3º Congresso Ibéroamericano sobre betão auto-compactável Avanços e opórtunidades Madrid, 3 e 4 de Dezembro de 2012 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço T. Tojal Lima, P. C. Correia Gomes U. Federal de Alagoas, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Brasil. J. Marie Désir Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia, Brasil. RESUMO O material concreto armado quando solicitado depende diretamente da aderência Açoconcreto. Devido à boa aderência existente entre esse dois materiais é possível considerar o concreto armado como um único material que trabalha em conjunto, capaz de resistir aos diferentes esforços solicitantes. Qualquer mudança nesses materiais que possa influenciar nesta aderência aço-concreto se faz necessaria uma verificação do comportamento de aderência. Quando, por exemplo se substitui o Concreto Convencional pelo Concreto Autoadensável (CAA) a investigação da aderência açoconcreto autoadensável é importante uma vez que a aderência é garantida apenas pela composição do CAA. Diferentes composições de CAA são obtidas e consideraveis mudanças nas propriedades do concreto são observadas, muitas delas originadas pelas modificações nas dosagens e uso de aditivos químicos e minerias. Testes de aderência aço-CAA comprovam que a aderência melhora ou é semelhante ao concreto convencional. Diferentes testes são utilizados para comprovar a condição de aderência, podendo citar dentre eles, o Pull Out Test (RILEM-CEB-FIP), também conhecido como Ensaio de Arrancamento. No estudo, um trabalho experimental de aderência aço-CAA, usando o Pull Out Test, com CAA contendo na composição aditivo mineral, resíduo de marmoraria, é desenvolvido. Os resultados foram comparados com os obtidos em amostras de concreto convencional. Os resultados mostram que o concreto autoadensável apresenta maior carga na ruptura por perda de aderência em relação ao concreto convencional, assim como diferenças nos modos de ruptura. PALAVRAS-CHAVE: Concreto autoadensável; Aderência concreto-aço; Ensaio de arrancamento. 1.- INTRODUÇÃO A aderência do sistema concreto-aço é uma das razões que levou o concreto armado, a ser considerado um material heterogêneo que trabalha de forma conjunta, quando se trata de tensões/deformações. É a aderência que faz com que dois materiais que possuem propriedades diferentes consigam transmitir entre si esforços e deslocamentos [1]. A aderência é fortemente influenciada pelo aparecimento de fissuras no concreto. As primeiras fissuras internas surgem devido à força de arrancamento ultrapassarem a 201 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço resistência à tração do concreto. Após a primeira fissuração interna, a distribuição da tensão ao longo da interface depende das distribuições de carregamento e de contorno. A qualidade da aderência é também influenciada pela exsudação que ocorre durante a concretagem e nas primeiras horas após a concretagem e durante o processo de adensamento. Um acúmulo de água com partículas finas se aloja sob as barras de aço, provocando uma diminuição na resistência e na aderência concreto-aço. Isso é influenciado pelo diâmetro e posicionamento da barra de aço, [2]. Independente do tipo de concreto esses fatores devem ser observados. Atualmente, o uso de aditivos químicos e minerais tem sido muito comum para melhoramento das propriedades tanto no estado fresco como no estado endurecido. A eliminação da exsudação e segregação pode ser um dos benefícios alcançados com o uso de tais aditivos. Além disso, alguns concretos especiais como os concretos submerso e autoadensável são bons exemplos de elevado desempenho alcançados pelo uso desses aditivos. A principal característica do concreto autoadensável (CAA) é a capacidade de preencher todo o vazio da fôrma sem a necessidade de nenhum tipo de vibração mecânica, garantindo uma distribuição uniforme da mistura em todo o elemento, [3]. Esse alto desempenho no estado fresco se deve ao alcance de três propriedades: alta fluidez, moderada viscosidade e resistência à segregação. A fluidez caracteriza a facilidade com que o concreto flui através da armadura; a viscosidade garante que as partículas sejam suspensas e se movimentem sem atrito e choque, impedindo a colisão e proporcionando uma distribuição uniforme e a