Área Temática Estratégia Internacional # ID 1640 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL NA WEB OF SCIENCE Maria Carolina Serpa Fagundes de Oliveira Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Flavia Luciane Scherer Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Maíra Piveta Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gabriela Almeida Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Marindia Brachak dos Santos Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Área 2 – Estratégia Internacional O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL NA WEB OF SCIENCE RESUMO As empresas de base tecnológica são caracterizadas como pequenas e médias empresas de setores de alta tecnologia, que realizam esforços tecnológicos significativos e concentram suas operações na fabricação de novos produtos, estando comumente situadas em incubadoras de empresas ou parques tecnológicos. Considerando isso, o presente estudo tem como objetivo analisar a produção científica internacional sobre o processo de internacionalização das EBTs. Para tanto, foram consultadas as publicações abrigadas no portal Web of Science, uma base multidisciplinar que abriga somente os periódicos mais citados no âmbito mundial. O que resultou em uma amostra de 30 artigos publicados durante o período de 1996 e 2014 e que foram analisados por meio de uma pesquisa bibliométrica e de caráter descritivo. Palavras-chave: Internacionalização. Empresas de base tecnológica. Bibliometria. 1. INTRODUÇÃO O contexto dinâmico, marcado por constantes mudanças e transformações, tanto do ponto de vista social, como econômico têm impulsionado as organizações na busca por mecanismos que possibilitem a conquista de vantagens competitivas e a manutenção de suas ações no mercado, tanto doméstico como externo. As transformações econômicas e tecnológicas ocorridas a partir da segunda metade do século XX ampliaram os mercados, reduziram os limites impostos pelas fronteiras dos países e promoveram de forma real e inequívoca a globalização das operações comerciais (FIATES et al. 2012). Até a década de 1980, os principais exemplos de empresas multinacionais consistiam de corporações maduras, com grande poder de mercado e oriundas de economias desenvolvidas, porém nos últimos vinte anos, os negócios internacionais tem se modificado (RIBEIRO, OLIVEIRA JR. e BORINI, 2012). E o surgimento de novos atores neste contexto globalizado é evidente e uma realidade, principalmente no tocante às questões de inovação, uma vez que, a capacidade de inovação tem sido frequentemente apontada como fator de vantagem para o desenvolvimento econômico e para a internacionalização de empresas (SHUMPETER, 1934; GOBARA e CUNHA,2008). Em meio a esta conjuntura, destaca-se o recente aparecimento de empresas de base tecnológica (EBTs) que se internacionalizam de maneira acelerada desde sua fundação ou poucos anos após esse acontecimento (RIBEIRO, OLIVEIRA JR. e BORINI, 2012). As empresas de base tecnológica são definidas, segundo Pinho (2005), como pequenas e médias empresas de setores de alta tecnologia que realizam esforços tecnológicos significativos e concentram suas operações na fabricação de novos produtos, possuindo, para Fonseca e Kruglianskas (2002), uma dinâmica de inovação muito forte. Essas organizações estão comumente situadas em incubadoras de empresas ou parques tecnológicos. De acordo com um estudo realizado em 2011 pela Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil tem 384 incubadoras em operação, que abrigam 2.640 empresas, gerando 16.394 postos de trabalho (ANPROTEC, 2014). Essas empresas parecem se comportar de maneira diferente das tradicionais multinacionais (MATHEWS e ZANDER, 2007), fazendo com que as tradicionais teorias de internacionalização tenham limitações para explica-las. Por isso o processo de internacionalização destas organizações e os principais aspectos que envolvem esse procedimento têm despertado atenção, não apenas do meio empresarial e econômico como também acadêmico, como forma de impulsionar os estudos sobre o tema e desenvolver novos conhecimentos que atentem para a internacionalização desse tipo de empresas e, assim, a consequente evolução do próprio campo de estudo sobre estratégia em negócios internacionais. Em meio a esse contexto respaldam-se as razões para este trabalho, que tem como objetivo investigar as publicações científicas internacionais que atentem para a temática do processo de internacionalização das empresas de base tecnológica. Para a realização do estudo, foram consultadas as publicações abrigadas na Web of Science que consiste em uma base multidisciplinar que abriga somente os periódicos mais citados no âmbito mundial (CARPES, 2013). 