AUTOR
Manuel Bandeira
DADOS BIOGRÁFICOS
Nome completo: Manuel Carneiro de Souza
Bandeira Filho
Nascimento: 19/04/1886, Recife – PE
Morte: 13/10/1968, Rio de Janeiro, RJ; sepultado no
Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no
Cemitério São João Batista.
BIBLIOGRAFIA
Poesia:
- A Cinza das Horas ( Jornal do Comércio, 1917)
- Carnaval (1919)
- O Ritmo Dissoluto (1924)
- Libertinagem (1930)
- Estrela da Manhã (1936)
- Poesias Escolhidas ( 1937)
- Poesias Completas (1940)
- Poemas Traduzidos (1945)
- Mafuá do Malungo (1948)
- Poesias Completas (com Belo Belo, 1948)
- 50 Poemas Escolhidos pelo Autor (1955)
- Obras Poéticas (1956)
- Alumbramentos (1960)
- Estrela da Tarde (1960)
Prosa:
- Crônicas da Província do Brasil (1936)
- Guia de Ouro Preto (1938)
- Noções de História das Literaturas (1940)
- Autoria das Cartas Chilenas (1940)
- Apresentação da Poesia Brasileira (1946)
- Literatura Hispano-Americana (1949)
- Gonçalves Dias, Biografia (1952)
- Itinerário de Pasárgada (Jornal de Letras, 1954)
- De Poetas e de Poesia (1954)
- A Flauta de Papel (1957)
- Itinerário de Pasárgada (1957)
- Prosa (1958)
- Andorinha, Andorinha (1966)
- Itinerário de Pasárgada (1966)
- Colóquio Unilateralmente Sentimental (1968)
- Seleta de Prosa
- Berimbau e Outros Poemas
Antologias:
- Antologia dos Poetas Brasileiros
Romântica, Nova Fronteira, RJ
- Antologia dos Poetas Brasileiros
Parnasiana - Nova Fronteira, RJ
- Antologia dos Poetas Brasileiros
Vol. 1, Nova Fronteira, RJ
- Antologia dos Poetas Brasileiros
Vol. 2, Nova Fronteira, RJ
da Fase
da Fase
da Fase Moderna da Fase Moderna -
- Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos
Contemporâneos, Nova Fronteira, RJ
- Antologia dos Poetas Brasileiros - Poesia
Simbolista, Nova Fronteira, RJ
- Antologia Poética - Editora do Autor, Rio de
Janeiro, 1961
- Poesia do Brasil - Editora do Autor, Rio de Janeiro,
1963
- Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas - Editora
do Autor, RJ, 1966
- Manuel Bandeira - Poesia Completa e Prosa, Ed.
Nova Aguilar, RJ
- Antologia Poética (nova edição), Editora N.
Fronteira, 2001
Em parceria:
- Quadrante 1 (1962)
(com Carlos Drummond de Andrade, Cecília
Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando
Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
- Quadrante 2 (1963)
(com Carlos Drummond de Andrade, Cecília
Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando
Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
- Quatro Vozes (1998)
(com Carlos Drummond de Andrade, Rachel de
Queiroz e Cecília Meireles)
- Elenco de Cronistas Modernos
(com Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga
- O Melhor da Poesia Brasileira 1
(com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral
de Melo Neto)
- Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira (seleção
de Francisco de A. Barbosa)
Seleção e Organização:
- Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero
de Quental
- Obras Poéticas de Gonçalves Dias (1944)
- Rimas de José Albano ( 1948)
- Cartas a Manuel Bandeira, de Mário de Andrade
(1958)
Multimídia:
- CD "Manuel Bandeira: O Poeta de Botafogo" Gravações inéditas feitas pelo poeta e por Lauro
Moreira, tendo como fundo musical peças de
Camargo Guarnieri interpretadas pelo pianista
Belkiss Carneiro Mendonça, 2005.
OBRA ANALISADA:
Libertinagem
GÊNERO
Poesia
RESENHA
Libertinagem é composto por 38 poemas, sendo dois
em francês.
Os temas são os mais variados, tais como:
— A infância, as pessoas ligadas a ela e sua cidade
natal, que servem de refúgio ao “eu-lírico” (poeta
descontente e infeliz); esses elementos aparecem
como lenitivo de sua dor no presente.
Poemas: O Anjo da Guarda, Porquinho-da-Índia,
Evocação do Recife, Profundamente, Irene no Céu,
O Impossível Carinho, Poema de Finados.
— Imagens brasileiras, que evocam lugares, tipos
populares e a própria linguagem coloquial do Brasil,
transformando o cotidiano em matéria poética.
Poemas: Mangue, Evocação do Recife, Lenda
Brasileira, Cunhantã, Camelôs, Belém do Pará,
Poema tirado de uma notícia de jornal, Macumba de
Pai Zusé e Pensão Familiar.
— Anseio de liberdade vital, onde o “eu-lírico”
(poeta melancólico, solitário e irônico) extravasa
seus ideais libertários quer de sentimentos e desejos
vitais, quer estéticos.
Poemas: Não sei dançar, Na boca, Vou-me embora
pra Pasárgada, Poética, Comentário Musical e O
Último Poema.