resistência a segregação juntamente com a coesão dos componentes tem a finalidade de impedir a ocorrência de separação dos componentes, como a exsudação, [4], [5]. O CAA ao preencher uma forma de concreto estrutural deve garantir uma boa aderência com o aço. Estudos de aderência com CAA comprovam que a aderência é melhorada e que a máxima força de arrancamento da barra de aço para o CAA é significativamente maior do que para o concreto convencional, porém o CAA mostra uma ruptura mais frágil do que o concreto convencional, [6]. Neste sentido, o estudo avalia a aderência CAA-aço de um CAA produzido com aditivo mineral proveniente do resíduo do corte de blocos de mármore e granito, através do ensaio de arrancamento (pull-out test), normatizado pela RILEM-CEB-FIP, [7], e tem como foco principal avaliar a influência do CAA nas cargas de ruptura, nos deslocamentos e nos modos de ruptura dos corpos de prova, e compará-la com a do concreto convencional (CC). 2.-MATERIAIS E PROGRAMA EXPERIMENTAL Os materiais utilizados na composição dos concretos foram: cimento Portland composto CP II-Z 32, com massa específica de 3150 kg/m³; adição mineral, passante na peneira com malha de abertura de 300 µm, proveniente do resíduo do corte de blocos de mármore e granito (RCMG), com propriedades mostradas no quadro 1; superplastificante (SPL) a base de éter carboxílico modificado, com propriedades 202 T. T. Lima, P. C. C. Gomes, J. M. Désir apresentadas no quadro 2; agregado graúdo de origem granítica com dimensão máxima de 12,5mm e o agregado miúdo com dimensão máxima característica de 2,4mm, propriedades apresentadas no quadro 3. A barra de aço utilizada nos corpos de prova dos ensaios de arrancamento (pull out test) são do tipo CA-50, aço para concreto armado, cuja resistência ao escoamento é de 500 MPa. Foram utilizadas barras com diâmetro nominais de 10 mm e 16 mm. A massa específica do aço é de 7850 kg/m³. Quadro 1. Propriedades da adição RCMG RCMG # 300 µm Propriedade Inerte Tipo 2,685 g/cm³ Massa Específica Real (método do picnômetro) 208,5 m²/kg Superfície Específica (método de Blaine) Material retido na peneira de #300 0,558% % Passante [µm] Granulometria à laser 3 24,08 32 82,97 45 91,77 63 94,78 88 97,56 100 98,06 150 99,15 Nome Glenium 51 Quadro 2. Propriedades do superplastificante Tipo pH Densidade [g/cm³] Policarboxilato 6,00 - 7,00 1,20 Quadro 3. Caracterização dos agregados Caracterização Massa específica [g/cm³] Massa unitária no estado solto [g/cm³] Massa unitária no estado compactado [g/cm³] Módulo de finura Absorção [%] Pedra Britada 2,650 1,381 1,456 0,82 Teor de sólidos [%] 32,5 Areia Média 2,611 1,449 2,492 0,60 As composições dos concretos autoadensáveis, com e sem fibras de aço, e do concreto convencional, são apresentadas no quadro 4. 203 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço Quadro 4. Composição dos diferentes tipos de concreto Dosagens dos concretos Materiais (kg/m³) CAA CC Cimento 400 400 Areia 785 718 Brita 790 1060 Água 195 199 RCMG 200 SPC (spc/c) = 0,6% 8 PLC* (plc/c) = 0,162 % 1,8 (*) - plastificante Os ensaios realizados no estado fresco foram: o do abatimento do Tronco de Cone, para determinação da consistência do concreto convencional, de acordo com a NBR NM 67 [8] e o de Espalhamento para concretos autoadensáveis. No ensaio de espalhamento o concreto foi lançado no interior do cone sem nenhum tipo de adensamento, e ao ser içado o cone o tempo foi marcado até o momento em que o concreto atingisse um diâmetro de 500 mm. O tempo de espalhamento do concreto autoadensável deve está entre 5 ± 2s, [4]. Após cessar o espalhamento, se mede dois diâmetros perpendiculares. A Figura 2 mostra o espalhamento obtido do concreto autoadensável. Figura 2. Detalhe do espalhamento do CAA Para obtenção da resistência à compressão e do módulo de elasticidade foram confeccionados corpos-de-prova cilíndricos de 20 cm de altura por 10 cm de diâmetro, de acordo com as recomendações das normas ABNT NBR 5739e ABNT NBR 8522, [9], [10], respectivamente. Para a realização do ensaio de arrancamento de barra de aço proposto, foram confeccionadas formas que atendessem à recomendação da RILEM/CEB/FIP [7], principalmente quanto às dimensões necessárias, seguindo modelos propostos por [11] e [12], os detalhes são mostrados na Figura 3. Na Figura 4 é mostrado os corpos-de-prova moldados em formas cilíndricas e sobre a mesa; e já prontos para o ensaio de arrancamento, respectivamente. Para cada tipo de concreto foram moldados 5 corpos-de-prova para cada diâmetro da barra de aço. Para o concreto convencional, foi necessário vibrar os corpos de prova em uma mesa de consitência, a Fig. 5 mostra os detalhes. 