EDIÇÃO OUTUBRO / 2008
EDITORIAL
Acabou o Laissez Faire .............3
NOTAS
Etanol -PIS e Cofins ..................6
Lei Seca - mudanças à vista ......6
ERA DIGITAL
Postos & Serviços é uma publicação
mensal do Sindicato do Comércio
Varejista de Derivados de Petróleo,
Lava-rápidos e Estacionamentos de
Santos e Região (Resan).
Rua Manoel Tourinho, 269
Macuco - Santos/SP / 11015-031
Tel: (13) 3222-3535
www.resan.com.br
Um dono de posto de combustíveis de um
pequeno município no interior do País é tão
responsável pela imagem da revenda quanto
o maior estabelecimento de uma grande
cidade. Na Era Digital, aprenda que a distância não é mais medida em quilômetros, mas
em um ‘clique’. Leia matéria especial com
Mário Rosa, jornalista e um dos principais
consultores de imagem do País.
Páginas 4 e 5
[email protected]
Jornalista responsável, textos e
editoração eletrônica
Christiane Lourenço
(MT b. 23.998/SP)
E-mail
[email protected]
Repórter Renato Santana
(textos e fotos)
Capa: Reprodução
Colaboração: Luiz Alberto Carvalho,
Impressão: Demar Gráfica
Tiragem: 1.600 exemplares
Fotos: Divulgação e Resan
bre biocombustíveis no Canadá......7
COMGÁS
Posto inaugura sistema ..............7
PORTAL RESAN
Site recebe visitas até da Casa Branca e de inúmeros países......10 e 11
FISCALIZAÇÃO
SEM VALOR
Os biocombustíveis são realmente o futuro
da indústria automobilística,
tanto que uma
montadora acaba de lançar o
primeiro carro
elétrico híbrido
flex, ou seja, que
usa etanol para
acionar o motor
a combustão.
Reprodução
Multas do Nota Fiscal Paulista não
têm validade, diz Fenacon.........12
TANQUES
Ipem comprova fraude no transporte de combustíveis.............12
NR’S
Páginas 8 e 9
NR 23 é uma das mais importantes para a revenda....................13
CONVENIÊNCIA
Explore seu ponto de venda ......16
PRÉ-SAL
Marize Albino Ramos e Maria do
Socorro G. Costa
Carol Dutra apresenta estudo so-
MP integrará ações da ANP ......11
TÚNEL DO TEMPO
Presidente
José Camargo Hernandes
ORGULHO
CARTÕES
Projeto quer unificar máquinas.....17
Confira entrevista com engenheiro que
integra comissão interministerial do
pré-sal
INDICADORES
Ranking de preços .....................17
ANIVERSÁRIO
As opiniões emitidas em artigos as-
Confira nomes da 2ª quinzena de
sinados publicados nesta revista são
outubro e 1ª de novembro...........18
de total responsabilidade de seus
Agenda
autores. Reprodução de textos au-
DIESEL MARÍTIMO
torizada desde que citada a fonte.
O Resan e os produtores da revis-
Fecombustíveis sugere adição de
ta não se responsabilizam pela ve-
corante para combater fraude......19
racidade das informações e qualiPáginas 14 e 15
dade dos produtos e serviços divulgados em anúncios veiculados
neste informativo.
2 Outubro
2008
“
O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito,
desfaz-se - basta a simples reflexão
”
(Machado de Assis)
EDITORIAL
JOSÉ CAMARGO HERNANDES
ACABOU O LAISSEZ FAIRE(*)!
A
“A idéia de um mercado todo-poderoso
operando sem regras e sem nenhuma
intervenção política é loucura. Os tempos de auto-regulação do mercado, do
laissez faire, chegaram ao fim. Acabou
o mercado que está sempre certo”. É
do presidente da França, Nicolas
Sarkozy, uma das análises mais coerentes sobre a atual crise mundial que
colocou em xeque o centro nervoso do
capitalismo mundial, a economia americana. Publicada pela revista Veja como
parte de uma ampla reportagem sobre o
cataclisma sofrido pelos Estados Unidos, a declaração de Sarkozy salta aos
olhos devido à semelhança, guardadas
as devidas proporções, ao que o mercado de combustíveis vem vivendo no Brasil. Aqui, já há muito tempo, a
Fecombustíveis e o Resan vêm batendo
na tecla de que um mercado livre, que
se auto-regula, é balela. O mundo dos
negócios não concebe um mercado totalmente livre. Há ainda um outro erro
de interpretação, o de que liberdade é
sinônimo de mercado sem regras.
do tudo pode’.
A turbulência econômica mexeu
com a tranqüilidade de cidadãos nos
cinco continentes. O bombardeio de
notícias sobre a falência de bancos até
então sólidos e conceituados, ações
em queda vertiginosa e o embate entre políticos de todo o mundo sobre o
pacote de ajuda ao mercado financeiro americano aproximaram da crise
pessoas que nunca investiram na bolsa de valores e até por isso se achavam imunes ao dragão da economia.
No próprio Chile, bem mais próximo
da gente, menos de 10% dos postos
são propriedades de revendedores; a esmagadora maioria está nas mãos de
companhias distribuidoras. Outros exemplos não faltam nem na América Latina
e nem na Europa. O que muitos não levam em consideração, entretanto, é que
o resultado da falta de regras pesou diretamente no bolso do consumidor. É
lógico que sem os pequenos, sem a
concorrência direta, as grandes redes
impuseram sua política, deixando o consumidor sem a opção da escolha e até
do direito à pesquisa de preços.
Entretanto, um paralelo muito mais
perto do nosso cotidiano pode ser feito a partir dessa experiência. A
desregulamentação de diversos mercados poderá, sim, num futuro breve
processar novas crises, desta vez fatais para muitos e importantes segmentos da economia, entre eles o de
revenda de combustíveis, um dos grandes geradores de empregos do País.
Há mais de cinco anos estamos
alertando os economistas e filósofos de
plantão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre os prejuízos trazidos
pela falta de regulação de pontos de
abastecimentos (PA’s), de postos em
supermercados... Temos esbarrado, infelizmente, na teoria de que o ‘merca-
Eu tomo mais uma vez emprestada a eloquência de Sarkozi sobre o suicídio da auto-regulação, uma teoria
equivocada que só beneficia aqueles
que se aproveitam de brechas da lei.
Há anos estamos pregando no deserto para que as autoridades responsáveis por regular o mercado de combustíveis – na distribuição e revenda – adotem medidas que garantam a sobrevivência das pequenas e médias empresas. Todo o setor tem que ter a intervenção do Estado para evitar que os
grandes engulam os pequenos e estabeleçam um mercado monopolista.
Até porque, no nosso mercado, só
se garante qualidade e preços justos
para o consumidor quando há concorrência de fato e de direito. O risco do
que estamos vivendo é ver acontecer
no Brasil o que a França já vive há
anos com uma rede de hipermercados
dominando quase a metade do mercado de distribuição e revenda.
Há 10 anos, o então presidente da
Varig, Ozires Silva, já dizia que determinadas atividades econômicas não
podem obedecer à lei da oferta e procura. Ela não se aplica às economias de escala, ou seja, aos segmentos que para continuarem a existir
precisam ter garantido o volume de
venda. É o caso da revenda de combustíveis. Um posto não sobreviveria
por muito tempo vendendo migalhas
assim como não sobreviveu a Varig e
outras companhias aéreas que mergulharam numa crise profunda.
No nosso segmento, um exemplo
bem recente é o que ocorreu com muitos postos de rodovia que não suportaram a concorrência de pontos de abastecimento e fecharam as portas. Sem
regras claras e que definam o mercado, os PA’s tiraram uma fatia importante de clientes do varejo, levando-os para
o atacado, se refestelando com vantagens que não se aplicam a um posto
de combustíveis, com tantos impostos,
despesas e até um importante papel
social. Não estamos aqui defendendo
o retorno da intervenção do estado, mas
exigindo regras duradouras e que garantam a livre concorrência.
De todo esse paralelismo, só espero que nossos analistas, nossos reguladores, consigam enxergar os riscos que estamos vivendo e que aproveitem a experiência trazida por essa
crise macroeconômica para transpor
as barreiras que hoje ameaçam a livre concorrência no setor de combustíveis e assumam seu papel enquanto agentes reguladores do mercado.
Até o mês que vev7m (se Deus quiser, com a crise superada)!!
(*) Parte da expressão francesa “laissez
faire, laissez aller, laissez passer”, que
significa literalmente “deixai fazer, deixai
ir, deixai passar”. Esta frase é atribuída
ao comerciante Legendre, que a teria pronunciado numa reunião com Colbert (ministro de estado e da economia do rei Luís
XIV), no final do século XVII (“Que faut-il
faire pour vous aider/ O que eu posso fazer por vocês?”, perguntou Colbert. “Nous
laisser faire/ Nos deixar fazer”, teria respondido Legendre). O laissez faire tornou-se o chavão do liberalismo na versão
mais pura de capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Esta filosofia tornou-se dominante nos Estados Unidos e nos países ricos
da Europa.
