Auto-estima: desmistificação popular e contextualização
científica
Ciências Humanas
Psicologia
Karina Cascaes Felipe, Nádia Kienen – PUIC – Programa Unisul de Iniciação
Científica; Curso de Psicologia – Campus Grande Florianópolis.
Introdução
Aparentemente o tema auto-estima tem se apresentado tão popularmente que pode até parecer
estranho propor uma discussão científica sobre tal. Porém, é importante considerar que a auto-estima
não está fora do indivíduo e de suas relações. E para a sua compreensão, precisamos entender
como funciona o processo de auto-estimar-se, para só assim, explicá-lo como fenômeno psicológico,
Resultados
Foram identificados doze comportamentos constituintes do processo comportamental de autoestimar, conforme pode ser observado na figura abaixo. Esses doze comportamentos parecem
ocorrer numa seqüência, identificada a partir do seqüenciamento das classes de respostas,
conforme demonstrado na figura abaixo:
que ocorre nas relações dos sujeitos consigo mesmos e com o mundo. Para caracterizar o fenômeno
auto-estimar-se, faz-se necessário ter clareza de seu significado.
Compreendemos que a auto-estima, bem como outros temas estudados pela psicologia, vem sendo
utilizada e abordada de modo altamente popularizado, e muitas vezes com certo menosprezo.
Justamente por estes motivos, pode parecer estranha a proposta de abordar auto-estima
cientificamente, mas não é estranho se compreendermos que a psicologia como fonte de ciência tem
por função esclarecer seus objetos de estudo e permitir que seus conceitos sejam difundidos para
além da comunidade acadêmica e evitando que, por conta da popularização e por explicações
simplórias por demais, sua finalidade perca o valor.
Desse modo, há necessidade de maior esclarecimento sobre o processo comportamental de autoestimar-se, desmistificando a idéia de entidade que vem se estabelecendo sobre este processo.
Através da pesquisa, buscamos responder à pergunta: quais são as variáveis básicas envolvidas no
Classes de respostas constituintes do processo de auto-estimar-se
processo comportamental de auto-estimar-se?
Podemos destacar principais aspectos constituintes do processo comportamental de
auto-estimar-se o valor que o indivíduo atribuía a si, definição de sucesso e fracasso, o
processo de avaliação e aprovação deste valor atribuído, bem como a manutenção ou
desaprovação, a aceitação do valor atribuído a si, o sentimento de valorização ou
desvalorização e o juízo de mérito, justamente por ser um processo, a seqüência não se
apresenta estática, o indivíduo no decorrer de suas relações pode ser levado à retomar
alguns aspectos.
Objetivos
Objetivo Geral
Caracterizar as variáveis básicas envolvidas no processo comportamental de auto-estimar-se, a partir
da literatura existente.
Objetivos Específicos
Identificar os diferentes tipos de literaturas a respeito do processo de auto-estimar-se;
Distinguir contribuições da literatura cientifica de conhecimentos do senso comum a respeito do que
seja auto-estima;
Identificar as variáveis básicas envolvidas no processo de auto-estimar-se;
Metodologia
Para e execução da pesquisa utilizamos a seguinte metodologia:
Fontes de Pesquisa:
1 – Artigos
GOBITTA,M, GUZZO, S.L. Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI) . Forma A. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), (pág 143-150).
GOBITTA,M, GUZZO, S.L. O valor da auto-estima: Uma proposta de um instrumento. Em P.W.
Schelini, (org.) Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas: Alínea. (págs. 89 a 109)
2 – Livros
MRUK, C.J. Self-esteem: Research, Theory, and Practice. New York. Springer. 1995.
COOPERSMITH, S. The antecedents os self-esteem. San Francisco: W.H. Freeman and Company.
1967
1 – Exames das fontes: Em cada obra analisada foram identificados os trechos do texto considerados
relevantes por apresentarem elementos que contribuíam para a definição ou apontavam fenômenos
constituintes do conceito da auto-estima. A partir dos elementos identificados na literatura foram
construídas tabelas de transcrição dos dados encontrados.