204 T. T. Lima, P. C. C. Gomes, J. M. Désir Figura 3. Detalhe dos corpos-de-prova com aço de Φ1.0 e Φ1.6 cm Figura 4. Moldagem dos corpos-de-prova cp para ensaio de arrancamento cp para ensaio de compressão e módulo de elasticidade Figura 5. Detalhe da vibração dos corpos-de-prova na mesa vibratória 205 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço Os corpos-de-prova foram desmoldados após 24 horas, identificados e colocados dentro do tanque de imersão, onde permaneceram até a idade de realização dos ensaios de 28 dias. A aquisição de dados foi tempo, carga e deslocamento obtida utilizando um computador com o software CATMAN que recebia os dados simultaneamente a cada 0,2 segundos durante todo o ensaio, através do sistema de aquisição de dados SPIDER 8 ao qual estava conectado ao LVDT e a célula de carga. Os ensaios de arrancamento da barra foram realizados como mostra a Fig. 6. LVDT Corpo de Prova Barra de Aço Suporte para o LVDT Garra Figura 6. Ensaio de arrancamento (Pull Out Test) 3.-RESULTADOS E DISCUSSÕES O resultado do ensaio de abatimento de tronco de cone para o CC foi de 80 mm, e os resultados do ensaio de espalhamento para o CAA são mostrados no quadro 5. Quadro 5. Resultado do ensaio de espalhamento do CAA Concreto T50 (s) D1 (mm) D2(mm) Df(mm) CAA 2 810 790 800 No quadro 5, observa-se que os parâmetros encontrados estão dentro dos especificados para o CAA. No quadro 6, são mostrados os resultados da resistência à compressão, média de três corpos-de-prova, do desvio padrão e do coeficiente de variação. Quadro 6. Resistência à compressão do CC e CAA, aos 28 dias Tipo de Concreto Fc (MPa) Desvio Padrão (MPa) Coef. de Variação (%) CC 34,5 2,68 7,7 CAA 35,0 1,80 5,1 206 T. T. Lima, P. C. C. Gomes, J. M. Désir Observa-se no quadro 6, que praticamente não houve diferença da resistência à compressão obtida pelo CAA e CC. Fato que pode estar relacionado com a composição que apresenta mesma dosagem de cimento e relação a/c. Entretanto, observou-se que durante o ensaio de compressão axial, ao atingir a carga máxima os corpos de prova do CC partiam-se em vários pedaços, já os corpos de prova de CAA apresentavam fendilhamento, porém o corpo mantinha-se praticamente inteiro. Os resultados do módulo de elasticidade, média de três corpos-de-prova, aos 28 dias, do desvio padrão e do coeficiente de variação são apresentados no quadro 7. No quadro 8, é apresentado o resultado da carga última aplicada nos corpos-de-prova do Pull Out Test, no momento da perda de aderência entre a barra de aço e o concreto. Quadro 7. Módulo de elasticidade dos concretos CC e CAA. Tipos de Concreto Ec (GPa) Desvio Padrão GPa) Coef. Variação (%) CC 27,5 0,98 3,5 CAA 29,3 0,83 2,8 Quadro 8. Carga última aplicada no ensaio de arrancamento CC CAA [mm] Carga ult. [KN] 10 16 24,02 22,16 25,98 53,44 56,87 56,18 Tipo ruptur a D D D D D F Média 24,5 55,5 Carga ult.[KN] 34,32 33,33 30,39 68,73 64,42 70,50 Tipo ruptur a F F F F F F Média 32,26 67,88 F = Fendilhamento; D = Deslizamento da barra No quadro 8, verifica-se que os CAA suportam uma maior carga de arrancamento do que o CC. As cargas de ruptura do CAA, que provocaram o arrancamento das barras, nos dois tipos de diâmetros usados, foram superiores as do CC. Nos corpos-de-prova do CC verificou-se que a perda da aderência ocorria por deslizamento da barra dentro do maciço de concreto, como é mostrado na Fig. 7, sem ocorrer fissuras. Já no CAA verificou-se a quebra do maciço de concreto acarretando na perda da aderência. Esta quebra algumas vezes se deu apenas pelo aparecimento de uma rachadura ao longo do diâmetro do cilindro como é mostrado na Fig. 8, e alguns casos dividiu o cilindro em partes iguais. Isto pode ter ocorrido devido a maior carga de ruptura do CAA que elevou uma maior energia de fratura antes do rompimento, levando a uma ruptura frágil. Figura 7. Corpo de prova com perda de aderência por deslizamento 207 