Outubro
2008
3
OS RISCOS E
A
“A unidade de distância não é mais o
quilômetro. É um clique”, ensina o jornalista Mário Rosa, ex-editor de Veja e
autor de livros como “A Era do Escândalo” e “A Síndrome de Aquiles –
Como lidar com crises de imagem”. O
que isso significa? Para um dos consultores de imagem mais requisitados
do País, a resposta mais imediata e clara
é que o mundo mergulhou num estado
Mário Rosa conversou com jornalistas
da revenda, na sede da Fecombustíveis
de vigilância permanente
impulsionado
pela
tecnologia de um simples celular ou de
uma câmera digital.
Rosa conversou com jornalistas ligados à revenda de combustíveis de
todo o País por mais de duas horas,
num encontro promovido pela
Fecombustíveis, no início de setembro. Acompanhado pelo presidente da
Federação, Paulo Miranda, o bate-papo
teve como objetivo mostrar aos profissionais de imprensa e, por intermédio deles, aos revendedores, que todos são responsáveis pela imagem da
categoria. Além disso, é preciso alertar
os empresários que o assunto ‘combustíveis’ está em evidência na mídia
até pelo interesse que desperta no consumidor, o que torna obrigatória uma
conduta exemplar por parte do
revendedor.
Não podemos esquecer que existem no Brasil 135 milhões de celulares
circulando pelas cidades, shoppings
centers, universidades, supermercados
e também em postos de combustíveis e lojas de conveniência. Na verdade, a cada grupo de 100 pessoas 70 delas
têm um aparelho ativo. Já deu
para perceber onde queremos
chegar?
Enfim, os celulares podem ser considerados a porta de entrada de uma nova
era, a Era Digital, em que os escândalos, cenas banais do cotidiano ou mesmo um acidente de trânsito geralmente são gerados a partir de imagens gravadas por celulares ou por pequenas
câmeras fotográficas ou filmadoras.
No caso de graves denúncias que
logo se transformaram em escândalo
nacional, a grande maioria foi gerada a
partir de gravações que passaram despercebidas, como ocorreu com o escândalo do Mensalão, uma das piores
crises políticas já vividas pelo País.
Guardadas as devidas proporções,
“TODO MUNDO TEM DIREITO A 15 MINUTOS DE ESCÂNDALO”
A Era Digital trouxe novos valores para
a sociedade em geral. Confira as principais mudanças sob a ótica do jornalista Mário Rosa.
1 Reputação é pureza, vem do latim
É preciso manter a coerência entre os
valores que você pratica e aquilo que
as pessoas percebem no dia-a-dia
2 Melô do F.... – “Nunca se sabe
se caiu um avião ou se caiu o Zé
Reprodução Dirceu”
Essa frase
tem muito
a ver com
a vinheta
do Plantão
de Notícias da Globo que atrai a audiência
por conta da demanda que há por
notícias, sobretudo as negativas. É
preciso perceber que os escânda4
Outubro
2008
los atualmente são muito barato
para as grandes redes de comunicação porque não são gerados mais
por
longas
reportagens
investigativas, mas por um CD-rom,
por exemplo, com dezenas de horas
de gravações de negociatas, de crimes diversos. “Esse tipo de escândalo é um narcótico, gera muito conteúdo com pouca receita”.
3 Celular não é telefone
Celular é um instrumento que coloca à
sua frente o mundo inteiro por preços
cada vez mais baratos
4 Todo computador é impessoal
O personal computer (computador
pessoal) só existe para o fabricante.
O computador se relaciona com ambientes públicos, sua memória é pública e até o protocolo de internet (IP)
é público.
5 Erro local, dano global
Mário Rosa usa um caso real ocorrido
em Seul, capital da Coréia do Sul, para
mostrar como a tecnologia aproximou
lados opostos do planeta, tornando um
problema quase doméstico em notícias
de jornais do mundo todo. Lá uma mulher foi flagrada pelas câmeras do metrô
ao deixar as fezes de seu cão no chão. O
caso ganhou uma ampla cobertura digital, com fotos divulgadas pela internet.
Enfim, ela teve a vida exposta, foi xingada,
sofreu manifestações na porta de sua
casa, a imprensa cobriu o escândalo, ela
teve de abandonar a universidade em que
estudava... O mais impressionante é que
o caso foi divulgado até no Washington
Post, um importante jornal americano, e
também no Brasil.
6 Nova Tecnologia, novos conflitos
Quem nunca entrou no Google Worth
AMEAÇAS DA ‘ERA DIGITAL’
você já imaginou que um cliente insatisfeito pode estar gravando sua conversa ou mesmo discussão e usar essas imagens ou áudios contra você na
Justiça ou através da imprensa?
FLORESTA DIGITAL
A idéia de transformar a palestra de
Mário Rosa numa matéria para Postos
& Serviços surgiu logo no início do
bate-papo, quando ele começou a expor
com clareza muitos dos conceitos
que há anos vimos defendendo em
reportagens na revista, mostrando o quanto a revenda hoje é responsável pela sua própria imagem. Um único empresário é
capaz de arruinar a imagem
do mercado nacional, mesmo ele estando há dois mil
quilômetros do maior centro consumidor de combustíveis, que é a região
Sudeste, por exemplo.
Reprodução
ro d u
ção
para ver a localização de uma rua ou
até mesmo por curiosidade para ver
até onde os satélites conseguem observar sua residência ou comércio?
Pois é, o Governo da Índia questionou o Google por conta da vulnerabilidade que a tecnologia trouxe, divulgando, entre outras, as imagens do
palácio presidencial e do Ministério da
Defesa. Qual o problema? É
que essas e outras coordenadas dos principais alvos
sensíveis do país estão à
disposição
do
inimigo
Paquistão.
“Se a nova tecnologia permite
revelar transgressões, também renova conflitos. Isso
significa que há segredos
que não vão mais sobreviver.
Anos atrás apenas o Pentágono teria
as coordenadas dos pontos mais sensíveis do mundo. Hoje uma criança de
10 anos consegue obter a localização
de qualquer lugar pelo Google Worth”,
ponderou Rosa.
O VALOR DA IMAGEM
Ronaldo Fenômeno, que teve sua
imagem abalada depois de um episódio com travestis no Rio de Janeiro, é
um dos exemplos mais recentes dessa
nova era. “Estamos sendo observados
o tempo todo. Nossos líderes estão
mais expostos, nossas entranhas estão expostas. Vivemos num mundo de
maior nitidez. Se isso serve para o
mundo, para o Ronaldo, serve também
para os postos de combustíveis”.
O que fazer? Segundo Mário Rosa,
a democratização da tecnologia criou
um ambiente de mais fiscalização. “Os
mais fracos estão fiscalizando os mais
Rep
Por minuto, o mundo atual gera
23 mil imagens de fotografia que são
transmitidas pelo SMS. Quer mais?
Estamos falando de 60 mil rádios no
ar e de 30 mil emissoras de TV, que
geram o equivalente a 200 anos de
notícias em quantidade de matérias diárias. É aí que vale um parênteses: notícia boa é notícia negativa. Basta ver o espaço dado
pelos jornais e telejornais aos escândalos envolvendo políticos,
empresas e, como não poderia escapar, aos casos de combustíveis
adulterados.
“Esse mundo de
nova tecnologia impõe uma revolução
na ética. Ao mesmo tempo que estou
mais próximo do mundo (pense até
onde a internet pode te levar), o mundo me vê muito mais. Meus erros estão mais próximos. Estamos na era dos
escândalos digitalizados”, continua
Rosa.
7 Solte seus dinossauros
Temos que mudar tradições para sobreviver. É preciso se adaptar e isso não
depende de força ou inteligência.
os revendedores de combustíveis.
João Paulo entendeu o mundo em que
atuava, por isso se transformou num
pop star”, avalia Mário Rosa.
8 Conservador, mas inovador
9 Esqueça a privacidade
João Paulo II passou pelo Vaticano
como um dos papas mais conservadores da históReproria. Ainda assim, ele se
rendeu
à
tecnologia e
quando saiu
de uma de
suas últimas
internações,
aceitou que
dução
um cinegrafista registrasse imagens
que seriam transmitidas para o mundo. “O papa foi um exemplo de que se
pode ser 100% conservador, mas 100%
inovador. Se isso vale para o representante de Deus na terra, imagine para
Meio que no estilo de vida de Paris
Hilton, a patricinha americana que
adora um escândalo, a máxima definida por Mário Rosa é que “entre quatro paredes vale tudo”. Ou seja, você
pode estar sendo filmado, gravado,
etc... Esqueça a privacidade.
10 Andy Warhol às avessas
Na década de 60, o artista plástico
Andy Warhol, que pintava produtos
americanos famosos, como latas da
sopa Campbell’s e garrafas de CocaCola, ou ícones de popularidade como
Marilyn Monroe, disse uma frase que
ficou para a história: “um dia, todos
terão direito a 15 minutos de fama”.
Hoje, segundo Mário Rosa, “todo
mundo tem direito a 15 minutos de
escândalo”.
Outubro
2008
5
fortes. Houve uma mudança no eixo
do poder. Se uma câmera digital foi responsável em produzir o maior escândalo político do Brasil (cita a imagem
do funcionário dos Correios recebendo R$ 3 mil de propina, que se transformou no maior caso de corrupção
dentro do Governo), por que ela não
poderia ser usada contra um posto de
gasolina?”.
BIG BROTHER
Se antes entrávamos num elevador
e nos sentíamos como se estivéssemos
apenas em uma cabine fechada, “hoje
podemos estar entrando no Jornal Nacional porque ali pode haver uma
câmera escondida”.
