Morte e Vida Severina
João Cabral de Melo Neto
ENREDO
1. O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE
VAI
• A peça é aberta com a explicação de Severino.
• Ele se apresenta e diz a que vem.
Na primeira parte da obra, as peregrinações
do protagonista servem para revelar seus
diferentes encontros com a morte. No
entanto, a morte não é única, é diversificada,
assumindo diferenças próprias em cada uma
das cenas.
2. ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO
NUMA REDE, AOS GRITOS DE "Ó IRMÃOS DAS ALMAS
• A primeira morte é a da emboscada.
• Severino trava um diálogo com dois homens
que carregam um defunto embrulhado na
rede, saindo quase triste o estribilho " irmãos
das almas ".
• Na cena acontece a denúncia daqueles que
abusam do poder, matar para tomar posse da
terra e jamais são discriminados. Ao mesmo
tempo desperta a solidariedade do andarilho.
3. O RETIRANTE TEM MEDO DE SE EXTRAVIAR POR
SEU GUIA, O RIO CAPIBARIBE
• A Segunda forma de morte encontrada é a
própria natureza agreste do sertão.
• O retirante vê o seu rio-guia, o Capibaribe,
seco e teme perder-se na viagem.
4. NA CASA A QUE O RETIRANTE CHEGA ESTÃO
CANTANDO EXCELÊNCIAS PARA UM DEFUNTO
• Temeroso de perder o rumo segue a viagem,
indo em direção do som de uma cantoria e
Severino depara com um velório. No
momento das excelências(exéquias), dois
homens começam a imitar o som das vozes
dos que rezam.
5. CANSADO DA VIAGEM, O RETIRANTE PENSA INTERROMPÊ-LA
POR UNS INSTANTES E PROCURAR TRABALHO
• O retirante cansado interrompe a viagem e
procura um trabalho. Em solilóquio
(monólogo), Severino retoma os motivos que
o fizeram partir: está à procura da vida.
• De certa maneira, tenta proteger sua própria
vida, ultrapassar os trinta, catando as
migalhas que lhe permitem a sobrevivência.
6. DIRIGE-SE À MULHER NA JANELA QUE DEPOIS,
DESCOBRE TRATAR-SE DE QUEM SE SABERÁ
• Novo diálogo é estabelecido. Desta vez com uma
mulher.
• Enquanto Severino vai desafiando o que sabe
fazer, o leitor percebe que o conhecimento
adquirido por ele não pode ajudá-lo, pois o que
ele precisa saber para trabalhar com a mulher é
pouca coisa.
• E, justamente, são estas coisas que ironicamente
revelam quem ela é : A MORTE.
7. O RETIRANTE CHEGA À ZONA DA MATA, QUE O FAZ
PENSAR, OUTRA VEZ, EM INTERROMPER A VIAGEM
• A caminhada prossegue e o retirante chega á
Zona da Mata.
• Em contato com a terra mais branda e macia,
já próxima do litoral e com rios que não
secam, Severino percebe que aí pode se
estabelecer, vê uma leve esperança balançar,
decerto pela aparente beleza do lugar.
8. ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE
EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO
• Esta cena vem em resposta aos versos que
finalizaram a anterior.
• Os trabalhadores levam um morto ao cemitério,
um trabalhador da lavoura.
• Severino-observador ouve o que dizem os amigos
do finado.
• Uma raiva até então contida vai crescendo,
acompanhada do ritmo da poesia que salta em
versos de redondilhas menores até versos
eneassílabos (nove sílabas) , sofrendo cortes
rápidos, o que dá a impressão de tumulto.
9. O RETIRANTE RESOLVE APRESSAR OS PASSOS PARA
CHEGAR LOGO AO RECIFE
• O retirante apressa o passo a fim de chegar
mais rapidamente ao Recife.
• Nesta cena, ele reitera o motivo de sua
retirada: não foi pela cobiça, mas para
defender sua própria vida.
• No entanto, as esperanças vão se rareando,
porque a morte é sua sempre companheira.
