou com Pernambuco e o segundo com São Paulo. Na categoria de Práticas Exitosas em Produção e Gestão Institucional, foi contemplado com o primeiro lugar um trabalho do Pará e com o segundo lugar um de Minas Gerais. Por fim, na categoria de Projetos Inovadores para Implantação no Território, foram vencedores, em primeiro lugar, uma proposta do Amazonas e, em segundo lugar, uma do Rio Grande do Sul. 2 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 OBJETIVO GERAL de medidas orientadoras de atuação prática ou propostas concretas de intervenção no território (desejável). O Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional tem por objetivo geral promover a reflexão sobre os aspectos teóricos e práticos do desenvolvimento regional no Brasil, envolvendo o poder público e a sociedade civil organizada na discussão e na identificação de medidas concretas para a redução das desigualdades de nível de vida entre as regiões brasileiras e a promoção da equidade no acesso às oportunidades de desenvolvimento. Inscrições: Esta categoria recebeu o maior número de propostas. Ao todo foram 158 inscrições, totalizando 43,9% dos trabalhos apresentados. Práticas Exitosas de Produção e Gestão Institucional: Relatos de experiências em andamento, com resultados positivos concretos, implementadas por instituições públicas, privadas ou da sociedade civil, capazes de gerar mudanças estruturais e transformações no território onde está instalado e em seu entorno. OBJETIVOS ESPECÍFICOS São objetivos específicos do Prêmio: r &TUJNVMBSPEFCBUFFBQSPEVÉÈPBDBEËNJDBTPCSF o desenvolvimento regional no Brasil, de modo a contribuir para a compreensão do tema e a busca de novas alternativas de intervenção no território em múltiplas escalas. r *EFOUJñDBSFEBSWJTJCJMJEBEFBCPBTQSÃUJDBTSFHJPnais em execução no país, no que se refere aos sistemas de gestão do desenvolvimento regional e aos bens e serviços produzidos no contexto das novas formas de organização da produção com impactos em nível macrorregional e sub-regional. r *EFOUJñDBS QSPKFUPT JOPWBEPSFT B TFSFN JNQMFmentados no território, que sejam voltados para a dinamização econômica e inclusão produtiva e que tenham grande potencial de transformação da realidade socioeconômica em escala macrorregional e sub-regional. r "NQMJBSBCBTFEFEJTDVTTÈPFJNQMFNFOUBÉÈPEB Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Critérios: a) contribuição da experiência relatada para a inclusão econômica e social nas sub-regiões menos favorecidas e para o aumento da competitividade em sub-regiões dinâmicas e estagnadas, conforme consta na PNDR; b) impacto das ações traduzidas em benefícios gerados em escala macrorregional ou sub-regional, com base na apresentação de dados quantitativos e qualitativos; c) estrutura de organização produtiva ou do arranjo institucional, envolvendo organizações governamentais e/ou não governamentais; d) possibilidade de replicação da experiência em outros territórios; e) integração de políticas públicas para viabilização da experiência relatada; f ) participação da comunidade; g) existência de parcerias institucionais; h) sustentabilidade técnica e econômica e perspectiva de continuidade da experiência relatada; e i) aspectos inovadores do sistema de gestão ou produção. Inscrições: Nessa categoria foram contabilizadas 120 inscrições, ou 33,3% do total. CATEGORIAS DOS PRÊMIOS Produção do Conhecimento Acadêmico: Teses e dissertações acadêmicas, em nível de mestrado, doutorado e pós-doutorado, na área de desenvolvimento regional, como forma de contribuir para a compreensão da questão regional brasileira e a identificação de medidas de intervenção adequadas ao estágio atual das disparidades regionais no Brasil. Projetos Inovadores para Implantação no Território: Propostas inovadoras de atuação no território, de natureza social, econômica, cultural ou ambiental, com comprovado potencial de transformação da realidade socioeconômica em escala sub-regional ou macrorregional por meio da dinamização econômica e inclusão produtiva. Critérios: a) relevância e originalidade do tema apresentado e das conclusões auferidas; b) contribuição para a compreensão do estágio atual das disparidades regionais no Brasil; e c) apresentação Critérios: a) originalidade da proposta, contemplando soluções inovadoras para o desenvolvimento 3 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 regional; b) desenvolvimento de estratégias de redução