XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. PROPOSTA METODOLÓGICA A PARTIR DE MODELAGEM BAYESIANA PARA ESTUDO ACÚSTICO EM SALAS DE AULA LUCIANO CARLOS AZEVEDO DA COSTA (UFPB) [email protected] Luiz Bueno da Silva (UFPB) [email protected] Tatianne Barros Marinho (UFPB) [email protected] ROBERTA DE LOURDES SILVA DOS SANTOS (UFPB) [email protected] Paulo Guilherme de Franca Alcantara (UFPB) [email protected] O processo de educação é essencial em todas as sociedades modernas e envolve intensa comunicação verbal. Por esse motivo, o conforto acústico apresenta-se como um dos fatores que está diretamente relacionado ao bom ou mau desempenho dos proofessores. A inferência bayesiana surge nesse contexto como uma poderosa ferramenta que permitirá análises mais completas a cerca das condições de trabalho as quais os professores estão expostos. Este trabalho, fruto dos resultados parciais de um projeto de iniciação científica propõe uma metodologia de construção de modelos bayesianos onde será possível avaliar a influência dos níveis acústicos na inteligibilidade da fala, bem como poderá apontar a probabilidade dos níveis acústicos estarem ou não dentro da faixa permitida. A metodologia consistiu de coleta de dados de níveis acústicos nas escolas municipais com as salas em atividade e vazias e proposição de um modelo bayesiano para avaliar a influência dos níveis de acústica na inteligibilidade da fala do professor. Para a medição dos níveis de acústica, utilizou-se um indicador de nível de pressão sonora de marca Instrutherm, modelo SL 4011, com circuito de ponderação A e resposta slow. Foram feitas 3 medições em 5 pontos específicos da sala de aula, e em seguida calculou-se o Leq. A partir do modelo proposto será possível mostrar a realidade das condições acústicas nas escolas municipais de João Pessoa, verificando-se os problemas aos quais os professores estão expostos no exercício de suas atividades. Palavras-chaves: Inferência Bayesiana, Conforto Acústico e Escolas Municipais XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 1. Introdução Muitas experiências têm mostrado que para que uma nação progrida é necessário um grande investimento em educação por parte do estado. Zannin & Zwirtes (2009) afirmam que a educação de cada cidadão é essencial para todas as sociedades modernas. Para os mesmos autores, essa educação mais formal tem lugar na sala de aula, onde o processo de aprendizagem envolve a comunicação verbal intensiva entre professores, alunos e entre alunos. Tendo em vista a importância associada ao ambiente escolar, ao longo dos anos, as salas de aula tem sido um dos ambientes mais estudados e analisados nas pesquisas de conforto ambiental. Essa tendência pode ser explicada pela ampla influência que estes ambientes desempenham na formação dos cidadãos. Nesse contexto, Kruger & Zannin (2004) afirmam que o conforto acústico é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento de atividades de classe, especialmente aqueles que requerem um elevado nível de concentração. No ambiente escolar o ruído não é apenas um incômodo, mas interfere no rendimento das atividades de ensino (FERNANDES, 2006). Ao trabalhar em um ambiente ruidoso, o trabalhador demandará mais energia para a execução. Para Gonçalves (2008), conforto acústico em salas de aula é um dos fatores que estão relacionados diretamente ao bom ou mau desempenho da produção vocal dos professores. Por esse motivo faz-se necessário investigar a influência causada por esse fenômeno no desempenho dos professores. Muito tem sido feito no que diz respeito ao estudo das condições de trabalho. Nesse contexto, o desenvolvimento de pesquisas na área de Ergonomia Experimental tem levantado indagações em nível de observações como também na escolha do método para processamento e análise de dados, que nesta proposta os dados estão vinculados a inteligibilidade e acústica. Para tanto, os modelo estatísticos apresentam importância fundamental. A fim de determinar a relação entre variáveis experimentais, esse modelos permitem uma análise da influência de cada variável sobre uma variável resposta. Por muito tempo, a estatística dita convencional