10. CHEGANDO AO RECIFE O RETIRANTE SENTA-SE PARA
DESCANSAR AO PÉ DE UM MURO ALTO E CAIADO E OUVE, SEM
SER NOTADO, A CONVERSA DE DOIS COVEIROS
• Chegando ao Recife, Severino pára para
descansar e ouve a conversa de dois coveiros.
• Eles discutem a possibilidade de arrematar bens
com a morte, com promoções e gorjetas.
• A morte carrega as características do morto
enquanto vivia, seu lugar depende de sua classe
social em um cemitério também dividido,
hierarquizado.
• Somente os retirantes morrem sem classificação.
11. O RETIRANTE APROXIMA-SE DE
UM DOS CAIS DO CAPIBARIBE
• O retirante se aproxima de um cais de rio,
confessa não ter esperado muita coisa, pois tinha
a consciência de que a vida não seria fácil na
cidade.
• No entanto esperava que melhorassem suas
condições de vida. Com água, farinha e um pouco
mais de expectativa de vida pensava poder ser
feliz.
• A partir da conversa dos coveiros, percebe que
seguia seu próprio enterro.
12. APROXIMA-SE DO RETIRANTE O MORADOR DE UM DOS
MOCAMBOS QUE EXISTEM ENTRE O CAIS E A ÁGUA DO RIO
• A décima segunda cena estabelece uma ruptura
e, ao mesmo tempo, anuncia a próxima parte.
• Trata-se do encontro de Severino com a primeira
forma de otimismo exterior ao personagem,
possível em tais circunstâncias da vida.
• O retirante trava um diálogo com José, mestre
carpina. Enquanto vai dando forma às suas
angústias através de perguntas, recebe uma
resposta.
13. UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O HOMEM,
ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ
• A parteira anuncia a chegada do filho de José.
• O anúncio do nascimento do filho-esperança
_ filho do mestre carpina, que " saltou para
dentro da vida “_ num jogo contínuo de
antíteses, opõem as desesperanças severinas
à esperança.
14. APARECEM E SE APROXIMAM DA CASA DO
HOMEM VIZINHOS, AMIGOS, DUAS CIGANAS, ETC
• Esperança
Aparecem para visitar o recém-nascido amigos,
vizinhos e duas ciganas.
• Ao tomarem a palavra os elementos de cada grupocoral, tecem loas (cantigas populares em honra dos
santos), fazem predições, trazem presentes, em cena
que reconstitui no lamaçal ribeirinho o presépio
(milagre da vida).
• Severino é colocado fora da cena, como mero
observador em contato com a pequena alegria, que faz
o povo esquecer, por um tempo a dura realidade que
carregam.
15. COMEÇAM A CHEGAR PESSOAS TRAZENDO PRESENTES
PARA O RECÉM-NASCIDO
• Presentes são levados à criança, reis magos da
miséria repartem a pobreza.
16. FALAM AS DUAS CIGANAS QUE HAVIAM APARECIDO COM
OS VIZINHOS
• Ao tomarem a palavra, as duas ciganas tecem
suas previsões.
• Num processo de perfeita identidade do homem
ao meio em que ele vive, as videntes tiram lições
de sobrevivência.
• A primeira cigana toma a palavra, antecipa para a
criança o mesmo destino de seu pai.
• A segunda cigana prediz um destino que levará o
menino às máquinas e a paragens nos mangues
melhores do Beberibe.
17. O RETIRANTE CHEGA À ZONA DA MATA, QUE O FAZ
PENSAR, OUTRA VEZ, EM INTERROMPER A VIAGEM
• Chegam os vizinhos e cantam a beleza do
recém-nascido. Os atributos que distinguem a
criança são os mesmos que marcam toda a
população restante. Criança magra, franzina,
pálida, pequena.
18. O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE ESTEVE DE
FORA, SEM TOMAR PARTE DE NADA
• No último segmento da peça, após a
valorização da vida, o mestre carpina toma a
palavra, dialoga com Severino, que é chamado
mas permanece mudo.
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