de desigualdades inter e intrarregionais, de dinamização produtiva e de integração entre territórios; c) estratégia para integração de políticas públicas para viabilização do projeto; d) participação da comunidade; e) estabelecimento de parcerias institucionais; f ) viabilidade e sustentabilidade técnica e econômica; e g) relação custo-benefício. PREMIAÇÃO da Integração Nacional, foi composta pelos seguintes membros: I – um representante de cada uma das instituições copromotoras e apoiadoras; II – representantes das fundações de amparo à pesquisa; III– representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); IV – representantes de instituições de ensino superior e institutos de pesquisa, oriundos dos cursos de pós-graduação nas áreas afetas ao desenvolvimento regional; V – outros membros de livre escolha do presidente da Comissão Julgadora. Em cada uma das três categorias, o prêmio compreende um diploma acompanhado de um valor financeiro: A comissão, formada por 18 especialistas, foi subdividida em três grupos, correspondentes às três categorias do Prêmio. Inscrições: A presente categoria recebeu 82 propostas, correspondendo a 22,8% do total dos trabalhos inscritos. 1º lugar: Diploma de Reconhecimento de Mérito e a quantia de R$ 46.500,00 (quarenta e seis mil e quinhentos reais) 2º lugar: Diploma de Reconhecimento de Mérito e a quantia de R$ 23.250,00 (vinte e três mil duzentos e cinquenta reais) PÚBLICO-ALVO I – Pesquisadores que possuam ou já tenham possuído vínculo com instituição de Ensino Superior ou de pesquisa sediada no país ou no exterior. II – Pessoas vinculadas a instituições públicas e privadas que promovam o desenvolvimento regional. III – Pessoas vinculadas a instituições do terceiro setor vocacionadas ao desenvolvimento regional. IV – Autônomos com atividades referentes à temática do desenvolvimento regional. COMISSÃO JULGADORA A Comissão Julgadora, presidida pelo Secretário de Políticas de Desenvolvimento Regional do Ministério 4 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 DEPOIMENTOS O Secretário de Políticas de Desenvolvimento Regional, Henrique Villa, falando na abertura da reunião com os membros da Comissão Julgadora, lembrou que a ideia do Prêmio surgiu como proposta do Ministério da Integração Nacional, no sentido de avançar na discussão e divulgação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), “além de reconhecer e premiar as pessoas que estão na produção do conhecimento e na implementação de ações, voltados para um Brasil menos desigual. A Secretária de Programas Regionais do Ministério da Integração Nacional, Márcia Damo, considerou de extrema importância o conhecimento das práticas exitosas de desenvolvimento regional no âmbito nacional. No que se refere aos Projetos Inovadores para Implantação no Território, assegura que esse banco de projetos será de grande valor para o Ministério, nas ações de inclusão produtiva. O professor do Instituto de Pesquisa, Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Jorge Natal, que realizou as análises preliminares para subsidiar os trabalhos da Comissão Julgadora, disse ter ficado impressionado com a qualidade das propostas. “Estou contente em verificar que há tanta gente no Brasil preocupada com a diversidade espacial do país, e discutindo isso de maneira rica, do ponto de vista acadêmico, com ideias extremamente criativas, inovadoras e com grande responsabilidade pública”, afirmou ele. Outros integrantes da comissão também destacaram a qualidade dos trabalhos apresentados, como a professora da Universidade Federal de Pernambuco, Tânia Bacelar, para quem o “Brasil é um laboratório cheio de experiências interessantes, e o Prêmio tem o papel de fazer com que elas ganhem visibilidade”, e o representante da Confederação Nacional da Indústria, Manoel Marcos Formiga, que acredita que o país precisa se preocupar mais, e sempre, com a questão regional, “e não se acomodar com as desigualdades”. 