Números complexos: uma intervenção com o software GeoGebra. Felipe Contini1 GD3 – Educação Matemática no Ensino Médio. Tem-se como objetivo de pesquisa desenvolver a compreensão de que a adição e a multiplicação de números complexos podem ser respectivamente visualizadas, graficamente, como translação e rotação no plano cartesiano. Colocam-se duas questões de pesquisa: “Um conjunto de atividades, num ambiente com o software GeoGebra, desenvolve a visualização da adição de números complexos como uma translação no plano cartesiano?” e “Um conjunto de atividades, num ambiente com o software GeoGebra, desenvolve a visualização da multiplicação de números complexos como uma rotação no plano cartesiano?”. Para atingir o objetivo proposto e responder as questões de pesquisa, pretende-se adaptar, para serem usadas com o software GeoGebra, as situações de aprendizagem propostas para o 2 o bimestre do 3o ano do Ensino Médio no Caderno do Aluno da Proposta Curricular do Estado de São Paulo, para o ensino de Números Complexos e aplicar as atividades resultantes dessa adaptação a um grupo de alunos do Ensino Médio. Em virtude do caráter dinâmico do software GeoGebra e de sua ferramenta “Janela da Álgebra”, espera-se que com a aplicação dessas situações os sujeitos consigam fazer a relação entre as expressões algébricas e as respectivas isometrias, no caso da adição e da multiplicação de números complexos, num movimento que Raymond Duval, na Teoria dos Registros de Representação Semiótica, chama de conversão e que deverá fazer parte da fundamentação teórica escolhida, tanto para elaboração das situações como para a análise dos dados. Para gerenciar a aplicação das atividades, pretende-se utilizar uma abordagem baseada nas ideias do Design Experiment. Palavras-chave: Números Complexos. Álgebra. Geometria. GeoGebra. Ensino Médio. Conversão. Introdução Desde o Ensino Médio, na época em que era aluno, tivemos interesse por Matemática. Ao chegar no 3º ano do Ensino Médio, após a realização de um teste vocacional que indicou que nossa maior aptidão seria a área de Exatas, fomos prestando alguns vestibulares e ingressamos na Licenciatura em Matemática, curso no qual nos realizamos profissionalmente. Após a formatura, em julho de 2005, na Universidade do Oeste Paulista, 1 Universidade Anhanguera de São Paulo, e-mail: [email protected], orientadora: Vera Helena Giusti de Souza. começamos a ministrar aulas na Secretária da Educação do Estado de São Paulo, trabalhando como professor eventual até 2006, quando ingressamos como professor efetivo. Em 2007, fomos um professor que buscava despertar nos alunos interesse pela Matemática e vimos necessidade de uma especialização. Começamos, então, a cursar uma pósgraduação Latu Sensu em Matemática Estatística, pela Universidade Federal de Lavras. Como trabalho de conclusão, elaboramos uma monografia com o título “A importância dos Jogos de processo ensino aprendizagem da Matemática” e todo esse trabalho foi sendo desenvolvido paralelamente com os alunos em sala de aula. Em 2009, ingressamos na Secretaria de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, para ministrar aulas na ETEC de São Sebastião, o que foi um desafio na nossa vida porque nunca tinha trabalhado com cursos técnicos concomitantes com o Ensino Médio. Trabalhamos durante esse ano especificamente com alunos do 3º ano do Ensino Médio e no início do 2º Bimestre, em meados de Maio, começamos a trabalhar em classe com os Números Complexos. Foi um dia marcante na nossa vida, pois um aluno perguntou: Para que servem números complexos? Onde vou usar isso na minha vida? Demos algumas explicações, tentando mostrar a importância dos números complexos, mas aquela pergunta deixou-nos inquieto com o assunto e começamos a pesquisá-lo. Ao analisar a Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008), verificamos que no 2º bimestre da 3ª série do Ensino Médio é proposto aos professores que trabalhem com os Números Complexos e suas representações geométricas. No Caderno do Aluno (2014), material utilizado por toda a rede pública estadual paulista, são sugeridas 12 atividades para a abordagem dos números complexos, todas propostas principalmente na forma algébrica, sem ênfase para a representação geométrica. Surgiu-nos então a curiosidade de adaptar tais atividades para realizá-las numa abordagem diferente – e diríamos