2. REFERENCIAL TEÓRICO Para conferir suporte teórico à realização estudo proposto, que tem como objetivo analisar a produção científica internacional sobre o processo de internacionalização de empresas brasileiras de base tecnológica, será aprofundado a compreensão sobre a temática que orienta o trabalho. 2.1. Internacionalização de Empresas O comércio internacional é uma prática de negócios secular, que remonta deste o tempo feudal, do qual foi potencializado com os descobrimentos marítimos pelo mercantilismo no século XVI (LARANJEIRA; ALPERSTEDT, 2007). O que demonstra a utilização da internacionalização desde tempos remotos, não se configurando apenas um fenômeno da globalização que marcou o século XX, mas sim um aspecto que, ao longo do tempo, moldou-se de acordo com os acontecimentos históricos, sociais e econômicos. Para Castells (1999) após a década de 1990 o comércio internacional deixou de ser mundial para se tornar global. Embora, a comercialização de produtos entre países seja uma característica comercial desde os tempos antigos, como do Mercantilismo, foi durante as últimas décadas do século XX, que esse movimento se intensificou e passou a influenciar as economias nacionais. Kuazaqui e Lisboa (2009, p.2) acreditam que “o comércio e as relações têm evoluído de maneira significativa (...) pela necessidade de os países mais ricos manterem seus postos de liderança econômica e pela fase de transição das economias menos favorecidas”. Essa temática tem sido constantemente estudada, porém no Brasil, ainda se faz necessário o desenvolvimento de trabalhos mais aprofundados e que respeitem as necessidades de conhecimento e características do país. Corroborando esta ideia, Fleury e Fleury (2007), Borini et al. (1995) e Rosas (2007), afirmam que apesar de os estudos sobre a internacionalização já estarem bastante adiantados nos países desenvolvidos, nos países emergentes o movimento ocorreu de forma tardia, além de ser imaturo e tímido. No entanto, o mercado brasileiro é considerado, atualmente, como um dos maiores mercado do mundo e com grande potencial de crescimento. Fleury e Fleury (2007) lembram que o país nas últimas décadas, assim como os demais países chamados BRICS, vem experimentando um processo crescente de internacionalização. O que comprova o campo de estudo que pode ser aproveitado por meio de estudos específicos, que abordem a temática e contribuam para esta linha de pesquisa e possibilitem consequentes contribuições para o ambiente corporativo, no cotidiano das empresas. Diferentes podem ser os aspectos motivadores, que impulsionam as organizações a se internacionalizarem. Dessa forma, tendo como base, a Teoria Clássica de Internacionalização, mais precisamente a abordagem econômica, Dunning (1994), apresenta os seguintes motivadores: Resource seeking: a disponibilidade de recursos naturais escassos em seus países de origem, permitindo que produtos em fase mais avançada de processamento e de maior valor agregado fossem viabilizados nos países de origem; Efficiency seeking: busca da racionalização da produção, explorando economias de especialização e localização; Market seeking: a atratividade de mercados locais; Strategic asset seeking: aquisição de ativos estratégicos em termos de competências e/ou financeiros. Além de atentar para as questões que impulsionam a presença da empresa no mercado exterior, têm-se também a escolha estratégica que envolve o meio de entrada no mercado internacional. Mota (2007, p.4) lembra que uma firma pode ingressar nas transações internacionais “através da exportação, licenciamento, investimento direto ou estabelecimento de subsidiárias, desenvolvendo alianças estratégicas, adquirindo ou fundindo-se com empresas locais”. Kuazaqui e Lisboa (2009, p. 6) definem o modo de entrada como “as ações que visam introduzir um novo negócio ou uma nova empresa em ambiente internacional”. Cada modo tem suas características e peculiaridades e deve ser levado em consideração para que a estratégia internacional da empresa seja implementada de forma correta e eficiente. 