2 - Identificação e organização dos componentes dos comportamentos constituintes de autoestimar: Os elementos encontrados como componentes do que constitui o processo de auto-estimar
foram organizados em relação a fazerem referência a cada um dos três componentes do comportamento:
classes de estímulos antecedentes, classes de respostas ou classe de estímulos conseqüentes.
3 - Análise dos componentes dos comportamentos constituintes ao processo de auto-estimar-se:
Os elementos de cada uma das fontes de informação foram classificadas nas classes que evidenciam os
componentes de um comportamento.
4 - Depuração e decomposição dos componentes dos comportamentos constituintes de autoestimar-se: Nessa etapa, as expressões que foram sistematizadas em relação à classe de respostas
foram transformadas em verbos e as expressões sistematizadas nos outros dois componentes (situação
antecedente à classe de respostas e situação conseqüente à classe de respostas) foram apresentadas
em forma de substantivos, por fazerem referencia a aspectos do meio com os quais alguém lida ao
apresentar determinadas ações. As expressões que se referiam a significados semelhantes foram
avaliadas e agrupadas de modo a manter a que melhor designasse o componente do comportamento.
Conclusões
O processo comportamental de auto-estimar é um processo construído pelo indivíduo no
decorrer de suas relações com os outros indivíduos, consigo mesmo e com o ambiente. Este
processo possui como ponto central o valor que o indivíduo atribui a si. Justamente, pela sua
condição de estar diretamente vinculado às relações estabelecidas pelo indivíduo, é um processo
dinâmico. Para intervir neste processo, é necessário um conhecimento mais aprofundado do
conceito de eu e do valor que o indivíduo atribui a si.
Muito se fala sobre auto-estima, porém muito pouco realmente se conhece sobre, muitos
autores tratam a auto-estima como algo que o indivíduo possui ou não, porém ao identificarmos o
processo comportamental de auto-estimar, podemos perceber que a auto-estima é um processo
que cada indivíduo constrói e reconstrói durante a sua existência.
Diante da fragilidade da literatura existente, podemos ressaltar e reafirmar a necessidade de
pesquisas como esta, de sistematização das informações que constam na literatura, para auxiliar
os profissionais de diversas áreas na intervenção sobre os fenômenos psicológicos, pois em
algumas das obras exploradas encontramos indicações de intervenções inadequadas do conceito,
ou seja, há indicações quase que mágicas para um processo comportamental ainda pouco definido.
Talvez este não seja o único fenômeno psicológico que necessite de um estudo mais apurado.
Também compreendemos que esta pesquisa não está finalizada, já que o que foi apresentado é
apenas um esboço amplo do processo comportamental de auto-estimar, ainda com lacunas que
necessitam ser melhor examinadas, talvez a partir do exame de novas literaturas, especialmente
àquelas relacionadas ao conceito de eu ou de personalidade a partir de diferentes teorias em
Psicologia. Para dar a pesquisa por totalmente finalizada ainda precisaríamos que cada uma das
categorias aqui apresentadas fosse explorada de modo a descobrir novas categorias, dando uma
visão cada vez mais minuciosa do processo
Bibliografia
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002. 175 p.
SELIGMAN, M. P. E. Aprenda a ser otimista. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005. 208p.
SILLMAY, N. Dicionário de Psicologia. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
PACHECO JÚNIOR, W. Abordagem contingencial no gerenciamento de recursos humanos.
Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas (UFSC). Florianópolis, 2004. Tese
submetida a Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do grau de doutor em
Engenharia de Produção.
SKINNER, B.F. Questões recentes na análise comportamental. 2edição. São Paulo: Papirus,
1995.
GOBITTA,M, GUZZO, S.L. Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI) . Forma A.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 2002, 15(1), (pág 143-150).
GOBITTA,M, GUZZO, S.L. O valor da auto-estima: Uma proposta de um instrumento. Em P.W.
Schelini, (org.) Alguns domínios da avaliação psicológica. Campinas: Alínea. (págs. 89 a
109).
MRUK, C.J. Self-esteem: Research, Theory, and Practice. New York. Springer. 1995.
COOPERSMITH, S. The antecedents os self-esteem. San Francisco: W.H. Freeman and
Company. 1967.
BOOTH, W. C; COLOMB, G. G.; WILLIAMS, J. M.. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins
Fontes, 2005
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