predominou em boa parte das análise dos fenônemos estudados, entretanto, o avanço computacional associado ao surgimento de muitos pacotes estatítisticos, permitiu a popularização dos mecanismos de inferência bayesiana. Uma das grandes vantagens da inferência bayesiana é a possibilidade de utilizar-se informações subjetivas, ou não, já existentes relacionadas aos fenomenos estudados. Qualquer tipo de conhecimento existente associado ao fenômeno em estudo, permitirá uma melhor análise, uma vez que a análise partirá de patamar mais avançado. Essa informação existente é modelada por meio de distribuição de probabilidade chamada de priori. O dados coletados são explicados por meio de uma função de verossimilhança, que ao ser relacionada com a distribuição a priori, resultará em uma função posteriori. A inferência é feita a partir dessa função. Diante do exposto, este trabalho, baseou-se em resultados parciais de um projeto de iniciação científica, este trabalho propõe desenvolver uma metodologia de construção de modelos bayesianos onde será possível avaliar a influência dos níveis acústicos na inteligibilidade da fala do professor, bem como encontrar a probabilidade dos níveis acústicos estarem ou não dentro da faixa permitida pelas normas nacionais e internacionais. 2 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 2. Revisão Bibliográfica 2.1 Ergonomia experimental Para IIDA (2005), há muitas maneiras de definir ergonomia, mas todas elas apontam o caráter interdisciplinar e o seu objeto de estudo que a interação entre o homem e o trabalho. Algumas das definições mais difundidas são: Segundo a Ergonomics Society: “A Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento.” No Brasil, a ABERGO adota a seguinte definição: “Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas”. Hendrick (2008) ainda destaca o fato de que a ciência e a prática da Ergonomia são as mesmas, em qualquer lugar do mundo, pois enquanto a ênfase em determinadas situações ou aplicações possam diferir em cada local, as ações dos ergonomistas são as mesmas, independentemente da região geográfica em que se encontre. Kroemer et al (1994 apud Silva 2001), afirma que há dois aspectos distintos na Ergonomia: um relacionado à investigação, pesquisa e experimentação, onde se determinam as particularidades específicas e características humanas necessárias a elaboração de um projeto; e outro relacionado à aplicação da engenharia, onde se projetam ferramentas ou instrumentos, máquinas, ambientes, tarefas e métodos de trabalho para adequar e acomodar o homem. A Ergonomia Experimental, voltada para pesquisa, investigação e experimentação, levanta indagações em nível de observações como também na escolha do método para processamento e análise de dados. A busca de soluções por meio de instrumentos lógicos e/ou operacionais, garante a veracidade científica das informações e conclusões pretendidas. 2.2 Conforto Acústico Conceituar o ruído não é tão fácil quanto percebê-lo. Existem diversas definições, dentre as quais, a mais usual, é a que considera o ruído como um som indesejado (GERGES, 2000). Fisicamente, o ruído pode ser considerado uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em escala logarítmica, cuja unidade é decibel (dB) (IIDA, 2005). Normalmente, o termo som é usado para as sensações prazerosas, como fala ou música, enquanto o ruído é utilizado para descrever um som indesejável como buzina, barulho de trânsito e máquinas (AZEVEDO, 1994 apud SOUZA, 1998). Ao contrário do que se pensa, os níveis de ruído não são apenas aqueles passíveis de provocar lesões ao aparelho auditivo, como também, qualquer perturbação que possa influenciar o bom desempenho da tarefa. (IIDA, 2005). 