Título: A EDUCAÇÃO CINDIDA : CORTE E COMUNA DOS SÉCULOS XI AO XIII Área Temática: História da Educação Autor: TEREZINHA OLIVEIRA Instituição: Universidade Estadual de Maringá - Departamento de Fundamentos da Educação / Mestrado em Educação Analisar a educação nos séculos XI, XII e XIII pressupõe, necessariamente, discutir as mudanças que estavam ocorrendo, nesta época, na sociedade medieval do Ocidente como um todo. É preciso considerar que a educação estava sofrendo a influência direta do desenvolvimento social que então ocorria no mundo rural e urbano medievaisl derivado do estabelecimento e expansão do regime feudal. A implantação das relações feudais gerou a necessidade e a possibilidade de que novas formas de educação, adquadas à estas relações, fossem postas aos homens. Na verdade, o que estava sendo colocado é que a organização feudal estava criando homens novos, distintos dos bárbaros que até então haviam ocupado a Europa ocidental desde a decadência do mundo romano. Isto pode soar estranho, já que, afinal de contas, o homem feudal é, em linha direta, o herdeiro dos bárbaros. Entretanto, como observa Guizot, não foram estes, efetivamente, que colocaram o pé fora do caos social que caracterizou a Europa ocidental dos séculos V ao X. Este ato de colocar os pés fora do caos significou modificações nos interesses e nos comportamentos. De fato, aos poucos, por volta dos fins do século X e início do XI, os homens adquiraram novos hábitos que vieram a alterar suas vidas. Gradativamente, o homem feudal vai abandonando o hábito das pilhagens e dos saques. Aos poucos, vai criando raízes, sedimentando seus interesses. Começam, então, a construir residências que possam abrigálos dos ataques, ou seja, os castelos. Este castelo que serve de proteção ao homem feudal, possibilita-lhe uma paz e uma certa tranqüilidade. Estas promovem, aos poucos, o desenvolvimento de certas “ virtudes” que, até então, não faziam parte das suas vidas, tanto no aspecto moral como no social. Lentamente vão sendo gestadas as cortes feudais e, junto com elas, toda uma forma de se comportar que, muito mais tarde, dará origem às cortes aristocráticas. Estas transformações que estavam ocorrendo na sociedade e que deram origem aos castelos, por conseguinte, às cortes, são as mesmas que criaram uma nova dinâmica no espaço urbano. As corporações de artes e ofício e as universidades são, entre outras instituições, frutos destas mudanças. Para tratar destes dois modos de vida que nascem juntos, mas que, rapidamente, adquirem princípios distintos e opostos, quais sejam, o da nobreza e o do terceiro estado, vamos nos dedicar à análise do desenvolvimento do mundo urbano, especialmente da universidade. Deste modo, uma discussão acerca da formação das universidades no Ocidente Medieval não pode deixar de considerar o momento histórico que assinala o seu nascimento. O surgimento das universidades está amalgamado ao renascimento do comércio e ao surgimento das corporações de ofício. O ensino, que durante toda a Idade Média esteve associado a Igreja, continua no século XI amalgamado a esta instituição. A maioria das escolas existentes tinha a marca do catolicismo. Nestas escolas, cuja premissa era preparar clérigos para desempenhar suas funções, se ensinavam os rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo. Segundo Verger, existia um número ínfimo de escolas que poderiam ser chamadas de escolas superiores que davam aos seus alunos uma formação mais profunda. Estas escolas tinham, na verdade, pouca influência sobre o conjunto da sociedade. Estavam sempre localizadas em poucos centros - os mais famosos - e a sua “fama” estava muito mais vinculada a algum nome famoso que ministrasse aulas do que propriamente ao sistema de ensino adotado, como é caso de Laon. Esta somente foi considerada à època em que Santo Anselmo aí ministrou aulas. As escolas que existiam, além de serem vinculadas às igrejas e às principais cidades, elas poderiam ser “geograficamente definidas”, ou seja, só havia escolas onde o clero tinha grande força. Por isso, na maioria das vezes as escolas eram chamadas de “escolas catedrais”, como é o caso, da escola de Bolonha. Na Alemanha, em contrapartida, em função do clero não ter tido grandes influências, praticamente