complementar – com o uso do software livre GeoGebra, para mostrar a um grupo de alunos do Ensino Médio que a adição e a multiplicação de números complexos podem ser “dinamicamente” vistas, respectivamente, como translação e rotação no plano Argand-Gauss. Tal visão dinâmica, no nosso entender, pode cumprir dois papéis na aprendizagem dos números complexos: que o aluno adquira um conhecimento algébrico e principalmente que ele faça a conexão da Álgebra com a Geometria, aprendendo duas formas importantes e diferentes de representar a adição e a multiplicação. Com essa curiosidade em mente, fomos procurar o Programa de Pós-graduação em Educação Matemática da Universidade Anhanguera de São Paulo (UNIAN), com o intuito de desenvolver uma Dissertação de Mestrado com esse tema. Fomos aceitos no Programa e o iniciamos em março de 2014. O presente projeto é o resultado de um semestre de pesquisa, no qual buscamos teses, dissertações e artigos para fundamentar a importância de propor uma abordagem mais “dinâmica” dos números complexos. Justificativa Para justificar o trabalho com números complexos, vinculado às transformações isométricas do plano e com o uso de um software dinâmico, fomos procurar o que dizem: o Currículo de Matemática2 do Estado de São Paulo (CMESP, 2010); os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio Mais (PCN+, 2012); alguns livros didáticos de Matemática indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 2012); e algumas pesquisas na área de Educação Matemática. Pelo CMESP (2010, p. 69), o estudo com Números Complexo deve ser feito de modo a desenvolver algumas habilidades. Dentre elas, destacamos: [...] Compreender o significado geométrico das operações com números complexos, associando-as a transformações no plano [...]. Esta habilidade é exatamente a que desejamos desenvolver com nosso trabalho. Analisamos três livros de Matemática para o Ensino Médio, utilizados em escolas estaduais do Estado de São Paulo, portanto indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PLND) de 2012, a saber: Matemática: contexto e aplicações, de Luiz Roberto Dante (DANTE, 2010); Matemática: ciência, linguagem e tecnologia, de Jackson Ribeiro (RIBEIRO, 2012); e Novo olhar-Matemática, de Joamir Roberto de Souza (SOUZA, 2010) e percebemos que os números complexos são apresentados de uma forma padrão, ou seja, um fato histórico é citado, sem estar diretamente relacionado com o conteúdo a ser desenvolvido e apresenta-se uma revisão dos conjuntos numéricos até chegar aos números 2 Quando nos referirmos ao Currículo de Matemática do Estado de São Paulo abreviaremos para CMESP complexos; em seguida, são apresentadas três maneiras de representar os números complexos, quais sejam: por pares ordenados, na forma algébrica e na forma trigonométrica (que também é algébrica) e, a partir dessas representações, são definidas as operações básicas, como adição e multiplicação, sem relacioná-las com as transformações geométricas que podem ser associadas a elas no plano cartesiano complexo. É nossa interpretação que o conteúdo não é contextualizado, pois há um apego ao uso de fórmulas e definições algébricas e os exercícios são aplicações diretas dessas fórmulas. Acreditamos que tais abordagens podem gerar certa insatisfação tanto para os alunos quanto para os professores. Ao fazer a leitura das dissertações de Rosa (1998) e de Oliveira (2010) e ao analisar os livros didáticos do PNLD de 2012, percebemos a necessidade de trabalhar a rotação e a translação de números complexos no plano cartesiano utilizando um software, pois acreditamos que iremos despertar nos alunos interesse sobre os números complexos e o uso de um software como o GeoGebra poderá ajudar na compreensão e na visualização da multiplicação e da adição de números complexos, respectivamente como rotação e translação no plano cartesiano, além de permitir trabalhar, concomitantemente, os registros algébrico e gráfico. Nos PCN+ (2012, p.120), os números complexos são apresentados no tema1: Álgebra: números e funções e os procedimentos básicos desse tema são calcular, resolver, identificar variáveis, traçar e interpretar gráficos e o tema possui fortemente o caráter de linguagens e códigos (números e letras), o que implica num estudo que faça uso de representações algébricas e gráficas. Mais uma razão para um trabalho voltado para o uso de um software