EVOLUÇÃO DO ACESSO DOS AGRICULTORES AO PRONAF NO ESTADO DO PARANÁ NO PERÍODO DE 2000 A 2007 [email protected] Apresentação Oral-Agricultura Familiar e Ruralidade CELSO DANIEL SERATTO; RODRIGO GUSTAVO DE SOUZA; JOSÉ LUIZ PARRÉ; RICARDO LUIS LOPES. UEM, MARINGA - PR - BRASIL. Evolução do Acesso dos Agricultores ao PRONAF no Estado do Paraná no período de 2000 a 2007. Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Ruralidade. RESUMO Este trabalho testa, analisa e identifica a distribuição e a associação espacial de indicadores da evolução do acesso dos agricultores familiares ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, na modalidade de custeio, nos 399 municípios do Estado do Paraná, no período entre os anos de 2000 e 2007. A partir dos dados sobre o número de contratos realizados, adotaram-se técnicas de Análise Exploratória de Dados Espaciais AEDE, para verificar a ocorrência de autocorrelação espacial, univariada global e local. Verificou-se que não há correlação espacial global significativa, demonstrando que as variáveis estão aleatoriamente distribuídas. Os testes de autocorrelação espacial local, produzidos pelo método LISA univariado local, indicaram diferentes padrões de clusterização entre os municípios paranaenses, evidenciando padrões de comportamento diversos, especialmente das variável proporção de contratos de PRONAF entre os agricultores familiares. O acesso dos agricultores ao programa depende, além das ações do âmbito estadual e federal, principalmente dos agentes, entidades e organizações localizadas nos municipios. Os resultados obtidos podem indicar a existência de inequidade no acesso dos agricultores familiares ao programa nestes municípios. Palavras-Chave: PRONAF. Crédito Rural. Agricultura familiar. Associação Espacial. Acesso ao Pronaf. ABSTRACT This paper tests, analyzes and identifies the distribution and spatial association of indicators of trends in access of farmers to the “Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar”-PRONAF in annual financing, in 399 municipalities of the Paraná state, in the period between the years of 2000 and 2007. From the data on the number of contracts held, was adopted techniques of Exploratory Spatial Data Analysis - AEDE to the occurrence of spatial autocorrelation, univariate global and local. It was found that no significant correlation overall, demonstrating that the variables are randomly distributed. Tests for local spatial autocorrelation, produced by the method LISA univariate local, showed different patterns of cluster among municipalities of the Paraná state, showing different patterns of behavior, especially the variable proportion of contracts between farmers to the PRONAF. The access of farmers to the program depends, in addition to the actions of the 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural state and federal, and particularly of the agents, entities and organizations located in the municipalities. The results may indicate the existence of inequality in access to the family of farmers in these program. Keywords: PRONAF. Agriculture Finances. Small farmers. Space association. Access to Pronaf. 1. INTRODUÇÃO Segundo Mattei (2001) na década de noventa, dois fatores foram decisivos para mudar o curso da história do credito rural no país. Em primeiro lugar as reivindicações dos trabalhadores rurais, que começaram a ter voz já na Constituição de 1988 e ganharam destaques nos movimentos denominados “Jornadas Nacionais de Luta” que na primeira metade da década de 90, ocuparam definitivamente a agenda pública para o meio rural. Em segundo lugar, os estudos realizados conjuntamente pela FAO e INCRA em 1996, definem com maior precisão conceitual a agricultura familiar e, mais ainda, estabelecem um conjunto de diretrizes que deveriam nortear a formulação de políticas para esse segmento específico. Sabe-se que esse estudo serviu de base para as primeiras formulações do PRONAF (FAO; INCRA, 1996). Em 1996 era criado o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, regido pela resolução nº. 2.310 do Banco Central. De acordo com o manual do PRONAF (MDA, 2008), o programa visa o fortalecimento da agricultura familiar através do auxílio técnico e financeiro, procurando promover o desenvolvimento rural sustentável. O objetivo do PRONAF é criar condições para aumentar a capacidade produtiva, a geração de emprego e renda, e assim, melhorar a qualidade de vida dos pequenos agricultores rurais. Para alcançar os objetivos gerais, o PRONAF tem quatro objetivos específicos (MATTEI, 2001), a saber: ajustar as políticas públicas de acordo com a realidade dos agricultores familiares; viabilizar a infra-estrutura necessária à melhoria do desempenho produtivo dos agricultores familiares; elevar o nível de profissionalização dos agricultores familiares através do acesso aos novos padrões de tecnologia e de gestão social; estimular o acesso desses agricultores aos mercados de insumos e produtos. O PRONAF, operacionalmente está dividido em três modalidades: Crédito Rural (Custeio e de Investimento); Infra-estrutura e Serviços Municipais e Capacitação. Outras mudanças institucionais importantes, de âmbito nacional ocorreram recentemente, em 1° de julho de 2008, com a simplificação das normas para a obtenção de crédito rural do PRONAF. A solicitação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2009) junto ao Conselho Monetário Nacional – CMN, foi resultado das demandas de movimentos sociais dos agricultores familiares, de extensionistas rurais e dos agentes financeiros em tornar as normas mais simples, entre elas destacam-se: a extinção dos grupos C, D e E do Pronaf, constituindo uma única categoria intitulada Agricultura Familiar; nos financiamentos de custeio, as taxas estão entre 1,5% e 5,5% ao ano; nas operações de investimento as taxas de juros entre 1% e 5% anuais; os grupos A (crédito para a reforma agrária) e B (microcrédito rural) não foram alterados; as linhas especiais (como PRONAF Floresta e PRONAF Jovem, entre outras) continuam a existir, mantendo os enfoques sociais e ambientais do Programa e as mesmas taxas de juros e limites de 2 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural financiamento das linhas normais; nas linhas especiais do PRONAF (Agroecologia, Mulher, Floresta e Agroindústria), passaram a ter taxas entre 1% e 2% ao ano. O acesso dos agricultores ao PRONAF é operacionalizado (além das ações de nível federal e estadual) na prática por comitês informais de crédito a nível municipal, que no Estado do Paraná envolve: agentes financeiros (com destaque para o Banco do Brasil e Cooperativas de produtores rurais conveniadas a este, como: Sicredi1 e Cresol2 entre outros), sindicatos de trabalhadores rurais, sindicatos patronais de agricultores, além de membros do poder público local e agentes de assistência técnica e extensão rural (do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, Organizações Não Governamentais e profissionais autônomos). Além das estratégias para melhorar o acesso ao programa, desenvolvidas pelas diversas instâncias, respeitadas as