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LIPOPEROXIDAÇÃO EM CADELAS COM CARCINOMA MAMÁRIO
IVAN BRAGA RODRIGUES DE SOUZA1, EDUARDO FERNANDES
BONDAN1,2, SANDRA CASTRO POPPE1,2
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Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo (SP), Brasil; 2 Universidade
Paulista (UNIP), São Paulo (SP), Brasil
RESUMO: O estresse oxidativo causa peroxidação lipídica e formação
de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), processo que
está comprovadamente associado à progressão de neoplasias malignas
em seres humanos. Em cães, tal associação permanece ainda obscura,
com estudos escassos e de resultados conflitantes. Nesse contexto,
buscou-se nesta investigação avaliar a concentração plasmática de
TBARS em fêmeas hígidas e portadoras de carcinomas mamários. Foi
observado que as cadelas diagnosticadas com carcinoma mamário
tiveram níveis plasmáticos de TBARS significativamente maiores (média
de 7,99 ± 1,43 mol/mL, p < 0,05) em relação às fêmeas consideradas
hígidas (média de 6,14 ± 0,23
mol/mL), sugerindo associação entre
câncer e maior ocorrência de estresse oxidativo.
Palavras-chave: cães; câncer; estresse oxidativo; mama; TBARS
(Lipid peroxidation in bitches with mammary carcinoma)
ABSTRACT: Oxidative stress causes lipid peroxidation and production
of thiobarbituric acid reactive substances (TBARS), a process that is
undoubtedly associated to the progression of malignant tumors in
humans. In dogs, such association remains obscure and the studies are
scarce and with conflicting results. In this context, plasma concentrations
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of TBARS were determined in higid females and those diagnosed with
mammary carcinomas. It was observed that those with mammary cancer
had plasma levels of TBARS significantly increased (mean of 7,99 ± 1,43
mol/mL, p < 0,05) in relation to females considered higid (mean of 6,14
± 0,23 mol/ mL), suggesting association between cancer and increased
occurrence of oxidative stress.
Key words: cancer; dogs; mammary gland; oxidative stress; TBARS
INTRODUÇÃO
Acredita-se que o dano oxidativo em macromoléculas celulares,
tais como lipídios, proteínas ou ácidos nucleicos, por produção
excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs) esteja envolvido na
patogênese dos cânceres. Por sua vez, as EROs podem ser produzidas
durante a carcinogênese, por neutrófilos e macrófagos que se infiltram
na massa neoplásica (durante ativação imune e/ou necrose tumoral) ou
ainda como resultado da hipóxia e da reperfusão do tumor (HALLIWELL,
2007). As EROs têm como alvo primário os ácidos graxos poliinsaturados das membranas celulares, causando peroxidação lipídica,
cujos produtos podem induzir dano nuclear e, consequentemente,
mutagênese e carcinogênese. Dessa forma, sugere-se que a geração
de EROs pode vir a se constituir tanto em causa quanto em
consequência
do
processo
carcinogênico.
Um
biomarcador
da
lipoperoxidação de fácil execução inclui as substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS ou “thiobarbituric acid-reactive substances”).
Diversos estudos humanos têm demonstrado que os níveis séricos e/ou
tissulares de TBARS se apresentavam elevados em associação com
diversos tipos cânceres em cavidade oral, mamas ou pulmões
(NIELSEN et al., 1997). Em cães, os estudos são escassos e
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controversos. Enquanto Kumaraguruparan et al. (2005) encontraram
níveis
de
TBARS
mais
elevados
em
cadelas
portadoras
de
adenocarcinomas mamários em relação a fêmeas saudáveis, outros
estudos envolvendo cães com linfomas (WINTER et al., 2009) e
neoplasias mamárias (SZCZUBIAL et al., 2004) não apontaram
diferenças significativas em comparação aos animais controles. Diante
dos resultados ainda conflitantes quanto ao estresse oxidativo em cães
portadores de neoplasias malignas, o presente estudo visou a comparar
os níveis plasmáticos de TBARS em cadelas hígidas e cadelas com
diagnóstico de carcinoma mamário.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de Utilização
de Animais (CEUA) da Universidade Cruzeiro do Sul e o consentimento
dos proprietários foi obtido para todos os cães participantes. Foram
selecionadas 36 cadelas, pertencentes a diversas raças e com idades
variando de 2 a 13 anos. Dezoito delas foram agrupadas no grupo I
após receberem diagnóstico histopatológico de carcinoma mamário e 18
cadelas saudáveis foram incluídas no grupo II, por não apresentarem
parasitos sanguíneos ou intestinais e terem exame físico considerado
normal, no mínimo, 3 meses antes da coleta sanguínea. Três mililitros
de sangue foram colhidos da veia cefálica e divididos em duas partes.
Um mililitro foi tratado com o anticoagulante EDTA e usado para a
contagem
celular
sanguínea
completa
e
determinação
de
hemoparasitas. O restante foi utilizado para determinação das
concentrações de TBARS segundo Fraga et al. (1988), com os
resultados expressos em micromoles de TBARS por mililitro de plasma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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As cadelas diagnosticadas com carcinoma mamário do grupo I
tiveram níveis plasmáticos de TBARS significativamente maiores (média
de 7,99 ± 1,43 mol/mL, p < 0,05) em relação às fêmeas consideradas
hígidas do grupo II (média de 6,14 ± 0,23 mol/mL). Tais resultados são
concordantes com aqueles já obtidos por Kumaraguruparan et al. (2005)
em cadelas portadoras de carcinomas mamários. Corroboram ainda os
achados de Macotpet et al. (2003), que igualmente encontraram níveis
plasmáticos de TBARS significativamente mais elevados em cães
diagnosticados com distintos tipos de tumores, tais como carcinomas
mamários,
mastocitomas,
osteossarcomas,
linfomas,
melanomas,
fibrossarcomas, hemangiossarcomas, dentre outros. Em nosso estudo,
a idade média das fêmeas do grupo I (9 anos) diferiu significativamente
daquela do grupo II (6 anos), de forma que as diferenças encontradas
poderiam ser parcialmente atribuídas à faixa etária distinta. Análise de
correlação, no entanto, demonstrou que os níveis plasmáticos de
TBARS, para ambos os grupos, não mudaram com a idade dos animais.
CONCLUSÃO
O estudo suporta que os níveis plasmáticos aumentados de
TBARS nas fêmeas portadoras de carcinomas mamários sugerem
incremento da peroxidação lipídica decorrente de maior estresse
oxidativo.
REFERÊNCIAS
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measured as thiobarbituric acid-reactive substances in tissue slices:
characterization and comparison with homogenates and microssomes.
Free Radical Biology & Medicine, v. 4, n. 3, p. 155-161, 1988.
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