FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: EDUCAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE
LINHA DE PESQUISA: MOVIMENTOS SOCIAIS, POLITICA E EDUCAÇÃO POPULAR
GRUPO DE PESQUISA EM MOVIMENTO SOCIAIS E EDUCAÇÃO (GPMSE)
PROJETO DE PESQUISA
OS SENTIDOS DO CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO NA
EDUCAÇÃO POPULAR: CASO IPESP/ABHP
Mestranda: Edna Fernandes do Amaral
Orientadora: Profª. Drª. Artemis Augusta Mota Torres
Seminário de Pesquisa II
Profª. Drª. Maria Aparecida Morgado
Profª. Drª. Kátia Alonso Morosov
Debatedoras: Maria dos Anjos L.Santos e Jamille O.Carvalho
OBJETO DE PESQUISA
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A pesquisa ocorre na ABHP - Associação Brasileira de Homeopatia Popular, formada a partir de
um projeto de Educação em Saúde Popular iniciado na Igreja Nossa Senhora do Rosário e São
Benedito aqui em Cuiabá, no ano de 1980, através da Pastoral da Saúde.
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Este projeto teve dois desdobramentos essenciais:
a)A criação do IPESP – Instituto Pastoral de Educação em Saúde Popular, em 1986.
Objetivo: acolher propostas, de grupos diferenciados, referentes à saúde, desde que tenham como
premissa básica a cidadania e a responsabilidade individual e coletiva, de todos e de cada um(a),
na implementação de direitos sociais, que permitam ultrapassar os limites desumanos e cruéis
mantidos no atual modelo econômico e forma de organização político-social no Brasil(...); a luta
pela Vida e Cidadania (IPESP: Texto-Base, 1996, p.5).
b) A criação da ABHP, em 1996.
Missão: proporcionar aos agentes(educadores) populares práticos e simpatizantes da homeopatia
popular um espaço de articulação e formação em educação e saúde, visando um apoio mútuo a
socialização do conhecimento técnico e do conhecimento produzido no meio popular, que
venham implementar o estabelecimento de novas relações do homem e da mulher com eles
mesmos; com seus semelhantes e com a natureza, gerando mudanças substanciais na
sociedade ( Estatuto social da ABHP).
RAZÃO PELA QUAL INTITULEI – IPESP/ABHP
O FOCO DA PESQUISA
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Considerando que a Associação desenvolve um programa amplo
de educação e atividades diversas, elegemos o Curso de
extensão, que vem sendo realizado numa parceria entre a ABHP /
PROVIVAS / DTFE / UFMT (2006-2008) como espaço privilegiado
de minha investigação.
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Considerando este trabalho como um processo de educação
popular, estabelecemos como foco de investigação “os sentidos do
conhecimento e reconhecimento produzidos e compartilhados,
neste espaço, para esses sujeitos (educadores populares),ora
matriculados no curso”
OBS: o estabelecimento do foco e do objeto desta pesquisa se deu a
partir da pergunta: “Que significados e sentidos são atribuídos
pelos agentes populares, à educação realizada pelas organizações
sociais, para a formação pessoal deles e do grupo do qual
participam?
OS SUJEITOS
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Os sujeitos dessa pesquisa são os
educadores populares matriculados e
acompanhados no curso de extensão, que
vem sendo realizado em Cuiabá, desde
Março de 2006 em parceria com ABHP /
PROVIVAS / DTFE / UFMT e alguns
membros da Diretoria da Associação,
totalizando um universo de
aproximadamente 25 pessoas, que
possuem no mínimo 5 anos de prática de
Educação Popular em Saúde.
METODOLOGIA
(o caminho proposto e perseguido...)