diferenças na estrutura produtiva e do perfil dos agricultores familiares, as peculiaridades, características da natureza, limitações e potencialidades dos agentes e organizações impõe estratégias e resultados diferenciados entre os municípios paranaenses. Dentro deste contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar a evolução da abrangência e da distribuição espacial da modalidade de custeio do PRONAF, entre os municípios do estado do Paraná, onde foram utilizadas técnicas de Análise Exploratória de Dados Espaciais -AEDE, com vistas a testar a existência de autocorrelação espacial e identificar seus padrões de associação e distribuição espacial entre os municípios paranaenses, no período compreendido entre os anos de 2000 e 2007. Este artigo é constituído de cinco seções, iniciando por esta introdução no qual busca discutir de forma breve a evolução do crédito rural e do PRONAF no Brasil, na segunda parte encontra-se uma breve discussão a respeito do credito rural e do PRONAF, na terceira parte é apresentada metodologia e os dados utilizados, na quarta parte a análise dos resultados e discussão e na quinta e última seção as considerações finais. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. UMA RETROSPECTIVA SOBRE O CREDITO RURAL NO BRASIL Durante a década de 1970 o uso do crédito rural cresceu de forma impressionante que pode ser caracterizado por duas características importantes. Primeiramente a demanda excessiva por crédito e a oferta abundante de dinheiro, em boa parte proveniente da conta movimento do Banco do Brasil, fizeram com que o crédito neste período chegasse a um valor muitas vezes próximo ao valor total do Produto Bruto da Agricultura. E, em seguida pelo seu uso pelas autoridades monetárias como o principal instrumento de uma política maior de modernização da agricultura, seja estimulando a demanda por insumos modernos produzidos por indústrias instaladas no país, ou seja, compensando o efeito negativo de algumas políticas macroeconômicas sobre o setor. No início da década de 1980, tem se o esgotamento do processo de industrialização via substituição de importações conjuntamente com a crise da dívida externa. Neste cenário a medidas macroeconômicas de redução de gasto do estado devido à elevada taxa 1 2 Banco do Sistema Sicredi S.A., presente em grande número de municípios do Estado do Paraná. Cooperativa de Crédito Solidário, com ação concentrada nas regiões sul e sudeste do Paraná. 3 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural de inflação. E, com estas medidas macroeconômicas há uma mudança no cenário econômico brasileiro, principalmente no que diz respeito ao crédito rural. “No caso da agricultura, foi proposta uma combinação de medidas para revigorar o crescimento do setor, garantindo o abastecimento interno e a geração de divisas, sem comprometer os objetivos macroeconômicos de controle fiscal” (ARAUJO; BARROS; ALMEIDA, 2000, p.74). Na década de 1980 os efeitos inflacionários fizeram com que houvesse um deslocamento dos ativos financeiros para os não financeiros como forma de proteção às elevadas taxas de inflação do período. Com este deslocamento dos ativos há uma redução do crédito direcionado para a agricultura. A partir da crise da década de 80, tem-se em 1986 um conjunto de medidas visando à unificação do orçamento da União e à transferência do monitoramento da dívida pública para a alçada do Congresso Nacional. A extinção da conta movimento foi uma dessas medidas. Essa conta tinha por objetivo cobrir, diariamente, a diferença entre a captação não monetária e os desembolsos realizados pelo Banco do Brasil e pelo Banco Central. Entre os desembolsos, estavam os empréstimos do Banco do Brasil aos agricultores e os refinanciamentos efetuados pelo Banco Central, cabendo, porém, a responsabilidade de execução financeira ao tesouro nacional (ARAUJO; BARROS; ALMEIDA, 2000). Destarte houve uma redução do crédito decorrente do fim da conta movimento do Banco do Brasil, entretanto mesmo com uma oferta reduzida de crédito, a produção evoluiu positivamente na década. Os anos que correspondem o período de 1987-1996 foram marcados por grandes mudanças de ordem estrutural na economia brasileira, ocorrendo uma mudança na estrutura produtiva brasileira com a modernização da base produtiva e internacionalização da economia. Estes efeitos – estas mudanças estruturais – já faziam parte da agricultura desde 1986 com a redução do crédito rural, ocasionado principalmente pela extinção da conta movimento. Com a extinção da conta movimento, o governo se viu na necessidade de buscar uma nova fonte de recurso para recompor a redução do crédito agrícola, entretanto teria que ser uma fonte não inflacionarias. A partir desta idéia, o governo cria em 1986, no mesmo ano da extinção da conta movimento – a caderneta de poupança rural, “cujos recursos captados junto ao público deveriam ser aplicados principalmente na agricultura” (ARAUJO; BARROS e ALMEIDA, 2000, p. 75). De acordo com Araújo, Barros e Almeida (2000) o período que corresponde entre os anos de 1987 e 1996 foram de turbulência na política de crédito rural, marcada por profundas mudanças na qual o governo procurou durante todo este período novas fontes de financiamentos não inflacionárias para o fornecimento de crédito para o setor agrícola. Com a constituição de 1988 nasceram os chamados Fundos Constitucionais de Financiamento, gerados pelo percentual de 3% da arrecadação do IPI e do IR para aplicação de crédito subsidiado nas regiões Norte (0,6%), Nordeste (1,8%) e Centro-Oeste (0,6%) (FNO, FNE e FNCO, respectivamente), com prioridade para pequenos produtores/empresários rurais e industriais. Em 1990 na Lei nº. 8.023, que reformula o imposto de renda, diz que este recurso deve ser canalizado para a agricultura. E, no ano de 1991, nasce o sistema de pagamento por equivalência em produto nas operações de crédito rural que foi estabelecido pela Lei Agrícola. 4 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural De acordo com Araújo; Barros e Almeida (2000), esse sistema propõe que os produtos agrícolas sejam utilizados como forma de pagamento nos financiamentos, vinculando a correção dos valores emprestados à evolução dos preços dos produtos financiados em três tipos de equivalência, a saber: a equivalência plena que determina que a quantidade contratada seja igual à quantidade a ser paga no vencimento do contrato, incluindo encargos financeiros; subvenção determina que os recursos destinados a cobrir eventuais diferenças negativas entre o valor apurado pela quantidade contratada de produto e a correção financeira da dívida no banco sejam cobertos pelo governo; e estabelece que a diferença entre o valor do produto e o valor da dívida, mais custos financeiros, fica a cargo do produtor-mutuário, sendo essa diferença prorrogada temporariamente ou refinanciada na futura safra. Em julho de 1992 com a regulamentação dos Fundos de Commodities possibilitou a aplicação de recursos financeiros em papéis vinculados a produtos agropecuários. Neste ano também foi aprovado o Certificado de Mercadoria com