3 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Segundo Araújo e Regazzi (2002), a escala logarítmica utilizada para descrever o nível de ruído é a escala BEL, que representa a aproximação à percepção humana da audibilidade relativa. O bel é o logaritmo de uma razão de 10, sendo dividido em dez partes chamadas decibels. Logo, o decibel é um décimo do bel. 1 BEL = log10 = 10 dB De acordo com Iida (2005), existem dois tipos de ruídos: os contínuos, que ocorrem de maneira uniforme durante toda a jornada de trabalho; e os de impacto, que se tratam de picos de energia acústica de curta duração (1s) e que chegam a níveis de 110 a 135 decibéis (dB). O autor afirma que, de acordo com as normas brasileiras (NR-15), para uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, o limite de tolerância é de 85 dB, sendo que, a cada elevação equivalente a 5 dB(A), o tempo máximo de exposição ao ruído é reduzido pela metade. Muitos estudos relatam que a exposição prolongada à poluição sonora pode causar tanto distúrbios auditivos quanto não-auditivos. Estes podem ser desde perda auditiva até vertigens, agitação, fadiga, hipertensão, problemas gastrointestinais, arritmia cardíaca, distúrbios nervosos e psicológicos, entre outros (JUANG, 2010). Diante disso, a Norma NBR 10152/87 da ABNT fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos, estabelecendo as faixas aceitáveis para o nível de pressão sonora (LPA) em decibéis [dB], de acordo com a tipologia do mesmo. Os valores mensurados devem ser comparados com os previamente estabelecidos pela NBR 10152/87. A tabela (2) apresenta os níveis sonoros aconselhados para ambientes escolares: Tabela 1 – Limites toleráveis de ruído para ambiente escolar Local Níveis Sonoros (dB) Bibliotecas, Salas de música e Salas de Desenho 35 – 45 Salas de Aula e Laboratórios 40 – 50 Fonte: NBR 10152/87 Neste caso, os valores inferiores das faixas de nível sonoro representam a condição para conforto, enquanto os superiores significam o nível sonoro aceitável para a finalidade. Assim sendo, níveis que extrapolem o superior estabelecido para cada atividade, nesta tabela, são considerados de desconforto, porém sem necessariamente implicar em risco de danos a saúde. Além da ausência de ruído, outro elemento que indica boas condições de conforto acústico é a inteligibilidade da fala. A definição comum de inteligibilidade corresponde à qualidade do que é inteligível, ou que se ouve bem, ou ainda que se entende bem. Levitt e Webster (1991) definem inteligibilidade da palavra como sendo o entendimento das palavras faladas. Fernandes (2003), o conceito de inteligibilidade é bastante genérico, podendo ser definido como a razão pela qual nós entendemos os sons. Pode ser aplicada a ambientes, a sistemas de comunicação, em testes de equipamentos de áudio, em testes de audição, em avaliação de próteses auditivas, em avaliação de protetores auriculares, etc. A inteligibilidade pode ser aplicada à linguagem, ao canto, a notas musicais, ou até a outros sons. Como a voz é o som ouvido em mais de 90 % das vezes em nosso dia-a-dia, a inteligibilidade da fala é mais usual. 2.3 Inferência Bayesiana 4 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Para efetuar uma análise estatística algumas das abordagens possíveis são: a abordagem convencional e a abordagem bayesiana. A abordagem convencional admite probabilidades num contexto restrito a fenômenos que podem ser medidos por freqüências relativas. Já a abordagem bayesiana admite probabilidades como uma medida racional para diversas incertezas, isto é, na conceituação bayesiana, probabilidades quantificam as plausibilidades de proposições ou eventos. Assim, de acordo com a conceituação bayesiana, Kinas & Andrade (2010), definem probabilidade como uma medida da plausibilidade que é atribuída a uma proposição cuja veracidade é incerta à luz dos conhecimentos disponíveis. Para Walpole et al.(2009), a inferência estatística consiste em métodos através dos quais são feitas generalizações sobre uma população a partir de amostras coletadas. Nesse contexto, na inferência bayesiana, além dos dados amostrais, são utilizados conhecimentos subjetivos prévios sobre a distribuição de probabilidade dos parâmetros desconhecidos. Santos (2007), diz que os resultados permitem afirmar que a inferência bayesiana se apresenta com grande vantagem em relação à inferência clássica, pois permite a incorporação das informações anteriores existentes, muitas vezes de caráter subjetivo, sendo menos dependente de amostragem. A junção dos conhecimentos obtidos dos dados amostrais e dos conhecimentos subjetivos prévios se dá através do teorema de Bayes, onde a informação disponível resumida através de uma distribuição de probabilidade pode ser aumentada observando-se uma quantidade aleatória X e relacionando estas medidas através distribuição amostral . Bekman e Costa Neto (1980) informam que o Teorema de Bayes possibilita uma revisão de probabilidades decorrente de um novo estado de informação. Os autores ainda destacam uma importante propriedade do Teorema de Bayes: as informações adicionais obtidas podem ser incorporadas parceladamente, de forma incremental, ou então de uma única vez, obtendo-se em ambos os casos a mesma distribuição posterior. 