12 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 6, 7 e 8 de março de 2015 ▲ EMPRESAS Editora: Flavia Galembeck Erica Ribeiro [email protected] A receita líquida da Embraer com o segmento de Defesa & Segurança pode cair até 21,4% este ano, em relação a 2014, segundo projeções divulgadas ontem pela companhia. A fabricante de aviões projeta um faturamento líquido entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,25 bilhão para essa divisão de negócios, que no ano passado atingiu receita de R$ 1,4 bilhão. Entre as razões para a diminuição está a valorização do dólar frente ao real e, também, a incerteza com relação ao orçamento do governo federal para manutenção dos investimentos no projeto do cargueiro KC 390. Com resultados abaixo do esperado pelo mercado, a Embraer fechou o quatro trimestre de 2014 com queda de 60,1% no lucro, que ficou em R$ 241,9 milhões contra R$ 607,2 milhões no mesmo período do ano passado. Em 2014, houve alta de 2% no lucro, com resultado de R$ 796,1 milhões, contra R$ 777,7 milhões no ano anterior. A receita líquida no quarto trimestre ficou estável ante igual período de 2013, em R$ 5,2 bilhões. No ano, a receita líquida foi de R$ 14,9 bilhões contra R$ 13,6 bilhões em 2013. Entre os fatores negativos que influenciaram os resultados da fabricante brasileira de aeronaves, o item que diz respeito a contas a receber, que ficou em R$ 312,8 milhões, tem a maior parte de seu montante relacionada ao não pagamento, por parte do governo federal, dos custos para o desenvolvimento do cargueiro KC 390. O governo encomendou 28 unidades da aeronave, com entrega a partir de 2016, avaliadas em US$ 7,2 bilhões. O projeto está em desenvolvimento e em fevereiro deste ano foi realizado o voo experimental de um protótipo. Segundo José Antonio Filippo, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer, a empresa ainda está tentando receber pagamentos atrasados do governo brasileiro que contribuíram para o fluxo de caixa negativo de R$ 224,1 milhões em 2014. “A nossa frustração com relação ao fluxo de caixa veio do aumento de contas a receber. Quanto ao governo, estamos conversando. Não tivemos a regularização de pagamentos em 2014. Os programas seguem em andamento, mas continuamos conversando para avaliar como tudo ficará. Em 2015, certamente os passos futuros vão depender do que for definido com relação ao orçamento do governo. E esse é um ponto que pode vir a influenciar no projeto”, admite Filippo. O segmento de Defesa & Segurança, cuja participação na recei- Divulgação [email protected] O governo encomendou 28 unidades do cargueiro KC 390, ao custo de US$ 7,2 bilhões Embraer: defesa prejudica resultado Caixa líquido negativo em 2014 tem como um dos motivos atraso de pagamento do governo em programa de desenvolvimento do avião cargueiro KC 390. Receita fica estável no ano NÚMEROS DA EMBRAER 2013 2014 RECEITA LÍQUIDA (R$) 4º trimestre 5,3 bi 5,2 bi ENTREGAS 2014 2015 (estimativa) Aviação comercial 92 aeronaves 95 a 100 aeronaves No ano 13,6 bi 14,9 bi Aviação executiva LUCRO LÍQUIDO (R$) 116 aeronaves 115 a 130 aeronaves 4º trimestre 607,02 milhões 241,9 milhões No ano 777,7 milhões 796,1 milhões Cenários para 2015 Participação esperada de cada setor na receita Aviação comercial Outros negócios 52% CARTEIRA DE PEDIDOS (US$) No ano 18,2 bilhões 20,9 bilhões Fonte: Embraer Aviação executiva 28% 2% 18% Defesa e segurança ta total saltou de 19% em 2013 para 23% em 2014, deverá representar algo em torno de 20% este ano, assinalou o executivo. Isso porque, segundo ele, a alta do dólar vai gerar impacto negativo já que os projetos para o governo brasileiro com o KC 390 e outros programas, são em reais. Pelas projeções para 2015, o segmento de Defesa & Segurança terá um faturamento em torno de US$ 1,1 bilhão a US$ 1,25 bilhão. “Os valores em reais devem se manter estáveis mas, no caso do segmento de Defesa, haverá uma diminuição expressa em dólares e a maior parte dos programas está atrelada ao governo brasileiro, com receitas em reais”, diz ele. Em 2015, a estimativa da companhia é de atingir receita líquida de US$ 6,1 bilhões a US$ 6,6 bilhões, impulsionada pelas entregas estimadas de 95 a 100 jatos na área de Aviação Comercial; de 35 a 40 jatos grandes e de 80 a 90 jatos leves na Aviação Executiva. “ A nossa frustração com relação ao fluxo de caixa veio do aumento de contas a receber. Quanto ao governo, estamos conversando. Não tivemos a regularização de pagamentos em 2014” José Antonio Filippo Diretor Financeiro e de RI da Embraer