2.2. Abordagens teóricas da Internacionalização Os estudos sobre Internacionalização de empresas têm evoluído com o tempo, ao mesmo tempo em que, as condições de mercado exigem que as organizações se comportem e posicionem de diferentes formas. Desenvolver ações de mercado no ambiente internacional deve ser visto pela ótica da estratégica e entendido como um procedimento influenciador dos diferentes setores e aspectos organizacionais. A internacionalização “é um fenômeno relacionado aos agentes, os atores que participam do processo de globalização” (FLEURY; FLEURY, 2012, p. 35). Globalização esta, entendida em seu momento mais acelerado e influenciador de aspectos sociais e econômicos, uma vez que, negócios entre nações não é fato exclusivo do século XX, mas sim um comportamento que moldou o comércio mundial e a formação de alianças. Ou seja, o comércio internacional é uma prática de negócios secular, que remonta deste o tempo feudal (LARANJEIRA; ALPRSTEDT, 2007). Ademais, a internacionalização de uma empresa pode ocorrer em várias dimensões diferentes, sendo um processo, ao longo do tempo, no qual uma empresa envolve-se em operações fora de seu país de origem (DIB, 2008). Seus motivadores e aspectos chave podem ser diversos, motivados por diferentes interesses e benefícios e como mostra disso, Rocha e Almeida (2006) apresentam a seguir alguns aspectos responsáveis pela decisão de uma empresa de envolver-se no comércio internacional: Necessidade crescente de exploração de mercados mundiais; Pressões competitivas que forçam a empresa a procurar por matérias-primas mais baratas; Integração regional para agir mais eficientemente na procura por investimentos; Diminuição nos custos de transporte e comunicação internacional; Aumento na competição oligopolista entre as empresas líderes; Abertura de novas oportunidades territoriais para o investimento; Necessidade de absorver fontes de tecnologia e capacidades organizacionais; Explorar economias de escala; Novos incentivos para concluir alianças com empresas estrangeiras; Mudanças significantes dos custos e benefícios de um local; Necessidades de balancear as vantagens da globalização com as da localização. Antes, entendida apenas por meio de abordagens econômicas, a internacionalização de negócios é vista e compreendida também pelas teorias comportamentais, que marcaram o desenvolvimento acadêmico deste tema em meio aos estudos organizacionais. Dessa forma, segundo Boheh e Toni (2006) na literatura sobre negócios internacionais dos últimos 30 anos, têm sido dominantes três escolas de pensamento, que são: (1) a abordagem econômica com o paradigma OLI da produção internacional formulado por John Dunning (1988); (2) a escola behaviorista escandinava, também conhecida como a escola de Uppsala que defende o modelo de internacionalização gradual; e mais recente (3) a escola que conceitualiza a internacionalização de empresas como um processo de criação de redes de negócios internacionais. No tocante a essas divisões, existem diferentes abordagens conforme os autores, no entanto todas convergem para a conclusão sobre a evolução referente a esta temática, que pode ser verificada também pelo quadro 1. Quadro 1 – Escolas de Internacionalização de empresas Abordagem Descrição Partindo de uma visão econômica, esta escola explica a internacionalização e a localização das atividades de produção das empresas, mediante três categorias: vantagens proprietárias da empresa relacionadas aos ativos tangíveis e intangíveis (O – ownership Paradigma OLI advantages); vantagens de localização próprias do país hospedeiro (L – (DUNNING, 1988) localisation advantages); vantagens de internacionalização quanto à capacidade de transferência de conhecimento entre diversas unidades da mesma empresa, localizadas em diferentes países (I – internalisation advantages). Defende que as empresas internacionalizam-se de forma gradual, de acordo com a construção incremental do conhecimento sobre o mercado externo resultante da experiência. O conceito da distância Escola de Uppsala psíquica entre países é bastante aceito pelos defensores dessa escola, no (JOHANSON e VAHLNE, 1977) sentido de que o conhecimento sobre leis, regulamentos, instituições e cultura diferentes pode ser assimilado com maior facilidade em mercados “psiquicamente” mais próximos. Percebe a internacionalização como um processo de criação de relações Abordagem baseada em redes de de negócios ou redes de empresas legalmente independentes, porém economicamente dependentes. De acordo com tal abordagem, as negócios internacionais (JOHANSON e VAHLNE, 2003) verdadeiras barreiras de internacionalização estão associadas ao estabelecimento e ao desenvolvimento de relações de negócios. Fonte: Caldas; Vasconcelos; Andrade (2010) com base em Dunning (1988); Johanson e Vahlne (1977; 2003). 3. MÉTODO 3.1.Caracterização do estudo O objetivo deste trabalho consiste em analisar a produção científica internacional sobre a internacionalização de empresas de base tecnológica, utilizando como alicerce os trabalhos publicados na base de dados web of Science. De acordo com Vergara (2006), a pesquisa pode ser classificada em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, este estudo caracteriza-se como descritiva, uma vez que esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987). Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliométrica que, segundo Silva (2004), possui como objetivo, analisar a atividade científica ou técnica por meio do estudo quantitativo das publicações. 3.2. Definição da amostra Para a pesquisa do material a ser utilizado para as análises propostas por este estudo, utilizou-se a base de dados web of Science, como já mencionado anteriormente, que oferece acesso direto ao fluxo de informações multidisciplinares retrospectivas de cerca de 8.700 dos periódicos de maior prestígio, com alto impacto no mundo da pesquisa (THOMSON SCIENTIFIC, 2010). Para tanto foram utilizadas as palavras chave internacionalização e empresas de base tecnológica (internationalization and technology-based firms), o que possibilitou a obtenção de 30 artigos acadêmicos em torno da temática proposta. 3.3. Modelo conceitual Para a análise proposta, com o intuito de desenvolver as averiguações necessárias para o alcance do objetivo maior deste estudo, foi utilizado o modelo conceitual de Pinto e Lara (2008), desenvolvido com base em estudos anteriores de Hoppen, Moreau e Lapointe (1997), Perin et. al. (2000) e Gonçalves e Meirelles (2004). Com isso, a partir da adaptação deste modelo e a utilização dos critérios de análise adotados por Kneipp et al. (2013), foram delimitadas as variáveis de análise necessárias para o trabalho, assim como mostrado na tabela 1. Tabela 1 – Modelo conceitual para análise Bibliométrica Características gerais das publicações Aspectos metodológicos das publicações Variáveis Analisada Artigos publicados por anos Periódicos Autores Instituições Tipo de artigo Abordagem da pesquisa Natureza da pesquisa Método da pesquisa Critérios de avaliação Quantidade de publicações Periódicos das publicações Autores das publicações Instituições dos autores Empírico ou teórico Qualitativa, quantitativa ou qualitativaquantitativa Exploratória, descritiva ou causal Survey, experimentos, base qualitativa ou bibliométrico. Fonte: Pinto e Lara (2008); Kneipp et al. (2013) Em suma, a pesquisa bibliométrica deu-se por meio de um processo devidamente elaborado, que pode ser observado pelo desenho de pesquisa, apresentado na figura 1, a seguir, demonstrando as etapas e procedimentos adotados, além da amostra obtida e modelo utilizado para a realização do estudo. Figura 1– Desenho de pesquisa do Estudo Bibliométrico Fonte: Elaborado pelos autores 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESUTADOS 4.1. Características gerais das publicações 4.1.1. Artigos publicados por ano As análises dos 30 artigos obtidos na busca pela base de dados utilizada deu-se sem a delimitação de tempo, como forma de entender melhor a composição dos estudos e, principalmente por constituir-se em um setor recente, que começou a despertar atenções na década de 1990. Com os resultados obtidos foram coletados estudos correspondendo ao período entre os anos de 1996 e 2014. A figura 2 apresenta a quantidade de publicações realizadas por ano que abarcam a internacionalização das empresas de base tecnológica. Quantidade de Artigos Publicados 6 5 4 3 2 1 0 Figura 2 – Ano das publicações Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa Por meio desta análise, pode-se observar que a atenção acadêmica em torno da expansão internacional das empresas que tem como negócio comercial, aspectos que envolvam questões tecnológicas, começou em meados da década de 1990, ainda que de forma lenta. Intensificou-se a partir do início dos anos 2000, mesmo que somente em 2010 tenha existido uma maior quantidade de publicações. Não há como afirma de forma categórica o fator influenciador desse destaque para o ano de 2010. Mas o que se pode observar relaciona-se ao momento econômico que se vivia naquele ano, ainda sofrendo as consequências da crise mundial iniciada em 2008 com a quebra do banco de investimento Lehman Brothers. Em tempos como estes, são desencadeados dois momentos paradoxos para as organizações, um que retrata o aquecimento das atividades internacionais como forma de suprir as dificuldades nacionais, como pode ser verificado em alguns países europeus, como a Espanha; e outra que simboliza a retração desta atividade, como destacado por Vasconcelos et al. (2009), que verificou que em tempos de crise, a preocupação com fatores econômicos torna-se um obstáculo para a internacionalização de empresas fora de seu mercado de origem. 