Emissão Garantida – CM-G, que consistia em um instrumento de capacitação de recursos a ser utilizado por produtores e compradores de produtos agrícolas. A Cédula de Produto Rural criada em 1994 constituise em um outro instrumento para viabilizar o atendimento das necessidades financeiras do setor. Segundo Almeida, Araújo e Barros (2000, p.79) o ano de 1995 foi muito difícil para o mercado financeiro formal e para a agricultura, pelos seguintes motivos: De um lado têm-se os problemas da renda e endividamento dos agricultores, originados do freqüente desencontro entre correções de preços mínimos e correção da dívida. De outro a severa escassez de recursos causaram um penoso e demorado processo de negociação entre as lideranças rurais e o governo; e neste mesmo ano, as autoridades monetárias autorizaram as instituições financeiras a captar recursos no exterior, cujas taxas de juros para o tomador era muito alta3. Diante desse cenário de crise, em 1996, surgiu o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF. 2.2. UMA RETROSPECTIVA DA EVOLUÇÃO DO PRONAF NO BRASIL No início de 1990, de uma forma geral pode se dizer que até o início da década de noventa não existia nenhum tipo de política especial para o segmento da agricultura familiar, sendo esta atividade, inclusive, “uma definição conceitual bastante imprecisa, uma vez que a mesma era tratada de distintas formas (pequena produção, produção familiar, produção de subsistência, etc.)” (MATTEI, 2001). Na década de noventa, o aperfeiçoamento do crédito rural no país, sofreu importante influência das reivindicações dos movimentos sociais de trabalhadores rurais, que começaram a ter voz já na Constituição de 1988 e dos estudos realizados conjuntamente pela FAO em conjunto com o INCRA em 1996 (FAO e INCRA, 1996). que definiram com maior precisão conceitual a agricultura familiar e, mais ainda, estabelecem um conjunto de diretrizes que deveriam nortear a formulação de políticas para esse segmento específico. Sabe-se que esse estudo serviu de base para as primeiras formulações do PRONAF (MATTEI, 2001). Durante o Governo do então Presidente Itamar Franco (em 1994), foi criado o Programa de Valorização da Pequena Produção Rural - PROVAP, cujo objetivo era 3 A taxa de juros deveria cobrir o custo de captação em torno de 8% a.a., o spread do banco e a taxa de variação cambial ao redor de 7%a.a. 5 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural destinar um volume de crédito com taxas de juros mais acessíveis aos agricultores familiares. No ano seguinte, no Governo do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, o PROVAP foi totalmente reformulado, deixando de abranger apenas as ações referentes a créditos de custeio (MATTEI, 2001). Surgiu assim, em 1996, o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, normatizado pela resolução nº. 2.310 do Banco Central e destinado a pequenos agricultores que utilizam principalmente a mãode-obra familiar, passando a abranger a implementação de investimentos em infra-estrutura e capacitação a nível nacional (BACEN, 1996). A partir de 1999, com o início do Segundo Governo FHC, o PRONAF sofreu uma série de alterações institucionais, abordadas de forma sucinta por Mattei (2001), o programa deixou de fazer parte do Ministério da Agricultura, onde era vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Rural - SDR, e foi incorporado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA. Sob esta nova forma organizacional, a agricultura familiar aumentou sua importância, a qual se expressa através da criação da Secretaria da Agricultura Familiar - SAF, no âmbito do MDA. As mudanças compreenderam a criação de diversas linhas de crédito específicas: custeio e investimento normais; crédito rural rápido; crédito especial, investimento especial e crédito agroindústria. Já a modalidade Infraestrutura e Serviços estão voltados para a melhoria da rede da infraestrutura dos municípios (SCHNEIDERI; MATTEI; CAZELLA, 2004). O público beneficiário4 também foi segmentado entre linhas operacionais dentro do programa, em quatro grupos distintos de agricultores familiares, de acordo com a metodologia proposta nos estudos da FAO/INCRA: os estabilizados economicamente Grupo D; os com exploração intermediária, mas com bom potencial de resposta produtiva Grupo C; os com baixa produção e pouco potencial de aumento da produção - Grupo B e os assentados pelo processo de reforma agrária - Grupo A (MDA, 2009). Posteriormente à adoção da segmentação dos beneficiários, ainda em 1999, foram criadas mais três linhas de crédito especiais para os agricultores familiares dos grupos B, C e D. A primeira é o chamado crédito rotativo, também conhecido como Rural Rápido, operado exclusivamente pelo Banco do Brasil. Esse tipo de crédito funciona como um cheque especial em que o agricultor vai utilizando os recursos segundo suas necessidades. “Talvez por isto, ele acaba sendo utilizado majoritariamente pelo segmento dos agricultores familiares do grupo D, justamente os mais capitalizados”. Segundo Abramovay (2002, p. 38). “em 1997 o crédito rotativo correspondia a 37% do valor dos financiamentos de custeio do PRONAF e em 2000 ele já chegava a 52% do total”. Em grande parte, essas modificações visam atender um maior número de beneficiários e expandir a esfera de interferência da agricultura familiar no âmbito da 4 Em relação à delimitação do público-alvo, o programa atende especificamente os agricultores familiares, caracterizados a partir dos seguintes critérios: possuir, pelo menos, 80% da renda familiar originária da atividade agropecuária; deter ou explorar estabelecimentos com área de até quatro módulos fiscais (ou até 6 módulos quando a atividade do estabelecimento for pecuária); explorar a terra na condição de proprietário, meeiro, parceiro ou arrendatário; utilizar mão-de-obra exclusivamente familiar, podendo, no entanto, manter até dois empregados permanentes; residir no imóvel ou em aglomerado rural ou urbano próximo; possuir renda bruta familiar anual de até R$ 60.000,00 (critério que tem evoluído de modo a melhorar sua adequação e em nas atividades intensivas em capital (avicultura ,olericultura) é considerada apenas 50% da renda da mesma no computo da renda total da família) (MDA, 2009). Essas categorias de beneficiários foram definidas pela resolução 2.629, de 10/08/1999, a qual passou a integrar as normas gerais no capítulo 10 do Manual de Crédito Rural (BACEN, 2008). 