CENTRO CULTURAL DE LA COOPERACIÓN FLOREAL GORINI
II ENCUENTRO HACIA UNA PEDAGOGÍA
EMANCIPATORIA EN NUESTRA AMÉRICA
DIRECTORES DE LA PUBLICACIÓN:
PABLO FRISCH
NATALIA STOPPANI
Publicación Anual - Nº 2
ISSN: 2347-016X
Título de la publicación: II Encuentro hacia una pedagogía emancipatoria en Nuestra América
Directores de la publicación: Pablo Frisch y Natalia Stoppani
Título del artículo: “Povos tradicionais, educação do campo e ecovilas: resgate e construção da
ecologia humana por meio do diálogo de saberes”.
Autor/es del artículo: Aracy Roza Sampaio Pereira, Filipe de Andrade Vaz Parente y Jaciara Oliveira
Leite.
Director del Centro Cultural de la Cooperación Floreal Gorini: Prof. Juan Carlos Junio
Subdirector: Ing. Horacio López
Director Artístico: Juano Villafañe
Secretario de Ediciones y Biblioteca: Jorge C. Testero
Secretario de Investigaciones: Pablo Imen
Secretario de Comunicaciones: Luis Pablo Giniger
 Centro Cultural de la Cooperación Floreal Gorini
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 De los autores
POVOS TRADICIONAIS, EDUCAÇÃO DO CAMPO E ECOVILAS: RESGATE E
CONSTRUÇÃO DA ECOLOGIA HUMANA POR MEIO DO DIÁLOGO DE
SABERES
Aracy Roza Sampaio Pereira*
Filipe de Andrade Vaz Parente*
Jaciara Oliveira Leite*
Resumen: Este artículo tiene como objetivo presentar algunas consideraciones
iniciales sobre la interculturalidad , tratando de establecerse el diálogo entre el
conocimiento popular y sistematizada en la sociedad contemporánea , a partir de
reflexiones sobre cuatro ámbitos , a saber : los pueblos indígenas, cimarrones , la
escuela rural y ecoaldeas , basado en las aportaciones teóricas de los conceptos de
la ecología humana y la educación ambiental. Sabemos de la complejidad , la
diversidad y distinción presente en cada uno de estos grupos sociales , pero
podemos observar algunos puntos de interconexión importantes entre ellos, sobre
todo : la rica presencia de los conocimientos , la santidad , la relación entre la
naturaleza y la cultura, la resistencia y la lucha , las posibilidades para otros modos
de producción de la vida , que nos permite identificar y establecer vínculos con los
conceptos de la ecología humana y la educación ambiental . Podemos ver algunas
similitudes entre estos grupos sociales , en particular respecto de resistencia y la
búsqueda de otras posibilidades de vivir en comunidad inmersa en la tradición y la
modernidad , presentes en los diferentes grupos étnicos y la vida campesina de los
pueblos y comunidades tradicionales , así como en las ecoaldeas . Para que haya
diálogo de saberes e interculturalidad, uno debe entender la relación de
interdependencia entre los seres humanos y sus culturas, así como entre los
humanos y la naturaleza, de trascender los límites de los prejuicios y la racionalidad
etnocéntrica y reduccionista. La educación, tanto formal como informal , tiene un
papel importante en la articulación de conocimientos y el desarrollo de la labor
educativa que considera la diversidad y el diálogo intercultural , abriendo espacio
para la inserción de nuevas metodologías construidas conjuntamente con los
pueblos tradicionales , a través del diálogo de saberes .
Palabras clave : interculturalidad ; pueblos tradicionales,
ecoaldeas.
educación rural y
Brasil: um país multiétnico
Estima-se que havia cerca de cinco milhões de indivíduos, falantes de mais
de mil dialetos, entre por volta de duas mil tribos existentes, habitando o Brasil antes
da chegada dos portugueses. Boa parte desses indivíduos morreu nos primeiros
contatos ao contraírem doenças trazidas pelos europeus. O restante da população,
parte foi escravizada, parte isolou-se se embrenhando nas mais densas matas e
florestas e outra parte se miscigenou com europeus e africanos que foram
transplantados ao Brasil para serem empregados como mão de obra escrava.