Sempre usando episódios que geraram grandes escândalos na imprensa nacional, Rosa mostra o impacto da
evolução tecnológica. O Collor trouxe
os escândalos ainda em papel; o Itamar
inaugurou o tempo das fotos – quem
não se lembra da modelo sem calcinha
ao seu lado no sambódromo do Rio de
Janeiro?; o FHC veio com os grampos
telefônicos; e mais recentemente o
Waldomiro Diniz foi o alvo da era Big
Brother.
Há ainda o exemplo da modelo
Daniela Cicarelli, flagrada em momentos íntimos com o namorado numa
praia espanhola. “Antes as celebridades fugiam dos paparazzos, mas hoje
qualquer celular ou elevador é um
paparazzo”.
Como somos a primeira geração
a lidar com transformações tão profundas, Mário Rosa resume bem
como deve ser o comportamento de
qualquer empresário e mesmo cidadão nesse novo habitat: “somos to6 Outubro
2008
ETANOL
Governo estabelece
alíquotas de PIS e Cofins
“
Estamos sendo
observados o tempo todo.
Nossos líderes estão mais
expostos, nossas entranhas
estão expostas. Vivemos num
mundo de maior nitidez. Se
isso serve para o mundo,
para o Ronaldo, serve
também para os postos
de combustíveis
Mário Rosa
”
dos pessoas públicas. Por isso há uma
necessidade de práticas cada vez mais
transparentes”.
Quem não se lembra da foto em
que uma soldado americana tirou
de um prisioneiro feito na guerra
do Iraque em situação humilhante,
sendo puxado por uma algema colocada no pescoço? Feita a partir
de um celular, essa foto abalou o
epicentro do poder americano e colocou em risco a campanha contra
o terrorismo sustentada pelo presidente George W. Bush. Enfim,
esse é mais um episódio que mostra como imagens geradas em aparelhos domésticos podem realmente comprometer a confiança conquistada por políticos, artistas, personalidades públicas e, sobretudo,
por empresários.
Está valendo desde o dia 1º de outubro,
o decreto que estabeleceu as alíquotas
das contribuições PIS/PASEP e Cofins
incidentes sobre a comercialização de
etanol. Essas alíquotas estão alinhadas
com o acordo formalizado em meados
deste ano entre o governo e os representantes das indústrias de cana-de-açúcar
e dos distribuidores de combustíveis. O
produtor pagará R$ 0,048 para cada litro
de etanol comercializado. Considerandose toda a cadeia (produtor, distribuidor e
varejo), a alíquota será de R$ 0,12 por litro. No caso específico do Estado de São
Paulo, o consumidor não perceberá qualquer alteração no preço de bomba. “Isto
ocorre porque, atualmente, o valor pago
pela cadeia do etanol no Estado é praticamente o mesmo que resultará com as
novas alíquotas”, afirmou o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-deAçúcar (UNICA), Antônio de Pádua
Rodrigues.
LEI SECA
Projeto reduz rigor da lei
A Lei Seca continua provocando polêmica e descontentamentos. Agora, mais um
projeto de lei (3715/08), do deputado
Pompeo de Mattos (PDT-RS), propõe novamente a alteração do Código de Trânsito Brasileiro (CTB - Lei 9.503/97) em relação aos níveis de tolerância no consumo
de álcool pelos motoristas. Segundo o projeto, haverá tolerância de seis decigramas
por litro de sangue para a imposição de
multa e pontuação na carteira de motorista. Atualmente, o código prevê punição a
qualquer consumo de álcool no trânsito
(esse dispositivo foi introduzido pela Lei
11.705/08, a chamada Lei Seca). Se aprovado, o projeto passaria a considerar infração gravíssima os casos em que o motorista ingerir o equivalente a mais de 12
decigramas por litro (além de multa, o motorista terá a carteira suspensa por 12 meses e o veículo será retido até que outra
pessoa habilitada possa buscá-lo). Já a
detenção do motorista por 6 meses a 3
anos seria aplicada para um nível igual ou
superior a 16 decigramas por litro de sangue. Pela lei atual, essa penalidade é aplicada a partir de 6 decigramas.
FILHA DE REVENDEDOR SANTISTA LEVA
ESTUDO SOBRE BIODIESELAO CANADÁ
Q
Quando o licenciamento ambiental determinado pela Resolução Conama 273 passou a ser obrigatório para postos de combustíveis, a santista Carolina Dutra viu de
perto a tensão de seu pai, dono do Auto
Posto Via Nébias, em Santos, e diretor
do Resan. Foi exatamente aí que ela despertou para a importância da responsabilidade social do setor de combustíveis com
o meio ambiente. À época, Carolina – hoje
com 23 anos e cursando mestrado – estava no 2º ano de Direito e desenvolveu
como tema para sua iniciação científica a
“Responsabilidade Civil Ambiental Aplicada aos Postos de Combustíveis no
Município de Santos”.
No final do mês passado, Carolina
embarcou para o Canadá onde apresentou seu estudo no encontro da União
Internacional pela Conservação da Natureza (UICN). Na bagagem, ela levou
dados sobre o desafio das energias
renováveis pelo viés da experiência brasileira do biodiesel. Dessa maneira, fez
uma análise do Programa Nacional de
Produção e Uso do biodiesel analisando-o se ele é de fato “verde” e qual seu
potencial para redução da emissão de
gases GEE à atmosfera.
DE SANTOS À OTTAWA
Orientada pela Drª Solange Teles da
Silva, Carolina fez uma investigação em
torno da cadeia da soja, matéria-prima do
biodiesel. A pesquisadora levantou quem
são os produtores e quais deles têm ou
não autorização para o cultivo da soja para
fins de energia. E mais: ela quis saber também a partir de que matéria-prima os produtores estão autorizados a produzir o
biodiesel, em qual quantidade e em que lugares do país há cultivo.
A Agência Nacional do Petróleo
(ANP) foi a fonte para o levantamento
do histórico da produção e participações individuais. Com todos esses elementos levantados, Carolina cruzou as
informações, estruturou um mosaico
e colocou sobre o Brasil, identificando
quais biomas (unidade biológica) são
afetados pela produção de biodiesel.
DISCURSO OFICIAL
Para Carolina, o Programa Nacio-
nal de Biodiesel é uma política pública.
Ela justifica juridicamente seu argumento, afirmando que a idéia era produzir o
combustível de acordo com a matériaprima de cada região, respeitando os
diversos biomas nacionais. Hoje, 60%
do biodiesel é feito com soja.
“O Programa se presta a inserir um
novo combustível na matriz energética
brasileira e para isso possui um plano de
metas, incluindo o meio ambiente. É um
instrumento jurídico que possui objetivos.
(...) No final das contas a “limpeza” dos
combustíveis acaba por ferir o meio ambiente”. Carolina aponta um outro problema sério: a falta de indicadores. “Essa
ausência é uma falha da política porque
não responde se a meta foi cumprida”.
Entretanto, não descarta que o biodiesel e
o álcool são formas de “limpar” o clima.
REVENDA
Satisfeita com o resultado de todo
seu esforço acadêmico e científico, Carolina não esquece o apoio que recebe
da família, da Universidade Católica de
Santos (UniSantos) e da própria
Fapesp. Também, como não poderia
deixar de ser, da revenda.
“Dentre todos os atores da cadeia de
combustíveis, o revendedor está na ponta
e, consequentemente, mais exposto. Por
isso, a organização é importante para a
representatividade do setor na cadeia”.
Carolina recebeu bolsa de estudo da
Fundação de Amparo à Pesquisa
(Fapesp) para desenvolver pesquisa
Acionamento ocorreu em 9 de setembro
POSTO É O PRIMEIRO
ESTABELECIMENTO
A RECEBER GÁS
NATURAL EM SANTOS
A
As obras da Comgás, que até então representavam apenas transtornos para a
população, tiveram seu impacto com o
início da distribuição do gás natural a
residências e estabelecimentos comerciais. No último dia 9 de setembro, o
gás natural encanado chegou ao Auto
Posto Arrastão, no Valongo, o primeiro
da região a ser abastecido diretamente
pelas tubulações que começaram a ser
implantadas em Cubatão, Santos e São
Vicente há mais de um ano.
O projeto da Comgás prevê a instalação
de 3 novos postos de GNV na região, dois
em Santos e um terceiro em São Vicente.
Na Baixada Santista, há ainda dois postos
que comercializam gás em Cubatão, um
em Guarujá, um em São Vicente e dois
em Praia Grande. Com exceção dos de
Cubatão e agora do Arrastão, os demais
operam com carreta-feixe.
O gás que abastece as bombas do posto
passa pelo sistema de Controle de Medição (CM), que recebe o combustível e o
distribui para as bombas a uma pressão de
17 quilos. Sobre a segurança, um dos técnicos da Comgás presentes ao início da
instalação do CM no Arrastão explicou que
a tecnologia utilizada é a mesma dos postos de São Paulo que possuem mecanismos de auto-defesa contra incidentes.
Outubro
2008
7
O QUE VEM PELA FRENTE?
A
As perspectivas de preços em alta, defasagem na produção, o aumento da demanda e questões ambientais fazem com
que a comunidade internacional invista
em programas de biocombustíveis, até
então restritos às pesquisas de laboratório, e antecipe as discussões sobre o fim
da era do petróleo.