5 )RXVIKEHS4VsQMS2EGMSREPHI (IWIRZSPZMQIRXS6IKMSREP³)HMpnS ,SQIREKIQE'IPWS*YVXEHS RS4EPjGMSHS4PEREPXS “Um desenvolvimento que beneficie o conjunto da população terá de ser a resultante de um esforço regional em todos os níveis e deverá apoiar-se na iniciativa e na inventividade locais.” da Integração Nacional, João Santana; da viúva do homenageado Celso Furtado, a jornalista Rosa Freire D’Aguiar Furtado, além de deputados federais, membros da comissão julgadora do Prêmio e de centenas de convidados. Sob a inspiração das palavras do economista Celso Furtado foi realizada, em 1º de dezembro de 2010, no Salão Oeste do Palácio do Planalto, a cerimônia de premiação do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional – Edição 2010: Homenagem a Celso Furtado. A cerimônia – Além dos seis ganhadores do Prêmio, Celso Furtado foi o grande homenageado da cerimônia de premiação. O economista foi a fonte de inspiração dos trabalhos premiados e da maioria dos discursos proferidos durante o evento. “Os estudos e análises de Celso Furtado são A cerimônia contou com a presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Ministro 6 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 referências para gestores públicos, pesquisadores e universitários. Ele foi um visionário que enxergava além do seu tempo e, por isso, está vivo na memória de todos”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso. que há que se ter um olhar para a diferença e a diversidade cultural, e brincou: “O país está mudando tanto, que algumas pessoas no Nordeste estão trocando o jegue por uma motocicleta. Daqui a pouco vai ter o movimento dos jegues aqui no Planalto”. O presidente falou, também, da importância do Prêmio ao valorizar trabalhos como os apresentados, e a importância de se colocarem em prática tais trabalhos, com o objetivo de diminuir as desigualdades regionais. De acordo com o presidente, o Governo vai cumprir o que Celso Furtado tentou fazer, na década de 1950, com o desenvolvimento regional. “Historicamente, as regiões mais pobres apareciam com as maiores taxas de mortalidade infantil, de analfabetismo, de desnutrição e com a pior média salarial. Nós mudamos isso. Em dez anos os resultados são outros. O dinheiro começou a chegar às mãos do Nordeste e, agora, os nordestinos têm acesso à comida, a um caderno etc. Aconteceu um processo de descentralização dos investimentos, por isso, o Nordeste cresce mais. Acabamos com o canal de dinheiro apenas para o Sudeste”, comentou. Lula finalizou seu discurso lembrando que se Celso Furtado estivesse vivo o convidaria para conhecer um Brasil com mais condições, um país com garantias no qual qualquer pessoa, em qualquer lugar, possa sobreviver. O discurso do presidente emocionou Rosa Freire D’Aguiar Furtado, que parabenizou o Governo ao alçar o desenvolvimento regional como prioridade. “É uma maravilha. O Celso estaria muito satisfeito. Ele era nordestino, morreu nordestino, ou seja, a nordestinidade nele era imensa. Todos os livros recentes dele têm um capítulo sobre o Nordeste, um capítulo sobre Desenvolvimento Regional”, lembrou. Rosa recordou, também, as palavras de Celso em um dos últimos encontros entre o economista e o presidente. Ele disse que com um presidente nordestino, que conhece o Nordeste, o Brasil estará em boas mãos e deixará de ser “troncho”. “Desenvolvimento é ser dono do próprio destino”, finalizou. Ainda sobre a questão de acessibilidade e diminuição das desigualdades sociais, o presidente lembrou 7 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 RESULTADO Categoria 1 – Produção do Conhecimento Acadêmico 1º lugar – ADRIANA REIS ALBUQUERQUE DE MENEZES, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Título: A utilização indutora de incentivos fiscais como mecanismo de redução de desigualdades regionais: análise acerca de sua (in)efetividade à luz do modelo de Estado e do projeto político de desenvolvimento insculpido na CF de 1988 Resumo: A presente dissertação teve por escopo debater a (in)efetividade da utilização, no Brasil, de normas tributárias indutoras concessivas de incentivo fiscal como instrumento de redução de desigualdade regional. Procurou-se discutir se a utilização destes incentivos encontra respaldo no modelo de Estado e no projeto político de desenvolvimento insculpido no texto da Constituição Federal de 1988 e se apresenta, de fato, aptidão para minimizar as enormes disparidades regionais existentes no Brasil. A despeito de ter sido promulgada no cenário de fortalecimento do neoliberalismo, a Constituição de 1988 caracterizou o Estado brasileiro como economicamente interventor e socialmente redistributivo, tendo assentado um Projeto de desenvolvimento para o país pautado na atuação planejadora do Estado. Comprovou-se que os incentivos fiscais concedidos pelos Estados-Membros, além de violarem o federalismo cooperativo, geram o acirramento da desigualdade intrarregional, não alteram significativamente o padrão de emprego e renda e não provocam interiorização dinâmica da economia; ao passo que os incentivos concedidos pela União por meio dos fundos constitucionais não chegam aos municípios e Estados-Membros das regiões menos desenvolvidas. Defendeu-se que a minimização da desigualdade regional passa pelo fortalecimento da atuação do Estado, o que deveria ser feito nos moldes da experiência europeia, a partir de investimentos estatais em infraestrutura física e humana. 