6 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural produção agropecuária do país, bem como mudanças nas instâncias deliberativas, no âmbito Nacional, Estadual e Municipal. Com relação às fontes de recursos do PRONAF, são três as principais: Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT; recursos do Tesouro Nacional e das Exigibilidades Bancárias (MCR 6.2) e Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO) e do Nordeste (FNE), Além do BNDES, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) assumiu o lugar de principal provedor de recursos, representando cerca de 80% do total desde 1996 até hoje. 2.3 ALGUNS ASPECTOS DO PRONAF NO ESTADO DO PARANÁ No Estado do Paraná, a fim de ampliar o acesso dos agricultores ao PRONAF, especialmente entre aqueles produtores rurais que não dispunham de garantias suficientes para o acesso a financiamentos na rede bancária, no Estado do Paraná, o Governo instituiu complementarmente, através da Lei nº 14.431 de 16/06/2004, o Fundo de Aval Garantidor da Agricultura Familiar do Estado do Paraná (PARANÁ, 2004a), regulamentada pelo Decreto-Lei nº 3.928 de 29/11/2004, que concede garantias complemenares necessárias à contratação de financiamentos (PARANÁ, 2004b). Entre os beneficiários estão os agricultores enquadrados no Grupo C do Programa de Apoio à Agricultura Familiar . PRONAF - de acordo com as normas divulgadas pelo BACEN e condições estabelecidas pela Lei Estadual 14.431, regulamentada pelo DecretoLei 3.928 (PARANÁ, 2004b). O benefício é concedido junto com o financiamento PRONAF, que é operado pelo Banco do Brasil e outras instituições de crédito credenciadas junto a este. O agente financeiro informa se o pretendente ao crédito e o tipo de financiamento poderão ser beneficiados com a cobertura do Fundo de Aval Rural do Estado do Paraná. Para tanto, o agricultor deve apresentar uma “Declaração de Aptidão ao PRONAF” - DAP e assinar formulário de autodeclaração de enquadramento no Fundo de Aval, que são obtidas no escritório da EMATER ou por um dos sindicatos vinculados à FETAEP, FAEP ou FETRAF-SUL (PARANÁ, 2004a; 2004b). 3. METODOLOGIA Para avaliar a evolução da abrangência e distribuição do acesso aos agricultores ao credito de custeio5 no PRONAF entre os municípios no Estado do Paraná, utilizou-se de técnicas de Análise Exploratória de Dados Espaciais – AEDE. De acordo com Almeida (2005), as técnicas de AEDE baseiam-se nos aspectos espaciais contidos numa base de dados, cujo objetivo é descrever a distribuição espacial, testar padrões e regimes de associação espacial (verificar a presença de clusters espaciais), a possível presença de regimes espaciais diferenciados (diferentes formas de instabilidade espacial ou não estacionariedade), bem como a presença e localização de outliers na base de dados. Foi testada a existência de associações espaciais univariada “global” e “local” de uma amostra dos 399 municípios do Estado do Paraná, para as variáveis: 1- Proporção de agricultores classificados como agricultores familiares em relação ao número total de agricultores, por município do Estado do Paraná, de acordo com 5 A modalidade de custeio é a que melhor expressa o montante de agricultores atendidos, pois é obrigatória a renovação anual do contrato junto ao agente financeiro, ao contrário de outras modalidades como investimento. 7 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural números levantados na pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO, em 1996 (FAO e INCRA, 1996). 2- Proporção de agricultores atendidos pelo PRONAF na modalidade custeio em relação ao número total de agricultores familiares, de cada um dos municípios do Estado do Paraná, nos anos de 2000 e 2007, a partir das informações disponibilizadas pelo MDA, sobre o número de contratos abrangidos pelo PRONAF na modalidades de custeio nos respectivos anos acima (MDA, 2008). Proporção de contratos de PRONAF na modalidade custeio em relação ao número total de contratos de crédito de custeio, para cada um dos municípios do Estado do Paraná, nos anos de 2000 e 2007, coma as informações obtidas nos Anuários Estatísticos do Crédito Rural do Banco Central do Brasil de 2000 (BACEN, 2003) e 2007 (BACEN, 2008). Com a finalidade de testar a evolução da abrangência e da dispersão espacial do Programa no período de 2000 a 2007, foram calculados dois índices logaritimizados compostos pela: evolução da proporção de agricultores contemplados com o PRONAF de custeio (número de contratos) entre os agricultores familiares; e evolução do número de contratos de PRONAF de custeio entre o montante de contratos registrados pelo BACEN, entre os anos de 2000 e 2007, para todos os municípios do Estado. Entre as técnicas de AEDE disponíveis para testar a presença de autocorrelação espacial global e local univariada, ou seja, a existência de coincidência de similaridade de valores observados onde foram utilizadas as estatísticas de teste “I” de Moran global e local. A autocorrelação espacial global univariada é testada pela estatística de teste “I de Moran global”, que formalmente é dada por: Onde n é o número de unidades espaciais, yi é a variável de interesse, wij é o peso espacial para o par de unidades espaciais i e j , medindo o grau de interação entre elas. E, compõe uma “matriz de pesos espaciais”6 que determina o padrão de associação espacial entre as unidades geográficas, baseada no grau de contigüidade entre as regiões em estudo. Entre os tipos de matrizes de pesos espaciais mais utilizados, neste trabalho testou-se as convenções do tipo: “rainha” e “6 vizinhos mais próximos”. Adotou-se para a realização dos testes, a primeira. A estatística I de Moran tem um valor esperado de – [ 1/ (n-1) ], valor este que seria esperado se não houvesse padrão espacial nos dados. O valor calculado de I deveria ser 6 A matriz de pesos espaciais (Wy) expressa, de maneira semelhante, a de uma medida de covariância para dada variável entre regiões distintas. É um arranjo imposto pelo pesquisador, estimado para observar, de maneira operacionalizável, a ocorrência das interações espaciais entre as regiões (localidades em estudo) e dá a idéia do grau de interação entre elas. O seu conceito fundamental é baseado na contiguidade, podendo ser definida por critério de vizinhança, distância geográfica ou socioeconômica, e ainda da combinação desses. A desvantagem do uso de critérios de vizinhança (matrizes do tipo: rainha, bispo ou torre – que associam as unidades espaciais a semelhança do jogo de xadrêz) é que não garantem a associação balanceada, baseada numa conectividade física balanceada. Para superar esse problema pode-se adotar a matriz do tipo “k vizinhos”, cuja convenção é baseada na distância geográfica. Para maiores detalhes vide Almeida (2004); Cliff e Ord (1981); Anselin e Kelejian (1997). 