Mesmo carros movidos a eletricidade, bateria e outras fontes não fazem
frente aos biocombustíveis. Primeiro
porque são muito mais caros em toda
sua cadeia de produção, inclusive ao
consumidor médio, e depois porque
quando se trata de combustíveis a palavra “rede” é a mais adequada para explicar porque nosso problema não está
apenas na frota de automóveis urbanos.
“A era das pedras não acabou por falta de pedras. A era do petróleo não vai
acabar por falta de petróleo”. A frase é do
sheik Yamani, ministro do petróleo da
Arábia Saudita nos anos 80. O que fica
das conversas que a revista Postos &
Serviços teve com especialistas nesses
últimos meses, são os elementos do velho cenário ainda dentro do novo quadro.
“As mudanças já acontecem, isso é
nítido. Estamos vivendo uma fase de
transição bastante perturbada pelos fatores conjunturais”, opina Adriano Pires,
do Centro Brasileiro de Infra-estrutura.
A certeza, exposta no 1º Encontro
de Revendedores do Resan e nos últimos acontecimentos de escala global,
8 Outubro
2008
é que o Brasil está num bom momento e tende a ter grande relevância na
cadeia de energia e combustíveis do
mundo. Um fatia deste bolo fica no
prato da revenda.
Segundo dados do Pólo Nacional dos
Biocombustíveis, o mundo investirá, até
2020, US$ 15 bilhões na pesquisa e produção de biocombustíveis. Nos Estados Unidos, a perspectiva é que 20%
do consumo de gasolina sejam substituídos pelo álcool, nos próximos 10
anos. No Japão, a meta estipulada é de
5%, a partir de 2010, e na Índia a inclusão de combustíveis renováveis na gasolina e no diesel será de 20%.
Os especialistas são unânimes em
dizer que a matriz energética mundial
não deixará de ter o petróleo como fonte
hegemônica, mas são categóricos aos
afirmar que o mercado adotará modelos alternativos. Nesse caso, a
hegemonia dos biocombustíveis já
pode ser vista em muitos países. O
Brasil é um deles.
Postos & Serviços solicitou dados
à Associação Nacional de Fabricantes
de Veículos Automotores (ANFAVEA)
que comprovem o interesse do consumidor por carros com tecnologia alternativa aos derivados de petróleo.
Segundo a entidade, as montadoras
nacionais já produzem motores com
tecnologia exigida pela Europa, adaptados ao uso do diesel S-50 – menos
poluente e com acréscimos de
biocombustíveis. Sem contar que 80%
dos veículos vendidos dentro do Brasil são flex.
Vale lembrar que a partir de janeiro
do próximo ano entrará em vigor a última fase do Programa de Controle da
Poluição do Ar por Veículos Automotores
(PRoconve), previsto na Resolução
Conama 315, que prevê a redução de
enxofre no diesel para 50 ppm (hoje o
diesel urbano tem 500 ppm e o do tipo
interior, 2.000). Outras atitudes
propositivas do Governo, como obrigar
a adição de biocombustíveis no diesel,
hoje em 3%, aumentaram a produção dos
insumos exigindo menos do petróleo.
A polêmica neste campo, no entanto, é que a Anfavea quer mais prazo para
a adaptação de motores ao diesel mais
ecológico. “O prazo de três anos é absolutamente necessário ao desenvolvimento de novos motores, tal a sua complexidade, exigindo novos parâmetros
tecnológicos, calibração, testes em bancada, testes de campo, homologação,
desenvolvimento de fornecedores e outros requisitos”, diz, em nota oficial.
HEGEMONIA
Tais premissas indicam que o mercado de combustíveis do futuro, pelo
menos no Brasil, já é hegemonizado
pelos biocombustíveis. É aí que surge
o alerta para o dono do posto de combustíveis. Essa tendência poderá revolucionar em poucos anos o jeito da revenda comercializar combustíveis.
Segundo o agrônomo José
Eurípedes, da Embrapa Energia, é esperada uma duplicação do consumo de
etanol nos próximos dez anos e uma
demanda de 2 bilhões de litros de
biodiesel por ano até 2013. “Há diversidade de matéria-prima para o etanol,
como cana-de-açúcar, sorgo, sacarino
e mandioca, e para o biodiesel, com a
mamona, soja, palmáceas e girassol”.
O agrônomo ressalta que nada compete com a cana-de-açúcar. Hoje há
áreas de plantio em todo território nacional, totalizando 6,1 milhões de hectares. No próximo mês, o governo federal definirá um zoneamento nacional
para aumentar a exploração de canade-açúcar. “O ideal é chegar a 25 milhões de hectares”.
No caso da Petrobras, a meta é produzir 75% do biodiesel no Brasil. As
três usinas que a empresa pretende trabalhar, duas já instaladas e outra em
processo, produzirão 170 milhões de
litros do biocombustível.
SEGUNDA GERAÇÃO
Os investimentos nos combustíveis de fonte renovável, pelo menos
no Brasil, entraram em uma segunda
fase, o que já garantiu um aporte de
R$ 430 milhões para pesquisas e produção. Companhias estrangeiras de
petróleo se interessaram pelo assunto e investem em parcerias com centros de pesquisa.
“Tudo revela que do ponto de vista
das energias renováveis nosso país está
na frente”, afirmou Maria Antonieta,
assessora da diretoria geral da ANP, em
sua participação no encontro promovido pelo Resan em agosto.
Entretanto, o mercado de combustíveis do futuro é, na verdade, um espelho que reflete o passado. Os primeiros carros elétricos, outra “grande
novidade” mundial, foram desenvolvidos em 1900, início do século passa-
do. O híbrido, que possibilita geração
de energia por bateria ou combustível,
teve sua criação anos mais tarde e,
agora, ganha mais espaço com um lançamento da General Motors (veja matéria). Que o passado e o futuro caminham juntos, não há dúvidas: pesquisadores brasileiros trabalham no desenvolvimento de biocombustíveis desde
1925.
GM LANÇA HÍBRIDO FLEX,
A NOVIDADE QUE FALTAVA
D
Depois de 125 anos do primeiro carro produzido por Karl Benz com propósito comercial, em 1885, os carros
híbridos - que utilizam dois motores, um elétrico e outro a
combustão - conquistam
mais e mais espaço no
mercado mundial. Nos
Estados Unidos, mais de
350 mil híbridos já estão
em circulação, número
que poderá aumentar muito com a produção pela General Motors (GM) a partir
de 2010 do modelo Volt, um
carro híbrido de segunda geração,
com tecnologia flex, ou seja, que utiliza o etanol no lugar da gasolina para
acionar o motor a combustão.
O objetivo da montadora é reduzir a dependência do setor pelo petróleo. Para
carregar as baterias, o condutor deverá
tão e somente plugar o carro a uma toUM MERCADO E TANTO
O Brasil é um país importante para que as
montadoras alcancem o objetivo de até 2020
venderem o mesmo volume de modelos híbridos do que os equipados somente com
motores a combustão. Por aqui, a Fiat vem
desevolvendo o Palio Elétrico, em parceria
com a Itaipu, do grupo Eletrobrás. O carro
tem autonomia para 120 km e atinge a velocidade máxima de 120 km/h, mas conta com
uma bateria de 130 kg. O desafio é conseguir uma bateria mais leve e com maior autonomia. Especialistas garantem que a importação de carros híbridos dependerá da
boa vontade política do Governo já que a
taxa de importação de automóveis é das
mais altas, fixada em 35%.
O Volt
será uma
das estrelas da
GM no Salão de
Automóveis de São
Paulo, que ocorrerá de
30 de outubro a 9 de
novembro
mada 110 volts por cerca de seis
horas. Na falta da eletricidade, o
veículo carrega as baterias com um
motor flex, que atua como gerador e
utiliza o combustível E85 (85% de
etanol e 15% de gasolina).
Apenas com as baterias, o carro
tem autonomia de 64 quilômetros na
Cidade. No momento em que a bateria
é descarregada, o motor de propulsão
mecânica começa a recarregar a bateria e pode dar ao Volt uma autonomia
de até 1.000 km.
“O Volt é um carro híbrido inovador. Afinal, a maioria dos modelos híbridos atuais usa apenas combustíveis fósseis. Por isso, este
modelo está baseado em um novo
conceito de carro híbrido, pois associa a tecnologia flex ao uso de eletricidade”, avaliou o consultor de
emissões e tecnologia da União da
Indústria de Cana-de-Açúcar
(UNICA), Alfred Szwarc.
A estimativa é que o Volt custe entre US$ 30 mil e US$ 40 mil.
Outubro
2008
9
DE PORTAS ABERTAS PARA O
Portal do Resan recebe visitas diárias de internautas de países como Arábia Saudita, EUA, Rússia, T
P
Proporcionando um tempo maior de
navegação, recebendo visitas estrangeiras em 10% dos acessos e tendo um
público que utiliza as informações para
suas atividades profissionais, o portal
do Resan na internet, há quatro anos
on-line, firmou-se no mundo virtual e
hoje é requisitado 7 mil vezes por dia,
em média. Até o governo dos Estados
Unidos e a campanha de Barack Obama,
candidato à sucessão de George
W.Bush, já passaram pelo portal.