Esse processo histórico de contato intenso entre culturas distintas, marcado
por movimentos sincrônicos (cooperação) e diacrônicos (competição, exclusão,
alijamento), foi e tem sido exaustivamente estudado por pesquisadores dos mais
diversos campos do conhecimento. Segundo Ribeiro (2006), o Brasil constituiu-se a
partir da confluência de três matrizes étnicas: a europeia, a africana e a indígena.
A miscigenação reverberou na criação de figuras identitárias, tais como o
mameluco, o cafuzo, o mulato e o caboclo, empregadas em muitos casos de forma
estigmatizada e pejorativa em contextos assimétricos de disputas e discriminação.
Por outro lado, gerou um sincretismo cultural extremamente rico e complexo para o
qual, ao mesmo tempo em que se abre um vasto campo para a vivência plena dos
valores da diversidade e da outridade, apresenta-se o desafio da promoção do
diálogo de saberes por meio da interculturalidade.
Aproximadamente 817 mil pessoas se autodeclararam indígenas. Nesse
universo, identificam-se, atualmente, a existência de aproximadamente 220 povos e
180 línguas nativas1. Nesse contexto, os povos indígenas ocupam espaço
emblemático, não obstante o pequeno percentual relativo apresentado na pesquisa,
haja vista suas características peculiares no que concerne à relação com a terra e a
natureza e a identificação como povos que se organizam de forma comunitária.
Essas especificidades fazem que muitos desses povos ainda conservem parte de
suas tradições, línguas e costumes em resistência à faceta homogeneizadora da
globalização que lhes impõe modelos e padrões ao mesmo tempo em que
desqualifica seus conhecimentos e experiências.
Como aponta (LEFF, 2010, p. 215):
1
-Dados retirados do site oficial da
http://www.funai.gov.br/indios/fr_conteudo.htm
Fundação
Nacional
do
Índio
-
Funai:
O indígena, esse ser marginalizado, dominado, subjugado. Esse ser forjado
numa sociedade “tradicional”, numa sociedade fria, sem tempo; num mundo
no qual perdeu sua memória na história de dominação, onde sua fala foi
reprimida no silêncio da submissão. Esse ser, objeto de estudos
antropológicos, revive no tempo atual transportando seus tempos
imemoráveis, reinserindo-se em seu território, relocalizando-se no mundo
globalizado a partir de suas lutas de resistência e de suas estratégias de
reapropriação da natureza.
O processo de miscigenação aliado aos fluxos imigratórios que foram
responsáveis pela vinda de populações orientais e de outros continentes, além dos
países vizinhos, em diferentes contextos históricos, e, dada a dimensão continental
do Brasil, fizeram do país um lugar ímpar para a vivência da multietnicidade.
Educação e escola do campo: conhecimentos populares e sistematizados,
sentidos e significados
Tendo a oportunidade de observar as condições de vida no interior deste
Brasil, por vezes um tanto esquecido e desconhecido, percebemos que a escola do
campo é, além de um espaço de produção e partilha de saberes, um lugar central
que congrega os encontros, as alegrias e tristezas de uma comunidade, com
potencial de articulação de seus projetos e desejos. Isso pode se dar tanto para os
grupos étnicos, como para as demais comunidades que muito são influenciadas e
influenciam os mesmos, como os camponeses e agricultores familiares em geral. É
assim, um lócus de formação humana muito rico e significativo da educação de
crianças, adolescentes, jovens e adultos.