8 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural igual a seu a seu valor esperado, dentro dos limites de significância estatística, se yi é independente dos valores yj das regiões vizinhas. O diagrama produzido mostra a defasagem espacial da variável de interesse (wy) no eixo vertical e o valor da variável de interesse (y) no eixo horizontal, ambas de maneira padronizada. A estatística I de Moran pode ser interpretada como o coeficiente angular da regressão da defasagem espacial (wy) contra a variável de interesse (y), dado por: De forma que se o coeficiente angular é positivo, há evidências de autocorrelação espacial positiva e vice-versa. Valores que excedem o valor esperado indicam correlação espacial positiva, e aqueles abaixo do valor esperado de I, indicam autocorrelação espacial negativa. Como um coeficiente de correlação ordinário, tal estatística varia entre +1 e -1. A detecção de autocorrelação espacial global positiva (tendendo a +1) indica que há uma similaridade entre os valores do atributo estudado e da localização espacial do atributo (região, microrregião, município ou localidade). Por outro lado quando ocorre autocorrelação espacial negativa (tendendo a -1) revela a existência de dissimilaridade entre os valores em estudo e o da localização espacial (ALMEIDA, 2004). Eventualmente os padrões de associação global observados podem ser conformes com o dos padrões locais, porém é comum existir casos em que ocorre a indicação de ausência de autocorrelação global oculta a existência de padrões locais de associação espacial ou presença de forte indicação de autocorrelação global que camufla os regimes locais de associação espacial (ALMEIDA, 2004). As estatísticas de teste de autocorrelação global não tem a capacidade de identificar a ocorrência de autocorrelação local estatisticamente significantes (ANSELIN, 1995, p.97 apud ALMEIDA, 2004). Já o indicador I de Moran local tem a capacidade de captar os padrões locais de associação lineares estatisticamente significantes, pois faz a decomposição do indicador global de autocorrelação bem como da contribuição local de cada observação em quatro categorias correspondentes aos quatro quadrantes no diagrama de dispersão de Moran. De acordo com Anselin (1995), a estatística I de Moran local é dada por: Ou: Onde, zi e zj são variáveis padronizadas e a somatória sobre j é tal que somente valores do vizinhos j є ji são inclusos. O conjunto ji abrange os vizinhos da observação i (ALMEIDA, 2004). Segundo Anselin (1995) o indicador de I de Moran local provê uma indicação do grau de agrupamento dos valores similares em torno de uma determinada observação e permite identificar a existência de clusters espacias estatisticamente significantes. O diagrama fornece, além da média global de associação espacial, os agrupamentos ou clusters, representados nos quatro quadrantes os tipos de associação espacial, e que quando se trata de uma análise univariada, é interpretado pelas indicações (ALMEIDA, 2004): 9 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural No primeiro quadrante: Alto-Alto (HH) significa que dada unidade espacial exibe alto valor da variável em estudo rodeada por unidades espaciais que também apresentam alto valor da mesma; no segundo quadrante: Alto-Baixo (HL) significa que dada unidade espacial exibe altos valores da variável em estudo rodeada por unidades espaciais que, ao contrário, apresentam baixos valores; no terceiro quadrante: Baixo-Baixo (LL) significa que dada unidade espacial exibe baixo valor da variável em estudo rodeada por unidades espaciais que apresentam baixo valor da mesma; e no quarto quadrante: Baixo-Alto (LL) significa que dada unidade espacial exibe baixo valor da variável em estudo rodeada por unidades espaciais que apresentam alto valor da mesma. Para observar a presença de associação espacial local (ou clusters espaciais locais) e verificar as localidades que mais contribuem para a existência de autocorrelação espacial utiliza-se a estatística LISA (Local Indicator of Spatial Association) que produz o mapa de clusters, dado pela combinação das informações observadas pelo indicador I de Moran local e do mapa de significância das medidas de associação local (PEROBELLI, 2005 apud PINHEIRO, 2007). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, abaixo foram apresentados os resultados dos testes de associação espacial global para a variável número de agricultores familiares e proporção de agricultores familiares entre os agricultores totais entre os município do Paraná de acordo com os números obtidos da pesquisa FAO e INCRA (1996). O único valor de I de Moran global, estatisticamente significativo, foi obtido para a variável número de agricultores, quando utilizou-se a convenção para a matriz de pesos espaciais do tipo rainha (p-value de 0,0480), indica a ocorrência de certo grau de dissimilaridade espacial, apresentando I de -0,0451, o que representa que municípios com elevado número de agricultores familiares estão circundados por municípios com menor número deles. Para a variável proporção dos agricultores familiares em relação ao número total de agricultores nenhuma das convenções testadas apresentou significância estatística que demonstra aleatoriedade espacial desse atributo. Tabela 1. Estatística I de Moran global para número de agricultores familiares e proporção destes em relação ao número total de agricultores, por município no Paraná. 1996. Parâmetro/variável Número de Agricultores Familiares Convenção 6 vizinhos Rainha Torre Proporção dos agricultores familiares em relação ao número 6 vizinhos total de agricultores Rainha Torre Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa FAO/INCRA (1996). I E(I) p-value -0,0169 -0,0451 -0,0445 0,0082 0,0137 0,0161 -0,0025 -0,0025 -0,0025 -0,0025 -0,0025 -0,0025 0,2730 0,0480 0,0680 0,3290 0,2740 0,2640 10 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1.a. 1.b. Figura 1. Diagramas de I de Moran global: número de agricultores familiares e proporção destes em relação ao número total de agricultores, municípios do Estado do Paraná. 1996. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa FAO/INCRA (1996). * A pseudo-significância empírica é baseada em 9.999 permutações aleatórias e matriz de peso espacial do tipo rainha. Na figura 2, o mapa 2.a. mostra a distribuição espacial da variável número de agricultores familiares nos municípios paranaenses, a qual estão classificados em relação ao desvio padrão da amostra. Apresentaram valor da variável acima de 2 vezes o desvio padrão (outliers superiores) 19 municípios, em ordem decrescente: Tamarana; Cafeara; Florestópolis; Quatro Pontes, Nova Esperança do Sudoeste; Campo do Tenente; Bom Sucesso do Sul; Fênix; Dois Vizinhos; Curitiba; Iretama, Formosa do Oeste; São Manoel do Paraná; Coronel Vivida; Porecatú; Tibagi; Corbélia; Califórnia e Santa Cruz de Monte Castelo. O mapa 2.b. mostra a distribuição espacial da variável proporção do número de agricultores familiares em relação ao número total de agricultores nos municípios do estado, também estão classificados em relação ao desvio padrão da amostra, 18 deles apresentaram valor da variável 2 vezes abaixo do desvio padrão (outliers inferiores), em ordem crescente, foram: Mangueirinha; Ivaí; Ortigueira; Centenário do Sul; Lidianópolis; Diamante do Norte; Bom Sucesso; Lunardelli; Marechal Candido Rondon; Manfrinópolis; Altônia; Rosário do Ivaí; Godoy moréia; Porto Amazonas; Candido de Abreu; Bela Vista do Paraíso e Mariópolis. E, como outlier superior: Primeiro de Maio. No mapa 2.c. são demonstrados os clusters, produzidos pelo método Lisa a partir da associação da estatística I de Moran local univariada e a significância estatística dessas associações espaciais, para a variável número de agricultores familiares nos municípios paranaenses. Caracterizan-se como cluster alto-alto (High-High), os seguintes municípios: Lupionópolis; São Jerônimo da Serra; Santa Izabel do Ivaí; Salto do Lontra; Enéas Marques e Porto Rico, ou seja, municípios que possuem valor elevado dessa variável e estão associados a municípios vizinhos que também possui elevado valor para a mesma. Como clusters baixo-baixo (Low-Low) são encontrados os municípios de: Ibiporã; Manborê; Porto Amazonas; Balsa Nova; Campina da Lagoa; Guaporema; Rio Bom; Grandes Rios; Jataizinho; Rosário do Ivaí e Faxinal, os quais apresentam atributo com valores baixo associados espacialmente a vizinhos com valor também baixo deste atributo. Os clusters do tipo baixo-alto (Low-High) são encontradoa entre os municípios: Londrina; Mauá da Serra; Querência do Norte; São José dos Pinhais; Santo Inácio; Iracema do Oeste; Alvorada do Sul; Centenário do Sul e Marilândia do Sul representam aqueles que possuem baixo valor para a variável, circundados por vizinhos com alto valor para a variável. 