A revista Postos & Serviços vasculhou os relatórios do portal
www.resan.com.br, comparou dados
de agosto deste ano com o mesmo período de 2007 e mais do que números,
petiscou alguns acepipes do futuro.
“Um site é hoje a maneira mais prática de integrar pessoas em torno de
um mesmo assunto ou um mesmo interesse. Possui um custo baixo comparado a outros recursos, como revistas e jornais”, explica Daniel
Alexandrino, engenheiro de computação e diretor executivo da KBRTEC,
empresa especializada em portais
corporativos. Alexandrino lembra também que um site bem estruturado passa a ser uma ferramenta importante
para empresas e organizações de qualquer segmento. O Resan não foge a
essa sentença.
Em 2007, 23,15% dos acessos buscaram informações jornalísticas sobre
o setor de petróleo, energia e mercado
varejista de combustíveis, linha
temática do portal. Já em 2008 essa
porcentagem subiu para 45,72%. Para
downloads de leis, cartilhas e fichas,
esse ano o portal registrou 19.779
acessos; ano passado ficou em 7.583.
De qualquer maneira, neste ano
houve meses, como junho, em que os
acessos mensais (contando apenas o
usuário e não sua quantidade de acessos) chegaram a 10 mil.
POR QUEM OS SINOS DOBRAM?
O perfil desses visitantes virtuais,
segundo Alexandrino, é de pessoas
10
Outubro
2008
AGOSTO DE 2008
AGOSTO DE 2007
Acessos por usuário – 5.241
Acessos por usuário – 7.804
Contagem de acessos – 202.783
Contagem de acessos – 160.975
Acessos que digitaram direto o
Acessos que digitaram direto o
endereço – 23.187
endereço – 21.711
Total de bytes transferidos – 1,71 GB
Total de bytes transferidos – 1,61 GB
Média de visitas diárias – 6.541,39
Média de visitas diárias – 5.192,74
Tempo médio de duração de cada
Tempo médio de duração de cada
visita – 13 segundos
visita – 6 segundos
entre 25 e 30 anos, pertencentes às
classes sociais A e B, além de serem
qualificadas, ou seja, são usuários dirigidos, profissionais e estudiosos da
cadeia de combustíveis e energia. Sobre isso, basta analisar alguns e-mails
recebidos pela assessoria de comunicação do Resan, que variam de gerentes e donos de postos de todo o País
até consumidores elogiando a honesti-
dade das informações, sem contar o
próprio público da base territorial do
Resan.
Além dos “mais focados”, há registros de endereços IP de órgãos governamentais, indústria automobilística, entidades e organizações, veículos
de comunicação, portais, bancos,
consultorias e empresas petrolíferas de
todo canto do mundo.
MUNDO
urquia, França, entre muitos outros
Esse público não só acessa o portal como permanece algum tempo em
navegação. Em 2007 a duração média
das vistas era de 6 segundos, sendo
que em 2008 foram 13 segundos. “O
aumento é muito grande, mais do que
o dobro. Isso reafirma que o teor das
informações é muito bom e desperta
grande interesse do visitante”, afirma
o executivo da KBRTEC. Ele explica
que o tempo de duração dos acessos
está acima da média geral, que é de 8
segundos.
OS ESTRANGEIROS E O GOOGLE
Rússia, Estados Unidos, Turquia,
Nova Zelândia, França, Alemanha, Argentina, Arábia Saudita, Portugal,
Taiwan, China, Itália, Canadá, Bolívia,
Malásia, Austrália, Polônia. Uma pequena lista de países que já tiveram usuários da rede mundial de computadores
passando pelo portal do Resan. Das
visitações, esse ano, 10% é estrangeira. Ano passado a porcentagem ficou
apenas um pouco abaixo disso.
Por que tamanho interesse? “Além
de nossas matrizes energéticas alternativas (etanol e biodiesel), que despertam interesse e curiosidade, este ano
houve descobertas de novas bacias de
petróleo e gás”, explicou Alexandrino.
Qual o caminho até o portal do
Resan? O Google. O endereço eletrônico mais acessado da Terra é hoje a
grande porta virtual para a busca de
qualquer informação. Está no mundo
virtual, está no Google. Tanto que 50%
dos acessos, mesmo neste ano quanto
em 2007, tiveram como origem essa
ferramenta de busca.
“Isso traduz que o site do Resan
realiza a função de informar bem, de
ser desejado mesmo pelas pessoas que
não estão diretamente relacionadas à
entidade”. Entretanto, Alexandrino
aponta que a tendência é
gradativamente esse número de visitas
pelo Google cair, pois “as pessoas que
visitam um site e gostam, em geral, o
adicionam em sua lista de sites favoritos”. E a sua? Já tem o portal do Resan?
ADULTERAÇÃO SERÁ TRATADA COMO
CRIME CONTRA ORDEM ECONÔMICA
REPRODUÇÃO A TRIBUNA - 16/9/2008
A
A Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) conseguiu atrair um parceiro importante para a tarefa de
fiscalizar a qualidade do combustível vendido no País. Com a participação de técnicos do Ministério Público Estadual (MPE) na
força-tarefa criada para combater
a adulteração, os fraudadores deverão ser denunciados por crime
contra a ordem econômica, com
pena de seis meses a três anos de
reclusão. Hoje, o fraudador sofre
apenas sanções administrativas.
Alcides Amazonas dos Santos,
chefe da ANP em São Paulo, explicou que após a assinatura do
acordo, os técnicos do MPE serão treinados. “A participação do
Ministério Público permitirá dar
tratamento criminal aos infratores”, explicou Alcides. Nas fiscalizações feitas pela ANP no Estado, sobretudo na Capital, os índices de álcool misturado à gasoli-
na variam de 28% a 52% , quando a legislação estipula 25%.
Em entrevista concedida ao jornal A Tribuna e publicada dia 16 de
setembro, o presidente do Resan,
José Camargo Hernandes, disse ser
“favorável à participação dos técnicos doMPE nas ações de fiscalização para combater os maus empresários e comerciantes que invadiram o segmento”. Por outro lado,
ele advertiu sobre a necessidade de
se ter cautela par evitar excessos
já que há uma grande diferença entre combustível adulterado e fora
de esfecificação. É que a não-conformidade pode estar relacionada a
acidentes como a mistura do combustível à água e terra, por conta
de problemas no tanque de
armazenamento.
“A adulteração pura e simples
deve ser combatida e o Resan apóia
integralmente a força-tarefa e a participação do Ministério Público”,
disse Hernandes.
Outubro
2008
11
MULTAS DO ‘NOTA FISCAL
PAULISTA’ SÃO NULAS
O
Os autos de infração aplicados desde junho contra cerca de 1 mil estabelecimentos de São Paulo pela Secretaria da Fazenda pela falta de emissão ou de registro dos documentos fiscais no sistema
da Nota Fiscal Paulista não têm qualquer
validade. A informação é da Federação
Nacional das Empresas de Serviços
Contábeis (Fenacon). A nulidade ocorre
por inúmeras razões, em especial pela
sistemática e reiterada desobediência às
exigências e aos trâmites estabelecidos
na legislação pertinente, Lei Estadual nº
12.685, de 28 de agosto de 2007 e Decreto nº 53.085, de 11 de junho de 2008.
Sem a validade dos autos de infração, o pagamento pelas multas é
indevido. As empresas autuadas dispõem do prazo de 30 dias, contado da
data da ciência da autuação, para o oferecimento de defesa administrativa,
junto ao Procon. Este prazo é muito
importante, para evitar a maior demo-
ra da via judicial.
Caso alguma das empresas autuadas tenha deixado de apresentar a defesa administrativa no prazo e não tenha pagado a multa, a alternativa que
se recomenda é a imediata propositura
de ação anulatória de ato administrativo, no âmbito do Poder Judiciário, procedimento que apesar de demorar mais,
é eficiente, informa nota da Fenacon.
Tal urgência se justifica no fato de
que a falta da apresentação de defesa
administrativa e o não pagamento da
multa ocasionará a inscrição do débito
respectivo na dívida ativa e conseqüente
ajuizamento de execução fiscal contra as
empresas autuadas, fato que traz inúmeros inconvenientes, como penhora de
bens, de contas bancárias, inscrições em
cadastros de inadimplentes, entre outros.
Com a apresentação do recurso
administrativo ou judicial, a empresa
autuada poderá aguardar o resultado do
julgamento sem sofrer maiores constrangimentos.
De qualquer forma, explica a
Fenacon, as empresas autuadas detêm
ótimos argumentos jurídicos para invalidar os autos de infração contra si
lavrados, por conta de supostas infrações consistentes em falta de emissão
e registro dos documentos fiscais no
sistema Nota Fiscal Paulista, tanto no
âmbito administrativo como na seara
do Poder Judiciário.
MULTAS
Até agora, o valor total das multas
soma R$ 14,5 milhões, o equivalente a
R$ 14.500,00 por autuação. Pela lei em
vigor, cada documento não emitido ou
registrado pode gerar multa de R$
1.488 (100 Ufesp). A relação de estabelecimentos comerciais fiscalizados é
decorrente das reclamações registradas
no site da secretaria e no Procon. O
argumento dos consumidores é de que
embora tenham informado os números de seus CPFs e CNPJs, nos momentos das compras, eles não foram
registrados o que os impediu de receber os créditos correspondentes.