2º lugar – EDUARDO JOSÉ MONTEIRO DA COSTA, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Título: Políticas Públicas e o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais em regiões periféricas Resumo: Nos últimos anos os Arranjos Produtivos Locais (APLs) vêm se constituindo um importante instrumento de política econômica. Em que pese isto, grande parte da ação pública que objetiva o apoio ao desenvolvimento destes aglomerados carece de uma agenda que dê direção e coerência para a intervenção, potencializando e otimizando a ação do Estado. Este trabalho, portanto, com foco nesta problemática, procura levantar os limites e as possibilidades de intervenção do setor público nas aglomerações produtivas industriais brasileiras, estabelecendo uma agenda de intervenção para o desenvolvimento de APLs consolidados. A conclusão do trabalho é que de forma dialética os arranjos produtivos estabelecem-se, por um lado, como um importante instrumento de desenvolvimento em regiões periféricas e, por outro, como o resultado de políticas adequadas, articuladas e pactuadas de desenvolvimento regional. 8 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 Categoria 2 – Práticas Exitosas de Produção e Gestão Institucional 1º lugar – MICHINORI KONAGANO, Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta) Título: 80 anos da imigração japonesa na Amazônia. Sistema agroflorestal: uma solução para o desenvolvimento sustentável na Amazônia Resumo: As primeiras famílias de imigrantes japoneses chegaram a Tomé-Açu/Pará em 1929 e organizaram a primeira cooperativa agrícola para superar as adversidades e colonizar uma região de floresta amazônica. Na década de 1930, a colônia cultivava apenas arroz e hortaliças, e enfrentou uma forte crise econômica, por falta de plano agrícola definido, aliado às doenças tropicais. Nesta época, o doutor Makinosuke Usui introduziu a pimentado-reino, trazida de Cingapura, para reverter a crise, e a primeira cooperativa foi transformada, em 1949, na Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu. A partir dos anos 1950, Tomé-Açu destacou-se como maior polo de produção, elevando o Brasil ao topo da exportação mundial dessa especiaria, denominada na época de “Diamante Negro”, por ter proporcionado na região, prosperidade e riqueza. Ao final da década de 1960 doenças dizimaram vastas plantações dessa piperácea, originando nova crise na região. Temendo os riscos da monocultura, adotou-se, na década de 1970, o plantio de espécies frutíferas e florestais nos pimentais decadentes. Este sistema, denominado Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (Safta), originou um modelo de agricultura conservacionista dos recursos hídricos e da biodiversidade local. O Safta garante a sustentabilidade econômica, ecológica e social, fechando o ciclo do agronegócio com a agroindústria, que absorve toda a produção da região. Atualmente, a Camta movimenta R$ 19,3 milhões/ano, gerando em torno de 10 mil empregos, e se empenha na difusão da tecnologia Safta, ao mesmo tempo em que realiza estudos para agregar valor aos produtos agroflorestais, em parceria com órgãos oficiais, de caráter nacional e internacional. 2º lugar – SILVIA FREEDMAN RUAS DURÃES, Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias Título: Desenvolvimento Regional Sustentável Resumo A articulação institucional focada na promoção do desenvolvimento regional sustentável na região do Lago de Três Marias – primeira barragem do Rio São Francisco, em Minas Gerais – iniciou-se com a união de oito municípios (Abaeté, Biquinhas, Felixlândia, Morada Nova de Minas, Paineiras, Pompéu, Três Marias e São Gonçalo do Abaeté), que abrigam o reservatório de Três Marias. A partir dessa decisão foram aprovadas as respectivas leis municipais de associação, tendo sido destinado 1% dos recursos da compensação financeira dos municípios para o desenvolvimento