Os projetos de responsabilidade social das empresas petrolíferas em Angola. Que modelo de desenvolvimento? Que projeto para a saúde pública? Virginie Tallio Centro de Estudos Africanos-IUL Plano da apresentação 1. Metodologia 2. Contexto social e económico 3. Uma tentativa de classificação dos projetos de RSE 4. Apresentação de dois projetos de RSE em Huíla e no Cunene Metodologia - Projeto iniciado em 2008, “por acaso” - Uso da metodologia qualitativa: entrevistas, análise de relatórios. 16 entrevistas feitas: responsáveis de ONG, responsáveis de departamentos de RSE, administração local Em Luanda, Lubango (Huíla) e Ondjiva (Cunene) - Evolução das relações entre os entrevistadores e o pesquisador - Desaparição de “terrenos”: rica de sentidos => Importância da parte metodológica porque vai além duma contextualização das relações entre pesquisador e entrevistadores Contexto social e económico 1. Contexto histórico importante para perceber a cena do desenvolvimento actual: - Guerra civil de 1975 até 2002 - A partir de 1976: política económica de tipo marxista - Mudança a partir dos anos 1980: abertura dos mercados e implementação duma tímida liberalização - Reforço da liberalização da economia a partir dos anos 1991-92, em simultâneo com uma abertura política - Sector petrolífero à parte 2. Presença das ONG internacionais muito forte durante a guerra mas redução das actividades de emergência a partir de 2003 Contexto social e económico 3. As ONG internacionais não agarraram o mercado do desenvolvimento angolano. Muitas razões: - Custo da vida, especialmente em Luanda - Angola considerado como um país com recursos próprios suficientes - Crise económica - Questão de imagem para o governo angolano 4. Políticas de RSE cada vez mais importantes em África - Importância do mercado africano para muitas multinacionais - Aparição de novos actores (PPP) e maior importância de outros 5. Angolanização do sector petrolífero: - Obrigação das empresas de investir parte dos lucros no sector social - Obrigação de empregar trabalhadores angolanos Tentativa de classificação dos projetos de saúde 3 categorias 1. Público-alvo: os grupos “vulneráveis” - Fotogenia e inocência destas populações - Saúde pública vista como parcelada. Não é garantido o “acesso para todos” mas “os resultados numa maioria da população”, é mais eficiente 2. Doenças-alvo: as doenças representativas da África - Saúde pública vista como um conjunto de doenças a curar ou prevenir, como uma série de taxas a melhorar 3. Projetos altamente técnicos Tentativa de classificação dos projetos de saúde Diferenças entre projetos de ONG e projetos de RSE - Dois primeiros tipos idênticos - O terceiro preenche um vazio - Através desta classificação mas também dos relatórios de RSE, podemos ver que - os buzzwords são diferentes (cf. empowerment, capacity-building vs. accountability) Já não são conceptuais mas técnicos - importância da mensurabilidade e da quantificabilidade - Posição em relação com o Estado diferente (ao nível nacional), mas também com as organizações de advocacia (ao nível internacional) - Perda duma certa história de Angola, duma certa memória institucional quando as ONG vão se embora - Critérios outros do que sanitários para lançar campanhas de saúde Os projetos no terreno 1. Província de Huíla Projeto de Africare financiado por ExxonMobil Luta contra o paludismo (“paludismo comunitário”) 2. Provincia de Cunene Projeto de Medici com l'Africa-CUAMM financiado por Total “Acesso ao parto assistido e tutela da saúde materno-infantil” => Projetos muitos clássicos na concepção mas originais na implementação Conclusões - Aparição de novos atores na cena do desenvolvimento em África: as companhias petrolíferas através dos departamentos de RSE - Exportação de práticas de trabalho - Imposição duma certa visão da saúde pública: programas verticais e grupos-alvos - Projetos que podem responder em necessidades escondidas até agora - Actividade de advocacia desconhecida para estes novos atores - Estes projetos vão propor uma visão diferente da saúde pública? - As ONG vão tomar riscos para propor projetos mais inovadores? - Estagnação do conceito da saúde pública? Obrigada