PERÍCIA COMPROVA
FRAUDE NO TRANSPORTE
DE COMBUSTÍVEIS
O
O Ipem continua firme na política de combate às fraudes que envolvem desvio de combustíveis por caminhões-tanque antes da entrega do produto aos postos. Uma nova fraude foi desvendada com a
perícia realizada no dia 17 de setembro, na base de inspeção de
veículos-tanque do Ipem em Guarulhos.
Dentro do tanque do veículo, com capacidade para transportar 15 mil litros, os fiscais encontraram quatro bombonas plásticas capazes de reter até 222,6 litros a cada transporte de combustível, lesando o cliente que adquiriu o produto.
A irregularidade foi primeiramente verificada em blitz quando durante a inspeção visual os fiscais se depararam com furos na
parte de baixo do tanque, com resíduos de vazamento.
O veículo teve o certificado de inspeção apreendido, o proprietário foi autuado e a multa pode chegar até a R$ 50 mil.
O exame constatou que as entradas serviam para acionar o
fechamento dos compartimentos extras no interior do tanque utilizados para reter parte do combustível transportado, no momento da
descarga no posto.
No site www.ipem.sp.gov.br, além de informações sobre toda a
legislação metrológica e da qualidade vigentes no país, estatísticas de fiscalização e orientações, o interessado pode levantar detalhes das ações diárias do instituto.
12 Outubro
2008
Fiscal do Ipem com as
quatro bombonas
encontradas dentro do
tanque. Ao lado, detalhe
de como ocorria a fraude
NR 23 É UMA DAS MAIS IMPORTANTES NORMAS
A
A Norma Regulamentadora 23 (NR23)
é uma das mais importantes para garantir a segurança de funcionários e de
todo o ambiente vizinho a um posto de
combustíveis. Na essência, a NR 23
exige que o revendedor mantenha na
sua empresa quatro itens: proteção
contra incêndio, saídas suficientes para
a rápida retirada do pessoal em serviço, equipamento capaz de combater o
fogo ainda em seu início e funcionários treinados para o uso correto desses
equipamentos.
CLASSES DE FOGO
Antes de tudo, é importante dizer
que as aplicações de cada disposição
dessa norma são baseadas em quatro
classes de fogo:
A) Materiais de fácil combustão com a
propriedade de queimar em sua superfície
e profundidade, e que deixam resíduos.
Exemplos: tecidos, madeira, papel, fibra;
B) São considerados inflamáveis os
produtos que queimem somente em sua
superfície, não deixando resíduos, como
óleo, graxas, vernizes, tintas, gasolina;
C) Quando ocorre em equipamentos
elétricos energizados como motores, transformadores, quadros de distribuição, fios;
D) Elementos pirofóricos como
magnésio, zircônio, titânio (esse último
item não cabe aos postos de gasolina).
EXTINTORES
Em qualquer estabelecimento, os
extintores devem ter, em primeiro lugar, o selo do Inmetro. Da mesma forma deverá apresentar uma etiqueta inSAÍDAS ESPECIAIS
L
Lojas de conveniência, escritório e
demais locais de trabalho devem ter
saídas especiais e estratégicas para
funcionários agirem com rapidez e segurança, em caso de incêndio.
A largura mínima das aberturas de
saída é de 1,20 metro. Suas portas devem abrir sempre para a saída, nunca
para o interior do local de trabalho. Todas devem ser devidamente assinaladas
com placas ou sinais luminosos. Tais
saídas devem ser dispostas no ambiente
formando quando foi carregado, data
para recarga e número de identificação.
Pesagem semestral e inspeção visual
mensal são outras duas exigências.
A localização dos extintores deve ser
de fácil visualização, acesso e onde haja
menos probabilidade do fogo causar algum tipo de dificuldade para a atuação
da brigada de incêndio. Os locais devem ser sinalizados por um círculo vermelho ou por uma seta larga, vermelha,
com bordas amarelas. No piso, abaixo
do equipamento, deve ser pintada uma
área em vermelho. A quantidade de extintores no local de trabalho será determinada por condições específicas.
Esses extintores são portáteis e
possuem como premissa combater o
fogo no início. Tais aparelhos devem
ser apropriados à classe do fogo de seu
combate (unidade extintora):
- Extintor tipo espuma (recarregado
anualmente): deverá ser usado nos fogos classes A e B;
- Extintor tipo dióxido de carbono:
usado, preferencialmente, nos fogos
classes B e C, embora possa ser usado
nos fogos classe A em seu início;
- Extintor tipo químico seco: fogos classes B e C. As unidades de tipo maior de
60 a 150 quilos deverão ser montadas
sobre rodas. Nos incêndios classe D, será
usado tal extintor, porém o pó químico
será especial para cada material;
- Extintor tipo água pressurizada ou
água-gás: deve ser usado em fogos
classe A, com capacidade variável entre 10 e 18 litros;
Outros tipos de extintores portáteis só
evitando que entre elas e o local de trabalho se tenha que percorrer distância
maior entre 15 e 30 metros, respectivamente para atividades com pequeno,
médio e grande risco de incêndio.
Durante o expediente, nada poderá obstruir a passagem destas portas.
Da mesma forma, elas não podem ser
trancadas com chave, aferrolhada ou
presa. Detalhe importante: portas de
emergência jamais podem ser fechadas pelo lado externo, mesmo fora do
horário de trabalho.
Extintores portáteis são obrigatórios
serão permitidos com o aval de profissional especializado em técnico de segurança do trabalho. Ainda assim, a NR permite dois métodos de combate ao fogo:
- Método de abafamento por meio
de areia: usado como variante nos fogos das classes B e D;
- Método de abafamento por meio
de limalha de ferro fundido: usado como
alternativa nos fogos classe D.
TREINAMENTO
Num incêndio, a primeira providência é o acionamento do sistema de alarme, seguido pelo comunicado ao Corpo de Bombeiros. Desligar máquinas e
aparelhos elétricos apenas se não for
observado algum risco. Só então deve
ocorrer o combate às chamas.
De acordo com a NR23 funcionários devem ser submetidos a exercícios de treinamento para o combate ao
fogo. O objetivo é que eles gravem o
significado do sinal de alarme, ordem
na evacuação, controle do pânico, atribuição de tarefas e responsabilidades e
se a sirene tocou em todos os lugares
(quando for necessário ter alarmes).
Outubro
2008
13
RIQUEZA
MONUMENTAL
“O pré-sal é um novo conceito
de jazida”, diz Fernando
Siqueira, um dos engenheiros
que mais entendem de pré-sal
no País. Aproveite esta entrevista
para esclarecer suas dúvidas
sobre o assunto e, afinal,
entender a polêmica que vem
tomando páginas e páginas dos
principais jornais do País
F
Fernando Siqueira, diretor da Associação dos
Engenheiros da Petrobras (AEPET), encabeça
um grupo de especialistas que se debruçam em
analisar o novo patrimônio brasileiro: o pré-sal
de petróleo leve. Auxiliar da comissão
interministerial que busca maneiras de explorar
essa nova descoberta, Siqueira considera que
não é possível tratar de qualquer maneira uma
reserva com 90 bilhões de barris de petróleo e a
perspectiva de trilhões de reais para o País.
Em entrevista para a revista Postos & Serviços, o engenheiro, líder da recém lançada campanha “O Petróleo tem que ser nosso!”, remontando a histórica ação dos anos 50 que garantiu
a fundação da Petrobras, explica como o présal se formou, quais os interesses em torno
dele, seus entraves, quais desafios e defende
ainda a alteração do marco regulatório.
“Estamos falando de uma riqueza monumental”, diz Siqueira . Para a revenda, essa é
possibilidade de conhecer um pouco mais as
reservas que podem revolucionar a economia
nacional, melhorando a condição de vida da
população e, consequentemente, esquentando o comércio varejista de combustíveis.
Postos & Serviços - O que é o pré-sal?
Fernando Siqueira - O pré-sal é um novo conceito de jazida. Normalmente, quando os rios
depositam detritos orgânicos no fundo do mar,
junto com areia e outros materiais, sob a pressão da coluna d’água se forma uma rocha geradora de petróleo; durante milhões de anos
esses detritos, sob a ação de microorganismos
(phitoplanctus) se fermentam formando o petróleo. Quando o petróleo “amadurece”, a
14
Outubro
2008
presssão e a temperatura aumentam e
a rocha geradora se rompe fazendo com
que o petróleo, mais leve, migre para a
superfície do mar. Se, no caminho, ele
encontra uma rocha que o retenha está
formada uma jazida convencional, mas
a maior parte do petróleo se perde por
evaporação ou biodegradação.
O pré-sal é diferente: quando, há 160
milhões de anos, os continentes sulamericano e africano se separaram, teoricamente de Sul para Norte, na fenda
aberta, o mar penetrou e ficou confinado lateralmente. Enquanto isso, rios
dos dois continentes traziam detritos
orgânicos riquíssimos e os depositavam nesta fenda, criando uma rocha
geradora de petróleo. O mar, confinado, se evaporava e aumentava a concentração de sal, o qual se depositava
sobre a rocha geradora; quando o petróleo amadureceu, a camada de sal
impediu que a rocha geradora se rompesse e todo o petróleo ficou guardado, não migrando para a superfície. Foi
uma transformação muito eficiente.
Durante 30 anos os técnicos da
Petrobrás desenvolveram essa teoria.
