Riscos da cesariana sem
indicação precisa
Alicia Matijasevich
Professor Visitante Estrangeiro
Pós-graduação em Epidemiologia
UFPel
Cesarianas - desigualdades
 Ronsmans e cols.1 descreveram desigualdades
no aceso às cesarianas em países em
desenvolvimento



Estudaram 42 países de renda média e baixa
Compararam taxas de cesarianas conforme quintis
de renda
Encontraram taxas <de 1% nas mulheres pobres
de algumas regiões da África e Ásia
 Mas uma taxa menor de cesariana não significa
necessariamente uma pior qualidade na
assistência ao parto
1 Ronsmans
C et al. Socioeconomic differentials in caesarean rates in developing countries: a retrospective analysis.
Lancet 2006; 368:1516–23.
Qual é a “melhor” taxa de cesariana?
 Questão em debate;
 Alguns propõem taxas de 1 a 5% - estimativas
baseadas na freqüência de complicações que
poderiam levar a morte e morbidade severa
nas mães e seus filhos;
 Mas a “verdadeira” taxa de cesariana que
poderia evitar mortes maternas e perinatais é
desconhecida;
 A mais conhecida recomendação de manter o
limite superior em 15% foi sugerida pela OMS
em 1985.1
1Anon.
Appropriate technology for birth. Lancet 1985; 2: 436–37.
% cesarianas conforme a renda
familiar – Coortes de Pelotas
1982
1993
2004
% 100
80
60
40
20
0
<=1,0
1,1 - 3,0
3,1 - 6,0
6,1 - 10,0
Renda familiar (SM)
>10,0
Qual é a “melhor” taxa de cesariana?
 A cesariana é uma intervenção cirúrgica para
prevenir ou tratar complicações que poderiam
levar à morte da mãe ou do feto/recémnascido;
 A taxa mais apropriada deveria se associar
com as mais baixas taxas de morbidade e
mortalidade materna e perinatal.
Associação entre taxa de cesariana e
mortalidade neonatal em 119 países
Althabe F et al. Cesarean section rates and maternal and neonatal mortality in low-, medium-, and highincome countries: an ecological study. Birth 2006; 33:270-76.
Metodologia
 Amostra estratificada em múltiplos estágios
 24 regiões geográficas de 8 países de América
Latina (Argentina, Brasil, Cuba, Equador,
México, Nicarágua, Paraguai e Peru)
 120 instituições selecionadas ao acaso entre
410 identificadas
 97,095 nascimentos (91% cobertura)
Villar J et al. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal
health in Latin America. Lancet 2006; 367: 1819–29.
Todas as cesarianas
Villar J et al. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal
health in Latin America. Lancet 2006; 367: 1819–29.
Cesarianas eletivas
Villar J et al. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal
health in Latin America. Lancet 2006; 367: 1819–29.
Cesarianas intra-parto
Villar J et al. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal
health in Latin America. Lancet 2006; 367: 1819–29.
Resultados
 Taxa média de cesariana 33% (maior em
hospitais privados: 51%);
 Observou-se um aumento linear do uso de
antibióticos postpartum e morbidade materna
severa com o aumento das taxas de cesariana;
 Observou-se um aumento do risco de morte
fetal e do número de crianças que requereram
internação na UTI por 7 dias ou mais com taxas
de cesarianas entre 10-20% ou maiores.
Villar J et al. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal
health in Latin America. Lancet 2006; 367: 1819–29.
Cesarianas desnecessárias
 1,5 milhões de cesarianas
desnecessárias são realizadas cada ano
na América Latina
 Como conseqüência:

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100 mortes maternas
40,000 casos de morbidade respiratória
neonatal
Incremento na mortalidade neonatal
provável incremento na ocorrencia de
nascimentos pré-termos
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