A partir desses sentidos e significados, a escola do campo tem se configurado
como uma das possibilidades, ocupando papel de relevante importância, na luta
permanente dos movimentos sociais e de educadores pela consolidação de uma
Educação do Campo. Antunes-Rocha e Martins (2012, p. 31) afirmam que:
A escola da Educação do Campo nasce como uma das dimensões da luta
pela conquista de um modo de produção da vida. Nesse sentido, se articula
com um conjunto de princípios, conceitos e práticas em construção, no
conjunto das lutas empreendidas pelos trabalhadores do campo. Sendo
assim, a escola também se insere como um território a ser ocupado.
Os avanços, como consequências das lutas, são significativos e mesmo com
a criminalização dos movimentos sociais e as rupturas nas políticas públicas já
conquistadas, tem-se buscado construir uma Educação do Campo gestada a partir
das reais demandas da realidade campesina em suas múltiplas facetas, o que se
tem configurado em "territórios de esperança" (Idem).
A educação formal tem extrema relevância, pois possibilita o acesso aos
conhecimentos considerados sistematizados e científicos, reafirma o direito à uma
educação pública e de qualidade e, ainda, como já dito, a escola do campo tem
também um significado de articuladora da vida comunitária.
Ao mesmo tempo, não podemos esquecer da riqueza e diversidade dos
saberes populares dos povos que tem na terra a essência de seu sustento, sua
identidade, sua força e resistência, sua espiritualidade e sua vida, como os
quilombolas, indígenas e trabalhadores do campo em geral. Eles nos mostram
traços de ecologia humana e de educação ambiental tecidas na ancestralidade e no
avanço da modernidade, com todas as suas contradições.
Ecovilas: Novas Organizações e Novos Movimentos Sociais
Desde a década de 1980, a América Latina vive espaços de grande
experimentação social, principalmente no que tange à participação política e aos
novos movimentos sociais, a maioria deles pautados na reflexão acerca das
diferenças e desigualdades, sociais e econômicas, entre os países.
Encontram-se pontos comparativos entre o surgimento das Ecovilas e os
Novos Movimentos Sociais apresentados por Boaventura (1999), ambos traçam uma
nova teoria democrática para uma nova teoria da emancipação social. Nesse
sentido, o que surgem são novas formas de cidadania "colectivas e não individuais;
menos assentes em direitos e deveres do que em formas e critérios de participação"
(SANTOS, 1999)
A concepção de cidadania desse novo paradigma alternativo busca fundar
uma nova cultura política, alicerçada em uma democracia mais participativa do que
representativa, na autonomia, autogoverno, descentralização, cooperativismo, etc.,
no princípio de comunidade, com a ideia da "(...) igualdade sem mesmidade, a ideia
de autonomia e a ideia de solidariedade. Entre o Estado e o mercado abre-se um
campo imenso não estatal e não mercantil onde é possível criar utilidade social
através de trabalho auto-valorizado (...)” (SANTOS, 1999).
Essas
comunidades
intencionais
têm
crescido
em
todo
o
mundo,
apresentando alternativas e respostas autoconscientes de como vivenciar relações
harmônicas e sustentáveis nos âmbitos social, econômico e ambiental, a partir de
uma nova visão de mundo, mais holística e integrada com a natureza e suas
manifestações biorregionais e culturais.
A formação de ecovilas pode ser compreendida como um fenômeno
autoconsciente da era pós-industrial, e diferenciam-se de comunidades
tradicionais (também contra-hegemônicas) porque representam uma
resposta consciente e intencional às formas de vida da sociedade
estruturada (DEGENHARDT, 2012). (Grifos nossos)
Existem diversas redes de apoio, trocas e contatos com as ecovilas que
funcionam como uma forma de expressão de identidade e divulgação da
comunidade. Cursos, visitas e eventos são proporcionados como forma de agregar
pessoas e disseminar conhecimentos. Cada ecovila tem sua marca ou “cola”, que é
a junção da característica com a vocação da comunidade.