dinâmico, que “mostre” a rotação e a translação no plano como uma aplicação da multiplicação e da adição de números complexos e vice versa e ainda permita “ver” as expressões algébricas correspondentes. A PROPOSTA CURRICULAR DE SÃO PAULO A nova Proposta Curricular de São Paulo foi lançada com o objetivo de unificar o currículo das escolas da rede pública do Estado de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo 3 – SEE/SP – “seu dever é garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competências, para que nossas escolas funcionem de fato como uma rede” (SEE/SP, 2008, p.8). Ressaltamos que a Proposta Curricular enfatiza a importância de se desenvolver a competência leitora e escritora, uma vez que acredita que “só por meio dela será possível concretizar a constituição das demais competências, tanto as gerais como aquelas associadas a disciplinas ou temas específicos” (SEE/SP, 2008, p.18). No caso dos números complexos, vemos que a visualização das operações com números complexos pode enriquecer o repertório de imagens dos alunos e, assim, permitir que se desenvolva tanto a competência leitora , como a escritora. MATERIAL DE APOIO O material de apoio fornecido pela SEE/SP, que integra a nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo, é composto por 76 cadernos, multisseriados, para cada disciplina do currículo, de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental – Ciclo II e do Ensino Médio, intitulados Caderno do Professor e Caderno do Aluno. Em cada caderno e para cada assunto são apresentadas algumas situações de aprendizagem, que devem ser desenvolvidas e discutidas pelo professor. O Caderno do Professor4 – Matemática apresenta a resolução das situações de aprendizagem e, para cada uma delas, são indicados: o tempo estimado para sua realização; conteúdos e temas abordados; competências e habilidades que se devem mobilizar; estratégias e roteiro para aplicação das atividades; e considerações sobre avaliação. Ao final do caderno, são dadas algumas orientações para a recuperação dos alunos que não conseguiram atingir os níveis de conhecimento esperado. Em particular, no caso dos números complexos, é solicitado ao professor “Trabalhar o significado dos complexos e das operações” (2014), que é a preocupação nossa com o tema. O Caderno do Aluno 5 traz as situações de aprendizagem, com mapas, tabelas, gráficos, exercícios ou textos que abordam os conteúdos propostos pelo currículo. Algumas dessas situações, que envolvem os números complexos, serão selecionadas e adaptadas para o uso 3 Quando citarmos a Secretaria de Educação do Estado, abreviaremos para SEE/SP. Quando nos referirmos ao caderno do Professor, da disciplina Matemática, abreviaremos para CPM. Quando nos referirmos ao caderno do Aluno, da disciplina Matemática, abreviaremos para CAM. 4 5 com o software GeoGebra e irão compor o conjunto de atividades de nossa intervenção junto a um grupo de 8 alunos do 3º ano do Ensino Médio. As atividades do CAM, volume 1, foram elaboradas para serem trabalhadas apenas num ambiente papel & lápis. Nele, não se faz menção para a utilização de um recurso tecnológico. Resolvemos, então, que vale a pena tentar adaptá-las para o uso num ambiente informático, com o software GeoGebra, num caminho de pesquisa similar ao desenvolvido por Felipe (2013), que adaptou as situações de ensino do assunto função, também para uso com o software GeoGebra e aplicou as atividades adaptadas a um grupo de 6 alunos de uma 1ª série do Ensino Médio e concluiu que o ambiente utilizado, com auxílio do software para resolução das atividades, proporcionou aos alunos melhor visualização dos gráficos das funções e contribuiu para uma mudança na postura do aluno, que saiu da condição passiva e assumiu uma postura ativa na construção do conhecimento. Acreditamos ter justificado a realização de nossa pesquisa de Mestrado com os números complexos. Assim, colocamos como objetivo de nosso trabalho Desenvolver a compreensão de que a adição e a multiplicação de números complexos podem ser respectivamente visualizadas, graficamente, como translação e rotação no plano cartesiano. Com esse objetivo, colocamos nossas questões de pesquisa. Um conjunto de atividades, num ambiente com o software GeoGebra, desenvolve a visualização da adição de números complexos com uma translação no plano cartesiano? Um conjunto de