A Revolução Francesa – 1789-1799 A Revolução Francesa: • Foi uma Revolução Burguesa. Apesar da intensa participação popular, foi a burguesia que liderou praticamente todo o processo revolucionário. • O TERCEIRO ESTADO CONQUISTOU A IGUALDADE JURÍDICA. • Na verdade, a RF foi, sobretudo, uma ADAPTAÇÃO JURÍDICA: havia um descompasso entre a lei e o fato (a realidade econômica e social). A burguesia, que, na Idade Moderna, já tinha o PODER ECONÔMICO, conquistou o PODER POLÍTICO: Idade Poder Econômico Média Moderna Contemporânea Nobreza Burguesia Burguesia Político Nobreza Nobreza Burguesia O Terceiro Estado: “Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma coisa... O Terceiro Estado forma em todos os setores os dezenove/vinte avos (ou seja a grande maioria da população francesa), com a diferença de que ele é encarregado de tudo o que existe de verdadeiramente penoso, de todos os trabalhos que a ordem privilegiada se recusa a cumprir. Os lugares lucrativos e honoríficos são ocupados pelos membros da ordem privilegiada... Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem em si tudo o que é necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que tem um dos braços ainda acorrentado. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim, que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros. Essa classe (privilegiada) é seguramente estranha à nação devido à sua ociosidade“ (Abade Sièyes). O Terceiro Estado fez a Revolução: Causas O fortalecimento da burguesia. A estrutura social: A lei reconhecia três ordens sociais ou estados: clero, nobreza e terceiro estado. Clero e nobreza eram os estados privilegiados. A situação social: muita miséria no meio rural (regime servil, baixa produção...) e no meio urbano (desemprego, salários baixos, inflação...). O Iluminismo: levou os franceses a pegarem em armas para defender as idéias de liberdade, igualdade, fraternidade; a resistir contra um governo opressor. A Independência dos USA: foi um exemplo a ser seguido; a participação da França nesta guerra agravou a situação financeira do governo. A crise financeira enfrentada pelo governo: dívida externa, de 5 bilhões de libras, e déficit crônico. Em 1788, o déficit foi de 126 milhões (receitas 503 milhões de libras; despesas de 629 milhões). Sociedade / Distribuição das terras Finanças Os Estados Gerais • Visando resolver esta crise, o rei, convencido pela nobreza e pelo clero, decidiu convocar a Assembléia dos Estados Gerais. Os três estados iriam decidir pelo aumento dos impostos para o Terceiro Estado pagar. As votações eram "por estado" e sempre Clero e nobreza venciam o Terceiro Estado, por 2 x 1. • O Terceiro Estado exigia, na Assembléia: ter o mesmo número de representantes que o clero e a nobreza, juntos; que as votações fossem por indivíduos e não por estados. Não foi atendido. • Então o Terceiro Estado, com o apoio de alguns clérigos e de alguns nobres, se reuniu em separado, em Assembléia Nacional, que tornou-se Assembléia Nacional Constituinte. • Era a Revolução acontecendo. A Revolução Popular, urbana • A burguesia sabia que estava “à mercê das baionetas”. O rei pretendia mesmo dissolver a Constituinte. • Mas as camadas populares urbanas pegaram em armas, ocuparam ruas e praças, visando apoiar os trabalhos da Assembléia Constituinte. – O ponto alto das manifestações populares foi a Queda da Bastilha (14 de julho). O Rei teve que se resignar à nova situação. – Depois, ocorreram as Jornadas de Outubro: as massas urbanas invadiram o palácio real de Versalhes e levou o rei como prisioneiro para Paris. Às armas cidadãos!!! Sans-culotte, mulheres, camponeses... A Revolução Camponesa e o “Grande Medo” • No meio rural, os camponeses invadiam castelos, saqueavamnos, queimavam títulos de propriedades e de dívidas, assassinavam senhores... Espalharam o “grande medo”. – Os camponeses, ao gerarem o “grande medo”, foram decisivos na Revolução Francesa. A Constituinte trabalha... • Devido ao “grande Medo”, nobres e clérigos decidiram abrir mão de certos privilégios, especialmente no dia 04 de agosto: a Assembleia votou a igualdade de todos, o fim dos privilégios, o fim dos tributos feudais (corvéia, banalidades, talha...), a gratuidade dos cultos... • Em 26 de agosto, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Diversos direitos foram garantidos a todos: igualdade jurídica, liberdade de pensamento e expressão, propriedade... • Em 1790, foi aprovada a Constituição Civil do Clero. Surgiu o Clero Juramentado e o Clero Refratário. • Em 1791, ficou pronta a nova Constituição, que foi inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão... A França tornara-se uma Monarquia Constitucional. Uma Revolução limitada... • A burguesia foi a grande beneficiada com a Revolução. Ela conseguira a igualdade jurídica, o direito de propriedade... • As camadas populares sentiram-se prejudicadas com as mudanças, que foram muito limitadas: – Os pobres continuaram sem terras. – O voto continuou censitário. – Os trabalhadores eram proibidos de organizarem