Nesse sentido, as ecovilas representam um espaço de movimento social,
como novas formas de se organizar a vida em comunidade, na contra hegemonia do
paradigma neoliberal dominante. E, por isso mesmo, também possui em si todas as
semelhanças e contradições do conflito em questão. Ao mesmo tempo em que
apresenta todas as características e estruturas alternativas, não está totalmente
desvinculada da lógica neoliberal que rege as relações contemporâneas. Constituise como espaço de resistência e mudança, ainda sem abertura a uma
transformação social ampla, que rompa com a ordem mercantilista e exploratória,
baseadas na cultura da escassez e do individualismo.
Resgate e construção da ecologia humana por meio do diálogo de saberes
Desafios da interculturalidade
Em 2004 foi instituída, no Governo Federal, a Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais, que tinha como
objetivo instituir uma Política Nacional própria para esses grupos. Essa Política
Nacional foi feita com a participação da sociedade civil, e em 7 de fevereiro de 2007,
sendo instituída pelo Decreto 6.040. Todavia, ainda hoje muitas dessas
comunidades encontram-se na invisibilidade, caladas e excluídas política e
socialmente, e com conflitos socioambientais causados pelas constantes invasões
dos seus territórios tradicionais, gerando grandes impactos sobre as populações.
Conceitualmente, no Decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007 “povos e
comunidades tradicionais” podem ser entendidos como
grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que
possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam
territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral
e econômica, utilizando conhecimentos,
inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
O conceito de interculturalidade difere da noção de multiculturalismo em
alguns aspectos e enseja uma posição política de abertura para o diálogo aberto e
horizontal. Enquanto o multiculturalismo pressupõe apenas a coexistência de
diferentes culturas, muitas vezes relacionadas de maneira vertical, ou seja, como se
algumas culturas fossem superiores às outras, de um lado, ou culturas que não se
relacionam, de outro, a interculturalidade pressupõe interação e troca num contexto
de igualdade e reciprocidade. Dessa forma, a interculturalidade deve ser construída
política e culturalmente, no cotidiano.
A reivindicação dos saberes locais e a proposta de um diálogo de saberes
emergem da crise ambiental entendida como uma crise civilizatória; de uma
crise da racionalidade da modernidade e do processo de modernização. Os
saberes locais e o diálogo de saberes inscrevem-se na configuração teórica
e nas estratégias de construção de uma racionalidade ambiental (LEFF,
2010, p. 95).
A aprendizagem por meio das relações comunitárias, da observação, da
oralidade, do saber ser, do saber estar, do saber dar uso (MUÑOZ, 2010), a partir da
experiência e da prática, que caracteriza a pedagogia indígena e dos povos
tradicionais, deve ser não somente reconhecida, mas também valorizada e
articulada num contexto de interculturalidade.
As noções de ecologia humana e educação ambiental são essenciais para
essas reflexões, pois estabelecem a crítica à normalização dos valores de
superioridade, desigualdade e dominação entre os seres humanos e desses com o
meio ambiente - em suas consequências cotidianas e futuras - mas, também,
instigam e apresentam outras perspectivas de (con)viver e aprender, valorizando o
local, o global e suas interdependências.
A ecologia humana é aqui entendida, com base em Catalão, Mourão e Pato
(2009, p. 28) como:
[...] o enraizamento dos seres humanos nas suas bases biológica e sóciocultural, que resultam no sentido do pertencimento à espécie e ao grupo
social, interagindo com o impulso criativo de transformação do mundo para
projeção de uma nova ordem. Quando falamos de criação de sentidos, nos
reportamos ao papel da subjetividade, da interação social, da gestão
sustentável da natureza e do patrimônio cultural e ambiental dos povos.
Uma educação ambiental para o cerrado goiano, nas ecovilas, nas escolas e
junto aos povos tradicionais em geral, precisa considerar que sua gente nasce e se
constitui nesse bioma e na cultura de seus povos tradicionais, que se fazem na teia
da força da seca e no banho das águas nos corpos de seus nativos e de seus
chegantes.
REFERÊNCIAS
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Sites consultados:
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em:<http://www.encontrodeculturas.com.br/2013/encontro/aldeiamultietnica>. Acess
o em: 24 abr. 2013.
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