2.3.1 Escolha da priori adequada Embora alguns autores cogitem que há certa subjetividade na escolha da distribuição a priori, Santos (2007) vem afirmar que a subjetividade não é uma característica exclusiva da inferência bayesiana, como também do próprio processo de indução. O mesmo autor mostra que na definição de população, um dos pilares da inferência estatística, é necessário a delimitação de características comuns que definam um grupo de interesse. Entretanto, nessa definição a indagação de quantas e quais características são necessárias para a identificação de uma população, configura um subjetivismo implícito na essência do processo de indução. A escolha da distribuição a priori deve ser feita de modo a representar a incerteza contida nos parâmetros estudados. Algumas perguntas podem ser feitas no que diz respeito à plausibilidade da distribuição a priori, uma vez que esta por vezes é obtida de forma subjetiva. Para Kinas & Andrade (2010), caso as distribuições a priori apresentem baixos valores em seus parâmetros elas representarão baixas incertezas, devido a isso influenciarão pouco nas distribuições a posteriori, que nesse caso responderão mais fortemente às informações provenientes dos dados. 2.3.2 Processo de Inferência Bayesiana 5 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. A relação fornece a plausibilidade de cada um dos possíveis valores de , enquanto , é chamada de distribuição a priori de . A combinação da função de plausibilidade com a distribuição a priori leva a uma distribuição posterior . A distribuição posterior é a forma mais completa de expressar o estado do conhecimento sobre o fenômeno investigado (Kinas & Andrade, 2010). A utilização de informação a priori em inferência Bayesiana requer a especificação de uma distribuição a priori para a quantidade de interesse . Esta distribuição deve representar (probabilisticamente) o conhecimento que se tem sobre antes da realização do experimento. As distribuições posteriores podem ser obtidas de duas formas: i) usando famílias conjugadas de distribuições posteriores e ii) recorrendo a procedimentos de simulação estocástica. Kinas & Andrade (2009) e Ehlers (2007). As situações que permitem o uso de famílias conjugadas de distribuição simplificam bastante a obtenção de soluções. No aspecto operacional esse manejo é muito parecido com uma análise estatística convencional. Entretanto, por vezes é preferivel a escolha da obtenção da posteriori por meio de simulações estocásticas, uma vez que nem sempre é possível obter-se prioris que sejam manuseadas analiticamente com facilidade. Muitas vezes a escolha de uma posteriori por meio de uma priori conjugada acaba não representando com realidade o problema pois prende-se ao fato de escolher uma priori que venha a ser analiticamente tratável. Gamerman (1996 apud Ehlers 2007) alerta para o cuidado com a utilização indiscriminada de prioris conjugadas. Essencialmente, o problema é que a priori conjugada nem sempre é uma representação adequada da incerteza a priori. Sua utilização está muitas vezes associada à tratabilidade analítica decorrente. Os ganhos obtidos mediante a utilização da inferência bayesiana na análise de dados é enorme, uma vez que por meio dela nenhum tipo de conhecimento é perdido. Outra vantagem da inferência bayesiana é a possibilidade de atualização dos dados, isto é, a função posteriori de hoje, pode ser a função priori de amanhã. Assim, à medida que novas informações sobre o objeto de estudo vão surgindo, acontecerão acúmulos de conhecimento sobre os fenômenos analisados, possibilitando assim, modelos cada vez mais representativos da realidade. 