regional. O Comlago (Consórcio dos Municípios do Lago de Três Marias), resultado 9 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 dessa iniciativa, viabilizou a articulação para a convergência de forças em prol da gestão das águas, com a implantação da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, coordenando e mobilizando 23 cidades da sub-bacia do SF4 (com 18.714 km2) para a formação dos Comitês de Bacias Hidrográficas Federal e Estadual do Rio São Francisco; coordenou e formou o fórum da Agenda 21 Regional do Comlago, com a execução, em 2 anos, de 93 reuniões regionais com a participação dos mais de 60 membros da sociedade civil, do poder público e da iniciativa privada unidos em um fórum regional para formar o Plano de Desenvolvimento Regional “Sustentabilidade para o Século XXI” (cujo produto foi apresentado pelo MMA como modelo para o Mercosul). Conseguiu implantar o tratamento dos esgotos sanitários de sete de suas oito cidades e viabilizou uma agência de águas para gerenciar seus recursos hídricos. Está formando os consórcios de resíduos sólidos e se consolida como exemplo para outras regiões. Categoria 3 – Projetos Inovadores para Implantação no Território 1º lugar – FUNDAÇÃO CENTRO DE ANÁLISE, PESQUISA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA (FUCAPI). Representante Fucapi: ISA ASSEF DOS SANTOS Título: Retam – Rede de Extensão Tecnológica do Estado do Amazonas Resumo: Trata-se da implantação de um arranjo de dezessete instituições tecnológicas e de serviços para a construção e disseminação de inovações para as micro, pequenas e médias empresas do Estado do Amazonas. Sua implantação se dá no biênio 2010-2011 a um custo de R$ 3,2 milhões. A rede de extensão tecnológica trará maior competitividade ao Polo Industrial de Manaus e maior redução da pressão de atividades econômicas de impacto ambiental. O processo de gestão baseia-se na metodologia Project Management Body of Knowledge (PMBok), que compreende a geração de artefatos para garantir o atendimento dos requisitos de sucesso de um projeto, denominado triple constraints, a saber: tempo, custo e qualidade, apoiados pelo gerenciamento das variáveis escopo e relacionamento. A equipe executora receberá treinamento específico para gestão de projetos no modelo PMBoK e da ferramenta de tecnologia MS Project. Está previsto um Plano de Projeto abrangendo as seguintes áreas do conhecimento: escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, contratação e integração. A Rede estrutura-se em dois níveis: instituições convenentes, que firmarão os instrumentos jurídicos e de constituição da Retam, e instituições adesistas, que prestarão os atendimentos tecnológicos. A gestão está a cargo de um Comitê Diretor, um Núcleo de Gestão de Projeto e um Comitê Técnico Executivo. São instituições convenentes: SECT, FDB, Fucapi, Ifam, Inpa, Embrapa/CPAA, UEA, Senai, CBA/Suframa, Ufam, Fapeam, Sebrae/ AM e Idam. E as instituições adesistas: CT-PIM, Cide, IEL/AM e Seplan/AM. Prevê-se um impacto sobre duas mil pessoas, incluindo o segmento empresarial e os agentes técnicos das instituições do SLI como elemento promotor da inovação no Estado do Amazonas. 10 46É1-32%'-32%0()()7)2:30:-1)2836)+-32%0³)(-e¯3,31)2%+)1%')073*968%(3 2º lugar – JOÃO SERAFIM TUSI DA SILVEIRA, ATTUS PEREIRA MOREIRA E RODRIGO BELMONTE DA SILVA, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Título: Integração da piscicultura com a fruticultura fertirrigada em pequenas propriedades rurais do Vale do Jaguari/RS Resumo: O Projeto tem por objetivo instalar e operar, em 75 pequenas propriedades rurais do Vale do Jaguari/RS, açudes de criação de peixes e pomares fertirrigados por gotejamento; assistir sua evolução por três anos; e pré-incubar duas unidades regionais para processamento da produção. Os açudes e pomares serão instalados mediante um trabalho conjunto com os agricultores, de forma subsidiada e permanentemente assistida e orientada. Estima-se que cada uma das famílias do Projeto passe a auferir, já no terceiro ano, uma renda anual bruta de aproximadamente R$ 27 mil. Pretende-se fixar, pelo menos, 225 jovens no campo mediante a criação de 300 novas ocupações junto às famílias compromissadas e nas suas vizinhanças, prevendo-se a mobilização, por iniciativa própria e às suas expensas, de mais de 200 pessoas. Espera-se um avanço tecnológico significativo a partir do emprego da tecnologia proposta, tanto na