HEMOGLOBINA GLICADA AbA1c
A prevalência do diabetes tem atingido, nos últimos anos, níveis de uma
verdadeira epidemia mundial. Em 1994, a população mundial de diabéticos era
de 110,4 milhões. Para 2010 estima-se 239 milhões de diabéticos.
Atualmente, no Brasil, são 5 milhões de pacientes, levando-se em
consideração o caráter familiar da moléstia, temos 25 a 30 milhões de
brasileiros envolvidos direta ou indiretamente com ela.
A doença é devastadora, sendo a sétima causa de morte nos países
industrializados. Além de estar associado a doenças cardio-vasculares e renais
com alto risco de mortalidade, o diabetes é acompanhado de lesões
dermatológicas, retinopatias e alterações vasculares periféricas que prejudicam
intensamente a qualidade de vida dos pacientes.
O Diagnóstico, seguimento e tratamento de todas estas complicações causam
um enorme fardo econômico ao sistema de saúde.
O ponto principal é que suas complicações podem ser muito reduzidas por
meio do controle adequado da moléstia, como demonstrado no DCCT e
UKPDS, importantes estudos clínicos prospectivos e randomizados.
CONTROLE DO DIABETES
A Hemoglobina glicada é um método de interesse para o controle dos
diabéticos a médio e longo prazo, sendo indicada em pacientes diabéticos do
Tipo 1 e Tipo 2 em tratamento, em especial naqueles em uso de insulina, onde
podem ocorrer grandes oscilações dos níveis glicêmicos.
O Teste está em rotina diagnóstica há mais de 10 anos e é considerado um
índice preciso da Glicemia dos últimos 60 a 90 dias.
Os Testes de A1C devem ser realizados pelo menos duas vezes ao ano para
todos os pacientes diabéticos e quatro vezes ao ano (a cada 3 meses) para
pacientes que se submetem a alterações do esquema terapêutico ou que não
estejam atingindo os objetivos recomendados com o tratamento vigente.
Do ponto de vista metodológico, a dosagem de hemoglobina glicosilada evoluiu
muito, desde o início de seu uso em rotina diagnóstica.
De procedimentos manuais baseados em cromatografia por troca iônica
passamos para métodos manuais baseados em cromatografia por afinidade e,
atualmente, nos baseamos em métodos automáticos de cromatografia líquida.
BIOQUÍMICA
A glicação não enzimática é um processo bioquímico normal e habitual,
mediante o qual as moléculas de glicose unem-se a grupos amina primária das
proteínas, entre as quais a hemoglobina.
Essa ligação não é mediada por enzimas e depende em grande parte dos
níveis de glicose. A hemoglobina glicada é formada e destruída lentamente,
chegando a um equilíbrio dinâmico de acordo com os valores de glicemia e o
conteúdo de hemoglobina contida nos eritrócitos.
Os diversos produtos da reação de hemoglobina glicada acumulados, são
conhecidos como HbA1. O mais abundante destes é a HbA1c.
A razão entre HbA1 ou HbA1c e a concentração de HbA total pode ser avaliada
em presença de HbS e HbC, podendo ser usada como medida confiável no
controle metabólico de pacientes diabéticos.
EXEMPLOS
PRINCÍPIO
A cromatografia líquida de baixa pressão com troca catiônica, conjugada com
eluição graduada, separa os subtipos da hemoglobina humana e variantes do
sangue total hemolisado.
A separação das frações de hemoglobina é monitorada por meio de absorção
de luz à 415 nm.
O cromatograma obtido é registrado e gravado em um computador interno. Um
software realiza a análise do cromatograma e gera um relatório do resultado
em uma impressora interna.
PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO NO ANALISADOR AUTOMÁTICO
DIA – STAT
Amostra: Sangue total com EDTA
Frações identificadas: HbA1, HbA1c, variantes HbS e HbC
Linearidade: HbA1: 6,8 a 19 %
HbA1c:4,1 a 14,9%
Valores de referência (adultos): 3,8 a 6%
Bom controle: Até 7%
Faixa intermediária: 7 a 8%
Controle inadequado: Acima de 8%
A1C E COMPLICAÇÕES DO DIABETES
MELLITU S
Com base nos estudos DCCT e UKPDS, estabeleceu-se que os níveis de A1c
acima de 7% estão associados com um risco maior de complicações crônicas.
Assim, o posicionamento oficial brasileiro (SBEN, SBPC, SBD, ALAD, FENAD)
estabeleceu que o conceito de tratamento por objetivos deve adotar 7% como o
limite superior do valor aceitável para um paciente com diabetes bem
controlado.
O gráfico 3 Ilustra o impacto do mau controle glicêmico sobre o risco relativo de
complicações microvasculares no estudo DCCT . No gráfico 4, os dados do
estudo UKPDS são ilustrados de forma a enfatizar a redução no risco de
complicações micro e macrovasculares para cada 1 % de redução da A1C.
A redução persistente de A1C abaixo de 7% e a educação dos pacientes a este
respeito são importantes fatores na prevenção de complicações do Diabetes
Mellitus 1 e 2.
IMPACTO DA GLICEMIA SOBRE A1C
A glicação da hemoglobina ocorre ao longo de todo o período de vida do
eritrócito que é de aproximadamente 120 dias na ausência de doenças
hematológicas. Entretanto, observou-se que a glicemia recente é a que mais
influência o valor da A1C, sendo 50% da A1C formado no mês precedente ao
exame.
Assim alterações na glicemia recente causarão maior impacto nos níveis de
A1C .
Os níveis de A1C não retornam ao normal imediatamente após a normalização
dos níveis de glicose sanguínea, demorando de 8 a 10 semanas para serem
totalmente normalizados. Isso significa que após o início ou modificação da
terapia deve-se aguardar um ou dois meses para avaliar os níveis de A1C e a
eficácia do tratamento. Antes disso, deve-se optar pela avaliação da glicemia
(sanguínea ou capilar).Lembramos ainda que a glicemia contínua sendo
importante teste no diagnóstico e avaliação aguda, num momento específico
dos pacientes.
BIBLIOGRAFIA
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•Grupo interdisciplinar de Padronização da Hemoglobina Glicada A1C
Posicionamento Oficial 2004 A importância da Hemoglobina Glicada (A1C)
para a Avaliação do Controle Glicêmico em Pacientes com Diabetes Mellitus:
Aspectos clínicos e laboratoriais. SBEN, SBPC, SBD,ALAD, FENAD, 2004
•Tests of Glycemia in Diabetes Position Statement American Diabetes
association DiabetesCare26:S106 S1108 2003
•SACKS DB et al Guidelines and Recomendation for laboratory analysis in the
diagnosis and management of Diabets Mellitus
NACB, 2002
•UK Prospective Diabetes Study Group: Intensive blood glicose control (with
sulphonylureas or insulin compared with conventional treatment and risk of
complications in patients with type 2 diabetes. Lancet 352: 837 853, 1998.
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