4.1.2. Periódicos Dentre os periódicos que abrigaram os trabalhos, seis deles destacaram-se com maior número de publicações (tabela 2). O Journal of Business Venturing, que comporta cinco estudos, é um periódico dedicado ao empreendedorismo, que oferece um fórum acadêmico para o compartilhamento de teorias úteis e interessantes, narrativas e interpretações dos mecanismos e consequências. Enquanto o Research Policy, com três publicações, tem como escopo apresentar artigos que examinem empiricamente e teoricamente a interação entre inovação, tecnologia e pesquisa, por um lado, e os processos econômicos, sociais, políticos e organizacionais por outro. Por meio desses dois periódicos está representada as mais importantes características das empresas de base tecnológica, marcadas por seus aspectos de empreendedorismo e, principalmente, tecnológicos. Tabela 2 – Periódicos das publicações Periódico Journal of Business Venturing Research Policy Entrepreneurship Theory and Practice International Business Review Journal of World Business Strategic Management Journal Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa Nº de artigos publicados 5 3 2 2 2 2 4.1.3. Autores Em relação a autoria dos estudos publicados, o total de autores encontrados foi de 72, sendo que apenas cinco destacaram-se com mais de uma publicação, tendo cada um, dois trabalhos publicados sobre internacionalização de empresas de base tecnológica, sendo dois oriundos dos Estados Unidos e três do Brasil. Dentre os autores norte-americanos, encontra-se Benjamin M. Oviatt que, juntamente com Patricia P. McDougall, marcaram o campo acadêmico sobre internacionalização, dando início as pesquisas sobre born globals, o que ainda demonstra a proximidade dessas empresas com as teorias mais recentes de internacionalização. Tabela 3 – Autores das publicações Autor Instituição e País de origem do autor Benjamin M. Oviatt Universidade do Estado da Georgia (Estados Unidos) Felipe M. Borini Escola Superior de Propaganda e Marketing (Brasil) Fernanda C. Ferreira Ribeiro Universidade de São Paulo (Brasil) Moacir Oliveira De Miranda Jr Universidade de São Paulo (Brasil) Stephanie A. Fernhaber Universidade Butler (Estados Unidos) Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa Nº de artigos publicados 2 2 2 2 2 4.1.4. Instituições As informações sobre as instituições de origem dos autores foram coletadas junto aos artigos publicados e, também em alguns casos, houve a necessidade de realizar-se uma busca em seus currículos. Com isso pode-se observar que dentre as 58 instituições encontradas, 7 destacaram-se com mais de um trabalho, tendo cada uma dois estudos publicados, sendo três universidades oriundas do Reino Unido, duas dos Estados Unidos, uma da Bélgica e uma do Brasil. Juntamente com as informações obtidas sobre as autorias, apresentadas anteriormente, pode-se verificar, além da destacada atuação de autores e universidades norte-americanas, a emergência do Brasil na área, destacando, em especial, a Universidade de São Paulo. Tabela 4 – Instituições das publicações Instituição País de origem da Instituição K.U. Leuven Bélgica Universidade Butler Estados Unidos Universidade do Estado da Georgia Estados Unidos Universidade de Exeter Reino Unido Universidade de Cambridge Reino Unido Universidade de Glasgow Reino Unido Universidade de São Paulo Brasil Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa Quantidade 2 2 2 2 2 2 2 4.2. Aspectos metodológicos das publicações 4.2.1. Tipo de artigo Quanto ao tipo de pesquisa empregada nos estudos encontrados, observa-se que, em sua maioria, os autores optam por realizar estudos empíricos com relação ao tema, uma vez que a mesma representa a "face empírica e fatual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual" (Demo, 2000, p. 21). A pesquisa teórica é "dedicada a reconstruir teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos" (Demo, 2000, p. 20), no entanto foi utilizada em sete trabalhos, representando a minoria adotada, estando presente em todos os estágios de estudo sobre o tema. Os dados que corroboram essas afirmações são apresentados na tabela a seguir Tabela 5 – Tipo de artigo Tipo de artigo Quantidade Empírico 23 Teórico 7 Total 30 Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa 4.2.2. Abordagem da pesquisa De acordo com a abordagem dada ao problema de pesquisa proposto, em sua maioria, os trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos de 1996 e 2014, foram construídos sob o delineamento de pesquisa quantitativa, o que representou o total de 16 trabalhos, enquanto houveram 11 estudos qualitativos e 2 agregando as duas abordagens. Tabela 6 – Abordagem de pesquisa Abordagem Quantidade Quantitativo 16 Qualitativo 11 Quantitativo e qualitativo 2 Total 30 Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa 4.2.3. Natureza da pesquisa Conforme os objetivos estipulados pelas pesquisas realizadas, na maioria dos estudos foram realizadas pesquisas exploratórias, sendo logo, seguidas pelas pesquisas descritivas e as que combinaram