11 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural E, os clusters tipo alto-baixo (High-Low) se encontram nos seguintes municípios: Ariranha do Ivaí; Iretama; Terra Rica; Laranjal e Coronel Vivida, que indicam a associação destes, com baixos valores do atributo, a vizinhos com elevado valor para esse atributo. No mapa 2.d. são demonstrados os clusters para a variável proporção de agricultores familiares pelo número total de agricultores do município. Caracterizam-se como cluster alto-alto: kaloré; Catanduvas; Cascavel; São Carlos do Ivaí; Siqueira Campos; Porto Rico; Ibema; Campo Bonito; Santa Tereza do Oeste e Congoinhas. Como clusters baixo-baixo: Guamiranga; Prudentópolis; Lunardelli; Candido de Abreu; Rosário do Ivaí; Mauá da Serra; Pato Bragado; Clevelândia e Jardim Alegre. Como clusters baixoalto: Pinhalão; Araucária e Rondon. E, como alto-baixo: Honório Serpa; Lupionópolis; Laranjal; Imbaú; Jandaia do Sul; Reserva; Grandes Rios; Pérola; Mato Rico; Boa Ventura do São Roque; Itambé; Foz do Jordão; Ariranha do Ivaí; Marialva e Florestópolis. Na Tabela 2, a seguir, foram apresentadas as estatísticas I de Moran global para as variáveis: proporção dos agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio e proporção de contratos de PRONAF custeio em relação aos contratos totais de custeio, respectivamente para os anos de 2000 e 2007. Não se encontrou significância estatística em nenhuma das convenções testadas, o que demonstra aleatoriedade espacial desses atributos. Porém, para uso nos testes estatísticos utilizou-se a convenção do tipo rainha de mais alta ordem. Tabela 2. Estatística I de Moran global: proporção de agricultores atendidos pelo PRONAF e contratos de PRONAF em relação ao montante de contratos de custeio. 2000 e 2007. Parâmetro/variável Convenção I E(I) Proporção dos agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio em 2000 Proporção dos agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio em 2007 Proporção de contratos de PRONAF custeio em relação aos contratos totais de custeio em 2000 Proporção de contratos de PRONAF custeio em relação aos contratos totais de custeio em 2007 6 vizinhos -0,0075 -0,0025 Rainha -0,0059 -0,0025 6 vizinhos 0,0067 -0,0025 Rainha 0,0061 -0,0025 6 vizinhos 0,0042 -0,0025 Rainha -0,0051 -0,0025 6 vizinhos -0,0020 -0,0025 Rainha -0,0019 -0,0025 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). 2.a. p-value 0,4541 0,4850 0,2465 0,2500 0,2419 0,4960 0,7373 0,7370 2.b. 12 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2.c. 2.d. Figura 2. Mapa de distribuição espacial: número de agricultores familiares e proporção destes em relação ao número total de agricultores, municípios do Estado do Paraná. 1996. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa FAO/INCRA (1996). * A pseudo-significância empírica é baseada em 9.999 permutações aleatórias e matriz de peso espacial do tipo rainha. Na Figura 3, os mapas 3.a. e 3.b indicam as distribuições espaciais para a variável proporção de contratos de custeio de PRONAF por agricultor familiar, entre os municípios paranaenses, nos anos de 2000 e 2007, respectivamente. Em 2000, foram encontrados 266 municípios abaixo da média da variável 0,26 e 133 acima da média, sendo destes 10 outliers superiores, em ordem decrescente: Lapa; Mangueirinha; Santo Inácio; Guamirama; Ivaí; Manoel Ribas; Santo Antonio do Paraízo; Nova Fátima; Saudade do Iguaçu e Rio Negro. No ano de 2007 a média da variável subiu para 0,48 e 265 municípios apresentaram proporção abaixo da média e 134 acima desta, sendo destes 4 outliers superiores: Godoy Moreira; Porto Amazonas; Cambe e Santo Inácio. 3.a. 3.b. 13 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 3.c. 3.d. Figura 3. Mapa de distribuição espacial: proporção de contratos de custeio entre os agricultores familiares, nos município do Estado do Paraná. 2000 e 2007. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). * A pseudo-significância empírica é baseada em 9.999 permutações aleatórias e matriz de peso espacial do tipo rainha. Os mapas 3.c. e 3.d indicam a ocorrência de clusters para essa variável nos anos de 2000 e 2007, respectivamente. Em 2000 caracterizaram-se por clusters do tipo alto-alto: Foz do Jordão; Campo do Tenente; Coronel Vivida; Clevelândia; Colorado; Lupíonópolis; Santa Inês; Palmeira; Reserva do Iguaçu e Rio Negro, como clusters do tipo baixo-baixo: Peabiru; Iracema do Oeste; Barbosa Ferraz; Corumbataí do Sul; Andirá; Ibaiti; Fênix; Jaguariaíva; Campo Mourão; Sapopema; Jandaia do Sul e Vitorino, do tipo baixo-alto: Ipiranga; Contenda; Icaraíma; Balsa Nova; Porto Amazonas; Honório Serpa; Quitandinha; São João do Triunfo; Coronel Domingos Soares; Chopinzinho; Antônio Olinto; Cafeara; São Sebastião da Amoreira e Pontal do Paraná, e do tipo alto-baixo: Porecatu; Santa Mariana; Turvo; Quatro Pontes; Francisco Beltrão; Inácio Martins e Mauá da Serra. E, no ano de 2007, destacaram-se com clusters do tipo alto-alto: Londrina; Palmeira; Sertanópolis; Lunardeli; Arapongas; Santa Inês e São João do Ivaí, como clusters baixo-baixo: Colombo; Guaraci; Carlópolis; Iracema do Oeste; Cerro Azul; Ribeirão Claro; Siqueira Campos; Andirá; Turvo; Fazenda Rio Grande; Vitorino e Munhoz de Mello, como Clusters do tipo baixo-baixo: Carlópolis; Pinhais; Ribeirão Claro; Cerro Azul; Iracema do Oeste; Turvo; Andirá; Colombo; Munhoz de Mello; Fazenda Rio Grande; Guaraci; Vitorino e Siqueira Campos, como clusters do tipo baixo-alto: Lapa; Pontal do Paraná; Iretama; Jardim Alegre; São Sebastião da Amoreira; Prado Ferreira; Bela Vista do Paraízo; Barbosa Ferraz; Balsa Nova; Rolândia e Lupiponópolis, e como altobaixo: Paraízo do Norte; Contenda; Guamirama; Almirante Tamandaré e Clevelãndia. Na Figura 4, os mapas 4.a. e 4.b indicam as distribuições espaciais para a variável proporção de contratos de custeio de PRONAF em relação aos contratos de custeio total registrados no BACEN, entre os municípios paranaenses, nos anos de 2000 e 2007, respectivamente. Em 2000, foram encontrados 226 municípios abaixo da média da variável 0,56 e 173 acima da média, sendo destes 5 outliers superiores, em ordem decrescente: Tomazina; Paranapoema; Piraquara; Santa Inês e Campo do Tenente. Em 2007 a média da variável foi de 0,80 e 220 municípios apresentaram proporção abaixo e 179 acima desta, sendo destes 11 outliers superiores: Sabáudia; Terra Rica; Tupanssi; Santo Antônio do Sudoeste; Luiziana; Iguaraçú; Perobal; Sengés; Pato Bragado; Ibema; General Carneiro e Ribeirão Claro. 