inexistiam “escolas catedrais”. Segundo Verger, “As mais bem providas eram a Itália do Norte onde escolas leigas e escolas eclesiásticas deselviam-se lado a lado e, mais ainda, a região compreendida entre Loire e o Reno, graças às escolas catedrais de Laon, Reims, Orléans, Tours, Chartres, etc., e sobretudo de Paris” (1). Este desenvolvimento havia ocorrido em função do grande impulso do período capetíngio. É importante observar que nestas escolas predominava ainda os programas e métodos utilizados por Alcuíno e as sete artes liberais - trivium (Gramática, Dialética, Retórica) e as do quatrivium (Matemática, Geometria, Música, Astronomia). O ensino da teologia coroava todo o estudo desta época. Durante toda a Idade Média, especialmente na Alta Idade Média, o ensino foi caracterizado pela aprendizagem rudimentar destes elementos. Se temos, ao longo da Alta Média, o ensino da teologia, algo de novo ocorre na vida dos homens, especialmente a partir do final do século X e, fundamentalmente a partir do século XI, que faz com que se busque outras formas de aprendizagem. Quando os homens passam cada vez mais a organizar a vida nas cidades e as mais diferentes atividades passam a ser organizadas sob a forma de corporação, podemos dizer que um novo modo de vida estava sendo gestado. Os habitantes das cidades passam a ser organizar para se defenderem das extorções e dos ataques de senhores feudais, laicos ou clérigos. No momento em que os senhores feudais passam cada vez mais a se interessar por artigos de luxo, especialmente, as especiarias do Oriente, isto é, a partir do período capetíngio, uma certa “paz” se instaura em meio a vida dos homens, o ensino não pode mais ser o do trivium e do quatrivium. Em primeiro lugar, a escrita precisa dar conta dos contratos comerciais que são redigidos. Ela não pode ter mais a forma dos escritos solenes. Não serve mais a elegância da escrita de Chancelaria. Ao contrário, precisa ser clara, rápida e exprimir energia, equilíbrio e gosto. Por último, precisa necessariamente ter a forma cursiva. Se a escrita precisa demonstrar clareza e facilitar os contatos, o que não dizer da língua. A língua não pode ser mais o latim, mas a língua vulgar. Os comerciantes, por exemplo, passam a utilizar a língua das regiões onde o comércio está mais florescente. A princípio, segundo Le Goff, a língua mais comum do comércio no Ocidente, foi o francês, em função das feiras de Champagne. Todavia, em breve foi substituída pelo italiano e nas regiões onde dominava a Liga Hanseática assiste-se o domínio do alemão. Ainda segundo Le Goff, a divulgação das línguas nacionais - chamadas línguas vulgares deve-se, em grande medida, às atividades dos mercadores. Ao lado das mudanças na língua e na escrita, esta sociedade precisa aprender o cálculo. Seu ensino passa ser feito de forma simples, com o uso de objetos práticos. Utiliza-se, por exemplo, o ábaco, e o tabuleiro de xadrez. No que diz respeito, ao ensino de cálculo, Le Goff observa, que, a partir do século XIII, prolifera-se a produção de manuais de aritmética. Se, por um lado, as novas necessidades colocavam como condição o ensino prático da escrita e do cálculo, não menos importante passa a ser a aprendizagem de uma geografia prática. É preciso saber onde se localizam determinadas regiões, determinados portos, mapas que facilitem a localização de rotas marítimas, etc. A história também torna-se importante. Através dela os homens conseguem se situar melhor, conseguem compreender melhor os acontecimentos que constituem o contexto de suas atividades. Todas estas mudanças nos mostram, de fato, que a forma tradicional das escolas medievais ou catedrais já não dava mais conta das expectativas que os homens tinham de suas vidas. A partir do momento em que a vida passa a ter sua mobilidade nas cidades, tudo se transforma. É nas cidades que surgem os ofícios comerciais ou artesanais, que surge a divisão do trabalho. O renascimento das cidades e o surgimento dos mais diferentes ofícios rompem com a idéia das três ordens sociais definidas e imóveis do mundo feudal a dos belatores, oratores e laboratores. É nas cidades que florescem as corporações de ofícios. É preciso salientar que, embora, hoje, possamos considerar as corporações medievais como