Quando a nova tecnologia permitiu
definir a posição da rocha corretamente, a Petrobrás pôde furar os poços (11
até agora) e todos confirmaram a tese.
Daí a expectativa da existência de uma
reserva de 90 bilhões de barris.
P&S – A descoberta do pré-sal pode
gerar interesses internacionais?
Siqueira - Claro. O maior interesse é o
seguinte: os Estados Unidos consomem oito bilhões de barris por ano e
mais uns dois bilhões são usados nas
suas bases militares espalhadas pelo
mundo, sem contar as multinacionais
espalhadas pelo mundo também. Então,
um país que consome dez bilhões de
barris por ano e só tem 29 bilhões, que
são as reservas deles, é um país que
está profundamente preocupado. A economia americana está assentada no petróleo, mais de 50% na matriz energética
do país vem do petróleo. Os Estados
Unidos têm um consumo de 24 barris
por ano por habitante, que é o dobro
da Europa. O Brasil consome três barris por ano por habitante, enquanto
países subdesenvolvidos consomem
apenas dois barris por habitante.
P&S - A Petrosal é realmente um
grande negócio para o país?
Siqueira - Estamos falando de uma riqueza monumental. Os especialistas sérios prevêem como irreversível a tendência de alta dos preços do petróleo
porque a produção mundial está chegando ao pico. Assim, previram que já
em 2015 o barril chegará a US$ 200. Somando-se as atuais reservas (14 bilhões) com os 90 bilhões do pré-sal chegaríamos ao valor de US$ 20 trilhões.
Isto pode solucionar todos os problemas do Brasil: educação, saúde, infraestrutura, dívidas, meio-ambiente,
erradicação da miséria e todos os de-
mais. Ainda sobraria para fazer um fundo
soberano como fizeram a Noruega e os
Países Árabes Unidos.
P & S – Por que então a proposta de
criar uma nova estatal?
Siqueira - A finalidade da estatal não
é de garantir a propriedade de petróleo à União. Pela Constituição, o petróleo é da União. Querem criar a nova
estatal para gerenciar os leilões. É capaz de todo o time da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mudar de lado
e entregando os 60% do petróleo brasileiro para empresas estrangeiras. As
agências reguladoras foram criadas
para defender o interesse de empresas estrangeiras. O presidente da ANP,
o Haroldo Lima, durante 60 anos foi
nacionalista, defensor da Petrobrás,
defensor do petróleo, em nome da soberania nacional. Indo para a ANP, em
dois meses ele virou entreguista e lobista
das multinacionais. Ele diz que os EUA
furam 14 mil poços por ano e o Brasil,
apenas 11. O que adianta furar 14 mil e
não achar nada? O Brasil furou 11 e achou
petróleo em oito, depois de fazer estudos, levantamentos. A Petrobrás já vasculhou toda a costa brasileira. Há 29 possíveis áreas. A única que faltava era a do
pré-sal porque tinha limitação técnica. A
partir do momento que as limitações técnicas foram superadas, e a Petrobrás foi
pioneira nisso, não existe outro pré-sal
no mundo, investiu US$ 240 milhões. Não
saiu fazendo furo adoidado por aí!
P&S - Quais são os grandes entraves, do
ponto de vista da legislação brasileira, na
exploração do petróleo brasileiro?
Siqueira - A Lei do Petróleo é um
monstrengo. Nos seus artigos 3º, 4º e 21°,
ela segue a Constituição Federal e diz que
as jazidas de petróleo e o produto da lavra
são da União, portanto, do povo brasileiro.
Entretanto, no Artigo 26, fruto do lobby internacional sobre o Governo FHC e sobre o
Congresso, é dito que quem produzir é dono
David Zilbertajn, na ânsia de entregar logo
tudo, dividiu os blocos a serem licitados com
áreas 220 vezes maiores do que os blocos
licitados no Golfo do México. Temos que
suspender os leilões em definitivo.
P&S - A Petrobrás possui limites
para explorar o petróleo brasileiro?
Siqueira - Não. A ANP tentou colocar um limite no 8º leilão. Por esse
limite, a Petrobrás só poderia adquirir um bloco do pré-sal (8% do total). Conseguimos suspender esse
leilão, através de ação judicial.
do petróleo. É inaceitável que um produto
de tamanho valor estratégico seja entregue
“de mão beijada” para empresas estrangeiras, em detrimento do país. Além disto, a
Participação Especial da União no produto
da lavra, pelo Decreto 2705/98, do governo
FHC, é de, no máximo 40% que, somado aos
royalties atinge pouco mais que a metade
da participação mundial dos paises produtores, que é de 84%. Isto tem que ser mudado, como tem que ser mudado o tipo de contrato de concessão (que dá a propriedade a
quem produz) para partilha, em que o governo é dono e paga uma participação.
O Brasil é o único país que ainda não mudou o marco regulatório em função das novas condições de preço e de reservas. Mas
é o pais que tem maior motivo para fazê-lo.
P&S - A Exxon explora, na soma total, uma
área do tamanho do Campo de Tupi. Isso
não fere a soberania brasileira?
Siqueira - Infelizmente, ela ganhou esse bloco no segundo leilão. O então diretor da ANP,
P&S - Recentemente o jornal Folha de S. Paulo publicou uma matéria mostrando que os royalties não
melhoraram a educação no Rio de
Janeiro, estado que mais ganha
royalties. Como o petróleo pode servir para melhorar a vida da população?
Siqueira - Essa questão dos royalties é
séria. Nos países onde existe produção
em águas profundas, os royalties foram
extintos sob a alegação de alto risco e
alto investimento. Aqui não será diferente, se os leilões prosseguirem. Para
que isto não aconteça, é preciso estender os royalties para todos os estados e
todos os municípios do país. Além de o
montante dar com sobra para todos, é
preciso ter apoio de todos os congressistas para não deixarem extinguir os
royalties. Se for apenas meia dúzia de
estados a se beneficiarem, os demais
estarão se lixando para a extinção. Mas,
sem dúvida, é preciso disciplinar o uso
desses royalties. Direcioná-los para saúde educação e infra-estrutura. Não podem ser usados para fins eleitoreiros ou
obras de fachada como calçadas de mármore e outros absurdos enquanto vários municípios têm carências elevadas.
Tem que disciplinar realmente.
ANÚNCIO DA SEBIVAL
ROSE, DA GRÁFICA DEMAR,
JÁ ESTÁ COM ARTE ORIGINAL
Outubro
2008
15
LOJAS DE CONVENIÊNCIA
EXPLORE MELHOR SEU PONTO DE VENDA
por CLÁÚDIO CORRERA, diretor da MPP Marketing
A
As oportunidades geradas pelo ponto
de venda (PDV), que tem nos combustíveis uma importante âncora geradora de tráfego de clientes, são pouco aproveitadas pelos postos de serviços. A venda sugestiva pode gerar
alguns milhares de reais no final de
um ano, pela simples atitude de oferta feita pelo frentista no momento do
abastecimento.
A fórmula de cálculo que muitos
me perguntam é simples: se o abastecimento médio no Brasil é de 20 litros, divida a sua galonagem mensal
por 20 e terá um número bem aproximado de oportunidades geradas na
pista/ilha de bombas por mês. Multiplique esse número por doze meses
para ter uma melhor dimensão. Exemplo: 150 m3 de venda mês : 20 = 7.500
abastecimentos/mês x 12 meses =
90.000 oportunidades de venda/ano.
Crie alternativas de produtos que
atendam o perfil do seu cliente e fixe
16
Outubro
2008
uma meta de venda sugestiva para
sua equipe de modo que possa ter
uma margem de R$ 0,50 centavos em
60% dos abastecimentos, Isso irá
gerar, no final do ano, um ganho extra
de R$ 27 mil , sem custos adicionais,
uma vez que todas as despesas fixas já estão pagas.
Quer melhorar, coloque itens de
maior valor agregado como palhetas de
limpador de pára-brisas na pista para
que seus frentistas ofereçam nos dias
de chuva. Refrigerante, água gelada ou
sorvete nas tardes de verão... Carvão e
gelo no final de semana... Algo que atenda desejos de compra por impulso, gerado pela facilidade de ter o que precisa servido na mão, sem sair do carro.
Como tenho dito as oportunidades
de vender algo a mais sempre existe,
mas é preciso ter a atitude de oferecer o produto com foco nos desejos
dos clientes. Para isso, além de dispor das mercadorias na pista, é ne-
cessário preparar a equipe para que
deixe de ser meros atendentes para
se comportar como vendedores. Boas
conversas e treinamento ajudam, mas
metas e incentivos diários, cobranças
de resultados e prêmios no final do
mês contribuem para bons lucros.
Poucos revendedores fazem dessa
estratégia uma ferramenta de resultados, mas ela sempre foi eficaz para
aqueles que trabalham com o foco na
exploração de todo o potencial do ponto comercial que tem na mão, composto
pelo tráfego de pessoas, motoristas e
acompanhantes, estimulado pelo abastecimento obrigatório do automóvel pelo
menos uma vez por semana.
Outro erro estratégico é esquecer
as oportunidades e potencial de compra dos clientes a pé, que circulam
na área de influência do estabelecimento, que dependendo da localização podem ser mais importantes do
que os consumidores motorizados.