qualidade quanto na quantidade da produção de peixes e de frutas. No primeiro caso, como consequência da transferência dos resultados de pesquisas realizadas pela URI/Santiago. No segundo, pela introdução da prática da irrigação (hoje inexistente), cuja produtividade é bem maior e o plantio pode ser contínuo. Praticar-se-á o uso múltiplo da água, economizando-a e tornando sua exploração mais eficiente. A água biofertilizada substituirá em boa parte a adubação química. E, com os açudes, serão minimizados os prejuízos causados pelas estiagens recorrentes. Espera-se que a mudança cultural e organizacional dos produtores transforme-os em empreendedores, melhore sua qualidade de vida, mantenha-os no campo e reduza o desequilíbrio inter e intrarregional vigente. Por fim, pretende-se contribuir para novas políticas de desenvolvimento regional alicerçadas na integração de cadeias produtivas para mensuração dos investimentos e retornos sociais. A íntegra de todos os trabalhos está disponível no site: <www.integraregio.com.br>. Em 2011, a 2ª edição do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional homenageará o economista baiano Rômulo de Almeida. 11 'IPWS*YVXEHS Foto: Marcello Casal Jr / ABr ,SQIREKIEHSHE)HMpnS HS4VsQMS2EGMSREPHI (IWIRZSPZMQIRXS6IKMSREP O homenageado do Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional do ano de 2010, Celso Furtado (C. Monteiro F.), nasceu em Pombal, Paraíba, em 26 de julho de 1920, e faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de novembro de 2004. O fato de ser membro de uma família de magistrados e proprietários de terras permitiu-lhe desfrutar de uma boa educação, de modo que se tornou bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1944, e doutor em Economia pela Universidade de Paris (Sorbonne), em 1948. Em 1957, na Inglaterra, realizou estudos de pós-graduação na Universidade de Cambridge. Foi membro do conselho editorial dos periódicos Revista Brasileira de Economia (1954-1964), Desarrollo Económico (Buenos Aires, 1966-1970), El Trimestre Económico (México, 1965), Revista de Economia Política (1981) e Pensamiento Iberoamericano (Madri, 1982). Entre 1978 e 1997, Furtado foi membro do Conselho Acadêmico da Universidade das Nações Unidas, do Committee for Development Planning das Nações Unidas, da South Comission, da Commission mondiale de la culture et du développement e do Comitê Internacional de Bioéthique. Ganhou a honraria Doutor Honoris Causa da Universidade Técnica de Lisboa, da Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de Brasília (UnB), da Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Federal da Paraíba (UFPB), da Pierre Mendes France, da Estadual do Ceará, da Estadual de São Paulo (Unesp) e da Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). À frente da Divisão de Desenvolvimento da Cepal, entre 1949 e 1957, contribuiu de forma decisiva para a formulação da visão estruturalista da realidade socioeconômica da América Latina. Entre 1958 e 1959 foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), período em que deu início à elaboração do Plano de Desenvolvimento do Nordeste. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) foi concebida por Celso Furtado e pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) e dirigida pelo economista durante os primeiros cinco anos daquela instituição (1959-1964). Em 1997, tornou-se um imortal da Academia Brasileira de Letras pela publicação, ao longo de sua vida, de mais de trinta livros – entre eles, o célebre “Formação econômica do Brasil”, que acaba de completar 50 anos –, além de várias dezenas de ensaios e artigos, traduzidos em onze idiomas. Ainda em 1997, a Academia de Ciências do Terceiro Mundo instituiu o “Prêmio Celso Furtado”, outorgado a cada dois anos a um cientista social do Terceiro Mundo. Tornou-se membro da Academia Brasileira de Ciências em 2003 e, ainda naquele ano, teve seu nome indicado para receber o Prêmio Nobel de Economia. Em 2005, foi criado o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Financiamento do Desenvolvimento. Junto com o Golpe Militar de 1964 veio a cassação de seus direitos políticos pelo período de dez anos. A partir de então, Furtado dedicou-se à vida acadêmica, lecionando nas respeitadas universidades de Yale, EUA (1964-1965); American University, EUA (1972); Cambridge, Inglaterra (1974-1975); Columbia, EUA (1976-1977), e Sorbonne, França (1965-1985). 12 47 48