sinônimo de atraso, não podemos deixar de reconhecer o grande avanço que elas representaram em relação a liberação pessoal dos homens. Os homens das corporações - aprendizes e jornaleiros - não dependiam estreitamento de seus mestres, como os servos e vassalos dependiam de seus senhores. Havia, indubitavelmente, uma submissão social entre estas diferentes categorias profissionais mas ela não impedia que ocorresse mudanças quanto aos lugares que cada um deles ocupava na escala social, diferentemente das relações estabelecidas entre servos e senhores. “Tais associações criavam não dependências verticais como aquelas que, na sociedade feudal, ligavam o homem a seu senhor, mas comunidades de iguais; o juramento que os ligava, era livremente consentido e as obrigações que lhes criava, previamente discutidas e publicadas em estatutos suscetíveis de serem reformados; no interior da corporação uma hierarquia de graus podia existir (aprendiz, valet, mestre), mas não tinha nenhum caráter escravizante; de um grau a outro a promoção era considerada normal e fazia-se através de exames públicos” (2). Para além disso, todas as relações se modificam no momento em que a vida, aos poucos, vai se tornando mais urbana, principalmente no que diz respeito ao dinamismo do mundo. Em função de uma produção em escala sempre crescente, em função de um comércio cada vez mais longínquo, o horizonte dos homens se alargam. A vida não se restringe mais só ao castelo e a propriedade do senhor feudal. As pessoas começam a perceber, que os limites de suas relações não são tão estreitos. Segundo Le Goff, neste momento os intelectuais vêem o mundo e a si mesmos como um prolongamento das cidades, desta vasta fábrica borbulhante de ruídos e de ofícios. O intelectual, como qualquer outro artesão, percebe que a vida se realiza neste ambiente agitado de mudanças. Em função destas transformações, precisa-se criar um novo ensino, não apenas com novas disciplinas como, por exemplo, a dialética, a física e a ética, como, também, os homens das cidades precisam de novas técnicas científicas e artesanais. Em última instância, o renascimento das cidades “exige” dos homens não só uma nova forma de ensinar, mas que estes precisam, fundamentalmente, aprender. É deste período a famosa frase de Hugo de Saint-Victor: O exílio do homem é a ignorância; sua pátria a ciência. O profissional do saber, o intelectual, precisa vir em socorro dos demais profissionais. Sendo um homem de ofício, ele tem que saber e fazer a ligação entre a ciência e o ensino. O intelectual tem clareza que o conhecimento não pode ser entesourado. Ao contrário, precisa ser divulgado na sociedade. O ensino deve, também, ter uma razão, cumprir uma função na sociedade. As escolas são oficinas de onde se exportam as idéias, como se fossem mercadorias (3). Aberlado (1079-1142) foi um dos maiores expoentes desta nova realidade social do ensino. Na obra onde relata suas calamidades, revela-nos o quanto a antiga forma de ensino tinha se tornado vazia e não tpossía mais uma função na sociedade. Ao comentar as aulas de Santo Anselmo (1033-1109) Abelardo observa, “Então fui ter com esse velho que conquistara um grande nome mais pela sua longa prática do que pelo engenho ou pela memória. Se alguém vinha bater à sua porta, incerto, para consultá-lo sobre alguma questão, voltava mais incerto. Na verdade, parecia admirável aos olhos dos seus ouvintes mas era nulo aos olhos dos que faziam perguntas. Tinha uma elocução o admirável, mas era vazio de conteúdo, oco de pensamento. Quando acendia o fogo, enchia sua casa de fumaça mas não a iluminava. Sua árvore parecia toda vistosa na sua folhagem aos que a olhavam de longe, mas revelava-se infrutífera aos que observavam de perto e com cuidado. No entanto, quando eu me aproximei dela para lhe recolher o fruto, percebi que se tratava daquela figueira que o Senhor amaldiçoou [...]” (4). Esta descrição de Abelardo do conhecimento de Santo Anselmo é fundamental porque mostra que aquele conhecimento, de memorização, do latim, que havia dominado toda uma época, não servia mais aos homens das cidades, aos comerciantes. O vazio dos ensinamentos de Santo Anselmo não correspondia mais as expectativas dos homens. Há que se observar, que Abelardo não está