atividades, num ambiente com o software GeoGebra, desenvolve a visualização da multiplicação de números complexos com uma rotação no plano cartesiano? Para atingir nosso objetivo e responder nossas questões de pesquisa, pretendemos adaptar, para uso em um ambiente informático, com o software GeoGebra e aplicar o conjunto de situações de ensino proposto no Caderno do Aluno da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2014), para trabalhar os Números Complexos. Em virtude do caráter dinâmico do software GeoGebra e de sua ferramenta “Janela da Álgebra”, espera-se que com a aplicação dessas situações os sujeitos consigam fazer a relação entre as expressões algébricas e as respectivas isometrias, no caso da adição e da multiplicação de números complexos, num movimento que Raymond Duval, na Teoria dos Registros de Representação Semiótica, chama de conversão e que deverá fazer parte da fundamentação teórica escolhida, que também servirá de base para a análise dos dados. Fundamentação teórica Pretendemos utilizar as ideias da Teoria dos Registros de Representação Semiótica (DUVAL, 1995, 2013), segundo as quais, para aprender Matemática, comunicá-la, trabalhar com ela e não confundir um objeto matemático com suas representações, um sujeito precisa discriminar e utilizar pelo menos dois sistemas semióticos de representação, bem como conhecer as regras que permitem modificar um registro, dentro de um mesmo sistema semiótico (chamado tratamento na teoria) e transformar um registro em um sistema semiótico em um registro em outro sistema semiótico (chamado conversão na teoria). Duval (1995, 2013) afirma também que a conversão não é espontânea e precisa ser ensinada, em sala de aula, sob responsabilidade do professor de Matemática. Por essas razões, acreditamos que podemos contribuir para a aprendizagem dos números complexos se utilizarmos o software GeoGebra para explorar um tipo de registro gráfico dinâmico, na tela do software, associado ao registro algébrico, com a ferramenta “Janela da Álgebra” Revisão de Literatura Apresentamos um resumo das leituras realizadas até o presente momento e que retratam a importância de trabalhar os números complexos e de utilizar um software, no caso o GeoGebra, para mostrar aos alunos que o produto de números complexos pode ser visualizado como uma rotação no plano cartesiano de Argand – Gauss. Pretendemos, com estas leituras, que são pertinentes ao nosso tema e nos dão subsídios para desenvolver nossa Dissertação de Mestrado, colocar nossa pesquisa no cenário das já realizadas na área de Educação Matemática. Rosa (1998) analisou 6 livros didáticos da época e percebeu que em nenhum deles se abordam os números complexos por meio de uma equação de 3º grau: em alguns, a abordagem inicial é feita por pares ordenados, inclusive para definir a adição e a multiplicação, enquanto outros abordam os números complexos na forma pertencendo a e com e em seguida introduzem as operações algebricamente. e Em sua pesquisa, Oliveira (2010) abordou os “Números complexos: um estudo dos registros de representação e de aspectos gráficos” com um trabalho dos aspectos gráficos no plano cartesiano de Argand – Gauss. Historicamente esses números surgiram quando Bombeli, ao tentar resolver uma equação do terceiro grau usando a fórmula de Cardano-Tartaglia, depara-se com a raiz quadrada de um número negativo e começa a operar com essas raízes, não considerando-as como números, mas sim, com uma representação [...] A ideia é propor aos alunos que resolvam uma equação do terceiro grau, pelo método de Cardano- Tartaglia, ao resolvê-la poderão se deparar com a raiz quadrada de um número[...](Rosa, 1998, p. 118, apud OLIVEIRA, 2011)Esta resolução utilizando o método do Cardano-Tartaglia é utilizada no caderno do aluno da Secretária do Estado de São Paulo bem como é apresentada nos livros. Porém acreditamos que podemos ir mais longe, trabalhando como os alunos as propriedades de potenciações demostrando a eles por interpretações gráficas as rotações. [...] Quais seriam as possiblidades e consequências de se apresentar os números complexos, com enfoque em aspectos geométricos, a alunos que veriam pela primeira vez? Como se estruturaria uma sequencia com esses objetivos?