14 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Os mapas 4.c. e 4.d indicam a ocorrência de clusters para essa variável nos anos de 2000 e 2007, respectivamente. Para o ano de 2000 foram identificados como clusters altoalto: Ariranha do Ivaí; Jaboti; Guamirama; Pinhais; Wenceslau Braz; São José dos Pinhais; Piên; Jardim Olinda; Ibema; Rio Negro; Inajá e Colorado, como clusters do tipo baixobaixo: Candói; Ortigueira; Quatro Pontes; Iracema do Oeste; Peabiru; Porto Barreiro; Guaraci; Andirá; Mauá da Serra; Centenário do Sul e Cantagalo, como baixo-alto: Conselheiro Mairinck; Paranacity; Quatinguá; Siqueira Campos; Itaguajé; Pinhalão; Arapoti; Santo Inácio; Morretes e Quatro Barras, e como alto-baixo: Porecatú; Nova Prata do Iguaçu; Vera Cruz do Oeste; Ivatuba; Inácio Martins; Campo Mourão; Vitorino; Santa Mariana; Sapopema; Godoy Moreira e Santo Antônio da Platina. E, no ano de 2007, com clusters do tipo alto-alto: Astorga; Pitangueiras; Itaúna do Sul; Pinhal do São Bento e Rolândia, baixo-baixo: Lupionópolis; Cafeara; Tamarana; Reserva; Barra do Jacaré; Querência do Norte; Nossa Senhora das Graças; Santa Mariana; Porto Amazonas; Marilândia do Sul; Santo Antônio da Platina; Centenário do Sul; Mauá da Serra; Ivaí; Guaraci e Santo Inácio, como baixo-alto: Jaguariaíva; Porto Vitória; Nova Londrina; Arapongas; Palmas; Pranchita; Guairaçá; Diamante do Norte; Bom Jesus do Sul e Mandaguari, e do tipo alto-baixo: Santa Cecília do Pavão; Peabirú; Ivatuba; Rio Negro; Alvorada do Sul; Ribeirão Claro; Vitorino; Loanda; Andirá; Siqueira Campos e Guamirama. Foram também calculadas as estatísticas I de Moran para os índices da evolução proporção dos contratos custeio no PRONAF entre os agricultores familiares, bem como sobre o montante das operações de custeio dos municípios registradas no banco de dados do BACEN entre os anos de 2000 a 2007, conforme exposto na Tabela 3 e Figura 5, a seguir. 4.a. 4.b. 15 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 4.c. 4.d. Figura 4. Mapa de distribuição espacial da proporção de contratos de custeio entre os contratos totais de custeio, nos municípios do Estado do Paraná. 2000 a 2007. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). * A pseudo-significância empírica é baseada em 999 permutações aleatórias e matriz de peso espacial do tipo rainha. Tabela 3. Estatística I de Moran global: evolução da proporção de contratos de PRONAF custeio entre os agricultores familiares e evolução da proporção dos contratos de custeio em relação à proporção dos contratos totais de custeio. Paraná. 2000 a 2007. Parâmetro/variável Convenção I E(I) Evolução da proporção dos agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio entre 2000 e 2007 Evolução da proporção dos contratos de custeio de PRONAF em relação aos contratos totais de custeio entre 2000 e 2007 Log do índice da evolução da proporção dos agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio entre 2000 e 2007 Log do índice da evolução da proporção de contratos de PRONAF custeio em relação aos contratos totais de custeio de entre 2000 e 2007 6 vizinhos -0,0285 -0,0025 Rainha -0, 0353 -0,0025 6 vizinhos -0,0286 -0,0025 Rainha -0,0353 -0,0025 6 vizinhos -0,0642 -0,0025 Rainha -0,0735 -0,0025 6 vizinhos -0,0448 -0,0025 Rainha -0,0421 -0,0025 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). p-value 0,1356 0, 0773 0,1336 0,0765 0,0093 0, 0071 0,0509 0,0956 Observa-se que só foi encontrada significância para a associação espacial do índice logaritmizado da evolução da proporção de contratos de PRONAF custeio entre os agricultores familiares, apesar de que para o índice logaritmizado da evolução da proporção de contratos de PRONAF sobre aqueles de custeio em geral ficou bastante próxima do nível de significância de 5%. 5.a. 5.b. Figura 5. Diagramas de I de Moran global: evolução da proporção de contratos de PRONAF custeio entre os agricultores familiares e evolução da proporção dos contratos de custeio em relação à proporção dos contratos totais de custeio. Paraná. 2000 a 2007. 16 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). * A pseudo-significância empírica é baseado em 999 permutações aleatórias e matriz de peso tipo 6 vizinhos. Os resultados encontrados indicam a existência de significativa (p-value de 0,0093) e leve dissociação espacial da variável logaritmizada da evolução da proporção dos contratos de PRONAF entre os agricultores familiares. E, leve dissociação entre a evolução da proporção dos contratos de custeio de PRONAF sobre o montante de contratos de custeio porém, pouco significativa (p-value de 0,0509) quando se utilizou a matriz de pesos espaciais do tipo 6 vizinhos. Adotou-se então para elaboração dos diagramas univariados de I de Moran e mapas de clusters a convenção da matriz de pesos espaciais do tipo 6 vizinhos. Na Figura 6, o mapas 6.a. indica a distribuição espacial para a variável evolução da proporção de contratos de custeio de PRONAF entre os agricultores familiares dos municípios paranaenses, no período de 200 a 2007. Observa-se que entre os 399 municípios paranaenses, em 66 houve redução na proporção, ou seja na abrangência da modalidade de custeio entre os agricultores familiares e em outros 11 a proporção não se modificou. Foram encontrados 16 outliers inferiores, em ordem crescente: Lapa; Ariranha do Ivaí; Paranapoema; São Manoel do Paraná; Rebouças; Lupionópolis; Quatro Pontes; São Pedro do Paraná; Curitiba; Bocaiúva do Sul; Sertaneja; Dois Vizinhos; Iretama; Nova Esperança do Sudoeste; Magueirinha; Tomazina e Campo Magro. E, 14 outliers superiores, em ordem decrescente: Figueira; Cornélio Procópio; Rio Azul; Antonina; Pinhão; Cruzeiro do Sul; Cianorte; Miraselva; Porto Amazonas; Peabiru; São Jorge d’Oeste; São João do Ivaí; Três Barras do Paraná e Santa Cecília do Pavão. E, o mapa 6.b indica a distribuição espacial da variável logaritmizada de evolução da proporção de contratos de custeio no PRONAF em relação ao montante de contratos de custeio, no mesmo período. Nota-se que em 81 municípios houve redução dessa proporção, e em 2 destes não houve sua alteração. Foram identificados 17 outliers inferiores, em ordem crescente: Paranapoema; São Manoel do Paraná; Rebouças; Lapa; Lupionópolis; Corbélia; Dois Vizinhos; Ariranha do Ivaí; Iretama; Bocaiúva do Sul; Nova Esperança do Sudoeste; Quatro Pontes; Curitiba; São Pedro do Paraná; Candido de Abreu; Sertaneja; Tomazina e São Jerônimo da Serra. E, 11 outliers superiores, em ordem decrescente: Figueira; Porecatu; Antonina; Rio Azul; Pinhão; Cruzeiro do Sul; Porto Amazonas; Cornélio Procópio; São João do Ivaí; Anahí e Leópolis. No mapa 6.c., indica a ocorrência dos clusters para a variável (logaritmizada) da evolução da proporção de contratos de custeio no PRONAF em relação ao montante de contratos de custeio. São identificados com clusters alto-alto: Campo Mourão; Godoy Moreira e Uraí, como