DICA:
- ora melancolicamente: "Não sei dançar",
"Andorinha" e "Profundamente";
- ora ironicamente: "Pneumotórax";
- ou ocasionalmente: "Vou-me embora pra
Pasárgada".
— Visão desiludida e irônica da vida, mostrando
uma melancolia profunda que gera, às vezes, uma
visão surrealista com final inesperado ou um desejo
de mudança.
Poemas: Não sei dançar, O Cacto, Pneumotórax,
Comentário Musical, Chambre Vide, Banheur
Lyrigue, Poema tirado de uma notícia de jornal, A
Virgem Maria, O Major, Oração a Terezinha do
Menino Jesus, Andorinha, Noturno da Parada
Amorim,Noturno da Rua da Lapa, O Impossível
Carinho, Poema de Finados e O Último Poema.
— Amorosos, ora apresentando sentimentos puros e
inocentes, ora apresentando imagens femininas
eróticas.
Poemas: Mulheres, Porquinho-da-Índia, Tereza,
Madrigal tão engraçadinho, Na Boca e Palinódia.
ESTILO DE ÉPOCA
Modernismo – 1ª fase
É nesta obra que Bandeira configura-se como um
autor verdadeiramente modernista, quer nos temas,
quer na forma. Seus trinta e oito poemas foram
escritos entre 1924 e 1930.
Linguagem: atinge a essência do coloquial através
de uma simplicidade consentida e elaborada. Essa
linguagem ganha autonomia através do verso livre,
já plenamente realizado.
Valeu-se de versos e estrofação irregulares e
abandonando a rima, além de empregar largamente
o coloquial, numa atitude inequivocamente
antiformalista: "Poética", verdadeira profissão de fé
modernista, e "Poema Tirado de Uma Notícia de
Jornal".
Em relação à forma, Bandeira não emprega
nenhuma métrica padrão, variando da redondilha
maior em Vou-me embora pra Pasárgada até versos
de dezessete sílabas poéticas como em Namorados;
dentro de um mesmo poema percebem-se inúmeras
variações.
Há em alguns textos a preocupação com a
disposição gráfica, como em Evocação do Recife. Tal
preocupação não é revelada em relação à rima,
porém sua maior expressão está na força da
palavra. Esta é coloquial, cotidiana, mas empregada
com brilhantismo, não desprezando seu aspecto
sonoro, o que acaba por fornecer ao poema um
ritmo pessoal e harmonioso que, somado à emoção,
assemelha-se a uma canção.
Tematicamente, a obra percorre as linhas-mestras
abordadas pelo autor.
INTERTEXTUALIDADE
Filme: Don Juan de Marco, escrito e dirigido por
Jeremy Leven
Don Juan é um personagem literário tido como
símbolo da libertinagem.
A figura do eterno sedutor continua atrelada à Don
Juan, que aparece ainda na obra de Molière, em Le
Festin de Pierre, no poema satírico de Byron
chamado simplesmente Don Juan, no drama de
Bernard Shaw, chamado Man and Superman.
Foucault enfatiza essa questão ao dizer que Don
Juan arrebenta com as duas grandes regras da
civilização ocidental, a lei da aliança e a lei do
desejo fiel.
O VOCÁBULO: Libertinagem
Derivado de libertinus (escravo liberto). Esse termo
jurídico aparece nos Atos dos Apóstolos, VI, 9, para
designar uma sinagoga de libertos inimigos de São
Estevão. A tradução do Novo Testamento (1525)
desvia o sentido: seita judaica que recusa o
ensinamento do Cristo. É esta acepção que inspira
Calvino (1544) para estigmatizar os “libertinos
espirituais” contra os quais ele luta: anabatistas,
que praticam o “casamento espiritual” e a
comunhão de bens. Esta doutrina é então conhecida
sob o nome de “libertinismo”, que ganha em
seguida um sentido mais polêmico do que
ideológico.
“Libertinagem”, no início do século XVII é o termo
que serve para condenar a atitude daqueles que se
liberam das crenças religiosas. Também é um termo
polissêmico que remete ao epicurismo, à
sensualidade, à licenciosidade e à dissolução. Os
dois sentidos vão se desenvolver paralelamente até
que a predominância do segundo, no final do século
XVII, caracterizando uma vida ou conduta
“libertina”. Do primeiro sentido subsiste um
significado derivado: o estado de espírito daquele
que “examina livremente as coisas e os seres”, que
“segue a inclinação natural, sem descartar a
honestidade”. O emprego filosófico de
“libertinagem” é amenizado ao longo do século
XVIII, dando lugar às expressões: “liberdade de
pensar”, “filosofia” etc.
VISÃO CRÍTICA
Sem dúvida, o mais profundo poema de Manuel
Bandeira é, de certa forma, o hino de seu
sentimentalismo, "O último poema", que encerra o
próprio sentido de poesia do escritor:
"Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse tenro dizendo as coisas mais simples e
menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os
diamantes mais límpidos
A paixão dos suicídios que se matam sem
explicação."
Download

AUTOR Manuel Bandeira DADOS BIOGRÁFICOS Nome completo