associações (Lei Le Chapelier). • Era necessário aprofundar a Revolução. Quatro revoluções? • De acordo com George Lefebvre, no longo processo revolucionário francês, ocorreram quatro revoluções: – Revolução Aristocrática: o Clero e a Nobreza convenceram o rei a convocar a Assembleia dos Estados Gerais. – Revolução Burguesa: a burguesia, liderando o Terceiro Estado, conseguiu transformar a Assembleia dos Estados Gerais em Assembleia Constituinte. – Revolução Popular, urbana: as camadas populares, ao ocuparem ruas e praças com armas nas mãos, conseguiram garantir os trabalhos da Assembleia Constituinte. Sem o apoio popular, a constituinte estava “à mercê das baionetas”. – Revolução Camponesa: os camponeses foram decisivos, ao criarem o “grande medo”. Eles conseguiram “quebrar resistências”. Com os camponeses rebelados, invadindo, saqueando e incendiando castelos, clérigos e nobres foram obrigados a abrir mão de certos privilégios. A MONARQUIA CONSTITUCIONAL (1791-1792): • O rei deveria governar a França de acordo com a Constituição, tendo, assim, os seus poderes limitados (pela Constituição). • O rei não gostou. Tentou fugir, para, do exterior, organizar as forças para restaurar os seus poderes. Mas foi preso. • A França foi invadia por forças da Áustria e da Prússia. Os invasores foram vencidos e expulsos, na Batalha de Valmy, 20/09/1792. A CONVENÇÃO (1792-1794): • Após a vitória sobre os invasores, foi proclamada a República Francesa. A Revolução entrava numa nova fase, denominada Convenção. • Um novo calendário foi elaborado. Este calendário, que durou de 1792 a 1806, tinha os seguintes meses: No outono: Vindimiário: 22 de setembro a 21 de outubro Brumário: 22 de outubro a 20 de novembro Frimário: 21 de novembro a 20 de dezembro No inverno: Nivoso: 21 de dezembro a 19 de janeiro Pluvioso: 20 de janeiro a 18 de fevereiro Ventoso: 19 de fevereiro a 20 de março Na primavera: Germinal: 21 de março a 19 de abril Floreal: 20 de abril a 19 de maio Pradial: 20 de maio a 18 de junho No verão: Messidor: 19 de junho a 18 de julho Termidor: 19 de julho a 17 de agosto Fructidor: 18 de agosto a 20 de setembro A Convenção: • O poder ficou nas mãos de uma Assembléia denominada Convenção. Havia três forças políticas: – Os Jacobinos ou Montanhenses: ficavam à "Esquerda" da Assembléia e defendiam o AVANÇO da Revolução, com novas mudanças capazes de beneficiarem as camadas populares. – Os Girondinos: eram burgueses. Ficavam à "Direita" e defendiam os interesses burgueses. Queriam apenas conservar as conquistas da Revolução (igualdade jurídica, liberdade de pensamento e expressão, propriedade...). – PLANÍCIE ou PÂNTANO. Seus membros ficavam no "Centro" da Assembléia. Eram oportunistas. Votavam de acordo com a conveniência com os jacobinos ou com os girondinos. • Na verdade, o poder foi monopolizado pelos jacobinos, cujo principal líder era Robespierre. Ocorreram algumas conquistas populares: voto universal, tabelamento de preços, distribuição de terras... O terror A Convenção foi, também, a fase do Terror. Cerca de 300 mil pessoas foram presas; aproximadamente 20 mil foram guilhotinadas, inclusive o rei Luís XVI e sua esposa, Maria Antonieta. - “Se a base de um governo popular em tempo de paz é a virtude, a fonte do governo popular na Revolução é, ao mesmo tempo, a virtude e o terror. Sem a virtude, o terror é fatal; sem o terror, a virtude é impotente” (Robespierre). Execução de Luís XVI Terror geral... • O terror atingiu a todos os inimigos da Revolução e, inclusive, revolucionários que discordassem de Robespierre, como Danton – que defendia o fim o terror – e Hebert – que exigia uma pressão maior sobre os ricos. • Este foi o erro do grande líder que, aos poucos foi ficando isolado. Perdeu o apoio dos sans-culottes e atraíram a raiva da burguesia. • Isto permitiu que ele – Robespierre – fosse derrubado do poder (Reação Termidoriana – 9 Termidor ou 27/07/1794). Robespierre e outros jacobinos foram guilhotinados. O DIRETÓRIO (1794-1799): • Os jacobinos caíram. A burguesia voltou triunfante ao poder. – “A França deseja qualquer coisa de grande e de durável. Deseja que seus representantes sejam conservadores pacíficos, e não inovadores turbulentos” (Jornal burguês Moniteur, defendendo o golpe de Napoleão Bonaparte). • O poder ficou nas mãos de um Diretório, formado por cinco diretores. Foi um período de grande agitação, com muitas tentativas de golpes, de Direita e de Esquerda. • Ocorreu uma mudança nas forças políticas. As três principais forças eram: – os realistas (Direita), que defendiam a volta da Monarquia; – os girondinos (Centro), representavam a alta burguesia; – os jacobinos (Esquerda), que defendiam grandes mudanças sociais e políticas. • Babeuf organizou a Conspiração dos Iguais. Defendia o fim da grande propriedade e a criação de uma sociedade comunitária de camponeses e artesãos, sem ricos nem pobres. • A Revolução chegou ao fim, quando a alta burguesia, em 1799, colocou Napoleão Bonaparte no poder – foi o golpe do18 Brumário – em 10/11/1799.