criticando qualquer clérigo, mas um dos maiores teóricos da Igreja. Esta ressalva deve ser feita em função das críticas que foram feitas ao clero nos séculos XI, XII. A grande crítica que era feita aos clérigos é que não conheciam livros e, na sua maioria, eram iletrados. Num momento em que tudo passa a ser definido pela corporação de ofício, onde cada um conhecia bem o seu ofício, era difícil de pensar a existência de pessoas que não conhecesse suas próprias funções. Todavia, esta crítica ao clero só pode ser concebida, a partir do momento em que para se ensinar não era mais suficiente só saber alguns rudimentos de latim ou memorizar alguns conhecimentos. Ao contrário, tornava-se cada mais imprescindível que o “intelectual” tivesse, além do espírito, o conhecimento contido nos livros. Com o renascimento das cidades, com todas as suas implicações, o intelectual precisa aliar o conhecimento à prática. O intelectual, como qualquer outro profissional, deve ligar-se ao mundo prático, ou como coloca Le Goff, à grande fábrica que é o universo. “[ ] o intelectual, no seu lugar, com as suas aptidões específicas, deve colaborar no trabalho criador que se elabora. Não tem como instrumento apenas o espírito mas também os livros que são a sua ferramenta de operário. Como nos afastamos, com eles, do ensino oral da Alta Idade Média!” (5). É neste momento que verificamos o surgimento das universidades. Esta instituição constitui um desdobramento, se assim podemos dizer, das mudanças que estavam acontecendo na sociedade. “A estes artesãos do espírito, arrastados pelo surto urbano do século XII, faltava organizarem-se no interior de um grande movimento corporativo, coroado pelo movimento comunal. Essas corporações de mestres e de estudantes serão, em sentido estrito, as universidades. Será essa a obra do século XIII” (6). Assim, a organização das universidades não é um acontecimento isolado, um “grande feito” dos intelectuais. Os profissionais do saber se organizam da mesma forma que as demais profissões, ou seja, na forma de corporação cujo nome é universidade. É sob este aspecto que podemos entender a afirmação de Le Goff de que o século XIII é o século das universidades exatamente porque é o século das corporações de ofício. Se até o momento mostramos a relação direta entre o surgimento das universidades e o renascimento das cidades faz-se necessário salientar que, embora estas sejam consideradas corporações de ofício, é importante destacar que existiam diferenças signicativas entre elas e as demais corporações. As duas grandes diferenças que, a nosso ver, são muito significativas residem, em primeiro lugar, no fato das universidades terem um caráter universalizante, ou seja, enquanto a produção das corporações estavam restritas ao seus lugares de origens, as universidades, especialmente a de Paris e a de Bolonha, atraíam alunos de todas as partes da Europa. Assim, o resultado de suas atividades intelectuais era amplamente divulgado. Em segundo lugar, a diferença reside no fato da universidade ser uma das únicas, senão a única, corporação da Idade Media que continua a existir até os nossos dias. Para além destas duas grandes diferenças, é preciso ressaltar outros elementos que nos permitem conhecer a história desta instituição. Embora as universidades fossem fruto das cidades, suas origens estavam, ainda que parcialmente, vinculadas à Igreja. Segundo Verger, quando se trata das origens das universidades é sempre bom lembrar que elas tiveram três raízes distintas. As chamadas “Universidades espontâneas”, as que surgiram a partir do desenvolvimento das escolas já existentes e as chamadas “escolas catedrais”, ligadas a bispados importantes. As duas universidades mais famosas, cuja origem, estavam vinculadas a estas escolas é a de Paris e da Bolonha. As “Universidades Nascidas por Migração” foram aquelas que existiram a partir de “secessão”. Ainda segundo Verger, a secessão fora uma das principais armas das jovens universidades em luta contra as autoridades locais. Existiria, assim, um grande centro de estudos em uma determinada região chamado de “universidade mãe” que cedia sua organização e seu conhecimento a outras localidades. Um exemplo importante de universidade formada por secessão é de Cambridge (reconhecida