3. Proposta Metodológica Esta proposta será implantada a partir de dados coletados junto às escolas municipais de João Pessoa durante o período de Maio a Novembro de 2011. Assim, apresentaremos toda estrutura da proposta que compreenderá a delimitação da amostra, determinação dos dados acústicos e toda a formulação da modelagem bayesiana. 3.1 Delimitações da Amostra O estudo está sendo realizado nas escolas municipais da cidade de João Pessoa. Para a delimitação do universo da pesquisa, alguns critérios foram considerados. Para garantir a representatividade da amostra se buscou analisar todas as escolas municipais da cidade de João Pessoa. Essas escolas são agrupadas em pólos que respeitam certa coerência socioeconômica e geográfica. 6 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Dado o elevado número de escolas presentes nos pólos, e dadas as limitações temporais e financeiras do estudo, optou-se por analisar apenas as turmas de 5º ano do ensino fundamental das escolas municipais. Esta escolha foi baseada em dois aspectos: a fim de associar cada sala de aula a um professor, o estudo limitou-se em analisar apenas turmas da primeira fase do ensino fundamental (1º ano – 5º ano); outro aspecto considerado foi que, crianças com idade mais elevada se acostumariam mais facilmente à presença do pesquisador no ato da coleta de dados sobre conforto acústico, uma vez que as medições foram realizadas também com as aulas em curso. Existem 9 pólos que juntos totalizam mais de 100 escolas. Essas 100 escolas são divididas entre CREI (Centro de Referência em Educação Infantil) e escolas de ensino fundamental. Excluídos os CREIs, obtemos um número de pouco menos de 90 escolas, como pode ser visto no quadro abaixo. Contudo, devido à restrição imposta no ato da escolha do universo da pesquisa, esse número pode ser ainda um pouco menor, uma vez que nem todas as escolas de ensino fundamental apresentam turmas regulares de 5º ano. A divisão dos pólos por bairro e quantidade de escolas municipais presentes em cada destes pólos pode ser visualizada no quadro abaixo: Quadro 1 – Divisão das escolas municipais na cidade de João Pessoa por pólo e por bairro Polo Bairros 1 2 3 4 5 Mangabeira, Bancários, Cidade Universitária, Cristo e Penha Cristo e Rangel Bairro dos Novais e Auto do Mateus José Américo, Valentina, Geisel e Gramame Jaguaribe, Torres, Centro, Roger, Varadouro, Ilha do Bispo e Miramar Padre Zé, Mandacaru, Bairro dos Estados, 13 de Maior, Bairro dos Ipês e Bessa Bairro das Indústrias, Costa e Silva e Ernani Sátyro Funcionários, Esplanada e Grotão Cruz das Armas Total de escolas 6 7 8 9 Qtdade. Escolas 13 10 10 9 10 11 9 8 8 88 Fonte: Secretaria Municipal de Educação de João Pessoa Para medir os niveis sonoros equivalentes empregou-se um medidor constituido por um amplificador e um indicador de nivel de pressao sonora de marca Instrutherm, modelo SL 4011, fabricado pela Instrutherm Instrumentos de Medicao Ltda. Esse equipamento atende os parametros de normalidade exigidos pela legislacao brasileira em vigor para calculo do NPS. Ele é composto por um circuito de ponderação “A”, circuito de resposta “lenta – SLOW”, circuito de referencia de 85 dB, faixa de medicao entre 50 e 115 dB(A). As medições foram feitas em todas as salas de 5º ano das escolas, e elas foram feitas sempre nos horários da aula (salas em atividade) e nos horários onde as escolas não estavam em funcionamento (11:30 – 13:00 ou 17:30-19:00) para determinação do ruído externo. A coleta do nível de ruído objetivou avaliar o nível de pressão sonora equivalente (Leq), para tanto se fez uso da equação presente na NBR 10151 (2000): 7 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. (1) Leq – nível de pressão sonora equivalente, em dB(A); Li – nível de pressão sonora medido a cada instante; N – número total de medições; O resumo dos Leq obtidos pode ser visualizado na 2.2.3. Visitou-se 40 escolas, totalizando 73 salas de aula. As escolas analisadas encontram-se localizadas em 6 dos 9 pólos. A coleta continuará e seguirá com a posterior construção do modelo bayesiano. 