baixo-baixo: Santo Inácio; Indianópolis; Santa Inês; Tamboara, Diamante do Norte; Itaguajé; Ivaiporã; Japurá; São Carlos do Ivaí; Cafeara; Salto do Lontra e Pinhais, como baixo-alto: Araruna; Ventania; Sertaneja; Rancho Alegre d’Oeste; Pérola d’Oeste; Corbélia; Quedas do Iguaçu; Ubiratã; Alto Paraná; Santa Mariana; Bela Vista do Paraízo; Ibiporã; Rebouças; Prado Ferreira; Cafelândia; Ibaiti e Inácio Martins, e como clusters alto-baixo: São João do Triunfo; Rio Branco do Ivaí; Campo Largo; Siqeuira Campos; Antonina; Colombo; Sertanópolis; Jardim Olinda; Pitanga e Enéias Marques. E, o mapa 6.d. apresenta os clusters da variável (logaritmizada) de evolução da proporção dos contratos de custeio no PRONAF em relação ao montante dos contratos de custeio. Os clusters identificados como alto-alto são compostos por: Florestópolis; 17 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Telêmaco Borba e Uraí, como baixo-baixo: Cafeara; Inajá; Indianópolis; Rio Negro; Santa Inês; Itaguajé; Santo Inácio e Colombo, como baixo-alto: Ponta Grossa; Ibaiti; Ventania; Santa Mariana; Corbélia; Inácio Martins; Rebouças; Godoy Moreira; Nova América da Colina; Ubitarã e Lapa, e como clusters alto-baixo: Salto do Lontra; Enéas Marques; Mirador; Rio Branco do Ivaí; Nova Tebas; Santo Antônio do Caiuá; Jardin Olinda e São João do Triunfo. 6.a. 6.b. 6.c. 6.d. Figura 6. Mapa de distribuição espacial da evolução na proporção de contratos de custeio entre os agricultores familiares e contratos totais de custeio. Paraná. 2000 e 2007. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados INCRA e FAO (1996); BACEN (2003;2008); MDA (2008). * A pseudo-significância empírica é baseada em 9.999 permutações aleatórias e matriz de peso espacial do tipo rainha. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se comprovou entre os resultados encontrados, foi encontrada significância estatística da associação espacial univariada para o número de produtores rurais quando se utilizou a matriz de pesos espaciais do tipo rainha, que indica leve associação espacial negativa. Por outro lado verificou-se não haver significância na associação espacial para a variável proporção de agricultores familiares entre o total de agricultores dos municípios paranaenses. As informações sobre a associação local, produzidas pela estatística LISA univariada, mostram para a primeira variável, um pequeno número de clusters espalhados pelo território, e para a segunda variáveis dois pequenos agrupamentos caracterizados por clusters alto-alto localizados entre municípios da região centro-oeste do Estado e do tipo baixo-baixo, na região central do estado. Ao observarmos os coeficientes de I de Moran globais para as variáveis: proporção de agricultores familiares atendidos pelo PRONAF na modalidade de custeio em 2000 e 18 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2007 e proporção de contratos de custeio no PRONAF em relação ao montante dos contratos de custeio realizados nos municípios, não foi encontrada evidência de associação espacial (significante). Por outro lado quando observamos os resultados da estatística LISA univariada dessas variáveis, verificou-se, para a proporção de contratos de custei entre os agricultores familiares, a ocorrência de três agrupamentos de municípios caracterizando clusters do tipo alto-alto e alto-baixo localizados: um na região norte do Estado e dois na região centro-sul do estado, em 2000. E para o ano de 2007, nota-se seis agrupamentos de municípios caracterizando quatro clusters do tipo baixo-baixo e baixo-alto localizados nas regiões nordeste, norte, centro-sul do Estado, e 2 caracterizados pelos tipos alto-alto e altobaixo nas norte e central do Estado. Nota-se, uma mudança de padrão de associação espacial entre os municípios para essa variável, no período em estudo. Os resultados do método LISA para a variável proporção de contratos de custeio entre os contratos totais de custeio registrados no BACEN, indicam no ano de 2000 a existência de seis principais agrupamentos de municípios, caracterizados por três clusters alto-alto e alto-baixo nas regiões: norte, nordeste e leste, e outros três do tipo baixo-baixo e baixo-alto nas regiões: norte, nordeste e sul. Para o ano de 2007, nota-se mudança desse perfil, sendo encontrados cinco agrupamentos de municípios caracterizados por clusters do tipo baixo-baixo e baixo-alto nas regiões: noroeste, norte, nordeste e central, e um agrupamento característico do tipo alto-alto no norte do Estado. Quando tratamos do coeficiente I de Moran global para evolução dessas proporções (de contratos de custeio entre os agricultores familiares e contratos de custeio no PRONAF entre o total de contratos de custeio) não foi encontrada significância estatística de associação espacial. Por outro lado, encontrou-se significância estatística quando esses índices foram normalizados através da logaritmização dos parâmetros (procedimento realizado para minimizar os efeitos de outliers) para a variável evolução da proporção de agricultores familiares atendidos pelo PRONAF custeio entre 2000 e 2007, cujo resultado aponta para leve associação negativa, ou seja, a indicação (leve) associação entre municípios que apresentaram valores elevados e vizinhos com baixos valores para essa variável. Isso reforça a inexistência de padrão de distribuição dessa variável entre os municípios. Diante dos resultados da estatística LISA univariada, para a evolução (logaritmizadas) da proporção de contratos de custeio de PRONAF entre os agricultores familiares, nota-se o agrupamento de municípios em 5 clusters do tipo baixo-baixo e baixoalto, localizados nas regiões: norte (2), nordeste (1), noroeste (1) e oeste (1). E, quando tratamos da variável (logaritmizada) para a evolução na proporção de contratos de custeio no PRONAF entre o montante de contratos de custei registrados no BACEN, verifica-se 4 agrupamentos de municípios caracterizados com clusters do tipo baixo-baixo e baixo-alto, localizados nas regiões: norte, nordeste, oeste e leste. Evidenciando diferentes padrões de comportamento. A diversidade de padrão de comportamento reforçada pela dissociação espacial encontradas, especialmente nos indicadores da proporção de contratos de custeio entre os agricultores familiares, podem apontar para existência de diferentes padrões operacionais nas instâncias municipais, o que conseqüentemente pode estar produzindo inequidade no acesso. 19 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Estudos dessa natureza podem ser úteis para melhorar o foco e estratégias operacionais com vistas a melhorar a equidade no acesso dos agricultores familiares à esse importante instrumento de política pública. 6. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. Relatório Institucional da Secretaria da Agricultura Familiar. Brasília: PNUD, Projeto BRA-98/012, junho/2002, Relatório de Pesquisa. ALMEIDA, E. S. Curso de Econometria Espacial Aplicada. Piracicaba, 2004. ANSELIN, L. Spatial Econometrics: methods and models. Boston: Kluwer Academic, 1988. ______. 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