Trabalho no mundo contemporâneo__________________________________________Capítulo 2
CAPÍTULO 2
Das Corporações de ofício aos assalariados
Na Baixa Idade Média o progresso das cidades e o uso do
dinheiro deram aos artesãos uma oportunidade de abandonar a
agricultura e viver de seu ofício. O açougueiro, o padeiro e o
fabricante de velas foram então para a cidade e abriram uma
loja. Dedicaram-se ao negócio de carnes, padaria e fabrico de
velas, não para satisfazer suas necessidades, mas sim para
atender a procura. Dedicavam-se a abastecer um mercado
pequeno, porém crescente.
Leo Huberman, História da riqueza do homem, Pág.62
Você conhece os sobrenomes ingleses Taylor, Carpenter, Baker e Smith? Os
sobrenomes alemães Schneider, Becker, Zimmerman e Schmidt? Ou mesmo o nosso
Ferreira? Todos querem dizer uma profissão: alfaiate, carpinteiro, padeiro, ferreiro,
açougueiro e assim por diante. Nasceram nas vilas da idade média, quando o
renascimento das cidades criou um mercado que justificasse a transferência de alguns
camponeses especialmente hábeis num ofício qualquer, a ponto deste trabalhador,
agora, dedicar-se exclusivamente a fazer o pão, ou trabalhar a carne, ou fazer
carpintaria. Instalado na vila, não lhe faltariam jovens ávidos por aprender o ofício com
tão competente mestre, que em troca, se ofereceriam para trabalhar de graça. Começa
a surgir o mestre-de-ofício.
O que hoje chamamos de Indústria – e logo pensamos em grandes galpões com
máquinas e operários lá trabalhando – seria mais bem identificada como Indústria
moderna, de modelo fabril. Mas no ano de 1300 em Paris ou Florença ou Madri havia
uma “indústria” e essa indústria da época era baseada nesse mestre-de-ofício que
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trabalhava em casa, cercado de um ou dois menores de idade – os aprendizes – e
talvez de mais um ou dois diaristas, quer dizer, antigos aprendizes que, tendo
completado seu período obrigatório de aprendizado do ofício com o mestre, não tiveram
recursos ou iniciativa de abrir sua própria loja. Na bibliografia que trata desses tempos,
é muito comum que esse primeiro assalariado seja apresentado como um jornaleiro:
nada tendo a ver com o sentido moderno da palavra, o jornaleiro quer dizer diarista
( jour = dia e journée = jornada de trabalho).
PATRÕES E TRABALHADORES, JUNTOS
Ao contrário dos sindicatos modernos, em que os empresários se organizam
em sindicatos próprios - patronais; e os trabalhadores se organizam nos
sindicatos de empregados, nas vilas da idade média as corporações de ofício eram
diferentes. Todos aqueles que se ocupavam de um determinado tipo de trabalho –
aprendizes, jornaleiros, mestres artesãos – pertenciam à mesma corporação. Podiam
lutar pelas mesmas coisas dentro da mesma organização porque a distância entre
trabalhador e patrão não era muito grande. O jornaleiro morava com o mestre, comia a
mesma comida e acreditava nas mesmas coisas. Era regra, e não exceção, tornar-se o
aprendiz, com o tempo, um mestre. Mais tarde, quando aumentaram os abusos e as
relações já não eram idênticas, encontramos jornaleiros formando corporações próprias.
(...) Os degraus da escada da ascensão, de aprendiz a mestre, não estavam fora do
alcance dos trabalhadores.
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 TESTANDO CONHECIMENTOS:
1.Baseado no capítulo que você acabou de ler, você consegue responder qual o
papel do mestre de oficio?
2.Como surgiram os primeiros jornaleiros?
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CAPÍTULO II : Das corporações de ofício aos assala