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço Figura 8. Tipos ruptura de Corpos-de-prova ao longo do diâmetro Os gráficos das Figuras 9(a e b) e 10 (a e b)mostram as curvas de deslocamento versus carga do ensaio de arrancamento, assim, como a curva média, dos corpos-de-prova dos concretos convencional e autoadensável, respectivamente. (a) (b) Figura 9. Curva desl.carga para CC com barra: a) 10 mm e b) 16 mm As diferentes curvas refletem um comportamento que pode ser classificado como rígido com um ramo pós-fissuração de amolecimento, isto é, o material resiste muito, quase sem deformação, até que atinge a sua tensão limite e depois começa a perder a sua capacidade de carga, na qual a deformação se torna mais significativa. A RILEM / CEB / FIP Recomendações, estabelece todas as dimensões da amostra como uma função do diâmetro da barra. Esta abordagem minimiza o efeito de escala. No 208 T. T. Lima, P. C. C. Gomes, J. M. Désir entanto, quando se compara a carga versus curvas de deslocamento de diâmetros diferentes para o mesmo concreto, há uma diferença significativa entre os resultados. (a) (b) Figura 10. Curva deslocamento x carga para CAA com barra: a) 10mm e b)16mm. Nos gráficos, pode-se observar que, independentemente do concreto, as amostras com barra de 16 milímetros requerem cargas mais elevadas do que aquelas com barra de 10mm para iniciar o deslizamento na interface concreto-aço. Por outro lado, podese comparar o comportamento de diferentes tipos de concreto para mesmo diâmetro da barra. O CAA chega a cargas muito maiores do que os valores observados com o CC. 4.-CONCLUSÕES Os parâmetros medidos no ensaio de espalhamento, realizado no concreto fresco, mostraram que o concreto tem características de autoadensamento. O concreto autoadensável apresentou resistência à compressão e módulo de elasticidade imediatamente superior ao concreto convencional. Um maior desvio padrão e coeficiente de variabilidade foram obtidos nos resultados do concreto convencional. Para o concreto convencional, todos os corpos-de-prova com barra de 10 e 16 milímetros alcançaram a falha através do deslizamento das barras. Já os corpos-deprova de concreto autoadensável apresentaram fendas, antes do deslizamento da barra, nos casos das amostras com barra de 16 mm sempre era escutado um estalo. A máxima 209 Comportamento de aderência concreto autoadensável-aço força de arrancamento da barra de aço para o concreto autoadensável foi significativamente maior do que para o concreto convencional, porém o concreto autoadensável mostrou uma ruptura mais brusca do que a do concreto convencional. REFERÊNCIAS [1] FUSCO, P. B. - Estruturas de concreto: solicitações normais. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 464 p. 1975. [2] LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. - Construções de concreto: princípios básicos do dimensionamento de estruturas de concreto armado. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. [3] OKAMURA, H. - SCC-HPC. International Concrete, v. 19, n. 7. p. 50-54, 1997. [4] GOMES, P. C. - Optimization and caracterization of HS-SCC. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)-Escola Tècnica Superior D’Enginyers de Camins, Canals i Ports, Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona, 140 p. 2002. [5] BARBOSA M.P., COSTA O.J., SILVA L.M., SALLES F.M. - Concreto autoadensável: avaliação da aderência aço-concreto através dos ensaios de determinação do coeficiente de conformação superficial das barras de aço. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 46º IBRACON. Florianópolis, p. 484-497. 2004. [6] BILLBERG P. - Self-compacting concrete for civil engineering structures – The Swedish experience. S.C.C.R.I., Stockholm, pp. 1-77. 1999. [7] RILEM-CEB-FIP - Bond test for reinforced steel: 1-Beam test (7-II-28 D). 2- Pull Out Test (7-II-128): Tentative recommendations. RILEM Journal Materials and Structures, v. 6, n. 32, Mar./Apr., p. 96-105.1973. [8] ASS. BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR MN 67 – Concreto: Determinação da consistência pelo abatimento do toco de cone. Rio de Janeiro, 1998. [9] ABNT. NBR 15823-1: concreto auto-adensável: Parte 1: Classificação, controle e aceitação no estado fresco. Rio de Janeiro, 2010. [10] ABNT. 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