os dois tipos, como mostra a tabela 7. A maior utilização de pesquisas exploratórias justifica-se por se tratar de um tema que começou a despertar atenção do meio acadêmico há pouco mais de 15 anos, uma vez que os estudos exploratórios são desenvolvidos no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato (GIL, 1999), além ser realizado, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explorado (RAUPP; BEUREN, 2006). Tabela 7 – Natureza da pesquisa Natureza Quantidade Exploratória 16 Descritiva 12 Exploratória e descritiva 2 Total 30 Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa 4.2.4. Método de pesquisa Os procedimentos na pesquisa científica referem-se à maneira pela qual se conduz o estudo e, portanto, se obtém os dados (RAUPP; BEUREN, 2006). Com relação a esse aspecto, ou seja, aos métodos empregados, contatou-se que foram utilizados, na maioria dos trabalhos, base qualitativa e delineamento survey, com 13 estudos representando cada. Ademais, não foi realizado nenhum estudo bibliométrico, o que demonstra a lacuna existente no que tange os estudos dessa natureza. Ainda foi identificado um método que não constava no modelo conceitual utilizado, estando presente em 5 estudos que utilizaram dados secundários oriundos de banco de dados quantitativos, assim como é apresentado na tabela 8. Tabela 8 – Método de pesquisa Método Quantidade Survey 13 Base qualitativa 13 Dados secundários 5 Total 31 Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa 5. CONCLUSÃO Este estudo teve como objetivo analisar a produção científica internacional com relação à internacionalização das empresas de base tecnológica, com o intuito de verificar e compreender o contexto acadêmico que envolve essa temática. As empresas de base tecnológica começaram a ganhar maior atenção a partir da década de 1990 e no que diz respeito ao mercado externo, podem ser vistas como modernas multinacionacionais, que se diferenciam em larga escala das mais tradicionais, uma vez que, possuem diferentes características, principalmente relacionadas ao porte, pois em muitos casos, são caracterizadas como médias e pequenas empresas. Para isso, ou seja, para a obtenção do objetivo de análise proposto, foi aplicada uma pesquisa bibliométrica, de natureza exploratória e descritiva, além do uso do modelo conceitual de Pinto e Lara (2008), com a utilização dos critérios de análise adotados por Kneipp et al. (2013). Com base nesses aspectos foram coletados, na base de dados web of Science 30 artigos que versam sobre a internacionalização de empresas de base tecnológica. Assim, com base nesse processo, os resultados obtidos apontaram que as pesquisas foram realizadas no período entre os anos de 1996 e 2014, em sua maioria, por meio de universidades do Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica e Brasil. Ademais, são definidas, no que diz respeito às suas características e aspectos metodológicos, pelas informações dispostas na figura a seguir, que representa de forma esquematizadas os principais resultados da pesquisa. Figura 3: Resumo dos resultados da pesquisa Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa Este estudo apresenta contribuições acadêmicas relacionadas a temática, uma vez que, responde a lacuna existente de estudos bibliométricos sobre a internacionalização de empresas que atuam no setor tecnológico. A principal limitação deste estudo gira em torno da utilização de apenas um banco de dados como base para a procura dos artigos. Por isso, sugere-se para pesquisas futuras, que sejam realizados estudos utilizando outros bancos de dados, além da utilização de diferentes métodos de análise, como forma de verificar de forma mais abrangente e aprofundada a composição científica em torno deste assunto. THE INTERNATIONALIZATION PROCESS OF TECHNOLOGY-BASED FIRMS: ANALYSIS OF INTERNATIONAL PRODUCTION SCIENTIFIC IN THE WEB OF SCIENCE ABSTRACT The technology-based firms are characterized as small and medium high-tech sectors that make significant technological efforts and focus its operations in the manufacture of new products and are commonly located in business incubators and technology parks. Considering this, the present study aims to analyze the international scientific literature on the internationalization process of TBFs. To have been consulted publications housed in the Web of Science website, a multidisciplinary base that houses only the most cited journals worldwide. This resulted in a sample of 30 articles published during the period 1996 and 2014 and were analyzed using a bibliometric research and descriptive. Keywords: Internationalization. Technology-based Firms. Bibliometrics. 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