oficialmente em 1318), nascida da secessão oxfordiana de 1208. Por último, as “Universidades criadas”. Estas surgiram no final do século XII e, ao contrário das universidades espontâneas, foram criadas pelo papa ou pelo imperador. As universidades criadas, segundo Verger, tiveram uma importância medíocre no que diz respeito a sua importância geral, principalmente se comparadas com as universidades espontâneas. No entanto, elas marcam uma posição política muito clara de oposição, por parte do papa e do imperador, às universidades criadas e estimuladas pelos intelectuais do século XII. Esta oposição por parte das autoridades às universidades criadas pelos intelectuais mostra uma das faces da luta que vai ser travada entre as universidades e a sociedade, ou seja, entre as demais corporações. Embora as universidades tenham nascido no bojo e à semelhança das corporações de ofício, aos poucos vão se distanciando destas últimas. Passam a ter determinados privilégios que atingem diretamente as cidades. Ficam, por exemplo, isentas do pagamento de determinados tributos que recaem sobre as demais setores. Os universitários também estão isentos de uma série de ônus, especialmente o da punição por seus delitos. Em qualquer conflito que envolvesse pessoas ligadas às universidades, os bispos e o imperador ficavam sempre do lado destes, em detrimento dos prejudicados. Aos poucos, seus interesses já não eram os mesmos das demais corporações, logo não eram mais os das cidades. Estas divergências, entre as universidades e os interesses das cidades nos fazem perceber que ocorreu uma grande mudança nas universidades no final do século XIII e início do XIV. Um dado, no entanto, nos fornece indícios porque houve esta transformação. Quando do surgimento destas instituições, seus mestres viviam muito simplesmente e, na maioria das vezes, do pagamento de seus alunos. Isto não ocorre mais em fins do século XIII. A própria formação do mestre e do doutor torna-se algo extremamente custoso. É preciso ter muito dinheiro, não apenas para se manter, bem como para custear sua formatura - comprar seu anel, pagar a festa a banca, dinheiro para a roupa especial que a ocasião pedia - mas, fundamentalmente, para se manter enquanto um doutor da universidade. Um doutor precisa saber gastar tanto quanto um nobre, eis a questão fundamental. Se, por um lado, os principais cargos públicos passam a ser ocupados pelos homens da universidade, é bem verdade que eles também passam a viver muito próximo da aristocracia, a tal ponto de um doutor ser, no momento de sua formatura, cingido cavaleiro pelo rei, como os nobres. Desse modo, nos séulos XIII e XIV, esta instituição que havia nascido junto com as comunas, inclina-se para a aristocracia. Podemos afirmar que ocorreu uma grande ruptura entre os princípios que originaram as universidades - seu vínculo estreito com o Terceiro estado - e a sua atuação em fins do século XIII, aproximando-se definitivamente da nobreza e do Estado. A questão que fica, desta nossa reflexão é a de investigar o que provocou, precisamente, esta ruptura entre a universidade e as demais corporações. Notas (1) VERGER, J. As universidades na Idade Média. São Paulo: Unesp, 1990, p. 20-1. (2) Idem, p. 27. (3) LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Lisboa: Gradiva, 1984, p. 65-6 (4) ABELARDO, A história das minhas calamidades. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 254. (Os pensadores, v. VII) (5) LE GOFF, op. cit., p. 66. (6) Idem, ibidem. Referências bibliográficas ABELARDO, P. A história das minhas calamidades. São Paulo: Abril, 1973. GUIZOT, F. Histoire générale de la civilisation en Europe, depuis de la chute de l'Empire Romains jusqu'a la Révolution Française. Bruxelles: Langlet, 1838. _____. Historia de la civilización en Europe. Madrid: Alianza Editorial, 1990. _____. Histoire de la civilisation en France, depuis de la chute de l'Empire Romain. Paris: Didier, 1884, 4vs. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Lisboa: Gradiva, 1984. PIRENNE, H. As cidades da Idade Média. Lisboa: Europa-América, 1964. THIERRY, A. Essai sur l'histoire de la formation et de progrès du Tiers Etat. Paris: Furne, 1853, 2 vs. VERGER, J. As Universidades na Idade Média. São Paulo: UNESP, 1990.