[...] (OLIVEIRA, 2010, P.171) Ardenghi (2008) sugere que se apliquem sequências de ensino que proporcionem uma participação mais ativa do aluno na construção do conhecimento, levando em consideração as concepções prévias dele sobre o conceito; que se utilize a informática como ferramenta facilitadora no estudo do gráfico; e que se trabalhe com problemas contextualizados e com situações mais próximas do cotidiano do aluno, para que ele possa “compreender o conceito de função como ferramenta de resolução de problemas” (ARDENGHI, 2008, p.71). no nosso caso, esperamos que isso ocorra, no caso dos números complexos. Com o avanço da tecnologia, ambientes computacionais estão sendo utilizados como recurso para auxiliar alunos na aprendizagem de conceitos matemáticos. Verificamos essa preferência pelo tema no estado da arte feito por Ardenghi (2008) que, num curto período analisado, aponta 32,5% de adeptos ao uso da tecnologia em sala de aula. Entendemos que talvez seja esse o caminho para que os alunos apreendam conceitos matemáticos de maneira significativa. Por essa razão, queremos adaptar as situações de aprendizagem do CAM, no caso dos números complexos, para trabalhá-las num ambiente informático, com o software GeoGebra, numa tentativa de verificar se o uso dessa ferramenta pode alavancar a aprendizagem da relação entre: a adição de números complexos e a translação no plano cartesiano; a multiplicação de números complexos e a rotação no plano cartesiano. Considerações metodológicas Pretendemos desenvolver uma pesquisa interventiva, com análise qualitativa dos dados, num grupo de 8 alunos do 3ºano do Ensino Médio, num trabalho em duplas, que deverão ser acompanhadas por um observador neutro, num ambiente informático com o software GeoGebra. Para a aplicação das atividades, escolhemos como metodologia o Design Experiment (COBB, 2003), cuja principal característica é o caráter cíclico, que permite sucessivas iterações das atividades. Com isso, é possível corrigir o percurso à medida que se aplicam as atividades, pois muitas vezes o que é claro para nós, em relação às questões propostas, não o é para o aluno, que pode acabar optando por um caminho que não permite que chegue ao lugar desejado pela atividade. De acordo com essa metodologia, podemos reformular as questões para que os alunos possam fazê-las novamente e, assim, atingir o objetivo proposto. O Design Experiment é uma metodologia utilizada para “desenvolver teorias e, não apenas, para ajustar ‘o que funciona’” (COBB et al., 2003, p.9, tradução nossa), uma vez que surgem da prática e estão relacionadas a um domínio matemático específico. Sendo assim, se faz necessária uma busca na literatura para identificar dificuldades, lacunas existentes, resultados descobertos por meio das pesquisas sobre o objeto matemático que se pretende estudar e o domínio específico esperado que o aluno desenvolva. A escolha do GeoGebra se deve ao fato de ser um software livre de geometria dinâmica, e pode ser utilizado como recurso auxiliador no estudo dos conteúdos matemáticos do Ensino Médio, por oferecer uma interface amigável, que conversa com o usuário de maneira fácil e prática, por meio de comandos disponíveis no software como, por exemplo, os seletores, que ao serem manipulados, permitem que se faça diversas simulações da representação gráfica de funções de maneira rápida e dinâmica, explorando características visuais, articulando a escrita algébrica e a representação gráfica. Pretendemos executar, ao menos, os seguintes procedimentos metodológicos: familiarização com as ferramentas do GeoGebra; escolha e adaptação das situações de ensino do CAM (SEESP, 2014); elaboração das atividades a serem aplicadas; análise didática dessas atividades; aplicação da atividade 1; análise dos protocolos e das observações escritas, obtidos com a atividade 1; readaptação da atividade 1 ou da atividade 2, à luz dos resultados obtidos com a atividade 1; e assim por diante, até a aplicação de todas as atividades elaboradas; análise dos dados e das observações escritas, feitas pelo observador neutro; conclusões; considerações finais. Esperamos que as análises tragam resposta às nossas questões de pesquisa e tragam novas questões, que possam ser exploradas em pesquisas posteriores, por nós ou por qualquer um que se interesse pelo nosso trabalho. Referências ARDENGHI, M. J. Ensino aprendizagem do conceito de função:pesquisa realizada no periodo de 1970 a 2005 no Brasil. 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