3.2. Determinação do Dados Os níveis de acústica foram obtidos por meio de medições nas escolas municipais. A inteligibilidade da fala foi medida por meio do método PSIL (Preferred Speech Interference Level), Beranek (1971), o PSIL pode ser obtido utilizando o nível de pressão sonora equivalente (Leq), onde:. 3.3 Modelagem Bayesiana Como proposta metodológica, será estruturado um modelo onde será possível avaliar a influência dos níveis acústicos na inteligibilidade da fala, bem como encontrar a probabilidade dos níveis acústicos estarem ou não dentro da faixa permitida pelas normas nacionais e internacionais. 3.3.1 Construção do Modelo Quando uma variável resposta (Inteligibilidade) está associada a uma única variável preditiva numérica (Acústica), por meio da equação de uma reta , então fala-se de uma regressão linear simples. No entanto essa relação linear não é perfeita, pois há um grau considerável de imprevisibilidade em forma de ruído. Assim a relação linear simples pode ser descrita no modelo abaixo: Os valores de são permutáveis e por isso podem estar associados a qualquer observação. A proposta metodológica consiste em obter as distribuições posteriores dos parâmetro incertos do modelo que são , e . Para a elaboração do modelo, se faz necessário a formulação de sumários, notaçõe e formulações, que são descritos a seguir: 8 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. As variâncias para e , e a covariância pra são: Finalmente, seguem as soluções para o coeficiente de correlação resíduos : O termo e para a variância dos é usualmente chamado de erro padrão dos resíduos. Denota-se as estimativas de mínimo quadrado para respectivamente. Tais estimativas podem ser obtidas por: e 3.3.2 Abordagem Bayesiana para Estimação dos parâmetros ( como sendo e ) A fim de se obter as distribuições posteriores dos parâmetros incertos, apresenta-se uma solução que utiliza a priori não-informativa de Jeffreys. Esta priori apresenta a seguinte composição: i) Prioris uniformes para e , definidas sobre intervalos que excedam com folga quaisquer valores razoáveis para esses parâmetros; ii) Priori para a variância ² dada por . Adotando-se os elementos acima citados, pode-se mostrar as distribuições marginais: Se normal é a priori não-informativa de Jeffreys e para todo então: tem distribuição Os valores de e são estimativas de mínimos quadrados para e respectivamente. é a variância dos resíduos. Os parâmetros de escala das distribuições de student são: 9 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. No modelo de regressão linear simples que foi ajustado há dois elementos que merecem ser avaliados com mais de detalhes, a covariância entre e , e o significado de . A correlação entre e dificulta um pouco a inferência sobre eles. Se é alto é baixo e vice-versa. Se a covariância é eliminada a interpretação de um dos parâmetros isoladamente pode ser feita já que as estimativas não estariam correlacionadas. É possível avaliar a distribuição posterior de “sem levar em consideração” o outro parâmetro. Para eliminar a covariância entre e uma alternativa é redefinir a variável preditiva para a variável . 5. Considerações Finais Esta proposta faz parte de um projeto PIBIC/UFPB que se encontra em fase de coleta de dados, o que possibilitará apresentar estudos prévios das relações entre as variáveis em epígrafe através de modelagem bayesiana. Tais estudos poderão evidenciar a probabilidade de níveis acústicos estarem ou não dentro da faixa aceitável, conforme normas vigentes. Essa constatação possibilitará analisar e refletir sobre os seguintes pontos: 1) Quanto menor a probabilidade, maiores serão as chances de haver interferência na inteligibilidade da fala em sala de aula; e 2) Se a inteligibilidade é afetada, então o desempenho dos professores poderá sofrer algum decréscimo devido a algum nível acústico. Referências ABNT - NBR 10.052 – Níveis de Ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro. 1987. ABNT - NBR 10.151 – Acústica: Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade Procedimento. Rio de Janeiro. 2000. ARAUJO, G. M.; REGAZZI, R. D. 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