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A escolha de um método de pesquisa é também revelador da postura teórico-política do
pesquisador; e, demonstra, portanto, sua opção de classe, apesar de não garantir que estamos
no caminho certo, afirma Gadotti (2003):
» (...) o que nos leva a definir o ponto de vista do caráter da ciência que
produzimos é a opção de classe. Mesmo assim, essa opção não oferece
nenhuma garantia de que estamos no caminho certo: o pesquisador deverá
manter por isso uma crítica e uma autocrítica constante, uma dúvida levada
a suspeita, e a humildade, de que tanto nos fala Paulo Freire, para
reconhecer cotidianamente as limitações do pensamento e da teoria. (p.3839)
Para a realização dessa pesquisa busco apoio na pesquisa qualitativa a partir da visão de
Bogdan e Biklen(1994) uma escolha que também me ajudou na definição de alguns instrumentos
necessários à pesquisa, tais como:
Análise documental;
Grupo focal;
Depoimentos;
Entrevistas;
Observação participante.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
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Todas estas informações foram/estão sendo registradas e analisadas.
Este processo individual e coletivo de busca de informações e de reflexões tem
proporcionado grande amadurecimento, especialmente para mim, enquanto
educadora popular.
Em relação aos sujeitos pude perceber grande dificuldade de registro das
experiências, talvez pela falta de costume e incentivo à prática do registro dos
trabalhos; pelo imediatismo das ações; pela falta de uma visão crítica acerca de seus
atos, apesar das mudanças já ocorridas no processo desde sua inserção nas
atividades comunitárias e da Associação...
A escolaridade se constitui em mais um fator de obstáculo e/ou justificativa para
essa dificuldade de sistematização ( Dos 16 integrantes do curso 25% possuem o
terceiro grau; 43,75% possuem o 2º grau completo e 31,25% não concluíram o 1º
grau.
Acresce a isto a idade dos integrantes, que muitas vezes tem servido, em seus
discursos, como obstáculos ou justificativa para as suas dificuldades de leituras e
sistematização. Daqueles que possuem o terceiro grau (04) a idade varia entre 40 e
65 anos; dos que possuem o 2º grau ( 07), a idade varia entre 25 e 80 anos e
daqueles que possuem o 1º grau incompleto (05) a idade varia entre 40 e 60 anos.
Os demais sujeitos integrantes do curso anterior ou da Diretoria da Associação
também possuem idades variando entre 35 e 50 anos.
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Há entre os educadores populares sujeitos dessa pesquisa, certo consenso sobre:
a) o papel que exercem na comunidade..;
b) o conceito de educação popular,
Esse consenso demonstra maturidade do grupo, que parece ter superado a busca individual de
aceitação do/no grupo, e estabelecido bases consolidadas entre eles de objetivos e crenças,
conforme nos afirma Melucci (1999) “os movimentos sociais não correspondem a uma unidade
de objetivos a eles atribuídos, mas pautam-se pela construção coletiva de objetivos, crenças,
decisões, que se articulam criando um campo sistêmico”.
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, O grupo, no entanto, apresenta importantes divergências na forma de compreensão e condução
dos trabalhos, que podem ser observadas em afirmações como, “Trabalho realizado em favor
dos menos favorecidos”; “Tudo o que fazemos para o povo”; e na condução ao atendimento
individualizado, não comunitário, algumas vezes fazendo desse atendimento sua fonte de renda,
contradizendo a grande maioria do grupo.
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Sobre os sentidos do conhecimento e reconhecimento, o que pude compreender até agora, é que
o conhecimento significativo para esses educadores é aquele que serve para salvar vidas, dar
melhor qualidade de vida às pessoas e a elas(eles) mesmos(as); e, para estabelecer novas
relações
“Quem faz o reconhecimento do nosso trabalho não somos nós, é o povo que vai nos procurar.
Temos bastante pessoas recomendadas pelos seus médicos. Sentimos que somos reconhecidos
pelo valor do nosso trabalho. Aprendemos a trabalhar em comunidade. As pessoas que falam de
nós se referem às curas que obtiveram”. “Para mim não é só o conhecimento que adquiri, mas
sim as respostas do povo que nós acompanhamos e tratamos”. Além do remédio procuramos
orientar para a qualidade de vida. Nosso trabalho é bem familiar e nada formalizado”.
ESQUEMA PROVISÓRIO PARA A DISSERTAÇÃO
CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO POPULAR:
CASO IPESP/ABHP
PARTE I – UM TEMPO PARA OLHAR
CAPÍTULO I - Os Movimentos sociais como tempo e espaço do exercício de cidadania e construção de um projeto político.