VENDAS POR CARTÕES SERÃO FEITAS
POR UM ÚNICO EQUIPAMENTO
O
O Senado está prestes a aprovar projeto de lei em que os
comerciantes serão autorizados a utilizar apenas um equipamento eletrônico para efetuar vendas a crédito e débito,
mesmo que as operações sejam feitas por meio de diferentes bandeiras de cartões. O PL 677/07, de autoria do senador Adelmir Santana (DEM-DF), tem como objetivo reduzir
os custos para os consumidores. Atualmente, como explicou o autor da proposta, muitos pequenos comerciantes
são obrigados a alugar diversos equipamentos - um de
cada bandeira de cartão de crédito ou débito - para poderem efetuar as suas vendas.
Segundo o texto já aprovado pela Comissão de Ciência,
Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), “será
obrigatório, para as transações de crédito e débito, o
compartilhamento das redes de coleta e processamento de informações, inclusive dos equipamentos terminais, dos operadores de cartão que disponibilizam essas funcionalidades”. O
projeto ainda será examinado, em decisão terminativa, pela
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
RANKING DE CUSTOS E PREÇOS
SETEMBRO 2008
INDICADORES
Confira os índices máximos
e mínimos e as variações
de preços e custos de
combustíveis, segundo
dados oficiais da Agência
Nacional de Petróleo
(ANP).
Os índices citados são referentes à média nacional,
do Estado de São Paulo e
de cinco cidades da Baixada Santista (Santos, São
Vicente, Praia Grande,
Itanhaém, Cubatão e
Guarujá) e devem ser utilizados apenas como fonte
de informação para o
gerenciamento dos postos
revendedores.
SETEMBRO (1)
Semana 1 a 6
PREÇO AO CONSUMIDOR
PREÇO DA DISTRIBUIDORA
SETEMBRO (2)
Semana 21 A 27
PREÇO AO CONSUMIDOR
METODOLOGIA:
PREÇO DA DISTRIBUIDORA
VARIAÇÕES (2-1)
Média
Consumidor
Média
Distribuidora
O Levantamento de Preços e de Margens de Comercialização de Combustíveis abrange Gasolina
Comum, Álcool Etílico Hidratado Combustível e Óleo Diesel Comum, pesquisados em 411 municípios
em todo o Brasil, inclusive Estado de São Paulo e as cidades de Santos, São Vicente, Praia
Grande, Itanhaém, Cubatão e Guarujá. O serviço é realizado pela empresa Polis Pesquisa LTDA.,
de acordo com procedimentos estabelecidos pela Portaria ANP Nº 202, de 15/08/00. O trabalho
paralelo desenvolvido pelo Resan consiste em compilar os dados e calcular as médias de preços e
custos praticados pela revenda e pelas distribuidoras, sempre com base nos dados fornecidos pelo
site da ANP. Mais informações pelo www.anp.gov.br ou pelo 0800-900267.
CONFIRA OS VALORES DE FORMAÇÃO
DOS PREÇOS DA GASOLINA E DIESEL
Fonte: Fecombustíveis
(*) Valores médios estimados
Outubro
2008
17
Variedades
SETEMBRO
ANIVERSARIANTES
2ª QUINZENA DE OUTUBRO
16
Rosana Rodrigues de Queiroz dos Santos
Auto Posto D’ Marco - Mongaguá
17
5
6
Florindo Lanci
Auto Posto La Caniza - Guarujá
19
Dilermando do Nascimento
Auto Posto Ponto de Encontro - Iguape
Auto Posto Postal de Iguape - Iguape
Auto Posto Postal de Iguape II - Ilha Comprida
Auto Posto Ponto de Encontro II - Ilha Comprida
7
Auto Posto Ponto de Encontro IV - Iguape
Pedro Silva de Souza
8
Comércio de Combustíveis 568 da Régis
10
Barra do Turvo
21
Patrícia Vanessa Vieira
Posto Globo Caiçara - Praia Grande
25
13
Fernando Quintas Jorge
Auto Posto e Centro de Conv Glicério
Santista - Santos
28
Valter Aragão Gonçalves
14
Auto Posto Ferry Boat - Santos
29
Heid Aparecida Machado
Auto Posto Miom - São Vicente
30
João Giovanella
Comércio de Combustíveis Giovanella
Barra do Turvo
1ª QUINZENA DE NOVEMBRO
3
4
15
Reginaldo Seiji Monma
Auto Posto Cajati - Cajati
Cícero Pascoal da Silva
Posto e Garagem Carmar - Santos
Dimas Nogueira Santana
Auto Posto Dila - Guarujá
Maria Del Mar Perpétua Eiras
Rodriguez
Auto Posto Itanhaém - Itanhaém
Nara Schucman
Prata Serv. Automotivos - São Vicente
Reginaldo Ferreira da Silva
Bomba Campo Grande - Santos
Milton Benzzatti
Posto Maxi Power - Santos
Claudinéia de Paula Ferreira
Auto Posto Monumento - São Vicente
Alzira Pontes
Posto Alvorada de Miracatu - Miracatu
Posto Laridany - Miracatu
Eliseu Braga Chagas
Auto Posto Pôr do Sol - Itanhaém
Nelsino Pacheco
Comercial Alvorada Center - Santos
Antônio Fernandes Ribeiro
Posto de Serviços Albatroz - Bertioga
Basílio Eiras Rodriguez
Auto Posto Itanhaém - Itanhaém
Floripes da Conceição Nunes Mendes
Floripes da Conceição N. Mendes
Santos
Rogério Marques da Silva
Presidentes dos Sindicatos
Marques e Marques Auto Posto de
20/10 - Roberto Fregonese
Sindicato do Paraná
26/10 - Manuel Fonseca da Costa
Sindicato do Município do Rio de Janeiro
08/11 - Luiz Felipe de Moura Pinto
Sindicato do Amazonas
Serviços - Peruíbe
Hélio Esmi
Auto Posto Chaves - São Vicente
03 - Visita a
Unimed Santos, acompanhado pelo vice-presidente
Ricardo Lopez;
09 - Reunião com Sindicato
dos Empregados em LavaRápidos para negociação de
acordo coletivo, representado
pelo 2º vice-presidente Flávio
Ribas, o diretor José Queiroz e
o assessor Avelino Morgado;
15 - Participação no Coquetel de Comemoração da
chegada do Gás Natural
Canalizado em Santos
promovido pela COMGÁS,
acompanhado do vicepresidente Ricardo Lopez;
23 - Reunião do Conselho
Regional do SENAC, em
São Paulo;
24 - Reunião com o Delegado Regional da Receita
Federal e com os presidentes dos CMDCA, em Santos, acompanhado pelo
assessor Avelino Morgado;
27 - Inauguração da Unidade
de Negócios da Unimed
Santos;
Dados fornecidos pela secretaria do Resan:
Marize Albino Ramos
Secretária
Maria do Socorro G. Costa
Telemarketing
SAÚDE OCUPACIONAL
AV. ANA COSTA, 136 - VILA MATHIAS - SANTOS
TELEFAX (013): 3233-2877
www.labormed-sso.com.br - e-mail: [email protected]
ESTACIONAMENTO PARA CLIENTES NO LOCAL
18 Outubro
2008
PARA ANUNCIAR,
LIGUE (11) 5641-4934
OU (11) 9904-7083
FECOMBUSTÍVEIS SUGERE ADIÇÃO DE CORANTE AO
ÓLEO DIESEL MARÍTIMO PARA COMBATER FRAUDE
A
A Fecombustíveis encaminhou ofício à ANP denunciando e mostrando preocupação com a crescente
venda irregular de óleo diesel marítimo, bem como com a baixa fiscalização por parte dos órgãos competentes. O fato é que o produto
destinado a embarcações é desobrigado de ter a mistura de 3% de
biodiesel, o que o torna mais barato.
“Considerando-se que o biodiesel
tem um custo por litro maior que o
óleo diesel, naturalmente, a adição
de biodiesel, em qualquer proporção, Diesel marítimo é mais barato que os demais
torna o produto mais caro que o diesel específicas características, o diesel
tradicional”, diz o documento assinado metropolitano tem ainda um sobrepreço
por Paulo Miranda, presidente da Fe- da ordem de R$ 0,02 em relação ao
deração. No caso do combustível B3, diesel tradicional, fazendo com que a
a Fecombustíveis estima que o diferença entre o B3 metropolitano e o
percentual de 3% representa um acrés- óleo diesel marítimo chegue à casa dos
cimo final da ordem de R$ 0,06 a R$ R$ 0,10", complementou.
0,07 no preço ao consumidor.
A irregularidade de tal ação está no
“Não bastasse, em função das suas fato dos fraudadores comercializarem
óleo diesel marítimo como óleo
diesel interior ou metropolitano.
O ato criminoso, como diz o ofício, incute concorrência desleal,
evasão fiscal e infração ambiental.
Todos esses atos são passíveis de
punição.
CORANTE AZUL
A Fecombustíveis apresenta como
proposta de combate, a adoção de
um programa de adição obrigatória
de um corante azul ao óleo diesel
marítimo comercializado no Brasil. O
mecanismo de diferenciação já é usado
com sucesso no álcool anidro. Em estados onde vigoram incentivos à pesca, com subsídio do diesel destinado
às embarcações, a ANP vem registrando diversos casos de não-conformidade do diesel vendido em postos de combustíveis que abastecem veículos em
geral e caminhões.
Outubro
2008
19
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