A) alguns aspectos do projeto da modernidade com ênfase no movimento que faz surgir a organização social civil, que dialeticamente, compõe o próprio
movimento social;
B) o papel da Educação popular como elemento motivador e propulsor do movimento social;
C) conhecimento e reconhecimento, como categorias centrais de análise nessa investigação;
D) implicações deste processo para a constituição de sujeitos individuais e coletivos do conhecimento popular e sua interface com o sujeito do conhecimento
científico.
PARTE II - UM TEMPO PARA COMPREENDER
CAPÍTULO II – Um olhar contextualizado a partir dos sujeitos da pesquisa
A) os sentidos que os atores sociais individuais e coletivos, pesquisados, atribuem aos conhecimentos próprios e coletivamente construídos no processo
permanente de educação popular do qual participam;
B) as formas metodológicas do aprender/ensinar que estes atores realizam;
C) os impactos sociais de seu trabalho;
D) o perfil dos sujeitos da pesquisa, destacando, demonstrativamente, a identificação contextualizada de (04) quatro desses sujeitos.
SUJEITO A – IDENTIFICANDO SUJEITO E LOCAL DA AÇÃO
SUJEITO B– IDENTIFICANDO SUJEITO E LOCAL DA AÇÃO
SUJEITO C– IDENTIFICANDO SUJEITO E LOCAL DA AÇÃO
SUJEITO D– IDENTIFICANDO SUJEITO E LOCAL DA AÇÃO
CAPÍTULO III – Contribuições de uma metodologia de educação popular para a educação política (cidadã).
A) a história e metodologia do grupo pesquisado, cotejando-as com as políticas públicas produzidas no setor de saúde pública;
B) as contradições, as conquistas e enfrentamentos permanentes que perpassam a luta popular pelo direito irrestrito e universal à saúde.
PARTE III – UM TEMPO PARA “TRADUZIR”
CAPÍTULO IV : A metodologia da pesquisa: contribuições e dificuldades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES DE REFERÊNCIA
Fontes de referências
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BRANDÃO, Carlos Estevão. Educação Popular. 3 ed., São Paulo: Brasiliense, 1986. [Primeiros vôos].
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BRANDÃO, Carlos Estevão. A pergunta a várias mãos. A experiência da pesquisa no trabalho do educador. São Paulo: Cortez, 2003.
BUEY, Francisco Fernández. Redes que dan Liberdade: Introducción a los nuevos movimientos sociales. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica S/A, 1995.
FLEURI, Reinaldo. A questão do conhecimento na Educação popular.
FLEURI, Reinaldo Matias. Entre o oficial e o alternativo em propostas curriculares: olhares, conexões e problematização a partir da Educação Popular. 23ª Reunião
Anual da ANPED. 26/09/00, Caxambu – MG. Acessado em 16 de janeiro de 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GONH, Maria da Glória. Teorias dos novos movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Edições Loyola, 1997.
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MELUCCI, Alberto. A invenção do presente: movimentos sociais nas sociedades complexas. Petrópolis: Vozes, 2001.
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STRECK, Danilo R. Pedagogia no encontro de tempos: ensaios inspirados em Paulo Freire. 01. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
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VILELLA, Hugo. La educación popular bajo el orden neoliberal. Amerinda Estúdios Ediciones. Santiago-Chile, Ago/1993. Xerox
DOCUMENTOS OFICIAIS DA ABHP
Atas de reuniões;
Relatórios de atividades;
Boletins Informativos ( Dinamizando – O Semelhante);
Relatos de experiências,
Avaliações,
Relatórios de pesquisa;
Entrevistas;
Fotos;
Relatórios da 8ªe 9ª conferências de saúde. Estes últimos ganham relevância nesta pesquisa por se tratar de momentos políticos decisivos na construção da política de
saúde nacional, onde diversos movimentos, organizações populares e atores sociais foram determinantes, tanto na proposição desta política, como na garantia da
inserção da mesma na constituição brasileira de 1988. O Sistema Único de Saúde – SUS, foi uma grande conquista social, da qual educadores populares articulados ao
IPESP/ABHP participaram efetivamente, através das conferências, municipais, estaduais e nacionais.
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Sentidos do conhecimento e reconhecimento